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Conflitos e Crises • Sabe-se que a marca é o bem mais precioso de uma organização. Trata-se de um ativo intangível de muito valor. Para as empresas, as marcas representam uma propriedade legal incrivelmente valiosa que influencia o comportamento do consumidor. Pode ser comprada e vendida e ainda oferecer a segurança de receitas futuras (KOTLER 2006). • “As empresas precisam batalhar para conquistar mercados, aumentar os lucros, satisfazer os colaboradores, clientes, consumidores, acionistas entre outros, e para isto devem obter ganhos e vantagens, como também evitar danos e perdas, como aqueles provocados por crises corporativas. (KIYOHARA, 2001, p.01).” • Diante da presença de criminalidade no País, a segurança nas empresas necessita de alocação estratégica, para garantir a tranquilidade necessária para o desenvolvimento das atividades. • Saber trabalhar com acontecimentos e informações negativas é um enorme diferencial para as organizações públicas e privadas. • O mero aumento do efetivo não é capaz de proporcionar a segurança adequada nas empresas; da mesma maneira que a instalação de sistemas eletrônicos de segurança não são mecanismos suficientes para trazer a tranquilidade, ou seja, a segurança empresarial deverá ser organizada de modo a reduzir as ameaças, riscos e vulnerabilidades, utilizando-se dos recursos humanos e materiais necessários. • Ocorre que por vezes, os supervisores de segurança se deparam com conflitos e crises internas e externas, o que exigirá conhecimentos capazes de reduzir os prejuízos causados. • Para tanto, os supervisores responsáveis pelas equipes de segurança deverão conhecer alguns conceitos, estratégias e metodologias adequadas a condução de uma crise, minimizando os resultados das crises empresariais. • Dessa maneira, as crises são definidas como situações inesperadas, que por conseqüência tiram os envolvidos da sensação de conforto. As situações de crise exigem providências de diversas pessoas de forma imediata, capazes de conduzir a crise para o reestabelecimento da normalidade. • Kiyohara menciona também a definição de crise dada por Hugo (2001): • “Crise corporativa é qualquer evento que traz um impacto adverso na companhia, em seus empregados, em seus clientes, em seus representantes e outros grupos chaves. A maioria das pessoas pensa em crise como um fato dramático, como uma explosão ou incêndio, ou então um acontecimento imprevisto que afeta severamente a capacidade da organização em prosseguir o seu negócio, como uma greve. Contudo pode ser também uma aquisição, uma reorganização interna ou a proposta de uma nova instalação. Até um comentário da gerência fora do contexto numa reportagem pode resultar em graves danos à companhia. (HUGO, 2001 Apud KIYOHARA 2001, p.2).” • Cabe destacar que as crises não estão restritas a empresas, mas podem atingir indivíduos, países, empresas, de diferentes formas. Como exemplo, pode-se citar os incidentes familiares, boatos e conflitos bélicos. • As crises e conflitos desencadeiam uma série de coberturas negativas, que refletirão diretamente na imagem das empresas, além de gerar desvio considerável de energia e recursos (humanos e materiais), até a solução do conflito/crise. • Portanto, as crises são acontecimentos presentes diariamente em nossas vidas pessoais e/ou profissionais, porém, a freqüência e a intensidade dependerão da capacidade dos supervisores em prevenirem e gerenciarem no surgimento das crises. • Os conflitos surgem por diversos fatores como as disputas pela presidência ou cargos diretivos, vaidades, utilização de métodos diferentes dos estabelecidos pelas empresas, percepções distorcidas, dentre outros. Diversas pessoas podem estar envolvidas como empresas, grupos, fornecedores, concorrentes, dentre outros. • O fato é que independentemente do motivo que conduz as pessoas e empresas aos conflitos, há um enorme desgaste de pessoas e organizações, que poderá conduzir a questão, futuramente, para a violência. • O profissional responsável pela segurança deve ser capaz de identificar alguns fatos que antecedem os conflitos: COMPORTAMENTOS QUE ANTECEDEM OS CONFLITOS Disputas Tensões Pontuais Diferenças Após a disputa, o próximo passo será o conflito, que aumentará demasiadamente os problemas organizacionais. Os conflitos surgem principalmente por falhas nos níveis diretivos e gerenciais. Diante de uma problemática apresentada, a ausência de decisão capaz de solucionar o problema gerará a continuidade da questão, portanto, os supervisores devem atentar para os problemas apresentados e buscarem a solução. • Os conflitos são inevitáveis no âmbito organizacional. Os supervisores não devem compreender os conflitos como uma falha de liderança, mas sim como consequências das estruturas complexas e modernas das organizações. • Pelo dinamismo e divisão do trabalho nas organizações, é natural que as pessoas desconheçam outras funções de maneira pormenorizada, o que por vezes gera diferenças, tensões e conflitos. • Assim, o supervisor deverá ter em mente que os conflitos são oportunidades de crescimento pessoal e profissional, visto que é a oportunidade de gerar alterações positivas nas organizações. • Os conflitos surgem principalmente pela clara demonstração de divergências entre funcionários e chefes. De um lado alguns funcionários com as suas percepções, de outro lado os líderes que por vezes não são capazes de esclarecer aos funcionários os objetivos planejados. Esta diferença gera o conflito, portanto, é fundamental o alinhamento de todos da organização com os objetivos, para o cumprimento das metas estabelecidas. • Cabe destacar que os conflitos internos tendem a agravar-se com o passar do tempo. A desestruturação de uma organização atingirá as relações com o público externo. • A palavra crise vem do grego “Krisis” (decisão, “julgamento”) e é genitor do verbo “Krinein” (“julgar”, “decidir”, “separar”), afirmando que a crise pode ser entendida como um momento crítico, decisivo que normalmente sucede uma ruptura do “status quo”. (NEVES, 2002). • No pouco conteúdo sobre o assunto, crise pode ser compreendida como a quebra do equilíbrio, da normalidade, ocorrendo em qualquer relacionamento humano. • Uma crise é uma mudança – seja repentina ou gradual – que resulta em um problema urgente que deve ser abordado imediatamente. Para uma empresa, uma crise representa qualquer coisa com potencial para causar danos súbitos e graves a seus funcionários, a sua reputação ou a seu financeiro (LUECKE, 2007, p.45.). • A Academia Nacional do FBI (Federal Bureau of Investigation) dos Estados Unidos da América é um evento ou situação crucial que exige uma resposta especial, a fim de assegurar uma solução aceitável. • Como exemplos policiais de crise, mencionam-se: • → Assalto com tomada de reféns; • → Sequestro de pessoas; • → Rebelião em presídios; • → Assalto a banco com reféns; • → Ameaça de bombas; • → Atos terroristas; • → Sequestro de aeronaves; • → Captura de fugitivos, etc. • Como exemplo de crise na segurança privada pode-se mencionar: • → Roubo a empresa; • → Furto de veículo do interior das instalações da organização; • → Conflito que gerou uma crise no interior da organização; • → Imagem da organização exposta de forma negativa da imprensa. • → Comportamentos anti-sociais: greves e paralisações, invasões, drogas, alcoolismo, inveja profissional, desavenças entre funcionários, setores ou gerências, ações criminosas (espionagem, furtos, fraudes, sabotagens). • De acordo com Corrado (1994, p. 190): ”A crise precisa ser definida de forma ampla. É preciso notar que há muitos tipos diferentes de acontecimentos que se encaixam na categoria.” Dessa forma serão listadas abaixo algumas áreas de risco ou gruposque podem resultar numa crise interna ou de opinião pública. • Crise com consumidores, clientes e usuários: São crises que se relacionam com produtos ou serviços ofertados pelas organizações. Neste contexto, podemos apresentar inúmeros fatores geradores de crises Recalls, publicidade enganosa, violações do código de defesa do consumidor, produtos com defeito e produtos que afetam a saúde ou a integridade física dos consumidores - também chamados de acidentes de consumo. • Crises com o público interno: Estão relacionadas aos interesses dos colaboradores e seus familiares. Desta forma, podem-se citar como fatores geradores desta, os acidentes de trabalho, demissões em massa, violações da legislação trabalhista, escândalos de qualquer natureza dentre outros. • Crises com investidores: Relacionam-se com os interesses dos acionistas que normalmente estão ligados ao valor da ação e á remuneração dos dividendos, tendo como fator gerador da crise os resultados abaixo do esperado, fusões e aquisições, perda de grandes clientes, perdas patrimoniais significativas entre elas multas, indenizações, roubo, furto etc. Também como fatores geradores, podem citar a morte ou a saída inesperada de altos executivos, conflitos internos, envolvimento da empresa em corrupção, sonegação fiscal etc. • Crise com a comunidade: estão ligadas aos interesses da comunidade em geral como vazamentos, contaminações do solo, rios, liberação de CFC, desmatamentos, agressões ao patrimônio histórico etc., podemos citar também conflitos com comunidades / segmentos: como mídia, mulheres, religiões, partidos políticos, comunidades geográficas, acadêmicas, científicas, profissionais, sindicatos e ONGs. • Crises com o poder público: São crises relacionadas com a ordem jurídica e institucional, ou seja, os três poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, seus fatores geradores são apresentados como legislação fiscal, Lei de defesa do consumidor, corrupção, crimes de colarinho branco, concorrência desleal além do encerramento de operações cujas causas podem ser pelo fechamento de fábrica ou descontinuidade de serviços ou produtos. Nota-se, portanto, que a crise demanda a intervenção imediata do supervisor, contudo, dependendo da magnitude da crise demandam ações diferentes, que envolverão órgãos públicos e privados. Adequação dos Locais de Crise • Ao identificar uma crise, apenas os responsáveis pela solução da crise deverão permanecer no local, porém, o supervisor deverá ter em mente que quanto maior o raio de ação mais difícil de controlar as pessoas. Aliado a isso, quanto maior o raio de ação, maior será o efetivo necessário e o transtorno causado as pessoas que se inserirem dentro do local delimitado. • Na adequação do local de crise, o responsável pela crise deverá estabelecer um ponto de encontro comum a todos, facilitando a tomada de decisão que depender de diversos profissionais envolvidos na crise, principalmente quando houver a necessidade de órgãos externos a organização. Cabe lembrar que o ponto de encontro, costumeiramente chamado pelas forças policiais de “Posto de Comando” deverá ser posto em ponto diverso do público externo, evitando que outras pessoas alheias ao problema interfiram ou participem da solução da crise, porém, próximo ao ponto crítico. • Um “posto de comando” de crises em organizações deverá ser capaz de: • → coletar informações; • → analisar as informações e difundir de acordo com a necessidade; • → agir e reagir mediante a tomada de decisão, com prévio planejamento; • → atentar para os recursos necessários para a solução da crise (humanos e materiais). • Um “posto de comando” deverá conter alguns itens fundamentais como: • → telefone; • → rádio para comunicação com os profissionais que permanecem no ponto crítico da crise; • → Flip chart; • → Computador com impressora; • → Gravador; • → recurso humano capaz de transmitir mensagens de cunho estratégico. ETAPAS PARA A CRIAÇÃO DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE CRISES • Envolver executivos de alto escalação; • Listar todas as emergências da empresa; • Listar todas as vulnerabilidades da empresa; • Montar equipe com representantes de todos os departamentos da empresa. 10 ações que devem ser executadas imediatamente à crise As ações apresentadas não estão em ordem de importância, na verdade em momentos de crise elas devem ser executadas simultaneamente, em virtude disso o planejamento é essencial para que tudo ocorra como o previsto. As dez ações que devem ser executadas são: • 1- Convocar o comitê de crise; • 2- Defina a crise: o grupo deverá levantar os seguintes tópicos: • O que aconteceu Qual a natureza do fato Quem foi afetado Avaliação dos danos e vítimas Primeira avaliação da responsabilidade da empresa, se ela é culpada ou não. Estabelecimento de objetivo de curto prazo. Após se fazer ideia do que seja a dificuldade imediata é conhecer a extensão e profundidade da crise. Um exercício recomendado é desenvolver dois cenários um otimista e um pessimista. O tamanho da crise estará no meio desses dois cenários. • 3- Vá imediatamente ao cenário da crise; Ir ao local é um gesto que simboliza atenção, cuidado preocupação com ocorrido e com as vítimas, em contra partida não ir significa descaso falta de interesse e desumanidade. • 4- Controle o fluxo de informação; Em uma situação de crise as informações são controversas, abundantes e velozes, tanto o público como a mídia estão ávidos para consumi-las gerando um clima favorável para o surgimento de boatos. • 5- Ative a central de imprensa e atendimento; • 6- Posicione-se rapidamente; • Não espere ter 100% das informações para decidir-se dar a cara à tapa • 7- Acione a comunicação interna: • A comunicação deve ser rápida; • As mensagens devem ser claras; • Mantenha o fluxo da comunicação, ela deverá acontecer quando um evento novo surgir; • Não minta, não esconda nada; • O que não puder ser falado explique, por quê; • Informe as razões da decisão; • Abra todos os canais para perguntas, sugestões e preocupações; • 8- Organize-se para falar com a mídia: Prepare-se para a entrevista, desenvolva um plano com perguntas e respostas. Não saia dos termos da declaração aprovada, não improvise. O termo sem comentários, não deve ser usado, se não tem nada a dizer diga não tenho nada a dizer, se não pode falar, diga infelizmente não posso falar por que...! Se não sabe, diga “não sei e quando souber, se puder, falarei a respeito”. Não comentar sobre o ocorrido fará com que os boatos se espalhem e a mídia começará a distribuir notícias muitas vezes falsas. Assumir o erro caso seja comprovado é a melhor atitude. • Colabore com a mídia, trate-os com cortesia. Compreenda que este é o trabalho deles, e que as crises são os seus, (deles) grandes momentos profissionais. Esteja disponível 24 horas. Revele qualquer informação que o repórter pode obter em qualquer lugar. Seja paciente e não ameace nunca, cumpra o que prometeu fazer. 9- Faças as mudanças que assegure que o problema não voltará a ocorrer; 10- Acompanhe a evolução da crise na opinião pública.
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