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Sp 3.4 "Só a bailarina que não tem..."

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Mateus Oliveira - UniFG 
 1 
SP 3.4 – Só a bailarina que não tem... 
Objetivos: 
1- Identificar a epidemiologia e a fisiopatologia das 
principais parasitoses contraídas no contato com o solo 
(Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Ancylostoma 
duodenale e Necator americanos). 
2- Identificar as parasitoses com ciclo pulmonar 
(Síndrome de Loeffler). 
3- Relacionar os fatores socioambientais à ocorrência 
de verminoses e infecções cutâneas. 
4- Caracterizar o diagnóstico e o tratamento das 
principais parasitoses do trato digestório. 
5- Identificar as formas de prevenção de verminoses. 
 
Obj 1: Identificar a epidemiologia e a fisiopatologia das 
principais parasitoses contraídas no contato com o solo 
(Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Ancylostoma 
duodenale e Necator americanos). + Obj4: 
Caracterizar o diagnóstico e o tratamento das principais 
parasitoses do trato digestório. 
➔ Ascaris lumbricoides 
Epidemiologia: 
O A. lumbricoides(helminto) encontrado em quase 
todos os países do mundo e ocorre com frequência 
variada em virtude das condições climáticas, 
ambientais e, principalmente, do grau de 
desenvolvimento socioeconômico da população. Os 
dados de prevalência são muito antigos, pontuais e 
todos com base em estimativas. Stoll(1947) baseando-
se em dados obtidos através da literatura estimou em 
644 milhões o número de indivíduos parasitados por A. 
lumbricoides em todo o mundo. Dados de 1984 da 
Organização Mundial de Saúde relataram que 1 bilhão 
de pessoas apresentavam-se infectadas. Chan e cols., 
em 1994 estimaram em 1,s bilhão o número de pessoas 
que albergavam o parasito. No Brasil, utilizando os 
resultados do inquérito helmintológico realiza- do por 
Pellon & Teixeira em 1950, Pessoa (1967) calculou a 
prevalência da ascaridíase em 71,4%. Vinha (197l), 
analisando os dados fornecidos pelo antigo 
Departamento de Nacional de Endemias Rurais, 
estimou a prevalência para população brasileira em 
60%. Atualmente, apesar das campanhas realizadas nas 
escolas, sabe-se que os níveis de parasitismo 
continuam elevados, especialmente em crianças com 
idade inferior a 12 anos em várias regiões brasileiras 
quer seja na cidade ou em zonas rurais. 
Dados mais recentes indicam que o A. lumbricoides é o 
helminto mais frequente nos países pobres, sendo sua 
estimativa de prevalência de aproximadamente 30%, 
ou seja, 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo. 
Distribuído por mais de 150 países e territórios, atinge 
cerca de 70% a 90% das crianças na faixa etária de 1 a 
10 anos. Apesar da ascaridíase ser cosmopolita, a maior 
parte das infecções ocorre na Ásia (73% de 
prevalência), seguida pela África (l2,0%) e América 
Latina (8%). Condições climáticas têm um importante 
papel nas taxas de infecção. Em geral, a prevalência é 
baixa em regiões áridas, sendo, contudo, relativamente 
alta onde o clima é úmido e quente, condição ideal para 
a sobrevivência e o embrionamento dos ovos. Além 
disso, áreas desprovidas de saneamento com alta 
densidade populacional contribuem significativamente 
para o aumento da carga da doença. A infecção 
humana por esta espécie de helminto está relacionada 
com a interação de diversas características que 
asseguram o processo de transmissão, como o parasito, 
o hospedeiro, o meio ambiente e a falta de noções ou 
condições de higiene. Assim alguns fatores interferem 
na prevalência desta parasitose, são eles: 
• grande quantidade de ovos produzidos e 
eliminados pela fêmea; 
• viabilidade do ovo infectante por até um ano, 
principalmente no peridomicílio; 
• concentração de indivíduos vivendo em 
condições precárias de saneamento básico; 
• grande número de ovos no peridomicílio, em 
decorrência do hábito que as crianças têm de 
aí defecarem; 
• temperatura e umidade com médias anuais 
elevadas; 
• dispersão fácil dos ovos através de chuvas, 
ventos, insetos e aves; 
• conceitos equivocados sobre a transmissão da 
doença e sobre hábitos de higiene na 
população. 
 
 
 
 
 
Mateus Oliveira - UniFG 
 2 
O contato entre crianças portadoras e crianças suscetí- 
veis no peridomicílio ou na escola, aliado ao fato de que 
suas brincadeiras são sempre relacionadas com o solo 
e o hábito de levarem a mão suja a boca, são os fatores 
que fazem com que a faixa etária de 1 a 12 anos seja a 
mais prevalente. Os adultos muitas vezes não 
apresentam a doença, e isto, provavelmente, é devido 
a mudança de hábitos higiênicos e, ainda, porque se 
infectaram quando crianças, desenvolvendo 
imunidade. 
A infecção pelo A. lumbricoides, como qualquer outra 
geo-helmintose, está seguramente associada a fatores 
sociais, econômicos e culturais que proporcionam 
condições favoráveis à sua expansão, sobretudo em 
regiões onde os fatores ambientais são apropriados. 
Desse modo, o crescimento desordenado da 
população, em áreas muitas vezes desprovidas de 
saneamento básico, juntamente com o baixo poder 
econômico, educacional e hábitos pouco higiênicos, 
são relevantes e merecem destaque nos estudos 
epidemiológicos das parasitoses intestinais. As 
precárias condições ambientais, decorrentes da insalu- 
bridade das habitações coletivas e de favelas, são 
conhecidas como potencialmente favoráveis para o 
aumento das infecções por helmintos. Muitas vezes, 
estas situações contribuem para maior intensidade de 
transmissão, inclusive em áreas beneficiadas pelo 
saneamento ambiental. Esta afirmação pode ser 
corroborada pelo encontro de ovos de A. lumbricoides 
e outros helmintos em amostras de água, solo e 
alimentos contaminados por fezes de portadores deste 
parasito. Ainda sobre a dinâmica de transmissão, cabe 
ressaltar a importância das migrações humanas, 
aspecto relevante de ordem social e econômica, que, 
de acordo com Barreto (1967), são responsáveis pela 
introdução e disseminação do agente etiológico em 
áreas indenes. 
Vê-se, pois, que não só para a ascaridíase, mas para to- 
das as doenças resultantes da má qualidade de vida o 
determinante socioeconômico interfere e define o 
quadro biológico e patológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o figado 
I entre 18 e 24 horas após a infecção. Em dois a três dias 
chegam ao coração direito, através da veia cava inferior 
ou superior e quatro a cinco dias após são encontradas 
nos pulmões (ciclo de LOSS). Cerca de oito dias da 
infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os 
capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. 
Sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até 
a faringe. Podem então ser expelidas com a 
expectoração ou serem deglutidas, atravessando 
incólumes o estômago e fixando-se no intestino 
delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 
dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturida- 
de sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são 
encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Os vermes 
adultos têm uma longevidade de um a dois anos (Fig. 
29.2). 
TRANSMISSÃO 
Ocorre através da ingestão de água ou alimentos conta- 
minados com ovos contendo a L3. A literatura registra 
grande número de artigos que avaliam a contaminação 
das águas de córregos que são utilizadas para irrigação 
de hortas levando a contaminação de verduras com 
ovos viáveis. Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) 
são capazes de veicular mecanicamente ovos de A. 
Mateus Oliveira - UniFG 
 3 
lumbricoides. Pesquisas , revelaram que além destes 
mecanismos a transmissão pode ocorrer pela 
contaminação do depósito subungueal com ovos 
viáveis, principalmente em crianças, verificando-se ní- 
veis de contaminação que variavam de 20 a 52%. 
Os ovos de A. lumbricoides têm uma grande capacida- 
de de aderência a superfícies, o que representa um 
fator importante na transmissão da parasitose. Uma 
vez presente no ambiente ou em alimentos, estes ovos 
não são removidoscom facilidade por lavagens. Por 
isto, o uso de substâncias que tenham capacidade de 
inviabilizar o desenvolvimento dos ovos em ambientes 
e alimentos é de grande importância para o controle da 
transmissão. 
 
DIAGNÓSTICO 
Clínico 
Usualmente a ascaridíase humana é pouco sintomática, 
por isto mesmo difícil de ser diagnosticada em exame 
clínico, sendo a gravidade da doença determinada pelo 
número de vermes que infectam cada pessoa. Como o 
parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a 
exposição contínua a ovos infectados é a única fonte 
responsável pelo acúmulo de vermes adultos no 
intestino do hospedeiro. 
Laboratorial 
É feito pela pesquisa de ovos nas fezes. Como as fême- 
as eliminam diariamente milhares de ovos por dia, não 
há necessidade, nos exames de rotina, de metodologia 
específica ou métodos de enriquecimento, bastando a 
técnica de sedimentação espontânea. Contudo, o 
método de Kato modificado por Katz é bastante 
eficiente e recomendado pela Organização Mundial de 
Saúde para inquéritos epidemiológicos. Esta técnica 
permite a quantificação dos ovos e con- 
seqüentemente estima o grau de parasitismo dos 
portadores, compara dados entre várias áreas 
trabalhadas e demonstra maior rigor no controle de 
cura. 
Deve-se ressaltar que em infecções exclusivamente 
com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão 
inférteis, enquanto em infecções somente com vermes 
machos o exame de fezes será consistentemente 
negativo. 
TRATAMENTO 
O potencial do tratamento das helmintoses intestinais 
aumentou em muito com a descoberta dos 
benzimidazóis. Estas drogas são altamente efetivas 
contra o A. lumbricoides e outras helmintoses 
intestinais. A Organização Mundial da Saúde 
recomenda quatro drogas – albendazol, mebendazol, 
levamisol e pamoato de pirantel – para o tratamento e 
controle de helmintos transmitidos pelo solo. 
Albendazol: é um componente dos benzimidazóis com 
um amplo espectro antiparasitário, principalmente 
para o Ascaris ssp. A droga é encontrada sob a forma 
de comprimidos de 200 e 400mg, e de suspensão oral 
de 100mg/5ml. A dose única de 400mg é altamente 
eficaz contra a ascaridíase, mostrando níveis de cura e 
de redução de ovos de até 100%. Este fármaco pode 
atuar de duas maneiras: através da ligação seletiva nas 
tubulinas inibindo a tubulina-polimerase, prevenindo a 
formação de microtúbulos e impedindo a divisão 
celular; e, ainda, impedindo a captação de glicose 
inibindo a formação de ATP que é usado como fonte de 
energia pelo verme. A droga é pouco absorvida pelo 
hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre 
diretamente no trato gastrointestinal. A fração 
Mateus Oliveira - UniFG 
 4 
absorvida é metabolizada no fígado, tendo uma vida 
média de aproximadamente nove horas. Após este 
período é excretada com a bile através dos rins. 
Mebendazol: é um outro derivado dos benzimidazóis 
com ampla e efetiva atividade anti-helmíntica. É 
encontrada sob a firma de comprimidos de 100 e 
500mg e também em suspensão oral de 100mg/5ml. O 
mecanismo de ação de mebendazol é o mesmo 
descrito para o albendazol. A dose única de 500mg 
mostrou alta efetividade contra a ascaridíase e outras 
parasitoses intestinais. A absorção da droga é pequena, 
mas pode ser aumentada pela ingestão de alimentos 
gordurosos. É metabolizada predominantemente no 
fígado e sua excreção pode ocorrer pela bile e urina. 
Usualmente a maior parte da droga é encontrada 
inalterada nas fezes, o que explica sua excelente 
atividade contra os helmintos intestinais. O tratamento 
com mebendazol alcança níveis de cura entre 93,8% e 
100% e taxas de redução de ovos de 97,9% a 99,5%. 
 
➔ Trichuris trichiura 
Epidemiologia 
A infecção de T. trichiura tem distribuição cosmopoli- 
ta, sendo estimado cerca de 1 bilhão de pessoas 
infectadas no mundo, das quais, aproximadamente 350 
milhões apresentam idade inferior a 15 anos e, 
geralmente, estão expostas a infecções com alta carga 
parasitária, apresentando os quadros mais graves desta 
helmintose. Apesar de amplamente distribuída, a 
tricuríase é mais prevalente em regiões de clima 
quente e úmido e condições sanitárias precárias, que 
favorecem a contaminação ambiental e a sobrevivência 
dos ovos do parasito. 
A mais recente revisão publicada por Crompton (1999) 
estima que 1 bilhão e 49 milhões de pessoas estão 
infectadas par T. trichiura, que corresponde a cerca de 
17% da população mundial. Estes dados confirmam 
que nos últimos 50 anos, apesar dos avanços científicos 
no conhecimento da associação parasito-hospedeiro e 
no desenvolvimento de drogas anti-helmínticas mais 
eficazes, a prevalência da infecção por este nematódeo 
intestinal não foi alterada. 
 Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que 
apresentaram uma elevada taxa de crescimento 
populacional mas sem os investimentos necessários 
em saneamento e educação, as taxas de prevalência de 
nematódeos intestinais ainda são extremamente ele- 
vadas. 
No Brasil, inquéritos epidemiológicos com base em 
amostras recolhidas de cerca de 2 milhões de pessoas 
de diferentes estados foram realizados no final dos 
anos 60 pelo Departamento de Endemias Rurais. Os 
dados mostraram que a prevalência de tricuríase no 
país variava entre 35% e 39%, entretanto a variação 
entre diferentes regiões foi bastante grande, com taxas 
muito elevadas nos Estados do Norte, Nordeste e 
região litorânea, como Pará (68,I%), Alagoas (72%), 
enquanto que Goiás e Mato Grosso a prevalência foi de 
2,5 e 8,9%, respectivamente. Em Minas Gerais, os 
dados mostram uma prevalência de 13,8%. Não temos 
inquéritos recentes com uma amostragem tão 
significativa, mas estudos regionais indicam que não 
houve alterações significativas no quadro apresentado. 
No Estado do Rio de Janeiro, um estudo realizado com 
crianças matriculadas em creches de Niterói mostrou 
26,6% de prevalência de tricuríase, enquanto entre 
moradores de rua da cidade do Rio de Janeiro a 
prevalência foi de 32,9 %. Em São Paulo, alguns estudos 
realizados no interior do estado e na cidade de São 
Paulo, mostram uma prevalência de 1 % de tricuríase 
em crianças, demonstrando uma diminuição 
significativa na prevalência de vários helmintos 
intestinais nos últimos 20 anos. As variações 
observadas na prevalência da tricuríase confirmam as 
de outras parasitoses intestinais, comprovando a idéia 
que a grande maioria dessas doenças não pode ser, 
pejorativamente, denominada "doenças tropicais", 
pois em uma mesma cidade ou região só acometem a 
população pobre, carente de serviços médicos, 
sanitários e educacionais. A população de melhor nível 
social, sanitário e educacional, na mesma cidade ou 
região, está livre da parasitose. Mas tem que conviver 
com esse grande problema, pois o desnível social afeta 
toda uma região! 
Ciclo Biológico: É do tipo monoxeno; fêmeas e machos 
que habitam o intestino grosso se reproduzem 
sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio 
externo com as fezes. 
A fêmea fecundada elimina de 3.000 a 20.000 ovos por 
dia, sugerindo uma reposição diária de 5% a 30% dos 
cerca de 60.000 ovos encontrados no útero. O embrião 
contido no ovo recém-eliminado se desenvolve no 
ambiente para se tomar infectante. O período de 
desenvolvimento do ovo depende das condições 
ambientais; a temperatura de 25”C, o processo de 
embriogênese ocorre em cerca de 21 dias, enquanto a 
34°C a embriogênese ocorre em 13 dias. Em tempe- 
raturas abaixo de 20°C este processo pode ser bastante 
Mateus Oliveira - UniFG 
 5 
retardado; por exemplo, T. suis, parasito de suínos, 
cujos ovos embrionam em cerca de 37 dias a 25”C, 
levam de 434 a 630 dias para completar sua 
embriogênese no sudeste da Inglaterra, onde a 
temperatura do solo varia de 4 a 20°C. Temperaturas 
muito elevadas (acima de 52°C) ou muito baixas (- 9 “C) 
não permitem o desenvolvimento dos ovos de T.trichiura, apesar de não necessariamente matar o 
embrião. Da mesma maneira que Ascaris lumbricoides, 
os ovos de T. trichiura são muito sensíveis a dessecação, 
não sobrevivendo por mais de 15 dias quando a 
umidade relativa é menor que 77%. Entretanto, em 
condições ambientais favoráveis, os ovos de T. trichiura 
contendo as larvas infectantes podem permanecer 
viáveis por longo período de tempo. 
Os ovos infectantes podem contaminar alimentos sóli- 
dos e líquidos, podendo, assim, serem ingeridos pelo 
homem. As larvas de T trichiura eclodem através de um 
dos poros presentes nas extremidades do ovo, no 
intestino delgado do hospedeiro. Estudos in vitro 
indicam que o processo de eclosão das larvas do 
parasito é estimulado pela exposição sequencial dos 
ovos aos componentes do suco gástrico e do suco 
pancreático. O desenvolvimento das larvas de Trichuris 
em humanos nos primeiros dias após a eclosão ainda é 
bastante controverso. A maioria dos autores relata que 
as larvas inicialmente penetram no epitélio da mucosa 
intestinal na região duodenal, pela base das criptas de 
Lieberkühn, permanecendo nesta localidade por cinco 
a dez dias, e posteriormente estas larvas ganham a luz 
intestinal e migram para região cecal onde completam 
seu desenvolvimento. A permanência das larvas no 
duodeno do hospedeiro foi inicialmente descrita em 
infecção experimental de T vuípis em cães, utilizando-
se uma grande quantidade de ovos para a infecção dos 
animais; portanto, alguns autores discutem a 
relevância fisiologia da presença das larvas no duodeno 
e sua existência em infecções humanas. Estudos 
histológicos revelam que as larvas de Trichuris sp. 
Podem penetrar na mucosa em várias regiões do 
intestino, mas esta penetração ocorre principalmente 
no intestino grosso, e não foram encontradas 
evidências de que as larvas que penetram no duodeno 
completam seu desenvolvimento, ou mesmo que 
ocorra uma posterior migração das larvas do duodeno 
para o intestino grosso. Na região do ceco, as larvas 
migram por dentro das células epiteliais, em direção do 
lúmen intestinal, formando túneis sinuosos na 
superfície epitelial da mucosa. Durante este período as 
larvas se desenvolvem em vermes adultos, passando 
pelos quatro estágios larvais típicos do 
desenvolvimento dos nematódeos; ocorre a 
diferenciação dos esticócitos na região esofãgiana, e do 
órgão genital na porção posterior para a junção do 
esôfago com o intestino. O crescimento e desenvolvi- 
mento dos vermes levam ao rompimento das células 
epiteliais e a exposição da porção posterior do corpo de 
T. Trichiura à luz intestinal do hospedeiro. 
Apenas uma pequena parte (5-22 %) dos ovos infectan- 
tes de T. trichiura ingeridos completa o 
desenvolvimento até vermes adultos. Estima-se que o 
período pré-patente da tricuríase no homem, tempo 
entre a infecção até a eliminação dos ovos pelas fezes 
do hospedeiro, é de aproximadamente 60-90 dias. 
Transmissão 
Os ovos de T. trichiura eliminados com as fezes do 
hospedeiro infectado contaminam o ambiente, em 
locais sem saneamento básico. Como os ovos são 
extremamente resistentes as condições ambientais, 
podem ser disseminados pelo vento ou pela água e 
contaminar os alimentos sólidos ou líquidos, sendo, 
então, ingeridos pelo hospedeiro. Ovos de T. trichiura 
também podem ser disseminados por moscas 
domésticas, que transportam os ovos na superfície 
externa do corpo, do local onde as fezes foram 
depositadas até o alimento. Em algumas áreas de alta 
prevalência de tricuríase tem sido demonstrada que a 
prática de geofagia é muito frequente, principalmente 
entre crianças e mulheres grávidas, sendo esta uma 
importante fonte de infecção, especialmente em 
algumas regiões da África, Índia e América Latina. 
 
 
Mateus Oliveira - UniFG 
 6 
DIAGNÓSTICO 
Clínico 
O quadro clínico associado a tricuríase não é especifi- 
co, portanto deve ser confirmado com o diagnóstico 
laboratorial. 
Laboratorial 
O diagnóstico específico da tricuríase é geralmente rea- 
lizado pela demonstração dos ovos do parasito nas 
fezes. Conforme foi discutido, ovos de T. trichiura 
apresentam morfologia bastante característica (Fig. 
34.2B) e são produzidos e eliminados nas fezes do 
hospedeiro em quantidades relativamente elevadas, 
facilitando o diagnóstico parasitológico pelos métodos 
de exame de fezes de rotina. Para estudos 
epidemiológicos em áreas endêmicas, o método mais 
utilizado para o diagnóstico é o método de Kato-Katz, 
que permite uma avaliação qualitativa e quantitativa da 
infecção. Recentemente, tem sido relatada na 
literatura a possibilidade de visualizar vermes adultos 
de T. trichiura em exames de colonoscopia ou 
anoscopia. 
TRATAMENTO 
T. trichiura tem se mostrado menos susceptível a ação 
de anti-helmínticos que A. lumbricoides, 
provavelmente devido a sua localização no intestino 
grosso e reto que dificulta o acesso da medicação. 
Benzoilmidazóis, como albendazol e mebendazol, são 
as drogas mais eficientes no tratamento da tricuríase 
humana. Dados epidemiológicos indicam que estes 
medicamentos são igualmente eficientes na expulsão 
do parasito. Para o tratamento de pacientes sintomáti- 
cos, em geral recomenda-se o uso de mebendazol 
100mg, duas vezes ao dia por três dias consecutivos ou 
albendazol, 400mg em dose única. Horton (2000) 
mostra que os efeitos colaterais associados ao uso de 
albendazol são pouco frequentes, ocorrendo em cerca 
de 1 % dos casos, além disto, a maioria dos efeitos 
colaterais relatados, como tonturas, dores abdominais, 
vômitos, náuseas, também são frequentes na 
população infectada. Por outro lado, a eficácia do 
albendazol na cura dos pacientes com tricuríase foi 
muito baixa, comparada com outros helmintos. De um 
total de 4.301 pacientes avaliados, nos 57 estudos que 
foram revistos pelo autor, somente 47,7% ficaram livres 
da infecção. A porcentagem de cura foi ainda menor 
(27,9%) quando somente crianças (5-15 anos) foram 
avaliadas. Entretanto, a redução no número de ovos do 
parasito eliminados nas fezes dos pacientes não-
curados foi de 75,4%. Estudos epidemiológicos em área 
de alta prevalência de tricuríase têm indicado que esta 
redução na intensidade da infecção produz uma 
significante melhoria na sintomatologia associada as 
infecções intensas, justificando o uso de quimioterapia 
em massa para tratamento de crianças que vivem em 
áreas de alta prevalência. Mais recentemente foi 
testada a eficácia de dietilcarbamazina (6mglkg de peso 
corpóreo), albendazole (400mg) ou de ivermectina 
200mg/kg), isoladamente ou em combinações, para o 
controle de Ascaris e Trichuris em crianças. Os estudos 
demonstraram que a associação de albendazol com 
ivermectina foi mais eficaz na cura dos pacientes 
infectados por t. trichiura (65,1%) que cada droga 
isoladamente (31,5 e 35,1% para albendazol e 
ivermectina, respectivamente). A combinação dessas 
drogas também foi mais eficiente na redução da 
intensidade da infecção nos pacientes não curados. 
 
➔ Ancylostoma duodenale e Necator americanos 
 
Ancylostomidae é uma das mais importantes famílias 
de Nematoda cujos estágios parasitários ocorrem em 
mamíferos, inclusive em humanos, causando 
ancilostomose. A ação dos parasitos, tanto por 
etiologia primária como secundária, geralmente 
desencadeia um processo patológico de curso crônico, 
mas que pode resultar em consequências até fatais. 
Dentre mais de 100 espécies de Ancylostomidae des- 
critas, apenas três são agentes etiológicos das ancilos- 
moses humanas: Ancylostoma duodenale (Dubini, 
1843), - Necator americanus (Stiles, 1902) e 
Ancylostoma ceyla- nicum (Loss, 191 1). 
As ancilostomoses humanas, geralmente 
negligenciadas, têm grande importância no contexto 
universal, pois foi estimado que cerca de 900 milhões 
de pessoas são parasitadas por A. duodenale e N. 
amencanus, e que destapopulação, \ 60 mil morrem, 
anualmente. 
Os ancilostomídeos têm ampla distribuição geográfica. 
O A. duodenale, considerado como o ancilostoma do 
Velho Mundo, é predominante em regiões temperadas, 
embora ocorra também em regiões tropicais, onde o 
clima é mais temperado. 
O N. americanus, conhecido como ancilostoma do 
Novo Mundo, ocorre em regiões tropicais, onde 
predominam temperaturas altas. A coexistência de 
Mateus Oliveira - UniFG 
 7 
ambas as espécies pode ocorrer em uma mesma 
localidade, mas, geralmente, uma delas sobrepuja a 
outra 
Epidemiologia 
O entendimento da epidemiologia da ancilostomose 
por A. duodenale ou N. americanus, requer 
necessariamente que se tenha conhecimento sobre os 
componentes da cadeia epidemiológica: parasito, 
transmissão, hospedeiro e ambiente. Algumas 
informações conhecidas merecem especial atenção: 
a) A ancilostomose ocorre preferencialmente em 
crianças com mais de seis anos, adolescentes e em 
indivíduos mais velhos, independente de sexo. 
Neles, os parasitos podem sobreviver por até 18 
anos. Nos pacientes o A. duodenale e o N. 
americanus produzem em média, diariamente, 22 
mil e 9.000 ovos, respectivamente. A. duodenale 
pode ter seu desenvolvimento interrompido no 
hospedeiro, e o período de pré-patência alcançar 
mais de oito meses. 
b) Na natureza, os ovos dos parasitos não se 
desenvol- vem bem em umidade inferior a 90% e 
os raios ultravioletas, do sol, são letais para a 
embrionia. O solo arenoso, permeável, que 
preserva mais umidade e aeração, quando é rico 
em matéria orgânica, favorece bem o 
desenvolvimento dos estágios de vida livre, como 
em locais úmidos próximos ao peridomicílio. A 
temperatura é outro fator limitante para o 
desenvolvimento e a sobrevivência de ovos e 
larvas, por isso o A. duodenale e o N americanus 
têm distribuição geográfica preferencial para 
locais temperados e tropicais, respectivamente. As 
L3 podem permanecer viáveis por várias semanas 
em um microambiente favorável. Já em regiões de 
clima semi-árido, os ancilostomídeos e outros 
geoelmintos não se desenvolvem no solo. Embora 
muitas informações sejam conhecidas sobre a vida 
dos parasitos dentro e fora do hospedeiro, é 
imprescindível que se conheça o máximo sobre os 
componentes da cadeia epidemiológica quando se 
pretende estudar a ancilos- tomose em uma região 
ou área, com os objetivos precípuos de controlar a 
enfermidade. No Brasil, a ancilostomose é mais 
freqüente por N. americanus e sempre foi motivo 
de muita preocupação, até mesmo pelo célebre 
Monteiro Lobato quando, em 1919, referindo-se 
aos dois terços da população brasileira, 
mencionou: "17 milhões são caricaturas derreadas 
no físico e no moral pela ancilostomíase; 
Os mais recentes inquéritos coprológicos feitos no 
Brasil, na década de 80, permitiram avaliar como ainda 
permanece alarmante, em algumas regiões, a 
presença de ancilostomídeos. A Tabela 30.1 foi feita 
segundo esses inquéritos. Estes dados continuam 
alarmantes, denunciando que ainda não existe um 
programa de iniciativa pública para o controle da 
ancilostomose no país 
CICLO BIOLÓGICO 
Os ancilostomídeos, como muitos outros nematóides 
parasitos, apresentam um ciclo biológico direto, não 
necessitando de hospedeiros intermediários. Durante 
o desenvolvimento, duas fases são bem definidas: a 
primeira, que se desenvolve no meio exterior, é de vida 
livre, e a segunda, que se desenvolve no hospedeiro 
definitivo, obrigatoriamente de vida parasitária. Os 
estágios de vida livre das três espécies de ancilos- 
tomídeos têm caracteres morfológicos distintos, e, 
também, diferentes comportamentos biológicos, em 
função das condições climáticas envolvidas. Os ovos 
dos ancilostomídeos depositados pelas fêmeas (após a 
cópula), no intestino delgado do hospedeiro, são 
eliminados para o meio exterior através das fezes. No 
meio exterior, os ovos necessitam de um ambiente 
propício, principalmente boa oxigenação, alta umidade 
(> 90%) e temperatura elevada. São condições 
indispensáveis para que se processe a embrionia, 
formação da larva de primeiro estádio (L1), do tipo 
rabditóide, e sua eclosão. No ambiente, a L1, recém-
eclodida, apresenta movimentos serpentiformes e se 
alimenta de matéria orgânica e microrganismos (por 
via oral), devendo, em seguida, perder a cutícula 
externa, após ganhar uma nova, transformando-se em 
larva de segundo estádio (L2), que é também do tipo 
rabditóide. Subsequentemente, a L2, que também tem 
movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria 
orgânica e microrganismos, começa a produzir uma 
nova cutícula, internamente, que passa a ser coberta 
pela cutícula velha (agora cutícula externa) passando 
então a se transformar em larva de terceiro estádio 
(L3), do tipo filarióide, denominada larva infectante. A 
L3, por apresentar uma cutícula externa que oblitera a 
cavidade bucal, não se alimenta, mas tem mo- 
vimentos serpentiformes que facilitam a sua 
locomoção. A L3, é a única forma dos ancilostomídeos 
infectante para o hospedeiro. Em ambiente de boa 
oxigenação (os ovos não se desenvolvem no interior 
Mateus Oliveira - UniFG 
 8 
das fezes), umidade alta (> 90%), e temperaturas de 2 
1 a 27°C para A. duodenale e de 27 a 32”C, para N. 
americanus, ocorre o desenvolvimento dos estádios de 
vida livre. Em tais condições, forma-se a L1, no ovo e 
ocorre a eclosão em 12 a 24 horas; a L1, se transforma 
em L2, em três a quatro dias; e a L2 muda para L3, após 
cinco dias. 
A infecção pelos ancilostomídeos para o homem só 
ocorre quando as L3, (larva filarióide ou infectante) 
penetram ativamente, através da pele, conjuntiva e 
mucosas, ou passivamente, por via oral. Quando a 
infecção é ativa, as L3, ao contatarem o hospedeiro, 
são estimuladas por efeitos térmicos e químicos, ini- 
ciam o processo de penetração, escapando da cutícula 
externa, e, simultaneamente, ajudadas pelos seus 
movimentos serpentiformes, de extensão e contração, 
começam a produzir enzimas, semelhantes a 
colagenase, que facilitam o seu acesso através dos 
tecidos do hospedeiro. A penetração dura cerca de 30 
minutos. Da pele, as larvas alcançam a circulação 
sanguínea e/ou linfática, e chegam ao coração, indo 
pelas artérias pulmonares, para os pulmões. 
Atingindo os alvéolos, as larvas migram para os bron- 
quíolos, com auxílio de seus movimentos, secreções e 
cílios da árvore brônquica. Dos brônquios atingem a 
traquéia, faringe e laringe quando, então, são 
ingeridas, alcançando o intestino delgado, seu hábitat 
final. Durante a migração pelos pulmões, que dura de 
dois a sete dias, a larva perde a cutícula e adquire uma 
nova, transformando-se em larva do quarto estádio 
(L4). Ao chegar no intestino delgado, após oito dias da 
infecção, a larva começa a exercer o parasitismo 
hematófago, fixando a cápsula bucal na mucosa do 
duodeno. A transformação da L4 em larva de quinto 
estádio (L5) ocorre aproximadamente 15 dias após a 
infecção, e a diferenciação de L5 em adultos ocorre 
após 30 dias da infecção. Os espécimes adultos, 
exercendo o hematofagismo, iniciam a cópula, seguida 
de postura. O período de pré-patência, isto é, desde o 
momento da penetração das L3, até a eliminação dos 
ovos dos ancilostomídeos pelas fezes, varia entre 35 e 
60 dias para A. duodenale, de 42 a 60 dias para N. 
americanus e de 21 a 35 dias para A. ceylanicum. 
Quando a penetração das L3, é por via oral, 
principalmente através de ingestão de alimentos ou 
água, as L3 perdem a cutícula externa no estômago 
(por ação de suco gástrico e pH) depois de dois a três 
dias da infecção, e migram para o intestino delgado. A 
altura do duodeno, as larvas penetram na mucosa, 
atingindo as células de Lieberkühn, onde mudam para 
L4, após cerca de cinco dias da infecção. Em seguida, 
as larvas voltam a luz do intestino, se fixam a mucosa 
e iniciam o repasto sanguíneo, devendodepois mudar 
para L5, no transcurso de 15 dias da infecção. Com a 
diferenciação de L5, em adultos, a cópula tem início e 
os ovos logo em seguida começam a ser postos, sendo 
eliminados através das fezes. Quando a infecção é oral, 
os períodos de pré-patência para A. duodenale e N. 
americanus são similares. 
DIAGNÓSTICO 
Diagnóstico clínico individual baseia-se na anam- 
nesse e na associação e sintomas cutâneos, 
pulmonares e intestinais, seguidos ou não de anemia. 
Em ambos os casos o diagnóstico de certeza será 
alcançado pelo exame parasitológico de fezes. 
Os exames de fezes, por método qualitativo que indica 
ou não presença de ovos de ancilostomídeos, são 
feitos pelos métodos de sedimentação espontânea 
(Hoffman, Pons e Janner), de sedimentação por 
centrifugação (Blagg e cols., método de MIFC), e de 
flutuação (Willis). Para se avaliar o grau de infecção do 
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paciente, usa-se o método quantitativo de Stoll, cujo 
resultado expressa o número de ovos dos parasitos por 
grama de fezes (OPG – ver Capítulo 56). Os métodos 
utilizados para exame de fezes não permitem 
identificar nem o gênero ou espécies do agente 
etiológico da ancilostomose, pois os ovos dos 
ancilostomídeos são morfologicamente muito 
semelhantes. Em casos de constipação intestinal ou 
em fezes emitidas há algum tempo, torna-se 
necessário fazer a verificação e distinção das larvas 
para dirimir suspeitas de infecção pelo S. stercoralis 
(Fig. 30.4). 
Através de exame por método de coprocultura, 
utilizado para obtenção de L3, é possível se fazer, além 
do diagnóstico genérico, o específico para A. 
duodenale e N. americanus, e também quantificar o 
nível de infecção do paciente, ela contagem de L3, por 
grama de fezes. O método de coprocultura mais 
utilizado é o de Harada & Mori (ver Capitulo 57). O 
diagnóstico quantitativo e específico também pode ser 
feito post-mortem. 
Até o presente, vários testes imunológicos, sorológicos 
(precipitação, hemaglutinação, fixação de 
complemento, difusão em gel, floculação de látex, 
imunofluorescência, fixação de complemento, ELISA) 
evidenciam reações mediadas por antígenos dos 
vermes, mas não têm sido utilizados na prática. A 
intradermorreação, que induz uma hipersensibilidade 
imediata, cuja área de reação é diretamente 
proporcional em nível de infecção do paciente, pode 
ser útil numa campanha profilática. Entretanto, 
apresenta um grande inconveniente: dá resultados 
falso-positivos em indivíduos tratados. 
TRATAMENTO 
A terapêutica, que também é uma medida de controle, 
do tipo curativo, só deve ser recomendada para 
indivíduos que apresentam diagnóstico parasitológico 
de ancilostomose, através de exame de fezes. A terapia 
medicamentosa, tanto individual como coletiva, com 
base no tratamento halopático, utiliza vários anti- 
helmínticos ou vermífugos de amplo espectro, capazes 
de matar diferentes espécies de helmintos, os quais 
são eliminados nas fezes do hospedeiros. Atualmente, 
o uso de vermífugos a base de pirimidinas (pamoato 
de pirantel) e de benzimidazóis (mebendazol e 
albendazol) têm sido os mais indicados. Estes últimos 
são mais eficientes: O pamoato de pirantel mata os 
parasitos, através de bloqueio neuromuscular, por 
antagonismo colinérgico, provocando paralisia 
muscular, enquanto o mebendazol e o albendazol 
interferem na síntese da molécula de tubulina, 
causando destruição na estrutura de microtúbulos de 
diferentes células (provocam degeneração nas células 
do tegumento e do intestino do parasito). O uso dos 
referidos anti-helmínticos deve ser praticado sob 
recomendação e orientação médica, pois os produtos 
apresentam certos efeitos colaterais, particularmente 
o albendazol, que é contra-indicado durante a 
gestação. 
Em certas situações, dependendo da gravidade a 
ancilostomose, além de uso da terapêutica 
medicamentosa, o paciente deve receber uma 
alimentação suplementar, diária rica em proteínas e, 
especialmente, em Fe. O tratamento com sulfato 
ferroso pode ser também indicado, dependendo do 
grau da anemia. Uma vez administrado um anti-
helmíntico, é importante o acompanhamento 
laboratorial do paciente para se recomendar um 
segundo tratamento, após 20 dias do primeiro. Esta 
conduta é preconizada porque os vermífugos não 
matam as larvas que estão nos pulmões e os pacientes 
podem contribuir para contaminação de fontes de 
infecção, e até mesmo se reinfectar. Mesmo diante do 
sucesso do tratamento medicamentoso e dietético, é 
imprescindível que se ensine ao paciente as medidas 
de controle preventivo, para que ele não venha logo 
em seguida a se reinfectar. 
Obj2- Identificar as parasitoses com ciclo pulmonar 
(Síndrome de Loeffler). 
A Síndrome de Loeffler é caracterizada por se tratar de 
uma pneumonia eosinofílica considerada transitória 
gerada por helmintos que possuem seu ciclo 
relacionado às vias respiratórias, de evolução clínica 
benigna, acometendo indivíduos de qualque faixa 
etária, “tendo como quadro a lesão pulmonar por 
infiltrados associados à eosinofilia sanguínea e/ou no 
escarro, sendo uma entidade clínica rara e de maior 
incidência no sexo feminino” (ZILLE et al., 2002). 
Segundo NAPOLI e NAPOLI (2021, p. 01) os principais 
helmintos que causam a síndrome são: Necator 
americanus, Ancylostoma duodenale, Strongyloides 
stercoralis e Ascaris lumbricoides, destacando-se o 
último pois o contato se inicia com a ingestão dos ovos 
encontrados em alimentos contaminados ou na água, 
no intestino delgado, os ovos se transformam em 
larvas, as quais penetram as paredes do intestino, e em 
decorrência dessa passagem, atingem a circulação se 
Mateus Oliveira - UniFG 
 10 
disseminando para os pulmões, gerando, então, a 
Síndrome de Loeffler. 
QUADRO CLÍNICO 
Para Alves, Sanches e Souza (2012, p. 03) clinicamente, 
a Síndrome é caracterizada por um quadro 
autolimitado, de 1 a 2 semanas. A tosse seca é o 
sintoma mais comum, podendo estar acompanhada 
de febre baixa, dispnéia do tipo asmatiforme, tendo 
também, mais raramente hemoptise, mialgia, anorexia 
e urticária. Os sintomas aparecem de 10 a 16 dias após 
a infecção se iniciar, o exame físico pode ser normal ou 
com a presença de sibilos e crepitações finais na 
ausculta pulmonar. Ademais, Zille et. Al (2002, p. 283), 
os pacientes apresentam sintomas alguns meses antes 
do correto diagnóstico, sendo eles: dispnéia 
progressiva, tosse, febre baixa, fadiga, sudorese 
noturna e ínfima perda de peso, na qual a tosse é 
inicialmente seca e com o progresso da patologia 
tende a se tornar mucóide, sintoma quase universal, 
dispnéia geralmente leve ou moderada e a hemoptise 
e os sinais extrapulmonares não são comuns. Por fim, 
Lopes et al. (2005, p. 327) destaca a presença de 
desconforto retroesternal e se observa pneumonia 
franca e bronquiectasias. 2.2 
 FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME 
Sendo descrita primariamente por Loeffler em 1932, a 
síndrome é extremamente relacionada às infecções 
parasitárias, representando uma pneumonia 
eosinofílica transitória, decorrente da migração 
pulmonar das larvas dos parasitas , com destaque para 
os helmintos. Geralmente possui evolução clínica 
benigna, formando sombras de variados tamanhos e 
formas nos exames de imagem dos pulmões, podendo 
afetar todos os lóbulos. A Síndrome possui como 
marco inicial a ingestão dos ovos dos vermes presentes 
nos alimentos e líquidos contaminados, os quais 
chegam ao intestino e migram para a circulação portal, 
tornando-se um problema sistêmico, alcançando, na 
síndrome, os pulmões, fazendo com que o verme se 
transforme em larva para completar seu ciclo de vida, 
e ao deglutir o escarro contaminado, ocorre a auto 
infecção em um ciclo infinito. Segundo Alves, Sanches 
e Souza (2012, p. 3) da ingesta até a maturação do 
verme adulto e eliminação dos ovos se passam de 18 a 
42 dias, tendosintomas notáveis na primeira semana 
da infecção parasitária, a tosse seca é o principal 
sintoma, podendo ser acompanhada de febre baixa e 
dispnéia, tomando mais intensidade por volta do 
décimo sexto dia após o marco da infecção, sendo 
assim, é importante a avaliação social e temporal para 
a confecção de um diagnóstico embasado e correto, 
tendo no exame físico poucas alterações, como os 
sibilos e crepitações nas auscultas pulmonares. 
Obj3- Relacionar os fatores socioambientais à 
ocorrência de verminoses e infecções cutâneas. 
As infecções parasitárias dos intestinos, de acordo com 
as prevalências segundo as quais são evidenciadas, 
refletem com boa margem de segurança as condições 
de vida de diferentes comunidades. Influem, no sentido 
de que elas ocorrem com intensidades variáveis, 
fatores expressivos exemplificados especialmente por 
saneamento básico, educação inclusiva 
especificamente para a saúde, habitação e higiene 
alimentar, que, quando existem formas seguras, 
coibem a expansão dessas parasitoses. Água ou 
alimentos e contato desprotegido com o solo permitem 
comumente as contaminações, precisando então 
merecer atenções prioritárias. 
Obj5- Identificar as formas de prevenção de 
verminoses. 
Para Maranhão (2009) parasitoses intestinais 
representam um sério problema de saúde pública, 
onde são considerados como indicadores de saúde o 
nível sócio econômico, as condições precárias de 
saneamento básico e os hábitos de higiene 
inadequados. Embora os determinantes sociais sejam 
relevantes, e na maioria das parasitoses os autores 
afirmam que a forma de transmissão é por meio de 
alimentos, água, solo, o tipo de cuidado é muito 
significativo na prevenção de agravos decorrentes 
desse tipo de doença. 
Enquanto não se pode tomar medidas que solucio- 
nem definitivamente o controle ou erradicação da 
ancilostomose, algumas recomendações mesmo que 
não consigam quebram um dos elos da cadeia 
epidemiológica, podem atenuar a incidência e 
prevalência das enfermidades. Dentre elas, destacam-
se: dar destino seguro as fezes humanas (privadas e 
fossas); lavar sempre as mãos antes das refeições; lavar 
os alimentos que são consumidos crus; beber água fil- 
trada ou previamente fervida; incorporar uma 
suplementação de proteínas e Fe a dieta diária; usar 
calçados e luvas ao frequentar locais ou manipular 
objetos contaminados; aplicar anti-helmíntico nos 
pacientes. Estas medidas, naturalmente, são também 
efetivas contra outras parasitoses 
REFERÊNCIA: PARASITOLOGIA HUMANA, Neves, 11°Ed

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