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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO DE ODONTOLOGIA Ane Beatris Farias HÁ ASSOCIAÇÃO ENTRE TRINCAS DENTÁRIAS E BRUXISMO INFANTIL? Florianópolis 2021 Ane Beatris Farias HÁ ASSOCIAÇÃO ENTRE TRINCAS DENTÁRIAS E BRUXISMO INFANTIL? Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do Título de Cirurgiã-Dentista. Orientadora: Profa. Dra Michele da Silva Bolan Coorientador: Me. Pablo Silveira Santos Florianópolis 2021 Ane Beatris Farias HÁ ASSOCIAÇÃO ENTRE TRINCAS DENTÁRIAS E BRUXISMO INFANTIL? Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Cirurgiã- dentista e aprovado em sua forma final pelo Curso de Odontologia. Florianópolis, 24 de Agosto de 2021 ________________________ Prof. Gláucia Santos Zimmermann Coordenadora do Curso Banca Examinadora: ________________________ Prof.(a) Michele da Silva Bolan, Dra. Orientadora Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ________________________ Prof.(a) Carla Miranda, Dra. Avaliadora Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ________________________ Me. Josiane Pezzini Soares Avaliadora Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Dedico esse trabalho à minha família, em especial meus pais, minha irmã, meu marido e filho. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, à Deus pela minha vida, pela minha saúde, pela minha família, pelo meu filho, por todas as pessoas que Ele tem colocado em minha vida. Por se mostrar sempre presente, sendo meu melhor amigo, meu alicerce. Agradecer a Ele pelos obstáculos necessários colocados em minha vida, mas ao mesmo tempo pelo abraço de conforto dado. Por ter colocado, através da minha religião e fé, anjos na minha vida, Vó Chica, Pai Tomé, Pai Antônio e Exu Sete encruzilhadas, que me ajudaram no momento em que eu mais precisei e que seguem iluminando meu caminho junto Dele. Agradeço meu filho, por ser minha força a cada dia que passa. Por me mostrar as coisas mais lindas da vida e por me mostrar que posso ser muito mais capaz do que eu imagino. Por me fazer ultrapassar os limites do amor, da felicidade, da força e da superação. Filho, você sempre será o motivo de eu acordar todos os dias e seguir vivendo com felicidade e determinação. Mesmo quando penso em mim, é em você que eu penso. Agradeço meus pais por todo apoio dado. Meu pai, sinônimo de amor, dedicação, carinho, simplicidade e humildade. Sempre disposto a ajudar o próximo. Me ensinou, ao longo da vida, a importância da conversa, das reuniões em família. Sempre querendo amenizar minhas preocupações e meu sofrimento. Junto com meus avós paternos, quem me mostrou a importância da fé e de Deus na nossa vida. Vou levar sempre comigo nossos momentos de felicidade e de aprendizado. Você me colocando na mesa para amarrar meu tênis e me levar para escola. Nossas cantorias de violão, que você me obrigava (quase) a cantar. Todas as vezes que saímos para jantar depois do meu médico. Nossas orações quando faltava luz. Obrigada por todos os conselhos, ainda não usei todos, mas acho que vou precisar de cada um. Obrigada por ter me feito passar o “último natal” todo ano com meus avós – mesmo eu não gostando na época - , até ser realmente o último natal. Hoje eu vejo como eles fazem falta, e como foi bom cada momento. Minha mãe, como gosto de te ver sorrindo e feliz. Teu riso é leve e solto e me faz pensar que não tenho com o que me preocupar. Obrigada por ter me amado e me cuidado durante todo esse tempo. Obrigada por ser a razão, enquanto o pai, a emoção. Obrigada por ter colocado nossas necessidades em primeiro lugar, sendo peça essencial da nossa família. Obrigada por vocês serem exatamente como são e por serem avós tão especiais para o Theo. Como mãe, eu sei que erramos querendo acertar e tudo que fizeram por mim, hoje, faz parte de quem eu sou e da minha história. A vocês toda a minha honra. Agradeço a minha irmã por ser minha melhor companheira. Quem sempre me mostrou que não importa a situação, o erro sempre vem de mim e não dos outros. Que se vitimizar não é solução. Amor que dá sem precisar receber. Paula, como é bom saber que vou te ter ao meu lado para o resto da vida. Somos o oposto uma da outra e assim somos nosso equilíbrio. Obrigada, junto com o Ricardo, por ter me acolhido quando me sentia só. Obrigada por não me virar as costas, por me fazer enxergar o que é certo e justo na vida. Obrigada por ser a pessoa que desde criança me fez feliz. Te amo e ainda vamos passar muitos momentos juntas. Você sempre será a mulher forte que quero ser. Meu cunhado, Ricardo, obrigada pelo carinho por mim e minha família, pelas palavras de motivação e pelas melhores conversas e ensinamentos. Agradeço ao pai do meu filho por estar presente na minha vida desde os meus 15 anos, participando de todas minhas mudanças e evolução. Guilherme, obrigada por ter me mostrando um pouco do mundo com seus olhos. Obrigada por ser calmaria e sossego. Obrigada pelas amizades e familiares que me destes. Obrigada pela determinação em querer sempre evoluir pela nossa família. Que Deus sempre nos dê sabedoria para saber o que é melhor para o nosso filho. Agradeço aos avós paternos do meu filho, pais do Guilherme, que sempre me trataram com muito amor, muitas vezes como filha. Rosimeri e Marcos, obrigada por terem me recepcionado tão bem na família de vocês. Espero que um dia o Theo possa ter uma “segunda” família assim, como eu tenho, que o ame tanto. Obrigada por, nesses últimos tempos, terem me ajudado, junto com os meus pais, a concluir esse trabalho. Obrigada pelo carinho excepcional com o neto de vocês. Agradeço minhas amigas de infância, Palloma, Amanda, Gracieli e Emily. Junto delas vivi muitos momentos felizes e inesquecíveis. Mesmo longe, seguiremos juntas umas às outras. Obrigada por cada momento vivido e por despertarem em mim a alegria de viver nossa infância. Agradeço minhas amigas da faculdade, Izabel, Leticia e Silva, Letícia Zacchi, Letícia Scardueli, Bárbara Finardi, Bárbara Abdo e Taylana, por sempre terem me ajudado e por fazerem os desafios da faculdade serem mais leves. Lindo ver como “puxamos” umas às outras na dificuldade, para que todo mundo caminhe junto. Sentirei saudade de cada uma de vocês e vou leva-las sempre no meu coração. Agradeço meus amigos Sabrina, Peterson, Jefferson, Roberta, Ailson, Lettycia, Igor, Manoela, por todos os momentos leves de lazer e brincadeiras. Pelos passeios, praias, danças, cada risada. Vocês, que muitas vezes, trouxeram equilíbrio a minha vida, amenizando meus momentos de tensão e preocupação. É uma amizada de londa data, e assim continuará. Obrigada à equipe de onde trabalho, Hellen, Maria Eduarda, Juliana, Beatriz e Laura e obrigada à equipe da Unidade básica de saúde do Novo Continente, Sabrina, Fraciele, Carlos e minha dupla, Guilherme. Eles que me receberam com o maior amor do mundo nesses últimos tempos e foram essenciais para que eu seguisse com leveza. Obrigada à minha orientadora Michele, por toda dedicação a esse trabalho. Obrigada pela paciência em cada correção e em cada ensinamento. Obrigada por compreender meus limites e dificuldades. Obrigada por ter me servido de inspiração quando pensei em desistir. Temos que ter pessoas em nossas vidas que nos leve cada vez mais para cima, e a professora é uma pessoadessa para mim, me fazendo superar desafios e obstáculos. Obrigada pela exigência, mas também pelas palavras de conforto que me mostraram que eu estava no caminho certo. Espero um dia poder ser metade da profissional que você é, e que consiga demonstrar com amor o que eu faço, assim como a senhora. Obrigada ao Pablo, que além de coorientador, foi meu amigo durante todo esse tempo. Ele que está atrás desse trabalho junto comigo e Prof. Michele, mas sempre mostrando humildade em me ajudar e me ver chegar no meu objetivo. Obrigada por toda dedicação, mesmo nos horários mais inviáveis. Obrigada por avançar ao meu lado nesse projeto, com calma e tranquilidade. Junto com a professora Michele, servisse para mim como inspiração e lembrarei de vocês sempre com muito carinho e gratidão. Há momentos na vida que nós sabemos o que temos que fazer, mesmo sendo difícil, e vocês dois me mostram, apenas pelo jeito que são e se dedicam, o que deve ser feito por mim e é isso que me manteve firme e forte nesse trabalho e no caminhar da minha vida durante todo esse processo. Para vocês, desistir seria a última opção e serei sempre grata por isso. Por fim, agradeço todas as pessoas que passaram na minha vida. Eu não seria quem sou, sem elas. Você precisa fazer aquilo que pensa não ser capaz de fazer. (Roosevelt, ano desconhecido) RESUMO O aparecimento de trincas dentárias em esmalte pode ser associado a alguns fatores. Poucos trabalhos citam a associação entre trincas dentárias em dentes decíduos e bruxismo infantil. Pelo fato do diagnóstico do provável bruxismo ser realizado clinicamente, é importante conhecer os sinais clínicos associados a esta alteração. O presente estudo teve como objetivo associar a presença de trincas dentárias em dentes decíduos com o provavel bruxismo infantil. Trata-se de um estudo transversal, aninhado a um estudo de coorte. Avaliaram-se 255 crianças de 6 a 14 anos, matriculadas em escolas públicas da cidade de Florianópolis, que apresentaram pelo menos um dente decíduo (canino e/ou molar). O exame clínico de trincas dentárias foi realizado com observação visual direta com o auxílio de Luz LED, além de espelhos clínicos e gazes estéreis. As crianças foram consideradas crianças com bruxismo quando apresentaram 3 ou mais faces com desgastes. Além disso, foram analisadas variáveis demográficas, como sexo e idade, e variáveis clínicas, como histórico de roer unha e/ou objeto, histórico de relato de bruxismo, presença de restauração e mordida cruzada posterior. Para análise estatística, foram realizadas análises bivariadas, com os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher. De 255 crianças inicialmente avaliadas, 146 apresentaram apenas dentes permamentes e foram excluídas. Dessa forma, a amostra final do estudo foi de 109 crianças. A prevalência observada de trincas dentárias em dentes decíduos foi de 47.7% (n=57). Houve associação significativa entre trincas dentárias e provável bruxismo infantil (P=0.001). Não houve associação significativa com as outras variáveis analisadas. Conclui-se que há associação entre trincas dentárias e o provável bruxismo infantil. Sendo assim, trincas dentárias podem ser consideradas uma ferramenta clínica complementar para se chegar no provável diagnóstico do bruxismo em dentes decíduos. Necessita-se de mais estudos com maiores amostras. Palavras-chave: Trinca dentária. Trinca de esmalte. Bruxismo. Criança. ABSTRACT The occurrence of enamel cracks can be associate with several factors. Few studies have cited the associaton between cracked teeth and bruxism in children. Considering the fact that the diagnosis of bruxism is mainly made clinically, it is important to acknowledge clinical sinals associaded with this condition. The present study aimed to associate the presence of enamel cracks in primary teeth with possible etiologic factors, such as bruxism and deleterious oral habits. A cross-sectional study, nested in a cohort study, was conducted. Two-hundred and fifty-five children were initially evaluated, aged 5- to- 14-years, that were matriculated in Florianopolis public schools, and presented at least one primary canine and/or primary molar. The enamel cracks clinical oral examination was performed with the aid of a LED light, clinical mirror and sterile gauze. The children were considerared with bruxism when showed three or more teeth surfaces with wear. In addition, demographic variables, such as gender and age, and clinical variables, such as a history of biting nails and/or objects, a history of bruxism, presence of restoration and posterior crossbite were also observed. For the statiscal analysis, bivariate analysis were performed, using the Chi- squared and Fisher’s Exact tests. The prevalence of enamel cracks in primary teeth found was 47.7% (n=57). There was a significant association between child bruxism and cracked teeth (P=0.001). The others investigated variables were not associated with the occurrence of enamel cracks. Thus, the cracked teeth can support the clinical diagnosis of probable bruxism. New studies should be conducted with larger samples. Keywords: Cracked teeth. Enamel crack. Bruxism. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Fluxograma da representação das etapas metodológicas do presente trabalho ................................................................................................................................................... 25 Figura 2 – Representação gráfica da associação entre trincas dentárias em dentes decíduos e provável bruxismo do sono (n=109) ........................................................................................... 32 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Frequências e a análise bivariada das possíveis independentes associadas à presença de trincas dentárias em dentes decíduos. .................................................................................... 31 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS SDR Síndrome do Dente Rachado OMS Organização Mundial de Saúde Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16 2.1. FATORES ETIOLÓGICOS ASSOCIADOS ÀS TRINCAS DENTÁRIAS ........... 16 2.2. DIAGNÓSTICO DE TRINCAS DENTÁRIAS ....................................................... 18 2.3. SINAIS CLÍNICOS DO BRUXISMO ..................................................................... 19 3. OBJETIVOS .............................................................................................................. 23 3.1. Objetivo Geral .......................................................................................................... 23 3.2. Objetivos Específicos ............................................................................................... 23 4. METODOLOGIA ...................................................................................................... 24 4.1. consideraçoes éticas .................................................................................................. 24 4.2. CÁLCULO AMOSTRAL E SELEÇÃO DA AMOSTRA....................................... 24 4.2.1. Critérios de Inclusão ........................................................................................... 25 4.2.2. Critérios de Exclusão........................................................................................... 26 4.3. COLETA DE DADOS .............................................................................................26 4.3.1. Calibração ............................................................................................................ 26 4.3.2. Exame Clínico Intra-Bucal ................................................................................. 26 4.3.3. Coleta de dados não-clínico ................................................................................ 28 4.3.4. Análise Estatística ................................................................................................ 29 5. RESULTADOS .......................................................................................................... 30 6. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 33 7. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 36 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 37 APÊNDICE A – Ficha Clínica ..................................................................................... 43 APÊNDICE B – Questionário aos pais ....................................................................... 43 ANEXO A – Ata de apresentação ............................................................................... 50 14 1. INTRODUÇÃO Há muitas classificações de trincas dentárias, realizadas a fim de facilitar o diagnóstico pelo cirurgião-dentista (CLARCK et al., 2003). Todavia, a trinca dentária pode ser definida como linha de rachadura vertical presente em um dente, no sentido cervico-oclusal (TAN et al., 2006), sendo uma forma específica de trauma dental (BERTI et al., 2015). O trauma dentário é uma lesão causada por um impacto externo, o qual traz prejuízos de diferentes gravidades. Pode-se ter como um trauma dentário desde uma trinca no esmalte até um dano maior que acometa o tecido periodontal do paciente (FELICIANO; CALDAS, 2006). Dentre as divisões de trauma, há os traumas do tecido dental, que incluem trincas do esmalte (não há perda de estrutura dental) (LOSSO et al., 2011), fratura de esmalte (há perda de estrutura dental) (LOSSO et al., 2011), fratura de esmalte e dentina, fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar, fratura coronorradicular sem e com exposição pulpar e fratura radicular (WANDERLEY et al., 2014). Ademais, há o trauma de tecido periodontal ou de suporte, que incluem concussão, subluxação, luxação lateral, luxação intrusiva, luxação extrusiva e avulsão (WANDERLEY et al., 2014). Paralelamente à essa divisão de traumas dentais, existe a síndrome do dente rachado (SDR), definida como rachadura ou trinca, presente no esmalte e/ou dentina de um dente vivo, que acompanhe dor severa e aguda quando se mastiga algo sobre esse dente, sendo mais comum em pessoas entre 40 a 50 anos (AVELAR et al., 2017). A trinca de esmalte é o segundo trauma mais frequente atrás da fratura de esmalte (BERTI et al., 2015). A prevalência em crianças de 5 anos é de 16,4% nos meninos e de 23% nas meninas (BERTI et al., 2015). Na idade de 6 anos, a prevalência é de 18,5% nos meninos e de 32,6% nas meninas (BERTI et al., 2015). Já a prevalência em indivíduos de 25 a 70 anos, foi de 81,3% (DEOG-GUY et al., 2011). Todavia, há pesquisas que demonstram a fratura de esmalte como o tipo de trauma mais frequente, enquanto as trincas de esmalte não foram tão vistas (CAVALCANTI et al., 2009) ou então não relatadas (FERREIRA et al., 2009; JORGE et al., 2009). Em relação aos fatores etiológicos associados, especificamente às trincas, essa alteração teria causa multifatorial (CLARCK et al., 2013). Dentes que são tratados endodonticamente ou que possuem restauração, principalmente os que são tratados com amálgama, têm uma maior frequência de trincas. A idade é um fator que influencia o aparecimento de trincas (DEOD-GUY et al., 2011). Trincas de esmalte podem ser causadas por estresse oclusal presente na mastigação (DEOD-GUY et al., 2011), ocorrendo frequentemente em pacientes com bruxismo (RODRIGUES et al., 2006). As trincas dentárias podem ser causadas pelo ranger e apertar dos dentes (ALOE et al., 2003; LUBISICH; HILTON; FERRACANE, 2010), podendo, então, ser 15 usadas como sinais clínicos indicativos desse hábito. Ainda, a trinca dentária pode ser considerada como um facilitador para o diagnóstico provável do bruxismo, assim como outros sinais, sendo incluída na ferramenta padronizada para avaliação do bruxismo – STAB (Towards a Standardized Tool for the Assessment of Bruxism)(MANFREDINI et al., 2020). O aparecimento de trincas também pode ser influenciado pela anatomia do dente. As cúspides funcionais, por exemplo, possuem uma camada mais consistente de esmalte, sendo o grau de decussação, consequentemente, maior – terminologia usada para o entrelaçamento dos prismas de esmalte, que acontece na parte mais interna do dente. Dessa forma, as cúspides funcionais são menos susceptíveis a trincas no esmalte em comparação com as cúspides não funcionais (que possuem uma camada mais fina de esmalte e também menor grau de decussação). Partículas de alimentos grandes e duras podem transformar cúspides não funcionais em funcionais. Em decorrência disso, o aparecimento de trincas também pode ser interferido pela dieta do indivíduo (SEGARRA et al., 2017). Trincas dentais possuem difícil diagnóstico por ser difícil visualizá-las (DEOG-GYU et al., 2011). Em vista disso, relacionar as trincas com fatores etiológicos faz com que o cirurgião- dentista esteja ciente do público mais susceptível a essa alteração, e assim, adquira habilidade para o diagnóstico dessas. Consequentemente, o clínico estará mais preparado para tratar não só as trincas presentes, mas tratar os fatores que as causaram. Uma vez que poucos estudos associaram a presença de trincas dentárias ao bruxismo e considerando que a detecção do provável bruxismo envolve a avaliação clínica do paciente, percebeu-se a necessidade de avaliar a presença de trincas em esmalte como um possível sinal de bruxismo em crianças, com a finalidade de auxiliar na sua detecção. O presente trabalho visou relacionar a presença de trincas de esmalte em dentes decíduos com o provável bruxismo infantil. 16 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. FATORES ETIOLÓGICOS ASSOCIADOS ÀS TRINCAS DENTÁRIAS Vieira (2008) classificou os fatores etiológicos da síndrome do dente rachado (SDR) em três: fatores morfológicos, fatores físicos e fatores iatrogênicos. Pacientes que possuem o hábito de ranger os dentes e possuem perda de estrutura dental têm mais chances de apresentarem trincas dentárias. Além disso, o piercing na língua pode ser considerado um fator etiológico atual. Concluiu que a SDR está cada vez mais frequente nos consultórios odontológicos, todavia, pelo fato do diagnóstico ser difícil, ela não é diagnosticada precocemente. Deog-Gyu et al. (2011) investigaram fatores que estariam relacionados às trincas dentárias, como a idade, sexo, sintomas, sinais, direção das trincas, tipos de restaurações e métodos de diagnóstico. Examinaram-se 103 pacientes, durante 11 meses, que procuraram o Departamento de Odontologia do Hospital Gangnam Severance por sentir dor ao morder durante o teste da mordida, que estavam com suspeita de trinca nos dentes ou que estavam com trinca visível durante o exame. Além do teste de mordida, foi realizado o teste de hipersensibilidade, transiluminação, microscopia, cirurgia diagnóstica e uso de corantes. As informações dos pacientes, como idade, sexo, sinais e sintomas, foram anotadas. Em 103 pacientes, 107 dentes foram diagnosticados com dentes fraturados. Dentre eles, 48% foram diagnosticados a “olho nu”; 18%, transiluminação; 17%, coloração de corante; 9% exame microscópico e cirurgia diagnóstica com 8%. Ospacientes que apresentaram trinca tinham a faixa de idade entre 25 a 70 anos. Sendo que, a faixa de 40 a 49 anos de idade foi a que apontou maior presença de fraturas dentais. Determinou-se que não há diferença significativa na prevalência de trincas entre homens e mulheres, em vista que, 51,4% dos homens exibiram trinca, contra um percentual de 48,6% nas mulheres. Em relação ao dente que mais apresentou trinca, o primeiro molar superior foi o dente de maior frequência, seguido do primeiro molar inferior. Em relação ao tratamento endodôntico, dentes que foram tratados anteriormente, apresentaram maior número de trincas dentais. O mesmo aconteceu com dentes restaurados. O trabalho revelou que 72% dos dentes estudados possuíam restaurações, enquanto apenas 28% eram dentes hígidos. Dentes tratados com amálgama apresentaram mais chances de possuir trincas do que dentes tratados com resina ou porcelana. Os autores citaram, ainda, que as fraturas podem ser desenvolvidas pelo estresse oclusal que acontece durante a mastigação e, também, pelo fenômeno físico de expansão de alguns materiais restauradores. Conclui-se que há diversos fatores relacionados às trincas dentais, como: tratamento endodôntico prévio, presença e tipo de restaurações e idade do paciente. Lago et al. (2013) publicaram uma revisão de literatura sobre a SDR, com o objetivo de informar a etiologia, sintomas, métodos de diagnóstico e tratamento. Após análise de artigos sobre 17 o tema, afirmaram que a etiologia da síndrome do dente rachado é multifatorial, todavia, o motivo mais frequente de ocorrer essa síndrome é morder um objeto ou alimento de consistência dura. Outros autores referenciados citaram o ranger e o apertar dos dentes como fatores etiológicos dessa alteração. Tanto contatos dentários presentes no lado de balanceio quanto contatos abundantes no lado de trabalho também podem acarretar em fraturas dentárias. Ainda, lesões não cariosas como atrição, abrasão e erosão deixam os dentes mais vulneráveis às trincas dentárias. Chegou-se na conclusão que essa alteração caracterizada por trincas dentais deve ser diagnosticada precocemente mesmo que essas trincas sejam de difícil visualização, para que assim seu tratamento seja eficiente. Berti et al. (2015) realizaram uma pesquisa com o objetivo de avaliar a prevalência de lesões dentárias traumáticas e associá-las com fatores biológicos e socioeconômicos. Foi feito um estudo transversal, no qual examinaram 684 crianças (363 meninos e 321 meninas) da faixa etária de 5 a 6 anos de 11 escolas, em São Paulo. Crianças que apresentaram ao menos um dente permanente ou tinham falta de algum dente decíduo não fizeram parte do estudo, no entanto, somente os dentes anteriores decíduos foram incluídos na análise. A realização do exame foi através de espelho, gaze e lanterna e realizado por duas pessoas devidamente calibradas. A prevalência de lesões dentárias traumáticas encontrada foi de 52,3%. O trauma mais comum entre as crianças foi a fratura de esmalte (63,4%) , seguida por trincas no esmalte (22,8%). Quanto aos fatores socioeconômicos e biológicos (idade e sexo), a pesquisa mostrou que não houve relação significativa entre eles e trauma dentário. Conclui-se, então, que a prevalência de trauma dental encontrada entre essas crianças foi alta, se comparada com outros estudos e que aspectos biológicos e socioeconômicos não foram associados com a ocorrência de traumas dentários. Avelar et al. (2017) fizeram uma revisão de literatura sobre a SDR, com o intuito de investigar fatores etiológicos, formas de diagnóstico, tratamento e sinais clínicos mais prevalentes. Selecionaram-se 30 trabalhos num total de 100, que respeitassem os critérios de inclusão. Após a análise dos estudos, apontou-se que desgaste excessivo nos preparos dos dentes, profundidade demasiada e a forma geométrica do preparo acabam enfraquecendo o dente, tornando-o mais susceptível a fraturas. Além disso, pode-se dividir a etiologia das fraturas em quatro classes: procedimentos operatórios e restauradores - como por exemplo, restaurações de amálgama ou trauma iatrogênico, oclusão do paciente – grupo em que se encontra o bruxismo, desenvolvimento dentário – como fusão incompleta de zonas calcificadas e, por último, causas variadas – como, por exemplo, piercing lingual. 18 2.2. DIAGNÓSTICO DE TRINCAS DENTÁRIAS A fim de diagnosticar trincas dentárias, o microscópico odontológico e os achados baseados em sintomas são aceitos, visto que, a visualização de trincas a “olho nu” acaba sendo restrita. O propósito do trabalho produzido por Clark et al. (2003) era elaborar uma nova classificação de trincas dentárias utilizando um aumento microscópico de 16x, para então, facilitar o diagnóstico pelo cirurgião dentista. Antes de serem avaliados microscopicamente, os dentes foram submetidos à limpeza e dessecação (para remoção da placa e umidade) e ao polimento com borracha e pasta de pedra-pomes. Os dentes, então, foram visualizados no aumento de 16x, com máxima iluminação, o que permitia a realização de fotografias para documentação. De acordo com o estudo, com o aprimoramento do uso de microscopia clínica e iluminação para diagnóstico de fraturas, foi possível visualizar as trincas dentárias e classifica-las em diferentes grupos. À medida que a trinca encontra-se nas porções mais internas do dente, é necessário visualização com microscopia com um aumento de 24x. Contudo, uma trinca superficial, presente no esmalte, consegue ser visualizada com um aumento de 16x, por outro lado, essas fraturas não aceitam o azul de metileno para uso de diagnóstico por serem de baixa complexidade. O uso de microscopia para diagnóstico de trincas dentárias é eficaz até mesmo quando elas ainda são assintomáticas, desde que esse recurso seja usado a partir do aumento de 14x. Fato esse que justifica o aumento do seu uso nas clinicas odontológicas. O diagnóstico microscópico pode ser auxiliado pela quantidade de dendritos de pedra-pomes que permanece na fissura. O tamanho da Pedra-pomes utilizada varia de 200 a 700 μm. Quando tem uma retenção significativa, quer dizer que a largura da trinca é de, pelo menos, 200 μm. Conclui-se, que o uso de microscópico é eficaz para o diagnóstico de trincas, sendo capaz de visualizar até mesmo trincas mais simples presente apenas no esmalte, quando ainda não apresentam sintomas. Mamoun e Napoletano (2015) realizaram uma revisão de literatura, com a finalidade de analisar métodos de diagnóstico e tratamento de fraturas dentais. Esta revisão de literatura foi dividida didaticamente em tipos de estresse que acarretam em diferentes fraturas, como fratura de coroa, fratura no terço cervical e fratura em região de furca. Para cada grupo, os autores citaram causa das trincas e tratamento. De acordo com os estudos utilizadas pelos autores dessa revisão, trincas dentais geralmente são diagnosticadas visualmente - ideal quando se usa microscópio, não sendo vistas em exame radiográfico. Indicou-se o uso de microscópio com o aumento de, no mínimo, 6 a 8x, com auxílio de iluminação que estivesse no mesmo sentido do eixo de visualização do examinador. Uma vantagem do uso de microscópio, é o fato dele dispensar outras técnicas, como a transluminação e o uso de corantes. Conclui-se, em relação ao diagnóstico, que o uso de microscopia é indicado para descoberta de fratura dentária. 19 Segarra et al. (2016) realizaram um estudo visando analisar o comportamento, os tipos de trincas provocadas por forças mastigatórias, e seus padrões, usando tomografia de coerência óptica. Para a realização dessa pesquisa, usaram 10 dentes – de pacientes que tinham de 30 a 55 anos de idade, um de cada categoria (incisivos, canino, pré-molar e molar). Os critérios de inclusão utilizados foram ter mínimas lesões de cárie, não ter tratamento com restauração,ter seu antagonista, e além disso, ter apresentado envolvimento durante a mastigação antes da exodontia - que foi feita com toda cautela para que os dentes não sofressem nenhum tipo de fratura. Antes de serem analisados na tomografia, os dentes foram limpos e armazenados em água, porém, antes de cada análise, eles eram secos. Os dentes anteriores foram analisados na sua parte de contato e sem contato na oclusão, já os dentes posteriores foram analisados nas suas cúspides, tanto funcionais quando não funcionais. Com a observação feita nesse estudo, os autores consideraram três tipos de fratura: tipo I, que são trincas superficiais transversais ou horizontais que podem ter ou não ter lascas; tipo II, que são tricas verticais e tipo III – chamada de trincas híbridas ou complicadas - que é uma mistura do tipo I somada com o tipo II. Cada tipo foi encontrado com mais frequência em diferentes dentes. Trincas do Tipo I e Tipo III foram encontradas com predomínio em face de contato dos incisivos, cúspides dos caninos e cúspides funcionais dos dentes posteriores. A trinca do Tipo II foi encontrada predominantemente nas faces livres de incisivos e caninos, e nas cúspides não funcionais dos pré-molares inferiores e molares superiores. As trincas do Tipo II e Tipo III foram encontradas de formas simétricas nas cúspides não funcionais dos pré-molares superiores e molares inferiores. Com o auxílio da tomografia de coerência óptica, foi possível analisar trincas internas, que foram mais encontradas em superficies proximais e cúspides funcionais. No tomógrafo também foi possivel visualizar trincas originadas da junção dentina-esmalte. Ademais, percebeu-se a presença de linhas brancas que estavam presentes no final de uma trinca central. Concluiu-se, que a tomografia de coerência óptica é capaz de detectar trincas dentárias, e, consequentemente, o comportamento delas é capaz de ser analisado, visto que, com uma imagem 3D, é possível estudar de forma mais minuciosa a localização e direção das trincas. 2.3.SINAIS CLÍNICOS DO BRUXISMO Aloé et al. (2003) fizeram uma revisão de literatura com o intuíto de unir as principais informações do bruxismo do sono. Dentre essas informações, encontra-se etiologia, sinais e sintomas, tratamento e diagnóstico. De acordo com os achados, o bruxismo do sono é mais prevalente em crianças. O sinal clinico mais frequente em pacientes com bruxismo é o desgaste dental, porém, 40% dos pacientes permanecem assintomáticos. Outros autores também citam sensibilidade ao calor e/ou ao frio, trincas/fraturas, redução do fluxo salivar, cortes na língua, dor 20 e fraqueza nos músculos da mastigação, dores de cabeça, estalo na articulação temporomandibular e abertura bucal limitada como sinais e sintomas que podem estar presentes e que acabam auxiliando o cirurgião dentista durante o diagnóstico. Serra-Negra et al. (2012) realizaram um estudo caso-controle com o objetivo de analisar a associação entre sinais e sintomas com o bruxismo e avaliar esses mesmos achados clínicos em crianças sem bruxismo. O estudo foi realizado com crianças de 8 anos de Belo Horizonte. Foram selecionadas 120 crianças com bruxismo (grupo caso) e 240 sem bruxismo (controle). Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário respondido pelos pais/responsáveis e um formulário. O exame clínico dos dentes foi feito por um único dentista que foi calibrado anteriormente. Os sinais e sintomas investigados foram: assimetria facial, dor nas regiões do masseter e temporal, desgaste dentário, mordidas cruzadas anterior e posterior, DTM, sulco da mucosa bucal, respiração bucal, endentação na língua e falta de selamento labial. Ao fazer a análise de associação entre os sinais clinicos e bruxismo, as variáveis que apresentaram associação com o bruxismo foram: desgaste primário em canino (81%), cerrar os dentes quando acordado (70,6%), respiração bucal (60,2%), morder objetos como lápis e canetas (59,2%) e roer unha com (50,8 %). Em relação às mordidas cruzadas anterior e posterior, somente 3,4% apresentaram a mordida cruzada anterios e 16,8%, posterior. As variáveis que apresentaram associação significativa com o bruxismo foram: desgaste primário no canino, mordida de objeto e apertamento dental quando acordado. Conclui-se, com esse estudo, que o cirurgião dentista pode usufruir de novos fatores para auxílio no diagnóstico de bruxismo, como desgaste em canino, apertar os dentes quando acordado, morder objetos e unha, uma vez que estão associados a esse hábito em crianças. Visando à determinação da prevalência do bruxismo do sono em crianças e dos fatores associados, Drumond et al. (2018) executaram um estudo transversal com escolares de 8 a 10 anos, da cidade Diamantina. O diagnóstico de provável bruxismo foi concluído com o relato dos pais/responsáveis (se a criança reproduziu algum som associado ao bruxismo) e com sinal clínico (desgaste anormal dos dentes e desconforto muscular da mandíbula). Os exames clínicos foram realizados com gaze, espelho bucal, lanterna e sonda OMS. O desgaste dentário foi examinado na oclusal de dentes permanentes, seguindo o índice proposto por Smith and Knigh. Além disso, para considerar uma criança bruxista, utilizou-se um ponto de corte de ≥ 3 dentes com desgaste na superfície oclusal. Os pais/responsáveis responderam um questionário que incluía informações socioeconômicas, idade e sexo da criança, presença de hábitos deletérios como morder unhas e/ou objetos, chupar bico e/ou dedo e tomar mamadeira. As mães e os alunos responderam um questionário sobre sintomas de estresse. Esse estudo achou a prevalência de 40% de bruxismo do sono em crianças. Em relação aos fatores associados ao bruxismo de sono infantil, na análise não ajustada, o estresse da mãe, o sexo feminino, o hábito de roer unhas e objetos mordedores apresentaram maior prevalência de bruxismo. Entretanto, no modelo hierárquico final, 21 determinou-se que, em crianças que possuíam o hábito de roer unhas, a prevalência do bruxismo foi 50% maior e nas crianças que possuíam o hábito de morder objetos, 30% maior. A prevalência foi de 22% menor nas meninas. Concluiu-se que há a necessidade de se realizarem mais estudos com métodos mais adequados para determinar a influência de hábitos na infância, visto que, nessa pesquisa não foi possível realizar uma relação de causa e efeito, e também pela possibilidade de haver o viés de memória dos pais em relação aos hábitos deletérios dos seus filhos. Manfredini et al. (2020) com o objetivo de criar um kit de ferramenta padronizada para avaliação do bruxismo, que envolvesse o máximo de informações possível para classificação dessa alteração e, assim, facilitar a comparação nos estudos e produções de pesquisas e oferecer um melhor tratamento para os pacientes em ambiente clínico, realizaram dois workshops (2018 e 2019) com convidados, e dessa forma, produziram um artigo para apresentar o projeto em questão. A primeira reunião foi realizada em Londres com especialistas de toda a Europa, já a segunda reunião foi realizada em Vancouver. Segundo os autores desse projeto, para a padronização da avaliação da presença do bruxismo, primeiramente, foi considerada uma proposta de avaliação que gerasse um sistema de pontuação. Esse sistema foi dividido em dois eixos: Eixo A que seria avaliação com autorrelato de bruxismo, avaliação clínica (sinais, sintomas e consequências) e avaliação instrumental; Eixo B, que se trata de fatores etiológicos e de risco que estão relacionados ao aparecimento do bruxismo, assim como condições concorrentes. Dentre os sinais e sintomas avaliados no eixo A, serão considerados tanto baseado em relatos quanto as queixas dos pacientes - como relatos de dor muscular, dor nas articulações, dor nos dentes, queixa em relação ao desgaste dentário, história dentária,relato de restaurações ou dentes trincados, dor ao despertar, dor no pescoço ou ombro, como através de avaliação com base clínica: palpação articular quando apresentar sons e dor, palpação muscular do músculo masseter quando apresentar dor ou assimetria, palpação do músculo temporal quando tiver dor, teste dinâmico e estático para dor e palpação dos músculos do pescoço/ombro para consistência e dor; avaliação dos tecidos intraorais, como linha alba, língua escalonada, impressões labiais e exostoses; considera os dentes e restaurações, como, desgaste dentário mecânico, desgaste dentário químico, desgaste dentário fisiológico e não fisiológico, problemas periodontais, problemas endodônticos, trincas dentárias, restaurações quebradas, avaliação de aparelho oral e complicações mecânicas em restaurações implantossuportadas. O resultado desse projeto resultará na Ferramenta Padronizada para Avaliação do Bruxismo (STAB). Além disso, terá como resultado um sistema de pontuação, no qual quanto maior a pontuação, mais grave será o estado do bruxismo. A próxima etapa desse projeto é a preparação de uma lista de questionários e itens clínicos – propostos pela experiência pessoal com uma revisão completa da literatura - que deverão ser feitos pelos membros. O segundo passo será desenvolver a Ferramenta de Avaliação e o terceiro e último passo será usar inteligência artificial para selecionar a quantidade de dados coletados. 22 Soares et al. (2021) realizaram uma revisão sistemática com o objetivo de determinar os sinais e sintomas clínicos mais prevalentes em crianças com bruxismo do sono, a prevalência do bruxismo do sono e verificar se há associação entre algum sinal e sintoma clínico com o bruxismo do sono. Vinte e dois trabalhos foram incluídos, publicados entre 1995 e 2019. Na maioria dos estudos, os dados foram coletados em ambiente escolar, público ou privado. Ao todo, foram incluídas 7456 crianças, da faixa etária de 2 a 10 anos, sendo 3381 meninas, 3345 meninos e 730 não relataram. Em relação ao diagnóstico do bruxismo, 18 estudos o fizeram usando o relato dos próprios pais (possível bruxismo) e 4 estudos usaram o exame clínico positivo, além do relato do pais (provável bruxismo). A prevalência encontrada do bruxismo foi de 31,16%. Já os sinais e sintomas mais prevalentes foram desgaste de canino decíduo, desgaste dental e dor de cabeça - presente em metade das crianças analisadas. Entretanto, nenhum estudo relatou se era dor de cabeça ao acordar ou presente durante o passar do dia. O desgaste de canino decíduo foi relatado por 2 estudos, o desgaste dental, por 5 estudos e a dor de cabeça, por 9 estudos. Além desses sinais e sintomas, dor de cabeça no músculo frontal, dor na ATM, dor no músculo masseter, dor facial, dor no músculo temporal, histórico de dor de dente, cliques ao abrir a boca, alteração na ATM e dor durante o movimento mandibular, foram avaliados em dois estudos primários. Três estudos analisaram dor de ouvido e mordida na língua. Depois dos sinais e sintomas mais presentes, dor de cabeça no músculo frontal, dor na ATM, dor facial e dor no músculo masseter estiveram presentes em pelo menos 30% das crianças examinadas no estudo. Por outro lado, dor durante a movimentação mandibular foi o sintoma que menos apareceu nas crianças bruxistas. Não se obteve número de estudos suficiente para analisar a associação entre bruxismo do sono e sinais e sintomas do sistema mastigatório, já que, os estudos analisados não possuíam o mesmo desenho de pesquisa. Porém, identificou-se que não houve associação entre desgaste dentário e dor de cabeça com o bruxismo do sono. Sinais clínicos como: linha alba, lábios mordidos, linha branca nos lábios, fratura dentária e trinca no esmalte não foram avaliados por nenhum estudo. Concluiu- se que estudos com maior qualidade devem ser realizados. Além disso, o dentista deve ter atenção ao desgaste em caninos decíduos, já que, comumente é confundido com desgaste funcional. 23 3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO GERAL I. Determinar se há associação entre trincas dentárias em dentes decíduos e bruxismo infantil em escolares da cidade de Florianópolis – Santa Catarina, Brasil. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS I. Avaliar se existe associação entre a presença de trincas dentárias e hábitos de morder objetos e roer unhas. II. Verificar se há associação entre a presença de trincas dentárias e a presença de restaurações em dentes decíduos. III. Verificar se existe associação entre a presença de trincas dentárias e mordida cruzada posterior. 24 4. METODOLOGIA 4.1.CONSIDERAÇOES ÉTICAS O presente estudo faz parte do macroprojeto intitulado “Saúde bucal e fatores associados relacionados à qualidade de vida em crianças e adolescentes do município de Florianópolis - Estudo de coorte/ Etapa 3”, o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, com número de parecer: 3.091.390 Trata-se, então, de um estudo epidemiológico transversal aninhado a um estudo longitudinal de coorte. Foram enviados Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos responsáveis autorizando a criança ou adolescente na participação da pesquisa. Ainda, a criança teve que consentir participação através da assinatura do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). 4.2. CÁLCULO AMOSTRAL E SELEÇÃO DA AMOSTRA A amostra do macroprojeto foi calculada com um erro padrão de 5%, intervalo de confiança de 95% e uma prevalência de trincas em dentes decíduos de 50%, uma vez que é desconhecida nesta população. Um fator de correção de 1.2 foi aplicado, resultando em uma amostra mínima de 720 crianças. Foram adicionados 20% para compensar possíveis perdas, resultando em uma amostra de 864 crianças. A amostra desse estudo transversal foi composta por 255 crianças matriculadas em escolas públicas da cidade de florianópolis – de 6 a 14 anos - que participaram, também, da Etapa 1 ou Etapa 2 do estudo de coorte, que aconteceram em 2014 e 2016 respectivamente. 25 Figura 1. Fluxograma da representação das etapas metodológicas do presente trabalho 4.2.1. Critérios de Inclusão Participantes da Etapa 1 ou 2 do macroprojeto: Levantamento epidemiológico da saúde bucal e fatores biopsicossociais associados no município de Florianópolis. Crianças ou adolescentes regularmente matriculados nas escolas públicas da cidade de Florianópolis – SC, no decorrer da pesquisa, cujos pais e/ou responsáveis concordaram com a participação no estudo. Crianças que apresentaram pelo menos um dente canino e/ou molar decíduo. 26 4.2.2. Critérios de Exclusão Crianças e adolescentes que estavam fazendo o uso de medicamentos que interfiram no sistema nervoso central. Crianças e adolescentes com comportamento não colaborador. Crianças e adolescentes que se opuseram à pesquisa. Crianças e adolescentes não alfabetizadas, devido à necessidade de leitura e compreensão do questionário adotado. Crianças e adolescentes que apresentaram a dentição permanente completa. 4.3. COLETA DE DADOS 4.3.1.Calibração A equipe de trabalho envolveu 5 examinadores (curso de pós-graduação em Odontologia). Todos os examinadores foram previamente treinados e calibrados em relação aos tipos de desordens bucais avaliadas e os respectivos índices de classificação. A calibração teve como finalidade esclarecer as principais dúvidas em relação aos dados clínicos que foram analisados e padronizar o método de avaliação e anotação das informações referentes a cada participante. Para tal, foi realizado o teste Kappa intra e interexaminador e, as divergências de diagnóstico, foram discutidas e resolvidas através do examinador padrão ouro.4.3.2. Exame Clínico Intra-Bucal O exame clínico foi realizado no próprio ambiente escolar (em uma sala designada pela direção do local, durante o horário de aulas e em momento combinado previamente). A avaliação clínica foi realizada com o participante comodamente sentado em uma cadeira comum, de frente para o examinador, mediante observação visual direta da cavidade bucal e iluminação artificial (lanterna de luz de LED – Diodo Emissor de Luz). Para minimizar os riscos para as crianças e adolescentes os exames foram feitos de forma individual, em local reservado (local isolado com boa iluminação) visando a não exposição do participante na frente dos colegas. Foram utilizados espelhos clínicos e gazes estéreis para secagem e limpeza da região. As alterações observadas foram anotadas em ficha clínica específica (APÊNDICE A). 27 4.3.2.1. Trinca Dentária A presença de trinca dentária foi avaliada apenas nos dentes caninos e molares decíduos. Os incisivos não foram avaliados pois, devido à faixa etária dos participantes, a maioria já estavam esfoliados. O exame clínico de trinca dental foi realizado através de inspeção visual, por transiluminação do esmalte, com o auxílio de uma caneta de luz LED (DEOD-GYU et al., 2011), que foi posicionada na face palatina e/ou lingual dos dentes decíduos. Foi considerado trinca linhas verticais ou horizontais no esmalte presentes nas faces vestibulares dos dentes avaliados. 4.3.2.2. Bruxismo O examinador avaliou as superfícies dentais em busca de quaisquer sinais de desgaste de estrutura dental por bruxismo. Para diferenciar a presença de desgaste nos dentes por bruxismo e erosão, secou-se a superfície dental com gaze, projetou-se a luz da lanterna e observou-se com o espelho odontológico. Dentes desgastados pelo bruxismo apresentam desgaste com superfície brilhante e em forma de platô, o que não ocorre em dentes desgastados pela erosão. Foi determinada a presença de bruxismo tanto na dentição decídua quanto na permanente, avaliando todos os dentes completamente erupcionados . A presença de faceta de desgaste foi observada através do índice proposto por Smith e Knight (1984). Considerou-se desgaste das superfícies oclusais, como: 0 com sem perda das características da superfície do esmalte; 1 com perda das características da superfície do esmalte; 2 com perda de esmalte expondo dentina em menos de um terço da superfície; 3 com perda de esmalte expondo dentina mais de um terço da superfície; e 4 com perda completa do esmalte, expondo dentina secundária e exposição pulpar. Foram classificadas como crianças com bruxismo, as crianças que apresentaram três faces oclusais/incisais com desgaste, ou mais. Esse ponto de corte (≥3) foi definido por Mota- Veloso et al. (2017), por ser a quantidade que descarta o desgaste como consequência de outras alterações, como maior contato entre dois dentes ou, então, da presença de restauração (DRUMOND et al., 2019). 28 4.3.2.3.Presença de Restaurações A coleta da presença de restauração foi analisada utilizando o índice do CPO-D, seguindo as normas da OMS (1997). O dente foi classificado como presente em boca quando alguma parte da sua estrutura estava visível. Os códigos usados para determinação de cárie, e consequentemente, de restauração, foram: A para dentes hígidos; B para dentes cariados; C para dentes restaurados, mas com a presença de cárie; D para dentes restaurados e sem cárie; E para dentes perdidos por causa da cárie; F para dentes perdidos por outra razão, G para dentes com Selante; H para dentes com apoio de prótese; K para dentes não erupcionados ou com raiz não exposta; T para dentes com trauma ou fratura e, finalmente, L para dentes excluídos. Foram definidos como dentes restaurados, dentes que possuíam qualquer tipo de restauração, seja ela definitiva ou provisória. Para avaliar a associação de restauração com trinca dentárias, então, os códigos utilizados para esse estudo, foram os C e D. 4.3.2.4. Mordida cruzada posterior A mordida cruzada posterior foi diagnosticada segundo o índice de Foster e Hamilton, usado também na Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil 2010) (FOSTER; HAMILTON; LAVELLE 1969). Para esse estudo foram considerados tanto mordida cruzada posterior bilaretal quanto unilateral. 4.3.3. Coleta de dados não-clínico Questionários foram enviados aos pais/responsáveis tanto nas primeiras duas etapas do estudo de coorte (2014 e 2016) quanto na etapa de 2019 do estudo transversal, contendo perguntas sobre a presença de possível bruxismo do sono, hábitos de roer unhas e morder objetos (APÊNDICE B). Diante da falta de devolução dos questionários enviados em 2019, o histórico de hábitos anteriores como “histórico de possível bruxismo”, “histórico de morder objetos” e “histórico de roer unhas” foram retirados dos questionários das primeiras etapas (2014 e 2016) segundo o relato dos pais. 29 4.3.4. Análise Estatística Os dados coletados foram transferidos para o programa Microsoft Excel (2011). Foram analisados com o auxílio do programa Statistical Package for Social Science (SPSS® 21.0 - SPSS Inc., Chicago, IL, USA). Para verificar a possível associação das variáveis independentes (demográficas e clínicas) com o desfecho (trinca dentária), foram utilizados os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher (quando alguma categoria possuía menos de 5 observações). O nível de significância adotado foi de 5% para ambos os testes. 30 5. RESULTADOS Em 2019, 255 crianças foram avaliadas clinicamente em relação às trincas dentárias, presença de cárie/restauração, diagnóstico de provável bruxismo e mordida cruzada posterior. Todavia, 146 apresentaram apenas dentes permanentes e foram excluídas da análise. Sendo assim, a amostra final desse estudo foi de 109 crianças, que apresentavam pelo menos um dente canino e/ou molar decíduos em boca. Os valores mínimos de concordância inter-examinadores (Kappa) foram 0.74, 0.72, 0.78 e 0.83, para as variáveis trinca dentária, bruxismo, mordida cruzada posterior e índice CPO- D/ceod, respectivamente. Ademais, os valores mínimos de concordância intra-examinadores (Kappa) foram 0.79, 0.72, 0.95 e 0.87, respectivamente. A amostra foi composta por 58 meninas (53.2%) e 51 meninos (46.8%). Os participantes possuíam entre 6 e 14 anos de idade, com média (desvio padrão) de 9.21 (1.64) anos. A prevalência de trincas dentárias em dentes decíduos foi de 47.7% (n=57). A Tabela 1 apresenta a distribuição das frequências das variáveis independentes e a análise bivariada. Setenta e oito crianças (71.6%) apresentaram provável bruxismo do sono (pelo menos 3 dentes com facetas de desgaste). A presença de trincas dentárias em dentes decíduos foi associada à presença de provável bruxismo do sono (P=0.001). A Figura 2 ilustra a associação entre provável bruxismo do sono e a presença de trincas dentárias em dentes decíduos. As demais variáveis investigadas não apresentaram associação com o desfecho (P>0.05). 31 Tabela 1. Frequências e a análise bivariada das possíveis variáveis independentes associadas à presença de trincas dentárias em dentes decíduos (n=109). Variáveis Independentes n (%) Trinca Dentária P Ausente n (%) Presente n (%) Variáveis Demográficas Sexo Feminino Masculino 58 (53.2) 51 (46.8) 33 (56.9) 24 (47.1) 25 (43.1) 27 (52.9) 0.305 Idade ≤ 9 anos > 9 anos 67 (61.5) 42 (38.5) 32 (47.8) 55 (59.5) 35 (52.2) 17 (40.5) 0.231 Variáveis Clínicas Provável Bruxismo do Sono Ausente Presente 31 (28.4) 78 (71.6) 24 (77.4) 33 (42.3)7 (22.6) 45 (57.7) 0.001 Restaurações Ausente Presente 108 (99.1) 1 (0.9) 57 (52.8) 0 (0.0) 51 (47.2) 1 (100.0) 0.477± Histórico de Possível Bruxismo Ausente Presente 89 (81.7) 20 (18.3) 44 (49.4) 13 (65.0) 45 (50.6) 7 (35.0) 0.208 Histórico de Morder Objetos* Ausente Presente 49 (72.1) 19 (27.9) 27 (55.1) 10 (52.6) 22 (44.9) 9 (47.4) 0.854 Histórico de Roer Unhas** Ausente Presente 52 (73.2) 19 (26.8) 28 (53.8) 9 (47.4) 24 (46.2) 10 (52.6) 0.629 Mordida Cruzada Posterior Ausente Presente 97 (89.0) 12 (11.0) 53 (54.6) 4 (33.3) 44 (45.4) 8 (66.7) 0.223± *(n=68) **(n=71) ±Teste Exato de Fisher 32 Figura 2. Representação gráfica da associação entre trincas dentárias em dentes decíduos e provável bruxismo do sono (n=109) 33 6. DISCUSSÃO O presente estudo teve como objetivo geral avaliar a associação entre trincas dentárias em dentes decíduos e bruxismo infantil. A prevalência de trincas dentárias em dentes decíduos foi de aproximadamente metade da amostra. Além disso, foi observada a associação da presença de trincas dentárias em dentes decíduos e provável bruxismo em crianças. A prevalência observada no presente estudo pode ser considerado alta, uma vez que em um estudo prévio, relatou-se prevalência de 22,8% em crianças de 5 e 6 anos, ao analisar todos os dentes decíduos (BERTI et al., 2015). Considerando que as trincas têm fator cumulativo (SORIANO et al., 2007), como esse trabalho abrangeu uma maior faixa etária, incluindo crianças de até 14 anos, teoricamente, espera-se que a frequência de trincas seja maior pela participação de crianças mais velhas no estudo. Muitos estudos encontrados citaram a SDR como consequência do bruxismo, podendo então, ser um sinal desse comportamento (AVELAR et al., 2007; VIEIRA et al., 2008). Ao analisar artigos que tivessem como objetivo do estudo a definição dos sinais do bruxismo, apenas um encontrado citou as trincas dentais (ALOÉ et al., 2003), porém não relatou sua prevalência nos bruxistas. A maioria dos estudos menciona desgaste dental, linha alba pronunciada, hipertrofia do músculo masseter, dor ao acordar (ALOÉ et al., 2003; PAGEL, 2007), sensibilidade ao calor, redução do fluxo salivar, cortes na língua, dores de cabeça, estalo na articulação temporomandibular, abertura bucal limitada (ALOÉ et al., 2003) e desgaste de canino decíduo (SERRA-NEGRA et al., 2012; SOARES et al., 2021) como os principais sinais e sintomas do bruxismo. Entretanto, a presença de trincas dentárias pode ser considerada um sinal relacionado ao bruxismo, podendo até mesmo, ser incluída na Ferramenta Padronizada STAB para avaliação do bruxismo (MANFREDINI et al., 2020) Nesse estudo, encontrou-se associação entre trincas dentárias e provável bruxismo infantil. O dente, com sua estrutura mecânica e química, deve ser capaz de suportar forças de milinewtons (0,001N) até quilonewtons (10000 N) (LAW; LEE, 2009). Crianças com bruxismo podem apresentar uma atividade muscular maior, junto com menor sensibilidade ao toque. Dessa forma, a presença do hábito de ranger e/ou apertar os dentes pode acarretar numa maior força de mordida (LINDERHOLM et al., 1971; LYONS; BAXENDALE, 1990), podendo ser de 66% a 103% maior do que em crianças que não apresentam o bruxismo. (CLARKE; TOWSEND; CAREY, 1984). O esforço mecânico gerado por atividades parafuncionais ou comportamentais, como o bruxismo, pode ter como consequência alterações biomecânicas, resultando em fratura da coroa do dente (LIN; DOUGLAS, 1994). Houve uma maior presença de trincas dentárias em crianças do sexo masculino, entretanto, não houve associação significativa entre o gênero e trincas dentárias. Geralmente, 34 meninos possuem um comportamento mais ativo do que as meninas, o que pode acarretar uma maior prevalência de trauma dental (CAVALCANTI et al., 2009), o que incluiria trincas dentárias. Além de que, os meninos estão mais relacionados ao esporte e brincadeiras de rua. Porém, as meninas estão cada vez mais procurando esportes que antes eram realizados por meninos, apenas. Isso pode explicar a falta de associação significativa entre os gêneros (TRAEBERT et al., 2010). Por outro lado, estudos mostram, também, associação entre bruxismo e a prática de atividades esportivas (DINIZ; SILVA; ZUANON, 2009), que estaria inclusa no fator “ocupacional” do bruxismo – prática de esporte e competição (PIZZOL et al., 2006). Muitos estudos apresentaram associação entre a presença de trincas dentárias e a idade dos indivíduos (BERTI et al., 2015; CAVALCANTI et al., 2009; DEOG-GYU et al., 2011). Relação essa, que pode ser explicada pelo fato de que, naturalmente, ao envelhecer, há diminuição da proteína do esmalte orgânico e aumento do conteúdo mineral do esmalte, o que resulta numa menor resistência dos dentes às trincas dentárias (GHADIMI et al., 2014). Além disso, a prevalência de trincas dentárias pode ser maior conforme maior idade, devido ao fato dessas alterações terem propriedade cumulativa, ou seja, com o passar do tempo, novas trincas vão aparecendo, não vão sendo tratadas e assim se acumulam (SORIANO et al., 2007). Porém, essa propriedade cumulativa, embora aumente a prevalência de trincas em pessoas mais velhas, não significa que pessoas mais velhas sejam susceptíveis a produzirem trincas, mas sim, como elas têm mais anos vividos, tiveram mais chances de reproduzirem trincas ao longo da vida. No presente trabalho, não houve semelhante associação significativa, porém houve uma maior frequência de trincas dentárias em crianças na faixa etária ≤ 9 anos. Isto pode ser explicado pelo fato de que quanto mais velha for a criança, mais dentes esfoliados ela apresenta. Como esse estudo avaliou as trincas de dentes caninos e molares decíduos, as crianças da faixa etária > 9 anos, apresentaram, pela ordem cronológica de esfoliação, menos dentes decíduos em boca para serem avaliados. Dessa forma, explica-se porque houve uma menor frequência de trincas dentárias nessa faixa de idade. Não foi encontrado associação significativa entre trincas dentais e o hábito de morder unhas ou objetos nesse estudo. Entretanto, nas crianças que apresentaram trincas de esmalte, percebeu-se uma alta frequência, se comparada com outros estudos, dos hábitos de morder objetos e roer unhas. Paiva et al. (2013) encontraram uma prevalência de trauma dental de 4,76% em crianças de 12 anos que tinham o hábito de morder objeto. Em relação a esses hábitos, poucos estudos fizeram análise com o objetivo de associar às trincas dentais. Embora esse estudo tenha apresentado uma maior frequência de trincas dentais em crianças que possuem mordida cruzada posterior, não teve associação significativa entre essas. Bezerra et al. (2007) analisaram a relação entre maloclusões e o surgimento de traumas dentais. Todas as classificações de traumas, incluindo as trincas, foram analisadas, associando-as com 35 mordida cruzada anterior e/ou posterior, mordida aberta, sobressaliência, sobremordida e relação do molar. Das crianças que apresentaram algum trauma dental, 81,3% tinha algum tipo de maloclusão, sendo que a maloclsão mais encontrada foi a sobressaliência (50%), seguida pela mordida cruzada (32%) (BEZERRA; CAVALVANTI; ALENCAR, 2007). Em relação à variável “histórico do possível bruxismo”, também não se achou associação. Isso pode se dar pela interrupção do hábito de bruxismo relatado pelos pais no período de 2014/2016 até a avaliação clínica de 2019. Ter relatado bruxismo nas primeiras etapas do macroprojeto, não necessariamente quer dizer que essa criança apresentaria esse hábito ainda no ano de 2019,apresentando assim, trincas dentárias como um sinal do bruxismo. Alguns trabalhos apresentaram associação entre trinca dentária e presença de restauração nos dentes (AVELAR et al., 2017; DEOD-GYU et al., 2011). Entretanto, nesse trabalho, dentre as crianças analisadas, apenas uma criança apresentou restauração, que, inclusive, também apresentava trinca dentária, dessa forma, não houve associação de trincas dentárias e restaurações. O pequeno índice de crianças com restauração pode ser explicado pelo fato de, hoje, com o avanço dos estudos, percebe-se que há outras formas menos invasivas de tratamento da cárie além de restauração (BAUMOTTE et al., 2019). Dessa forma, com a preferência ao tratamento não invasivo da cárie, seria normal ter um menor número de dentes que apresentassem restauração, e isso pode ter sido espelhado na amostra analisada, acarretando na não associação entre trincas dentárias e restauração. Esse estudo apresentou algumas limitações. A coleta de dados iniciou em outubro de 2019. Com a declaração da OMS da atual pandemia no começo de 2020, não foi possível dar continuidade na coleta de dados, devido a determinação do isolamento social e fechamento das escolas. Diante desse fato, esse trabalho apresenta uma amostra escassa em relação aos outros estudos analisados. Em vista disso, necessita-se fazer novas pesquisas com o objetivo de associar trincas dentárias com possíveis fatores, principalmente com o bruxismo. Isso porque, ter mais um sinal clínico associado ao bruxismo, seria de grande valor para o diagnóstico provável desse. Além do mais, encontrou-se dificuldade em entender as classificações existentes de trincas dentárias, uma vez que não existe uma padronização. Essas, podendo ser chamadas de diferentes formas, como: linha de mania (BERMAN; KUTTLER, 2010), fratura incompleta da coroa (VIEIRA et al., 2008), síndrome do dentre rachado (AVELAR et al., 2017), definições associadas às possíveis futuras patologias – tipo I, tipo II, tipo III (CLARK; SHEETS; PAQUETTE, 2003), linha vertical (TAN et al,, 2006), Tipo I, Tipo II e Tipo III de Segarra (SEGARRA et al., 2016), trazem confusão entre os trabalhos pesquisados, já que usam diferentes denominações. Em frente a isso, é importante os autores procurarem usar uma definição única, para que dessa forma, futuros estudos possam ser comparados entre si. 36 7. CONCLUSÃO Conclui-se que há associação entre trincas dentárias e o provável bruxismo infantil. Sendo assim, trincas dentárias podem ser consideradas como uma ferramenta clínica complementar para se chegar no provável diagnóstico do bruxismo em dentes decíduos. Todavia, os resultados do presente estudo devem ser interpretados com cautela, devido às suas limitações. 37 REFERÊNCIAS ALÓE, Flávio; GONÇALVES, Lílian Regina; AZEVEDO, Alexandre; BARBOSA, Ricardo Castro. Bruxismo durante o Sono. Revista Neurociências, [S.L.], v. 11, n. 1, p. 4-17, 23 jan. 2019. AVELAR, Wellinton Venâncio; MEDEIROS, Ayala Formiga; RAMOS, Thays de Oliveira; VASCONCELOS, Marcelo Gadelha; VASCONCELOS, Rodrigo Gadelha. SÍNDROME DO DENTE RACHADO: ETIOLOGIA, DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS. Odontologia Clínico-Científica: Odontologia clínico-científica, [s. l], v. 16, n. 1, p. 7-13, mar. 2017 BAUMOTTE, Lúcia Regina Machado. LESÕES DE CÁRIE NA SUPERFÍCIE OCLUSAL DE MOLARES DECÍDUOS ENVOLVENDO DENTINA SEM CAVITAÇÃO ÓBVIA: CONTROLAR, SELAR OU RESTAURAR. 2019. 74 f. Tese (Doutorado) - Curso de Odontologia, Universidade de Brasília, Paranoá, 2019. BERMAN, Louis H.; KUTTLER, Sergio. 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Mdb. 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 Max. Mdb. 85 84 83 82 81 71 72 73 74 75 Índice Escola: ALTERAÇÃO GENGIVAL 1 - Realizado 2 - Não realizado/sem autorização 3 - Não realizado/criança não permitiu 4 - Não realizado/ausência 5 - Não realizado/outras razões 7- Apoio de prótese 8 - Não erupcionado T -Trauma/fratura 9 - Dente excluído Peso: PUFA PLACA VISÍVEL 0 - Ausência 1 - Presença 9 - Não examinado 0 - Normal 1 - Questionável 2 - Muito Leve 3 - Leve 4 - Moderada 5 - Severa 9 - Sem registro 0 - Ausência 1 - Presença MALFORMAÇÃO DENTAL FLUOROSE FICHA CLÍNICA MIH/DDE: 0 - Sem defei to 1 - DDE 2 - Opacidade 3 - Colapso 4 - Restauração 5 - Cárie 6 - Ausente 9 - Exame não rea l izado I - Menos 1/3 I I - 1/3 a 2/3 I I I - Pelo menos 2/3 A - Não incluído PUFA: 0 -
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