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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CAMPUS REITOR JOÃO DAVID FERREIRA LIMA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
Monique Horst 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação do modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) como instrumento de Gestão 
Ambiental Municipal: Um estudo de caso em Alfredo Wagner/SC 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2020 
 
Monique Horst 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação do modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) como instrumento de Gestão 
Ambiental Municipal: Um estudo de caso em Alfredo Wagner/SC 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em 
Engenharia Sanitária e Ambiental do Centro Tecnológico 
da Universidade Federal de Santa Catarina como 
requisito para a obtenção do título de Bacharel em 
Engenharia Sanitária e Ambiental 
Orientador: Prof. Rodrigo de Almeida Mohedano, Dr. 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monique Horst 
 
 
Aplicação do modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) como instrumento de Gestão 
Ambiental Municipal: Um estudo de caso em Alfredo Wagner/SC 
 
 
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de 
“Engenheiro Sanitarista e Ambiental” e aprovado em sua forma final pelo Curso de 
Engenharia Sanitária e Ambiental 
 
Florianópolis, 08 de dezembro de 2020. 
 
 
 
________________________ 
Prof. Maria Elisa Magri, Dra. 
Coordenador do Curso 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
________________________ 
Prof.(a) Rodrigo de Almeida Mohedano, Dr.(a) 
Orientador(a) 
Instituição UFSC 
 
 
 
________________________ 
Prof.(a) Patricia Kazue Uda, Dr.(a) 
Avaliador(a) 
Instituição UFSC 
 
 
 
________________________ 
Eng. Natália Silvério 
Avaliador(a) 
Instituição UFSC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado à minha irmã. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço inicialmente à minha família, vocês tornaram esse sonho possível. Aos meus 
pais, por abdicar de tanta coisa ao longo da vida para nos proporcionar uma vida melhor. À 
minha irmã gêmea, Mônica, por todos esses anos de graduação que percorremos juntas, você é 
luz e sem você nada disso seria possível, nós vencemos. 
Aos meus avós, Neli Coelho Horst e Nilton Horst, que me apresentaram a importância 
do trabalho e da família. 
À Deus por ter me guiado até aqui e por ter me dado forças para continuar. 
Sou grata ao meu orientador, professor Rodrigo de Almeida Mohedano, tenho certeza 
que não existiu ninguém melhor para me auxiliar na elaboração do presente trabalho, pelas 
horas despendidas, por ser sempre solícito e presente, meu muito obrigada. 
Aos meus colegas de trabalho, os analistas Ana Cristina Thieges e Cristian Back, que 
me auxiliaram grandemente na base de dados que gerou os mapas de uso e cobertura do solo. 
Aos amigos que fiz na graduação: Alexandre, Amanda, Fernanda, Gabriella, Ivana, 
Jéssica R., Jéssica S., Rodrigo e Pedro, obrigada pela amizade e apoio durante esses anos. 
Aos meus cachorros, Lupi (in memoriam), Pluto e Bud, por alegrarem a minha vida. 
A todos que contribuíram de alguma forma com este trabalho, meu muito obrigada. 
 
 
 
 
RESUMO 
 
As atividades antrópicas sobre o meio ambiente têm acarretado em uma série de problemas 
ambientais, a exemplo da ocupação desordenada nas zonas urbanas e a expansão das áreas de 
cultivo agrícola nas zonas rurais, que impactam diretamente nos corpos d’água, serviços de 
saneamento e desmatamento da vegetação, por exemplo. O município de Alfredo Wagner é 
conhecido como a “Capital Catarinense das Nascentes”, isso se deve a presença abundante de 
recursos hídricos em seu território. Nesse contexto, objetivou-se entender os efeitos que as 
atividades humanas têm exercido no local através de indicadores ambientais, expressos no 
modelo Pressão-Estado-Resposta (PER). Para tanto, os indicadores de pressão escolhidos 
foram: área de assentamentos urbanos informais, densidade demográfica E saneamento. Os 
indicadores de estado analisados foram qualidade da água e uso do solo. Por fim, como resposta 
foram verificados o Plano Diretor, Código Florestal, Lei da Mata Atlântica, Plano Integrado de 
Saneamento Básico, CONAMA 430/2011 e Decreto 14.675/2009. Como resultado, uma matriz 
de vulnerabilidade foi gerada, de forma a entender a interrelação entre os indicadores de pressão 
e estado. Através da matriz, foi constatado que, em relação ao estado uso e ocupação do solo, 
a área de assentamentos urbanos informais se mostrou o aspecto mais crítico, justificado pelas 
ações antrópicas que a população exerce no meio em que se estabelece, enquanto saneamento 
apresentou médio impacto e densidade demográfica baixo impacto, por ser um município 
predominantemente rural. Em relação ao indicador de estado qualidade da água, o saneamento 
se mostrou a pressão mais crucial, enquanto as áreas de assentamento informais e a densidade 
demográfica tiveram médio impacto. Diante das respostas atuais, verificou-se a necessidade de 
um Plano Diretor que inclua o zoneamento local, abrangendo as áreas vulneráveis às enchentes, 
bem como a fiscalização quanto ao avanço das atividades exercidas no município, a exemplo 
do cultivo agrícola e da silvicultura, além de melhorias no saneamento. 
 
 
Palavras-chave: Alfredo Wagner. PER. Indicadores ambientais. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Human anthropic activities on the environment have led to a number of environmental 
problems, such as disordered occupation in urban areas and the expansion of agricultural 
cultivation areas in rural areas, which directly impact on water bodies, sanitation services and 
deforestation of vegetation, for example. The municipality of Alfredo Wagner is known as the 
"Capital Catarinense das Nascentes", due to the abundant presence of water resources in its 
territory. In this context, the objective was to understand the effects that human activities have 
had on site through environmental indicators, expressed in the Pressure-State-Response (PER) 
model. In this way, the pressure indicators chosen were: population density, sanitation, and area 
of informal urban settlements. The state indicator analyzed was land use. Finally, as a response, 
the Master Plan, Forest Code, Atlantic Forest Law, Integrated Basic Sanitation Plan, CONAMA 
430/2011 and Decree 14.675/2009 were verified. As a result, a vulnerability matrix was 
generated to understand the interrelationship between pressure and state indicators. Through 
the matrix, it was found that, in relation to the state of land use and occupation, the area of 
informal urban settlements proved to be the most critical aspect, justified by the anthropic 
actions that the population exerts in the environment in which it settles, while sanitation 
presented medium impact and low population density, because it is a predominantly rural 
municipality. In relation to the water quality indicator, sanitation proved to be the most crucial 
pressure, while informal settlement areas and population density had medium impact. Faced 
with the current responses, there was a need for a Master Plan that includes local zoning, 
covering areas vulnerable to floods, as well as monitoring of the advancement of activities in 
the municipality, such as agricultural cultivation and forestry, as well as improvements in 
sanitation 
 
Keywords: Alfredo Wagner. PER. Environmental indicators. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – O modelo PER ........................................................................................................ 26 
Figura 2 - Microrregiões de Alfredo Wagner ........................................................................... 28 
Figura 3 – Comunidades de Alfredo Wagner ...........................................................................28 
Figura 4 - Caracterização da hidrografia em Alfredo Wagner ................................................. 30 
Figura 5 – Fluxograma da metodologia .................................................................................... 32 
Figura 6 - Características das classes temáticas ....................................................................... 37 
Figura 7 - Caracterização dos setores censitários em Alfredo Wagner .................................... 39 
Figura 8 - Resíduos sólidos nas margens do Rio Itajaí-Açu, bairro Centro ............................. 44 
Figura 9 - Resíduos sólidos nas margens do Rio Itajaí-Açu, bairro Estreito ........................... 44 
Figura 10 - Transbordo dos resíduos coletados em Alfredo Wagner ....................................... 45 
Figura 11 - Caracterização dos assentamentos urbanos informais ........................................... 46 
Figura 12 - Enchente de 1987 em Alfredo Wagner .................................................................. 48 
Figura 13 - Enchente de 1993 em Alfredo Wagner .................................................................. 48 
Figura 14 - Caracterização do uso do solo ............................................................................... 50 
Figura 15 – Coleta de água bruta no bairro Caeté .................................................................... 54 
Figura 16 – Coleta de água bruta no bairro Demoras ............................................................... 54 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Quadro utilizado para a descrição dos indicadores ambientais no município ......... 33 
Tabela 2 - Densidade demográfica em área ocupada ............................................................... 38 
Tabela 3 - Indicador de Pressão: Saneamento .......................................................................... 40 
Tabela 4 - Indicador de Pressão: Área de assentamentos urbanos informais ........................... 45 
Tabela 5 - Levantamento dos assentamentos urbanos informais ............................................. 47 
Tabela 6 - Indicador de Estado: Uso do solo ............................................................................ 49 
Tabela 7 - Resultados para a classificação de uso e ocupação do solo .................................... 49 
Tabela 8 - Indicador de Estado: Qualidade da água ................................................................. 53 
Tabela 9 – Pontos em que o parâmetro E. coli se mostrou presente. ....................................... 53 
Tabela 10 - Indicador de Resposta: Plano Diretor, Código Florestal e Lei da Mata Atlântica 55 
Tabela 11 - Indicador de Resposta: Política Nacional de Saneamento Básico, Resolução 
CONAMA 430/2011 e Decreto 14.675/2009 ........................................................................... 57 
Tabela 12 - Resumo dos resultados .......................................................................................... 58 
Tabela 13 - Matriz de vulnerabilidade de Pressão e Estado ..................................................... 60 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ANA Agência Nacional de Águas 
APP Área de Preservação Permanente 
ARESC Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
CAR Cadastro Ambiental Rural 
CASAN Companhia Catarinense de Águas e Saneamento 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde 
DS Dashboard of Sustainability 
EFM Ecological Footprint Method 
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
EPAGRI Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina 
FUNASA Fundação Nacional de Saúde 
IDS Brasil Indicadores de Desenvolvimento Sustentável no brasil 
NBR Norma Brasileira Regulamentadora 
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
OMC Organização Mundial do Comércio 
OMS Organização Mundial da Saúde 
ONU Organização das Nações Unidas 
PER Pressão-Estado-Resposta 
PEIR Pressão-Estado-Impacto-Resposta 
PLANSAB Plano Nacional de Saneamento Básico 
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólido 
PNSB Política Nacional de Saneamento Básico 
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
REM Radiação Eletromagnética 
SATVeg Sistema de Análise Temporal da Vegetação 
SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica 
SR Sensoriamento Remoto 
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 16 
1.1.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 16 
1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 16 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 17 
2.1 GESTÃO TERRITORIAL .................................................................................... 17 
2.1.1 Urbanização como elemento de pressão sobre o meio ambiente ..................... 17 
2.1.2 Avaliação do uso e ocupação do solo .................................................................. 18 
2.1.3 Sensoriamento remoto ......................................................................................... 19 
2.2 CURSOS D’ÁGUA E A CIDADE URBANA ...................................................... 20 
2.2.1 Gestão integrada dos cursos d’água ................................................................... 20 
2.3 SANEAMENTO .................................................................................................... 21 
2.4 GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL ................................................................ 23 
2.4.1 Instrumentos de gestão ambiental ...................................................................... 23 
2.4.2 Indicadores ambientais ....................................................................................... 24 
2.4.2.1 Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) .............................................................. 25 
2.5 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................. 27 
2.5.1 Características socioambientais municipais ...................................................... 27 
2.5.2 Hidrografia ........................................................................................................... 29 
2.5.3 Agricultura e pecuária ........................................................................................ 30 
3 Metodologia .......................................................................................................... 32 
3.1 O MODELO PER .................................................................................................. 32 
3.1.1 Matriz de vulnerabilidade ................................................................................... 34 
3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ASSENTAMENTOS URBANOS 
INFORMAIS ............................................................................................................................ 34 
3.3 CARACTERIZAÇÃO DA DENSIDADE DEMOGRÁFICA .............................. 34 
 
 
3.4 DADOS DO SANEAMENTO LOCAL ................................................................ 35 
3.5 QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................................... 35 
3.6 ELABORAÇÃO DOS MAPAS ............................................................................ 35 
3.6.1 Mapa de uso e cobertura do solo ........................................................................ 35 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................38 
4.1 INDICADORES DE PRESSÃO ........................................................................... 38 
4.1.1 Densidade demográfica em área ocupada ......................................................... 38 
4.1.2 Saneamento .......................................................................................................... 40 
4.1.2.1 Abastecimento ........................................................................................................ 40 
4.1.2.2 Esgotamento sanitário domiciliar ......................................................................... 41 
4.1.2.3 Manejo de resíduos sólidos ................................................................................... 43 
4.1.3 Área de assentamentos urbanos informais ........................................................ 45 
4.2 INDICADORES DE ESTADO ............................................................................. 48 
4.2.1 Uso e cobertura do solo ....................................................................................... 48 
4.2.2 Qualidade da água ............................................................................................... 52 
4.3 INDICADORES DE RESPOSTA ......................................................................... 55 
4.3.1 Plano Diretor, Código Florestal e Lei da Mata Atlântica ................................ 55 
4.3.2 Política Nacional de Saneamento, Resolução CONAMA 430/2011 e Decreto 
14.675/2009 .............................................................................................................................. 57 
4.4 MATRIZ DE VULNERABILIDADE DE PRESSÃO E ESTADO...................... 58 
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 61 
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 63 
15 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A partir da Revolução Industrial, em meados do século XVII, houve uma rápida 
mudança no modo de vida da população humana. O aumento da produção e o surgimento de 
novas tecnologias, acarretaram num significativo desenvolvimento econômico que, como 
consequência, gerou profundos impactos ambientais. 
No contexto brasileiro destacam-se dois fenômenos quando nos referimos ao ambiente 
urbano: a rápida industrialização e a urbanização acelerada que a seguiu (LEAL; FARIAS; 
ARAUJO, 2008). A concentração da população em pequenos espaços traz impactos aos 
ecossistemas terrestres, aquáticos e aos seres humanos, resultando em inundações, doenças e 
perda da qualidade de vida (TUCCI, 2005). 
Sob a problemática das pressões econômicas e populacionais existentes sobre os 
recursos naturais, é perceptível a necessidade do gerenciamento desses recursos e das atividades 
desenvolvidas. Para tanto, existem no Brasil alguns instrumentos que são indispensáveis para o 
controle da degradação ambiental: a Constituição Federal (por meio do seu art. 225), Código 
Florestal (Lei 12.651/2012), Estatuto das cidades (Lei 10.257/2001) e SNUC (Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação - Lei 9.985/2000). 
Para subsidiar a elaboração de políticas públicas, tem-se desenvolvido e aplicado 
alguns sistemas de indicadores, a exemplo de indicadores ambientais, que auxiliam no 
diagnóstico das alterações no estado do ambiente advindas das atividades humanas, e são 
importantes instrumentos de planejamento e gestão (SANTOS, 2004). 
Um dos modelos mais populares de avaliação que sistematiza o uso de indicadores 
ambientais em uma relação casual é o Pressão-Estado-Resposta (PER), desenvolvido e 
recomendado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 
(TAYRA; RIBEIRO, 2006). 
A utilização do PER foi consolidada pela Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico no relatório “Green Growth in Cities”, de 2003. O relatório 
menciona que o objetivo do indicador é avaliar o desempenho ambiental local, e não global, 
além de monitorar o crescimento socioeconômico das áreas urbanas, o impacto ambiental, as 
oportunidades econômicas e as respostas das políticas (OCDE, 2003). Por ser um método de 
avaliação local, tem sido largamente utilizado para avaliar as estratégias municipais de gestão 
ambiental. Por analisar as relações causais (causa e efeito) entre as pressões antrópicas e seus 
16 
 
efeitos no meio ambiente, o modelo PER permite aos gestores públicos municipais avaliar a 
eficácia das políticas executadas (respostas) sobre a mitigação das pressões. 
Nesse norte, o presente trabalho se baseou em um estudo de caso no município de 
Alfredo Wagner, localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu e reconhecido como a 
Capital Catarinense das Nascentes (LEI ORDINÁRIA Nº 13165/2004), devido à localização 
de três importantes nascentes em seu território (SEIBT, 2002). O local sofre esporadicamente 
enchentes e alagamentos, associados à ação antrópica e a localização de fundo de vale 
(SPAGNOLLO, 2008). Apesar das enchentes serem um fenômeno natural, o desmatamento, a 
desproteção de encostas e rios e o manejo inadequado do solo são potenciadores impactos 
ambientais antrópicos (SEIBT, 2002). 
Deste modo, o presente trabalho tem por objetivo realizar a avaliação ambiental no 
município de Alfredo Wagner, através de indicadores sistematizados pelo modelo Pressão-
Estado-Resposta (PER), de maneira a subsidiar a elaboração de políticas públicas de gestão 
ambiental. 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
1.1.1 Objetivo Geral 
Realizar uma avaliação ambiental no município de Alfredo Wagner/SC para subsidiar 
a elaboração de políticas públicas, com base no modelo PER. 
 
1.1.2 Objetivos Específicos 
 Avaliar e apresentar de maneira sistematizada as principais relações causais entre pressões 
antrópicas e seus efeitos no meio ambiente, no município de Alfredo Wagner/SC; 
 Selecionar e avaliar indicadores de Estado e Resposta que auxiliem na avaliação da gestão 
municipal no município de Alfredo Wagner; 
 Subsidiar o apoio à decisão por meio de uma matriz de vulnerabilidade que relacione as 
Pressões antrópicas e o Estado do meio ambiente. 
 
 
 
 
17 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1 GESTÃO TERRITORIAL 
Desde os primórdios os seres humanos têm dominado espacialmente o meio que os 
cerca, tanto no quesito ocupação quanto na utilização dos recursos naturais disponíveis. 
Contudo, a forma como esse processo ocorre tem-se mostrado insustentável, uma vez que o 
aumento populacional global gera impactos diretos na qualidade e quantidade desses recursos. 
A Organização Mundial do Comércio (OMC, 2010) indica que a extração e o uso dos 
recursos naturais devem estar equilibrados com as necessidades concorrentes das presentes e 
futuras gerações, trazendo à tona o princípio intergeracional, explícito também no Art. 225 da 
Constituição Federal: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 
1998). 
Assim, entender a dinâmica do território, seus processos e ocupações, auxilia na 
tomada de decisões, sejam elas coletivas ou individuais, de maneira a garantir o 
desenvolvimento sustentável das cidades. 
 
2.1.1 Urbanização como elemento de pressão sobre o meio ambiente 
O crescimento populacional urbano ocorrido em países em desenvolvimento tem sido 
significativo desde a década de 70 (TUCCI, 2005). Segundo dados do IBGE, em 1970 o Brasil 
contava com 44% de sua população em área rural e 56% em urbana. No último censo levantado 
(2010) a relação foi de, aproximadamente, 16% em áreas rurais para 84% em urbanas. 
O cenário catarinense segue o padrão brasileiro, contando com, exatamente, as mesmas 
porcentagens atuais. Ainda assim, cabe a reflexão quanto a sua distribuição populacional, já 
que,aproximadamente, 87% dos municípios catarinenses apresentam uma população inferior a 
15 mil habitantes (IBGE, 2020). 
Os impactos da concentração populacional em espaço reduzido são principalmente a 
competição pelos mesmos recursos naturais (solo e água), e a destruição de parte da 
biodiversidade natural (TUCCI, 2012). Ainda segundo Tucci (2012), em termo de recursos 
hídricos, os principais problemas relacionados ao uso do solo, que resultam em impactos 
diretos, são: comprometimento da sustentabilidade hídrica, ocupação das encostas e áreas de 
18 
 
inundação, aumento da demanda de água e carga de poluentes devido ao aumento da densidade 
populacional e impermeabilização de áreas. 
Em relação a cobertura vegetal, cabe destacar dados do Bioma Mata Atlântica, que 
engloba o município de Alfredo Wagner, uma vez que é o bioma mais ameaçado do país. Da 
Mata Atlântica original, apenas 12,4% permanece em pé, resultado da ocupação intensa e das 
atividades econômicas, uma vez que 72% da população brasileira está contida no bioma e três 
dos maiores centros urbanos do continente sul-americano, o que interfere na qualidade de vida, 
proteção da biodiversidade, equilíbrio climático, e água em quantidade e qualidade à população 
(SOS Mata Atlântica, 2019). 
 
2.1.2 Avaliação do uso e ocupação do solo 
A análise do uso e ocupação do solo auxilia no entendimento a respeito do grau de 
preservação, conservação e artificialização de um espaço. Tais mudanças estão geralmente 
associadas às ações antrópicas. 
Para tanto, o mapeamento e análise da área de interesse por meio de sensoriamento 
remoto é atualmente um método eficiente e acessível para a avaliação do uso do solo. A 
utilização de sensoriamento remoto auxilia no planejamento e administração da ocupação 
ordenada e racional do meio físico, bem como possibilita avaliar e monitorar a preservação de 
áreas de vegetação natural (RODRIGUEZ, 2000). 
Diversos são os estudos de caso que aplicam a técnica para avaliações ambientais, 
como: identificação de áreas com potencial para corredores ecológicos (UMEDA et al., 2015), 
comparação de mudanças no uso do solo ao longo do tempo associado às variações no balanço 
hídrico (FRANÇA, 2015), controle e monitoramento de áreas de edificações de Usinas 
Hidrelétricas (CARMO; ZANINI; HOLZSCHUH, 2017). 
Algumas limitações da utilização do sensoriamento remoto são: área de cobertura 
disponível em apenas determinados períodos de tempo, imprevisibilidade quanto as condições 
de aquisição de imagens devido à presença de nuvens (COELHO et. al., 2018), imagens de 
tamanho robusto, obtenção de imagens limitada a alguns satélites, dentre outros. 
A importância em se avaliar a presença de vegetação, principalmente em ambientes 
urbanos, está associada à estabilização de algumas superfícies, proteção da qualidade de água, 
equilíbrio do índice de umidade, diminuição da poeira em suspensão, redução dos ruídos, 
interação entre as atividades humanas e o meio ambiente, proteção das nascentes, organização 
19 
 
e composição de espaços no desenvolvimento das atividades humanas e valorização visual e 
ornamental, por exemplo (NUCCI; CAVALHEIRO, 1999). 
No ambiente rural, a notabilidade está na avalição do desmatamento da vegetação para 
a prática de culturas agrícolas e a criação de animais. Conquanto um dos principais desafios 
para o futuro é a pressão ambiental resultante do uso intensivo de terra, deve-se avaliar a forma 
como está ocorrendo o manejo das culturas agrícolas ((BITTENCOURT, 2010). Conforme a 
síntese anual da agricultura, elaborada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão 
Rural de Santa Catarina (EPAGRI) (2018), em Santa Catarina os cinco principais produtos 
plantados, segundo valor bruto de produção, são:soja, tabaco, milho, arroz e cebola. Alguns 
dos produtos citados são monoculturas, o que, no geral, são caracterizadas pelo 
empobrecimento do solo e utilização desenfreada de fertilizantes e defensivos agrícolas. Além 
disso, deve-se ressaltar que as atividades agrícolas geram impactos severos no meio ambiente, 
uma vez que tem o potencial de poluição, erosão e assoreamento dos corpos hídricos, mudanças 
na fauna e flora, impactos no clima, contaminação de águas subterrâneas dentre outros. 
 
2.1.3 Sensoriamento remoto 
Por definição, o sensoriamento remoto (SR) é a utilização de sensores para a obtenção 
de informações sobre objetos ou fenômenos sem que se haja um contato direto entre eles. Para 
tanto, as imagens de sensoriamento remoto são obtidas segundo a resposta da intensidade com 
que um objeto reflete a radiação eletromagnética em razão do tamanho da onda e de 
características da superfície do objeto analisado (MENESES; ALMEIDA, 2012). Assim, o SR 
pode ser caracterizado como o registro da radiação eletromagnética (REM) que é refletida ou 
emitida por objetos, através de sensores portáteis, a bordo de aeronaves ou satélites (KUPLICH 
et. al, 2016). 
Para detectar a REM são, geralmente, utilizados satélites. Isso ocorre através da 
passagem da radiação refletida e/ou emitida pela superfície terrestre pelo sistema óptico, que é 
focalizada sobre os detetores, que transformam a radiação em sinais elétricos que, por fim, são 
gravados em uma fita magnética (SANTOS, 2013). 
O advento dos satélites de sensoriamento remoto remete a década de 70, com o 
surgimento do programa Landsat, lançado pela Administração Nacional da Aeronáutica e 
Espaço (NASA) em 1972, que passou por 7 versões e ainda mantém a sua 5ª (1984-atual) e 7ª 
(1999-atual) versões ativas. Além deste, cabe também mencionar alguns outros satélites cujas 
imagens não são confidenciais, como o Sentinel, lançado em 2015, cuja resolução espacial é 
20 
 
melhor do que a do Landsat e a capacidade de revisita menor, e o MODIS, também lançado 
pela NASA. 
Quando nos referimos ao objeto “vegetação florestal”, a característica analisada é o 
dossel, que é constituído pela própria vegetação, flores, folhas, galhos, frutos, dentre outros. 
Um fluxo de radiação que incide sobre este elemento está sujeito a dois fenômenos: 
espalhamento e absorção, sendo o primeiro subdivido ainda em reflexão e transmissão 
(PONZONI, 2002). Ponzoni (2002) ainda infere que o destino do fluxo depende das seguintes 
características: comprimento de onda, ângulo de incidência e polarização. 
Dentre todos os elementos que compõem o dossel, a folha se mostra como o principal 
parâmetro para a sua caracterização, dado o fator de refletância (COLWELL, 1974). Para 
identificação visual, a utilização de imagens na região do infravermelho próximo é mais 
comum, uma vez que os valores nesta região são mais elevados, diferente do que ocorre na 
região do visível (PONZONI, 2002). 
 
2.2 CURSOS D’ÁGUA E A CIDADE URBANA 
Essencial à vida, a água é um elemento imprescindível ao desenvolvimento de diversas 
atividades humanas, além de constituir componente básico da biomassa, da paisagem e do 
ambiente (REBOUÇAS, 2001). Como recurso fundamental, entender a forma como os 
impactos exportados pela cidade sobre o sistema de rios é necessário para garantir a 
continuidade de provimento da mesma. 
Segundo Tucci (2008), os principais problemas relacionados com a infraestrutura de 
água no meio ambiente são: falta de tratamento de esgoto, falta de rede de drenagem, ocupação 
do leito de inundação ribeirinha, impermeabilização e canalização dos rios urbanos, e, 
deterioração da qualidade das águas por falta de tratamento dos efluentes. 
Desta forma, as ações voltadas à manutenção e recuperação quali-quantitativa da água 
se mostram como uma ferramenta de integração entre a manutenção do recurso natural e as 
ações antrópicas. 
 
2.2.1 Gestão integrada dos cursos d’água 
A gestão integrada dos cursos d’água desempenha um papel importante na 
conservação dos corpos hídricos. Segundo Tucci (2007), a estrutura dessa gestão se baseia no 
planejamento urbano, nos serviços de saneamentobásico, nas metas dos serviços, na esfera 
institucional, através do gerenciamento dos serviços, legislação, capacitação e monitoramento. 
21 
 
Dentro do planejamento urbano, são definidos os espaços e a densidade populacional, 
que resultam na demanda de água, produção de esgoto, geração de resíduos sólidos e 
impermeabilização do solo. 
Sob a temática, a Lei das Águas (Lei 9.433/97) visa assegurar à atual e às futuras 
gerações a disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, 
bem como a utilização racional e integrada dos recursos hídricos incluindo o transporte 
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável, e a prevenção e a defesa contra eventos 
hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais 
(BRASIL, 1997). 
Em relação as condições e padrões de lançamento de efluentes, conforme a Legislação 
Federal, tem-se a Resolução CONAMA 430/2011, que altera parcialmente a Resolução 
CONAMA 357/2005. Segundo a mesma, os corpos hídricos são classificados em águas doces, 
salobras e salinas. Dentro do enquadramento das águas doces, estas são divididas em Classe 
especial, Classe 1, Classe 2, Classe 3 e Classe 4. Dependendo de sua classe, o corpo hídrico 
apresenta um limite máximo de lançamento para diferentes parâmetros, a exemplo de 
coliformes totais e termotolerantes, DBO e fósforo. No panorama estadual, há o Decreto 
14.675/2009, que institui o Código Estadual do Meio Ambiente e também define os padrões de 
lançamento de efluentes nos corpos receptores. 
Dessa forma, a gestão integrada passa pelo planejamento urbano, definindo os espaços 
e densidades de ocupação, em conformidade com as ações de planejamento dos serviços de 
saneamento. Por sua vez, as legislações que abordam a proteção dos corpos hídricos se mostram 
como ferramentas essenciais na proteção dos rios. 
 
2.3 SANEAMENTO 
O conceito de saneamento, conforme Lei 11.445/07, é o conjunto de serviços, 
infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana 
e manejo de resíduos sólidos, e drenagem de águas pluviais urbanas. 
Dada a descentralização política, marcada pela Constituição de 1988, o saneamento, 
coleta e destinação dos resíduos sólidos, transporte urbano, e controle sobre o uso e ocupação 
do solo (sem implicações ambientais) são competências municipais (MARICATO, 2014). 
Nas zonas urbanas municipais, é comum que a responsabilidade seja repassada, por 
meio de concessões, às companhias estaduais de abastecimento de água e esgoto ou empresas 
privadas, enquanto nas zonas rurais, por falta de interesse dos gestores públicos, disponibilidade 
22 
 
de recursos e equipe técnica qualificada, geralmente não são abrangidas por prestadores de 
serviços de saneamento básico (FUNASA, 2020). 
Conquanto o ser humano faz parte do meio ambiente, entender como ocorre os 
processos de abastecimento de água é fundamental para garantir o provimento da mesma em 
quantidade e qualidade suficientes para assegurar a saúde e bem estar dessa população. 
Enquanto o manancial é uma das partes mais importantes do processo, destaca-se alguns fatores 
que influenciam na qualidade da sua água: modificação da cobertura do solo, aplicação de 
fertilizantes na agricultura, desenvolvimento urbano ou rural, e disposição de resíduos (OMS, 
2011). As instalações para abastecimento de água podem ser classificadas em duas categorias 
(portaria MS 518/2004): 
1) Sistema de abastecimento de água: instalação composta por conjunto de obras civis, 
materiais e equipamentos, destinada à produção e à distribuição canalizada de água potável 
para populações, sob a responsabilidade do poder público, mesmo que administrada em 
regime de concessão ou permissão. 
2) Solução alternativa coletiva: toda modalidade de abastecimento coletivo de água distinta do 
sistema de abastecimento de água, incluindo, entre outras, fonte, poço comunitário, 
distribuição por veículo transportador, instalações condominiais horizontal e vertical. 
A separação nessas duas categorias, tem o objetivo de diferenciar as exigências de 
controle da qualidade da água (BRASIL, 2006). Enquanto a primeira é característica dos centros 
urbanos, a segunda é mais comum em áreas rurais e periféricas de centros urbanos. Algumas 
das soluções alternativas de abastecimento têm o potencial de acarretar em riscos à saúde 
humana, um exemplo disso são os poços. Conforme o Instituto Trata Brasil (2019) a qualidade 
das águas de captação em poços está associada aos problemas de contaminação como: esgotos, 
deposição de resíduos sólidos, armazenamento de produtos e combustíveis, e características 
naturais da própria rocha. 
Em relação ao esgotamento sanitário, a importância do tratamento adequado está na 
composição dos esgotos sanitários, isto é: matéria orgânica, sólidos em suspensão, 
microrganismos patogênicos, resíduos tóxicos e nutrientes, que têm o potencial de contaminar 
o meio ambiente e oferecer risco à saúde da população (FUNASA, 2020). Em relação ao 
tratamento, há dois modelos de gestão: os sistemas centralizados e descentralizados. Enquanto 
os sistemas centralizados são caracterizados por sua maior complexidade, robustez estrutural e 
operacional, custos elevados e relação custo-benefício precária (OLIVEIRA, 2013), os sistemas 
descentralizados, pressupõem a solução para as águas residuárias no local, sendo geralmente 
adotados para atendimento unifamiliar (VON SPERLING, 2005). A eficiência do sistema 
descentralizado está diretamente associada à sua implementação bem-sucedida, que deve ser 
23 
 
regida pela Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) 13969/97, porém sofre as consequências 
da falta de uma clara definição da responsabilidade de gestão em legislação (MESQUITA, 
2019). 
Quanto ao manejo de resíduos sólidos, conforme o princípio da responsabilidade 
compartilhada, tal é de incumbência do governo, empresas e público. Às autoridades públicas 
cabe a realização de programas de administração de resíduos, a exemplo dos Planos Estaduais 
de Resíduos Sólidos e Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, enquanto a 
autoridade municipal fica encarregada da limpeza urbana, coleta e administração final, além de 
efetuar coleta seletiva de resíduos recicláveis domiciliares e compostagem. A problemática em 
relação ao manejo inadequado dos resíduos sólidos está no comprometimento da qualidade do 
solo, água e do ar, uma vez que o chorume presente nos resíduos sólidos pode contaminar as 
águas superficiais e subterrâneas, e a queima do mesmo acarreta na emissão de partículas e 
poluentes atmosféricos (GOUVEIA, 2012). 
 
2.4 GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL 
A gestão ambiental se mostra uma ferramenta importante 
e para entender a relação homem e ambiente e agir sobre ela, de maneira a assegurar o 
desenvolvimento econômico e social conjuntamente com o ambiental. Desta forma, são 
necessárias legislações que abordem os conflitos, a forma como tais devem ser geridos e a 
responsabilização para tanto, seja em âmbito local, estadual ou nacional. 
Nesse norte, a ISO 14001 se mostra como uma normativa internacional para o projeto 
e implementação do sistema de gestão ambiental. Na mesma é possível verificar a semelhança 
dos seus requisitos em relação ao ciclo convencional de melhoria do PDCA (Plan, Check, Do, 
Act), conhecido pelas etapas de planejamento, execução do plano, avaliação dos resultados 
(indicadores) e reestruturação do planejamento, objetivando a melhoria contínua da gestão. 
Desta forma, são necessárias legislações que abordem os conflitos, a forma como tais 
devem ser geridos e a responsabilização para tanto, seja em âmbito local, estadual ou nacional. 
 
2.4.1 Instrumentos de gestão ambiental 
As leis que abrangem a temática ambiental se mostram como instrumentos de comando 
e controle, a exemplo do zoneamento e licenciamento, incentivo econômico,como a 
compensação ambiental, e transformação social, por exemplo. 
24 
 
Em um panorama hierárquico, pode-se mencionar a Constituição de 1988, 
caracterizada pela autonomia político-administrativa conferida aos municípios (COSTA; 
OLIVEIRA; SILVEIRA, 2010). Sob essa autonomia, foi elencado aos municípios o papel de 
protagonista da fiscalização, gestão e do licenciamento ambiental. 
A Lei 6.938/81 institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Em seu Artigo sexto, a 
mesma estabelece que tanto municípios quanto Estados podem elaborar normas supletivas, 
complementares e padrões, àqueles estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA). 
No âmbito local, cabe destaque ao zoneamento e ao Plano Diretor. O zoneamento é 
caracterizado pela divisão territorial municipal, de acordo com regimes especiais de uso da 
propriedade. Enquanto o Plano Diretor aborda a organização e ocupação territorial, de forma 
que atendam às necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, justiça social e 
desenvolvimento das atividades econômicas (BRASIL, 2001). O zoneamento, a exemplo do 
zoneamento ambiental, pode ser um instrumento contido dentro do Plano Diretor. 
Ainda em escala local, porém voltado ao meio rural, temos o Cadastro Ambiental 
Rural (CAR). O CAR foi criado pela Lei 12.651/2012, seu objetivo é integrar as informações 
ambientais das propriedades e posses rurais referentes às Áreas de Preservação Permanente - 
APP, de uso restrito, de Reserva Legal, de remanescentes de florestas e demais formas de 
vegetação nativa, e das áreas consolidadas, compondo uma base de dados para controle, 
monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento (CAR, 
2019). 
A fiscalização quanto ao cumprimento destas legislações, e incentivo à criação de 
outras, é essencial, uma vez que tais se mostram muito bem elaboradas, porém cabe a ressalva 
de que o uso e ocupação do território são dinâmicos, sendo necessárias avaliações contínuas 
sobre a temática. 
 
2.4.2 Indicadores ambientais 
Uma forma de realizar avalições ambientais quanto à sustentabilidade local é a 
aplicação de indicadores ambientais. 
O termo indicador tem sua origem no latim indicare, que significa descobrir, apontar, 
anunciar, estimar (HAMMOND, 1995). Ainda segundo Hammond (1995), o objetivo do 
indicador é comunicar sobre o progresso em direção a uma meta, como o desenvolvimento 
25 
 
sustentável, também podendo ser entendido como um recurso que auxilia na percepção de uma 
tendência ou fenômeno que não seja imediatamente detectável. 
As principais funções dos indicadores são: avaliação de condições e tendências, 
comparação entre lugares e situações, avaliação de condições e tendências em relação às metas 
e aos objetivos, prover informações de advertência e antecipar futuras condições e tendências 
(TUNSTALL, 1994). 
Para tanto, vários sistemas de indicadores foram criados, de maneira a padronizar um 
modelo de avaliação quanto a sustentabilidade local. 
O sistema de indicadores mais popular é chamado Pressão-Estado-Resposta (PER), 
esse foi desenvolvido e recomendado originalmente pela Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE, 1993) e é também utilizado, com algumas alterações, 
por outras agências internacionais como Unstat (Divisão de Estatísticas das Nações Unidas) e 
Eurostat (Divisão de Estatísticas da Comunidade Européia) (TAYRA; RIBEIRO, 2006). 
Outro indicador, com um grau de complexidade superior, é o Pressão-Estado-Impacto-
Resposta (PEIR). O PEIR é amplamente utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o 
Meio Ambiente (PNUMA), principalmente no projeto GEO cidades, que produz informações 
sobre o estado do meio ambiente em nível global, regional, sub-regional, nacional e local. A 
principal diferença entre este indicador e o PER, é a avalição do impacto causado pelo estado 
do meio ambiente. 
Além destes, existem vários outros sistemas de indicadores, como: Indicadores de 
Desenvolvimento Sustentável no brasil (IDS Brasil), EFM (Ecological Footprint Method) e DS 
(Dashboard of Sustainability). 
Utilizar tais métodos para obter avaliações mais precisas do estado do meio ambiente 
e das consequências das políticas ambientais, são essenciais para a tomada de decisões efetivas 
em relação ao desenvolvimento sustentável (PNUMA, 2004). 
 
2.4.2.1 Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER) 
O modelo desenvolvido pela OCDE, é baseado no princípio da causalidade, em que as 
atividades humanas exercem pressão sobre o ambiente e alteram a qualidade e quantidade dos 
recursos naturais, ou seja, seu estado, e a sociedade responde a tais mudanças segundo políticas 
ambientais, econômicas e setoriais (OCDE, 1993). 
Ainda segundo a OCDE (1993), a vantagem do modelo é evidenciar a relação existente 
entre a atividade humana e o ambiente, de forma a entender a interrelação entre tais segmentos. 
26 
 
Conforme Lira (2008), os indicadores são divididos em três categorias: 
PRESSÃO: descrevem as pressões das atividades humanas sobre o meio ambiente, 
incluindo a quantidade e qualidade dos recursos naturais. 
ESTADO: se referem à qualidade do ambiente e à qualidade e quantidade dos recursos 
naturais. 
RESPOSTA: mostram a resposta da sociedade às mudanças ambientais, podendo se 
relacionar às mudanças ambientais, prevenção dos efeitos negativos da ação do homem, 
reversão e paralização dos danos causados ao meio, e preservação e conservação da natureza e 
dos recursos naturais. 
A Figura 1 apresenta a interação dos componentes do modelo PER. 
 
Figura 1 – O modelo PER 
 
Fonte: Metodologia GEO Cidades (2004), adaptado pela autora 
 
A vantagem da utilização desse modelo é a visão conjunta dos vários componentes de 
um problema ambiental, facilitando o diagnóstico do problema e a elaboração de respostas 
políticas, indo além de uma mera constatação da degradação ambiental e revelando os impactos, 
causas, o que está por trás das causas, e as ações que estão sendo realizadas para melhorar esse 
quadro (CARVALHO, 2007). 
A principal desvantagem do modelo está na relação linear da causalidade, o que leva 
à uma simplificação demasiada de uma situação extremamente complexa, que envolve 
causalidades múltiplas e interações de fenômenos sociais, econômicos e ambientais 
(MARTINEZ, 2001). 
Sob a temática, vários são os estudos que aplicaram o modelo PER para mensurar a 
sustentabilidade. Em território nacional, cabe destaque ao GEO Cidades São Paulo (2004) e 
GEO Cidades Rio de Janeiro (2002). Em ambos os relatórios foi proposto um panorama do 
27 
 
estado do meio ambiente nas cidades, sintetizando os resultados do processo de avaliação 
ambiental em três esferas principais: problemas em relação ao meio ambiente urbano, 
depreciação e destruição de reservas legais e ameaças relacionadas à biodiversidade, e impacto 
regional associado às mudanças climáticas e à crescente frequência de desastres naturais. Em 
esfera local, destaca-se o trabalho “Aplicação do Modelo Pressão-Estado-Resposta em um 
Córrego no Itacorubi (Florianópolis/SC) considerando sua sub-bacia hidrográfica de 
influência” (OLBERG, 2018), que investigou o efeito antrópico em um ambiente 
predominantemente urbanizado. 
 
2.5 ÁREA DE ESTUDO 
A aplicação do modelo PER tem como estudo de caso a cidade de Alfredo Wagner, 
cujo objetivo é entender como a metodologia se aplica a uma cidade predominantemente rural, 
sob a temática das atividades econômicas desenvolvidas, distribuição populacional, Áreas de 
Preservação Permanente, uso do solo, e outras características. 
 
2.5.1 Características socioambientais municipais 
A cidade de Alfredo Wagner recebeu este nome em uma homenagem a um dos homens 
que mais trabalhou para a emancipação político-administrativa do município, que se 
desmembrou da cidade de Bom Retiro em 1961 (SEBRAE, 2019), chamado Alfredo Henrique 
Wagner. Seu processo de ocupação é caracterizado pelaimigração europeia, principalmente a 
alemã (SEIBT, 2002), que exerceram atividades agrícolas e pastoris no local. 
O município faz parte da mesorregião da Grande Florianópolis, a 105 km da capital, 
na região do Alto Vale do Itajaí. Sua localização é caracterizada como fundo de vale, 
apresentando altitude média, em relação ao nível do mar, de 450 metros (SACHET, 1993), o 
território é definido por uma topografia acidentada. Sua área total é de 733,489 km² (IBGE, 
2019) e densidade demográfica de 12,84 hab/km² (IBGE, 2010). 
Quanto a setorização municipal, o mesmo é composto por 9 microrregiões, que se 
dividem em 20 comunidades. As microrregiões podem ser observadas na Figura 2, enquanto as 
comunidades que as compõem estão contidas na Figura 3. 
28 
 
Figura 2 - Microrregiões de Alfredo Wagner 
 
Fonte: Spagnollo (2008). 
 
Figura 3 – Comunidades de Alfredo Wagner 
 
Fonte: Spagnollo (2008) 
 
Atualmente, conforme o censo do IBGE (2010), o número de habitantes é de 9.410, 
sendo que a maior parte, 6.542 habitantes (69,5%), reside em área rural. Tal característica 
singular de distribuição populacional está associada aos aspectos de colonização, aos valores 
culturais de seus habitantes e à forte ligação com o meio produtivo (MASSON, 2004). O 
29 
 
restante da população, que se localiza em ambiente urbano, está concentrado em áreas bastante 
restritas, isto é, na sede municipal e nas localidades Catuíra e Quebra-Dentes (IBGE, 2010), e 
desempenha atividades comerciais e familiares (SEIBT, 2002). A maior concentração da 
população em área urbana se dá principalmente no centro da cidade, sobre o Rio Itajaí-Açu. 
Alfredo Wagner tem sido alvo de diversos estudos de caráter ambiental e participativo, 
a exemplo de estratégias para a construção da gestão ambiental local (MASSON, 2004), 
desenvolvimento de atividades turísticas sustentáveis (MENDONÇA, 2005), gestão ambiental 
participativa com foco na sustentabilidade local (SEIBT, 2002), estudo de dados pluviométricos 
e fluviométricos para estudos e planejamentos quanto às enchentes (ALVES, 2004), e ainda 
mapeamento e caracterização do uso e cobertura das terras rurais (OLIVEIRA, 2005). 
 
2.5.2 Hidrografia 
Pertencente a bacia do Rio Itajaí, o município apresenta uma área de contribuição 
hidrográfica total de 656,82 km². Uma característica marcante do município é a presença de 
três nascentes em seu território, isto é: Caetés, Águas Frias e Adaga, que se localizam nos 
bairros cujos nomes são os respectivos dos rios, devido a isso Alfredo Wagner tem o título de 
“Capital Catarinense das Nascentes”. Em conjunto estes rios formam o Rio Itajaí-Açu, o 
encontro ocorre no centro urbano do município. A hidrografia pode ser visualizada na Figura 
4, que foi obtida através dos Metadados da Agência Nacional das Águas (ANA), cujo shapefile 
tem resolução de 5k e foi atualizado em 2020. 
O Rio Caeté é alimentado, dentre outros, pelo Rio Perito, Arroio Santa Bárbara, Arroio 
do Pingo e Rio Lajeado, já o Rio Águas Frias é alimentado, dentre outros, pelo Rio São João, 
Arroio Grande, Rio Combréia, Rio Januário e Rio dos Porcos, enquanto o Rio Adaga é 
alimentado, dentre outros, pelo Rio da Casa Velha, Rio das Furnas, Rio Araçá, Arroio da 
Invernadinha, Rio do Lessa, Rio Braço Direito e córrego das Furnas (MENDONÇA, 2005). 
Além dos rios, a cidade apresenta uma gama de recursos hídricos, a exemplo de 
cachoeiras, córregos e fontes de água (SEIBT, 2002). 
 
30 
 
Figura 4 - Caracterização da hidrografia em Alfredo Wagner 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020) 
 
A importância em identificar os cursos d’água está na avaliação da pressão existente 
nesse ambiente, seja devido a urbanização em seu entorno ou a atividades de agricultura, e na 
localização das Áreas de Preservação Permanente (APP). 
 
2.5.3 Agricultura e pecuária 
A principal atividade econômica exercida é a agricultura, principalmente a familiar, 
cujo destaque é o cultivo de cebola. Conforme o censo agropecuário do IBGE (2017), a cidade 
atingiu o segundo lugar na produção estadual de cebola, com 60.622 toneladas. Em 2019, a 
produção chegou marco de 68.985 toneladas (IBGE, 2019). Além da cebola, outras culturas 
predominantes do município são: feijão, arroz, fumo e milho. 
A utilização de agrotóxicos é algo marcante no município, dos 1.654 estabelecimentos 
pesquisados, 1.366 utilizam agrotóxicos (IBGE, 2017). A este fato se associam problemas de 
31 
 
contaminação das águas no local (MASSON, 2004). Um morador local, entrevistado por SEIBT 
(2002), menciona que: 
Os agrotóxicos são um problema grave, e o uso está se intensificando, com 
muitos problemas de intoxicação. Há excesso de aplicações. Não há 
fiscalização e a própria revenda é quem recomenda. [...] As embalagens são 
jogadas em qualquer lugar e a chuva leva para os córregos e rios. 
 
Em relação à pecuária, ainda segundo o Censo Agropecuário (2017), a criação de 
bovinos é preponderante em relação as demais, contando com 22.130 cabeças de gado. Além 
disso temos a criação de suínos (2.746), patos, gansos marrecos, perdizes e faisões (1.739), e 
de ovinos (1.222). A problemática envolvida está na contaminação das águas devido aos dejetos 
animais associados ao assoreamento dos rios (SDM, 1997). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
3 METODOLOGIA 
 
Para investigar os efeitos das atividades antrópicas e medir os indicadores Pressão-
Estado-Resposta (PER) no município de Alfredo Wagner, a metodologia se baseou em dados 
de pesquisa bibliográfica, mapeamentos pré-existentes e registros fotográficos. Além disso, foi 
elaborado um mapa de uso e ocupação do solo, através de imagens de satélite e 
geoprocessamento. 
As atividades desenvolvidas para a realização do trabalho estão expostas na forma de 
fluxograma, conforme a Figura 5: 
 
Figura 5 – Fluxograma da metodologia 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020). 
 
3.1 O MODELO PER 
O PNUMA (2004), em seu relatório GEO Cidades, indica algumas diretrizes para a 
construção dos indicadores. Os componentes para esta construção se baseiam na análise dos 
recursos naturais, sob a perspectiva da água, ar, solo e biodiversidade; e ecossistemas, sob a 
forma com a qual o território se apresenta como resultado das interações com os recursos 
naturais. 
33 
 
Para tanto, cabe a descrição das características físicas do local, incluindo informações 
sobre a localização geográfica e topográfica, e a ecologia física, segundo informações realmente 
relevantes. 
A utilização do modelo PER auxiliou tanto na compreensão entre a relação existente 
entre os indicadores Pressão, Estado e Resposta, quanto na escolha dos mesmos, que se baseou 
em critérios de relevância municipal. A exposição destes se dará em quadros explicativos, 
conforme a metodologia dos relatórios GEO Cidades (PNUMA, 2004). O modelo de quadro 
utilizado pode ser observado na Tabela 1: 
 
Tabela 1 - Quadro utilizado para a descrição dos indicadores ambientais no município 
Indicador 
Tipo de indicador: 
Fonte: 
Justificativa: 
Como é inferido: 
Medidas e unidades: 
Formatos Temporais e Espaciais Possíveis: 
Referência: 
Objetivos: 
Metas, Valores de Referência: 
Fonte: PNUMA (2004). Adaptado pela autora (2020) 
 
Os indicadores de Pressão escolhidos foram: área de assentamentos urbanos informais, 
densidade demográfica em área ocupada e saneamento. 
Os indicadores de Estado escolhidos foram: qualidade da água e uso e ocupação do 
solo. 
Os indicadores de Resposta escolhidos foram: Plano Diretor participativo, Código 
Florestal, Lei da Mata Atlântica, Política Nacional de Saneamento e Decreto 14.675/2009, 
Resolução CONAMA 430/2011 e Decreto 14.674/2009. 
Para correlacionar os indicadores foi elaborada uma matriz de vulnerabilidade. 
 
34 
 
3.1.1 Matriz de vulnerabilidade 
A matriz de vulnerabilidade foi realizada após medidos os indicadores dePressão, 
Estado e Resposta. A mesma se baseou na comparação da situação atual dos indicadores de 
Pressão e Estado e seu cenário ideal, conforme revisão bibliográfica disponível, Plano Diretor, 
e legislações. 
Para tanto foram atribuídos índices em uma escala de 1 a 3, relacionando a influência 
do indicador Pressão sobre o indicador Estado. O número 1 corresponde à situação de 
vulnerabilidade menos preocupante, enquanto o número 3 representa o cenário mais crítico. 
Como resultado, foi possível caracterizar o município conforme seus aspectos urbanos e 
socioambientais. 
 
3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ASSENTAMENTOS URBANOS 
INFORMAIS 
Para inferir este indicador, foram utilizados os shapefiles: Áreas Urbanas no Brasil 
EMBRAPA (2015) e Cursos d’Água (ANA, atualizado em 2020). 
O assentamento urbano informal se caracteriza no município pela presença de 
edificações em Áreas de Preservação Permanente (APP). No presente trabalho, o enfoque das 
Áreas de Preservação Permanente foi dado aos cursos d’água locais presentes na área urbana 
predominante, isto é, no centro urbano da cidade, não sendo avaliadas outras APP’s, a exemplo 
de topos de morros, nascentes, lagos ou lagoas. 
Conforme o Código Florestal, para cursos d’água naturais, a APP é de 30 metros, para 
os cursos d’água de menos de 10 metros de largura; 50 metros, para os cursos d’água que 
tenham de 10 a 50 metros de largura; 100 metros, para os cursos d’água que tenham de 50 a 
200 metros de largura; 200 metros, para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros de 
largura; e 500 metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 metros 
(BRASIL, 2012). 
Assim, utilizou-se imagens de satélite de alta resolução, Google Earth (2017), para 
medição aproximada e visual da largura, através de uma ferramenta disponibilizada no próprio 
software. Após medidas as larguras, criou-se um buffer da camada “cursos d’água”. 
 
3.3 CARACTERIZAÇÃO DA DENSIDADE DEMOGRÁFICA 
Em relação a esse indicador, o shapefile das Áreas Urbanas no Brasil, disponibilizado 
pela EMBRAPA (2015), e os Setores Censitários (IBGE, 2010), foram utilizados como base 
35 
 
para caracterizar as zonas urbanas e rurais. Cabe salientar que o produto da EMBRAPA tem 
como base (dado bruto) os setores censitários do IBGE, porém através da confrontação destes 
dados com imagens de alta resolução, a confiabilidade do dado da EMBRAPA se mostrou 
maior. 
Assim, correlacionou-se o dado obtido com a população estimada, disponibilizado 
pelo IBGE, e realizado em 2019, de forma a entender a distribuição espacial. 
 
3.4 DADOS DO SANEAMENTO LOCAL 
Para caracterizar a situação do saneamento em Alfredo Wagner, o Sistema de 
Informação da Atenção Básica (SIAB), pertencente ao Departamento de Informática do Sistema 
Único de Saúde (DATASUS), foi utilizado. A caracterização se deu conforme o ano de 2015. 
Além disso, alguns registros fotográficos foram feitos sob a temática, para demonstrar a 
situação atual local. 
 
3.5 QUALIDADE DA ÁGUA 
A fim de avaliar o estado da qualidade das águas no município, foi utilizado o Relatório 
de Fiscalização Inicial dos Serviços de Saneamento Básico em Alfredo Wagner, realizado pela 
Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (ARESC) em maio de 2016. 
O relatório apresentou a qualidade de água bruta de captação e água tratada dos bairros 
Caeté e Demoras, nas redes de distribuição localizadas nos bairros Centro, Estreito, Barracão e 
Demoras, e em três reservatórios, cujos bairros não foram identificados. 
 
3.6 ELABORAÇÃO DOS MAPAS 
Os mapas foram elaborados a partir do software livre Quantum Gis (QGIS), através 
de uma base de dados diversa, conforme apresentado na sequência. 
 
3.6.1 Mapa de uso e cobertura do solo 
Para caracterizar o estado do uso e cobertura do solo na cidade atual, foi elaborado um 
mapa. O datum horizontal utilizado foi o SIRGAS 2000, fuso 22 sul. 
As imagens utilizadas no mapeamento foram obtidas através do plug-in “Semi-
Automatic Classification”. O download foi realizado para o ano de 2019, de maneira a 
caracterizar a situação atual do município, sob uma periodicidade mensal, sempre com 
36 
 
prioridade às imagens com menor percentual de nuvens, de forma a facilitar a identificação 
visual. Os satélites utilizados para tanto foram “Sentinel-2” e “Landsat 7”. 
Como o objetivo do mapeamento é a análise da vegetação, as bandas utilizadas na 
composição de imagens do satélite “Sentinel-2” foram 8, 11 e 4, cujo comprimento de onde é, 
respectivamente, 842 nm, 1610 nm, e 665 nm, a resolução da imagem é de 20 metros, e a 
resolução temporal é de 5 dias. A resolução temporal do Sentinel-2 garante a continuidade dos 
dados fornecidos pelo Landsat 7. No caso do “Landsat 7” foram utilizadas as bandas 4, 5, e 3, 
o comprimento das bandas é de, respectivamente, 830 nm, 1650 nm, e 666 nm, cuja resolução 
é de 30 metros, a resolução temporal do satélite é de 16 dias. 
A metodologia para a classificação da área foi a classificação supervisionada seguida 
de confirmação visual. A classificação supervisionada foi realizada também através do plug-in 
“Semi-Automatic Classification”. Cabe destacar que, para esse tipo de geração de dados, apenas 
uma imagem é selecionada. Nessa única imagem ocorre a varredura das assinaturas espectrais 
cadastradas. A data de imagem escolhida foi 16/11/2019, já que tal apresentou 0% de cobertura 
de nuvens e as culturas agrícolas se mostraram bastante evidenciadas, principalmente a cebola. 
A obtenção das assinaturas espectrais foi realizada por, em média, 30 amostragens de cada 
classe. 
A confirmação visual foi realizada manualmente, observando toda a série história do 
ano, de maneira a incluir polígonos que foram desconsiderados pela classificação 
supervisionada, bem como excluir classificações errôneas. Durante a verificação, foi utilizada 
também a ferramenta web Sistema de Análise Temporal da Vegetação (SATVeg), desenvolvida 
pela EMBRAPA, para confirmação da classe de cultivo agrícola. Através dessa ferramenta é 
possível verificar a variação da biomassa e o comportamento da vegetação ao longo do tempo. 
Cabe destacar que cada cultivo agrícola apresenta um comportamento, assim, foi possível 
averiguar de fato a presença das culturas de interesse. 
 As classes escolhidas para o mapeamento se basearam em um trabalho já realizado na 
cidade, cuja ênfase foi a Bacia do Caeté, realizado por Viecili (2005), conforme Figura 6: 
 
37 
 
Figura 6 - Características das classes temáticas 
 
Fonte: Viecili, 2005 
 
A classe “solo” é caracterizada pelo solo exposto, afloramento rochosos e manchas 
urbanas. O termo “solo” compreende as áreas preparadas para o cultivo agrícola, utilizadas para 
plantio futuro ou em pousio (VIECILI, 2005). 
A classe “mata”, por sua vez, compreende a vegetação primária, e faz menção à Mata 
Atlântica, presente no município, sua característica marcante é a vegetação arbórea de alta 
densidade, grande diversidade de espécies, dossel fechado e aspecto homogêneo (VIECILI, 
2005). 
A classe “campo” se refere aos vários estágios de regeneração da vegetação, 
caracterizado uma vegetação secundária, contempla as áreas de campo e pastagem (VIECILI, 
2005). 
A classe “reflorestamento” é constituída do plantio de espécies florestais exóticas, a 
exemplo das espécies pinnus ellioti ssp. e pinnus taeda ssp., tal plantio destina-se a, 
principalmente, insumo para indústrias de papel e celulose (VIECILI, 2005). 
A classe “cultivo”, por fim, faz menção as áreas agrícolas (VIECILI, 2005), a mesma 
apresenta a característica singular do solo exposto antes e após o cultivo de alguma cultura. As 
áreas de cultivo foram classificadas em conjunto, não sendo realizada distinção da cultura 
cultivada. 
O resultado possibilitou a identificação do Estado da cobertura vegetal sob uma 
perspectiva atual. 
 
 
38 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO4.1 INDICADORES DE PRESSÃO 
4.1.1 Densidade demográfica em área ocupada 
A Tabela 2 apresenta o indicador de Pressão densidade demográfica em área ocupada. 
 
Tabela 2 - Densidade demográfica em área ocupada 
Densidade demográfica em área ocupada 
Tipo de indicador: Pressão 
Fonte: IBGE (2010 e 2019) e EMBRAPA (2015) 
Justificativa: A densidade demográfica em uma área é um fator preponderante pelo 
impacto que tal exerce sobre o meio ambiente, na forma de redução de 
cobertura vegetal para desenvolvimento urbano e econômico, além do 
uso da água 
Como é inferido: População por área ocupada, conforme as classes do setor censitário. 
Medidas e unidades: Habitantes/km² 
Formatos Temporais e Espaciais Possíveis: Mapeamento e dados do IBGE e EMBRAPA 
Referência: Identificação, mapeamento e quantificação das áreas urbanas do Brasil 
(FARIAS et al., 2017) 
Objetivos: Medir a pressão exercida pela ocupação populacional nas áreas urbanas e rurais 
Metas, Valores de Referência: Valores de densidade demográfica em outras cidades 
brasileiras 
Fonte: PNUMA (2004). Adaptado pela autora (2020) 
 
Pelo shapefile de delimitação municipal (IBGE, 2019), a área total do município 
calculada é diferente da mencionada, isto é, foi encontrado o valor de 831,65 km² pela 
ferramenta “calculadora de campo”, presente no Qgis, e 733,489 km² conforme “tabela de 
atributos” calculada pelo próprio IBGE. A área dos valores censitários foi calculada pela 
calculadora de campo, disponível no Qgis, onde foram confrontados os dados do IBGE (2010) 
e EMBRAPA (2015), optando-se pela classificação da EMBRAPA. Os valores obtidos para as 
áreas urbanas e rurais foram: 1,74 km² de área urbana e 829,91 km² de área rural. 
Conquanto a população é de 2.868 pessoas em área urbana e 6.542 em área rural 
(IBGE, 2010), a densidade demográfica pode ser obtida por uma razão entre população e área. 
39 
 
Assim, a densidade demográfica da área urbana é de, aproximadamente, 1.648 hab/km² e da 
área rural é de 8 hab/km². 
Quando comparamos os valores obtidos aos nacionais e estaduais, tem-se que a 
densidade demográfica urbana do Brasil é de 2.969 hab/km², enquanto Santa Catarina apresenta 
valores de 1.759 hab/km². (FARIAS et al., 2017) 
Apesar de Alfredo Wagner não ter demonstrado valores superiores aos nacionais e 
estaduais, pode-se inferir que a densidade demográfica urbana apresentou um valor bastante 
significativo. Quando comparadas, as densidades demográficas urbana e rural se mostraram 
bastante distintas, o que pode ser explicado pela extensão área territorial municipal, além da 
concentração urbana em uma área restrita, principalmente nos bairros Centro, Catuíra e Quebra 
Dentes. 
O mapa que caracteriza as zonas rurais e urbanas está presente abaixo, na Figura 7. 
 
Figura 7 - Caracterização dos setores censitários em Alfredo Wagner 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020) 
40 
 
4.1.2 Saneamento 
A Tabela 3 apresenta o indicador de Pressão saneamento. 
 
Tabela 3 - Indicador de Pressão: Saneamento 
Saneamento 
Tipo de indicador: Pressão 
Fonte: Sistema de Informação de Atenção Básica (2015) 
Justificativa: A forma como é realizado o saneamento interfere diretamente sobre os 
aspectos ambientais do meio, além de afetar a saúde populacional 
Como é inferido: Número de famílias atendidas segundo a forma de abastecimento, 
manejo dos resíduos sólidos e coleta de esgoto 
Medidas e unidades: Número de famílias atendidas 
Formatos Temporais e Espaciais Possíveis: Fotografias in loco 
Referência: SIAB (DATASUS, 2015), O Saneamento no Município de Alfredo Wagner 
(SPAGNOLLO, 2008) 
Objetivos: Medir a pressão existente na cidade através da cobertura de serviços gerais de 
saneamento 
Metas, Valores de Referência: Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB, 2019) 
e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 
Fonte: PNUMA (2004). Adaptado pela autora (2020) 
 
Conforme o último levantamento do Sistema de Informação de Atenção Básica 
(SIAB), realizado em 2015, o número de famílias na cidade é de 2.993. A avaliação das esferas 
de saneamento pretendidas se baseou neste valor. 
 
4.1.2.1 Abastecimento 
Das 2.993 famílias analisadas, 2.062 utilizam poços/nascentes, 828 são abastecidas 
por água advinda da rede pública e 103 utilizam outras fontes para abastecimento. 
O destaque à utilização de poços/nascentes se deve à característica predominantemente 
rural do município, além de seus aspectos topográficos, que dificulta a implementação da rede 
de distribuição de água em todo o município. Spagnollo (2008), ao analisar os aspectos de 
abastecimento municipais, indica que alguns problemas da utilização de fontes individuais em 
área rural é a escassez do recurso, dada a expansão da atividade agrícola, e a preocupação 
quanto ao uso de agrotóxicos, que podem contaminar a água. Em relação à área urbana o autor 
41 
 
ressalta também a problemática da escassez, mas infere que tal se deve a, possivelmente, 
ocupação, desmatamento e impermeabilização, o que leva à redução na capacidade hídrica das 
nascentes. 
A rede pública que abastece as residências tem duas origens, isto é, é pertencente a 
administração municipal (prefeitura) ou Companhia Catarinense de Águas e Saneamento 
(CASAN). Spagnollo (2008) infere que a água abastecida pela CASAN apresentou algumas 
inconformidades em relação à qualidade da água, a exemplo da presença de sedimentos, cor e 
excesso de cloro, outro aspecto é o lançamento de efluente domésticos e do abatedouro a 
montante da captação (que ocorre no bairro Caeté), além disso novamente foi apontado a 
preocupação quanto à presença de agrotóxicos na água, devido a agricultura no local. Em 
relação à água fornecida pela prefeitura novamente ressalta-se problemas de cor e presença de 
sólidos, além da preocupação em relação ao não tratamento dos agrotóxicos. 
Cabe destacar a problemática da utilização de fontes individuais, devido ao não 
tratamento da água obtida desta forma, a exemplo dos encanamentos realizados diretamente 
nos corpos d’água, mais comumente conhecidos como “águas de morro”. Quanto aos poços a 
preocupação se relaciona à segurança da água obtida, uma vez que os poços geralmente são 
construídos de forma informal, o que permite o escoamento de contaminantes advindos do 
esgoto sanitário e rejeitos agrícolas. 
 Conforme o PLANSAB (2019), quanto a temática abastecimento de água, uma meta 
a ser alcançada até 2023 para Santa Catarina é 100% de domicílios urbanos e rurais 
abastecidos com água por rede de distribuição ou por poço ou nascente. Em relação aos ODS, 
é objetivado o acesso universal e equitativo de água para consumo humano, de forma segura e 
acessível para todas e todos. Quando nos referimos ao termo “segura”, a significação para tanto 
é a não contaminação fecal e de substâncias químicas perigosas, para que atenda os padrões de 
qualidade estabelecidos em norma nacional ou local (ANA, 2019). 
 
4.1.2.2 Esgotamento sanitário domiciliar 
Os valores fornecidos pelo SIAB (2015), indicam que das 2.993 famílias, 1.894 
utilizam fossa para a destinação de urina e fezes, não sendo especificado o tipo de fossa, além 
disso 881 famílias despejam os efluentes a céu aberto, isto é, no quintal, rua, riacho, etc., por 
fim, 218 famílias utilizam o sistema de esgoto da rede pública municipal. 
Pode-se inferir que a maior parte das famílias utiliza fossa como tratamento 
centralizado dos efluentes gerados. Conforme Spagnollo (2008), muitos alfredenses relataram 
42 
 
nunca terem realizado a limpeza da fossa séptica, ou realizaram sob periodicidade irregular, 
este fato pode ser um indicador de fossas negras. A problemática das fossas negras, 
caracterizada pela escavação sem revestimento lateral ou sem fundo, é a contaminação dos solos 
e do aquífero, o que pode prejudicar a qualidade da água subterrânea e todo o ambiente ao redor. 
A limpeza das fossas é fundamental para a manutençãodo sistema, a mesma é regida pelas 
NBRs 7229 e 13969, que indicam o tempo para a realização da mesma conforme os parâmetros 
de construção, bem como a disposição adequada do lodo retirado. 
A destinação dos efluentes domésticos a céu aberto é um fato que merece destaque. 
Spagnollo (2008) indica que alguns moradores realizam o lançamento de esgoto in natura em 
corpos hídricos e no solo, principalmente em áreas rurais, além disso também foi relatado o 
lançamento na rede pluvial, que é confundida pelos moradores como rede de esgotamento 
sanitário, fato que ocorre mais comumente na área urbana. O lançamento das águas em corpos 
hídricos/solo sem nenhum tipo de tratamento é um agravante ambiental, uma vez que interfere 
em todas as esferas do meio ambiente e, inclusive, afeta os próprios praticantes do ato ilícito. 
Com relação à rede de esgoto, Spagnollo (2008) indica que a mesma existe apenas no 
Loteamento Valdir Mariotti (localizado no Bairro Centro) e em um pequeno trecho no Bairro 
Estreito. Ainda segundo o autor, em ambos os locais os sistemas de tratamento são compostos 
por tanque séptico (nas residências e um coletivo), filtro anaeróbio, e tratamento preliminar 
com gradeamento e caixa de areia. No caso do Loteamento Valdir Mariotti o efluente tratado é 
direcionado à rede pluvial, enquanto no Estreito é direcionado diretamente ao corpo hídrico. 
Nenhum dos sistemas apresentou alguma manutenção. 
Em relação ao PLANSAB (2019), a meta é alcançar 75% de rede coletora de esgoto 
ou fossa séptica. Se tratando dos ODS, a meta a ser cumprida até 2030 é alcançar o acesso a 
higiene e saneamento adequados e equitativos a todos. 
Cabe destacar que o saneamento no Brasil é frequentemente associado ao provimento 
de serviços com baixos níveis de qualidade e atendimento excludente, privilegiando as áreas 
mais dinâmicas do país e excluindo uma parcela da população, especialmente a de menor renda 
nos centros urbanos e a população rural, priorizando ações de abastecimento de água em 
detrimento do esgotamento sanitário (ANA, 2019). O Relatório Mundial das Nações Unidas 
sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos indica, a nível global, que em 2015 39% da 
população mundial dispunha de saneamento básico, no âmbito de esgotamento, gerenciados de 
forma segura, duas a cada cinco dessas viviam em áreas rurais. 
 
43 
 
4.1.2.3 Manejo de resíduos sólidos 
A gestão dos resíduos sólidos no município é realizada pela própria prefeitura 
municipal, que conta com a coleta dos resíduos, varrição e transbordo. Cabe destacar que a 
coleta seletiva é inexistente. Das 2.993 famílias presentes no local, 1.525 indicam 
queimar/enterrar os resíduos gerados, 1.253 utilizam o sistema de coleta de resíduos sólidos e 
215 deixam os resíduos a céu aberto. 
Em seu trabalho, Spagnollo (2008), em entrevista com os moradores locais, relata que 
nas regiões não atendidas pela coleta, a exemplo da zona rural dos Bairros Caeté, Catuíra, 
Demoras e São Leonardo, os moradores indicam queimar os resíduos, jogar em perais, depositar 
em casas abandonadas, enterrar, reciclar informalmente e lançar nos rios. 
Ainda segundo o autor, as regiões atendidas pela coleta são: Águas Frias, Caeté, 
Catuíra, Demoras e Estreito. A frequência de coleta foi apontada como satisfatória para o 
município. Após coletados, os resíduos são transbordados no Parque de Exposições. 
A destinação imprópria dos resíduos sólidos é um fator preocupante no município, 
principalmente pela quantidade de casos relatados. Tal pode ser justificada pela cobertura 
parcial do sistema de coleta de resíduos sólidos, que não inclui coleta seletiva, além da carência 
de educação ambiental municipal, de forma a conscientizar a população sobre os efeitos desta 
prática. A destinação irregular de resíduos sólidos é considerada crime ambiental, conforme Lei 
9.605/1998, uma vez que caracteriza poluição, coloca em risco a saúde humana e animal, além 
de destruir a flora. 
A falta da educação ambiental e a má gestão dos resíduos leva a disposição destes 
inclusive nos corpos hídricos, conforme relatado em visita ao centro urbano da cidade, vide 
Figuras 8 e 9, onde é possível observar resíduos sólidos, acondicionado ou não, nas margens do 
rio Itajaí-Açu, destaque a presença de uma persiana enrolada na vegetação. 
O transbordo dos resíduos sólidos que ocorre no Parque de Exposições, também deve 
ser comentado, uma vez que caracteriza um lixão a céu aberto, já que, mesmo em dias em que 
os resíduos foram coletados para disposição final, isto é, na Grande Florianópolis, ainda resta 
muito entulho e materiais não condicionados, conforme a Figura 10, obtida pela autora em visita 
in loco. 
O PLANSAB (2019) caracteriza como meta até 2023 96,1% de atendimento aos 
domicílios urbanos e rurais pela coleta direta ou indireta dos resíduos sólidos. 
 
 
44 
 
Figura 8 - Resíduos sólidos nas margens do Rio Itajaí-Açu, bairro Centro 
 
Fonte: Acervo da autora (2020) 
 
Figura 9 - Resíduos sólidos nas margens do Rio Itajaí-Açu, bairro Estreito 
 
Fonte: Acervo da autora (2020) 
 
45 
 
Figura 10 - Transbordo dos resíduos coletados em Alfredo Wagner 
 
Fonte: Acervo da autora (2020) 
 
4.1.3 Área de assentamentos urbanos informais 
A Tabela 4 apresenta o indicador de Pressão área de assentamento urbanos informais. 
 
Tabela 4 - Indicador de Pressão: Área de assentamentos urbanos informais 
Área de assentamentos urbanos informais 
Tipo de indicador: Pressão 
Fonte: Mapeamento realizado pela autora (2020) 
Justificativa: Os assentamentos ilegais, com frequência, exercem importante pressão 
sobre os recursos naturais, dada a ocupação ilegal e irregular do solo, 
desflorestamento de bosques, contaminação de mananciais, dentre outros 
Como é inferido: Área residencial urbana em áreas de preservação 
Medidas e unidades: km² 
Formatos Temporais e Espaciais Possíveis: Mapeamento e tabelas 
Referência: Indicadores urbanos (UN-Habitat) 
Objetivos: Estimar a pressão existente em áreas protegidas 
Metas, Valores de Referência: Código Florestal 
Fonte: PNUMA (2004). Adaptado pela autora (2020) 
46 
 
A área urbana estudada foi apenas a localizada no bairro Centro, por se destacar entre 
as demais, isto é, Catuíra e Quebra-Dentes, vide Figura 7, apresentada outrora. 
As larguras observadas para os cursos d’água localizados em área urbana não 
ultrapassaram, na média, o valor de 50 metros, assim, o buffer criado para representar o limite 
de preservação foi de 50 metros (BRASIL, 2012). O resultado pode ser observado na Figura 
11, onde utilizou-se uma imagem do satélite Sentinel-2 de 16/11/2019, com as bandas do 
visível, para melhor visualização. 
 
Figura 11 - Caracterização dos assentamentos urbanos informais 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2020) 
 
Para obtenção da área de assentamentos urbanos informais foi correlacionado os dados 
de áreas urbanas e Áreas de Preservação Permanente e, ainda, foi verificado se no local existe 
47 
 
de fato moradias urbanas, através de imagens de satélite Sentinel-2 (2019) e Google (2017). Os 
resultados podem ser observados na Tabela 5: 
 
Tabela 5 - Levantamento dos assentamentos urbanos informais 
Área urbana total (km²) Área urbana em APP (km²) Área urbana ocupada em 
APP (km²) 
2,49 0,71 0,33 
Fonte: Elaborado pela autora (2020) 
 
Através dos dados gerados pode-se constatar que, em relação à área urbana dentro da 
APP, 53,5% de fato apresenta assentamentos informais, caracterizados pela presença de 
moradias. Esse é um fator bastante preocupante, uma vez que o município apresenta um 
histórico de enchentes, a exemplo das que ocorreram nos anos de 1983, 1987, 1990, 1992, 1993, 
1997 e 2015, cabendo destaque as de 1987 e 1993, que demonstraram maiores consequências, 
tanto às moradias urbanas quanto à agricultura local (ALFREDO WAGNER, 2011) As 
enchentes dos anos de 1987 e 1993 podem ser observadas nas Figuras 12 e 13.

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