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O islamismo Apresentação Sabe-se que o islamismo é a religião pregada (ou fundada) pelo profeta Muhammad, nascido no ano de 571 d.C. em Makkah (Meca), na Península Arábica, e cujo livro sagrado é o Alcorão. A palavra islã significa, literalmente, paz e cumprimento pacífico entre as pessoas. No sentido religioso, significa submissão total a Deus. Já a palavra muçulmano significa submisso à vontade de Deus, ou seja, aquele que aceita o islã como religião. O islã não foi assim nomeado devido a uma pessoa ou a uma tribo, como se sucedeu com o judaísmo, que teve o nome da tribo de Judá; com o cristianismo, que surgiu depois de Cristo; ou com o budismo, que nasceu com Buda. O nome islã foi divinamente transmitido por Deus. Trata-se de uma fé global, que não pertence ao Ocidente ou ao Oriente. É um modo de vida completo, que implica a total submissão à Deus. Aquele que voluntariamente se submete à vontade de Deus é chamado de muçulmano. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre o contexto em que o islamismo nasceu e os seus principais conceitos. Vai aprender também a diferença entre os sunitas e xiitas, e como a fé islâmica é caracterizada tanto no Ocidente quanto no Oriente. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contextualizar o surgimento do islamismo.• Diferenciar sunitas e xiitas.• Caracterizar a fé islâmica no Ocidente e no Oriente.• Infográfico O islamismo está perto de ser uma das maiores religiões do mundo. Isso se deve a vários critérios, como o da taxa de natalidade, por exemplo. Entre eles, essa taxa é alta devido à quantidade de filhos que cada família geralmente apresenta e à idade em que as mulçumanas começam a ter as crianças. A religião está entre uma das maiores monoteístas do mundo e a cada dia conquista novos convertidos à causa de Alá. Segundo pesquisas, se o islamismo continuar assim, até o final deste século, irá superar o cristianismo em número de adeptos. Neste infográfico, você conhece algumas curiosidades sobre os mulçumanos no mundo. Os números são impressionantes e colocam as outras religiões em uma grande disparidade em relação às projeções de crescimento até o ano de 2060. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ddd1f53a-004c-4c03-b959-7d39931a8aeb/6c0ca13d-b8cc-41ec-b14c-c85a046a8f4e.jpg Conteúdo do livro O islamismo é uma religião milenar que merece uma atenção especial. Para um bom estudo, é preciso colocar de lado muitos conceitos ou preconceitos que a mídia e a sociedade em geral propagam sobre sua filosofia e suas crenças. Em todos os grupos religiosos, há algumas questões e particularidades que somente quem vive ou professa tal cultura vai compreender. Por isso, as lentes das religiões ocidentais não são as melhores para avaliar e valorar as belezas da cultura islâmica. No capítulo O islamismo, da obra História das religiões, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhece algumas particularidades dos mulçumanos que certamente lhe inspirarão a aprofundar esse tema posteriormente. A leitura é um convite ao respeito, à diversidade e ao conhecimento de um pouco da história, que vai desde a revelação do anjo Gabriel ao profeta Maomé até as cisões entre os grupos mulçumanos em disputa pelas sucessões. Boa leitura. HISTÓRIA DAS RELIGIÕES Tiago Eurico de Lacerda O islamismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contextualizar o surgimento do islamismo. Diferenciar sunitas e xiitas. Caracterizar a fé islâmica no Ocidente e Oriente. Introdução Atualmente, é comum vermos muitas notícias veiculadas pelas mídias sobre o islamismo como se se tratasse de um grupo homogêneo, mas é preciso tomar muito cuidado com essa questão. Muitos meios passam a falsa impressão de que o islamismo se resume aos religiosos fundamenta- listas e a homens-bomba que estão prontos a todo instante e dispostos a matar em nome de sua religião. Com isso, passou-se a temer o Oriente Médio, berço do Islã, e tudo o que vem de lá por uma falta de informação correta e coerente — somos conduzidos às leituras feitas pelas lentes ocidentais, extremamente etnocêntricas. É preciso ver, portanto, que o islamismo é uma religião muito interessante e cheia de belezas e que os conflitos não são inerentes à religião, mas à própria humanidade. O islamismo é a mais jovem das grandes religiões mundiais e, mesmo assim, já é considerada a segunda maior do mundo, chegando perto do cris- tianismo. Para o islamismo, Deus é Alá e Maomé é o seu profeta e fundador. Neste capítulo, você vai conhecer o islamismo a partir de sua história e da maneira pela qual o povo islã professa sua fé. Também vai ver que, apesar de acreditarem em um único Deus, possuem muitas diferenças entre si, com grupos distintos que se opõem uns aos outros e outros que não pertencem a nenhum grupo e se consideram apenas mulçumanos. Além disso, você também vai conferir as diferentes perspectivas para contar a história da fé desse povo, tanto pelas lentes orientais quanto pelas ocidentais, o que desmistificará muita coisa em relação aos precon- ceitos que são veiculados pelas mídias e que, por falta de informações adequadas, tomamos como verdade. 1 O surgimento do islamismo Não poderíamos iniciar a contextualização do islamismo por outro caminho que não seja a vida de Maomé (em árabe Mohammed), que nasceu no ano de 570 d.C. em Meca, um lugar famoso principalmente nessa época. Sabemos que vinham visitantes e peregrinos de toda Arábia para ver uma pedra, um meteorito que havia caído ali; embora não se saiba exatamente a data desse fato, tal pedra acabou chamando a atenção de todos e sendo cultuada. Assim, foi construído em volta dela um santuário que hoje chamamos de Caaba e que levou a muitas crenças e rituais, como dar sete voltas em torno desse local — tal ritual é, hoje, chamado de Hajj, que signifi ca peregrinação e representa um desapego, um momento para o mulçumano fazer suas refl exões pessoais. Em relação a Maomé, não temos muitos relatos sobre a sua infância, mas sabemos que seus pais morreram quando ele ainda era muito jovem. Segundo Mather e Nichols (2010, p. 241), “[...] criado pelo tio-avô, na função de pastor de ovelhas, o jovem Maomé posteriormente tornou-se condutor de camelo na rota comercial entre a Síria e a Arábia” e se lançou em iniciativas na área comercial. Foi nas rotas comerciais que ele conheceu o judaísmo e o cristianismo, religiões que exerceram influência positiva sobre ele por serem monoteístas. Nessa época, também observou a degeneração religiosa e moral entre seus próprios patrícios, ou seja, entre a classe mais privilegiada, e sentiu que teria um papel importante em sua sociedade, o de retirar as pessoas de sua decadência moral e da crença no politeísmo. Segundo Eliade e Couliano (1993, p. 163), “A Arábia antes do islã é o território do politeísmo semítico, do judaísmo arabizante e do cristianismo bizantino. Maomé sentia que sua missão consistia em deplorar as estruturas sociais e toda a moralidade decadente para poder levar o nome de Alá a todos”. Ele era empregado de Khadija, mulher muito rica que, logo depois, tornou- -se sua esposa. Com isso, sua vida mudou completamente, pois o casamento fez com que se ascendesse socialmente e, assim, não precisou mais trabalhar como pastor de ovelhas. Essa nova vida favoreceu Maomé no sentido de que pôde dedicar-se mais às meditações que fazia nas grutas e cavernas perto de Meca. Foi justamente em uma dessas meditações que ele “[...] começou a ter visões e revelações auditivas [...]” (ELIADE; COULIANO, 1993, p. 164). Então, aos 40 anos de idade, teria recebido a visita do anjo Gabriel, que lhe mostrou um livro e pediu que o lesse. Segundo a tradição, Maomé havia se desculpado por não saber ler, mas a insistênciado anjo fez com que ele lesse sem dificuldades. O islamismo2 Quando Mohammed voltou para casa depois daquela experiência transcen- dental, contou a sua mulher tudo o que tinha vivido, crendo ter sido dominado por uma força maligna. Mas sua mulher lhe disse que isto não era possível! Ela tinha um parente que era um monge cristão chamado Warraq Bin Ra- fouq, que, depois de escutar a história de Mohammed, disse-lhe que aquela entidade era o anjo Gabriel. Mohammed resistiu no começo, mas depois de ser animado a voltar à caverna, continuou tendo revelações e contato com aquele espírito. As biografias ocidentais sempre afirmam que aquele ser era de fato o anjo Gabriel, o que é contrário às afirmações em bibliografias árabes que descrevem ao ser como um Jin — palavra persa que significa espírito, associada a demônios (MUBARAK, 2014, p. 10). As revelações de Deus a Maomé, durante um período, ficaram restritas a um pequeno grupo de amigos mais próximos e, com isso, seu grupo foi se fortalecendo até chegar ao ponto em que Maomé, após três anos de prepara- ção, iniciou suas pregações publicamente. A principal mensagem proclamada era que Alá era o único Deus e que Maomé era seu profeta. Segundo Eliade e Couliano (1993, p. 164), “[...] sua mensagem [era] monoteísta, encontrando mais oposição do que aprovação, de tal modo que os membros do seu clã tinham de assegurar a sua proteção”. As revelações de Deus continuaram e acabariam constituindo a própria teologia do Alcorão. Maomé, nesse momento, já se portava como um profeta de Deus, o que causou muitas intrigas entre o povo, que queria provas de que ele era realmente um escolhido de Deus, ou seja, um profeta. Com tantos opositores, sua vida estava em perigo. Seu grupo, apesar disso, foi se fortalecendo e muitos apoiadores passaram a vir de Medina, uma cidade que ficava a 400 km de Meca. Então, em 622, Maomé resolve partir em segredo para Medina, emigração que marca o início da era islâmica. “Mas a transposição em anos de d.C. não se faz simplesmente por adição de 622 ao ano de Hégira, dado que o calendário religioso islâmico é lunar e só tem trezentos e cinquenta e quatro dias” (ELIADE; COULIANO, 1993, p. 164). Hégira significa uma era maometana, ou seja, a fuga de Maomé para Medina no ano de 622 da era cristã, que marca o calendário islâmico, também conhecido como hegírico. Veja, na Figura 1, uma representação do calendário islâmico, que se baseia nos ciclos da lua e, portanto, é lunar. Esse calendário forma um ano de 354 ou 355 dias e é composto por 12 meses, que variam entre 29 ou 30 dias. 3O islamismo Figura 1. Calendário islâmico. Fonte: Vasconcelos (c2020, documento on-line). Para saber mais sobre o calendário islâmico, seu histórico, motivação e método, acesse o site do Centro Cultural Islâmico da Bahia, que fala, também, sobre as diferenças entre o calendário gregoriano e o da cultura islâmica. Esse foi um período inicial de consolidação do islamismo dentro do próprio lugar onde nasceu, a Arábia. Em Medina, Maomé precisaria de boas estratégias para voltar de alguma maneira a Meca e concluir seu desejo, mas os guardiães da cidade não deixariam que isso acontecesse de maneira tranquila, pois, de O islamismo4 alguma forma, as pregações de Maomé contra o politeísmo não agradavam a muitos, que, por exemplo, lucravam com as práticas de árabes que buscavam a cidade para suas adorações. As pregações de Maomé não só condenavam o politeísmo, mas também essas práticas de lucro com tais adorações politeístas, das quais muitos se beneficiavam. Instaurar uma religião monoteísta seria, portanto, abrir mão das explorações da fé e do dinheiro que isso proporcionava. Aos poucos, Maomé e seu grupo se fortaleceram e sua estada em Medina gerou um novo momento na história mulçumana. Eles começaram a organizar ataques surpresa contra as caravanas que iam para Meca, o que, no início, não teve tanto êxito, mas o apoio dos moradores locais foi aumentando e Maomé conseguiu o que queria: representar uma ameaça para a cidade de Meca. Ele teve apoio de alguns, mas os judeus que moravam em Medina não concordavam com as suas ações. Judeus que viviam em Medina levantaram um clamor de oposição contra Maomé, especial mente porque fizera a audaciosa alegação de ser o verdadeiro profeta de Alá. Desapontado pela rejeição por parte dos judeus, instruiu seus segui dores para se dirigirem a Meca, quando orassem, e não mais para Jerusalém, de acordo com a prática tradicional. Desde aquele dia, os muçulmanos se voltam para Meca em oração. No entanto, esse ato em si permanece como um antigo símbolo da hostilidade entre judeus e árabes (MATHER; NICHOLS, 2010, p. 242). Foi assim que, então, Maomé e seus seguidores atacaram e conquistaram as vilas ao redor de Medina, tentando entrar em Meca, mas foram impedidos pelos clãs do local. Tal tensão entre os grupos fez com que eles assinassem um contrato de paz entre Meca e Maomé, e foi por esse acordo que os mulçumanos tiveram permissão para peregrinar, no ano seguinte — 629 —, a Meca. Enquanto isso, o poder de Maomé e a moral e economia de Meca degrin- golavam cada vez mais. No mesmo ano que em que puderam fazer as peregri- nações a Meca, também quebraram o acordo devido aos inúmeros conflitos entre os clãs. Assim, Maomé e 10 mil homens marcharam em direção a Meca e encontram pouca resistência. Sabemos que nem todos em Meca estavam convertidos ao islamismo, mas Maomé estabeleceu, assim mesmo, a religião monoteísta, expurgando todos os deuses pagãos que eram cultuados por lá. Foi com isso e com todos os ataques e invasões que Maomé se tornou uma figura muito poderosa, tanto política quanto religiosa — a mais importante de toda a Arábia. Apesar de já ter conquistado Meca, Maomé não viveu por muito tempo mais. Ele morreu em 632, dois anos após a conquista de Meca, o que fez com que nascesse outro problema: quem seria o seu sucessor? Maomé havia morrido sem deixar nenhum herdeiro homem. 5O islamismo O debate sobre o mundo mulçumano pelo viés ocidental é algo de interesse interna- cional e muitos têm se dedicado a escrever sobre o assunto, mas esse tema ainda se desdobra aos poucos no Brasil. O historiador Leandro Karnal, em seu canal no YouTube, faz uma análise do islamismo com uma retomada histórica de uma maneira muito interessante e de fácil compreensão que vale a pena assistir. Nesse sentido, Palazzo (2014, p. 162) destaca que: A história das múltiplas faces do Islã é a de diversas rupturas, tanto por mo- tivos políticos quanto em relação a interpretações diferenciadas do Corão e dos Hadith. Inicialmente, enquanto Maomé era ele próprio o líder da nova religião — liderança esta que exercia tanto em questões de fé quanto político- -militares e de expansão territorial — a unidade dos muçulmanos se mantinha sólida e sem questionamentos. Basicamente, havia, no tempo de Maomé, algumas desavenças entre as tribos que concordavam ou não que ele fosse o profeta. A liderança de Maomé incomodava não somente os que não o seguiam, mas também atingiu questões econômicas em uma época em que se angariava dinheiro com questões religiosas de diversas crenças individuais e que se viam ameaçadas por uma nova religião que fosse exclusiva e que, ao mesmo tempo, rechaçava tais crenças para apresentar as posições monoteístas que pregava Maomé. Seu sucessor, além de ter que administrar uma religião com o vigor da fé em Alá, teria também que lidar com os embates políticos das lutas por sucessão que levariam o povo mulçumano a muitas secessões. Maomé, com a ajuda de amigos e da esposa, propôs-se, como profeta de Deus, a ajudar o povo a se libertar de tantas superstições comuns à época e também do politeísmo. Também grafado como al-Llah ou Allah: Deus único dos muçulmanos, sendo o mesmo de judeus e de cristãos que, de acordo com a crença muçulmana, revelou-se para Muhammad por volta do ano 610. Para o Islã, Alá está acima da imaginação e da concepção humana, sendoproibida a sua representação (COSTA, 2016, p. 6). O islamismo6 2 Sunitas e xiitas: uma luta por sucessão Após a morte do profeta Maomé, aos seus 62 anos, nasce o problema sobre sua sucessão, e, devido a isso, temos até hoje uma divisão do islamismo, que são duas vertentes dessa religião. De um lado, temos os sunitas e, do outro, os xiitas. Vamos compreender melhor essa divisão? Maomé tinha alguns apóstolos que o seguiam e entre os quais seria possível indicar seu sucessor. Esse cargo deveria ser ocupado por alguém fiel e piedoso, para que, da mesma maneira, mantivesse em equilíbrio o poder religioso e político. Ou seja, precisava-se definir quem seria o califa, o chefe de estado, o próximo líder dos mulçumanos. Segundo Küng (2004, p. 262), a morte do profeta trouxe muitas consequ- ências terríveis para os mulçumanos: A direção direta do Profeta, receptor, intérprete e executor das revelações divinas, é substituída pela direção do representante (chalifa) do Profeta. Não existe mais uma legitimação renovada e constante por meio de uma revelação divina continuada. Existe apenas a autoridade humana derivada de uma direção não profética: não se tem mais um “intérprete” de Deus, mas, no máximo, um “interlocutor” de Deus. Em lugar da personalidade carismática do chefe, entra em cena a instituição do califado: em lugar do carisma, o cargo; em lugar da profecia, a tradição; portanto, o governo carismático é legalizado e institucionalizado. Ou seja, o profeta foi substituído por uma autoridade religiosa, o califa, que “reúne em si duas funções que deveriam manter-se separadas em todo o ser humano: a função militar de comandante dos crentes e a função religiosa do Iman dos muçulmanos” (ELIADE; COULIANO, 1993, p. 166). Foram feitas, então, algumas reuniões tidas como democráticas e pensou-se em colocar nesse posto algum dos apóstolos. Assim, assume Abu Bakr, sogro de Maomé, pai de sua terceira esposa, que ficou no cargo por dois anos até a sua morte. Seu califado foi importante para estabelecer definitivamente a dominação na Arábia. Depois disso, outro sogro de Maomé, Omar, assumiu o cargo, tornando-se o terceiro mandatário e conquistando, em seu período, a Síria e uma boa parte do Egito e da Mesopotâmia. A partir daí, criou-se um cenário para sucessões de califas durante a existência do islamismo. Os sucessores do profeta deveriam continuar a missão através do que cha- mavam a Sunnah (a tradição viva) e, por isso, eles foram chamados sunitas, porque somente aceitavam o Corão e outros ensinamentos, ditos, mandamentos e citações que depois foram escritos em fascículos chamados de Hadiths (as tradições escritas) (MUBARAK, 2014, p. 34). 7O islamismo Estima-se que os sunitas são a maioria entre os mulçumanos — cerca de 90% dos islâmicos do mundo inteiro —, mas é com a morte de Omar que as grandes sucessões religiosas começam. A única filha viva do profeta, Fátima, casou-se com Ali, que era primo e genro de Maomé. Os partidários de Ali acreditavam que esses laços, além de sua fidelidade e dignidade, seriam suficientes para assumir o califado, mas foi eleito no lugar de Ali um antigo adversário de Maomé, o aristocrata Uthmãn, da família dos Omíadas de Meca. Aqueles que repudiavam os primeiros califas, os xiitas, exigiam que a sucessão fosse segundo os laços de parentesco mais próximos, ou seja, o marido de Fátima estava nessa condição. Queriam estabelecer uma dinastia Álida, mas segundo eles, infelizmente, o destino escolheu o califado Omíada. Uthmãn foi assassinado pelos seguidores de Ali, que, no entanto, não con- cordava com o crime, mas, mesmo assim, foi eleito califa, pois estava na ordem de sucessão dos sunitas. Essa guerra não acabava, pois Ali precisava se defender para provar que não era cúmplice de assassinato. A batalha era com o poderoso governador omíada da Síria, e Ali a estava vencendo. O general do governador, então, pediu aos seus homens que colocassem folhas do Alcorão nas lanças, o que fez o exército de Ali recuar. Assim, o general propôs uma arbitragem entre Ali e o governador e, dessa forma, os xiitas se deram por vencidos. Desse impasse, surgiu outro problema. Um grupo de soldados de Ali (carijitas, os puritanos do islã) não reconheceram tal arbitragem, pois era feita pelos homens. Eles argumentavam que só Deus poderia julgar e não estavam preocupados com a formação de dinastias, mas acreditavam que a linhagem califal deveria ser atribuída ao mulçumano mais humilde, independentemente de raça ou tribo — ou seja, um escravo poderia ser califa se assim o merecesse. Tal doutrina era impensada pelo outro grupo, os sunitas, que não abriam mão da qualidade dos membros da comunidade. Os puritanos no islã afirmavam que o Alcorão não é todo revelado, o que repugnava Ali e a unidade de seu grupo. Assim, em vez de continuar a batalha contra o governador, ele virou-se contra os carijitas. Ali foi assassinado e o califado, assumido por Muawiya ibn Abi Sufyan, o governador que era fundador da dinastia dos Omíadas de Damas. Há versões distintas sobre a escolha dos quatro primeiros líderes, que, afinal, ficaram conhecidos como os “califas bem guiados”, já que pertenciam ao próprio círculo bem próximo de Maomé. No entanto, apesar das prováveis desavenças mencionadas por alguns autores, a verdadeira ruptura vai se dar só após a morte de Ali (PALAZZO, 2014, p. 163). O islamismo8 Assim, as sucessões foram vários eventos de separações entre os mulçu- manos. Após a morte de Ali, seus partidários tentaram colocar seu primeiro filho no poder, mas não conseguiram; então, tentaram a mesma estratégia com o outro filho de Ali, mas o consenso geral sunita não concordou. Assim, esse último, Husayn, foi morto com mais 72 companheiros na batalha de Karbala, o que marcou definitivamente a ruptura entre os sunitas e xiitas. Os sunitas são considerados a principal corrente do islamismo, aceitam os quatro primeiros califas, Abu Bakr, Omar, Othmãn e Ali, e acreditam que eles são legítimos sucessores do profeta Maomé. Além disso, acreditam que a fé islâmica é para ser vivida dentro dos governos criados na terra. Já os xiitas queriam estabelecer uma teonomia na Terra e representam “Corrente do Islã que acredita na liderança espiritual hereditária, ou seja, que os líderes mulçumanos devem ser parentes do profeta Muhammad” (COSTA, 2016, p. 56). Eles assumem uma interpretação estritamente severa e autoritária do Alcorão e, por isso, são menos tolerantes com as diversidades, defendendo o direito de sucessão somente para os descendentes de Maomé. Em nosso entender, porém, é fundamental para a análise histórica apontar que esta diferença não se constituiu em opção inicial de doutrina, mas foi construída no tempo, à medida que um grupo sem vinculação com a descendência do Profeta chegou ao poder e instituiu um califado centralizado que não abria opções para interpretações distintas do processo sucessório que pudessem ameaçar a posição dos califas. (PALAZZO, 2014, p. 166). Assim, os xiitas continuaram sua religião enraizada em um tipo de martírio pela causa de Husayn e pela continuação dos laços sanguíneos com o profeta Maomé. Além dessa divisão entre os sunitas e xiitas que já é muito complexa por si só, havia outra corrente, conhecida como sufismo, que, no seu início, cri- ticava os líderes que se apegavam demasiadamente ao dinheiro ou ao poder financeiro e ensinava o caminho do ascetismo. O termo “[...] ‘sufi’ tem origem na palavra lã, em árabe suf, material do qual eram feitas, na fase inicial do movimento, as vestimentas dos sufistas, em clara oposição às sedas e aos outros tecidos de luxo usados nas cortes” (PALAZZO, 2014, p. 171). Mais que uma seita ou simplesmente uma secessão do Islã, o sufismo era uma forma de viver a religiosidade com desapego dos luxos para encontrar um caminho místico com Deus. Assim, temos tanto os sunitas quanto os xiitas presentes dentro do sunismo. 9O islamismo As diferenças entre os sunitase xiitas são hoje uma das grandes questões de embates entre os mulçumanos e principalmente quando nos referimos aos conflitos no Oriente Médio. Digite em seu buscador “As diferenças entre sunitas e xiitas, que explicam boa parte dos conflitos no Oriente Médio” e leia a matéria produzia pela BBC sobre esse tema. 3 Fé islâmica no Oriente e no Ocidente Sabemos que o islamismo é uma religião fundada pelo profeta Maomé no século VII e que surgiu entre os árabes, mas representa, hoje, uma parcela muito pequena da comunidade mulçumana, apenas 15%. A religião ainda é a predo- minante no “Oriente Médio, na Ásia Menor, na região caucasiana e no norte do subcontinente indiano, na Ásia do Sul e na Indonésia, na África do Norte e Oriental” (ELIADE; COULIANO, 1993, p. 163), mas também está espalhada no mundo inteiro — inclusive, no Brasil, há uma grande representatividade. Quando falamos sobre os mulçumanos, é comum encontrarmos imagens estereotipadas, com homens barbudos ou ligados de alguma maneira ao terrorismo. Temos também o estereótipo de homens muito ricos, com muitas mulheres e donos de petróleo, mas essa imagem, mais comum no Ocidente, faz com que muitos homens mulçumanos bons e honestos sofram com os preconceitos gerados de uma forma errônea. Muitas dessas caracterizações são frutos de comparações com outras religiões, como o cristianismo. Nesse sentido, Küng (2004, p. 253) questiona: Será que tantas vezes o que fazemos não é comparar uma imagem negativa do Islã com uma imagem ideal do cristão? Será que no Ocidente, ou mesmo no cristianismo, não existe também intolerância, militância e atraso e, vice-versa, que também no islã existe tolerância, amor à paz e progresso? Será que atacamos porque queremos destruir ou simplesmente porque desconhecemos? Uma das maneiras de falar de uma cultura diferente é olhar para ela como olhamos para nós mesmos. No século XV, a Europa se sentiu ameaçada pelos povos otomanos que se instalaram em Constantinopla. Assim, os reis e papas se unem contra os turcos, mulçumanos convertidos que chegavam da Ásia e que eram organizados sob o Império Otomano como uma organização religiosa. Eles se fortaleceram a ponto de dominar as rotas do “Mediterrâneo Oriental e aquelas que conduziam ao Índico e à Ásia Central, bem como o Norte da África, ou seja, o Mediterrâneo Meridional” O islamismo10 (LINHARES, 1992, p. 12). Tal preocupação foi tão crescente que a questão se tornou, a partir de 1815, uma problemática internacional, conhecida como a Questão do Oriente. O pronto precípuo dessa questão era a expulsão dos turcos da Europa, os quais, dificilmente, poderiam resistir às pressões das grandes potências que estavam rivalizando pela preponderância das regiões que eles haviam dominado. De um lado, a Inglaterra, desejosa de salvaguardar a integridade e, parado- xalmente, a fraqueza do arcaico edifício turco, como a melhor maneira de manter, sem interferência de outra potência, os caminhos que levavam à Índia em terras e águas otomanas. Por outro lado, a Rússia dos tzares, procurando forçar o esfacelamento do Império Otomano a fim de obter o controle dos estreitos de Bósforo e dos Dardanelos (LINHARES, 1992, p. 29). Assim, somente uma guerra poderia dar o golpe de misericórdia no último califado, o de Constantinopla. A visão ocidental da maneira com que o Islã declara uma “guerra santa” não é exatamente a de uma cruzada ou, como poderíamos dizer, uma reconquista do espaço perdido, mas essa guerra acontece também motivada porque Deus quer, ou seja, Alá não fica em paz enquanto não visualizar a fé islâmica espraiada pelo mundo. A religião e a política andam jutas, ideia de civilização que se espalha e permanece com todas as suas leis e seus seguimentos religiosos. Há uma preocupação mais cultural impregnada na tentativa de levar a fé islâmica adiante, como uma missão de que tal fé seja anunciada acima das questões religiosas, mas também de cunho cultural e social. Assim: Durante o século XVI e início do XVII, o is lamismo sofreu um declínio em sua influência e caráter ético. Isso ocorreu parcialmente, devido à elevação de sultões corruptos, dedicados não à propagação da liderança teológica muçulmana, mas ao hedonismo e aos interesses pessoais (MATHER; NICHOLS, 2010, p. 243). O ar de arrogância da falta de observação de como agiam os ocidentais também pode ser outra razão para o seu declínio. As próprias formas comerciais assumidas já apresentavam as razões desse declínio e os motivos de não terem ido além do que já haviam conquistado. Os mulçumanos utilizavam vias terrestres para o comércio e, enquanto isso, a Europa, especialmente Portugal e Espanha, lançava mão de vias marítimas, o que levou, inclusive, a descobertas e colonizações como a da América. Em meio à complexa sociedade, moldada através dos valores do Ocidente, o homem muçulmano se deparou com problemas levantados por teorias filosóficas e científicas que faziam parte do universo dos teólogos mulçumanos, desde o princípio do Islã, mas estavam assumindo novas proporções à luz do racionalismo e dos progressos científicos do século XIX, tais como: a relação de Deus com a natureza, com o homem e com a vida extraterrena (NABHAN, 1996, p. 105). 11O islamismo Tal choque cultural fez com os que os mulçumanos buscassem mudanças tanto para não ficarem estagnados culturalmente quanto para ensinar e levar sua cultura pelo mundo. Assim, tiveram que passar por uma reabilitação para um progresso moral e social de sua cultura. Após a Segunda Guerra Mundial, então, os mulçumanos começaram a voltar às suas origens, a abandonar a ideia dos arquétipos do Islã triunfante e a se libertar dos colonizadores europeus para buscar na própria fonte islâmica o fundamento de uma maneira legítima do seu povo para a elaboração de um novo projeto político. É claro que esse movimento não agradou a todos os mulçumanos, e alguns se viram em crises de identidade diante da influência ocidental em sua cultura. Por isso, nasceram grupos e movimentos fundamentalistas, que desejam criar uma nova ordem para voltar aos moldes do passado. Esses grupos caminham pelo extremismo e para violência para, segundo eles, satisfazer a vontade de Deus. Assim, o sonho de uma comunidade mundial unida ou unificada tem se apresentado, na história, de uma forma impraticável. Teremos sempre os que, desejosos de voltar a um Islã do passado, oriental e sem influências externas, acreditam ser essa a única forma de seguir a Deus. Por outro lado, um grupo forte valoriza as influências desse mundo moderno, indo no sentido de um Estado separado da religião, um seguimento secular para deixar nas mãos do Estado o que lhe compete e deixar a religião cuidar das questões que lhe são inerentes. Nesse contexto, podemos fazer o seguinte questionamento: diante desses impasses, quem sairá vitorioso? Será que teremos um grupo que poderá se impor politicamente e mostrar a religião mulçumana homogênea? Para Küng (2004), temos um embate entre os “tradicionalistas ortodoxos” contra os “inovadores religiosos e políticos”. Enquanto aqueles “querem impor uma aplicação literal das minuciosas prescrições religiosas da sharia”, fazendo com que sua realidade fique presa a uma cultura medieval, os inovadores, contrários à tradição, querem “[...] forçar uma abertura da porta de interpretação independente (ijtihad)” (KÜNG, 2004, p. 279), ou seja, desejam uma tradução para os dias de hoje. Com a abertura a uma interpretação mais contextualizada, o Ocidente tam- bém será capaz de construir uma nova imagem sobre o islamismo — inclusive no que se refere aos direitos universais do ser humano, mostrando que há uma preocupação dentro dessa religião com essa igualdade que até hoje é polemizada. Com a globalização e um diálogo mais intenso, as questões estão caminhando para uma integralidade no debate, não com mudanças radicais que levem a uma perda da essência da religião, mas com uma abertura ao debate que produzauma cosmovisão diferente da do pensamento ocidental. O islamismo12 No artigo de Smaili (2015), “Migrantes, pós-colonialismo e fundamentalismo: enlaces entre Oriente e Ocidente e a questão do Islã”, você pode saber mais sobre questões do mundo mulçumano, como migrações, pós-colonialismo e fundamentalismos pela ótica das questões sociais e geopolíticas do século XX e do início do XXI, com uma análise não somente pelo viés histórico, mas também psicológico dessas questões. O artigo também busca esclarecer a origem dos estereótipos e reforçar a necessidade do conhecimento do outro para que o diálogo e a coexistência estejam no centro do debate. COSTA, J. P. O islã, os muçulmanos e seus conceitos: vocabulário de conceitos para o estudo da história do Islã e dos muçulmanos. Caxias do Sul: UCS, 2016. ELIADE, M.; COULIANO, I. P. Dicionário das religiões. Lisboa: Dom Quixote, 1993. KÜNG, H. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Campinas: Verus, 2004. LINHARES, M. Y. O Oriente Médio e o mundo árabe. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. MATHER, G. A.; NICHOLS, L. A. Dicionário de religiões, crenças e ocultismo. 2. ed. São Paulo: Vida, 2010. MUBARAK, C. Introdução ao Islamismo. [Rio de Janeiro]: Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira, 2014. Disponível em: https://www.missoesmundiais. com.br/attachments/article/15/Introducao-ao-Islamismo.pdf. Acesso em 29 jul. 2020. NABHAN, N. N. Islamismo: de Maomé aos nossos dias. São Paulo: Ática, 1996. PALAZZO, C. L. As múltiplas faces do Islã. SÆCULUM: Revista de História, n. 30, p. 161–176, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/22242/12335. Acesso em: 29 jul. 2020. VASCONCELOS, A. Outros calendários: gregoriano, islâmico, chinês e maia. c2020. Dis- ponível em: https://escolaeducacao.com.br/outros-calendarios-gregoriano-islamico- -chines-e-maia/. Acesso em: 29 jul. 2020. Leitura recomendada SMAILI, S. S. Migrantes, pós-colonialismo e fundamentalismo: enlaces entre Oriente e Ocidente e a questão do Islã. Psicologia USP, v. 26, n. 2, p. 145–151, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pusp/v26n2/0103-6564-pusp-26-02-00145.pdf. Acesso em: 29 jul. 2020. 13O islamismo Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. O islamismo14 Dica do professor Apesar da grande variedade de divergências entre os seguidores do islamismo, pode-se encontrar também um número considerável de convergências entre eles. O cisma que houve entre os sunitas e xiitas não foi em relação a todos os aspectos da vida islâmica. Muitos rituais e valores são mantidos entre os dois grupos. Você acredita que até o racismo entre o islamismo é menor do que em outras religiões? Nesta Dica do Professor, você descobre um pouco mais sobre a vida e os comportamentos convergentes entre os seguidores do islamismo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/ca324a3308c083fe3d32ed3d4af3d9df Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Fala, Fatuma Este é um canal que apresenta a religião islâmica, sua cultura e outras curiosidades. A iniciativa foi de Fátima, uma jovem muçulmana que, percebendo que há muito ódio disseminado contra a sua religião, resolve criar um canal para se apresentar e difundir um pouco de conhecimento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A intolerância religiosa no século da desinformação: questões acerca do islamismo no Brasil Este é um artigo científico que investiga a disseminação do preconceito contra a religião islã no Brasil no século XXI. Um trabalho bem contextualizado e atual. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Muçulmanos no Brasil: adaptações e especificidades nos séculos XX e XXI Neste artigo, os autores analisam as adaptações do islã nos últimos séculos no Brasil e tentam compreender essa trajetória num País em que a maioria da população é cristã. Ou seja, estudar os muçulmanos no Brasil significa entender sua religião num contexto “minoritário” e ressignificar estereótipos difundidos pelas mídias, os quais são perpassados pelo senso comum. https://www.youtube.com/channel/UCAEek_tShqBHSjWCFZRzOJw http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/percurso/article/view/3636/371372010 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Teatralização do sagrado islâmico: a palavra, a voz e o gesto Este artigo traz algumas curiosidades sobre o mundo islâmico, sobretudo quanto aos tipos de comportamentos e orações, além da performance islâmica, fazendo uma aproximação entre o teatro e a antropologia. A autora é mestre e doutora em antropologia e nos brinda de uma maneira muito versátil com uma vigem ao mundo islâmico de uma maneira criativa e ao mesmo tempo científica. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Muçulmanos no Brasil: uma análise socioeconômica e demográfica a partir do Censo 2010 Este artigo traz uma análise da presença dos muçulmanos no Brasil, passando pelo tráfico negreiro, a imigração árabe até chegar à conversão de brasileiros. Essa reflexão se faz importante para compreensão de como eles chegaram aqui e de como se mantém até hoje como um grupo religioso em meio a uma sociedade majoritariamente cristã. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A oposição sunismo/xiismo enquanto fonte de tensão e conflito no Médio Oriente contemporâneo Este ensaio analisa a divisão entre sunismo e xiismo enquanto fonte de tensão e conflito no mundo muçulmano contemporâneo, em especial no Médio Oriente. A autora destaca fatores muito https://www.revistas.unipar.br/index.php/akropolis/article/view/7506%20http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/1487 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-85872009000100005 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-85872019000100170&script=sci_arttext recentes e contextualizados dessas tensão, o que nos remete à história e à melhor compreensão dessa luta, que ainda hoje se faz viva entre nós. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://dspace.ismt.pt/bitstream/123456789/245/1/A%20Oposi%C3%A7%C3%A3o%20Sunismo-Xiismo%20enquanto....pdf