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Mateus Oliveira - UniFG 1 SP 3.4 – Só a bailarina que não tem... Objetivos: 1- Identificar a epidemiologia e a fisiopatologia das principais parasitoses contraídas no contato com o solo (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Ancylostoma duodenale e Necator americanos). 2- Identificar as parasitoses com ciclo pulmonar (Síndrome de Loeffler). 3- Relacionar os fatores socioambientais à ocorrência de verminoses e infecções cutâneas. 4- Caracterizar o diagnóstico e o tratamento das principais parasitoses do trato digestório. 5- Identificar as formas de prevenção de verminoses. Obj 1: Identificar a epidemiologia e a fisiopatologia das principais parasitoses contraídas no contato com o solo (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Ancylostoma duodenale e Necator americanos). + Obj4: Caracterizar o diagnóstico e o tratamento das principais parasitoses do trato digestório. ➔ Ascaris lumbricoides Epidemiologia: O A. lumbricoides(helminto) encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento socioeconômico da população. Os dados de prevalência são muito antigos, pontuais e todos com base em estimativas. Stoll(1947) baseando- se em dados obtidos através da literatura estimou em 644 milhões o número de indivíduos parasitados por A. lumbricoides em todo o mundo. Dados de 1984 da Organização Mundial de Saúde relataram que 1 bilhão de pessoas apresentavam-se infectadas. Chan e cols., em 1994 estimaram em 1,s bilhão o número de pessoas que albergavam o parasito. No Brasil, utilizando os resultados do inquérito helmintológico realiza- do por Pellon & Teixeira em 1950, Pessoa (1967) calculou a prevalência da ascaridíase em 71,4%. Vinha (197l), analisando os dados fornecidos pelo antigo Departamento de Nacional de Endemias Rurais, estimou a prevalência para população brasileira em 60%. Atualmente, apesar das campanhas realizadas nas escolas, sabe-se que os níveis de parasitismo continuam elevados, especialmente em crianças com idade inferior a 12 anos em várias regiões brasileiras quer seja na cidade ou em zonas rurais. Dados mais recentes indicam que o A. lumbricoides é o helminto mais frequente nos países pobres, sendo sua estimativa de prevalência de aproximadamente 30%, ou seja, 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo. Distribuído por mais de 150 países e territórios, atinge cerca de 70% a 90% das crianças na faixa etária de 1 a 10 anos. Apesar da ascaridíase ser cosmopolita, a maior parte das infecções ocorre na Ásia (73% de prevalência), seguida pela África (l2,0%) e América Latina (8%). Condições climáticas têm um importante papel nas taxas de infecção. Em geral, a prevalência é baixa em regiões áridas, sendo, contudo, relativamente alta onde o clima é úmido e quente, condição ideal para a sobrevivência e o embrionamento dos ovos. Além disso, áreas desprovidas de saneamento com alta densidade populacional contribuem significativamente para o aumento da carga da doença. A infecção humana por esta espécie de helminto está relacionada com a interação de diversas características que asseguram o processo de transmissão, como o parasito, o hospedeiro, o meio ambiente e a falta de noções ou condições de higiene. Assim alguns fatores interferem na prevalência desta parasitose, são eles: • grande quantidade de ovos produzidos e eliminados pela fêmea; • viabilidade do ovo infectante por até um ano, principalmente no peridomicílio; • concentração de indivíduos vivendo em condições precárias de saneamento básico; • grande número de ovos no peridomicílio, em decorrência do hábito que as crianças têm de aí defecarem; • temperatura e umidade com médias anuais elevadas; • dispersão fácil dos ovos através de chuvas, ventos, insetos e aves; • conceitos equivocados sobre a transmissão da doença e sobre hábitos de higiene na população. Mateus Oliveira - UniFG 2 O contato entre crianças portadoras e crianças suscetí- veis no peridomicílio ou na escola, aliado ao fato de que suas brincadeiras são sempre relacionadas com o solo e o hábito de levarem a mão suja a boca, são os fatores que fazem com que a faixa etária de 1 a 12 anos seja a mais prevalente. Os adultos muitas vezes não apresentam a doença, e isto, provavelmente, é devido a mudança de hábitos higiênicos e, ainda, porque se infectaram quando crianças, desenvolvendo imunidade. A infecção pelo A. lumbricoides, como qualquer outra geo-helmintose, está seguramente associada a fatores sociais, econômicos e culturais que proporcionam condições favoráveis à sua expansão, sobretudo em regiões onde os fatores ambientais são apropriados. Desse modo, o crescimento desordenado da população, em áreas muitas vezes desprovidas de saneamento básico, juntamente com o baixo poder econômico, educacional e hábitos pouco higiênicos, são relevantes e merecem destaque nos estudos epidemiológicos das parasitoses intestinais. As precárias condições ambientais, decorrentes da insalu- bridade das habitações coletivas e de favelas, são conhecidas como potencialmente favoráveis para o aumento das infecções por helmintos. Muitas vezes, estas situações contribuem para maior intensidade de transmissão, inclusive em áreas beneficiadas pelo saneamento ambiental. Esta afirmação pode ser corroborada pelo encontro de ovos de A. lumbricoides e outros helmintos em amostras de água, solo e alimentos contaminados por fezes de portadores deste parasito. Ainda sobre a dinâmica de transmissão, cabe ressaltar a importância das migrações humanas, aspecto relevante de ordem social e econômica, que, de acordo com Barreto (1967), são responsáveis pela introdução e disseminação do agente etiológico em áreas indenes. Vê-se, pois, que não só para a ascaridíase, mas para to- das as doenças resultantes da má qualidade de vida o determinante socioeconômico interfere e define o quadro biológico e patológico. caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o figado I entre 18 e 24 horas após a infecção. Em dois a três dias chegam ao coração direito, através da veia cava inferior ou superior e quatro a cinco dias após são encontradas nos pulmões (ciclo de LOSS). Cerca de oito dias da infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. Sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, atravessando incólumes o estômago e fixando-se no intestino delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturida- de sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Os vermes adultos têm uma longevidade de um a dois anos (Fig. 29.2). TRANSMISSÃO Ocorre através da ingestão de água ou alimentos conta- minados com ovos contendo a L3. A literatura registra grande número de artigos que avaliam a contaminação das águas de córregos que são utilizadas para irrigação de hortas levando a contaminação de verduras com ovos viáveis. Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovos de A. Mateus Oliveira - UniFG 3 lumbricoides. Pesquisas , revelaram que além destes mecanismos a transmissão pode ocorrer pela contaminação do depósito subungueal com ovos viáveis, principalmente em crianças, verificando-se ní- veis de contaminação que variavam de 20 a 52%. Os ovos de A. lumbricoides têm uma grande capacida- de de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose. Uma vez presente no ambiente ou em alimentos, estes ovos não são removidoscom facilidade por lavagens. Por isto, o uso de substâncias que tenham capacidade de inviabilizar o desenvolvimento dos ovos em ambientes e alimentos é de grande importância para o controle da transmissão. DIAGNÓSTICO Clínico Usualmente a ascaridíase humana é pouco sintomática, por isto mesmo difícil de ser diagnosticada em exame clínico, sendo a gravidade da doença determinada pelo número de vermes que infectam cada pessoa. Como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro. Laboratorial É feito pela pesquisa de ovos nas fezes. Como as fême- as eliminam diariamente milhares de ovos por dia, não há necessidade, nos exames de rotina, de metodologia específica ou métodos de enriquecimento, bastando a técnica de sedimentação espontânea. Contudo, o método de Kato modificado por Katz é bastante eficiente e recomendado pela Organização Mundial de Saúde para inquéritos epidemiológicos. Esta técnica permite a quantificação dos ovos e con- seqüentemente estima o grau de parasitismo dos portadores, compara dados entre várias áreas trabalhadas e demonstra maior rigor no controle de cura. Deve-se ressaltar que em infecções exclusivamente com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão inférteis, enquanto em infecções somente com vermes machos o exame de fezes será consistentemente negativo. TRATAMENTO O potencial do tratamento das helmintoses intestinais aumentou em muito com a descoberta dos benzimidazóis. Estas drogas são altamente efetivas contra o A. lumbricoides e outras helmintoses intestinais. A Organização Mundial da Saúde recomenda quatro drogas – albendazol, mebendazol, levamisol e pamoato de pirantel – para o tratamento e controle de helmintos transmitidos pelo solo. Albendazol: é um componente dos benzimidazóis com um amplo espectro antiparasitário, principalmente para o Ascaris ssp. A droga é encontrada sob a forma de comprimidos de 200 e 400mg, e de suspensão oral de 100mg/5ml. A dose única de 400mg é altamente eficaz contra a ascaridíase, mostrando níveis de cura e de redução de ovos de até 100%. Este fármaco pode atuar de duas maneiras: através da ligação seletiva nas tubulinas inibindo a tubulina-polimerase, prevenindo a formação de microtúbulos e impedindo a divisão celular; e, ainda, impedindo a captação de glicose inibindo a formação de ATP que é usado como fonte de energia pelo verme. A droga é pouco absorvida pelo hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre diretamente no trato gastrointestinal. A fração Mateus Oliveira - UniFG 4 absorvida é metabolizada no fígado, tendo uma vida média de aproximadamente nove horas. Após este período é excretada com a bile através dos rins. Mebendazol: é um outro derivado dos benzimidazóis com ampla e efetiva atividade anti-helmíntica. É encontrada sob a firma de comprimidos de 100 e 500mg e também em suspensão oral de 100mg/5ml. O mecanismo de ação de mebendazol é o mesmo descrito para o albendazol. A dose única de 500mg mostrou alta efetividade contra a ascaridíase e outras parasitoses intestinais. A absorção da droga é pequena, mas pode ser aumentada pela ingestão de alimentos gordurosos. É metabolizada predominantemente no fígado e sua excreção pode ocorrer pela bile e urina. Usualmente a maior parte da droga é encontrada inalterada nas fezes, o que explica sua excelente atividade contra os helmintos intestinais. O tratamento com mebendazol alcança níveis de cura entre 93,8% e 100% e taxas de redução de ovos de 97,9% a 99,5%. ➔ Trichuris trichiura Epidemiologia A infecção de T. trichiura tem distribuição cosmopoli- ta, sendo estimado cerca de 1 bilhão de pessoas infectadas no mundo, das quais, aproximadamente 350 milhões apresentam idade inferior a 15 anos e, geralmente, estão expostas a infecções com alta carga parasitária, apresentando os quadros mais graves desta helmintose. Apesar de amplamente distribuída, a tricuríase é mais prevalente em regiões de clima quente e úmido e condições sanitárias precárias, que favorecem a contaminação ambiental e a sobrevivência dos ovos do parasito. A mais recente revisão publicada por Crompton (1999) estima que 1 bilhão e 49 milhões de pessoas estão infectadas par T. trichiura, que corresponde a cerca de 17% da população mundial. Estes dados confirmam que nos últimos 50 anos, apesar dos avanços científicos no conhecimento da associação parasito-hospedeiro e no desenvolvimento de drogas anti-helmínticas mais eficazes, a prevalência da infecção por este nematódeo intestinal não foi alterada. Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que apresentaram uma elevada taxa de crescimento populacional mas sem os investimentos necessários em saneamento e educação, as taxas de prevalência de nematódeos intestinais ainda são extremamente ele- vadas. No Brasil, inquéritos epidemiológicos com base em amostras recolhidas de cerca de 2 milhões de pessoas de diferentes estados foram realizados no final dos anos 60 pelo Departamento de Endemias Rurais. Os dados mostraram que a prevalência de tricuríase no país variava entre 35% e 39%, entretanto a variação entre diferentes regiões foi bastante grande, com taxas muito elevadas nos Estados do Norte, Nordeste e região litorânea, como Pará (68,I%), Alagoas (72%), enquanto que Goiás e Mato Grosso a prevalência foi de 2,5 e 8,9%, respectivamente. Em Minas Gerais, os dados mostram uma prevalência de 13,8%. Não temos inquéritos recentes com uma amostragem tão significativa, mas estudos regionais indicam que não houve alterações significativas no quadro apresentado. No Estado do Rio de Janeiro, um estudo realizado com crianças matriculadas em creches de Niterói mostrou 26,6% de prevalência de tricuríase, enquanto entre moradores de rua da cidade do Rio de Janeiro a prevalência foi de 32,9 %. Em São Paulo, alguns estudos realizados no interior do estado e na cidade de São Paulo, mostram uma prevalência de 1 % de tricuríase em crianças, demonstrando uma diminuição significativa na prevalência de vários helmintos intestinais nos últimos 20 anos. As variações observadas na prevalência da tricuríase confirmam as de outras parasitoses intestinais, comprovando a idéia que a grande maioria dessas doenças não pode ser, pejorativamente, denominada "doenças tropicais", pois em uma mesma cidade ou região só acometem a população pobre, carente de serviços médicos, sanitários e educacionais. A população de melhor nível social, sanitário e educacional, na mesma cidade ou região, está livre da parasitose. Mas tem que conviver com esse grande problema, pois o desnível social afeta toda uma região! Ciclo Biológico: É do tipo monoxeno; fêmeas e machos que habitam o intestino grosso se reproduzem sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo com as fezes. A fêmea fecundada elimina de 3.000 a 20.000 ovos por dia, sugerindo uma reposição diária de 5% a 30% dos cerca de 60.000 ovos encontrados no útero. O embrião contido no ovo recém-eliminado se desenvolve no ambiente para se tomar infectante. O período de desenvolvimento do ovo depende das condições ambientais; a temperatura de 25”C, o processo de embriogênese ocorre em cerca de 21 dias, enquanto a 34°C a embriogênese ocorre em 13 dias. Em tempe- raturas abaixo de 20°C este processo pode ser bastante Mateus Oliveira - UniFG 5 retardado; por exemplo, T. suis, parasito de suínos, cujos ovos embrionam em cerca de 37 dias a 25”C, levam de 434 a 630 dias para completar sua embriogênese no sudeste da Inglaterra, onde a temperatura do solo varia de 4 a 20°C. Temperaturas muito elevadas (acima de 52°C) ou muito baixas (- 9 “C) não permitem o desenvolvimento dos ovos de T.trichiura, apesar de não necessariamente matar o embrião. Da mesma maneira que Ascaris lumbricoides, os ovos de T. trichiura são muito sensíveis a dessecação, não sobrevivendo por mais de 15 dias quando a umidade relativa é menor que 77%. Entretanto, em condições ambientais favoráveis, os ovos de T. trichiura contendo as larvas infectantes podem permanecer viáveis por longo período de tempo. Os ovos infectantes podem contaminar alimentos sóli- dos e líquidos, podendo, assim, serem ingeridos pelo homem. As larvas de T trichiura eclodem através de um dos poros presentes nas extremidades do ovo, no intestino delgado do hospedeiro. Estudos in vitro indicam que o processo de eclosão das larvas do parasito é estimulado pela exposição sequencial dos ovos aos componentes do suco gástrico e do suco pancreático. O desenvolvimento das larvas de Trichuris em humanos nos primeiros dias após a eclosão ainda é bastante controverso. A maioria dos autores relata que as larvas inicialmente penetram no epitélio da mucosa intestinal na região duodenal, pela base das criptas de Lieberkühn, permanecendo nesta localidade por cinco a dez dias, e posteriormente estas larvas ganham a luz intestinal e migram para região cecal onde completam seu desenvolvimento. A permanência das larvas no duodeno do hospedeiro foi inicialmente descrita em infecção experimental de T vuípis em cães, utilizando- se uma grande quantidade de ovos para a infecção dos animais; portanto, alguns autores discutem a relevância fisiologia da presença das larvas no duodeno e sua existência em infecções humanas. Estudos histológicos revelam que as larvas de Trichuris sp. Podem penetrar na mucosa em várias regiões do intestino, mas esta penetração ocorre principalmente no intestino grosso, e não foram encontradas evidências de que as larvas que penetram no duodeno completam seu desenvolvimento, ou mesmo que ocorra uma posterior migração das larvas do duodeno para o intestino grosso. Na região do ceco, as larvas migram por dentro das células epiteliais, em direção do lúmen intestinal, formando túneis sinuosos na superfície epitelial da mucosa. Durante este período as larvas se desenvolvem em vermes adultos, passando pelos quatro estágios larvais típicos do desenvolvimento dos nematódeos; ocorre a diferenciação dos esticócitos na região esofãgiana, e do órgão genital na porção posterior para a junção do esôfago com o intestino. O crescimento e desenvolvi- mento dos vermes levam ao rompimento das células epiteliais e a exposição da porção posterior do corpo de T. Trichiura à luz intestinal do hospedeiro. Apenas uma pequena parte (5-22 %) dos ovos infectan- tes de T. trichiura ingeridos completa o desenvolvimento até vermes adultos. Estima-se que o período pré-patente da tricuríase no homem, tempo entre a infecção até a eliminação dos ovos pelas fezes do hospedeiro, é de aproximadamente 60-90 dias. Transmissão Os ovos de T. trichiura eliminados com as fezes do hospedeiro infectado contaminam o ambiente, em locais sem saneamento básico. Como os ovos são extremamente resistentes as condições ambientais, podem ser disseminados pelo vento ou pela água e contaminar os alimentos sólidos ou líquidos, sendo, então, ingeridos pelo hospedeiro. Ovos de T. trichiura também podem ser disseminados por moscas domésticas, que transportam os ovos na superfície externa do corpo, do local onde as fezes foram depositadas até o alimento. Em algumas áreas de alta prevalência de tricuríase tem sido demonstrada que a prática de geofagia é muito frequente, principalmente entre crianças e mulheres grávidas, sendo esta uma importante fonte de infecção, especialmente em algumas regiões da África, Índia e América Latina. Mateus Oliveira - UniFG 6 DIAGNÓSTICO Clínico O quadro clínico associado a tricuríase não é especifi- co, portanto deve ser confirmado com o diagnóstico laboratorial. Laboratorial O diagnóstico específico da tricuríase é geralmente rea- lizado pela demonstração dos ovos do parasito nas fezes. Conforme foi discutido, ovos de T. trichiura apresentam morfologia bastante característica (Fig. 34.2B) e são produzidos e eliminados nas fezes do hospedeiro em quantidades relativamente elevadas, facilitando o diagnóstico parasitológico pelos métodos de exame de fezes de rotina. Para estudos epidemiológicos em áreas endêmicas, o método mais utilizado para o diagnóstico é o método de Kato-Katz, que permite uma avaliação qualitativa e quantitativa da infecção. Recentemente, tem sido relatada na literatura a possibilidade de visualizar vermes adultos de T. trichiura em exames de colonoscopia ou anoscopia. TRATAMENTO T. trichiura tem se mostrado menos susceptível a ação de anti-helmínticos que A. lumbricoides, provavelmente devido a sua localização no intestino grosso e reto que dificulta o acesso da medicação. Benzoilmidazóis, como albendazol e mebendazol, são as drogas mais eficientes no tratamento da tricuríase humana. Dados epidemiológicos indicam que estes medicamentos são igualmente eficientes na expulsão do parasito. Para o tratamento de pacientes sintomáti- cos, em geral recomenda-se o uso de mebendazol 100mg, duas vezes ao dia por três dias consecutivos ou albendazol, 400mg em dose única. Horton (2000) mostra que os efeitos colaterais associados ao uso de albendazol são pouco frequentes, ocorrendo em cerca de 1 % dos casos, além disto, a maioria dos efeitos colaterais relatados, como tonturas, dores abdominais, vômitos, náuseas, também são frequentes na população infectada. Por outro lado, a eficácia do albendazol na cura dos pacientes com tricuríase foi muito baixa, comparada com outros helmintos. De um total de 4.301 pacientes avaliados, nos 57 estudos que foram revistos pelo autor, somente 47,7% ficaram livres da infecção. A porcentagem de cura foi ainda menor (27,9%) quando somente crianças (5-15 anos) foram avaliadas. Entretanto, a redução no número de ovos do parasito eliminados nas fezes dos pacientes não- curados foi de 75,4%. Estudos epidemiológicos em área de alta prevalência de tricuríase têm indicado que esta redução na intensidade da infecção produz uma significante melhoria na sintomatologia associada as infecções intensas, justificando o uso de quimioterapia em massa para tratamento de crianças que vivem em áreas de alta prevalência. Mais recentemente foi testada a eficácia de dietilcarbamazina (6mglkg de peso corpóreo), albendazole (400mg) ou de ivermectina 200mg/kg), isoladamente ou em combinações, para o controle de Ascaris e Trichuris em crianças. Os estudos demonstraram que a associação de albendazol com ivermectina foi mais eficaz na cura dos pacientes infectados por t. trichiura (65,1%) que cada droga isoladamente (31,5 e 35,1% para albendazol e ivermectina, respectivamente). A combinação dessas drogas também foi mais eficiente na redução da intensidade da infecção nos pacientes não curados. ➔ Ancylostoma duodenale e Necator americanos Ancylostomidae é uma das mais importantes famílias de Nematoda cujos estágios parasitários ocorrem em mamíferos, inclusive em humanos, causando ancilostomose. A ação dos parasitos, tanto por etiologia primária como secundária, geralmente desencadeia um processo patológico de curso crônico, mas que pode resultar em consequências até fatais. Dentre mais de 100 espécies de Ancylostomidae des- critas, apenas três são agentes etiológicos das ancilos- moses humanas: Ancylostoma duodenale (Dubini, 1843), - Necator americanus (Stiles, 1902) e Ancylostoma ceyla- nicum (Loss, 191 1). As ancilostomoses humanas, geralmente negligenciadas, têm grande importância no contexto universal, pois foi estimado que cerca de 900 milhões de pessoas são parasitadas por A. duodenale e N. amencanus, e que destapopulação, \ 60 mil morrem, anualmente. Os ancilostomídeos têm ampla distribuição geográfica. O A. duodenale, considerado como o ancilostoma do Velho Mundo, é predominante em regiões temperadas, embora ocorra também em regiões tropicais, onde o clima é mais temperado. O N. americanus, conhecido como ancilostoma do Novo Mundo, ocorre em regiões tropicais, onde predominam temperaturas altas. A coexistência de Mateus Oliveira - UniFG 7 ambas as espécies pode ocorrer em uma mesma localidade, mas, geralmente, uma delas sobrepuja a outra Epidemiologia O entendimento da epidemiologia da ancilostomose por A. duodenale ou N. americanus, requer necessariamente que se tenha conhecimento sobre os componentes da cadeia epidemiológica: parasito, transmissão, hospedeiro e ambiente. Algumas informações conhecidas merecem especial atenção: a) A ancilostomose ocorre preferencialmente em crianças com mais de seis anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos, independente de sexo. Neles, os parasitos podem sobreviver por até 18 anos. Nos pacientes o A. duodenale e o N. americanus produzem em média, diariamente, 22 mil e 9.000 ovos, respectivamente. A. duodenale pode ter seu desenvolvimento interrompido no hospedeiro, e o período de pré-patência alcançar mais de oito meses. b) Na natureza, os ovos dos parasitos não se desenvol- vem bem em umidade inferior a 90% e os raios ultravioletas, do sol, são letais para a embrionia. O solo arenoso, permeável, que preserva mais umidade e aeração, quando é rico em matéria orgânica, favorece bem o desenvolvimento dos estágios de vida livre, como em locais úmidos próximos ao peridomicílio. A temperatura é outro fator limitante para o desenvolvimento e a sobrevivência de ovos e larvas, por isso o A. duodenale e o N americanus têm distribuição geográfica preferencial para locais temperados e tropicais, respectivamente. As L3 podem permanecer viáveis por várias semanas em um microambiente favorável. Já em regiões de clima semi-árido, os ancilostomídeos e outros geoelmintos não se desenvolvem no solo. Embora muitas informações sejam conhecidas sobre a vida dos parasitos dentro e fora do hospedeiro, é imprescindível que se conheça o máximo sobre os componentes da cadeia epidemiológica quando se pretende estudar a ancilos- tomose em uma região ou área, com os objetivos precípuos de controlar a enfermidade. No Brasil, a ancilostomose é mais freqüente por N. americanus e sempre foi motivo de muita preocupação, até mesmo pelo célebre Monteiro Lobato quando, em 1919, referindo-se aos dois terços da população brasileira, mencionou: "17 milhões são caricaturas derreadas no físico e no moral pela ancilostomíase; Os mais recentes inquéritos coprológicos feitos no Brasil, na década de 80, permitiram avaliar como ainda permanece alarmante, em algumas regiões, a presença de ancilostomídeos. A Tabela 30.1 foi feita segundo esses inquéritos. Estes dados continuam alarmantes, denunciando que ainda não existe um programa de iniciativa pública para o controle da ancilostomose no país CICLO BIOLÓGICO Os ancilostomídeos, como muitos outros nematóides parasitos, apresentam um ciclo biológico direto, não necessitando de hospedeiros intermediários. Durante o desenvolvimento, duas fases são bem definidas: a primeira, que se desenvolve no meio exterior, é de vida livre, e a segunda, que se desenvolve no hospedeiro definitivo, obrigatoriamente de vida parasitária. Os estágios de vida livre das três espécies de ancilos- tomídeos têm caracteres morfológicos distintos, e, também, diferentes comportamentos biológicos, em função das condições climáticas envolvidas. Os ovos dos ancilostomídeos depositados pelas fêmeas (após a cópula), no intestino delgado do hospedeiro, são eliminados para o meio exterior através das fezes. No meio exterior, os ovos necessitam de um ambiente propício, principalmente boa oxigenação, alta umidade (> 90%) e temperatura elevada. São condições indispensáveis para que se processe a embrionia, formação da larva de primeiro estádio (L1), do tipo rabditóide, e sua eclosão. No ambiente, a L1, recém- eclodida, apresenta movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria orgânica e microrganismos (por via oral), devendo, em seguida, perder a cutícula externa, após ganhar uma nova, transformando-se em larva de segundo estádio (L2), que é também do tipo rabditóide. Subsequentemente, a L2, que também tem movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria orgânica e microrganismos, começa a produzir uma nova cutícula, internamente, que passa a ser coberta pela cutícula velha (agora cutícula externa) passando então a se transformar em larva de terceiro estádio (L3), do tipo filarióide, denominada larva infectante. A L3, por apresentar uma cutícula externa que oblitera a cavidade bucal, não se alimenta, mas tem mo- vimentos serpentiformes que facilitam a sua locomoção. A L3, é a única forma dos ancilostomídeos infectante para o hospedeiro. Em ambiente de boa oxigenação (os ovos não se desenvolvem no interior Mateus Oliveira - UniFG 8 das fezes), umidade alta (> 90%), e temperaturas de 2 1 a 27°C para A. duodenale e de 27 a 32”C, para N. americanus, ocorre o desenvolvimento dos estádios de vida livre. Em tais condições, forma-se a L1, no ovo e ocorre a eclosão em 12 a 24 horas; a L1, se transforma em L2, em três a quatro dias; e a L2 muda para L3, após cinco dias. A infecção pelos ancilostomídeos para o homem só ocorre quando as L3, (larva filarióide ou infectante) penetram ativamente, através da pele, conjuntiva e mucosas, ou passivamente, por via oral. Quando a infecção é ativa, as L3, ao contatarem o hospedeiro, são estimuladas por efeitos térmicos e químicos, ini- ciam o processo de penetração, escapando da cutícula externa, e, simultaneamente, ajudadas pelos seus movimentos serpentiformes, de extensão e contração, começam a produzir enzimas, semelhantes a colagenase, que facilitam o seu acesso através dos tecidos do hospedeiro. A penetração dura cerca de 30 minutos. Da pele, as larvas alcançam a circulação sanguínea e/ou linfática, e chegam ao coração, indo pelas artérias pulmonares, para os pulmões. Atingindo os alvéolos, as larvas migram para os bron- quíolos, com auxílio de seus movimentos, secreções e cílios da árvore brônquica. Dos brônquios atingem a traquéia, faringe e laringe quando, então, são ingeridas, alcançando o intestino delgado, seu hábitat final. Durante a migração pelos pulmões, que dura de dois a sete dias, a larva perde a cutícula e adquire uma nova, transformando-se em larva do quarto estádio (L4). Ao chegar no intestino delgado, após oito dias da infecção, a larva começa a exercer o parasitismo hematófago, fixando a cápsula bucal na mucosa do duodeno. A transformação da L4 em larva de quinto estádio (L5) ocorre aproximadamente 15 dias após a infecção, e a diferenciação de L5 em adultos ocorre após 30 dias da infecção. Os espécimes adultos, exercendo o hematofagismo, iniciam a cópula, seguida de postura. O período de pré-patência, isto é, desde o momento da penetração das L3, até a eliminação dos ovos dos ancilostomídeos pelas fezes, varia entre 35 e 60 dias para A. duodenale, de 42 a 60 dias para N. americanus e de 21 a 35 dias para A. ceylanicum. Quando a penetração das L3, é por via oral, principalmente através de ingestão de alimentos ou água, as L3 perdem a cutícula externa no estômago (por ação de suco gástrico e pH) depois de dois a três dias da infecção, e migram para o intestino delgado. A altura do duodeno, as larvas penetram na mucosa, atingindo as células de Lieberkühn, onde mudam para L4, após cerca de cinco dias da infecção. Em seguida, as larvas voltam a luz do intestino, se fixam a mucosa e iniciam o repasto sanguíneo, devendodepois mudar para L5, no transcurso de 15 dias da infecção. Com a diferenciação de L5, em adultos, a cópula tem início e os ovos logo em seguida começam a ser postos, sendo eliminados através das fezes. Quando a infecção é oral, os períodos de pré-patência para A. duodenale e N. americanus são similares. DIAGNÓSTICO Diagnóstico clínico individual baseia-se na anam- nesse e na associação e sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, seguidos ou não de anemia. Em ambos os casos o diagnóstico de certeza será alcançado pelo exame parasitológico de fezes. Os exames de fezes, por método qualitativo que indica ou não presença de ovos de ancilostomídeos, são feitos pelos métodos de sedimentação espontânea (Hoffman, Pons e Janner), de sedimentação por centrifugação (Blagg e cols., método de MIFC), e de flutuação (Willis). Para se avaliar o grau de infecção do Mateus Oliveira - UniFG 9 paciente, usa-se o método quantitativo de Stoll, cujo resultado expressa o número de ovos dos parasitos por grama de fezes (OPG – ver Capítulo 56). Os métodos utilizados para exame de fezes não permitem identificar nem o gênero ou espécies do agente etiológico da ancilostomose, pois os ovos dos ancilostomídeos são morfologicamente muito semelhantes. Em casos de constipação intestinal ou em fezes emitidas há algum tempo, torna-se necessário fazer a verificação e distinção das larvas para dirimir suspeitas de infecção pelo S. stercoralis (Fig. 30.4). Através de exame por método de coprocultura, utilizado para obtenção de L3, é possível se fazer, além do diagnóstico genérico, o específico para A. duodenale e N. americanus, e também quantificar o nível de infecção do paciente, ela contagem de L3, por grama de fezes. O método de coprocultura mais utilizado é o de Harada & Mori (ver Capitulo 57). O diagnóstico quantitativo e específico também pode ser feito post-mortem. Até o presente, vários testes imunológicos, sorológicos (precipitação, hemaglutinação, fixação de complemento, difusão em gel, floculação de látex, imunofluorescência, fixação de complemento, ELISA) evidenciam reações mediadas por antígenos dos vermes, mas não têm sido utilizados na prática. A intradermorreação, que induz uma hipersensibilidade imediata, cuja área de reação é diretamente proporcional em nível de infecção do paciente, pode ser útil numa campanha profilática. Entretanto, apresenta um grande inconveniente: dá resultados falso-positivos em indivíduos tratados. TRATAMENTO A terapêutica, que também é uma medida de controle, do tipo curativo, só deve ser recomendada para indivíduos que apresentam diagnóstico parasitológico de ancilostomose, através de exame de fezes. A terapia medicamentosa, tanto individual como coletiva, com base no tratamento halopático, utiliza vários anti- helmínticos ou vermífugos de amplo espectro, capazes de matar diferentes espécies de helmintos, os quais são eliminados nas fezes do hospedeiros. Atualmente, o uso de vermífugos a base de pirimidinas (pamoato de pirantel) e de benzimidazóis (mebendazol e albendazol) têm sido os mais indicados. Estes últimos são mais eficientes: O pamoato de pirantel mata os parasitos, através de bloqueio neuromuscular, por antagonismo colinérgico, provocando paralisia muscular, enquanto o mebendazol e o albendazol interferem na síntese da molécula de tubulina, causando destruição na estrutura de microtúbulos de diferentes células (provocam degeneração nas células do tegumento e do intestino do parasito). O uso dos referidos anti-helmínticos deve ser praticado sob recomendação e orientação médica, pois os produtos apresentam certos efeitos colaterais, particularmente o albendazol, que é contra-indicado durante a gestação. Em certas situações, dependendo da gravidade a ancilostomose, além de uso da terapêutica medicamentosa, o paciente deve receber uma alimentação suplementar, diária rica em proteínas e, especialmente, em Fe. O tratamento com sulfato ferroso pode ser também indicado, dependendo do grau da anemia. Uma vez administrado um anti- helmíntico, é importante o acompanhamento laboratorial do paciente para se recomendar um segundo tratamento, após 20 dias do primeiro. Esta conduta é preconizada porque os vermífugos não matam as larvas que estão nos pulmões e os pacientes podem contribuir para contaminação de fontes de infecção, e até mesmo se reinfectar. Mesmo diante do sucesso do tratamento medicamentoso e dietético, é imprescindível que se ensine ao paciente as medidas de controle preventivo, para que ele não venha logo em seguida a se reinfectar. Obj2- Identificar as parasitoses com ciclo pulmonar (Síndrome de Loeffler). A Síndrome de Loeffler é caracterizada por se tratar de uma pneumonia eosinofílica considerada transitória gerada por helmintos que possuem seu ciclo relacionado às vias respiratórias, de evolução clínica benigna, acometendo indivíduos de qualque faixa etária, “tendo como quadro a lesão pulmonar por infiltrados associados à eosinofilia sanguínea e/ou no escarro, sendo uma entidade clínica rara e de maior incidência no sexo feminino” (ZILLE et al., 2002). Segundo NAPOLI e NAPOLI (2021, p. 01) os principais helmintos que causam a síndrome são: Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis e Ascaris lumbricoides, destacando-se o último pois o contato se inicia com a ingestão dos ovos encontrados em alimentos contaminados ou na água, no intestino delgado, os ovos se transformam em larvas, as quais penetram as paredes do intestino, e em decorrência dessa passagem, atingem a circulação se Mateus Oliveira - UniFG 10 disseminando para os pulmões, gerando, então, a Síndrome de Loeffler. QUADRO CLÍNICO Para Alves, Sanches e Souza (2012, p. 03) clinicamente, a Síndrome é caracterizada por um quadro autolimitado, de 1 a 2 semanas. A tosse seca é o sintoma mais comum, podendo estar acompanhada de febre baixa, dispnéia do tipo asmatiforme, tendo também, mais raramente hemoptise, mialgia, anorexia e urticária. Os sintomas aparecem de 10 a 16 dias após a infecção se iniciar, o exame físico pode ser normal ou com a presença de sibilos e crepitações finais na ausculta pulmonar. Ademais, Zille et. Al (2002, p. 283), os pacientes apresentam sintomas alguns meses antes do correto diagnóstico, sendo eles: dispnéia progressiva, tosse, febre baixa, fadiga, sudorese noturna e ínfima perda de peso, na qual a tosse é inicialmente seca e com o progresso da patologia tende a se tornar mucóide, sintoma quase universal, dispnéia geralmente leve ou moderada e a hemoptise e os sinais extrapulmonares não são comuns. Por fim, Lopes et al. (2005, p. 327) destaca a presença de desconforto retroesternal e se observa pneumonia franca e bronquiectasias. 2.2 FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME Sendo descrita primariamente por Loeffler em 1932, a síndrome é extremamente relacionada às infecções parasitárias, representando uma pneumonia eosinofílica transitória, decorrente da migração pulmonar das larvas dos parasitas , com destaque para os helmintos. Geralmente possui evolução clínica benigna, formando sombras de variados tamanhos e formas nos exames de imagem dos pulmões, podendo afetar todos os lóbulos. A Síndrome possui como marco inicial a ingestão dos ovos dos vermes presentes nos alimentos e líquidos contaminados, os quais chegam ao intestino e migram para a circulação portal, tornando-se um problema sistêmico, alcançando, na síndrome, os pulmões, fazendo com que o verme se transforme em larva para completar seu ciclo de vida, e ao deglutir o escarro contaminado, ocorre a auto infecção em um ciclo infinito. Segundo Alves, Sanches e Souza (2012, p. 3) da ingesta até a maturação do verme adulto e eliminação dos ovos se passam de 18 a 42 dias, tendosintomas notáveis na primeira semana da infecção parasitária, a tosse seca é o principal sintoma, podendo ser acompanhada de febre baixa e dispnéia, tomando mais intensidade por volta do décimo sexto dia após o marco da infecção, sendo assim, é importante a avaliação social e temporal para a confecção de um diagnóstico embasado e correto, tendo no exame físico poucas alterações, como os sibilos e crepitações nas auscultas pulmonares. Obj3- Relacionar os fatores socioambientais à ocorrência de verminoses e infecções cutâneas. As infecções parasitárias dos intestinos, de acordo com as prevalências segundo as quais são evidenciadas, refletem com boa margem de segurança as condições de vida de diferentes comunidades. Influem, no sentido de que elas ocorrem com intensidades variáveis, fatores expressivos exemplificados especialmente por saneamento básico, educação inclusiva especificamente para a saúde, habitação e higiene alimentar, que, quando existem formas seguras, coibem a expansão dessas parasitoses. Água ou alimentos e contato desprotegido com o solo permitem comumente as contaminações, precisando então merecer atenções prioritárias. Obj5- Identificar as formas de prevenção de verminoses. Para Maranhão (2009) parasitoses intestinais representam um sério problema de saúde pública, onde são considerados como indicadores de saúde o nível sócio econômico, as condições precárias de saneamento básico e os hábitos de higiene inadequados. Embora os determinantes sociais sejam relevantes, e na maioria das parasitoses os autores afirmam que a forma de transmissão é por meio de alimentos, água, solo, o tipo de cuidado é muito significativo na prevenção de agravos decorrentes desse tipo de doença. Enquanto não se pode tomar medidas que solucio- nem definitivamente o controle ou erradicação da ancilostomose, algumas recomendações mesmo que não consigam quebram um dos elos da cadeia epidemiológica, podem atenuar a incidência e prevalência das enfermidades. Dentre elas, destacam- se: dar destino seguro as fezes humanas (privadas e fossas); lavar sempre as mãos antes das refeições; lavar os alimentos que são consumidos crus; beber água fil- trada ou previamente fervida; incorporar uma suplementação de proteínas e Fe a dieta diária; usar calçados e luvas ao frequentar locais ou manipular objetos contaminados; aplicar anti-helmíntico nos pacientes. Estas medidas, naturalmente, são também efetivas contra outras parasitoses REFERÊNCIA: PARASITOLOGIA HUMANA, Neves, 11°Ed
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