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gestão empresarial Sociedade, Tecnologia e inovação Tecnológica CiênCia, teCnologia e soCiedade 9 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final desta unidade você deve conseguir entender as relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade. Irá também compreender como a ciência pode ajudar no desenvolvimento das tecnologias e de que forma as tec- nologias e a ciência podem ser usadas em benefício da sociedade. COmpetênCias Utilizar o conhecimento científico (a ciência) em favor do desenvolvimento de tecnologias que propiciem melhor qualidade de vida para a sociedade, auxiliando na inte- gração entre a universidade (onde se faz ciência) e a sociedade (que utiliza a ciência). Habilidades Desenvolver comportamentos que auxiliem na integra- ção entre a universidade e a sociedade, em um processo de compartilhamento e troca de informações. Sociedade, Tecnologia e inovação Tecnológica CiênCia, teCnologia e soCiedade ApresentAção Neste momento da disciplina, vamos refletir sobre as rela- ções entre a ciência, a tecnologia e a sociedade. Nosso obje- tivo será o de compreender como a ciência pode ajudar no desenvolvimento das tecnologias. Por outro lado vamos ten- tar entender também de que forma podemos usar as tecno- logias e a ciência em benefício da sociedade. Vamos verificar que o conhecimento científico – ou seja, a ciência – pode ser usado para o desenvolvimento de tec- nologias que propiciem melhorias na qualidade de vida da sociedade. Este deveria ser o objetivo mais importante de todo trabalho científico. Em geral, as pesquisas e as desco- bertas científicas são feitas por pesquisadores e estudiosos que trabalham nas universidades. Na atualidade, precisa- mos cada vez mais que haja a integração entre a universida- de (onde se faz ciência) e a sociedade (que utiliza a ciência), a fim de garantir melhores condições de vida para todos os cidadãos. As novas tecnologias auxiliam não apenas nas pesquisas e descobertas científicas, mas na divulgação das mesmas para a sociedade, contribuindo para que ocorra essa integração entre universidade e sociedade. Estes são os temas que estarão presentes em nossas re- flexões e debates na unidade. Confira! pArA começAr Você consegue se imaginar em um mundo onde não exis- tam televisão, celular, carro, computador e internet? Difícil, não é? Difícil até de imaginar... Porém, a humanidade viveu dessa forma durante milha- res de anos... Não fique nervoso: não estamos sugerindo voltar no tem- po, ignorar as tecnologias atuais, só a forma como essas tecnologias se desenvolveram, através da ciência. As relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade preocupam há muitos anos os governos, as instituições pú- blicas e a sociedade em geral. Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica / UA 09 Ciência, Tecnologia e Sociedade 4 Como toda atividade humana, a ciência pode ser descrita como “do bem“ ou “do mal”, “para o bem” ou “para o mal”, e tem influência direta na vida das pessoas. Mas afinal, o que é fazer ciência? Como a ciência pode gerar novas tec- nologias? Como esse processo influencia a vida das pessoas? Desde que teve início a Revolução Industrial, no século XVIII, estamos enfrentando mudanças constantes na vida em sociedade. Você acha que os avanços da ciência, como o “sequenciamento do ge- noma humano” ou “a criação de uma forma de vida artificial”, têm alguma influência em seu dia a dia? Pois então... Esta unidade irá tratar, justamente, de assuntos interes- santes que têm muito a ver com nossa vida em sociedade. FundAmentos Vamos entender como tudo começou. A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Podemos dividir o processo de industrialização mundial em três etapas. → 1760 a 1850 – A Revolução era restrita à Inglaterra, a "oficina do mundo". Predomina a produção de bens de consumo, de forma es- pecial, os têxteis, e o uso da energia a vapor. → 1850 a 1900 – A Revolução alastra-se por toda a Europa, a América e a Ásia. Aumenta a concorrência. A indústria de bens de produção (máquinas) cresce, as ferrovias se desenvolvem. Aparecem novas formas de energia: hidrelétrica e derivada do petróleo. Há revolução nos transportes, com a invenção do barco e da locomotiva a vapor. → 1900 até hoje – Aparecem conglomerados industriais e multinacio- nais. Há automatização da produção. Desenvolve-se o conceito de produção em série. O surgimento e o desenvolvimento dos meios de comunicação proporcionam a explosão do consumo. As indús- trias – química e eletrônica; assim como a engenharia genética, a robótica, artesanato, manufatura e maquinofatura – se desenvol- vem rapidamente. A Revolução Industrial promoveu a concentração dos trabalhadores em fábricas, o que proporcionou uma séria transformação no caráter do tra- balho. De um lado ficaram o capital e os meios de produção (instalações, Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica / UA 09 Ciência, Tecnologia e Sociedade 5 máquinas, matéria-prima); de outro, o trabalho. Os operários passaram a ser assalariados dos donos do capital – os capitalistas. Com a Revolução Industrial houve o desenvolvimento urbano e mudan- ças drásticas na vida dos trabalhadores que, quando eram artesãos, tinham controle sobre seu ritmo de trabalho. Agora, nas indústrias, tinham que se submeter às regras destas. Houve também mudança no gênero, as mulhe- res ocupando postos na indústria têxtil, crianças começando a trabalhar cada vez mais cedo, sem estrutura para saúde de todos estes trabalhado- res em funções novas. Houve redução no salário com a mecanização e o desemprego, levando muitos ao alcoolismo, violência e outros problemas sérios. Esta exploração extrema gerou conflitos e resistências. Os trabalha- dores se uniram, quebraram máquinas, fizeram greves, se organizaram, formaram sindicatos. No decorrer do século 20, muitos direitos foram con- quistados, proporcionando melhores condições de trabalho e, também, leis para proteger os trabalhadores. Neste contexto, surgem as preocupações em torno das implicações da ciência e tecnologia na vida da sociedade. Desde a Revolução Industrial se estuda esta relação. Atualmente, o progresso tecnológico - sob a direção das comunidades científicas e tec- nologicamente produtivas - tem provocado mudanças profundas na so- ciedade, principalmente pelo fato de que a economia é responsável por alimentar as bases do conhecimento. As tecnologias desenvolvem-se cada dia mais, juntamente com reflexões a respeito de sua interação com a ciência e suas implicações na vida da sociedade. Para entendermos essas relações, precisamos entender várias áreas e temáticas, como: → Ciência, tecnologia e valores; → Educação para ciência; → Comunicação, participação e compreensão pública da ciência, da tecnologia e da inovação; → Ciência e ética; → Ciência e gênero; → Sociedade do conhecimento e sociedade de risco; → Mudança tecnológica e desenvolvimento sustentável; → Indicadores de ciência, tecnologia, inovação e sociedade; → Organização social da ciência e da tecnologia, estruturas organiza- cionais em instituições de pesquisa; → Políticas e gestão de ciência, tecnologia e inovação. Os estudos que se desenvolvem no campo da Ciência, Tecnologia e So- ciedade (CTS) visam a compreensão da dimensão social da ciência e Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica / UA 09 Ciência, Tecnologia e Sociedade 6 tecnologia. Os principais objetivos desses estudos são: melhorar os mo- delos de comunicação da ciência, aperfeiçoar as técnicas didáticas e os conteúdos do ensino da ciência e da tecnologia, descobrir novos formatos de participação pública em matéria de ciência e tecnologia. Esses estudos foram divididos em períodos, de acordo com o posicio- namento da comunidade científica e da sociedade, a respeito do desen- volvimento das tecnologias (HAYASHI, 2008): → Período 1: otimismo na Ciência e Tecnologia – da década de 1940 a 1955, especialmente no períodopós-guerra, quando a confiança no poder da ciência e da tecnologia era alta, para promover o pro- gresso social. → Período 2: alerta – de 1955 a 1968. É o momento em que ocorre- ram desastres químicos e nucleares, mais a corrida armamentista que culminou com a Guerra Fria. Geraram muita preocupação, tanto no mundo dos pesquisadores como na sociedade. Houve um forte questionamento sobre as relações entre ciência e a tecnologia, e de suas consequências para a sociedade. Nesta fase surge a Ciência da Informação, após muitos investimentos na ciência. Neste período pós-guerra, surgem dois autores cujas obras, conhecidas a partir de 1962, marcam as críticas à forma de fazer ciência: → Thomas Kuhn, que se ocupou principalmente do estudo da história da ciência, abordou em sua obra A estrutura das revoluções cien- tíficas (1962) como as ciências naturais atingem o progresso cientí- fico e a evolução da ciência: gradativamente ou aos saltos. Discute a perspectiva formalista da ciência (quando ela é compreendida como atividade completamente racional e controlada) e a perspectiva his- toricista (quando é compreendida como uma atividade concreta, com características próprias para cada época na história). → Rachel Carson, bióloga e representante da reação social à ciên- cia, em sua obra Silent Spring (“Primavera Silenciosa”, também de 1962) denunciou os prejuízos que o uso do DDT e outros agrotóxicos causaram ao meio ambiente. Conseguiu provocar forte comoção na opinião pública, contribuindo para debater as questões ambientais e para formar uma consciência crítica sobre os riscos do desenvolvi- mento das tecnologias. Sua obra é considerada um marco mundial relevante, quanto à necessidade de atitudes para proteção do meio ambiente. Ela conseguiu promover a consciência de que a ciência e outras atividades desenvolvidas pelo homem podem destruir o Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica / UA 09 Ciência, Tecnologia e Sociedade 7 ambiente em que vivemos se feitas sem critérios e cuidados devidos, causando prejuízos, inclusive às gerações futuras. Carson conseguiu despertar a consciência ecológica na humanidade. A partir desses dois trabalhos, iniciaram-se debates políticos em torno da valorização da natureza e dos problemas sócioambientais e econômicos. É preciso fazer referência a outro autor, Charles Percy Snow, e à sua obra As duas culturas, na qual debate sobre a impossibilidade de co- municação entre cientistas e não-cientistas (humanistas), além de refletir sobre a revolução científica e a revolução industrial: O ponto mais importante é que as pessoas dos países industrializados estão fican- do mais ricas, e as dos países não industrializados estão, na melhor das hipóteses, estacionadas: desse modo, o fosso entre os países industrializados e os outros está crescendo a cada dia mais. Em escala mundial, é o fosso entre os ricos e os pobres. (SNOW, 1995, p.62). As preocupações de Snow com a desigualdade social provocaram, ao lon- go do século XX, profundas mudanças na imagem acadêmica e social da ciência e tecnologia (HAYASHI, 2008). A partir de 1968, tiveram início diversos debates sobre a imagem que herdamos da ciência e da tecnologia, acompanhados de críticas aos seus impactos negativos para a sociedade. Tudo isso possibilitou que, nos dias atuais, surgisse uma nova visão das relações entre ciência e tecnologia, visando privilegiar os benefícios para a sociedade. Para resumir, desenvolveram-se assim os estudos de ciência, tecnolo- gia e sociedade (CTS), que possuem caráter interdisciplinar, uma vez que abrangem diversas disciplinas, e estendem-se por diversos contextos: científico, social, político e econômico, com preocupações éticas, ambien- tais e culturais. Existem, no Brasil e no mundo, diversos grupos de estudo dedicados a CTS, e suas relações, sob diversas óticas, como a filosofia, a história, a sociologia, a antropologia das ciências e outras. Ainda há a pre- ocupação com o desenvolvimento sustentável, englobando assuntos como impactos da tecnologia sobre o trabalho, emprego, meio ambiente, etc. Não é simples, para uma parte expressiva da sociedade, entender o significado da ciência e da tecnologia, nem de suas implicações sobre a própria vida. Neste sentido, os estudos em CTS mostram-se produtivos e ajudam a refletir sobre a articulação entre essas áreas, de forma a promo- ver o desenvolvimento sustentável em coerência com o bem-estar social. antena pArAbólicA Como a ciência e a tecnologia interferem em sua vida? Olhe a sua volta e pense como seria a sua vida sem a maioria dos recursos tecnológicos que utilizamos no nosso dia a dia. Um grande pensador americano, chama- do Marshall McLuhan, afirmou que a tecnologia fica invi- sível à medida que nos acostumamos com ela. O fogão a gás, a geladeira, o telefone, o rádio, a televisão... são exemplos de tecnologias que demandaram estudos cien- tíficos e um desenvolvimento tecnológico muito grande na época em que foram criados. Hoje em dia tornaram- -se “invisíveis” como tecnologias, ou seja, já nos acostu- mamos tanto com suas funcionalidades em nossas vi- das que nem saberíamos direito viver sem elas, não é mesmo? Mas existem tecnologias ainda mais novas, que surgem a cada momento e que nos entusiasmam e nos desafiam. Você conhece algumas delas? Quais os avanços tecnológicos atuais que o desafiam e que você gostaria de aprender mais sobre eles, se “acostumar” com o uso deles? Pense nisso e discuta o tema com seus colegas no fórum. e AgorA, José? Você conseguiu ter uma visão sobre como a ciência pode ter influência na sociedade, contribuindo para a melho- ria da educação e o conhecimento de forma sustentável. Na próxima unidade, será convidado a refletir sobre a educação e o conhecimento: como acontecem esses processos num mundo onde as tecnologias evoluem a cada dia, a partir do desenvolvimento da ciência. Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica / UA 09 Ciência, Tecnologia e Sociedade 9 glossário Ciência: processo para aquisição de conheci- mento por meio de pesquisas e métodos científicos. Refere-se também ao corpo or- ganizado de conhecimentos obtidos por meio dessas pesquisas. Tecnologia: “tudo aquilo que criamos: litera- tura, pintura, música, bibliotecas, as leis, e assim por diante. Os milhares de letras de um código de computador e os milhares de letras de uma obra de Shakespeare são am- bos formas de tecnologia” (KELLY, 2007). reFerênciAs HAYASHI, M.C.P.I; HAYASHI, C.R.M. �Configuração do campo CTS no Brasil. São Carlos: UFS- Car, 2008.(Projeto de Pesquisa) HERRING, J. �Producing CTI that meets senior management’s needs and expectations. In: SCIP COMPETITIVE TECHNICAL INTELLI- GENCE SYMPOSIUM, 1997, Boston. Mana- gerialissues. Boston: SCIP, 1997. HOFFMANN, W. A. M., MIOTELLO, V. �Perspecti- vas Multidisciplinares em Ciência, Tecno- logia e Sociedade. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, 2008. KELLY, K. �“A tecnologia nos faz melhores”. In: Veja: Edição Especial – Tecnologia. São Paulo, SP: Ed. Abril, 2007. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/especiais/ tecnologia_2007/p_046.html>. PASSOS, A.� Inteligência Competitiva: como fazer IC acontecer na sua empresa. São Paulo: LCTE Editora, 2005. SNOW, C. P.� As duas culturas e uma segunda leitura. São Paulo: Edusp, 1995. TARAPANOFF, KIRA. �Inteligência organiza- cional e competitiva. Brasília: UnB, 2001. 343p. http://veja.abril.com.br/especiais/tecnologia_2007/p_046.html http://veja.abril.com.br/especiais/tecnologia_2007/p_046.html
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