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AULA 02 História e a evolução do sistema financeiro internacional

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SISTEMA FINANCEIRO DIGITAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Pollyanna Rodrigues Gondin 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Prezado aluno, nesta aula você aprenderá sobre a história e a evolução 
do sistema financeiro internacional. Mas você deve estar se perguntando: por 
que estudar a história e evolução do sistema financeiro em uma disciplina que 
trata sobre o sistema financeiro digital? Após recapitularmos alguns conceitos 
básicos, como, por exemplo, mercados monetário e de crédito, juros e sistema 
financeiro nacional, precisamos nos atentar a algumas questões históricas 
relevantes. Isso porque todo o cenário que temos atualmente foi sendo criado e 
moldado de acordo com fatos históricos ocorridos ao longo das décadas. Por 
exemplo, vamos ver que os períodos de crises e instabilidades internacionais 
estimularam de modo significativo o surgimento de inovações na área financeira. 
Assim, iniciaremos nosso estudo pelo sistema financeiro tradicional que 
ocorreu antes de 1960 e estabeleceu o Padrão Ouro internacionalmente. Após 
esse estudo, avançaremos analisando a nova ordem monetária internacional 
que foi estabelecida a partir de Bretton Woods para reconstrução e 
reestruturação econômica do pós-guerra. Já no Tema 3 dessa aula será 
abordada a evolução do sistema financeiro de 1960 até início de 1980 e o 
surgimento das primeiras inovações, como os certificados de depósitos 
bancários. Na sequência, avançaremos abordando as inovações e a dinâmica 
internacional da década de 1980, após a crise do petróleo. Por fim, analisaremos, 
no Tema 5, a desregulamentação do mercado financeiro até fim da década de 
1990, com a liberalização e o grande fluxo de capitais. 
Após conhecer e dominar sobre esse período histórico, você estará pronto 
para avançar nos estudos, entendendo toda a dinâmica e as inovações 
financeiras após a Era da Informação. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Saiba mais 
A seguir, leia um texto sobre a revolução digital no sistema financeiro. 
Febraban: revolução digital ganha espaço no mercado financeiro 
Para Portugal, o acelerado crescimento do número de dispositivos móveis, smartphones 
e tablets, as mídias sociais e a capacidade de extrair informação de grandes quantidades de 
dados não estruturados têm contribuído de forma importante para a inovação e a disseminação 
das atividades financeiras e modificado o padrão de transações e de relacionamento bancário. 
 
 
3 
“Esse novo padrão certamente traz mudanças na forma de gestão e integração dos 
riscos dos bancos, assim como traz novos e importantes desafios para os reguladores”, observou 
[Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)]. 
O sistema financeiro no mundo, especialmente no Brasil, sempre esteve na vanguarda 
do progresso e das inovações tecnológicas, explicou o presidente da Febraban. O desafio, disse 
ele, é preservar e estimular esta característica do setor, ampliando cada vez mais a quantidade 
e qualidade dos produtos à disposição dos clientes, evitando, ao mesmo tempo, os riscos que 
possam trazer. [...] 
Para ler o restante, acesse: <https://istoe.com.br/febraban-revolucao-
digital-ganha-espaco-no-sistema-financeiro/>. Acesso em: 29 ago. 2019. 
Levando em consideração o exposto, é possível perceber que toda a 
revolução digital que começou a ocorrer após o advento da Revolução da 
Informação, impactou e continua a impactar vários segmentos da vida em 
sociedade. E não seria diferente com o sistema financeiro. Assim, você deve 
estar se questionando: qual percurso de desenvolvimento do sistema financeiro 
internacional? Como a revolução da informação impactou esse movimento? E 
mais: como as instituições e as inovações desenvolvidas ao longo do tempo 
contribuíram para a dinâmica organizacional que temos atualmente baseada no 
“mundo digital”? 
Com o intuito de responder a essas e outras questões ao longo da nossa 
disciplina, iniciaremos o estudo da evolução e da história do sistema financeiro 
internacional. 
TEMA 1 – SISTEMA FINANCEIRO TRADICIONAL ANTES DE 1960 
Para estudarmos sobre o sistema financeiro é importante ter em mente 
que existem regras e critérios bem definidos, mundialmente, sendo esses aceitos 
por todos os países que participam da regulamentação do sistema econômico. 
Assim, é de suma relevância dizer que ao longo da história houve dois grandes 
esforços para definir o sistema monetário e financeiro internacional: o Padrão 
Ouro e o Sistema de Bretton Woods. Iniciaremos nossos estudos nesta aula nos 
aprofundando sobre o estabelecimento do Padrão Ouro. 
De acordo com Ferreira (2012, p. 159), o Padrão Ouro iniciou-se em 1870 
e durou até o ano de 1914. Esse padrão baseou-se na aceitação de certo número 
de países a três regras básicas: “conversibilidade das moedas nacionais em 
ouro, liberdade para movimento internacional de ouro (entrada e saída sem 
restrições) e um conjunto de regras que vinculavam as moedas em circulação 
às reservas nacionais do país”. Havia, então, uma paridade fixa entre cada 
moeda e o ouro e entre as diversas moedas simultaneamente, de modo que, os 
 
 
4 
desequilíbrios das balanças de pagamentos eram resolvidos por intermédio de 
transferências internacionais de ouro. 
Curiosidades 
O Padrão Ouro teve sua origem no uso de moedas de ouro como meio de 
troca, unidade de conta e reserva de valor1. Esse padrão, como instituição legal 
data de 1819, ano em que houve a revogação de antigas restrições sobre as 
exportações de moedas e lingotes de ouro britânicos. Sobre o Padrão Ouro, 
manter a paridade oficial entre a moeda de um país e o ouro era a principal 
missão de um banco central (Krugman; Obstefeld, 2010). 
O Padrão Ouro adotado por diversas economias possuía algumas 
vantagens e algumas desvantagens. Como vantagem, é possível citar a 
tendência à estabilização dos preços internacionais, a manutenção das taxas 
cambiais e a possibilidade de um equilíbrio automático. No entanto, esse padrão 
apresentava algumas desvantagens como: 
a distribuição desigual do ouro entre os países desenvolvidos e os em 
desenvolvimento; a atuação dos bancos centrais com a constante 
elevação das taxas de juros para atrair o capital estrangeiro e suprir os 
déficits na balança de pagamentos; a neutralização dos resultados 
comerciais com o constante movimento de capitais; e, finalmente, os 
critérios de emissão de papel moedas variáveis. (Ferreira, 2012, p. 
160) 
Em 1914, o mundo se viu diante de um cenário de grande turbulência: 
houve a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Essa guerra durou até 1918, e 
envolveu grandes economias mundiais, como o Reino Unido, a França, a 
Alemanha e a Rússia. Grande parte dos governos, nesse período de Guerra, 
passou a financiar o conflito bélico por meio da emissão de papel-moeda sem 
lastro, o que corroborou para a alta dos preços e da inflação. 
Consequentemente, houve queda do estoque de ouro em nível internacional, de 
modo que muitos países abandonaram o Padrão Ouro e passaram a estabelecer 
políticas macroeconômicas para suprir suas crises internas. O grande 
endividamento público, o crescimento da falta de credibilidade em moedas 
internacionais e o aprofundamento da deterioração econômica mundial com a 
 
1 A esse respeito é importante ter em mente que a moeda possui três funções básicas: meio de 
troca, reserva de valor e unidade de conta. A função mais importante é servir como meio de 
troca, meio de pagamento amplamente aceito. Além dessa função, a moeda serve como unidade 
de conta, sendo um instrumento pelo qual as mercadorias são cotadas, segundo os autores 
acima referenciados. A moeda também transfere valor do presente par ao futuro, sendo 
considerada uma reserva de valor (Krugman; Obstefeld, 2010). 
 
 
5 
crise de 1929 fizeram com que o Padrão Ouro fosse abandonado e, ao mesmo 
tempo, ascendeu a política keynesiana(Ferreira, 2012). 
Curiosidades 
O que foi a Crise de 1929? 
A economia capitalista, nos anos anteriores à Grande Depressão, era 
dominada pela ideologia do liberalismo, caracterizando-se por uma forte 
desregulamentação, uma menor atuação do Estado e uma presença e 
relevância maciça do mercado, com baixo controle sobre a entrada e a saída de 
dólares dos países. Dito isso, os EUA, após a Primeira Guerra Mundial, estavam 
em pleno desenvolvimento, crescendo continuamente até o ano de 1929 e 
exportando seus produtos em grandes quantidades. Durante a década de 1920, 
o consumo aumentou, as ações estavam valorizadas devido à euforia 
econômica. Os americanos, diante desse cenário próspero, adquiriram várias 
ações de empresas. Porém, no fim da década de 1920, o cenário se reverteu. A 
economia europeia, já recuperada da guerra, diminuiu suas importações. A 
indústria americana cresceu, porém o poder aquisitivo da população não, o que 
causou aumento dos estoques. Além disso, capitais europeus estavam migrando 
para a Bolsa de Nova York, mas, ao mesmo tempo, havia pouco dólar em 
circulação no mercado mundial, uma vez que o balanço de pagamentos dos 
Estados Unidos era positivo (Martins; Krilow, 2015). 
A teoria liberal foi predominante até a Crise de 1929, quando a eficiência 
do capitalismo foi amplamente questionada. Contrapondo-se totalmente à visão 
liberal, nasceu então a teoria keynesiana, afirmando a relevância da atuação do 
Estado seja na sociedade, seja na economia ou nas demais áreas necessárias. 
Esse modelo intervencionista ganhou força após a Crise de 1929, e foi adotado 
por muitas economias após a Segunda Guerra Mundial e conhecido como 
Estado do Bem-Estar Social (Welfare State). A teoria keynesiana prega a 
intervenção estatal na sociedade, na economia e em quaisquer áreas que o 
Estado julgar necessário intervir. 
Desse modo, o setor financeiro mundial passou a ser extremamente 
regulado até os anos de 1970. Dentre as regulações, pode-se citar o aumento 
dos poderes do FED (Sistema de Reserva Federal americano), o 
estabelecimento de reservas de segurança, a limitação na abertura de bancos, 
a restrição da relação entre bancos comerciais e as companhias de investimento 
 
 
6 
e a segmentação do mercado financeiro pela delimitação das áreas específicas 
de atuação (Muniz, 2010). 
Segundo Camargo (2009, p. 11), “Esse sistema de regulação e 
supervisão, implantado nos anos 1930, após, portanto, vários dos efeitos da crise 
de 1929, visava prevenir a ocorrência de crises sistêmicas, diminuindo, assim, o 
risco de colapso dos sistemas de pagamentos baseados no uso de depósitos à 
vista”. 
Foi apenas a partir de 1945, ou seja, após a Segunda Guerra Mundial, 
diante da grande liquidez internacional, que os bancos passam a atuar de modo 
menos restrito, principalmente devido à grande liquidez internacional. Entre 1930 
e 1960, o sistema financeiro pode ser caracterizado por ser: 
i) composto por instituições bancárias que tinham como fonte de 
recursos predominante a captação de depósitos a vista (haviam uma 
quantidade limitada de operações e ferramentas financeiras que 
permitiam posições menos alavancadas dos agentes financeiros); ii) 
faziam operações cobertas, ou seja, operações seguras que poderiam 
ser cobertas facilmente caso ocorresse uma mudança de expectativa 
dos agentes; iii) quantidade pequena de agentes financeiros atuando 
no sistema. (Muniz, 2010, p. 109) 
Apesar da instalação do sistema de regulação e supervisão, houve 
episódios de instabilidade no setor financeiro. Entretanto, é importante salientar 
que esse sistema de regulação e supervisão garantiu a estabilidade geral do 
sistema financeiro por um período de cinco décadas. Essa estabilidade geral, 
que perdurou por esse tempo, foi responsável por manter os sistemas financeiros 
estagnados, reduzindo os incentivos às inovações financeiras e a concorrência 
(Camargo, 2009). 
TEMA 2 – NOVA ORDEM MONETÁRIA INTERNACIONAL A PARTIR DE 
BRETTON WOODS (PADRÃO DÓLAR-OURO, GATT, FMI E BIRD) 
Após o estudo do estabelecimento do Padrão Ouro e do sistema 
financeiro tradicional até a década de 1960, avançaremos analisando a nova 
ordem internacional estabelecida a partir do Bretton Woods. Assim, Carvalho 
(2004, p. 54) afirma que o período que antecede a Segunda Guerra Mundial foi 
marcado “pelo desemprego e agitação social, nos países democráticos, ou pela 
paz dos cemitérios, sob os regimes fascistas”. Desse modo, no início da década 
de 1940, predominava a visão de que “quando a guerra terminasse os problemas 
da década anterior retornariam com a mesma virulência”. Essa visão era 
 
 
7 
dominante, pois acreditava-se que a Segunda Guerra havia interrompido a 
Depressão de 1930 já que demandava recursos. Assim, havia medo de que, com 
o fim da Segunda Guerra, problemas como desemprego e os conflitos sociais 
retornariam. 
Além disso, considerava-se que medidas domésticas não seriam 
suficientes para acabar com o risco da volta da Depressão. Havia-se a 
necessidade então de criar na esfera internacional, regras e instituições, 
organizando formalmente o sistema de pagamentos internacionais (Carvalho, 
2004, p. 54). Então, diante dessa visão e das perspectivas de retorno à crise, foi 
proposta, na conferência de Bretton Woods, a construção de uma nova forma de 
organização social. 
Em julho de 1944, representantes de 44 países se reuniram em Bretton 
Woods para discutir a reconstrução e a reestruturação econômica do pós-guerra. 
O objetivo dessa reunião, segundo Carvalho (2004), era estabelecer um sistema 
de pagamentos internacionais alternativo ao Padrão Ouro e ao sistema de 
desvalorizações cambiais competitivas (que eram praticadas em períodos de 
instabilidade, como a Grande Depressão dos anos 1930). Buscava-se, assim, 
“definir regras comuns de comportamento para os países participantes”, visando 
à prosperidade e à estabilidade macroeconômica, de acordo com Carvalho 
(2004, p. 51). 
Foram analisados os Planos White2 e o Plano Keynes3, os quais foram a 
base da conferência. Ao final do embate, o Plano White prevaleceu, confirmando 
o dólar como a nova moeda internacional e o estabelecimento de um regime 
cambial baseado em taxas fixas (Simon, 2011). Além da consagração do dólar 
como moeda internacional, houve a criação do Fundo Monetário Internacional 
(FMI), para a sustentação de um regime de câmbio fixo “ajustável”, por meio da 
regulação do comércio e das práticas monetárias dos países-membros 
(Carvalho, 2004). Além do FMI, foi criado também o Banco Internacional de 
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), visando a financiar a reconstrução das 
economias europeias no pós-guerra. É importante ressaltar que, antes de 
 
2 Previa um mundo livre de controle sobre os fluxos comerciais e financeiros e de paridades fixas 
sob a supervisão de uma instituição internacional (Lins, 2015). 
3 Tinha como intuito modificar as taxas de câmbio e adotar restrições cambiais e comerciais de 
acordo com a necessidade para manter o equilíbrio do balanço de pagamentos e buscar o pleno 
emprego. 
 
 
8 
receber ajuda do BIRD, os países devedores deveriam se tornar membros do 
FMI, com o intuito de assegurarem um comportamento adequado. 
A Conferência de Bretton Woods foi realizada devido à preocupação de 
que uma depressão como a dos anos de 1930 se alastrasse após o fim da 
Segunda Guerra Mundial. De acordo com Carvalho (2004, p. 58), em 1947, o 
diagnóstico predominante não era de ameaça de depressão, mas, sim, de 
ameaça de inflação. Muitos países-membros do FMI, dentre eles “os Estados 
Unidos, passaram a acreditar que a estabilidade cambial internacional poderia 
ser abalada mais provavelmente pelo excesso de demanda” que foi causado 
pela tentativa europeia de rápida recuperação. Essa preocupação se alastrou e 
foi confirmada com base nas políticas adotadaspelas economias dos países-
membros do FMI. Os Estados Unidos, por exemplo, adotaram uma política 
voltada para o pleno emprego, enquanto outros países possuíam como objetivo 
a manutenção de elevado nível de atividades (Carvalho, 2004). 
Fernandes (2009) afirma que a consequência direta das políticas até 
então adotadas foi a rápida recuperação do comércio externo dos países aliados 
e o forte aumento das importações dos Estados Unidos. Assim, o superávit que 
os Estados Unidos possuíam na conta de transações correntes foi caindo, até 
que em 1971 apresentou seu primeiro déficit. Os norte-americanos precisavam 
então recuperar a competitividade de sua economia, porém, não podiam 
desvalorizar sua moeda sem quebrar a disciplina firmada no Bretton Woods. 
Após vários embates, em 1971, diante das pressões protecionistas por parte do 
Congresso norte-americano, do declínio da competividade dessa economia e 
diante das pressões na demanda internacional por ouro, o presidente dos 
Estados Unidos à época, Richard Nixon, decretou o fim do Padrão Ouro (Villela, 
2014). Além disso, o presidente norte-americano, de maneira unilateral, 
suspendeu o sistema monetário dos acordos firmados em Bretton Woods, 
cancelando a conversão direta do dólar em ouro. Esse ocorrido fez com que o 
dólar sofresse uma desvalorização significativa, quebrando o acordo pela 
primeira vez. 
 
 
9 
TEMA 3 – SISTEMA FINANCEIRO DE 1960 A 1980 – PRIMEIRAS INOVAÇÕES 
(TREASURY BILLS, FUNDOS DE RESERVA FEDERAL, CERTIFICADOS DE 
DEPÓSITOS BANCÁRIOS, COMMERCIAL PAPERS) 
Agora que já compreendemos a nova ordem internacional instituída com 
o Bretton Woods, vamos avançar adentrando na evolução do sistema financeiro 
a partir de 1960 e as primeiras inovações ocorridas. 
Assim, entre as décadas de 1960 e 1970, é possível verificar a instituição 
de algumas inovações financeiras, como, por exemplo, os Fundos de Reserva 
Federal, os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e os Commercial 
Papers. Inicia-se assim, em vários países, “um processo de liberalização e 
desregulamentação do setor de serviços financeiros. Gradualmente, foram 
sendo eliminadas as restrições sobre operações financeiras, estabelecidas após 
a crise de 1929 e durante o regime de Bretton Woods” (Camargo, 2009, p. 12). 
Assim, Muniz (2010) afirma que o colapso desse regime levou ao fim do modelo 
de taxas fixas de câmbio, o que aumentou a volatilidade cambial e a instabilidade 
econômica, que foi agravada com as Crises do Petróleo de 1973 e 1979. 
As inovações citadas anteriormente foram importantes, pois permitiram 
que os bancos tivessem maior flexibilidade para realizar empréstimos. Antes, 
entretanto, é importante salientar que “toda inovação (incluindo as financeiras 
que serão criadas a partir dos anos [19]60) surge devido à busca da superação 
de alguma restrição, de alguma dificuldade” (Muniz, 2010, p. 110). Foi então que, 
diante do colapso do Bretton Woods e das crises do petróleo, que essas 
inovações financeiras surgiram. 
Inicia-se então, uma operação do sistema financeiro de flexibilização dos 
seus passivos, com o intuito de encontrar novas maneiras de captar recursos e 
diluir os riscos das operações. A respeito das inovações, tem-se que os Fundos 
de Reserva Federal (operações do interbancário) foi uma medida a “disposição 
dos bancos que atuaram como uma forma de captação de recursos nos anos 
[19]50. A possibilidade de buscar recursos entre outros bancos permitiu às 
instituições bancárias ampliarem sua base de empréstimos de maneira 
momentânea sem precisar realizar ajustes nos encaixes (ativo)” (Muniz, 2010, p. 
110). 
 
 
10 
Ainda a respeito das inovações citadas no primeiro parágrafo desta seção, 
é possível afirmar que os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), surgiram 
nos Estados Unidos na década de 1960. Os CDBs eram 
títulos emitidos pelos bancos (não em mercado de capitais) e vendidos 
para clientes com o compromisso de serem resgatados no momento 
que o cliente desejasse, ou seja, é um título bancário de elevada 
liquidez e de curto prazo. O CDB se constituiu em um importante 
instrumento financeiro que forneceu extrema flexibilidade para os 
bancos em sua base de captação de recursos (passivo), porém 
incrementou também o caráter instável, pois eram títulos que poderiam 
ser resgatados a qualquer momento por seus possuidores, 
surpreendendo os bancos que estivessem em situação de baixo nível 
de caixa (encaixes) para honrar tais obrigações. Novamente o 
problema se agrava, ou seja, surge uma nova forma de captação de 
curto prazo destinados a atividades de ativo de longo prazo (em outras 
palavras, o descompasso temporal entre ativo e passivo se amplia). 
(Muniz, 2010, p. 111) 
Dentre as inovações financeiras ocorridas até o momento, cita-se também 
os Commercial Papers, que podem ser descritos como valores mobiliários sob a 
forma de renda fixa de curto prazo. O crescimento expressivo do mercado de 
Commercial Papers data das décadas de 1950 e 1960, quando houve nos 
Estados Unidos um encarecimento dos recursos bancários, sendo que, na 
década de 1970, os Commercial Papers chegam a atingir uma participação de 
42% sobre o total de créditos diretos concedidos pelos bancos dos Estados 
Unidos (Constantini, 1999). 
Para as empresas emissoras o Commercial Paper é um substituto 
importante do crédito bancário convencional, sendo, em geral, utilizado 
como uma fonte de capital de giro para resolver necessidades de caixa 
de curto prazo ou mesmo como empréstimo ponte para futuras 
operações de longo prazo. (Constantini, 1999, p. 48) 
Outro fato de grande relevância a ser mencionado é que, na década de 
1970, a presença do Estado foi diminuída mundialmente, pois surge o 
neoliberalismo. Com o processo de globalização e a crise do capitalismo na 
década de 1970, o neoliberalismo ganhou força, tomando o lugar da teoria 
keynesiana nas economias capitalistas. O principal protagonista da teoria 
neoliberal é Hayek. A teoria neoliberal, assim como o liberalismo, prega menos 
participação do Estado e mais mercado (Hofling, 2001). Paulani (1999) afirma 
que o neoliberalismo se apresenta fundamentalmente como uma receita de 
política econômica, em que, abertura comercial, Estado mínimo e 
desregulamentação são os principais ingredientes. Assim, a partir de 1970, o 
Estado surge como vilão e o mercado como panaceia, e todos os males do 
 
 
11 
Estado do Bem-Estar Social podem ser resolvidos, segundo os neoliberalistas, 
por abertura econômica, diminuição do Estado e contração dos gastos do 
mesmo. Além disso, 
as inovações financeiras implementadas ao longo da década de [19]70 
tiveram um caráter essencialmente defensivo, com vistas a fugir das 
restrições dos mercados nacionais de crédito, a resolver a questão da 
reciclagem do enorme montante de liquidez que inunda o mercado 
internacional de crédito em razão do primeiro choque do petróleo, bem 
como de superar a crise monetária internacional do início da década. 
Apesar de os novos instrumentos financeiros terem buscado a diluição 
de riscos e uma maior flexibilidade para os intermediários financeiros e 
aplicadores, a direção tomada pelas inovações acaba por aumentar o 
potencial de instabilidade. (Corrêa, 1996, p. 58) 
Dentre as medidas implementadas com caráter defensivo, deve-se citar 
também a constituição do Euromercado que do ponto de vista financeiro, foi 
parte relevante do processo de internacionalização dos mercados monetários e 
de capitais. Segundo Lima (1985), a gestão dos dólares fora dos Estados Unidos 
foi feita por meio de um sistema transnacional, de modo que sua regulamentação 
se situava acima das autoridades monetárias nacionais. Esse tipo de transação 
foi algo totalmente inovador no cenário financeiro internacional. 
Assim, diante da utilização do dólar como moeda internacional e a 
expansão dos investimentos diretos internacionais efetuados pelas corporações 
norte-americanas,tem-se a formação de um mercado financeiro mundial, que 
ficou conhecido como Euromercado. Além da constituição do Euromercado, 
houve também o aumento da facilidade em atuar em outros países, sendo que 
esses dois processos permitiram que os bancos captassem recursos de bancos 
estrangeiros, de modo a diversificar suas carteiras de empréstimos. Para 
completar todo esse movimento, houve, então, a abertura de filiais de bancos 
norte-americanos em outros países (Muniz, 2010). 
Esse movimento de internacionalização e a criação de instrumentos 
financeiros dificulta a atuação dos Bancos Centrais em regulamentar e fiscalizar 
a oferta de moeda. 
Essas novas práticas financeiras surgidas nos EUA se expandiram 
para diversos outros países. Em fins dos anos [19]70 e início dos anos 
80, contudo, novos acontecimentos e novas crises estouraram. O 
aumento do preço do petróleo em 1979 e a elevação das taxas de juros 
norte-americanas em 1981 fizeram com que os países centrais 
entrassem em recessão e os países devedores, principalmente os da 
América Latina, sofressem dificuldades de efetuar seus pagamentos 
junto aos credores. Assim, o início dos anos [19]80 é caracterizado por 
uma grande incerteza e por uma grande redução do crédito voluntário. 
Todo esse processo faz com que pequenos bancos abandonassem o 
 
 
12 
mercado enquanto os grandes bancos acabam enfrentando diversos 
problemas. (Muniz, 2010, p. 113) 
Assim, é possível afirmar que o início da década de 1980 foi marcada pela 
expansão de inovações financeiras, como, por exemplo, o processo de 
securitização e derivativos que serão abordadas no próximo tópico. 
TEMA 4 – INOVAÇÕES FINANCEIRAS DÉCADA DE 1980 – PÓS-CRISE DO 
PETRÓLEO (HEDGING FINANCE, SECURITIZAÇÃO, UNDERWRITING, 
DERIVATIVOS) 
Após o estudo das primeiras inovações financeiras, podemos dar um 
passo mais adiante, e conhecer um pouco das inovações financeiras ocorridas 
durante a década de 1980, ou seja, após a Crise do Petróleo. Assim, é possível 
afirmar que, diante do surgimento de novos instrumentos financeiros na década 
de 1980, tem-se a criação de inovações para promover o hedging finance. O 
hedging finance nada mais é do que um instrumento criado para proteger as 
operações financeiras contra o risco de grandes variações de preço de um 
determinado ativo. Para isso, fixa o preço de um ativo por um período 
determinado. Assim, a ideia do hedging finance é permitir que haja a busca e 
captação de recursos, porém, com diminuição dos riscos e aumento da 
segurança. A criação desse instrumento foi de grande relevância devido às 
turbulências e crises que ocorriam mundialmente à época (Muniz, 2010). Deve-
se destacar que esse instrumento foi relevante também porque, após a Segunda 
Guerra Mundial, surgiram inovações tecnológicas que foram se intensificando e 
modificando a dinâmica internacional, como o avanço da internet e das redes de 
comunicação. 
Além destes aspectos mencionados anteriormente, destaca-se 
também no período uma maior pressão das autoridades reguladoras 
para que as instituições bancárias elevassem seus coeficientes de 
capital próprio. Este fato atuou como um incentivo para a prática de 
operações não registradas em balanço tais como as operações de 
securitização e de derivativos, operações estas que permitiram aos 
bancos captarem recursos sem, no entanto, registrar em seus 
balanços, camuflando os riscos envolvidos nas operações. (Muniz, 
2010, p. 114) 
Dentre as inovações surgidas, cita-se a securitização, que, segundo 
Cançado e Garcia (2007), pode ser definida como a monetização de títulos de 
créditos. Assim, a securitização é uma operação financeira, por meio da qual se 
 
 
13 
mobilizam ativos, presentes ou futuros, servindo como suporte para a emissão 
de títulos ou valores mobiliários. Uma curiosidade é que o mercado de 
securitização surgiu ainda nos anos 1970 com a venda de empréstimos 
hipotecários reunidos garantidos pelo governo. Entretanto, foi em 1985 que se 
estabeleceu, nos Estados Unidos, o mercado de securitização de longo prazo. 
Assim, é possível afirmar que, existe uma ligação estreita entre a história da 
securitização e o surgimento e desenvolvimento do mercado de ações. 
Além da securitização, é possível citar os derivativos, que de acordo com 
a BM&F (2007) são instrumentos financeiros cujo preço de mercado deriva do 
preço de mercado de um bem ou de outro instrumento financeiro. Existem no 
total, quatro tipos de mercados derivativos: o mercado a termo, o mercado futuro, 
o mercado de opções e o mercado de Swap. O mercado a termo caracteriza-se 
pela fixação do preço, ainda na data da realização o negócio, para liquidação em 
data futura, sendo liquidados integralmente no vencimento. Já o mercado futuro 
é considerado uma evolução do mercado a termo, uma vez que “os 
compromissos são ajustados financeiramente às expectativas do mercado 
referentes ao preço futuro daquele bem, por meio do ajuste diário (mecanismo 
que apura perdas e ganhos)” (BM&F, 2007, p. 8). No mercado de opções 
adquire-se o direito de comprar ou vender um bem por um preço fixo numa data 
futura, sendo que quem adquirir esse direito, deve pagar um prêmio ao vendedor. 
Por fim, no mercado de swap, negocia-se a troca de rentabilidade entre dois 
bens (BM&F, 2007). 
O processo de securitização e os instrumentos derivativos, segundo 
Corrêa (S.d.), acarretaram em um processo em que os bancos 
internacionais passaram a ter um novo padrão de atuação, baseado 
não somente na tradicional atividade de intermediação de recursos, 
mas também a prestar serviços financeiros. Visando mudar sua forma 
de financiamento, as instituições bancárias passaram a desenvolver 
instrumentos capazes de transformar e transferir os riscos das 
transações. Assim, passou-se a ser mais difícil, dados estes aspectos, 
de diferenciar as instituições bancárias das não bancárias. (Muniz, 
2010, p. 115) 
A década de 1980 também foi palco para o surgimento dos investidores 
institucionais, dando uma nova dinâmica aos mercados financeiros a partir desse 
período. Exemplos de investidores institucionais, de acordo com Muniz (2010), 
são: fundos de pensão, fundos de investimentos e os fundos desenvolvidos pelas 
companhias seguradoras. Resumidamente, podemos concluir que esses 
investidores institucionais surgiram com o intuito de receberem retornos 
 
 
14 
elevados para seus investimentos, correndo, assim, maiores riscos. Assim, é 
possível afirmar que: 
Todas estas inovações permitiram que todo tipo de agente tivesse a 
possibilidade de captar recursos, inclusive aqueles com condições 
precárias de pagamento ou de se auto financiar (como é o caso dos 
pequenos bancos). Desta forma, as inovações financeiras, 
especialmente aquelas que surgiram após da década de [19]80 tem a 
característica de tornarem o sistema muito mais instável. (Muniz, 2010, 
p. 116) 
Devido às crises e à consequente instabilidade mundial, inclusive no 
mercado financeiro, surgiu ou se consolidaram, na década de 1980, inovações 
que foram a base para tornar o sistema financeiro internacional mais instável, 
mas, ao mesmo tempo, aumentou os empréstimos via ampliação de recursos 
captados a partir de novos produtos e serviços financeiros que foram criados. 
TEMA 5 – DESREGULAMENTAÇÃO MERCADO FINANCEIRO ATÉ FIM DA 
DÉCADA DE 1990 – ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO, GLOBALIZAÇÃO, 
LIBERALIZAÇÃO E FLUXO DE CAPITAIS 
Com todas as inovações surgidas e aperfeiçoadas no sistema financeiro 
que foram estudadas até então, promoveu-se, a partir da década de 1980, a 
liberalização financeira nos Estados Unidos. Essa liberalização deve ser 
relacionada com as políticas macroeconômicas que foram adotadas nessa 
economia como resposta às crises e à instabilidade financeira. Essa 
liberalização financeira ocorrida nos Estados Unidos se espalhou pelo restante 
do mundo de forma impositiva. Isso ocorreu, então, a partir do Acordo de Bretton 
Woods,quando o dólar assumiu a hegemonia do sistema monetário 
internacional (Arienti; Inácio, 2010). 
O desenho do atual sistema financeiro internacional, ancorado na 
desregulamentação, no processo de securitização das dívidas públicas 
e privadas, nos derivativos financeiros, e na expansão dos investidores 
institucionais (fundos de pensão, fundos mútuos, companhias de 
seguro), portanto, foi sendo delineado a partir das respostas dadas 
pelo sistema financeiro norte-americano à instabilidade financeira e 
econômica da década de 1970, alavancando o processo de 
globalização financeira. (Arienti; Inácio, 2010, p. 6) 
Essa globalização financeira foi resultado da progressiva liberalização 
financeira, no plano doméstico dos Estados Unidos, e da crescente mobilidade 
de capitais, no plano internacional. Deve-se considerar, então, que o atual 
arranjo internacional, baseado na desregulamentação financeira, no processo de 
 
 
15 
securitização das dívidas públicas e privadas, nos derivativos financeiros e na 
expansão dos investidores institucionais, foi delineado a partir das respostas do 
setor financeiro dos Estados Unidos à instabilidade financeira e econômica da 
década de 1970 (Arienti; Inácio, 2010). 
Todo esse movimento de liberalização e desregulamentação foi 
desenhado ao longo do tempo, e impactou diretamente na crise do subprime4, 
ocorrida em 2007-2008 nos Estados Unidos. Ao longo da década de 1990, o 
Sistema de Reserva Federal (FED) manteve a taxa básica de juros baixa para 
reverter o cenário ocorrido nos anos de 1980, que se caracterizava pela elevada 
taxa de juros, o que resultava em uma baixa inflação, provocando recessão na 
economia americana (Inácio, 2009). 
Desta maneira os ganhos em aplicações tradicionais reguladas pela 
taxa básica de juros dos bancos e financeiras dos Estados Unidos se 
mantiveram também bastante baixos. A associação entre política 
monetária expansiva, as transformações ocorridas no sistema 
financeiro (maior concorrência entre as instituições bancárias, maior 
liberdade para os agentes e para as instituições financeiras, estes 
poderiam escolher onde e como operar) e o aumento da oferta de 
diversos produtos financeiros, que tinham como característica a 
redução do risco e a possibilidade de especulação, marcaram o 
desenho do Sistema Financeiro dos Estados Unidos anos [19]90. 
(Inácio, 2009, p. 56) 
Mundialmente, o que se percebe a partir da segunda metade dos anos de 
1990 é um processo de fusões e aquisições que começou a ocorrer entre 
grandes instituições, segundo Camargo (2009). Foi então que se iniciou um 
processo de concentração bancária em vários países, o que colocou novos 
desafios à regulação. Ao mesmo tempo, houve um processo de 
internacionalização das instituições bancárias e de desnacionalização de 
sistemas financeiros nacionais, principalmente de países em desenvolvimento 
(Camargo, 2009). Esse autor acredita ainda que o processo de 
internacionalização das instituições financeiras acompanhou a 
transnacionalização das empresas do setor produtivo dos países e a expansão 
do comércio internacional que foi intensificada a partir da década de 1980, de 
modo que esses processos levaram a uma expansão da demanda por serviços 
financeiros. 
Inicialmente, as instituições financeiras ofereciam serviços para 
residentes estrangeiros no seu próprio país de origem. Na sequência, os bancos 
 
4 Essa crise será estudada posteriormente. 
 
 
16 
passaram a estabelecer filiais em locais com maior concentração de clientes. 
Além desse movimento, houve também uma pressão por parte das instituições 
governamentais, para que os governos passassem a aceitar a presença de 
bancos estrangeiros em seus países. 
As crises de balanço de pagamentos dos países emergentes, no final 
dos anos [19]90, forneceram argumentos para que o FMI aumentasse 
a pressão sobre os governos nacionais, a fim de que estes aceitassem 
a presença dos bancos estrangeiros. A reestruturação e a 
modernização dos sistemas bancários domésticos passaram a ser 
vistas como necessárias, e estas passavam pela abertura de mercados 
aos bancos estrangeiros. (Camargo, 2009, p. 14) 
Diante dessa situação, grande parte dos países emergentes, da América 
Latina e Europa, durante a década de 1990, relaxaram, gradativamente, as 
limitações legais e regulatórias, permitindo que os bancos ampliassem suas 
atuações. A respeito dessa liberalização financeira, é preciso salientar que a 
pressão para que tal liberalização ocorresse e para a adesão a livre mobilidade 
de capitais, partiu, nos países desenvolvidos, da dinâmica concorrencial das 
instituições financeiras e da ação favorável dos governos. Já nos países em 
desenvolvimento, a pressão partiu dos organismos multilaterais como o FMI e o 
Banco Mundial (Freitas; Prates, 2003). 
Houve, assim, de maneira geral, uma concentração bancária, ligada aos 
avanços tecnológicos e ao processo de fusões e aquisições. Considera-se que 
essa concentração bancária possui algumas consequências, como aponta 
Camargo (2009, p. 18-19): “Primeiramente, observa-se a compressão das 
margens (spreads), a maior volatilidade das taxas de juros e o aumento da 
liberdade de atuação em novos mercados”. Deve-se salientar que, nos países 
em desenvolvimento, não houve a redução dos spreads, “ou porque a 
liberalização do setor não foi tão intensa como nos países desenvolvidos ou 
porque essa liberalização não foi acompanhada de medidas que incentivassem 
a concorrência no setor e a contestabilidade no mercado doméstico”. 
TROCANDO IDEIAS 
Agora, após estudar todos os cinco temas desta aula, vamos fazer uma 
atividade complementar? Estudamos até o momento sobre as condições e as 
inovações do sistema financeiro de modo geral. Mas e o Brasil? Qual era a 
situação monetária e financeira brasileira pós-implementação do Plano Real? 
Uma dica: é interessante pesquisar em artigos acadêmicos e também analisar 
 
 
17 
alguns indicadores. Após realizar a pesquisa, sintetize as principais ideias e veja 
como o Brasil se encontrava frente o cenário internacional. 
NA PRÁTICA 
Após o estudo desta aula, vamos realizar uma pesquisa? 
No Tema 2, estudamos sobre a nova ordem monetária internacional que 
foi estabelecida a partir de Bretton Woods. Nessa conferência, foram criadas 
algumas instituições como o GATT, o FMI e o BIRD. 
Nossa proposta é que você, a partir de uma pesquisa na internet, verifique 
se as instituições criadas em Bretton Woods ainda existem e qual a função que 
desempenham no cenário econômico e financeiro mundial. 
Vamos lá! Mãos à obra! 
FINALIZANDO 
No decorrer desta aula você teve a oportunidade de aprofundar seus 
conhecimentos sobre a evolução e história do sistema financeiro. 
Ao estudar o Tema 1, sobre o sistema financeiro tradicional, que ocorreu 
antes de 1960, foi possível constatar o estabelecimento do Padrão Ouro 
internacionalmente. Com o Tema 2, foi possível perceber que uma nova ordem 
econômica internacional foi estabelecida em Bretton Woods visando a 
reconstrução econômica pós Segunda Guerra Mundial. A partir do Tema 3, 
voltamos a atenção para as inovações ocorridas após a década de 1960, e como 
essas inovações foram respostas às crises e às instabilidades, juntamente com 
as inovações tecnológicas, a desregulamentação e a liberalização do mercado 
financeiro na década de 1990. 
Você acha que nosso estudo sobre a evolução do sistema financeiro 
acaba por aqui? De modo algum! Esta aula foi base para que, posteriormente 
possamos adentrar no estudo do mercado financeiro pós anos 2000, ressaltando 
a crise financeira ocorrida, e a nova ordem financeira instituída após essa crise. 
Até mais! 
 
 
 
18 
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