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Fundamentos de ELETROMAGNETISMO Desenhos: Belmiro Wolski e Mansa Helena Barão AS112~ LOITOIZA AMIMA Copyright 2005 by Belmiro Wolski, Rio de Janeiro, RJ/ Brasil Todos os direitos reservados e protegidos por Ao Livro Técnico Indústria e Comércio Ltda., pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Proibida a reprodução parcial ou integral por quaisquer meios mecânicos, xerográficos, fotográficos etc., sem a permissão por escrito da editora. ISBN 85-215-0992-8 As opiniões contidas nesta obra são de responsabilidade exclusiva do autor. CIP — Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Wolski, Belmiro W847f Fundamentos de eletromagnetismo / Belmiro Wolski. 1, ed. — Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2005: il.; Contém exercícios resolvidos; inclui bibliografia 1. Eletromagnetismo; I. Título. CD D — 537 05-0015. CDU — 537 inkli EDITORA L-1J AO LIVRO TÉCNICO Rua Sã Freire, 40 São Cristovão CEP 20930-430 Rio de Janeiro RJ Brasil Tel. (21) 2580-1168 Fax (21) 2580-9955 e-mail: info@editoraaolivrotecnico.com.br cite: vorns.editoraaolivrotecnico.com.br Impresso em EDITORA E GRÁFICA AO LIVRO TÉCNICO Tel.: (21)2580-1168 Fundamentos de Belmiro Wolski ine EDITORA W AO LIVRO TÉCNICO Dedico esta obra aos meus queridos filhos Paulo Fernando e Manca e a minha amada esposa Criceli, a quem declaro meu eterno amor. Peço perdão pelas incontáveis horas que os privei da minha companhia para me dedicara esta obra. Aos meus filhos agradeço pelo carinho e afeto. A minha esposa, pelo amor, companheirismo e apoio que sempre me foram dados em todos os momentos. PREFÁCIO Este livro foi escrito visando atender às necessidades dos estudantes de ensino médio e de cursos profissionalizantes na área de eletricidade. O objetivo principal da obra é o de fornecer ao estudante um caminho fácil para o entendimento dos fenômenos de eletromagnetismo, através de um vocabulário acessível e de explicações detalhadas, usando matemática de nível médio. A estrutura da obra permite ao aluno galgar rapidamente o conhecimento através da leitura da teoria e do estudo dos exercícios resolvidos, permitindo atingir níveis de entendimento necessários para compreender o funcionamento de uma série de máquinas, equipamentos e dispositivos que usam o eletromagnetismo. A maioria dos capítulos vem acompanhada de sugestões para atividades de laboratório, que através de práticas simples e sem uso de equipamentos sofisticados contribuem para a sedimentação dos conhecimentos teóricos adquiridos. O Autor SUMÁRIO Unidade 1 - Magnetismo 11 1 — MAGNETISMO 1.1 — Introdução 13 1.2 - A história do magnetismo 13 2 — O %1VIA" 2.1 - A magnetita 14 2.2 — Pólos de um ímã 14 2.3 — Constituição interna de um ímã 15 2.4 — Princípio da inseparabilidade dos pólos 17 2.5 — Ímãs temporários e permanentes 18 2.6 — Desmagnetização por aquecimento 19 2.7 — Campo magnético de um ímã 19 2.8 — Vetor campo magnético 22 2.9 — Campo magnético uniforme 22 2.10 — Relação entre intensidade de campo e concentração de linhas de força 23 2.11 — O campo magnético da Terra 23 2.12 — A bússola 25 2.13 — Exercícios propostos 26 2.14 — Sugestões para laboratório 26 Unidade II - Eletromagnetismo 29 1 — CAMPO MAGNÉTICO DEVIDO À CORRENTE ELÉTRICA 1.1 — A experiência de Oersted 31 1.2 — Regra de Ampère 31 1.3 — Intensidade de campo em torno de um condutor 34 1.4 — Intensidade de campo no centro de uma espira 35 1.5 — Intensidade de campo no interior de um solenóide 36 1.6 — Exercícios resolvidos 39 1.7 — Exercícios propostos 40 1.8 — Sugestões para laboratório 44 2 — A NATUREZA DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS 2.1 — Teoria dos domínios 47 2.2 — Indução magnética 50 2.3 - Fluxo magnético 54 2.4 - Permeabilidade magnética de um material 55 2.5 - Permeabilidade do vácuo 56 2.6 - Permeabilidade relativa 57 2.7 - Exercícios resolvidos 57 2.8 - Exercícios propostos 59 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS QUANTO À PERMEABILIDADE 3.1 - Classificação geral 61 3.2 - Materiais diamagnéticos 62 3.3 - Materiais paramagnéticos 65 3.4 - Materiais ferromagnéticos 66 3.5 - Exercícios propostos 68 4 - FENÔMENOS DE FERROMAGNETISMO 4.1 - Curva de magnetização 69 4.2 - Variação da permeabilidade relativa de materiais ferromagnéticos 71 4.3 - Histerese magnética 73 4.4 - Perdas por histerese 78 4.5 - Ciclo de histerese na determinação das características de um ímã 81 4.6 - Blindagem magnética . 82 4.7 - O mecanismo de ferro móvel 83 4.8 - Exercícios propostos 85 4.9 - Sugestões para laboratório 87 5 - CÁLCULO DE CIRCUITOS MAGNÉTICOS 5.1 - Circuito magnético 89 5.2 - Força magnetomotriz 90 5.3 - Relutância magnética 92 5.4 - A Lei de Ohm para circuitos magnéticos 93 5.5 - Núcleos laminados 94 5.6 - Resolução de circuitos magnéticos através da permeabilidade relativa 95 5.7 - Resolução de circuitos magnéticos utilizando curvas de magnetização 97 5.8 - Circuito magnético com entreferro 101 5.9 - Cálculo de um circuito magnético com entreferro 103 5.10 - Força portante de um eletroímã 105 5.11 - Exercícios propostos 108 Unidade III - Indução Eletromagnética 113 1 - LEI DE FARADAY 1.1 - A experiência de Faraday 115 1.2 - A equação da Lei de Faraday 118 1.3 - Força eletromotriz de movimento 118 1.4 - O gerador elementar 121 1.5 - Exercícios resolvidos 124 1.6 - Exercícios propostos 125 1.7 - Sugestões para laboratório 127 2 - POLARIDADE DAS TENSÕES INDUZIDAS 2.1 - A Lei de Lenz 129 2.2 - Fluxo variável no tempo 130 2.3 - Condutor em movimento dentro de um campo magnético 132 2.4 - Método do percurso fechado imaginário 135 2.5 - Regra de Fleming para determinação do sentido da corrente induzida 136 2.6 - Força devida ao fluxo de reação 137 2.7 - A Lei de Lenz e a corrente alternada senoidal 141 2.8 - Por que a corrente se atrasa em uma bobina? 143 2.9 - Por que surge uma faísca ao se desligar um circuito que contenha bobinas?. 147 2.10 - O motor de indução trifásico 147 2.11 - O motor de indução monofásico 151 2.12 - Exercícios resolvidos 152 2.13 - Exercícios propostos 154 2.14 - Sugestões para laboratório 156 3 - CORRENTES DE FOUCAULT 3.1 - Como ocorrem as correntes de Foucault 161 3.2 - Perdas por correntes parasitas 163 3.3 - Diminuindo o efeito das correntes de Foucault 163 3.4 - Freios magnéticos 164 3.5 - Simulador de carga para motores 167 3.6 - Exercícios propostos 167 3.7 - Sugestões para laboratório 168 4 - FORCAS MAGNÉTICAS 4.1 - Campo magnético de uma carga em movimento 170 4.2 - Força em uma carga em movimento dentro de um campo magnético 171 4.3 - Regra de Fleming para forças 171 4.4 - O efeito Hall 174 4.5 - Força em um condutor conduzindo corrente no interior de um campo magnético. 176 4.6 - Torque em uma espira 178 4.7 - O mecanismo de bobina móvel 179 4.8 - O motor de corrente contínua 181 4.9 - Força entre condutores conduzindo correntes 182 4.10 - Extinção de arco voltaico através de sopro magnético 185 4.11 - Exercícios resolvidos 186 4.12 - Exercícios propostos 188 4.13 - Sugestões para laboratório 189 5 - ACOPLAMENTO MAGNÉTICO 5.1 - Fluxo mútuo e fluxo de fuga 192 5.2 — Coeficiente de acoplamento 194 5.3 — Questões relativas à geometria do núcleo 194 5.4 — O transformador 197 5.5 — Funcionamento do transformador com carga 199 5.6 — Exercícios resolvidos 200 5.7 — Exercícios propostos 201 5.8 — Sugestões para laboratório 201 6 — INDUTÂNCIA 6.1 — Definição de indutância 203 6.2 — Indutância de bobinas com núcleo ferromagnético 205 6.3 — Fatores que influenciam na indutância de uma bobina 206 6.4 — Indutância de um toróide 207 6.5 — Indutância de um solenóide reto 208 6.6 —Força eletromotriz de auto-indução 209 6.7 — A reatância indutiva 209 6.8 — Mútua-indutância 212 6.9 — Relação entre indutância e mútua-indutância 213 6.10 — Força eletromotriz de mútua-indução 213 6.11 — Exercícios resolvidos 214 6.12 — Exercícios propostos 215 6.13 — Sugestões para laboratório 216 Unidade IV — Tópicos Avançados 219 1 — A ONDA ELETROMAGNÉTICA 1.1 — O campo elétrico 221 1.2 — O campo elétrico não eletrostático 224 1.3 — O campo elétrico gera um campo magnético 226 1.4 — Gerando uma onda eletromagnética 226 2 — FENÔMENOS DO ELETROMAGNETISMO 2.1 — O efeito pelicular 228 2.2 — A descarga atmosférica 231 2.3 — A levitação de um supercondutor em um campo magnético 232 2.4 — A proteção do campo magnético da Terra 234 Respostas dos exercícios 236 Referências 239 Unidade 1 Magnetismo MAGNETISMO 1.1 — Introdução No mundo de hoje, nos beneficiamos de um incontável número de maravilhas tecnológicas. Falamos ao telefone enquanto assistimos televisão, usamos o computador que cada vez mais nos é imprescindível, temos à nossa disposição diversos meios de transporte, temos a energia elétrica em nossos lares onde um sem número de eletrodomésticos torna nossa vida mais confortável. Entretanto, toda essa tecnologia não teria se desenvolvido se no curso da história o magnetismo não tivesse sido descoberto. Na verdade, a humanidade hoje não poderia mais sobreviver sem os recursos tecnológicos gerados pelo magnetismo e eletromagnetismo. Uma civilização extraterrestre avançada poderia facilmente nos dominar, neutralizando o eletromagnetismo em nosso planeta. 1.2 — A história do magnetismo A descoberta dos fenômenos magnéticos, bem como suas primeiras aplicações não contém registro histórico preciso. Presume-se que a primeira observação dos efeitos magnéticos tenha ocorrido alguns séculos antes de Cristo, numa região da Ásia que poderia ser a Grécia ou Turquia. A origem do nome "magnetismo", provavelmente deriva do nome da região onde teriam sido encontradas as primeiras pedras capazes de exercer uma atração por alguns metais, principalmente o ferro. Essa região seria a Magnésia, daí o nome magnetismo. Entretanto, alguns defendem que a origem do nome tenha sido atribuída a Magnes, um pastor de ovelhas que teria então, observado pela primeira vez a atração que uma rocha exercia sobre a ponta metálica de seu cajado. Essa rocha recebeu o nome de magnetita. Fundamentos de Eletromagnetismo 13 2 o IMÃ 2.1 — A magnetita Atualmente sabemos que a magnetita é composta de tetróxido de triferro( F304 ). Na China Antiga, era chamada de "pedra amante", que em francês aimant, originou a palavra ímã. Assim a magnetita pode ser chamada de ímã natural. Estudando a magnetita o homem aprendeu a construir ímãs artificiais, muito mais potentes, com formas e tamanhos variados, destinados às mais diferentes aplicações, como motores elétricos, geradores elétricos, alto-falantes, sensores magnéticos, hard drive (hd), etc. 2.2 — Pólos de um ímã Manuseando um ímã, podemos perceber que o seu poder de atração se manifesta mais fortemente em duas regiões denominadas pólos. Esses pólos são denominados de Norte e Sul. A atribuição desses nomes se deve à característica de um ímã em forma de barra de se orientar aproximadamente na direção norte-sul geográfica, quando suspenso pelo seu centro de gravidade. ( Portanto: Pólos são as regiões do ímã onde suas ações se manifestam de forma mais acentuada. Podemos testar essas ações segurando um clipe e aproximando-o de diferentes partes de um imã. Comprovaremos que a maior força de atração, com certeza, será próximo aos pólos do imã. 14 Editora Ao Livro Técnico A linha que separa os dois pólos de um imã é chamada de linha neutra. ( S linha neutra Para identificar os pólos de um ímã, normalmente se pinta o pólo norte de vermelho e o pólo sul de azul. 2.3 — Constituição interna de um ímã Podemos verificar experimentalmente que um ímã é capaz de exercer forte atração pelo ferro, níquel e cobalto, bem como suas ligas. No entanto, não percebemos qualquer influência sobre metais como o cobre, alumínio, estanho e demais metais. Também podemos verificar a atração e repulsão entre seus pólos. Pólos de nomes iguais se repelem, e de nomes diferentes se atraem. É a Lei de Du Fay para pólos magnéticos. N s 1E_ N N r- N N Mas que mistérios um ímã guarda em seu interior? Como é possível que alguns metais são atraídos e outros não? E como explicar as incríveis forças de atração e repulsão? Para começarmos a entender melhor esses comportamentos, vamos imaginar o ímã internamente como constituído de uma infinidade de pequenos ímãs alinhados num mesmo sentido que serão chamados por enquanto de ímãs elementares, representados abaixo por setas cujas pontas indicam seus pólos norte. N Ímãs elementares orientados num mesmo sentido constituem um ímã. Desta maneira, os efeitos individuais de cada ímã elementar se somam e a barra como um todo, assume comportamento de ímã. Utilizando-se dos ímãs elementares, como seria então internamente uma barra de ferro comum? Fundamentos de Eletromagnetismo 15 Como mostrado abaixo, seus ímãs elementares encontram-se desordenados e a barra de ferro como um todo não apresenta comportamento de ímã. Se orientarmos de alguma maneira esses ímãs elementares, teremos então transformado a barra de ferro em um ímã. Esse processo chama-se magnetização ou imantarão. Portanto: Magnetização é o processo pelo qual orientamos os ímãs elementares de uma barra, transformando-a em um ímã. Mas como poderíamos fazer isso? Existem basicamente duas maneiras. Uma é através do uso da corrente elétrica contínua, que estudaremos mais adiante. Outra maneira, bastante simples, consiste em esfregar ou simplesmente aproximar a barra a ser magnetizada de um ímã permanente. S N N S N o ímã é aproximado da barra desmagnetizada a barra se transforma em ímã e é atraída Isso faz com que os ímãs elementares da barra se alinhem por influência do ímã que está próximo. Note que o pólo norte da barra, agora magnetizada, está em frente ao sul do ímã. É por essa razão que a barra é atraída, pois ao aproximar a barra do ímã, este a magnetiza transformando-a em um ímã com pólos opostos e em seguida a atrai. Isto nos leva a uma conclusão muito importante. O ímã na realidade não atrai a barra de ferro. Ele primeiro a magnetiza, para em seguida atrair o ímã que acabou de ser criado. Outra conclusão que podemos extrair é que metais como o cobre, alumínio e outros que um ímã não atrai, são materiais que não apresentam ímãs elementares e que, portanto, não podem ser magnetizados. Logo: Metais que não possuem imãs elementares em sua estrutura atômica não podem ser atraídos por um ímã. 16 Editora Ao Livro Técnico — FF — 2.4 - Princípio da inseparabilidade dos pólos Se pegarmos um ímã em forma de barra e o quebrarmos ao meio, na esperança de separar os seus pólos norte e sul, veremos nossa tentativa fracassar. Manipulando as partes quebradas, veremos que ambas se transformam em dois novos ímãs, naturalmente com dois pólos cada. s N N Se quebrarmos novamente ao meio uma dessas partes, ainda assim não conseguiremos separar seus pólos. Nossa tentativa pode prosseguir, quebrando sucessivamente o ímã em partes cada vez menores, podendo chegar até o átomo isolado. Ainda assim ele será um ímã com dois pólos, um norte e um sul. Mesmo "quebrando" o átomo, as partes que sobrarem, ou seja, seus prótons e elétrons, continuarão a exibir comportamento de um ímã normal, com dois pólos cada um. O princípio da inseparabilidade dos pólos pode ser facilmente entendido, utilizando-se do conceito de ímãs elementares. N N Observe que ao partirmosum ímã ao meio, ou mesmo em partes desiguais, estamos apenas separando uma porção de ímãs elementares, que continuam orientados e, portanto, continuam constituindo um ímã. Obviamente a "força do ímã" ou o seu poder de atração e repulsão não permanece o mesmo quando o quebramos. Observando os desenhos anteriores, que- mostram as partes quebradas de um ímã, podemos concluir que há atração entre as partes quebradas, ou seja, o ímã tem tendência de unir novamente suas partes. No entanto, existem alguns casos em que quebramos um ímã e as partes quebradas se repelem. Por quê? Fundamentos de Eletromagnetismo 17 Tomemos, como exemplo, um ímã de alto-falante mostrado no desenho abaixo. Os pólos desse ímã encontram-se nas faces planas do mesmo. Neste caso, as partes resultantes de uma quebra serão pólos de mesmo nome frente a frente, e que por essa razão sofrerão repulsão magnética. 2.5 — Ímãs temporários e permanentes Um ímã é dito permanente quando seus efeitos persistem por tempo indeterminado. Os temporários mantém suas propriedades magnéticas por breves períodos de tempo. Ambos possuem aplicações práticas. Por exemplo, os ímãs permanentes são utilizados nos alto-falantes, pequenos motores elétricos, alguns tipos de medidores elétricos, bússola, microrruptores (reed-switch) etc. Uma aplicação típica dos ímãs temporários são os guindastes magnéticos. N A barra de ferro segura o clipe. N A barra afastada do ímã permanente solta o clipe, portanto a barra de ferro é um ímã temporário. 18 Editora Ao Livro Técnico Os ímãs temporários podem ser constituídos de ferro doce e aço não temperado. Os ímãs permanentes, por sua vez, normalmente são constituídos de aço contendo níquel e cobalto ou ligas de samário-cobalto. 2.6 — Desmagnetização por aquecimento Um ímã temporário, como vimos, se desmagnetiza rapidamente. Se quisermos desmagnetizar um ímã permanente, basta aquecê-lo à determinada temperatura. Com a temperatura alta, a agitação molecular pode chegar a níveis tais que todos os ímãs elementares voltam aos seus estados normais de desalinhamento. A essa temperatura denominamos de ponto de Curie, cujo valor varia conforme o material. Portanto: Ponto de Curie é a temperatura na qual um ímã se desmagnetiza. Existem também outros meios de desmagnetização, como a aplicação de campos eletromagnéticos, que veremos mais adiante em nosso estudo, e o choque mecânico. Com um choque mecânico, uma pancada por exemplo, podemos fazer com que os ímãs elementares em uma barra se desorientem, desmagnetizando-a. No entanto esse procedimento só se aplica a barras fracamente magnetizadas e com boa resistência mecânica. 2.7 — Campo magnético de um ímã Sabemos que ímãs interagem entre si, surgindo entre eles uma força que pode ser de atração ou repulsão. Portanto, se caminharmos com um ímã na mão, e de repente sentirmos uma força agindo sobre ele, certamente é porque estamos próximos de um outro ímã. Vamos chamar esse ímã que levamos na mão, de ímã de prova, ou mais especificamente um de seus pólos, de pólo de prova. Se colocarmos então nosso pólo de prova em uma determinada região do espaço onde percebemos que o mesmo fica sujeito a uma força, dizemos que nessa região existe um campo magnético. Portanto: Campo magnético de um ímã é uma região do espaço onde um pólo magnético ali colocado fica sujeito a uma força. ou Campo magnético de um ímã é a região dentro da qual ele exerce sua influência magnética. Fundamentos de Eletromagnetismo 19 Para delinear essa região em torno do ímã, podemos fazer uso dos resultados obtidos num experimento muito fácil de realizar. Coloca-se uma folha de papel sobre um ímã qualquer e sobre a folha derrama-se um pouco de limalha de ferro (pó de ferro). fv ( s 0 Cada grão de limalha de ferro que cair sobre a folha será magnetizada pelo ímã. Desta forma os inúmeros grãos de limalha magnetizada irão interagir entre si (pelo princípio de atração e repulsão entre os pólos magnéticos) e irão formar uma figura conhecida como espectro magnético . Espectro magnético é a figura formada pela limalha de ferro sobre uma folha de papel pela ação de um ímã embaixo da folha. Observando-se o espectro magnético, podemos verificar que a limalha se orienta sob forma de linhas que unem os pólos do ímã, segundo vários caminhos. Isto sugere que o campo magnético de um ímã possa ser representado por linhas, que denominaremos de linhas de força. 20 Editora Ao Livro Técnico Por convenção, foi atribuído um sentido para as linhas de força: As linhas de força saem do pólo norte e chegam no sul de um ímã, externamente a ele. Internamente ao ímã o caminho das linhas é ao contrário: vão do sul para o norte. As linhas de força sob o ponto de vista científico, podem ser conceituadas da seguinte forma: As linhas de força são as possíveis trajetórias para uma partícula imaginária norte, lançada nas proximidades do pólo norte. Isto quer dizer que se lançarmos em algum lugar dentro do campo magnético uma partícula imaginária norte*, ela ficará sujeita a uma força de atração pele, pólo sul e repulsão pelo pólo norte. Isto a fará descrever uma determinada trajetória até encontrar o pólo sul do ímã. Essa trajetória consiste em uma linha de força. Então, dependendo do ponto onde soltarmos essa partícula, ela descreverá trajetórias diferentes, regida pelas forças de atração e repulsão entre os pólos. A trajetória da partícula hipotética norte representa uma linha de força. No desenho acima, a partícula norte (n) fica sujeita a uma de força de repulsão pelo norte do ímã (FN) e, ao mesmo tempo, atração pelo sul (F5). A força resultante (FR) faz com que a partícula se mova segundo a trajetória mostrada, pois a cada deslocamento infinitesimal da mesma, o sentido da força resultante muda. * A partícula é dita imaginária, pois sabemos que não é possível obter um pólo isolado de um ímã. O fato de ser escolhida uma partícula norte é simplesmente por convenção. Fundamentos de Eletromagnetismo 21 2.8 — Vetor campo magnético Vimos que o campo magnético é a região em torno do ímã onde ele exerce sua influência. Sabemos também que essa influência é maior próximo aos pólos do ímã. Isso sugere que podemos atribuir ao campo magnético uma intensidade em um determinado ponto. E a linha de força que passará por esse ponto terá uma direção e um sentido. Ou seja: O campo magnético é uma grandeza vetorial, pois possui módulo, direção e sentido. j Como toda grandeza física, o campo magnético possui uma letra para representá- lo e uma unidade: Campo magnético: representação: H unidade: ampère/metro (A/m) o setor campo magnético é sempre tangente à linha de força no ponto considerado 2.9 Campo magnético uniforme Um campo magnético é dito uniforme quando possui, em todos os pontos, mesma intensidade, mesma direção e sentido. Por exemplo: 22 Editora Ao Livro Técnico Na figura anterior, as linhas de força que saem do norte vão diretamente para o sul a sua frente. Isto faz com que tenhamos na região central entre os pólos um campo magnético uniforme. Podemos ainda dizer que um campo é uniforme quando é representado por linhas de força paralelas e eqüidistantes entre si. 2.10 — Relação entre intensidade de campo e concentração de linhas de força Observando como estão dispostas as linhas de força em um campo magnético, podemos concluir à respeito da direção e sentido do campo nos diversos pontos. Podemos também concluir sobre a intensidade de campo em um ponto comparativamente a outro. Então analisemos a figura a seguir: Já sabemos que o campo magnético é mais intenso próximo aos pólos. Agora, observe que as linhas de força próximas aos pólos estão mais concentradas do que nas outras regiões. Isto nos leva a concluir que há umarelação entre intensidade de campo e concentração de linhas de força. A intensidade de campo é diretamente proporcional à concentração de linhas de força. 2.11 — O campo magnético da Terra Em 1600, Willian Gilbert, físico e médico da corte da rainha Elisabeth da Inglaterra, publicou um trabalho onde, entre outras teorias, sugeria que a Terra tem as mesmas propriedades de um ímã. Hoje, sabemos que sua teoria estava correta. A Terra realmente é um grande ímã, cujos pólos magnéticos estão orientados em uma direção próxima ao eixo norte- sul geográfico. Apesar de seu tamanho, a Terra apresenta um campo magnético bastante fraco. Entretanto, esse campo magnético é de vital importância para toda espécie de vida no planeta. Veja Unidade IV — 2.4. A proteção do campo magnético da Terra. Fundamentos de Eletromagnetismo 23 Sul magnético Norte magnético Sul geográfico Norte geográfico As linhas de força do campo da Terra se espalham desde a superfície até as camadas mais altas da atmosfera. A origem do campo da Terra ainda não é perfeitamente conhecida. A teoria mais aceita hoje postula que o campo se origina devido à correntes elétricas criadas pelo atrito entre camadas no interior da Terra. O ângulo que as linhas de força do campo da Terra formam em cada ponto da superfície com seus meridianos é denominado de declinação magnética. Esse ângulo varia dependendo do local em que estejamos sobre a superfície da Terra. Declinação magnética é o ângulo formado em cada ponto da superfície, entre as linhas de força do campo magnético da Terra e os respectivos meridianos que passam pelo ponto. As linhas de força passam praticamente paralelas à superfície próximo à linha do Equador. Em outras regiões, o campo é inclinado em relação à superfície. Junto aos pólos magnéticos, por exemplo, o campo é perpendicular à superfície . Esse ângulo entre as linhas de campo e a superfície chama-se de inclinação magnética. Logo: Inclinação magnética é o ângulo formado entre a superfície e as linhas de força do campo magnético da Terra. 24 Editora Ao I,ivro Técnico 2.12 - A bússola A bússola é um instrumento utilizado para orientação. Seu funcionamento baseia- se no princípio de atração e repulsão entre os pólos magnéticos. Ela é constituída de uma agulha imantada apoiada em seu centro de gravidade sobre um pino com pouco atrito e, portanto, livre para girar. A agulha , pelo fato de estar magnetizada, irá se orientar na direção norte-sul do magnetismo terrestre. Como as linhas de força do campo magnético da Terra apresentam a inclinação e a declinação magnética, a agulha da bússola indicará, além da direção norte-sul, o ângulo formado pelas linhas com a superfície ( inclinação magnética). Entretanto, as bússolas comuns não estão preparadas para medir a inclinação magnética, mesmo porque para a maioria das regiões do planeta, a inclinação magnética corresponde praticamente a zero grau, o que faz com que o ponteiro fique na horizontal. Nas regiões próximas aos pólos, a inclinação é bastante significativa, chegando a 90° exatamente sobre eles. Nestas situações, a inclinação magnética pode ser avaliada mediante uma bússola especial chamada de bússola de inclinação. A parte pintada da agulha da bússola aponta para aproximadamente o norte geográfico. E o norte geográfico corresponde aproximadamente ao sul magnético da Terra. Logo, a parte pintada da agulha é um pólo norte. As primeiras bússolas surgiram na China aproximadamente em 121 d.C. e eram feitas com um pedaço alongado de magnetita colocado sobre uma bóia, dentro de uma bacia com água. Fundamentos de Eletromagnetismo 25 2.13 - Exercícios propostos A — Responda as questões abaixo: a) O que são pólos magnéticos? b) Por que a maioria dos metais não á atraída por um ímã? c) O que é magnetização? d) O que é ponto de Curie? e) O que é um campo magnético uniforme? f) O que é inclinação magnética? g) O que é declinação magnética? h) Qual o princípio de funcionamento de uma bússola? i) O que são linhas de força ? j) O que é o campo magnético de um ímã? B — Represente através de linhas de força, os campos magnéticos dos ímãs abaixo. a) c) ( s 2.14 - Sugestões para laboratório Experiências com ímãs Objetivos: ▪ Comprovar as forças de atração e repulsão entre pólos de ímãs; -\,/ verificar que materiais um ímã é capaz de atrair; Ni observar o espectro magnético de um ímã; ▪ observar o funcionamento de uma bússola; ti identificar os pólos desconhecidos de um ímã. 26 Editora Ao Livro Técnico Material necessário: item quant. unid. especificação 01 02 pç ímã em forma de barra 02 01 pç clipe, moeda, ficha telefônica, pedaço de cobre, alumínio, ferro, aço, zinco, aliança de ouro, jóia de prata, etc. 03 01 pc ímã em forma de ferradura 04 - pc limalha de ferro 05 01 pç folha de papel sulfite 06 01 pç bússola Procedimento: 1 — Verifique como se processam as forças de atração e repulsão entre os pólos dos ímãs, aproximando o pólo norte de um ímã com o norte do outro ímã, o sul com o sul e o norte com o sul. Para tornar mais interessante essa experiência, peça para alguém segurar um dos ímãs e tente encostar os pólos de mesmo nome. 2 — Teste agora quais metais o ímã é capaz de atrair, experimentando um a um os diferentes materiais relacionados. 3 — Utilizando um pedaço de ferro preferencialmente de forma alongada, faça o ímã atraí-lo em uma de suas pontas. Observe agora como esse pedaço de ferro também se transformou em um ímã, fazendo-o atrair um pequeno clipe. Fundamentos de Eletromagnetismo 27 Se o ímã for suficientemente forte, você poderá constatar que o clipe também se transformou em um ímã, fazendo-o atrair outro clipe ou uma agulha de costura. 4 — Coloque um ímã em forma de barra sobre uma mesa e coloque sobre ele a folha de papel sulfite. Derrame aos poucos a limalha de ferro sobre o papel e observe a formação do espectro magnético. Substitua o ímã em forma de barra pelo ímã em forma de ferradura e repita o procedimento. Você pode observar também a formação do espectro magnético entre pólos de mesmos nomes e pólos de nomes contrários. Para pólos de mesmos nomes, coloque os ímãs frente a frente o mais próximo possível, pois haverá repulsão. Coloque a folha sobre eles e derrame a limalha. Para pólos de nomes contrários repita o procedimento, colocando agora um objeto entre eles, por exemplo uma borracha, para mantê-los a uma certa distância, pois haverá atração. Desenhe, utilizando linhas de força, a configuração do campo magnético para todos os casos observados. 5 — Mantendo-se distante dos ímãs, observe como a direção indicada pela agulha da bússola permanece inalterada por mais que a movamos para todas as direções. Localize a direção norte-sul geográfica através da posição do sol e compare com a direção indicada pela bússola. Coloque a bússola sobre a mesa e aproxime um ímã, observando como o campo magnético do ímã interfere na posição da agulha. Não aproxime muito o ímã da bússola pois poderá haver a desmagnetização da agulha. 6 — Podemos determinar a polaridade desconhecida de um ímã, se dispusermos de outro ímã com polaridade conhecida. Cubra com fita crepe as indicações de polaridade de um dos ímãs em forma de barra e com o outro ímã, tente descobrir a polaridade escondida. Para tanto, aproxime um pólo conhecido a uma das extremidades do ímã com pólos desconhecidos. Se houver atração, o pólo desconhecido será oposto ao pólo conhecido que foi aproximado. Se houver repulsão é porque os pólos são de mesmo nome. Pode-se também utilizar a bússola para determinação da polaridade, tomando-se o cuidado de não aproximá-la muito para não desmagnetizá-la. 28 Editora Ao Livro Técnico Unidade II Eletromagnetismo CAMPO MAGNÉTICO DEVIDO À CORRENTE ELÉTRICA 1.1 — A experiência de Oersted Foio físico dinamarquês Hans Christian Oersted que observou pela primeira vez, por volta do ano de 1820, que a corrente elétrica gera campos magnéticos. Ele verificou que quando um circuito elétrico é ligado, uma bússola colocada nas proximidades sofre uma influência, desviando seu ponteiro para outra posição. Podemos comprovar essa influência através do circuito a seguir. Com o condutor disposto paralelamente ao ponteiro da bússola, que até então estará indicando a direção do campo magnético da Terra , fechamos a chave S. Imediatamente percebemos uma mudança na indicação da bússola. Aumentando-se gradativamente a corrente, pelo aumento da tensão da fonte, percebemos que a bússola irá cada vez mais se inclinar em relação ao fio, tendendo a ficar perpendicular a ele. Desligando-se a chave, a bússola retorna a sua posição original. bússola bússola nte C( ft me CC regulável regulavel 1.2 — Regra de Ampère Depois da descoberta de Oersted, o cientista francês André Marie Ampère identificou a configuração do campo magnético em torno de um condutor. Utilizando-se de uma folha de papel atravessada ao meio por um fio percorrido por corrente elétrica, Ampère jogou limalha de ferro sobre o anteparo de papel. A limalha então adquiriu a forma de círculos concêntricos, ocorrendo uma concentração maior próximo ao fio. Fundamentos de Eletromagnetismo 31 Ampère também descobriu a relação entre o sentido da corrente e o sentido das linhas de força, propondo uma regra para sua determinação. Em sua homenagem, essa regra foi chamada de regra de Ampère, também conhecida como regra da mão direita para o sentido convencional da corrente. Segundo a regra, para se determinar o sentido das linhas de força em torno do condutor, basta envolvê-lo com os dedos, estando o polegar a indicar o sentido da corrente. Com isso os dedos indicam o sentido das linhas de força. n n Se quisermos mostrar um condutor segundo sua seção transversal, podemos utilizar a seguinte convenção para indicar o sentido da corrente: o corrente saindo corrente entrando As respectivas linhas de força então ficarão: A mesma convenção de ponto e cruz pode ser utilizada para representar um campo magnético. Por exemplo, olhando-se um cóndutor exatamente de perfil, suas linhas de força nos parecerão traços perpendiculares ao mesmo. 1 Agora podemos entender melhor o comportamento da bússola descrito anteriormente. Vimos que a bússola tende a alinhar sua agulha perpendicularmente ao fio condutor, proporcionalmente à corrente aplicada. 32 Editora Ao Livro Técnico I direção norte-sul magnética A questão para refletir é: • Porque a bússola não se alinha perpendicularmente ao fio com qualquer intensidade de corrente? Para entender isso, devemos lembrar que o campo da Terra continua presente e está "puxando" o ponteiro segundo a direção norte-sul. Quando aplicamos gradativamente uma corrente ao fio, o campo criado por ela vai aumentando na mesma proporção. Esse campo é perpendicular ao fio. x Sendo assim, o campo da Terra puxa o ponteiro para uma direção, enquanto o campo do fio puxa o ponteiro para outra posiçãd, perpendicular ao fio. A resultante entre os dois campos é que determinará então a posição final que a bússola assumirá. Hr HTerra Se Hfio se torna muito superior a HTe a resultante será praticamente H fio e a bússola ficará perpendicular ao fio. — — I,. IITerra E ltt Fundamentos de Eletromagnetismo 33 No entanto, para que isto ocorra, será necessário uma elevada corrente no condutor a fim de produzir um elevado valor de campo magnético. Se realizássemos a experiência de Oersted no espaço, numa região isenta de campo magnético, veríamos que a bússola ficaria perpendicular ao fio com qualquer intensidade de corrente. 1.3 — Intensidade de campo em torno de um condutor Vimos na experiência de Ampère que a limalha de ferro se distribui sob a forma de círculos concêntricos, ocorrendo uma concentração maior de limalha próximo ao fio condutor. Isto sugere que a intensidade de campo deve variar com a distância em relação ao fio. Realmente, podemos fazer a seguinte afirmação: A intensidade de campo num determinado ponto é diretamente proporcional à intensidade de corrente no fio, e inversamente proporcional à distância do centro do condutor ao ponto considerado. Matematicamente: H= 27Er II Onde: H ---> intensidade de campo (A/m) I —> intensidade de corrente (A) r --> distância do centro do condutor ao ponto considerado (m) Obsi: O sentido do campo magnético no ponto considerado é dado pela regra da mão direita. Obs2: A equação acima é válida para um condutor retilíneo e de comprimento infinito. Para situações reais, o valor será aproximado. 34 Editora Ao Livro Técnico 1.4 — Intensidade de campo no centro de uma espiro. O valor de campo magnético no centro de uma espira é dado pela seguinte equação: H = 2R Onde: H intensidade de campo no centro da espira(A/m) I --> intensidade de corrente na espira(A) R raio da espira (m) Para se determinar o sentido do campo no interior da espira, utiliza-se também a regra da mão direita aplicada à qualquer parte da espira. Entretanto, pode-se também utilizar uma variação da regra da mão direita, que usualmente chamamos de regra da mão direita para espiras e bobinas. Neste caso, seguimos a corrente contornando a espira com os quatro dedos principais e o polegar nos aponta o sentido do campo criado. 1-1 regra da mão direita para espiras e bobinas Fundamentos de Eletromagnetismo 35 Apresentamos agora uma equação para se calcular a intensidade de campo no centro de uma espira quadrada. H = na Onde: H ---> intensidade de campo no centro da espira quadrada(A/m) I --> intensidade de corrente na espira(A) a —› apótema do quadrado(m) 1.5 — Intensidade de campo no interior de um solenóide Um solenóide ou bobina é obtido com a disposição de várias espiras em série lado a lado. Por essa razão, o campo magnético do solenóide é o resultado da contribuição das diversas espiras individualmente. O sentido do campo magnético pode ser determinado pela regra da mão direita para espiras e bobinas. Neste caso, envolvemos a bobina com os quatro dedos no sentido da corrente e o polegar nos aponta o sentido das linhas de força do campo resultante. Observamos no desenho que o campo magnético no interior do solenóide é uniforme. A densidade de linhas de força diminui a partir das bordas o que nos leva a concluir que o campo é mais intenso na parte interna da bobina. 36 Editora Ao Livro Técnico N.I \141Z 2 +1,2 H = Considere a bobina abaixo vista em corte, e o gráfico abaixo dela, que mostra a intensidade de campo em função das distâncias a partir do centro. Observamos que no eixo das ordenadas temos os valores de H, onde colocamos simbolicamente o valor l para o maior valor de campo, que corresponde ao centro da bobina. Esse valor se mantém praticamente o mesmo até próximo às bordas da bobina, onde o campo cai à metade. À medida que nos distanciamos das bordas, o campo vai diminuindo e tendendo a zero. ti Para se determinar o valor de H no interior do solenóide, utilizamos a seguinte equação: Onde: H - -> campo magnético no interior do solenóide (A/m) N --> 02 de espiras do solenóide I —> intensidade de corrente (A) R --> raio do solenóide (m) L --> comprimento do solenóide (m) Fundamentos de Eletromagnetismo 37 Casos Particulares a) Solenóide muito longo ( L > R ) Neste caso, na equação para determinarmos o valor do campo no interior de um solenóide, vemos que R pode ser desprezado (igual a zero); Então: NI H= L b) Solenóide muito curto (R > L) vista em corte R Neste caso, L pode ser desprezado na fórmula e então temos: H = N.I 2. R Observe que a equação acima é a do campode uma espira, multiplicado pelo número delas. 38 Editora Ao Livro Técnico c) Solenóide Toroidal Em um solenóide toroidal, como visto na figura a seguir, as linhas de campo ficam confinadas em seu interior. Toróide com N espiras e raio médio R. Para calcular o campo no interior do toróide, utilizamos a equação do solenóide muito longo, substituindo o comprimento L pelo comprimento médio do toróide que é igual a 2nR. Então: N I H = 27ER Um toróide pode também ter sua seção transversal circular. 1.6 — Exercícios resolvidos A — Com um condutor de 2m de comprimento faz-se uma espira circular. Qual o campo magnético em seu interior se aplicarmos uma corrente de 3 A? O raio da espira assim obtida será dado por: R = R = 2-- R = 0,32m 27r 27r H= H= 3 H = 4,69 A / m 2R 2.0,32 Fundamentos de Eletromagnetismo 39 B — Em um solenóide de 300 espiras, com seção transversal circular de raio 2cm e comprimento 15cm está sendo aplicada uma corrente de 2A. Calcule a intensidade do campo magnético em seu interior. Para este tipo de solenóide, a equação do campo será: N .I 300.2 H — V4.0,022 +0,15' H= H = 3865A / m 4R 2 + L2 C Um solenóide toroidal com seção transversal quadrada 3x3cm possui 600 espiras. Sendo seu raio médio igual a 10cm, determine a corrente necessária para que em seu interior o campo magnético H seja igual a 1000 A/m. N. I H = H .27rR I -= I = 1000.271-.0,1 I =1.05A 27TR N 600 1.7 — Exercícios propostos A — Responda as questões abaixo: a) Por que a agulha de uma bússola tende a se alinhar perpendicularmente a um fio percorrido por corrente elétrica? b) Por que é necessário um elevado valor de corrente para a bússola ficar perpendicular ao fio? c) O que aconteceria de diferente na experiência de Oersted, se o campo magnético da Terra deixasse de existir? d) O que ocorreria com a bússola ao ser ligada a corrente, se o fio fosse alinhado desde o princípio, perpendicularmente à agulha? e) O que ocorreria com a bússola se o sentido da corrente aplicada ao fio fosse alterada? f) Qual seria a indicação da bússola se a corrente aplicada fosse alternada? 40 Editora Ao Livro Técnico B Indique qual o sentido que a agulha da bússola irá indicar, desprezando-se o campo da Terra. a) C) O b) C — Calcule a intensidade de campo magnético à distância de 5cm de um condutor que conduz uma corrente de 10A . D — Calcule a intensidade do campo resultante no ponto P para os casos abaixo: 4A a) cm 2A 6 P. b) locm 1= 8A 6,1 Fundamentos de Eletromagnetismo 41 d) H cni R,= R, 10cm Obs.: Espiras em planos perpendiculares E — Determine a que distância a partir do condutor que conduz I, o campo tem intensidade nula, nos casos abaixo, sendo 10 cm a distância entre os condutores: I,= $A a) I,= 3A b) I,= 6A I,— 2A 42 Editora Ao Livro Técnico F — Calcule a intensidade de campo no interior de uma espira circular feita com um condutor de 1 m de comprimento, por onde circula uma corrente de 5A. G — Calcule a intensidade de campo no interior de uma espira quadrada feita com um condutor de 1 m de comprimento por onde circula uma corrente de 5A . H — Determinar a intensidade e o sentido do campo resultante no centro comum às duas espiras. 11=5A 1-2=7A R1= 1 OCM R2=5cm I — Calcule a intensidade de campo no interior de um solenóide reto de 20cm de comprimento e 10cm de raio, tendo este 250 espiras por onde circula uma corrente de 0,5A. J — Calcule a intensidade de campo no interior de um solenóide toroidal de raio interno 6cm e raio externo 8cm, onde estão enroladas 600 espiras percorridas por uma corrente de intensidade 1,0A. L — Duas espiras circulares concêntricas (com mesmo centro) têm raios R, e R2 sendo que R,= 5R2 . A corrente I, = 6A . Qual deve ser o valor de I2 para que no centro das espiras o campo seja nulo? M — Em um tubo de PVC com diâmetro externo igual a 25mm, e o comprimento 20cm enrola-se uma camada de espiras com fio de cobre esmaltado de diâmetro 0,5mm. Considerando-se que as espiras fiquem bem unidas, calcule: a) o comprimento de fio necessário ; b)a intensidade de campo no interior do solenóide quando for aplicada uma corrente de intensidade 2A. Fundamentos de Eletromagnetismo 43 1.8 — Sugestões para laboratório Campo magnético produzido pela corrente elétrica Objetivos: Comprovar a experiência de Oersted; 'I observar o espectro magnético do campo em torno de um condutor, em uma espira e no interior de um solenóide. Material necessário: item quant. unid. especificação 01 02 pç bobina didática* 02 01 pç módulo de alta corrente** 03 01 m condutor rígido 2,5 mm' 04 01 pç amperímetro 0-2 A (CA-CC) 05 04 pç cabo de ligação 06 — — limalha de ferro 07 01 pç bússola 08 01 pç fonte CC regulável O - 30 V 09 01 pç resistor ou qualquer carga para 2 A 10 01 pç fonte CA regulável 0-240 V espiras * Bobina didática: Bobina com aproximadamente 10 espiras de fio 2,5 mm 2 espaçadas transpassando uma placa de acrílico. placa de acrílico ** Módulo de alta corrente Para se conseguir uma alta corrente, necessária para se poder observar o espectro magnético através da limalha, iremos utilizar um núcleo desmontável com duas bobinas, uma de 200 espiras e outra de 10 espiras. núcleo desmontável bobina de 200 espiras bobina de 10 espiras 44 Editora Ao Livro Técnico fonte CC regulável Resistor ou qualquer carga para 2 A bússola V2) A bobina de 10 espiras será ligada em curto-circuito enquanto se aplica um valor adequado de tensão na bobina de 200 espiras. Desta forma circulará uma elevada corrente (acima de 60 A) pela bobina de 10 espiras. Por essa razão é necessário que ela seja construída com fio grosso (pode ser 6 mm2, ou 3x2,5 mm2, ou 4x 1,5 mm2 em paralelo). Procedimento: Para realizar a experiência de Oersted, monte o circuito da figura abaixo: Tomando o cuidado de deixar o fio por baixo e alinhado na direção do ponteiro da bússola, aplique uma tensão, aumentando gradativamente até a corrente atingir 2 A, observando o comportamento da bússola. Efetue agora os seguintes procedimentos, sempre observando e anotando o que ocorre com o ponteiro da bússola. a) Inverta a polaridade da fonte e energize o circuito com uma corrente de 2 A. b) Com o circuito energizado, retire a bússola de cima do fio e a coloque por baixo dele. c) Substitua a fonte CC pela fonte CA e energize o circuito. Tome o cuidado de verificar se a carga empregada pode ser utilizada também em CA. Você deverá observar que, com a inversão da polaridade da fonte, a indicação da bússola se inverte. A indicação da bússola também se inverte quando ela é retirada de cima do fio e colocada por baixo, pois os sentidos do campo nesses pontos são contrários. Observe que em qualquer dos casos, a agulha da bússola não fica perpendicular ao fio. Ela indica a resultante entre o campo magnético da Terra e o campo criado pela corrente. Seria necessária uma corrente muito alta circulando pelo fio para que o campo gerado fosse alto o suficiente para tornar desprezível o campo da Terra na região onde se encontra a bússola. Somente assim a bússola ficaria perpendicular ao condutor. Em corrente alternada a bússola nada indica, pois o campo magnético se inverte muito rapidamente e a agulha, devido a sua inércia, não consegue acompanhar, permanecendo imóvel. Fundamentos de Eletromagnetismo 45 fonte C.A regulável fio rígido de 2,5mm anteparo Para observar o espectro magnético do campo de um condutor, monte o circuito abaixo: fio rícido de 2,5mri anteparo de papel sulfite O anteparo deve ser feito com metade de uma folha de papel sulfite com o condutor perfurando-a ao meio. Utilizar fita adesiva para prendê-lo ao condutor. Apliqueà bobina de 200 espiras do módulo, uma corrente de 2 A. Derrame aos poucos a limalha de ferro sobre o anteparo e observe como ela se alinha. Substitua o fio condutor com o anteparo por uma espira com anteparo como ilustra o desenho abaixo: Com o módulo de alta corrente energizado, derrame a limalha sobre o anteparo e observe a configuração do campo magnético. Substitua a espira pela bobina didática e repita o procedimento para observar a configuração do campo do solenóide. 46 Editora Ao Livro Técnico 2 j A NATUREZA DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS 2.1 - Teoria dos domínios Explicamos no capítulo anterior a constituição interna de um ímã como sendo a composição alinhada de uma infinidade de ímãs elementares. Porém, surge a pergunta: O que é um ímã elementar? Para responder essa pergunta vamos mergulhar na estrutura atômica da matéria. Sabemos que um átomo qualquer é composto de um núcleo, onde se encontram os prótons e os nêutrons e, circulando ao redor deste, temos os elétrons. Vamos analisar um destes elétrons girando ao redor do núcleo. (sentido real) elétron em movimento ao redor do núcleo corrente em uma espira Observando os desenhos acima, notamos uma semelhança entre o elétron girando em sua órbita, e a espira por onde circula uma corrente. O elétron sozinho em sua órbita, constitui uma corrente elétrica elementar que, a exemplo da espira, gera um campo magnético. No desenho acima, o sentido do campo gerado pelo elétron está apontando para fora da folha*. Esse pequeno valor de campo é conhecido como campo magnético devido à corrente orbital . Além do campo devido à correntes orbitais, existe o campo magnético devido ao movimento de rotação do elétron em torno do seu próprio eixo, ou seja, devido ao spin do elétron. spin do elétron Fundamentos de Eletromagnetismo 47 O campo magnético criado pelo spin do elétron pode ser determinado pela regra da mão esquerda* onde o sentido da corrente corresponde ao sentido do movimento de rotação do elétron. Uma comparação a nível microscópico poderia ser feito com uma esfera carregada girando em torno de seu próprio eixo . Analogia com uma esfera carregada. Neste caso, as cargas que se encontram próximas da linha do equador da esfera estão girando mais rapidamente e o campo magnético é equivalente à de uma espira percorrida por corrente elétrica . Portanto, o campo magnético devido ao spin do elétron, vai adquirir a forma mostrada na figura a seguir. Campo magnético devido ao spin do elétron. * Usamos a regra da mão direita para o sentido convencional de corrente. Quando temos movimento de cargas negativas, isto corresponde ao sentido real de corrente e portanto a regra a ser utilizada é a da mão esquerda. 48 Editora Ao Livro Técnico Então o campo magnético de um átomo isolado é devido ao movimento orbital e ao spin do elétron. Existe ainda uma terceira contribuição, que é a do spin do núcleo do átomo. No entanto, seu valor é insignificante comparado às outras duas contri- buições supra-citadas. Representação do campo orbital e do campo de spin do elétron. Na figura acima mostramos as linhas de força do campo magnético devido ao movimento orbital e devido ao spin do elétron. A contribuição de campo devido ao spin é muito mais intensa do que devido ao movimento orbital . Agora imagine um átomo de um elemento químico qualquer, com dezenas de elétrons girando em órbitas diversas e cada um tendo seus spins uns num sentido e outros noutro sentido. Não fica difícil concluir que, para a maioria dos elementos químicos, os campos criados pelo movimento orbital e pelos spins se cancelam, produzindo no átomo um campo resultante igual a zero. Campo magnético resultante num átomo é igual a zero para a maioria dos elementos químicos. Fundamentos de Eletromagnetismo 49 No entanto, em uns poucos elementos químicos, não ocorre o cancelamento total do campo à nível atômico. Elétrons com spins de mesmo sentido fazem com que esses elementos apresentem um forte campo magnético. Assim, Átomos que apresentam um campo magnético resultante diferente de zero são denominados dipólos magnéticos. Em alguns materiais, esses dipólos são tão fortes que exercem influência uns sobre outros, fazendo com que se alinhem paralelamente em pequenos volumes chamados domínios magnéticos. Portanto: Domínios magnéticos são pequenos volumes dentro de um material onde dipólos magnéticos encontram-se alinhados. ffi domínios magnéticos Esse alinhamento espontâneo dos dipólos pode ocupar volumes que variam na ordem de 10-3 a 10-6 m de diâmetro. O ferro, o níquel e o cobalto, bem como suas ligas, apresentam domínios magné- ticos e são conhecidos como materiais ferromagnéticos. 2.2 — Indução magnética Vamos imaginar pequenos ímãs furados em seu centro de gravidade. 50 Editora Ao Livro Técnico Vamos agora pregar esses ímãs em uma mesa com pregos finos de tal modo . que os mesmos possam girar livremente. Dispondo então segundo posições aleatórias, poderemos ter a configuração abaixo: Se pusermos nos extremos da mesa os pólos norte e sul de um grande ímã, obteremos o alinhamento de cada pequeno ímã da mesa. Isto ocorre pela ação das forças entre seus pólos e os pólos do grande ímã. IN mi Em IN PIM ffigo mi NI ma - MI A situação que acabamos de analisar é uma boa analogia a nível macroscópico com o que ocorre com os domínios magnéticos sujeitos a um campo magnético. Nas análises que se segiiirão, os domínios serão representados por setas, cujas pontas correspondem aos seus pólos norte. N S N Fundamentos de Eletromagnetismo 51 Em uma barra desmagnetizada, teremos os domínios orientados aleatoriamente como mostrado abaixo. Domínios orientados aleatoriamente em uma barra de ferro. Vamos agora introduzir o conceito de indução magnética. Suponha então um campo magnético H, uniforme, no vácuo. Se jogarmos uma barra de ferro desmagnetizada em seu interior, ocorrerá uma orientação dos domínios magnéticos. H Os domínios magnéticos da barra se orientam. A barra, agora magnetizada, assume comportamento de um ímã, apresentando portanto o seu próprio campo magnético, que chamaremos de campo M, ou magnetização, pois é criado pela magnetização da barra de ferro. Linhas de força do campo magnético próprio da barra. 52 Editora Ao Livro Técnico Como conseqüência, haverá uma resultante entre o campo H inicial e o campo magnético induzido na barra de ferro (campo M). Observamos que internamente à barra, as linhas de força têm sentidos coincidentes enquanto que, fora dela, há pontos onde os sentidos são exatamente opostos ou formam ângulos entre si. De qualquer forma, não é difícil perceber que o campo resultante terá aproximadamente a forma abaixo: campo magnético resultante Resumindo, ao colocarmos a barra de ferro no interior do campo H, a orientação dos domínios magnéticos da barra produz o equivalente a um reforço do campo magnético no interior da barra. A esse novo valor de campo obtido pela soma em cada ponto, do campo H com o campo provocado pelo alinhamento dos domínios (campo M), dá-se o nome de indução magnética ou campo B. Portanto: Indução magnética é o campo efetivo num determinado meio. Observe que o campo B é a grandeza mais importante, pois é obtido pela soma das outras duas, H e M. Poderíamos escrever então que B = H + M. Nesse caso, em um meio sem a presença de materiais magnetizáveis, o campo M seria nulo e portanto B e H teriam o mesmo valor. Infelizmente, essa relação não é em todo verdadeira. Isto porque por razões históricas, foi atribuída ao campo B uma unidade diferente da unidade de H e M. Ou seja, enquanto H e M têm a unidade A/ m, B possui a unidade tesla (T) no sistema internacional de unidades. O relacionamento correto entre B, H e M se dá através da equação B = t0 (H + M), que será justificado mais adiante.Geralmente se faz muita confusão na distinção entre B e H. Inclusive no nome, pois com freqüência falamos em campo magnético quando queremos nos referir à indução magnética. O próprio campo magnético da Terra, ao qual já nos referimos, na realidade é a indução magnética da Terra, pois é medido em teslas. Entretanto, nunca ouvimos alguém se referindo à ele como indução magnética. Para esclarecer um pouco mais sobre essas diferenças, cabe salientar que os campos magnéticos têm basicamente duas origens: correntes livres e correntes ligadas. Fundamentos de Eletromagnetismo 53 As correntes livres são as correntes devido ao movimento de cargas 1 vres em condutores, ou a corrente elétrica propriamente dita. Já as correntes ligadas são as devidas aos movimentos orbitais e de spin no interior da estrutura atômica dos materiais. Assim, as correntes livres geram o campo magnético H enquanto as correntes ligadas geram o campo M. A soma dos dois nos dá o campo B. Vale salientEr que temos pleno domínio sobre o campo H, pois podemos interferir diretamente sobre seu valor, manipulando a corrente que o gera. Já não se pode dizer o mesmo sobre o campo M, pois sua origem é mais complexa. No CGS a unidade da indução magnética é o gauss, cuja re ação com o tesla é: 1T = 104 gauss. O instrumento que mede a indução magnética é o gaussímetro. Trata-se de uma ponta de prova fina e achatada acoplada a um instrumento que pode ser analógico ou digital. Para medir a intensidade de um campo basta então introduzir a ponta de prova (sensor) no interior do campo. / medindo a indução através do gaussímetro 2.3 — Fluxo magnético O fluxo magnético representa a quantidade total de linhas de força que atravessam uma determinada superfície perpendicular às linhas. Sua unidade no SI é o weber (Wb) e é representada pela letra 0 . s fluxo magnético através da superfície S 54 Editora Ao Livro Técnico Como a indução magnética é diretamente proporcional à concentração de linhas de força, existe então uma relação entre o fluxo e a indução. A indução é dada por: Onde: B —> indução magnética em tecla (T) 0 fluxo magnético em weber (Wb) S --> área perpendicular ao fluxo (m2 ) B o Como conseqüência da equação acima, a indução pode ser também referenciada na unidade Wb/m2. O fluxo através das áreas Si e S2 é o mesmo. No entanto, a indução em SI (B1) é maior que em S2 (B2). 2.4 — Permeabilidade magnética de um material Quando se fala em permeável, logo associamos à idéia de algo que permite a passagem. Por exemplo, um solo permeável é o que absorve rapidamente a água ou, em outras palavras, deixa o fluxo de água passar através dele. Ou ainda, tal tipo de solo possui boa permeabilidade. Estendendo o raciocínio para o magnetismo; podemos dizer que A permeabilidade magnética expressa a facilidade que um material magnético oferece à passagem das linhas de forca. No capítulo anterior, quando estudamos a indução magnética, concluímos que um pedaço de ferro é capaz de reforçar um campo inicial H. Fundamentos de Eletromagnetismo 55 Sob a ótica da permeabilidade, podemos dizer que o ferro possui permeabilidade magnética maior que a do vácuo. Por essa razão, as linhas de força preferem se concentrar pelo ferro, evitando o vácuo. Essa é uma forma simplificada de raciocínio, pois como vimos no item 2.2, o que ocorre é uma resultante entre campos magnéticos, que provoca uma deformação do campo inicial. Entretanto, podemos fazer uso desse artifício no momento para facilitar a compreensão do conceito de permeabilidade, embora não devamos esquecer que a configuração de linhas assim obtida é resultado da sobreposição de linhas do campo aplicado H com as do campo induzido M. Matematicamente a permeabilidade magnética, representada por µ, é definida como a relação entre o campo B e o campo H. Ou seja: A unidade da permeabilidade magnética é o henry/metro (H/m). Observe que se B e H tivessem a mesma unidade, a permeabilidade magnética seria adimensional, ou seja, não teria unidade. 2.5 — Permeabilidade do vácuo Para o vácuo, B e H tem o mesmo valor, apesar de expressos em unidades diferentes. Por isso, para relacionar B e H em suas respectivas unidades, a permeabilidade do vácuo possui o valor: = 47r.10 -7 H /m µ0--> permeabilidade do vácuo Para o vácuo, B=µ.H. Para materiais magnéticos, onde o campo M é diferente de zero, a indução é dada por B=µo (H + M), que é equivalente a B—µH. Ou seja, a permeabilidade magnética de um material µ considera a contribuição de M para o campo total B, sem fazer menção a ele. Por essa razão, a maioria dos autores trata desse assunto sem mencionar a existência do campo M. Nós o fizemos por achar que o entendimento do assunto, especialmente o conceito de campo B, pode ficar mais fácil. Para efeitos práticos, a permeabilidade do ar é considerada igual à do vácuo, pois a diferença entre seus valores é desprezível. 56 Editora Ao Livro Técnico ft R o a= 2cm b= 3cm 2.6 — Permeabilidade relativa A permeabilidade relativa é a razão entre a permeabilidade do material e a permeabilidade do vácuo. —> permeabilidade relativa Note que a permeabilidade relativa é adimensional. Podemos interpretar a permeabilidade relativa como o número de vezes que a permeabilidade do material é maior(ou menor) do que a do vácuo. Assim, um material que possua permeabilidade relativa igual a 5, significa que: . . = 5 = 1,1 — ou µ=5.µo Po Portanto, o referido material possui permeabilidade cinco vezes maior que a do vácuo. 2.7 — Exercícios resolvidos A — A indução magnética bem junto à superfície polar do ímã abaixo é de 0,5 T. Calcular o fluxo magnético que atravessa a referida superfície. Solução: A área da superfície polar do ímã equivale a: S=axb S = 2.10-2 x 3.10-2 S = 6.10-4 m2 O fluxo é dado por: B .S 0=0,5 x 6.104 (1) = 3.10-4 Wb Fundamentos de Eletromagnetismo 57 B — Calcular o fluxo magnético que atravessa a superfície abaixo: / A B= 1T MO" a.sen30° a= 10cm b= 20cm Solução: A área está inclinada em relação às linhas de força. Portanto, devemos calcular a projeção da área perpendicular ao fluxo, que será: S = b x a.sen30° S = 20.10-2 x 10.10-2 x 0,5 S= 100.10-4 m2 B.S (1)= 1 x 100.10-4 4)=10.10-3 Wb 4)=10 mWb C — Em um núcleo ferromagnético de permeabilidade relativa igual a 4500 e de dimensões 4x4x30 cm é enrolada uma única espira. Uma corrente de 5 A é então aplicada à mesma. Determine.a indução magnética no núcleo. Solução. A equação para uma espira quadrada nos dá a intensidade de campo no centro da mesma. Entretanto, podemos assumir que esse campo é o mesmo para toda a região interna à espira com razoável precisão. Então, utilizando a equação do campo de uma espira quadrada, onde o apótema equivale à metade do lado da seção transversal: a = 2 cm = 0,02m /.-N/2 H = H — H =112,54A / m Ira 7c0,02 B = pop,R H B = 4z.10-7.4500.112,54 B = 0,64T 58 Editora Ao Livro Técnico 2.8 - Exercícios propostos A — Responda as questões abaixo: a) Quais as causas que originam o campo magnético de um átomo? b) Como são chamados os átomos que apresentam um campo magnético diferente de zero? c) Por que nem todos os elementos químicos apresentam dipólos magnéticos? d) O que são domínios magnéticos? e) O que é indução magnética? f) Qual a relação existente entre a unidade de indução no sistema MKS e CGS? g) O que é um gaussímetro? h) O que é fluxo magnético e qual a sua unidade? i) Qual a relação entre o campo B e o campo H? j) Escreva as fórmulas para o cálculo do campo B em torno de um condutor, no centro de uma espira e no interior de um solenóide, estando todos no vácuo. B — Em um cilindro de aço de 20cm de comprimento e 3cm de raio são enroladas duasespiras de fio de cobre. Sendo a permeabilidade relativa do aço igual a 3000, calcule a indução magnética no cilindro quando a corrente aplicada for de 5A. C — Um ímã de dimensões polares 4x6cm e indução magnética medida junto à superfície polar igual a 0,8T é encostado a uma barra de ferro de permeabilidade relativa igual a 2000 e cujas dimensões são iguais a 8x6cm de seção transversal. Desprezando as perdas de fluxo magnético na junção, calcule: a) o fluxo magnético que penetra na barra de ferro; b) a indução magnética média na barra de ferro; c) o campo H no interior do ferro. D — Um toróide de raio interno 20cm, raio externo 25cm e espessura 5cm possui 1000 espiras, por onde circula uma corrente de 6A. Através de um pequeno orifício no toróide é medida sua indução magnética, obtendo-se o valor de 0,9T. Determine o fluxo magnético e a permeabilidade relativa do material constituinte do núcleo do toróide. Fundamentos de Eletromagnetismo 59 E — Um elétron gira a uma velocidade de 10.000km/s dentro de um pequeno acelerador de partículas de raio 1,5m. Calcule a intensidade de campo H gerada por esse único elétron? Dica: Considere o percurso circular do elétron como uma espira. Calcule a corrente nessa espira I= Oq At F — Dois núcleos de formatos geométricos idênticos são constituídos de materiais com permeabilidade relativa µ RI =800 e permeabilidade relativa I.I R2 = 10.000. Em cada um deles é enrolada uma espira e em seguida aplicada uma corrente de 2A no material com µ Ri =800. Qual a intensidade de corrente necessária para produzir no material com 142 = 10.000 uma indução igual ao do material com permeabilidade µ R , ? 60 Editora Ao Livro Técnico H [3 H ti.<1 3 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS QUANTO À PERMEABILIDADE 3.1 — Classificação geral Em termos de permeabilidade relativa, todos os materiais enquadram-se nos três casos abaixo: Os materiais com µ, >1 reforçam um campo inicial. Isto é conseguido pelo alinhamento dos domínios no mesmo sentido do campo, que produz um campo resultante dentro do material mais intenso do que fora dele. lI alinhamento dos domínios campo resultante Fundamentos de Eletromagnetismo 61 No segundo grupo, encontramos o vácuo, µR =1. Uma vez que a permeabilidade relativa é definida em relação ao vácuo, então é natural que: PR = .: P R = Po Po Po p R = 1 No terceiro grupo, o campo dentro do material é menor do que fora dele. Isto é, o material com vt, <1 possui a propriedade de enfraquecer um campo inicial. Para que isto ocorra, deve haver um alinhamento dos dipólos magnéticos em sentido oposto ao do campo aplicado. 1I 13 Mas como isto é possível? Sabemos que os dipólos elementares se alinham sempre no sentido do campo. Você encontrará a resposta na seqüência estudando os materiais diamagnéticos. 3.2 — Materiais diamagnéticos Os materiais que apresentam p,<1 são chamados de materiais diamagnéticos. Eles apresentam a interessante propriedade de alinhar seus dipólos magnéticos em sentido contrário ao campo aplicado, reduzindo portanto o campo resultante em seu interior. Na realidade, esses materiais, na ausência de um campo aplicado, não apresentam dipólos magnéticos. Os campos magnéticos, devido ao movimento orbital dos elétrons e de seus respectivos spins, cancelam-se mutuamente, apresentando resultante igual a zero no átomo. Nesses materiais, os elétrons circulam de tal forma que equivalem a pares de elétrons circulando em cada órbita , em sentidos opostos e com spins também opostos. Isto justifica uma resultante nula na ausência de campo. Dois elétrons circulando em sentidos opostos, produzindo campos que se cancelam. 62 Editora Ao Livro Técnico Vamos separar os dois elétrons mostrados na figura anterior para melhor entender o que ocorre: Elétrons de um mesmo átomo separados convenientemente para análise. Vemos então que o campo produzido pelo primeiro elétron cancela o campo do segundo elétron. Quando aplicamos um campo externo, surgem forças sobre cada um dos elétrons. Fm Haplic. Haplic. Fm A força magnética Fm puxa a carga no sentido indicado. Uma carga circulando perpendicularmente a um campo fica sujeita a uma força cujo sentido depende dos sentidos de deslocamento da carga e do campo aplicado. Este assunto é abordado na Unidade III, 4.2 — Força em uma carga em movimento dentro de um campo magnético. Os dois elétrons estavam até então em equilíbrio em suas órbitas pela ação da força elétrica* atrativa exercida pelo núcleo e pela força centrífuga** exercida em sentido oposto. Então a força adicional Fm provoca um desequilíbrio, puxando o primeiro elétron para fora de sua órbita e o segundo elétron para dentro de sua órbita. Visto que as órbitas dos elétrons são quantizadas*** e a força magnética Fm é muito pequena, os elétrons permanecerão em suas órbitas, porém com velocidades F = K - 1-2 * A força elétrica é dada pela Lei de Coulomb: ** A força centrífuga é dada por: F= R *** As órbitas são quantizadas, ou seja, um elétron só pode migrar para outra órbita quando adquirir uma quantidade de energia mínima a qual chamamos de quântum. Fundamentos de Eletromagnetismo 63 diferentes. O primeiro elétron reduzirá sua velocidade para diminuir sua força centrífuga e permanecer em equilíbrio em sua órbita. Enquanto isso, o segundo elétron terá que aumentar a sua velocidade. Com isso, os campos magnéticos gerados por cada elétron deixarão de ser iguais. agora os campos produzidos pelos dois elétrons são diferentes Observe que o campo do primeiro elétron H1 é agora menor do que o campo H2. A resultante H1- H2 terá o sentido do maior que, portanto, se oporá ao campo aplicado. Reunindo os dois elétrons novamente, observaremos então que a presença de um campo aplicado, induz no átomo, um campo contrário. Chama-se de efeito diamagnético o aparecimento de um campo induzido no átomo, contrário ao campo aplicado. O efeito diamagnético está presente em todos os materiais, porém nem todos o apresentam exteriormente, pois outros efeitos o sobrepujam. O comportamento de um material diamagnético é novamente ilustrado na seqüência. s s aterial diamagnético tb<1 ou seja u<K, 64 Editora Ao Livro Técnico No desenho anterior, as linhas de força desviam exageradamente o material diamagnético. Na realidade esse efeito não é tão pronunciado. Os materiais diamagnéticos possuem permeabilidade pouquíssimo menor do que a do vácuo. Entretanto, se dispuséssemos de materiais com diamagnetismo bastante acentuado, poderíamos perceber que estes são repelidos por campos magnéticos. Na verdade, esses materiais existem, apesar de serem ainda instáveis e necessitarem de temperaturas muito baixas. São os supercondutores. Esses materiais são considerados diamagnéticos perfeitos e podemos fazê-los flutuar sobre um campo magnético de intensidade razoável. A seguir, relacionamos alguns materiais diamagnéticos e suas respectivas permeabilidades relativas. material liTz bismuto 0,99983 prata 0,99998 chumbo 0,999983 cobre 0,999991 água 0,999991 supercondutor 0,0 materiais diamagnéticos 3.3 - Materiais paramagnéticos São materiais paramagnéticos os que apresentam permeabilidade relativa ligeiramente maior que a unidade (µ, >1). Isto quer dizer que os materiais paramagnéticos reforçam um campo inicial. Os materiais paramagnéticos apresentam internamente dipólos magnéticos criados pelos spins dos elétrons. dipólo magnético Amostra de um material paramagnético, cujos dipólos encontram-se orientados aleatoriamente. Fundamentos de Eletromagnetismo 65 Os dipólos dentro do material ficam orientados aleatoriamente, devido ao seu estado de agitação térmica, mesmo à temperatura ambiente. Aplicando um campo externo, consegue-se alinhar parcialmente os dipólos. Esse alinhamento produzuma concentração maior de linhas de força dentro do material. A isso se dá o nome de efeito paramagnético. Portanto: Efeito paramagnético é o surgimento de um campo magnético maior no interior do material em função da orientação dos dipólos magnéticos. Haplic. *e. / Observe que esse campo ao ser aplicado também cria o efeito diamagnético. Se o efeito paramagnético for maior, o material é paramagnético. Entretanto, se o efeito diamagnético prevalecer, então o material será diamagnético. A seguir, apresentamos uma relação de materiais paramagnéticos e sua respectiva permeabilidade relativa. material PR ar 1,0000004 alumínio 1,00002 paládio 1,0008 materiais paramagnéticos 3.4 — Materiais ferromagnéticos Os materiais ferromagnéticos são aqueles que apresentam permeabilidade relativa muito maior do que a unidade (µR »1). São a classe de materiais de maior importância na eletrotécnica, visto que apresentam vasta aplicação prática, como na confecção de núcleos de máquinas elétricas, transformadores, reatores etc. A semelhança que existe entre essa classe de materiais e os materiais paramagnéticos reside no fato de ambos apresentarem permeabilidade relativa maior que um (ptR >1). Entretanto, nos materiais ferromagnéticos essa característica é bastante acentuada pela presença dos domínios magnéticos, assunto que abordamos no capítulo anterior. Isto confere aos materiais ferromagnéticos altíssimos valores de permeabilidade relativa. 66 Editora Ao Livro Técnico 11I Domínios magnéticos: partículas características dos materiais ferromagnéticos. Considerando-se a natureza cristalina dos materiais, podemos mostrar em um desenho em perspectiva como ficam dispostos os domínios em um cristal não magnetizado. Arranjo de domínios num cristal desmagnetizado. (ilustração esquemática) Sob a ação de campos externos, esses domínios tendem a se orientar, fazendo com que o material como um todo apresente um elevado valor de indução magnética em seu interior. Naturalmente não serão todos os domínios que irão se orientar com qualquer campo externo aplicado. Aqueles cujos eixos norte-sul estiverem mais próximos da direção do campo magnetizante irão se orientar primeiro. Para os demais, será necessário um campo mais forte para alinhá-los. (1) (2) s H Para um campo H aplicado crescente, o domínio (1) irá se orientar antes que o domínio (2). Fundamentos de Eletromagnetismo 67 Isto quer dizer que se formos aumentando um campo aplicado a um material ferromagnético, os domínios irão se orientando gradativamente. Este é o efeito ferromagnético. Assim: Efeito ferromagnético é o aparecimento de um forte campo induzido dentro do material produzido pela orientação dos domínios sujeitos a um campo magnetizante. São apenas três os elementos químicos que apresentam na sua forma pura o efeito ferromagnético de forma expressiva: o ferro, o níquel e o cobalto. Apesar disso, uma infinidade de substâncias produzidas através da combinação desses três elemehtos com outros, que a princípio não são ferromagnéticos, constituem os materiais ferromagnéticos largamente empregados na construção de máquinas elétricas como transformadores, motores, geradores etc. O mais importante dos materiais ferromagnéticos é sem dúvida o ferro. Tanto é verdade que o nome ferromagnético é usado para caracterizar a classe de materiais que têm comportamento semelhante ao ferro. Muitas vezes o termo material magnético é usado ao invés de ferromagnético. Neste caso, queremos apenas fazer distinção entre aqueles materiais que podem ser atraídos por um ímã e os que não podem, que são então chamados de materiais não magnéticos. Valores típicos de permeabilidade relativa e considerações sobre os materiais ferromagnéticos serão abordados no capítulo seguinte. 3.5 — Exercícios propostos A — Responda as questões abaixo: a) Quais as permeabilidades relativas típicas de materiais diamagnéticos, paramagnéticos e ferromagnéticos? b) O que é efeito diamagnético? c) Qual é a causa do efeito diamagnético? d) O que é efeito paramagnético? e) Qual é a causa do efeito paramagnético? f) O que é efeito ferromagnético? g) Qual é a causa do efeito ferromagnético? h) Quais as classes de materiais que apresentam dipólos magnéticos? i) Que classe de materiais apresenta domínios magnéticos? j) Por que os dipólos dos materiais paramagnéticos não formam domínios magnéticos? 68 Editora Ao Livro Técnico FENÔMENOS DE FERROMAGNETISMO 4.1 — Curva de magnetização Podemos traçar uma curva que mostre como a indução magnética, que depende principalmente da orientação dos domínios, varia em função de um campo H aplicado. Vamos tomar uma amostra de um determinado material ferromagnético desmagnetizado. Em seguida, vamos submetê-lo à variações crescentes de campo H. ÌÌ Ill Material ferromagnético desmagnetizado. Nossa fonte de campo H será uma bobina enrolada sobre o material, submetida a uma corrente elétrica. Campo H gerado pela bobina: H=NI/I Como a amostra está inicialmente desmagnetizada, a indução magnética é nula em seu interior. Aplicando uma pequena corrente na bobina, gera-se um pequeno valor de campo H. Este campo determina um crescimento naqueles domínios cuja posição inicial de seus eixos norte-sul está mais próxima da direção do campo aplicado. 11 Os domínios 2 e 3 irão crescer pela influência do campo H. Fundamentos de Eletromagnetismo 69 .,•••••• H aplic. Se aumentarmos o valor do campo H aplicado, aqueles domínios crescerão ainda mais e ajudarão a forçar os demais domínios a se orientarem no mesmo sentido. Essa orientação será gradativa à medida que formos aumentando o campo H. Portanto, aqueles domínios, cujo alinhamento inicial coincide com o campo aplicado simplesmente crescem em volume enquanto que os demais são forçados a girar no sentido do campo aplicado. Resumindo, os aumentos sucessivos no campo H farão com que a indução magnética no material também aumente, apesar de não ser uma relação linear. O gráfico a seguir nos mostra como varia a indução magnética em função do campo H aplicado a um material ferromagnético típico. Observe no gráfico que para um campo H=200 A/m a indução é de 0,2 T. Dobrando o valor de H, ou seja, para H=400 A/m, a indução pula de B(T) 0,8 0,2 T para 0,60 T, aumentando em três vezes o 06 seu valor inicial. Por outro lado, quando H aumenta 0,4 de 800 A/m para 1000 A/m, o valor de B aumenta 0.2 I I muito pouco. Se continuarmos a aumentar H, os o c› o c, c, c c, , 8 H(A/m) C•J sO 00 c, aumentos no valor de B serão cada vez mais curva de magnetização insignificantes. Quando isto ocorre, ou seja, quando não há mais um aumento significativo no valor de B, por mais que se aumente H, dizemos que o material está magneticamente saturado. A saturação, portanto, é atingida quando todos os domínios magnéticos estiverem orientados*. Todos os domínios estão orientados. O material está magneticamente saturado pela ação do campo H aplicado. * Na realidade, mesmo depois do ponto onde dizemos que o material está saturado, ainda existem domínios para serem orientados. Portanto, o campo B continua aumentando um pouco quando se aumenta o campo H. Mesmo que todos os domínios fossem orientados, ainda assim B continuaria aumentando com os aumentos de H, pois B=µ.(H+M). Então, mesmo que não haja mais domínios para serem orientados e portanto a magnetização M não mais aumente, há ainda aumento no valor de B proporcionado pelo aumento de H. Porém, a contribuição de H para o campo total B é muito pequena comparada às contribuições de M e desta forma podemos desprezá-la. Levando-se em conta essas considerações, torna-se difícil estabelecer com exatidão o ponto de saturação de um material. 70 Editora Ao Livro Técnico Na curva de magnetização mostrada como exemplo, o material satura, atingindo
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