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ELETRÔNICA DE POTÊNCIA Gerson Paz Teixeira Transistor de unijunção Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a polarização do transistor de unijunção. � Validar os testes de um transitor de unijunção. � Analisar o uso do transitor de unijunção para disparo de um tiristor. Introdução Neste capítulo, você vai estudar o transistor de unijunção (TUJ). Esse dispo- sitivo é bastante utilizado no acionamento de Retificador Controlado de Silício (SCRs) e o Triodo para Corrente Alternada (TRIACs). O TUJ atua como uma chave, ou seja, no modo ligado ou desligado, fazendo que possamos controlar o acionamento do tiristor, basicamente com um circuito resistor-capacitor/condensador (RC). Veremos como ocorre a polarização do TUJ, os testes de validação e a sua utilização como um circuito oscilador. Polarização do transistor de unijunção O TUJ é um dispositivo semicondutor, composto de três terminais com uma junção PN. Dois desses terminais são bases e um é o emissor. É importante salientar que o TUJ é um dispositivo de disparo, utilizado para o acionamento de SCRs e TRIACs. Na Figura 1 temos a estrutura física, o símbolo e o circuito equivalente do TUJ. Figura 1. TUJ. a) Estrutura física; b) Símbolo; e c) Circuito equivalente. n pE B2 B2 B2 B1 E B2 B1 Rb2 Rb1 E Em uma barra de material do tipo N temos a soldagem de um terminal. O material desse terminal é do tipo dopante aceitador, formando uma região de material do tipo P, com um valor de dopagem elevada. Essa região é o emissor. Nas outras duas extremidades temos as duas bases, denominadas de B1 e B2. Em relação às bases B1 e B2, a barra tem o comportamento de uma resistência, cujos valores ficam na faixa de 4 a 10kΩ. No circuito equivalente, está demonstrada essa condição. O terminal B2 é utilizado no processo de polarização. Quando o emissor não está polarizado a VEB1 é zero, ficando somente a resistência interna entre B2 e B1. Essa resistência interna é chamada de resistência de interbase. A relação RB1 e RB2 é a relação de stand off (ƞ), pois é esse valor que determina a polarização inversa na junção. Tomando como base a Figura 2, vamos entender como ocorre a polarização do TUJ, lembrando que a polarização de um transistor significa a aplicação de tensões DC em um circuito para estabelecer valores fixos de corrente e tensão. Temos, no circuito, uma fonte de tensão denominada VBB. Os pontos de alimentação dessa fonte são B1 e B2. Entre esses pontos temos RB1, ponto ƞ e RB2. Analisando o circuito, podemos notar que as resistências formam um divisor de tensão. Dessa forma, o valor de VRB1, é dado por VRB1 = η ∙ VBB (1) Transistor de unijunção2 O emissor e sua resistência estão representados por E e RE. Ligado ao emissor temos um diodo (D), naturalmente o valor de tensão do emissor (VE) deverá ser maior que 0,7 V, que é o valor da barreira de potencial do diodo (Vb). Porém, não temos somente o diodo, então fazendo a malha podemos dizer que o valor de VE deverá ser maior que: VE > Vb + η ∙ VBB (2) Esse valor é denominado de tensão de disparo (VP). Portanto o TUJ estará polarizado diretamente, ou, considerando a sua atuação como uma chave, estará ligado. Quando o valor de VE ˂ VP, o TUJ estará polarizado reversamente, ou desligado. Figura 2. Polarização do TUJ. Fonte: Adaptada de Ahmed (2000, p. 87). D E RE +VBB B2 B1 RB2 RB1 ponto η 3Transistor de unijunção Na Figura 3 são mostrados os circuitos equivalentes do TUJ quando po- larizado de forma direta e reversa. Figura 3. Polarização direta e reversa do TUJ. a) Polarização direta; b) Pola- rização reversa. Fonte: Adaptada de Ahmed (2000, p. 88). E D E D B2 B2 B1 B1 RB2 RB2 RB1 RB1 a) Polarização Direta b) Polarização Reversa Validação de um TUJ Utilizaremos testes em um circuito para realizarmos a validação do TUJ. Pegaremos como referência os circuitos apresentados na Figura 3. Os testes baseiam-se na verificação de valores de resistência em diversos pontos do circuito. Teste de resistência entre B1 e B2 Colocar as ponteiras do multímetro nos pontos B1 e B2. Na escala de resistência, verificar o valor medido, sabendo que deverá ficar entre 4kΩ a 10 kΩ. Caso contrário o circuito do transistor estará aberto. Transistor de unijunção4 B2 B1 RB2 RB1 DE Multímetro Escala de resistência Teste de resistência entre E e B1, com o diodo polarizado diretamente Nesse caso teremos o valor de RB1. Geralmente RB1 tem um valor abaixo de 100 Ω, sendo admissível utilizar valores de 2 a 3kΩ. DE B2 B1 RB2 RB1 Multímetro Escala de resistência 5Transistor de unijunção Teste de resistência entre E e B1, com diodo polarizado reversamente Valor tendendo ao infinito, demonstrando que o transistor está desligado. DE B2 B1 RB2 RB1 Multímetro Escala de resistência Teste de resistência entre E e B2, com diodo polarizado diretamente O valor de RB2 geralmente é dimensionado pela seguinte equação: RB2 = 104 η VB Sendo VB o valor de tensão aplicado entre B1 e B2. Transistor de unijunção6 DE B2 B1 RB2 RB1 Multímetro Escala de resistência Teste de resistência entre E e B2, com diodo polarizado reversamente Valor tendendo ao infinito, demonstrando que o transistor está desligado. DE B2 B1 RB2 RB1 Multímetro Escala de resistência Acionamento de um tiristor com TUJ O TUJ é um dispositivo de disparo comumente utilizado para a geração de sinais de disparo para SCRs. Um circuito tradicional de disparo que utiliza o 7Transistor de unijunção TUJ é o oscilador de relaxação, também chamado de oscilador de relaxamento. Um exemplo desse oscilador é apresentado na Figura 4. De um lado temos um circuito R1C. Considerando que o capacitor comece a carregar-se a partir de um valor de zero volts, a tensão no emissor é menor do que no catodo do diodo, portanto o diodo do emissor está cortado, e o TUJ, desligado. O capacitor carrega-se fazendo com que o diodo fique polarizado diretamente. Nesse instante a tensão do capacitor (Vc) fica próxima a tensão de disparo (VP). Quando a tensão Vc for igual a tensão VP, ocorrerá o disparo do tiristor. Outra característica desse oscilador é que a sua forma de onda de saída não será senoidal. A saída desse oscilador serão ondas dentes de serra ou retangulares. Quando o TUJ entra em condução, temos uma grande transferência de portadores do emissor para a barra do material N. Isso faz com que a resistência da região entre E e B1 diminua bastante. Dessa forma, é como se tivéssemos uma resistência muito baixa em paralelo com o capacitor. Teremos a descarga do capacitor através de R3, fazendo com que o transistor retorne para o modo desligado. Após isso, temos um novo processo de carregamento do capacitor, com o início de um novo ciclo de acionamento. Figura 4. Circuito com TUJ para disparo de um tiristor. Fonte: Adaptada de Schuler (2013, p. 103). R1 R2 R3 B2 B1 E UJT C +VBB Caminho de carga Caminho de descarga Transistor de unijunção8 Um surto de corrente pode ser utilizado para acionar um tiristor. A frequên- cia de oscilação é dada, aproximadamente, por: f = 1/T (3) Onde T é o tempo necessário para o TUJ passar para o modo ligado, dado por: T = RC ln 11 – η (4) Que deverá ser aproximadamente o valor de RC. Na Figura 5, mostramos as formas de onda do oscilador de relaxação com TUJ. Figura 5. Formas de onda do oscilador de relaxação com TUJ. Fonte: Adaptada de Schuler (2013, p. 103). VE VB1 VP t t Forma de onda do emissor (a) Forma de onda da base 1 (b) Para podermos compreender melhor o conteúdo apresentado, vamos ver dois exemplos. 9Transistor de unijunção Exemplo 1 Uma fonte de 15 V é ligada em B1 e B2. Se η = 0,6, determine a tensão do emissor necessária para ligar o TUJ. Resolução: Primeiro vamos calcular a tensão em RB1, utilizando a equação 1: VRB1 = η ∙ VBB VRB1 = 0,6 ∙ 15 V VRB1 = 9 V Este valor é a tensão em cima de RB1.Sabemos que, para polarizar diretamente o diodo, é necessário 0,7 V. Utilizando a equação 2, temos: Vp = Vb + η ∙ VBB Vp = 0,7 V + 9 V Vp = 9,7 V Portanto, o valor de VE tem que ser maior do que 9,7 V. Exemplo 2 Considere que o η do TUJ na Figura 4 seja de aproximadamente 0,63. Se R1 = 10 kΩ, escolha o valor do capacitor de modo que a frequência de oscilação seja igual a 100 Hz. Inicialmente, considera-se a equação: f = 1 RC Então, isola-se o parâmetro C na equação: C = 1 Rf = = 1 μF 1 10 × 103 × 100 Fonte: Adaptado de Schuler (2013, p. 104). Transistor de unijunção10 AHMED, A. Eletrônica de potência. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2000. SCHULER, C. Eletrônica II. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne). Leitura recomendada RASHID, M. H. Eletrônica de potência. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2014. 11Transistor de unijunção
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