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AUGUSTO GARCIA DE CEZAR PERCEPÇÃO SOBRE A COMUNICAÇÃO E NECESSIDADES DE FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS EM UNIDADES DE CUIDADOS INTENSIVOS Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina 2021 AUGUSTO GARCIA DE CEZAR PERCEPÇÃO SOBRE A COMUNICAÇÃO E NECESSIDADES DE FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS EM UNIDADES DE CUIDADOS INTENSIVOS Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Medicina. Coordenador do curso de Medicina: Prof. Dr. Edevard J. de Araujo Professora Orientadora: Prof.ª. Dra. Suely Grosseman. Florianópolis Universidade Federal de Santa Catarina 2021 Agradecimento Agradeço à Flávia Del Castanhel pela oportunidade de utilizar os dados de sua pesquisa para elaboração deste trabalho. À professora Suely Grosseman por me acolher como seu orientando de forma tão sensível e presente, e por ser uma de minhas grandes inspirações no curso de medicina. Por me ensinar, desde a primeira fase, dentre outras coisas, a importância da escuta para um cuidado digno e acolhedor. Mas também, por me ensinar a importância de colocar as palavras para fora, e dos riscos para minha saúde mental de guardá-las demais. Obrigado por tanto, Suely, seus ensinamentos transformam, e levo eles sempre comigo na vida e na medicina. Aproveito para agradecer também aos demais professores do curso. Em especial à professora Renata Palandri, por promover ricos espaços de discussão em suas aulas e por promover um espaço virtual, em plena pandemia e ensino remoto, para discutir os capítulos do livro “Sobre a Morte e o Morrer”, de Elisabeth Kubler-Ross. Esse espaço foi um acalento em meio ao caos, e me lembrou da medicina que faz sentido para mim. À Liga Acadêmica de Cuidados Paliativos da UFSC (Lipallium UFSC), da qual faço parte, por me apresentar aos Cuidados Paliativos, por promover o ensino dessa área, que ainda não tem uma disciplina em nossa graduação, e por ser um espaço de acolhimento e crescimento profissional e pessoal. À Maryanne Matias, por ser uma grande parceira e professora nos meus estudos de Cuidados Paliativos, por me permitir acompanhá-la em seus atendimentos e por sempre me lembrar que para cuidar do outro, primeiro precisamos cuidar de nós. Aos pacientes, às médicas, médicos e residentes, aos profissionais da enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, assistência social e nutrição pelas trocas, paciência e ensinamentos durante os estágios. À minha psicóloga Rafaela Bianco, por me acompanhar ao longo desses anos e me ajudar, sessão após sessão, a recontar a minha história com sua sensível escuta. Tem sido transformador. Aos meus amigos, por tornarem a vida e o curso mais leves. À minha família pelo apoio e por me darem condições para me aventurar pela vida. Vocês são minha base. Não há aprendizagem sem afeto. Aliás, sem afeto, não há nada. Ana Suy 1 Percepção sobre a comunicação e necessidades de familiares de pacientes internados em unidades de cuidados intensivos Perception about communication and needs of family members of patients in intensive care units Percepción sobre la comunicación y las necesidades de los familiares de pacientes hospitalizados en unidades de cuidados intensivos O objetivo deste estudo foi conhecer as necessidades de familiares com entes queridos internados em unidades de cuidados intensivos e sua percepção sobre a comunicação com os médicos. O estudo foi qualitativo exploratório com análise temática dos comentários de 92 familiares ao responder o Quality of Communication Questionnaire e suas respostas à questão aberta sobre suas necessidades. Os temas identificados incluíram percepção sobre características que facilitavam a comunicação, como atenção e escutar, e as que a dificultavam, como linguagem inacessível, sem objetividade, tempo limitado e local inadequado; sentimentos gerados, como vergonha e impotência; necessidades abrangendo aspectos da comunicação, maior tempo de visita, apoio por psicólogo e assistente social, infraestrutura da sala de espera e alojamento. Evidencia-se a necessidade de aprimorar a comunicação médica e a atenção a esses familiares bem como mudanças na infraestrutura para promover a qualidade do cuidado. Comunicação; Necessidades; Familiares; Unidades de Cuidados Intensivos; Cuidados críticos The objective of this study was to know the needs of family members with loved ones admitted to intensive care units and their perception of communication with physicians. The study was qualitative exploratory with thematic analysis of 92 family members' comments when answering the Quality of Communication Questionnaire and their responses to the open-ended question about their needs. The themes identified included perception about characteristics that facilitated communication, such as attention and listening, and those that difficult it, such as inaccessible language, lack of objectivity, limited time and inadequate place; feelings generated, such as shame and helplessness; needs covering communication aspects, longer 2 visiting time, support by psychologist and social worker, waiting room infrastructure and accommodation. It is evident the need to improve medical communication and attention to these family members as well as changes in infrastructure to promote the quality of care. Communication; Needs; Family; Intensive Care Units; Critical care; Family needs; El objetivo de este estudio fue conocer las necesidades de los familiares con personas queridas hospitalizadas en unidades de cuidados intensivos y su percepción sobre la comunicación con los médicos. El estudio fue cualitativo exploratorio con análisis temático de los comentarios de 92 familiares al contestar el Quality of Communication Questionnaire y sus respuestas a la pregunta abierta sobre sus necesidades. Los temas identificados incluyeron la percepción sobre las características que facilitaban la comunicación, como la atención y la escucha, y las que la dificultaban, como el lenguaje inaccesible, la falta de objetividad, el tiempo limitado y el local inadecuado; los sentimientos generados, como la vergüenza y la impotencia; las necesidades que abarcaban aspectos de la comunicación, el mayor tiempo de visita, el apoyo del psicólogo y el asistente social, la infraestructura de la sala de espera y el alojamiento. Es evidente la necesidad de mejorar la comunicación médica y la atención a estos familiares, así como los cambios en la infraestructura para promover la calidad de la asistencia. Comunicación; Necesidades; Parientes; Unidades de Cuidados Intensivos; Cuidados críticos Introdução A internação de entes queridos na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) gera grande impacto emocional e psíquico nas pessoas com as quais eles convivem ou que se tornam responsáveis por eles, denominadas a partir de agora como familiares. Esse contexto pode gerar “um turbilhão de sentimentos”(1) e, inclusive, causar em alguns familiares a síndrome pós cuidados intensivos(1–4), que inclui 3 morbidades psiquiátricas como transtorno de ansiedade, estresse pós-traumático e depressão. Diversos fatores podem contribuir para o estresse dos familiares. Um fator é a própria condição de saúde do ente querido, o medo de sua morte e as mudanças significativas na dinâmica da vida pessoal advindas deste adoecimento.(1) Além disso, o ambiente ruidoso da UCI, com equipamentos para tratamento e monitoramento, como os ventiladores mecânicos, e o ambiente da sala de espera ou do corredor do hospital, em que aguardam notícias sobre o estado de saúde do ente querido, também podem aumentar o sofrimento dos familiares.(1–3) A angústia pela espera de informações torna a comunicação com o médico um momento decisivo para diminuir ou aumentar as incertezas dos familiares, sendo, no contexto da UCI, realizada frequentementepor meio de boletins médicos. Essa comunicação tem função de elucidar as dúvidas dos familiares quanto ao diagnóstico e prognóstico, mas também é fundamental para solicitar informações sobre o ente querido quando ele não estiver mais em condições de se comunicar e manifestar suas perspectivas, necessidades, valores e desejos.(1,2,5–7) Assim, os familiares passam a ser a “voz” do paciente e é sobre ele que recai algumas responsabilidades, como a de participar do processo de decisão terapêutica, o que pode adicionar ainda mais sofrimento aos familiares.(1–3,8) Dessa forma, para que a comunicação médico – familiares seja efetiva, é fundamental que no encontro entre eles, o médico acolha-os, construa e mantenha um vínculo com eles, seja claro em sua linguagem e incentive-os a expor suas dúvidas, a participar ativamente dos encontros e a se envolver nos processos de tomada de decisão, considerando sempre o quanto que eles querem se envolver.(2,3,8) Apesar da essencialidade da comunicação entre médico e familiares, muitos estudos têm demonstrado que alguns familiares não entendem completamente o diagnóstico, o prognóstico e o plano de cuidados de seu ente querido e sentem que os profissionais comunicam-se de forma impessoal, sem demonstrar empatia e compaixão.(1,2,5,7) Portanto, conhecer a qualidade da comunicação entre médicos e familiares com entes queridos internados em UCI, bem como as necessidades desses 4 familiares, é essencial para avaliar-se o cuidado e ajudar a promover medidas para diminuição de potenciais prejuízos à saúde do paciente e seus familiares, cuja experiência pode também levar ao adoecimento. A avaliação da qualidade da comunicação entre médico e paciente pode ser realizada pelo Quality of Communication (QoC) Questionnaire, especialmente quando há doenças crônicas e terminalidade de vida.(9) Desenvolvido por Curtis et al em 1997 e modificado posteriormente para sua versão final, contém itens relativos à comunicação geral e itens relativos à comunicação em terminalidade de vida.(9,10) O QoC para pacientes foi traduzido e adaptado transculturalmente para a língua portuguesa falada no Brasil em 2017 (11), e, posteriormente, validado em 2021.(12) Como não havia versão do QoC para familiares, foi solicitada permissão aos autores da escala original para adaptar o QoC para pacientes para a versão de QoC para familiares, a qual foi obtida. Foi então realizada adaptação transcultural do QoC para familiares para uso em português no Brasil.(13) Na etapa de validação adicional dessa versão, durante a aplicação do QoC a familiares com entes queridos internados na UCI , muitos participantes fizeram comentários espontâneos para justificar a nota dada a cada item do QoC, os quais foram registrados por escritos pelo pesquisador entrevistador. Além disso, o pesquisador também perguntou se precisavam de alguma ajuda complementar, sobre adequação do local em que receberam informações e também se gostariam de fazer comentários adicionais. Esses comentários espontâneos também apareceram em estudo de Russel na Austrália(14) e no estudo de autores do presente artigo ao aplicar o QoC aos pacientes.(15) Considerando-se a importância dos relatos para a construção de conhecimentos que pudessem subsidiar futuras ações para promover a qualidade do cuidado, o objetivo deste estudo foi conhecer as necessidades de familiares com entes queridos internados em UCI e sua percepção sobre a comunicação com os médicos. Método 5 Delineamento de estudo e preceitos éticos O delineamento deste estudo foi qualitativo exploratório, parte de um projeto maior para validação do QoC, aprovado pelo Comitê de Ética, sob o número 77721917.8.0000.0121. (Anexo I). Todos os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que pode ser visto no Apêndice I. Foram seguidos todos os preceitos éticos. População e local de estudo Os participantes do estudo foram familiares de pacientes internados na UCI de quatro hospitais públicos da Grande Florianópolis [Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU), Hospital Nereu Ramos (HNR), Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes (HRSJ) e Instituto de Cardiologia de São José (ICSJ)]. Os elegíveis foram familiares de pacientes internados em UCI por pelo menos 24 horas, com idade igual ou superior a 18 anos e brasileiros. O convite para participação no estudo foi realizado presencialmente, após se explicar os objetivos do estudo, a forma da coleta de dados e todos os preceitos éticos. Os familiares que concordaram em participar do estudo receberam duas vias do TCLE para leitura e assinatura, ficando com uma delas. O instrumento QoC O QoC foi desenvolvido por Curtis et al no ano de 1997 para avaliar a qualidade da comunicação entre médicos, pacientes e familiares. A versão do QoC adaptada para familiares contém 13 perguntas (Apêndice II) divididas em duas subescalas. O questionário inicia com o enunciado “Ao falar com o(a) médico(a) sobre questões importantes como você ficar mais doente, o quanto ele/ela é bom/boa em:”, seguido dos itens relativos à subescala de comunicação geral: 1. Usar palavras que o (a) senhor(a) consiga compreender; 2. Olhar em seus olhos; 3. Responder todas as dúvidas sobre a doença de seu ente querido; 4. Ouvir o que o 6 (a) senhor(a) tem a dizer; 5. Preocupar-se com o (a) senhor(a) como pessoa; 6. Dar atenção plena ao (a) senhor(a); e depois, pelos itens da subescala de comunicação em terminalidade de vida: 7. Falar sobre seus sentimentos se acaso seu ente querido piorar; 8. Dar detalhes sobre a condição de seu ente querido, se acaso ele vier a piorar; 9. Falar sobre quanto tempo o seu ente querido tem de vida; 10. Falar sobre como o morrer poderia ser; 11. Envolver o (a) senhor(a) nas discussões do tratamento para o cuidado de seu ente querido; 12. Perguntar sobre coisas importantes da vida de seu ente querido; 13. Perguntar sobre suas crenças espirituais ou religiosas. Os itens, que devem ser respondidos em uma escala de 0 a 10, sendo 0 “o pior que poderia imaginar” e dez, “o melhor que poderia imaginar”. Há duas opções de respostas adicionais: “não fez”, indicando que o médico não realizou tal comunicação, para a qual se atribui a nota zero, e “não sabe”, quando o participante fica em dúvida sobre como avaliar um item, para esta opção é imputado o valor da mediana de notas das notas dadas pelos respondentes. A nota do QoC e de suas subescalas é obtida pela soma dos escores em cada item dividida pelo número de itens incluídos. As subescalas podem ser utilizadas separadamente ou em conjunto, dependendo do aspecto da comunicação estudado. Coleta de dados O instrumento de coleta de dados foi um questionário estruturado com variáveis sociodemográficas (idade, sexo, escolaridade e estado civil), causa da internação na UCI, o QoC e três questões abertas: “O quanto você achou adequado o local que recebeu o boletim médico?”, “Que tipo de ajuda complementar o(a) senhor(a) gostaria de receber?” e “Há alguma outra questão que não consta neste questionário e que o(a) senhor(a) acha que devemos incluir?”. Os questionários foram aplicados por entrevista presencial, na sala de espera, quando havia alguma condição de manter a privacidade, ou em local reservado do hospital. A coleta dos dados foi feita por uma pesquisadora previamente treinada, antes ou após a visita do familiar ao ente querido internado, e 7 ocorreu entre os dias 24 de outubro de 2015 a 02 de agosto de 2016 todos os dias da semana, incluindo feriados, e entre os dias 15 de agosto de 2018 a 25 de outubro de 2019 de segunda-feira a sexta-feira, nos horários entre 11 e 21 horas. As entrevistas tiveram duração variada, todas com o tempo mínimo de uma hora, pois os familiares aproveitaram o momento para falar sobre suas experiências, necessidades e percepções, que foram ouvidas atentamente e anotadas pela pesquisadora. Análise de dados Os dadosforam inseridos em banco de dados do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 26.0. A análise de dados sociodemográficos foi realizada por estatística descritiva, teste t-Student para comparar dois grupos em variáveis contínuas e teste do Chi-quadrado de Pearson para dois grupos de variáveis categóricas. A hipótese nula foi rejeitada quando p < 0,05. A análise dos dados qualitativos foi a temática, iniciando-se com leitura dos relatos, sem marcação, para familiarização com eles (leitura flutuante), seguida pela identificação de unidades de significado, unidades de contexto, e identificação de núcleos de sentido (categorias temáticas) mutuamente exclusivos.(16) Este TCC está escrito na forma de artigo, a ser submetido para a revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação, de acordo com as regras descritas na instrução aos autores (Anexo II). Para maior clareza do TCC, neste trabalho inserimos também anexos e apêndices, seguindo as normas do TCC do Curso de Medicina da UFSC. Resultados Perfil dos participantes A média da idade do total de 92 familiares que participaram do estudo foi de 46,8 (DP = 11,8), sendo a de participantes do sexo masculino de 46,5 (DP = 10,1) e 8 do sexo feminino de 47,0 (DP = 12,6), t(90) = -0,17, p = 0,87. Entre eles, 28 eram do sexo masculino (30,4%) e 64, do feminino (69,6%), χ2(1) = 14,1, p < 0,001. Quanto à escolaridade, 23 deles tinham o fundamental incompleto (25%) e 27, completo (29,3%), nove tinham o ensino médio incompleto (9,8%) e 16, completo (17,4%), 11 tinham o superior incompleto (12%) e seis, completo (6,5%). Quanto ao estado civil, 55 eram casados (59,8%), um, divorciado(a) (1,1%), 24 estavam em união estável (26,1%), quatro eram viúvos(as) (4,3%) e oito, solteiros(as) (8,7%). Causa de internação dos entes queridos A tabela 1 exibe as causas de internação dos entes queridos de acordo com os participantes. Tabela 1. Causa de internação dos entes queridos internados na Unidade de Cuidados Intensivos nos hospitais Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, Hospital Nereu Ramos, Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes e Instituto de Cardiologia de São José dos 92 familiares participantes do estudo (coleta entre 24 de outubro de 2015 e 02 de agosto de 2016 e entre 15 de agosto de 2018 e 25 de outubro de 2019) Causa da internação do ente querido n (%) Cardiovascular: n = 25 (27,2%) Aneurisma de aorta abdominal 2 (2,2) Cirurgia coronária não especificada 3 (3,3) Tromboembolismo pulmonar 3 (3,3) Insuficiência cardíaca congestiva 1 (1,1) Angioplastia 1 (1,1) Cateterismo 5 (5,4) Cirurgia de revascularização miocárdica 3 (3,3) Implante ou troca de válvula aórtica 4 (4,3) 9 Infarto agudo do miocárdio 1 (1,1) Ressecção de tumor intracardiaco 1 (1,1) Outra* 1 (1,1) Respiratória ou torácica não cardiovascular: n = 18 (19,6%) Pneumonia 9 (9,8) Biópsia ou ressecção pulmonar 2 (2,2) Influenza tipo A 1 (1,1) Asma 2 (2,2) Insuficiência respiratória 2 (2,2) Doença pulmonar obstrutiva crônica 2 (2,2) Gastrintestinal/abdominal: n = 6 (6,5%) Úlcera péptica 1 (1,1) Enterectomia parcial 1 (1,1) Cirrose 1 (1,1) Outros† 3 (3,3) Neurológica: n = 9 (9,8%) Hemorragia subaracnóidea 3 (3,3) Acidente vascular cerebral 2 (2,2) Traumatismo crânio encefálico 4 (4,3) Renal: n = 3 (3,3%) Doença renal crônica 2 (2,2) Nefrectomia 1 (1,1) Outras origens: n = 31 (33,7%) Sepsis 16 (17,4) Linfoma 1 (1,1) Leptospirose 1 (1,1) 10 Intoxicação exógena 3 (3,3) Politraumatismo 3 (3,3) Outros‡ 7 (7,6) Total 92 (100,5) § * Familiar referiu que o ente querido esteve internado na UCI por “recomendação do cardiologista” (um). † Hemorragia intestinal não especificada (um), Câncer intestinal não especificado (dois). ‡ Transplante de medula (dois), pós-cirúrgico não especificado (dois), Zika vírus (um), Lúpus eritematoso sistêmico (um), Cetoacidose diabética (um) § A soma das porcentagens das causas de internação não totaliza exatamente 100% devido aos arredondamentos de uma casa decimal. A figura 1 exibe os temas e suas unidades de contexto e significado que emergiram a partir da entrevista com os familiares. 11 Figura 1. Temas identificados e suas unidades de contexto e significado de depoimentos de 92 familiares de pacientes internados em Unidades de Cuidados Intensivos nos hospitais Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, Nereu Ramos e Regional Dr. Homero de Miranda Gomes e Instituto de Cardiologia de São José (coleta entre 24 de outubro de 2015 e 02 de agosto de 2016 e entre 15 de agosto de 2018 e 25 de outubro de 2019) 12 Detalhamos a seguir os temas e unidades, ilustrando-os com depoimentos, quando pertinente. Percepção sobre a Comunicação Características que a facilitaram Comunicar-se em local que o familiar considerou adequado e demonstrar comprometimento com o cuidado do ente querido, ser atencioso, olhar nos olhos e escutar, bem como perguntar sobre sentimentos, medos e angústias do familiar e perguntar sobre coisas importantes na vida do ente querido foram características de alguns médicos que facilitaram sua comunicação com os familiares. Características que a limitaram O uso de linguagem não acessível foi muito mencionado pelos familiares como um dos limitadores da comunicação e, segundo um familiar: - “[Os médicos] não deveriam usar expressões que a gente não entende”. Esta pouca acessibilidade mostrou-se agravada pela percepção de que os médicos não disponibilizavam tempo para se comunicar com os familiares, sendo bem ilustrada por um participante que exclamou: - “Sinto que os médicos têm pressa, não falam adequadamente comigo e eu saio sem entender nada.” A falta de objetividade e de detalhes sobre a condição de saúde do ente querido também foi expressa por alguns e um deles disse que os médicos só respondiam: - “Estamos cuidando bem”; - “Vai ficar tudo bem”. Além disso, alguns médicos não solicitavam a opinião do familiar e/ou não davam oportunidade para ele fazer perguntas, resultando na não participação do familiar no processo de tomada de decisão, como expresso por um deles: - “Eu não entendo nada, então o médico resolve sozinho, não me pergunta nada.” A falta de sinceridade foi outra característica apontada, que gerou incertezas, como ilustrados nos relatos a seguir: [...] acho que a situação é mais grave do que os médicos falam. 13 Às vezes sinto que os médicos têm pena e escondem que meu marido não tem condições de sobreviver. A discordância entre a informação fornecida pelos membros da equipe também foi destacada como geradora de dúvidas, como expresso por um dos familiares: - “(...) um médico diz que o estado é terminal e não há mais nada para fazer, outro diz que nada está perdido. Todos deveriam entrar em um consenso.(...)”. Atitudes de desrespeito e pouca sensibilidade de um médico também foram apontadas, como ilustrado no depoimento abaixo: [...] após a cirurgia de minha mãe, fui depois do horário de visita noturna, porém, com autorização da enfermeira, o médico me humilhou na frente da equipe dizendo que não era horário para dar informações sobre estado clínico de paciente e que eu esperasse até o boletim médico. Desde então, quando sei que é ele quem dará o boletim, não fico para receber as informações [...]. O local em que a informação foi fornecida foi considerado como limitador da comunicação quando ocorria na frente do ente querido ou no corredor, sem espaço reservado ou sala de espera para esse compartilhamento. Por outro lado, alguns familiares mencionaram que, desde que a informação necessária fosse comunicada, o local não importava. Sobre aspectos específicos - Quanto ao envolvimento nas tomadas de decisão Quando questionados sobre o quanto o médico era bom em envolvê-los no cuidado de seu ente querido, alguns familiares não achavam que deveriam estar incluídos na tomada de decisão, outros consideravam que a participação na tomada de decisão “deveria ser para todos que quisessemparticipar”, e um familiar relatou que gostaria de participar das “reuniões” sobre o estado de saúde do esposo. - Quanto à comunicação em terminalidade de vida 14 Quando questionados sobre o quanto o médico havia sido bom em perguntar sobre seus sentimentos, se acaso as condições de saúde de seu ente querido piorasse, alguns participantes mencionaram que os médicos não fizeram essa pergunta, alguns disseram que recorreram a outros profissionais. Um mencionou falar com a enfermagem “sobre meus medos” e outros comentaram que “a psicóloga é quem fala sobre ‘esses assuntos’”. - Quanto às crenças espirituais e religiosas Quando questionado, um participante disse que não sabia se perguntar sobre crenças e espiritualidade era “coisa para médico”. - Quanto ao tempo que o ente querido tinha de vida Quando questionado se o médico falava sobre quanto tempo seu ente querido tinha de vida, um familiar comentou que os médicos falavam que poderia ser a qualquer momento e que iam “parando os órgãos” e outro disse que os médicos não podem falar sobre isso, pois “não sabem”. - Quanto a falar sobre a morte e o processo de morrer Um dos familiares disse que os médicos não gostavam “de falar sobre a morte” e outro disse que eles garantem que o paciente não sentiria dor. Um deles afirmou que “explicar os detalhes antes da morte deveria ser uma coisa que todos os médicos deveriam explicar [...]”. Sentimentos gerados pela comunicação Os familiares relataram que se sentiam bem quando percebiam que os médicos se importavam com seus sentimentos, porém, alguns referiram que alguns médicos pareciam não se importar, passando a sensação de estarem “mais 15 comprometidos em tratar a doença e não o paciente como um todo” ou “mais preocupados em curar e não em cuidar”. Um sentimento expresso por uma familiar foi a angústia pela espera por informações, enquanto estavam alocando sua mãe na UCI após uma cirurgia cardíaca. Ela reportou que ficou aguardando “numa aflição imensa e ninguém apareceu nem ao menos para dizer que estava tudo bem” e que isso era “totalmente desumano”, pois “para quem espera, minutos viram horas”. A vergonha “de perguntar o que significam aqueles ‘palavrões’” também foi mencionada. A familiar que foi desrespeitada por um médico durante a visita noturna relatou o sentimento de impotência e tristeza e duvidou do tratamento prestado, como ilustrado abaixo: [...] a situação gerou uma sensação de impotência e tristeza por ter que deixar minha mãe nas mãos de uma pessoa insensível, gerando dúvidas quanto ao tratamento que ela estaria recebendo, já que o médico me tratou com tamanho desrespeito. Necessidades dos familiares Necessidades relativas à comunicação O desejo por mais informações sobre a condição de saúde do ente querido foi levantada pelos familiares, com mais detalhes sobre a doença em si, sobre a atual situação do paciente e / ou sobre o prognóstico, ilustrados a seguir: Gostaria que os médicos dessem mais detalhes, pois a única informação é que está estável, que a cirurgia estava tudo bem, mas não sabe como será mais adiante, o que está por vir. Mais informações da condição real do paciente, não só a mesma coisa “instável, não reage, muito mal”. O familiar de um paciente colonizado por Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) sentiu falta de uma explicação mais detalhada sobre os riscos de contaminação. 16 A falta de informação no momento da transferência da UCI para a enfermaria também foi relatada por um familiar, que foi para o hospital para a visita na UCI e constatou que seu ente querido não estava mais lá. Em suas palavras: - “Há uma total desorganização quanto à informação. Se soubesse antes já viria preparada para permanecer como acompanhante”. Quanto ao acesso à informações, uma necessidade envolvia a oferta de boletim médico no horário noturno para familiares que trabalham durante o dia e que o boletim pudesse ser feito em um local reservado como em uma sala ou um consultório. Outras formas sugeridas para superar suas necessidades de acesso a informações foi a de que profissionais da enfermagem pudessem ofertá-las no período noturno e que essas pudessem ser compartilhadas por telefone. A necessidade de maior tempo de comunicação entre os familiares e os entes queridos também foi citada por diversos familiares, sugerindo-se um tempo de visita superior a 30 minutos e que, dependendo de seu estado de saúde ou se estivesse em fase final de vida, que os familiares pudessem ficar mais tempo com o ente querido. Ademais, sugeriram que os procedimentos fossem realizados em um momento que não atrapalhasse as visitas. Alguns familiares mencionaram desejar “mais atenção da equipe de enfermagem” ou da equipe como um todo, sendo especificadas algumas situações que os preocupavam ou incomodavam. Uma familiar declarou que gostaria que tivessem mais cuidado com os pertences de seu ente querido, pois a prótese dentária de sua mãe havia sido perdida e até o momento da entrevista ainda não a haviam encontrado. Outra comentou que “a técnica disse que não iria fazer força sozinha para higienização” e que o conflito entre a equipe deixou seu ente querido e ela incomodados, exclamando que: - “Afinal não estão fazendo favor nenhum!”. Ainda, um familiar comentou que seu “irmão precisava ser trocado (fralda) e até o final do horário ele não havia sido limpo”. A comunicação com outros profissionais da equipe também foi uma necessidade apontada, pois alguns gostariam da ajuda da assistência social para questões como auxílio doença do familiar, e da ajuda da psicologia para lhes dar suporte no momento da internação. 17 Necessidades relativas à infra-estrutura Uma das necessidades quanto à infraestrutura foi relativa à sala de espera, visto que alguns dos hospitais não têm sala de espera e os familiares esperam em pé no corredor, e, naqueles que as têm, alguns familiares achavam que a sala de espera não era “decente”. Outra necessidade apontada foi a de um alojamento para os acompanhantes que não moram na cidade e que não têm condições financeiras para pagar um hotel ou moram longe do hospital. Além disso, segundo os familiares, o alojamento proporcionaria a possibilidade de revezamento entre os acompanhantes. Estratégias para superar necessidades de comunicação A estratégia utilizada por alguns familiares para falar sobre seus sentimentos foi buscar a equipe de enfermagem, por ter profissionais atenciosos. Frente às dúvidas sobre as informações compartilhadas, certos familiares perguntavam “tudo novamente” ao médico, enquanto alguns pediam esclarecimento para a equipe de enfermagem quando não as entendiam ou obtinham “mais informações” com esta equipe e/ou recorriam à internet, para melhor compreender as informações, quando não entendiam as palavras usadas pelo médico. Discussão Este estudo mostrou que alguns médicos foram atenciosos, olharam nos olhos, escutaram os familiares, perguntaram sobre seus sentimentos e sobre coisas importantes na vida do ente querido, desenvolvendo assim uma boa relação com eles. A revisão integrativa realizada por Neves et al em 2018 sobre a satisfação de familiares de pacientes internados em UCI constatou que o profissionalismo e a competência da equipe, além do respeito à família e ao paciente estavam relacionados com aspectos positivos da experiência dos familiares.(6) 18 Por outro lado, os participantes apontaram também características que limitaram a comunicação. Entre elas o compartilhamento de informações com pouca clareza, em linguagem não acessível, com poucos detalhes e sem perguntar suas dúvidas, fazendo com que alguns familiares tivessem a impressão de que os médicos estivessem “apressados”, sem tempo para fornecer informações. Como alguns médicos não verificaram a compreensão dos familiares sobre as informações compartilhadas e não deram espaço para eles fazerem perguntas, os familiares ficaram sem entender o diagnóstico e prognóstico de saúde dos seusentes queridos, o que fez com que não participassem dos processos de tomada de decisão terapêutica. A não compreensão gerou inclusive vergonha em um dos familiares. Outra característica limitante da comunicação foi a percepção de falta de honestidade e objetividade e de discordância entre as informações compartilhadas pela equipe médica. Alguns familiares sentiram que os médicos se importaram com seus sentimentos e outros não. Estes aspectos específicos alinham-se a sete dos 30 artigos incluídos na revisão sistemática de DeSanto-Madeya et al de 2017 sobre cuidados no final de vida na UCI, que mostraram uma frequência alta de familiares que não entenderam completamente o diagnóstico, prognóstico e plano de cuidado, além de receberem informações contraditórias.(2) Além disso, essa revisão e outros estudos mostram como é importante para os familiares a honestidade no compartilhamento de informações.(2,5,6) Este estudo também mostrou sentimentos que emergiram entre os familiares, como dúvida, vergonha de fazer perguntas, angústia pela espera por informações, a impotência e tristeza frente ao desrespeito e humilhação por um médico e a sensação de que os médicos eram pouco sensíveis e/ou estavam mais preocupados em tratar da doença dos pacientes e não em cuidá-los. Alguns estudos incluídos na revisão de Neves et al em 2018 demonstraram atitudes de médicos como serem rudes, agressivos, insensíveis e sem habilidades interpessoais.(6) Também alguns estudos da revisão de DeSanto-Madeya et al em 2017 constaram que os familiares percebiam que os médicos não levavam em conta seus sentimentos, que se comunicavam de forma impessoal sobre os entes queridos, como se os familiares não estivessem presentes, e não demonstravam 19 empatia ou compaixão.(2) Demonstrar empatia e garantir para a família que seu ente querido não será abandonado foram fundamentais para reduzir e/ou prevenir sofrimento familiar de acordo com vários estudos.(2,3,8) O desejo por informações foi manifestado pelos participantes deste estudo, desde mais detalhes sobre a doença do familiar, sobre o prognóstico e sobre cada atualização da saúde do paciente. Essa demanda por informação foi tão significativa que alguns familiares não se importavam com o local em que ela fosse fornecida, pois recebê-la era o mais importante. Isso se demonstra também nas necessidades dos familiares em relação a receber o boletim médico por telefone, em horário noturno, ou por outros profissionais, como a enfermagem. E um dos familiares disse que gostaria de participar das “reuniões” da equipe sobre a saúde do ente querido. Essa necessidade por mais informações também foi constatada em diversos estudos.(1,5,7) Um estudo quantitativo com 40 familiares destacou a importância de se implementar medidas para disponibilidade de informações precisas sobre o prognóstico do paciente, os cuidados prestados e as rotinas da UCI e de orientações para que o familiar possa contribuir com o cuidado do paciente.(5) Além disso, a revisão sistemática de Hinkle et al de 2015, que analisou os fatores associados com a satisfação de familiares com o cuidado de fim de vida em adultos criticamente doentes, corrobora com os achados de DeSanto-Madeya et al de 2017 ao constatar que incluir os familiares nas visitas médicas permitiu que eles se sentissem ouvidos, retirassem suas dúvidas, participassem das discussões terapêuticas e falassem dos valores dos pacientes. (2,8) Dentre as estratégias adotadas para superar os problemas de comunicação e o desejo por mais informações reveladas neste estudo, incluem perguntar tudo novamente ao médico, esclarecer as dúvidas ou obter informações com equipe de enfermagem e/ou na internet. Além disso, a enfermagem também foi procurada pelos familiares para falar sobre seus sentimentos. Vários estudos destacaram a enfermagem como grande aliada dos familiares na comunicação de informações(7), sendo essa classificada como a principal fonte de informação dos familiares(2). Além disso, guiar os familiares pelo ambiente, explicar procedimentos, aparelhos, dinâmica da UCI e incentivá-los a participar do 20 cuidado e das discussões sobre o tratamento do ente querido gerou diminuição das incertezas dos familiares.(1,6) A demanda por apoio emocional por parte dos familiares é citada também em diversos estudos, que ressaltam a importância de tratar os familiares para além de simples “visitantes”.(2,3,5,6) E que é de grande importância para os familiares ter alguém que se preocupe com a sua saúde(5). Nesse sentido, novamente a enfermagem é destacada como componente essencial para a satisfação dos familiares(2), e as intervenções da enfermagem na revisão de Neves et al de 2018, visando confiança, apoio e proximidade com a família estiveram relacionados com uma experiência positiva dos familiares.(6) Buscar a psicologia também foi mencionada como estratégia adotada pelos familiares para apoio emocional, possibilitando falarem sobre seus sentimentos e questões como a morte e o morrer. Mas alguns familiares não conseguiram este suporte e gostariam da ajuda de outros profissionais da psicologia para manejar demandas emocionais e da assistência social para demandas como informações sobre o auxílio doença. Além disso, alguns participantes do estudo gostariam de mais atenção e comprometimento da enfermagem e relataram situações em que o conflito entre a equipe prejudicou o cuidado com a higiene ou outras necessidades do ente querido. Esses problemas de interação entre a enfermagem e a família também apareceram na revisão de Imanipour et al de 2019, que constatou que, quando há falta de confiança na equipe de enfermagem, os familiares ficam ainda mais vigilantes.(1) Além disso, conversas inapropriadas por parte da equipe, principalmente da enfermagem, foram consideradas aspectos prejudiciais ao bem-estar dos familiares.(6) O presente estudo demonstrou que, apesar de ter sido destacada a necessidade por parte dos familiares de se explicar sobre os detalhes do morrer, parecia que os médicos não gostavam de falar sobre a morte e quanto tempo de vida tinha o ente querido, ou diziam que podia ser a qualquer momento. Outros estudos mostram a insatisfação com o tempo e frequência da comunicação sobre o fim de vida.(5–7) A revisão de DeSanto-Madeya et al de 2017 corrobora com os achados da revisão sistemática de Chen et al de 2020 que analisou os cuidados de 21 fim de vida em uma UCI pela perspectiva dos familiares e constatou que a inadequada atenção, suporte e atualização dos profissionais de saúde gera sofrimento emocional para os familiares.(2,7) Ainda, a revisão de Hinkle et al de 2015 destacou que o fornecimento de informações por escrito fez com que os familiares soubessem o que esperar do processo de terminalidade, trouxeram uma sensação de controle e tiveram tempo para se preparar para a morte de seu ente querido e isso também foi constatado em outros estudos.(8,17) Em relação à espiritualidade, um participante deste estudo questionou se falar sobre crenças e espiritualidade era uma atribuição do profissional médico. Porém, a literatura demonstra que o cuidado às necessidades espirituais dos familiares associa-se com sua maior satisfação com o processo de tomada de decisão em final de vida(8), ajuda-os a lidar com a morte de seus entes queridos, com a sensação de culpa e reduz os impactos psicológicos negativos.(2,6) Alguns participantes não gostariam de participar do processo de tomada de decisão e outros consideraram esse envolvimento como algo importante. Apesar de diversos estudos destacarem a importância da inclusão dos familiares na decisão terapêutica, essa diferença entre o grau de envolvimento desejado pelo familiar foi constatada na literatura. Vários estudos associaram o aumento de decisões compartilhadas com o aumento da satisfação dos familiares(1,2,6–8), porém um grande estudo constatou que metade dos familiares não queria participar, e aqueles que participaramvivenciaram maior estresse emocional.(18) Por isso, apesar de, frequentemente, os médicos não perguntarem a preferência dos familiares por inclusão ou não nesse processo(2), é importante acessar o grau de envolvimento que os familiares desejam ter no processo de tomada de decisão(8). Os autores deste estudo acreditam que o maior sofrimento emocional na tomada de decisão pode estar relacionado ao ato de delegar ao familiar uma decisão que ele não tenha conhecimento teórico e competência técnica para tomar. Além da pouca compreensão sobre diagnóstico, propostas terapêuticas e prognóstico do paciente, para tomar uma decisão informada. Portanto é importante atentar-se para uma comunicação efetiva, sensível e que escute os valores culturais, espirituais dos familiares e pacientes. Essa valorização da escuta foi discutida em alguns estudos que mostraram que conferências familiares com maior 22 proporção do tempo de fala dos familiares em relação a dos médicos esteve relacionada com maior satisfação dos familiares.(8) Neste estudo, os participantes relataram o desejo de ficar mais tempo com o ente querido durante as visitas, principalmente quando seu ente querido estivesse em fase final de vida. A importância dessa proximidade para uma experiência positiva dos familiares tem sido apontada em diversas revisões sistemáticas.(1,3,7,8) Flexibilizar os horários de visita é uma intervenção que pode diminuir o risco de desenvolver a síndrome pós cuidados intensivos na família e aumenta sua satisfação com o cuidado(1,3). Essa flexibilização, associada à participação ativa no cuidado do paciente, respeito aos valores culturais da família e apoio emocional e espiritual são cuidados personalizados no fim de vida que facilitaram a tomada de decisão, apoiaram a esperança e estreitaram a relação com a equipe(7). Além disso, estar presente na hora da morte do ente querido foi valorizado pelos familiares(8). Dentre às necessidades relativas à infraestrutura encontradas neste estudo, estavam uma sala de espera adequada ou existente, um local reservado para o boletim médico, evitando-se a comunicação no corredor ou em local desconfortável e um alojamento para que os familiares que moram longe do hospital ou em outras cidades possam descansar. Esse desconforto em relação ao local em que as informações são compartilhadas foi relatado em diversos estudos(1,2,6). Constatou-se também que salas de espera adequadas podem reduzir o risco de síndrome pós cuidados intensivos na família(3) e quartos individuais no fim de vida foram valorizados pelos familiares(6). Além disso, revisões destacam a importância de se apresentar e guiar o familiar pelo espaço da UCI e desmistificar esse ambiente para aliviar o estresse emocional dos familiares(1,2). Além do que foi relatado neste estudo, fatores como o volume dos sons, luzes e a limpeza do espaço, têm influência na experiência dos familiares.(1,2,6) As limitações deste estudo incluíram a seleção dos participantes por conveniência e o fato de que nem todos os familiares fizeram comentários espontâneos ao responder às perguntas do QoC. 23 Por meio deste estudo, os autores ressaltam a importância de entender o binômio paciente-família, estendendo os cuidados também aos familiares. Além de maior preparo da equipe para se comunicar de forma efetiva entre si, com os pacientes e com seus familiares, levando em consideração suas necessidades emocionais e espirituais. Ademais, promover uma infraestrutura que traga conforto e privacidade aos familiares e entes queridos, facilitar o acesso à informação, flexibilizar o horário de visita, acessar o grau de envolvimento desejado no processo de tomada de decisão e falar sobre a morte e o morrer, são importantes para aumentar a satisfação dos familiares e reduzir morbidades psiquiátricas e luto complicado nos familiares. Considerações finais Este estudo buscou conhecer a percepção dos familiares com entes queridos internados na UCI sobre a comunicação com o médico e suas necessidades. Foram identificadas características da comunicação com o médico que a facilitaram, como atenção, olhar nos olhos, escutar, dar oportunidades para os familiares fazerem perguntas e esclarecerem suas dúvidas e fornecer as informações em local que eles consideraram adequado. As características que limitaram a comunicação foram diversas, entre elas uso de linguagem não acessível, falta de honestidade, objetividade e detalhes, discordância das informações fornecidas pela equipe, com tempo limitado e de forma apressada e em local considerado não apropriado. Essa comunicação gerou sentimentos como dúvidas, vergonha de fazer perguntas, sensação de impotência, tristeza, humilhação e a sensação de que os médicos estavam mais preocupados em curar e não em cuidar dos pacientes. Em relação a falar sobre a morte, alguns familiares achavam que os médicos não gostavam de falar sobre o tema e outros achavam que todos os médicos deveriam explicar os detalhes do processo de fim de vida. Quanto à abordagem da espiritualidade, um familiar considerava que isso não era atribuição do médico. Uma das necessidades sentidas foi relativa à comunicação. A enfermagem em especial teve um importante papel por serem os profissionais a quem os 24 familiares recorrem para obter mais informações, suporte emocional e explicar sobre a dinâmica, o ambiente e a rotina de uma UCI. Outras necessidades foram de suporte por outros profissionais, como a assistência social, maior atenção e cuidado do ente querido por parte da equipe, maior tempo de visita ou até permanência junto ao ente querido por maior tempo quando ele estivesse em final de vida e fornecimento de informações por outros profissionais e por telefone. Ainda, a necessidade de melhor infraestrutura foi reportada, com espaço reservado para a comunicação e o boletim médico, devido à ausência de salas de espera ou seu desconforto, quando existente, e com a criação de alojamento para os familiares que moram em outras cidades ou longe do hospital. O desejo de envolvimento no processo de tomada de decisões variou entre os familiares. Espera-se que os resultados deste estudo impulsione o desenvolvimento de estratégias para efetivar mudanças, visando melhorar a comunicação dos familiares com a equipe de saúde e da equipe entre si, e, também suprir suas necessidades, dessa forma promovendo seu bem-estar, reduzindo sofrimento psíquico/emocional e melhorando sua satisfação. Referências 1. Imanipour M, Kiwanuka F, Akhavan Rad S, Masaba R, Alemayehu YH. Family members’ experiences in adult intensive care units: a systematic review. Scand J Caring Sci. setembro de 2019;33(3):569–81. 2. DeSanto-Madeya S, Safizadeh P. Family Satisfaction With End-of-Life Care in the Intensive Care Unit: A Systematic Review of the Literature. Dimens Crit Care Nurs. 2017;36(5):278–83. 3. Zante B, Camenisch SA, Schefold JC. Interventions in Post-Intensive Care Syndrome-Family: A Systematic Literature Review. Crit Care Med. setembro de 2020;48(9):e835–40. 4. Azoulay E, Pochard F, Kentish-Barnes N, Chevret S, Aboab J, Adrie C, et al. Risk of post-traumatic stress symptoms in family members of intensive care unit patients. Am J Respir Crit Care Med. 1o de maio de 2005;171(9):987–94. 5. Puggina AC, Ienne A, Carbonari KFBS da F, Parejo LS, Sapatini TF, Silva MJP. Perception of communication, satisfaction and importance of family needs in the 25 Intensive Care Unit. Esc Anna Nery - Rev Enferm [Internet]. 2014. Disponível em: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/1414-8145.20140040 6. Neves J de L, Schwartz E, Guanilo MEE, Amestoy SC, Mendieta M da C, Lise F. Avaliação da satisfação de familiares de pacientes atendidos em unidades de terapia intensiva: revisão integrativa. Texto Contexto - Enferm [Internet]. 3 de maio de 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072018000200 303&lng=pt&tlng=pt 7. Chen C, Michaels J, Meeker MA. Family Outcomesand Perceptions of End-of-Life Care in the Intensive Care Unit: A Mixed-Methods Review. J Palliat Care. julho de 2020;35(3):143–53. 8. Hinkle LJ, Bosslet GT, Torke AM. Factors associated with family satisfaction with end-of-life care in the ICU: a systematic review. Chest. janeiro de 2015;147(1):82–93. 9. Curtis JR, Patrick DL. Barriers to communication about end-of-life care in AIDS patients. J Gen Intern Med. dezembro de 1997;12(12):736–41. 10. Engelberg R, Downey L, Curtis JR. Psychometric characteristics of a quality of communication questionnaire assessing communication about end-of-life care. J Palliat Med. outubro de 2006;9(5):1086–98. 11. Castanhel FD, Grosseman S. Quality of Communication Questionnaire for COPD patients receiving palliative care: translation and cross-cultural adaptation for use in Brazil. J Bras Pneumol. outubro de 2017;43:357–62. 12. Del Castanhel F, Burg L, Nogueira LM, Filho GR de O, Grosseman S. Quality of Communication Questionnaire for Patients Hospitalized in Intensive and Palliative Care: Validity Evidence for Use in Brazil. Am J Hosp Palliat Care. 24 de agosto de 2021;10499091211041348. 13. Castanhel FD. Adaptação transcultural do Quality of Communication Questionnaire para familiares e evidências de validade para pacientes e familiares, baseada na Teoria Clássica dos Testes e na Teoria da Generalizabilidade. Tese Doutorado - Universidade Fed St Catarina Cent Ciênc Saúde Programa Pós-grad Em Ciênc Médicas Florianópolis 2021. 2021;104. 14. Russell S. An exploratory study of patients’ perceptions, memories and experiences of an intensive care unit. J Adv Nurs. abril de 1999;29(4):783–91. 15. Corrêa M, Castanhel FD, Grosseman S. Patients’ perception of medical communication and their needs during the stay in the intensive care unit. Rev Bras Ter Intensiva [Internet]. 2021. Disponível em: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/0103-507X.20210050 http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/1414-8145.20140040 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072018000200303&lng=pt&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072018000200303&lng=pt&tlng=pt http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/0103-507X.20210050 26 16. Gomes R, Minayo MC de S, Deslandes SF. Análise e interpretação de dados da pesquisa qualitativa. In: Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 28o ed Petrópolis (RJ): Vozes; 2009. p. 79–106. 17. Azoulay E, Pochard F, Chevret S, Jourdain M, Bornstain C, Wernet A, et al. Impact of a family information leaflet on effectiveness of information provided to family members of intensive care unit patients: a multicenter, prospective, randomized, controlled trial. Am J Respir Crit Care Med. 15 de fevereiro de 2002;165(4):438–42. 18. Azoulay E, Pochard F, Chevret S, Adrie C, Annane D, Bleichner G, et al. Half the family members of intensive care unit patients do not want to share in the decision-making process: a study in 78 French intensive care units. Crit Care Med. setembro de 2004;32(9):1832–8. 27 Apêndice I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para familiares de pacientes internados. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nós, Flávia Del Castanhel, Profa. Dra. Suely Grosseman Prof. Dr. Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho, convidamos você para participar do projeto de pesquisa intitulado: “Validação do Quality of Communication Questionnaire com uso da Teoria da Generalizabilidade”. O objetivo desta pesquisa é realizar a validação do questionário Quality of Communication Questionnaire (QoC) para pacientes brasileiros e seus familiares. Este questionário foi desenvolvido para avaliar a qualidade da comunicação médico-paciente e posteriormente adaptado para avaliar também a qualidade da comunicação médico-família. A justificativa deste estudo é disponibilizar um instrumento válido e confiável para avaliar a qualidade da comunicação médico-paciente e médico-família para que estratégias sejam criadas visando à promoção da comunicação. Isto permitiria aos médicos a oportunidade de melhorá-la, quando necessário. Nesta pesquisa, os dados serão coletados aplicando-se o questionário acima citado que contém 13 perguntas com respostas que variam de 0 a 10 em relação à comunicação do médico com o paciente e à comunicação médico-família, sendo 0 (o pior que poderia imaginar) e 10 (o melhor que poderia imaginar) e três questões adicionais sendo duas com respostas nada importante e muito importante e uma resposta aberta e terá uma duração média de 10 minutos. As perguntas não são relativas à a doença de seu ente querido. A intenção é aplicar este questionário para pacientes internados na clínica médica, na UTI ou na enfermaria do hospital independente da causa da internação, para identificar se o instrumento é apropriado para avaliar a comunicação entre médico e paciente no Brasil. Durante todo o período da pesquisa você tem o direito de sanar dúvidas ou pedir qualquer outro esclarecimento, bastando para isso entrar em contato com alguns dos 28 pesquisadores Flávia Del Castanhel pelo telefone 48-984671068 e e-mail flaviadelcastanhel@gmail.com, Suely Grosseman pelo telefone 48-999609721 e e-mail sgrosseman@gmail.com, Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho telefone 48-37219150 e-mail oliveirafilho.gr@gmail.com ou com o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, Prédio Reitoria II, 48-37216094 e e-mail cep.propesq@contato.ufsc.br. É garantido o sigilo das informações coletadas, que ficarão num banco de dados no Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação Médica (NEPEME), localizado no Departamento de Pediatria HU-UFSC, com senha acessível apenas à pesquisadora e orientadora deste projeto. Sua participação na pesquisa não acarretará ônus financeiro e não implicará em remuneração, entretanto, se porventura você sofrer algum dano resultante de sua participação neste estudo como, por exemplo, dano moral, você tem direito a indenização por parte dos pesquisadores e das instituições envolvidas nesta pesquisa. A pesquisa não apresenta risco de danos físicos. No entanto, devido à sobrecarga ao representar seu ente querido, caso você sinta desconforto emocional como, por exemplo, ansiedade, dor de cabeça ou tempo gasto ao responder às questões, fique à vontade para desistir de sua participação e se relevante será oferecido, de forma totalmente gratuita, suporte médico, psicológico ou ambos. O benefício da pesquisa será conhecer como está o processo de comunicação entre médicos e pacientes, visando promovê-la, bem como fomentar a realização de estudos futuros e, consequentemente, da qualidade da atenção aos pacientes e seus familiares. Os resultados da pesquisa serão divulgados em forma de tese, artigo científico, pôster ou apresentação oral em eventos científicos, mantendo-se o anonimato e a confidencialidade dos dados referentes à identificação dos participantes. Você também poderá manter-se atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa, assim que eles forem do conhecimento das pesquisadoras. Os pesquisadores comprometem-se a seguir os preceitos éticos e tratarão a sua identidade com padrões profissionais de sigilo, designando um número para sua identificação no banco de dados, de forma a manter o anonimato, atendendo a legislação brasileira (Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), utilizando as informações somente para os fins acadêmicos e científicos, Este termo de consentimento livre e esclarecido encontra- se impresso em duas vias rubricadas em todas as páginas e mailto:flaviadelcastanhel@gmail.com mailto:sgrosseman@gmail.com mailto:oliveirafilho.gr@gmail.com mailto:cep.propesq@contato.ufsc.br 29 assinadas ao seu término pelo participante e também pelo pesquisador responsável. Uma das vias será arquivada pelo pesquisador responsável em local apenas acessível aos pesquisadores, ea outra será fornecida a você. CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO Eu , declaro que concordo em participar na qualidade de voluntário do projeto de pesquisa “Validação do Quality of Communication Questionnaire com uso da Teoria da Generalizabilidade”, após estar devidamente informado sobre os objetivos do estudo e os termos de minha participação. Assino o presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, que serão assinadas também pelo pesquisador responsável do projeto, sendo que uma das cópias se destina a mim (participante) e a outra aos pesquisadores. As informações fornecidas aos pesquisadores serão utilizadas na exata medida das finalidades do projeto de pesquisa, sendo que minha identificação será mantida em sigilo e sob a responsabilidade dos proponentes do projeto. Não receberei nenhuma remuneração e não terei qualquer ônus financeiro (despesas) em função do meu consentimento espontâneo em participar do presente projeto de pesquisa. Independentemente deste consentimento, fica assegurado meu direito a retirar-me da pesquisa em qualquer momento e por qualquer motivo, sendo que para isso comunicarei minha decisão a um dos proponentes do projeto, acima citados, dos quais ficarei com os contatos. Florianópolis, ….... de …........................... de 201... 30 Assinatura do participante MSc. Flávia Del Castanhel Pesquisadora Prof. Dr. Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho Coorientador Profa. Dra.Suely Grosseman Orientadora 31 Apêndice II - Versão do QoC para familiares de pacientes internados adaptada e com evidências de validade para o uso no Brasil. Gostaríamos de saber, o mais detalhadamente possível, o quanto o médico que cuida dos seus problemas de saúde é bom em falar com o (a) senhor (a) sobre a sua doença e os tipos de cuidados que o (a) senhor (a) gostaria de receber se ficasse pior ou doente demais para responder por si mesmo (a). Sabemos que muitas pessoas têm grande admiração por seus médicos. Para nos ajudar a melhorar a comunicação entre médicos e pacientes, por favor, seja crítico (a). Ao falar com o (a) médico (a).........................[por favor, preencha o nome do médico (a) no espaço anterior] sobre questões importantes como você ficar mais doente, o quanto ele/ela é bom em: 1.Usar palavras que o (a) senhor (a) consiga compreender. 2. Olhar em seus olhos. 3. Responder todas as dúvidas sobre a doença de seu ente querido. 4. Ouvir o que o (a) senhor (a) tem a dizer. 5. Preocupar-se com o (a) senhor (a) como pessoa. 6. Dar atenção plena ao (a) senhor (a). 32 7. Falar sobre seus sentimentos se acaso seu ente querido piorar. 8. Dar detalhes sobre a condição de seu ente querido, se acaso ele vier a piorar. 9. Falar sobre quanto tempo seu ente querido tem de vida. 10. Falar sobre como o morrer poderia ser. 11. Envolver o (a) senhor (a) nas discussões do tratamento para o cuidado de seu ente querido. 12. Perguntar sobre coisas importantes da vida de seu ente querido. 13. Perguntar sobre suas crenças espirituais ou religiosas. 33 Anexo I - Parecer Consubstanciado do CEP - UFSC 34 35 36 37 Anexo II - Normas para submissão na Revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação Formato e Estrutura 1 Os originais devem ser digitados em Word ou RTF, fonte Arial 12, respeitando o número máximo de palavras definido por seção da revista (até seis mil palavras). Todos os originais submetidos à publicação, sem exceção, devem ter autoria com a afiliação completa (Instituição, cidade, estado e país) e ID do ORCID , título próprio diferente do título da seção, nos três idiomas da revista (português, inglês e espanhol), citações e referências bibliográficas. Devem conter, também, resumo e palavras-chave alusivas à temática, nos três idiomas, com exceção das seções Resenhas, Notas breves e Cartas ao editor. No ato da submissão do manuscrito é preciso que a ordem de apresentação dos autores esteja definida e acordada com todos, pois caso o artigo seja aprovado para publicação, os nomes dos autores serão apresentados exatamente na ordem estabelecida quando o artigo foi submetido 2 As seguintes precauções devem ser tomadas pelos autores ao submeter seu manuscrito: – Excluir do texto todas as informações que identificam a autoria do trabalho, em referências, notas de rodapé e citações, substituindo-as pela expressão NN [eliminado para efeitos da revisão por pares]. Os dados dos autores são informados apenas em campo específico do formulário de submissão. – Em documentos do Microsoft Office, remover a identificação do autor das Propriedades do Documento (no menu Arquivo > Propriedades), iniciando em Arquivo, no menu principal, e clicando na sequência: Arquivo > Salvar como… > Ferramentas (ou Opções no Mac) > Opções de segurança… > Remover informações pessoais do arquivo ao salvar > OK > Salvar. – Em PDFs, também remover o nome dos autores das Propriedades do Documento, em Arquivo, no menu principal do Adobe Acrobat. – Informações sobre instituições que apoiaram a realização da pesquisa e/ou pessoas que colaboraram com o estudo mas não preenchem os critérios de autoria também são incluídas em campo específico do formulário de submissão. Nota: Caso o manuscrito seja aprovado para publicação, todas as informações que foram omitidas devem ser incluídas novamente pelos próprios autores do texto. 3 O número máximo de autores do manuscrito está limitado a cinco. A partir desse número é preciso apresentar uma justificativa, que será analisada pelo Editor. A autoria implica assumir publicamente a responsabilidade pelo conteúdo do trabalho submetido à publicação e deve estar baseada na contribuição efetiva dos autores no que se refere a: a) concepção e 38 delineamento do trabalho ou participação da discussão dos resultados; b) redação do manuscrito ou revisão crítica do seu conteúdo; c) aprovação da versão final do manuscrito. Todas as três condições precisam ser atendidas e descritas para cada um dos autores. Nota: O número máximo de manuscritos de um mesmo autor, nos Suplementos, está limitado a três. 4 A página inicial do manuscrito (Documento principal) deve conter as seguintes informações (em português, espanhol e inglês): título, resumo e palavras-chave. Na contagem de palavras do resumo, excluem-se título e palavras-chave. Observe as exceções indicadas no item 1, em relação a essas informações. 4.1 Título: deve ser conciso e informativo (até vinte palavras). Notas: Se no título houver sigla, o seu significado por extenso deve estar incluído nas vinte palavras. Se no título houver nome de cidade, deve-se complementar com estado e país, tudo incluído nas vinte palavras. 4.2 Resumo: deve destacar os aspectos fundamentais do trabalho, podendo incluir o objetivo principal, o enfoque teórico, os procedimentos metodológicos e resultados mais relevantes e as conclusões principais (até 140 palavras). Deve-se evitar a estrutura do resumo em tópicos (Objetivos, Metodologia, Resultados, Conclusões). Notas: Se no resumo houver sigla, o seu significado por extenso deve estar incluído nas 140 palavras. Se no resumo houver nome de cidade, deve-se complementar com estado e país, tudo incluído nas 140 palavras. 4.3 Palavras-chave: devem refletir a temática abordada (de três a cinco palavras). 5 Notas de rodapé são identificadas por letras pequenas sobrescritas, entre parênteses. Devem ser sequenciais às letras utilizadas na autoria do manuscrito. E devem ser sucintas, usadas somente quando necessário. 6 Manuscritos referentes à pesquisa com seres humanos devem incluir informação sobre aprovação por Comitê de Ética da área, conforme a Resolução nº 466/2013, do Conselho Nacional de Saúde, ou a Resolução nº 510/2016, que trata das especificidades éticas das pesquisas nas Ciências Humanas e Sociais. Deve-se informar apenas o número do processo, apresentando-o no corpo do texto, no final da seção sobre a metodologia do trabalho. Esse número deve ser mantido na versão final do manuscrito, se for aprovado para publicação.7 Manuscritos com ilustrações devem incluir seus respectivos créditos ou legendas e, em caso de imagens de pessoas, deve-se incluir também a autorização para o uso dessas imagens pela revista. 39 8 Imagens, figuras ou desenhos devem estar em formato tiff ou jpeg, com resolução mínima de 300 dpi, tamanho 16 x 20 cm, com legenda e fonte Arial 9. Tabelas e gráficos torre podem ser produzidos em Word ou Excel. Outros tipos de gráficos (pizza, evolução…) devem ser produzidos em programa de imagem (Photoshop ou Corel Draw). Todas as ilustrações devem estar em arquivos separados do texto original (Documento principal), com seus respectivos créditos ou legendas e numeração. No texto deve haver indicação do local de inserção de cada uma delas. Nota: No caso de textos submetidos para a seção de Criação, as imagens devem ser escaneadas em resolução mínima de 300 dpi e enviadas em jpeg ou tiff, tamanho mínimo de 9 x 12 cm e máximo de 18 x 21 cm. 9 É possível incluir no manuscrito um texto suplementar, denominado Apêndice [de autoria do (s) próprio (s) autor (es)] ou Anexo (de outra autoria). Esse texto suplementar deve ser inserido logo após o item de Conclusão do manuscrito, antes das informações autorais e das referências. 10 Interface adota as regras da Convenção de Vancouver como estilo para citações e referências de seus manuscritos. Detalhes sobre essas normas e outras observações referentes ao formato dos manuscritos encontram-se no final destas Instruções