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CRIMES AMBIENTAIS E INCÊNDIOS 2 Sumário 1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................... 4 2- QUEIMADAS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................ 5 3- LEI 9.605 DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 ............................................ 7 3.1-Conceito ................................................................................................. 7 3.2- Tipos De Crimes Ambientais ................................................................. 8 4- QUEIMADAS E A LEI DE CRIME AMBIENTAL ..................................... 13 5- ENTENDA AS DIFERENÇAS ENTRE QUEIMADAS, INCÊNDIOS FLORESTAIS E FOCOS DE CALOR ................................................................... 14 6- GOVERNO MOBILIZA FORÇA TOTAL PARA CONTER INCÊNDIOS FLORESTAIS ....................................................................................................... 18 7-REFERÊNCIAS ...................................................................................... 22 3 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 1 – INTRODUÇÃO A economia influencia diretamente no processo de degradação do cerrado brasileiro, sendo este considerado um bioma com uma das maiores riquezas do planeta (GOMES et al, 2016, p. 74). Ações antrópicas como agropecuária, queimadas, e falta de planejamento para construção de cidades, corroboram para a destruição desse ecossistema. Os desmatamentos no estado do Tocantins iniciaram-se por volta do século XIX. Práticas de pecuária utilizavam as queimadas como forma de limpeza e plantio de gramíneas exóticas (MACHADO, 2012, p. 220). Os incêndios podem ser naturais ou criminosos, contudo, a frequência de queimadas pode estar relacionada com a cultura regional, visto que atear fogo no lixo e folhas 5 secas apresenta-se como uma forma prática de eliminar esses resíduos (MARIANO et al, 2015, p.32). O ato de promover a queima de lixo nos quintais, rua ou em terrenos baldios está sujeita a multa, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais contra a Natureza, contida na Lei n° 9.605, de 12/02/1998 (EMBRAPA, 2010, p. 2). Nosso objetivo no presente estudo, é fazer considerações sobre os principais impactos ambientais das queimadas. Além disso, busca analisar e comparar as ações de queimadas com as respectivas tipificações em lei. Foi realizada uma revisão bibliográfica de livros e artigos científicos para embasamento científico, busca de dados no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sobre os focos de queimadas no Estado do Tocantins, e uma análise das leis que tutelam o meio ambiente. No estado do Tocantins, o clima seco nos meses de junho a setembro acarreta na facilidade de se provocar queimadas. No mês de maio de 2016 teve 778 focos registrados, quebrando seu recorde mensal, pois pelo histórico de 1999 a 2015 a maior incidência de focos havia sido em 2014, com 618 casos (INPE, 2016). 2- QUEIMADAS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS Desde os tempos remotos, o homem utiliza o fogo, sendo considerado um primitivo modificador da paisagem, acometendo o meio físico e a biodiversidade. Utilizado no manejo e ocupação da terra, renovação de pastagens, limpeza de lavouras. Uma tradição secular e universal, até os tempos atuais (BOEIRA, 2011, p. 14). As práticas de queimadas acarretam inúmeros prejuízos ambientais, como o comprometimento da biodiversidade, poluição do ar e consequentemente interfere nas mudanças climáticas. São consideradas assim “uma das principais ferramentas de degradação utilizada pelo homem, cuja finalidade tem como características a limpeza de terrenos, queima de pasto e muitas vezes até queimadas de florestas de caráter intencional ou não” (SANTOS e PEREIRA, 2015, p. 363). 6 Conforme o autor Machado, que se dispõe a escrever sobre o tema, As queimadas eliminam a serrapilheira e a camada de matéria orgânica no solo que amortecem o impacto das águas pluviais nas camadas superficiais do solo, além de destruir a fauna endopedônica (...) (MACHADO, 2012, p.220). Vale ressaltar ainda, que as queimadas promovem a destruição dos microrganismos e consequente empobrecimento do solo (GRANEMANN e CARNEIRO, 2009, p. 56). Para Machado (2012, p. 220) o “(...)estado do Tocantins, os processos de desmatamentos e queimadas acabam por provocar o surgimento de areais, desprovido de vegetação, que facilitam a erosão (...)”. Importante enfatizar que existe uma distinção entre incêndios e queimadas, esclarecida por Ferreira (2011, p. 1): (...) O termo “incêndio” caracteriza a queima de maneira descontrolada que pode causar diferentes impactos para o meio ambiente assim como para a sociedade; o incêndio pode ocorrer de forma natural, acidental ou criminosa, sendo neste último caso, provocado pelo homem. Já o termo “queimada”, se caracteriza pela queima de maneira controlada e de origem antrópica.” Esse autor ainda afirma que parte das queimadas que ocorrem no Brasil são provocadas intencionalmente. Cita agricultores, pecuaristas, madeireiros, carvoeiros, como principais responsáveis pelas práticas. Ainda ressalta o uso do fogo pelos indígenas na caça, e também em conflitos sócios econômicos. Para alguns biomas, como o Cerrado, a ocorrência de incêndios de origem natural é importante e favorável. Em contrapartida, nas queimadas ocasionadas pelo homem, os intervalos são normalmente inferiores, impedindo a recuperação total e necessária do bioma (FERREIRA, 2011, p. 1), como mostra a seguinte afirmação: “Quando a vegetação está seca por ocasião dos períodos de estiagem, o fogo pode surgir de forma natural, por meio de raios, e propagar-se, mas deve-se ressaltar que o fogo não é tão prejudicial na maioria dos casos, pois geralmente precede as chuvas que eliminam rapidamente o incêndio e causam menores prejuízos a vegetação. No caso do fogo de origem 7 antrópica, a queima dos pastos para a limpeza por pecuaristas ou por populações nativas acaba pulverizando enormes áreas de vegetação, geralmente ampliadas pela intensidade dos ventos e baixa umidade do ar, como no caso da área central do Brasil onde predomina os Cerrados” (MACHADO, 2012, p. 222). Dentro todos os impactos aqui mencionados, vale ressaltar a emissão de gases na atmosfera, tais como: dióxido de carbono, óxido de nitrogênio. O Brasil é o quarto maior emissor de gases causadores do efeito estufa no mundo, sendo as queimadas responsáveis por 70% dessas emissões (EMBRAPA, 2010, p. 2). 3- LEI 9.605 DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 3.1-Conceito A lei redige tema relacionado a tutela do meio ambiente, de forma que aplica sanções penais, administrativase multas as derivadas ações e omissões praticadas por diversos agentes. É uma lei instituída há quase vinte anos, e se mostra eficaz e taxativa quanto à criminalização. Essa lei tem fundamento constitucional, ou seja, a Constituição Federativa da República Brasileira de 1988 (CRFB/88) tem em seu texto, no art. 225, caput, um princípio expresso que tutela o meio ambiente sadio, como situação necessária para a qualidade de vida, apontando o poder público como defensor, para garantir uma preservação para as gerações futuras, veja: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” São considerados pela lei 9.605/984, crimes ambientais: ação ou omissão agressiva ao ambiente e os componentes inerentes a sua existência como a fauna, flora, 8 recursos naturais, sejam eles urbanos, rurais, de propriedade privada ou pública. Segundo a referida lei: Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 12.305, de 2010) I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (...) Assim, além de ação ou omissão, a tipificação legal traz nesse artigo, o simples ato de armazenar, transportar ou guardar em depósito produtos de substâncias tóxicas. O que revela uma defesa rígida do meio ambiente, alcançada por esta lei. 3.2- Tipos De Crimes Ambientais A lei de crimes ambientais (9.605/98) indica como crime ambiental, seis tipos de ações discriminadas e classificadas como: crimes contra a fauna, crimes contra a flora, poluição e outros crimes ambientas, crimes contra o ordenamento urbano e http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm#art53 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm#art53 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm#art53 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm#art53 9 patrimônio cultural, crimes contra a administração ambiental e infrações administrativas. Os crimes contra a fauna estão elencados do Art. 29 até o Art. 37, no texto da lei, onde a tutela recai especificamente sobre os seres vivos existentes no meio ambiente, além de conter aplicação de pena e multa para cada conduta ali descritas, como é o caso das caças aos animais silvestres. O caput do art. 29 elenca as ações criminosas: “Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.” Tais artigos de lei mencionados, não trata apenas a tipificação criminosa, mas também daquelas ações que em determinadas situações, são escusas de sanções, pois são proprietárias de relevante valor moral, não sendo assim consideradas crimes, como descrito no art. 37: Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; 10 II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; III – (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. Em seguida, os crimes contra a flora, competem aos artigos seguintes da lei, que são do art. 38 ao art. 53, sendo uma parte de suma importância no texto da lei ambiental, devido ao fato da flora ter papel significativo no equilíbrio ecológico da vida. O artigo denota: “Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.” Assim, qualquer atitude que venha a prejudicar a flora, é considerado crime: provocar incêndio em mata ou floresta; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente: pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização. Assim, esses artigos são os mais descritivos dentro do texto legal, pois são inúmeras as práticas criminosas que atingem a flora, uma vez que essa por ter grande potencialidade comercial, acaba por atrais grande interesse do mercado ilegal, o que justifica, de certa forma, a rigidez do texto da lei. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/1998/Vep181-98.pdf 11 Na seção de crimes de poluição e outros, é a que está inserida os artigos 54 ao 61 da lei de crimes ambientais, o caput do art. 54 traz que poluir em qualquer nível, que tenha resultados que possam ser danosos a saúde humana, mortandade de animais ou destruição é ilegal. Verbis: “Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.” É considerado um ato criminoso quando a poluição tem como resultado a incapacidade de presença humana, a poluição hídrica do abastecimento público e o não seguimento de medidas preventivas instituídas por entes federativos ou privativos que visem sanar risco de dano ambiental grave ou irreversível. Os atos de queimadas praticados no estado do Tocantins, por exemplo, estão relacionados com esse artigo, uma vez que as queimadas, além de nocivas para os seres humanos, trazem risco a animais do ambiente em questão. Destarte, os artigos conseguintes da lei, tratam de crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, que são os descritos do artigo 62 ao 65.São poucas as condutas redigidas pelos artigos, como: destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura - pena de 1 a 3 anos (lei9.605/98, art.62 e 63); pichar ou por outro meio de conspurcar, edificação ou local especialmente protegido - pena de 3 a 6 meses. Ainda ressalta: danificar registros, documentos, museus, bibliotecase qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos quer por seu valor paisagístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico dentre outros. Sendo considerado como ato ilícito: a edificação de construção civil em áreas que o solo não tem condições de suportar tal ato, por exemplo, áreas de preservação, ou 12 em seus arredores e ou proximidades, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. Saindo da esfera direta, os artigos 66 ao 69-A, expressos em sua redação, sobre os atos ilícitos que o agente comete em relação a administração ambiental, ou seja, as práticas criminosas voltadas aos agentes públicos, representantes do ente federado responsável pela preservação do ambiente: “Art. 66. Fazer ao funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental; Art. 67. Conceder o funcionário público, licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público; Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. Art. 68. Deixar aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa. Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais; Essa tutela mostra-se de grande relevância também, visto que defender os agentes delegados por cada ente federado competente possibilita que os mesmos possam proteger e realizar suas funções, dentro do exigido e esperado em relação à lei ambiental. A última tipificação criminal da lei ambiental é a infração administrativa, que descreve que conduta ilícita é toda ação que viole as regras jurídicas de proteção ao meio ambiente. Regulamenta as penas e os órgãos competentes para lavratura de autos 13 de infrações e os respectivos prazos para apuração da conduta danosa. Sendo dedica a está redação, os artigos 70 ao 76 da lei. 4- QUEIMADAS E A LEI DE CRIME AMBIENTAL Em julho de 2010 o Tocantins era o segundo em focos de queimadas, perdendo apenas pelo estado do Mato Grosso. No mês de maio de 2016 teve 778 focos registrados, quebrando seu recorde mensal, pois pelo histórico de 1999 a 2015 a maior incidência de focos havia sido em 2014, com 618 casos (INPE, 2016). Em consonância com esses dados, de acordo com a lei de crime ambiental, tem-se ato ilícito: a poluição que tenha como resultado a incapacidade de presença humana. O caput do art. 54 afirma que poluir em qualquer nível, que tenha resultados que possam ser danosos a saúde humana, mortandade de animais ou destruição é ilegal: “Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.” Infere-se que, apesar da lei não trazer em seu texto a frase “queimada é crime ambiental” ou qualquer outra menção, a queimada praticada por agente particular ou público, é passível do entendimento como uma conduta danosa do art. 54. Ou seja, é enquadrada na ação criminal descrita no referido artigo. 14 Dessa forma, quem praticar tais atos com os resultados danosos descritos no artigo, tem sua atitude tipificada como crime ambiental com possibilidade de reclusão de 1(um) a 4(quatro) anos, além de multa. Assim, se analisado os dados trazidos pelo INPE em 2016 e a lei em questão, tiveram no Tocantins mais de 778 possíveis atos criminosos. Números esses que carecem de investigações e sugerem propostas públicas para reverter os dados, visto que além de crime, o presente estudo mostrou os prejuízos ambientais dessa prática. 5- ENTENDA AS DIFERENÇAS ENTRE QUEIMADAS, INCÊNDIOS FLORESTAIS E FOCOS DE CALOR Para compreender melhor os dados divulgados sobre o combate ao fogo nesta época do ano, o Corpo de Bombeiros explica melhor o que significam alguns dos termos utilizados. Foco de calor Um foco de calor é um dado capturado pelos satélites de monitoramento que estão a uma altitude de 700 a 900 km sobre o planeta. Os sensores do satélite registram temperaturas acima de 47°C. Ao longo dos anos, o INPE tem avançado na auditoria das detecções de focos de calor com intuito de evitar falsas detecções, desta forma, dificilmente um foco de calor detectado não seja incêndio ou queimada. Um incêndio ou uma ocorrência podem gerar um ou vários focos de calor, dependendo da extensão da linha de fogo. Queimada A queimada faz parte das técnicas tradicionais da agricultura familiar, em quase todo o Brasil. O objetivo é limpar uma área para o plantio de culturas temporárias. As cinzas contribuem com a fertilidade num primeiro momento, mas o fogo recorrente empobrece o solo. Depois de algumas colheitas essa área é deixada para descanso 15 com a recuperação da vegetação. Para a queimada não se transformar num incêndio é preciso aplicar algumas técnicas de segurança, entre elas a construção de aceiros. No período proibitivo de fogo em Mato Grosso, mesmo as queimadas prescritas ficam suspensas até que seja decretado o fim. Aceiro A abertura de aceiro é fundamental para a contenção do fogo. Ele consiste em uma faixa sem vegetação, que impeça o avanço das chamas. Pode ser aberto com ferramentas como enxadas e rastelos, com trator ou com fogo. O aceiro de fogo (ou aceiro negro) só é recomendado por quem domina a técnica, sob risco de causar um outro incêndio. Incêndio florestal Incêndio é o fogo que devora, segundo o dicionário, o fogo que avança fora de controle. O Corpo de Bombeiros Militar classifica como Incêndio Florestal (ou simplesmente IF) o incêndio em vegetação em área rural, mesmo se for em área antropizada (agrícola) ou de vegetação nativa. Cicatriz de incêndio florestal na Serra Ricardo Franco 16 Incêndio em terreno urbano A fiscalização e controle de terrenos urbanos são de responsabilidade das prefeituras municipais, mas o Corpo de Bombeiros Militar também atende a ocorrências de fogo em terrenos urbanos já que esses afetam a vizinhança, mesmo que não haja patrimônio em risco. Apesar de atingirem áreas menores e causarem menor impacto ambiental, os terrenos urbanos representam a maior quantidade de ocorrências de incêndio em vegetação atendidas pelo CBM. Isso se deve ao fato dos chamados serem mais frequentes, já que incomodam diretamente os cidadãos. Áreas que mais queimam Segundo os dados do Inpe, apresentado no informativo do Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros Militar, nos últimos anos as propriedades privadas representam sempre mais de 70% dos focos de calor. No informativo mais recente os assentamentos correspondem a 4,47% do total de focos de calor e as unidades de conservação dos três níveis de poder (municipal, estadual e federal) somam apenas 2,78%. Punição Pelo artigo 41 da Lei de Crimes Ambientais, provocar incêndios em matas ou florestas pode resultar em uma pena variável de dois a quatro anos e multa, em caso de crime doloso (intencional), ou de seis meses a um ano e multa, se culposo. O valor da multa varia entre R$ 1 mil e R$ 7,5 mil por hectare. 17 A Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605 de 1998, em seu artigo 54, já mencionado, descreve o crime de poluição, que consiste no ato de causar poluição, de qualquer forma, que coloque em risco a saúde humana ou segurança dos animais ou destrua a flora. Um exemplo clássico desse tipo de crime é a queimada de lixo doméstico,que emite poluição na forma de fumaça, causa risco de incêndio para as habitações locais, destrói a vegetação e pode causar a morte de animais que ocupem as redondezas. O objetivo da norma é proteger o manter o meio ambiente sadio e equilibrado, bem como evitar riscos para a vida humana, dos animais ou plantas. A pena prevista é de até quatro anos de reclusão. A Lei prevê penas maiores para hipóteses mais graves, como no caso de em razão da poluição, um área se tornar imprópria para habitação, ou causar a necessidade de retirar os habitantes da área afetada, dentre outras. Se o crime ocorrer de forma culposa, ou seja, sem intenção, as penas previstas são mais brandas, de detenção de ate 1 ano e multa. O mês de agosto registrou o maior número de focos de incêndio no país em 2020, com registro de dois em cada três casos no ano. Os dados são do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial) e foram divulgados hoje pelo WWF-Brasil. Segundo os dados, dos 44.013 focos de queimadas registrados este ano, 29.307 ocorreram entre 1º e 31 de agosto, ou 66,5% do total. O número ficou um pouco abaixo do mesmo período de 2019, quando foram 30.900 focos. 18 6- GOVERNO MOBILIZA FORÇA TOTAL PARA CONTER INCÊNDIOS FLORESTAIS Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) foram utilizados no combate às queimadas na Amazônia Legal. Segundo comunicado oficial do Ministério da Defesa, duas aeronaves C-130 Hércules auxiliam o trabalho de contenção das chamas, partindo de Porto Velho, capital de Rondônia. Em terra, o trabalho fica por conta dos 43 mil militares das Forças Armadas baseados nas várias unidades da Amazônia, além de brigadistas do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgãos vinculados ao Ministério do Meio Ambiente, e bombeiros militares dos estados. Eles receberam o reforço de 30 bombeiros da Força Nacional (FN). Boa parte da equipe enviada à Amazônia trabalhou em Brumadinho (MG) e Moçambique, África, e é bastante experiente. Entre eles, há especialistas em combate a incêndios florestais. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobrevoou, de helicóptero cidades do Mato Grosso, para acompanhar o trabalho dos brigadistas. Em entrevista à imprensa, ele garantiu que o governo federal está empenhado em combater queimadas e incêndios florestais em todos os estados da Amazônia. Em Brasília, o governo federal montou o Centro de Operações Conjuntas para acompanhar as ações na Amazônia. O Centro, que vai funcionar em regime de plantão 24 horas por dia, tem a função de fazer a coordenação operacional do trabalho dos vários órgãos envolvidos, entre eles, os ministérios da Defesa, Meio Ambiente, Agricultura, Cidadania, Gabinete de Segurança Institucional, Casa Civil, Secretaria de Governo e Secretaria-Geral da Presidência. https://www.mma.gov.br/component/k2/item/15579-ministro-acompanha-combate-a-inc%C3%AAndios-florestais.html https://www.mma.gov.br/component/k2/item/15579-ministro-acompanha-combate-a-inc%C3%AAndios-florestais.html 19 GLOA Todos os nove estados que compõem a Amazônia Legal – Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins e Maranhão – formallizaram e tiveram autorizada a solicitação, pela Presidência da República, para emprego da Garantia da Lei e da Ordem Ambiental (GLOA). A partir dessas demandas, estão sendo planejadas as ações de apoio às iniciativas já em andamento de combate aos focos de incêndio na região. A missão das Forças Armadas na GLOA é de atuar, em coordenação com os órgãos de controle ambiental e de segurança pública, que já trabalham em nível estadual, para combater os crimes ambientais na Amazônia Legal. De acordo com a Aeronáutica, os dois aviões C-130, que estão sendo utilizados na operação, contam com o sistema chamado MAFFS, do inglês Modular Airborne Fire Fighting System. O equipamento é composto por cinco tanques, que comportam até 12 mil litros de água, e dois tubos que se projetam pela porta traseira do avião. Para realizar a missão, o avião tem que sobrevoar a área do incêndio a uma altura de 150 pés, aproximadamente 46 metros de altura. O lançamento, por meio de pressão, dura sete segundos e a própria inércia se encarrega de espalhar o líquido sobre o fogo, por uma linha de 500 metros. Após despejar a água, a aeronave retorna para Porto Velho, ponto de apoio, onde recebe um novo carregamento. SELVA 20 De acordo com a GLOA, a 17ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército promove a Operação Verde Brasil/17 em sua área de responsabilidade, que abrange os estados de Rondônia e Acre. O objetivo é combater os delitos ambientais, com ênfase nos focos de calor e incêndio. As ações seguem em continuidade à Operação Jequitibá do governo de Rondônia. A operação Verde Brasil tem comando único e ocorre em parceria com várias instituições e órgãos de segurança pública de Rondônia e Acre, entre os quais, Força Nacional, Corpo de Bombeiros Militares, equipes de Prevenção e Combate à Incêndios do Ibama, Polícia Militar Ambiental e Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). A 17ª Brigada de Infantaria de Selva empregará um efetivo estimado de 900 homens e mulheres e um apoio logístico com cerca de 150 viaturas e 20 aeronaves (aviões e helicópteros). As ações já abrangem o combate aos focos e pontos de incêndio, a intensificação das fiscalizações contra delitos ambientais, bem como toda parte logística da Operação. DECRETO O decreto que autoriza o emprego das Forças Armadas para a GLOA e para ações subsidiárias em áreas da Amazônia Legal foi assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. O decreto autoriza o emprego das Forças Armadas para ações nas áreas de fronteira, nas terras indígenas, em unidades de conservação e em outros locais da Amazônia Legal que requerem ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais e levantamento e combate a focos de incêndio. 21 O emprego das Forças Armadas fica autorizado em áreas da Amazônia Legal caso haja requerimento do governador do respectivo estado ao presidente da República. O ministro da Defesa definirá a alocação dos meios disponíveis e os Comandos que serão responsáveis pela operação. Ainda segundo o decreto, os militares atuarão em articulação com os órgãos de segurança pública e com as entidades públicas de proteção ambiental. As queimadas acarretam prejuízos ao meio ambiente e aos seres humanos que nele estão inseridos. Mesmo com uma legislação rígida, as revisões de literatura mostram que boa parte dessas práticas são intencionais, seja cultural (limpeza de lotes e quintais), seja econômica (preparo de áreas para plantios ou criação de animais de abate). Necessita-se de uma maior informatização pelos meios de comunicações, sobre o assunto referente a lei que defende o meio ambiente das queimadas. Pois, de acordo com o explicado, é necessária uma certa hermenêutica para compreensão da proteção da lei em relação as práticas incendiárias e sua tipificação criminosa existente. Além disso, sente-se a necessidade da sensibilização da sociedade, tanto pelos impactos ocasionados, sejam eles a perda da biodiversidade, empobrecimento do solo, favorecimento às mudanças climáticas, danos à saúde humana e animal entre outros, quanto pelo ato criminal. Portanto, com as seguintes alegações acima, percebe-se que o assunto abordado tem relevante importância sobre o conteúdo ambiental e legal ao qual estamos inseridos, uma vez que é latente a necessidade de atenção para a área, sendo que depende das populações existentes a perpetuação e conservação das espécies futuras. 22 7-REFERÊNCIAS BOEIRA, SusaneFabrícia. Proteção ambiental: uma análise da prática agropecuária das queimadas. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Caxias do Sul, 2011. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Biênio 2013/2014. 111 p. BRASIL. Presidência da República - Casa Civil. LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Brasília, 1988. 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