Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fertilidade dos Solos e Maneio da Aduba~ãode Culturas 11 Potássio e Adubos Potássicos 19oo1Meurer e Albeno V.loda Ir. 11.1 Potássio na planta OPotássiO é um macronutriente presente nas plantas em quantidadessimilares ao nitrogênio. Os teores adequados para o ótimo crescimentosituam-se entre 2 a 5% do peso seco, dependendo da espécie, do estádio de desenvolvimento e do órgão da planta. Tem alta mobilidade na planta, tanto entre células, como entre tecidos e também entre diferentes partes da planta, via xilema e floema. É comum o potássio ser redistribuído de folhas velhas para folhas novas. O potássio é o cátion mais abundante no citoplasma, também ocorrendo em alta concentração no cloroplasto. Em ambos, é necessário para neutralizar ânions orgânicos e inorgânicos e para estabilizar o pH na planta entre 7 e 8, faixa ótima para a maioria das reações enzimáticas. Embora o potássio não faça parte da estrutura química de compostos da p anta, exerce funções reguladoras muito importantes. É necessário para ativar pelo menos 50 enzimas. É bem conhecida, atualmente, a necessidade do potássio para a síntese de proteínas em plantas superiores. Está ligado, ambém, ao processo fotossintético em vários níveis; participa da síntese do ATP (adenosina trifosfato - unidade de armazenamento e transporte de energia na forma química necessária aos processos celulares que requerem energia); afeta a taxa de assimilação do CO2 e a manutenção do turgor das élulas-guarda, que controlam a abertura e o fechamento dos estômatos para regular a taxa de transpiração das plantas e a difusão do CO2 atmosférico. 11.1.1 Deficiência de potássio A deficiência de potássio não provoca de imediato sintomas visíveis. No 139 (11.1) Carlos Alberto Bissani el DI. início da deficiência ocorre uma redução na taxa de crescimento das plantas e, mais tarde, aparecem as c1oroses e necroses. Estes sintomas geralmente começam nas folhas mais velhas, devido ao fato que estas suprem as folhas mais novas com potássio quando ocorre a deficiência. Na maioria das plantas a c1orose e a necrose começam nas margens e nas pontas das folhas; entretanto, em algumas espécies, como em trevos, aparecem pontos necróticos irregulares distribuídos na folha da planta. As plantas deficientes em potássio mostram um decréscimo no turgor e quando ocorre deficiência hídrica, tomam-se flácidas. Além de menor resistência à seca, apresentam maior suscetibilidade ao congelamento e ao ataque de fungos. Em plantas deficientes em potássio, freqüentemente é observado um desenvolvimento anormal dos tecidos e organelas das células. 11.2 Potássio no solo o potássio ocorre no solo em duas formas: como componente da fase sólida e como íon K+ na fase líquida (solução do solo). O potássio na fase sólida faz parte da estrutura de minerais primários (feldspatos e micas) e de minerais secundários (ilita, argilominerais interestratificados, vermiculita) ou adsorvido na superfície de argilominerais e de compostos orgânicos. No processo de intemperização dos feldspatos potássicos e das micas, o K é liberado da estrutura destes minerais para a solução do solo. A reação simplificada (11.1) mostra a liberação de potássio para a solução do solo a partir da intemperização de um feldspato potássico: Em solos muito intemperizados das regiões tropicais, como os latossolos, os feldspatos potássicos já podem ter sido completamente dissolvidos. Em solos menos desenvolvidos ou de regiões temperadas, estes podem ser uma importante fonte do nutriente para as plantas. As micas contêm aproximadamente 10% de K, e, com o intemperismo, originam outros minerais no solo, como a i1ita, a vermiculita, a esmectita e a caulinita (argilominerais secundários), que podem conter ou não potássio. Em cada etapa de transformação ou dossolução/neoformação há liberação de potássio para o solo, sendo que a caulinita não possui mais potássio na sua estrutura: 140 Fertilidade dos Solos e Manejo da Aduba~ão de Culturas -K -K -K -K Mica --i.~llita ~ Minerais ---l.~Vermiculita ~ Caulinita de transição Esmectita (rvl0%K) (rv 4 - 8%K) (rv 3%K) «1 %K) o potássio contido nos minerais primários e secundários constitui a quase totalidade do elemento no solo e representa a capacidade potencial de suprimento deste nutriente às plantas. NasTabelas 11.1 e 11.3 são mostrados os teores totais de potássio de amostras de horizontes superficiais de alguns solos do estado do Rio Grande do Sul, onde pode ser observado que o teor total do elemento está relacionado com o material de origem. Os solos derivados de basalto, por exemplo, apresentam, em geral, baixos teores de potássio, ao contrário dos derivados de granito. 11.2.1 Potássio trocável e potássio não trocável A disponibilidade do K para as plantas varia conforme o tipo e quantidade de minerais primários e secundários presentes no solo e o tipo de igação química entre o potássio e os outros elementos constituintes destes minerais. O potássio que está adsorvido às cargas de superfície dos argilominerais (ligações fracas, eletrostáticas), pode ser definido como ootássio trocável (K-trocável), devido ao equilíbrio rápido que pode manter om o K+ da solução do solo (K-solução). O potássio ligado às cargas dos ompostos da matéria orgânica também se encontra na forma de potássio :rocável. O K pode também estar adsorvido às superfícies internas de arqllorninerais com camada 2: 1. Esta fração do K é também denominada de -fixado. A expansão destas camadas libera íons K, que podem ser trocados "JOríons Ca ou Mg, para manter a neutralidade elétrica do mineral. Em alguns - los, o aumento dos íons K em solução (pela adubação potássica) provoca deslocamento dos íons Ca e Mg das entrecamadas ocorrendo fixação de K. ::m solos muito intemperizados isto não ocorre, devido ao acúmulo de límeros de AI e Fe (AIOH: FeOH) nas entrecamadas de minerais 2: 1, -,pedindo o colapso das mesmas (Figura 11.1) e a conseqüente fixação do K. Pode-se portanto concluir que o potássio na fase sólida do solo, _ nforme o tipo e quantidade de minerais presentes e conforme o tipo de ...ação químicá, encontra-se em diferentes estados ou formas: a) como K- cável (adsorvido fracamente às cargas dos argilominerais e da matéria 141 Carlos Alberto Bissani et ai. K não trocável CQmions maiores ~;=;,:~~~~~~~~~;;:]~]:tJ:tJ;[+- Ca ++ Modelo de silicato de tipo 2: 1 com deposições de hidróxidos de AI (ou .' Fe» entre as camadas expandidas [11.1]. Depósitos de hidróxidos de Fe e/ou AI TABELA 11.1 Teores totais de potássio em amostras de alguns solos da região sul do Estado do Rio Grande do Sul [11.2] Unidade de Material de K K mapeamento Classificação origem trocável total -------- mgjkg -------- Matarazo Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico granito 116 8500 típico Camaquã Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico granito 92 8000 típico Alto das Canas Argissolo Vermelho distrófico argilito 94 5700 latossólico Santa Tecla Argissolo Vermelho eutrófico arenito 66 6300 latossólico Tuia Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico sed. aren. 29 3525 arênico Bexigoso Luvissolo Hipocrômico órtico típico granito 100 23050 Pinheiro Machado Neossolo Litólico distrófico típico granito 136 28300 Pelotas Planossolo Hidrornórflco eutrófico sed. aluvial 84 6812 solódico Formiga Chernossolo Argilúvico carbonático sed. lacustre 68 6725 típico Bagé Luvissolo Hipocrômico órtico típico siltito 121 12075 Aceguá Vertissolo Ebânico órtico chernossólico argil. -siltito 297 15900 orgânica) em equilíbrio rápido com o K-solução; b) como K-fixado; e, c) como K-estrutural, fazendo parte da estrutura de minerais primários. Freqüentemente o termo "K não trocável" é utilizado para caracterizar todas 142 Fertilidade dos Solos e Manejo da Aduba4jão de Culturas as formas de potássio que não estão em equilíbrio rápido com o K-solução. 11.2.2 O potássio na solução do solo As plantas absorvem somente o íon potássio (K+) que se encontra na solução do solo. A concentração de potássio na solução, necessária para o crescimento vegetal,varia consideravelmente com a espécie e com o estádio de crescimento das plantas. O teor de K na solução do solo pode variar desde 1 mgjL de solução até 50 ou mais mgjL em solos bem supridos do nutriente ou recentemente fertilizados. Na Tabela 11.2 são mostrados os teores de K- trocável e de K-solução em amostras de solos de algumas unidades de mapeamento do Estado do Rio Grande do Sul, nas quais foram adicionadas diferentes quantidades de potássio. Pode-se observar que o K em solução depende das características químicas e mineralógicas dos solos. Por exemplo, os solos das unidades de mapeamento Passo Fundo e S. Jerônimo apresentam reores de K em solução de 22 e 9 mgjL, respectivamente, embora o K trocável seja o mesmo (100 rnq/drrr'), No solo arenoso da unidade de mapeamento 30m Retiro, o K em solução é maior que o K trocável, devido à baixa CTC. Este fato requer cuidados especiais no manejo da adubação potássica, :onforme será visto adiante. Unidade de K K mapeamento Classificação trocável solução rnq/drn? mg/L .o,ceguá Vertissolo Ebânico órtico chernossólico 200 10 3agé Luvissolo Hipocrômico órtico típico 90 10 30m Retiro Argissolo Vermelho distrófico arênico 25 46 ::ruz Alta Latossolo Vermelho distrófico típico 80 50 = echim Latossolo Vermelho aluminoférrico típico 95 5 :~iio de Castilhos Argissolo Vermelho-Amarelo alumínico típico 81 12 :Jasso Fundo Latossolo Vermelho distrófico típico 100 22 3âo Jerônimo Argissolo Vermelho distrófico típico 100 9 Santo Ângelo Latossolo Vermelho distrófico típico 150 6 - guaiana Chernossolo Ebânico carbonático vértico 90 11 acaria Latossolo Bruno alumínico câmbico 152 13 ABELA11.2 Teores de K-trocável e de K-solução em alguns solos do Estado do Rio Grande do Sul [11.5] 143 Carlos Alberto Bissani el til. 11.2.3 Poder tampão de potássio (PTK) 11.3 Disponibilidade de potássio para as plantas A relação entre a quantidade de potássio na forma sólida e a quantídacs de potássio presente na solução do solo é denominada de poder tampão G:: potássio. Muitos autores consideram, para fins práticos, que a simples relaçã: entre as quantidades de K-trocável/K-solução (KJKI) expressa o poder tarnpã; de potássio do solo (PTK). Assim, a partir da determinação do k-trocávcí ( e do K-solução (K1), pode-se obter uma estimativa da quantidade de potássi; que é necessária na fase sólida (como K-trocável) para manter urna determinada quantidade de K+ na solução. Os teores de K-trocável e o K- solução em alguns solos do Estado Rio Grande do Sul são mostrados nc Tabela 11.2. 11.3.1 Concentração do potássio na rizosfera Um nutriente é disponível para as plantas quando: a) está em solução ou pode passar rapidamente para a solução; b) pode mover-se até a superfície das raízes em tempo adequado pare o crescimento e desenvolvimentos das plantas; e, c) após absorvido pela raiz, afeta o ciclo de vida da planta. As plantas absorvem somente o potássio que se encontra na solução do solo (K-solução). Desta forma, para que o potássio que se encontra na fase sólida do solo fique disponível para as plantas, é necessário que passe para a solução do solo. Entretanto, somente a presença do potássio como íon K na solução do solo não assegura a sua disponibilidade, sendo necessário que ele alcance a superfície da raiz para que possa ser absorvido. O potássio trocável e o potássio na solução são, inicialmente, as formas do nutriente que podem estar disponíveis para as plantas. Solos com alto K- trocável, pelo seu rápido equilíbrio com o K+ solução, mantêm um alto gradiente de concentração, o que favorece a difusão do K+ para junto da superfície radicular. Na rizosfera (volume de solo compreendido numa distância de 0,1 a 1,5 mm da raiz), a concentração de potássio na solução do solo é praticamente igual a zero, quando as raízes das plantas estão absorvendo ativamente o nutriente. Assim se o solo tem a capacidade de manter uma alta concentração 144 Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubac;ão de Culturas de potássio na solução, o gradiente formado (diferença entre a concentração do potássio longe e próximo da raiz) proporciona um suprimento adequado do nutriente. Considerando que a difusão é responsável por mais de 80% do potássio que chega à superfície radicular (Tabela 11.3) a manutenção de um alto gradiente de difusão, adequado teor de umidade e bom crescimento radicular são essenciais para um bom suprimento de K para as plantas (item 11.4.2). Nos solos em que o argilomineral predominante é a caulinita (não possui -estrutural), o K-trocável pode ser a principal reserva do nutriente, tornando- se muito importante, neste caso, a manutenção de teores adequados no solo ela adubação potássica e pelo manejo correto do solo. 11.3.2 Contribuição de formas de potássio não trocável Os teores de K na solução em contato com as raízes das plantas que estão absorvendo ativamente nutrientes são muito baixos, provocando um ;'Odiente de concentração do íon, conforme foi visto no Capítulo 3. O esqotarnento do K em solução na rizosfera pode provocar a liberação de K de = rmas não trocáveis, mesmo em solos bem providos de K-trocável. As : antidades liberadas são proporcionais às quantidades de minerais primários :: secundários presentes e podem contribuir significativamente, junto com o -trocável, no suprimento para as plantas. Em solos onde ocorrem feldspatos micas, por exemplo, as plantas podem não responder à adubação : ássica. Em solos do Estado do Rio Grande do Sul, mesmo naqueles - nsiderados intemperizados, foi constatado, em estudos em casa de _ etação, que as plantas não adubadas com K absorveram potássio das :""Tlas não trocáveis em quantidades muito superiores àquelas presentes na _-ma de K-trocável, como mostrado na Tabela 11.3. Deve-se entretanto altar que as plantas, após os primeiros cortes, estavam crescendo em _ s com teores muito baixos de K-trocável, forçando a dissolução de K de as não trocáveis, e com baixa produção de matéria seca. A absorção de K das formas não trocáveis pelas plantas é difícil de ser aliada. A caracterização mineralógica quantitativa pode ser, entretanto, de 'dade para avaliar a disponibilidade deste nutriente a curto, médio e longo ::2OS. Em culturas de crescimento lento (reflorestamento), a liberação de K - 'ermas não trocáveis pode ser fonte apreciável deste nutriente para as _ tas. Da mesma forma, não existem informações sobre o aproveitamento _ ootássio de camadas mais profundas do solo, já que as raízes podem 145 Carlos Alberto Bissani el 111. explorar um volume de solo maior do que aquele coletado nas amostras. TABELA 11.3 Formas e quantidades de potássio absorvido por azevém perene - cultivado em alguns solos do estado do Rio Grande do Sul [11.3] Unidade Material de K-total (Classificação) origem Potássio absorvido pelo azevém Trocável Não trocável Total mg/Kg ------------ mg de K por vaso ------------- S. Ângelo (LVdf) Basalto 1960 17 399 416 Durox (LVdf) Basalto 4560 45 400 445 Vacaria (LBc) Basalto 2600 44 412 456 Charrua (RLe) Basalto 6400 313 427 740 Osório (RGo) Sed. Costeiros 2080 13 257 270 Guaíba (RU) Sed. ALuvial 12000 122 426 548 Gravataí (Pvd) Arenito-argilito 14200 17 442 459 (1) em 7 cortes 11.3.3 Avaliação da disponibilidade do potássio Diversos métodos podem ser utilizados para avaliar a quantidade de potássio disponível para as plantas. Para quantificar a capacidade potencial do solo em suprir potássio, são utilizados extratores que dissolvem os minerais, como o ácido fluorídrico. Obtém-se, desta forma o K total do solo. Os valores para K total dos solos relacionados nas tabelas 11.1 e 11.3 foram obtidos por dissolução com ácido fluorídrico. Os laboratórios de análises de solo para fins de recomendação de adubação potássica, quantificam somente aquelas formas de potássio que podem ter disponibilidade imediata às plantas, usando para tal ácidos fortes diluídos, sais neutros ou resinas trocadoras de cátions. Estes extraem somente o potássio que se encontra na forma trocável (K-trocável) e o que se encontra nasolução do solo (K-solução). Os laboratórios de análises de solo dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina utilizam o extrator Mehlich-1 (uma mistura de ácidos fortes diluídos), para avaliar o K-trocável mais o K-solução (Capítulo 6). O teor de suficiência de K no solo pode variar de 35 a 90 mq/drrr', conforme a CTC do solo (Capítulo 7). Esta variação no teor de suficiência de K visa a manter a proporção de aproximadamente 1,5% da saturação da CTC por K. 146 Fertilidade dos Solos e Manejo da Aduba~ão de Culturas As quantidades de K extraído por resina de troca aniônica são semelhantes às extraídas pelo extrato r Mehlich-1 (frações K-trocável + K- solução). 11.4 Respostas das culturas ao potássio Quando o solo apresenta baixos teores de potássio, as plantas respondem significativamente à adubação potássica. Na Tabela 11.4, são apresentadas as respostas da soja à adubação potássica em um latossolo do Estado do Rio Grande do Sul; pode-se observar também que os rendimentos -.,aiselevados foram obtidos com teores de K trocável no solo superiores a 80 gjdm3. O levantamento dos resultados de análises de solo feitas no ano de 2000 o Estado do Rio Grande do Sul [1.3J, mostrou que aproximadamente 73% jas amostras apresentaram teores de K no solo superiores a 80 rnq/drrr' Capítulo 1). ABELA11.4 Efeitos da adubação potássica no rendimento de grãos de soja e no teor de K- trocável em Latossolo Vermelho Escuro distrófico do RS [11.4] Doses Rendimento I Safras de K20 Teor no solo 72/73 73/74 74/75 75/76 76/77 kg/ha O Rendimento (1) 2118 1597 1755 1075 1381 K trocável (1) 91 59 62 39 55 50 Rendimento 2397 1981 2541 1592 1817 K trocável 102 100 86 67 82 100 Rendimento 2560 2034 2772 1794 1980 K trocável 119 100 140 103 87 endimento em kg/ha e K-trocável em rnq/drrr' de solo. Os solos, devido às suas características físicas, químicas e minera lógicas - intas, apresentam disponibilidade diferenciada de potássio, com diferentes postas das culturas. As características dos solos também determinam a _-ática da adubação potássica. Solos argilosos, por exemplo, que têm maior 147 Carlos A1berfo Bissani ellll. CTC, podem receber adubações maiores de potássio que solos arenosos, q i: têm baixa CTC. Nestes, o potássio deve ser aplicado em quantidades menor- e com maior freqüência. 11.5 Fatores que afetam a disponibilidade do potássio Fatores físicos, químicos e biológicos do solo podem afetar a quantida ~ disponível de potássio a curto, médio ou longo prazos. Entre outros, pode- : destacar o material de origem e grau de intemperização, a mineralogia, a CTC a textura, o pH do solo e as características das plantas cultivadas. 11.5.1 Material de origem e grau de intemperização Solos derivados de granito, de argilitos e de siltitos geralmente contêr altos teores de potássio enquanto os derivados de basalto apresentam baixos teores totais deste nutriente. Em solos de regiões temperadas, ou em SOI05 pouco desenvolvidos, as micas e os feldspatos potássicos são importantes fontes deste elemento. Por outro lado, estes minerais já foram quase o totalmente intemperizados nos latossolos de regiões tropicais, onde a caulinitc e os óxidos de Fe e AI, que não apresentam K na estrutura, são os argilominerais predominantes nestes solos. 11.5.2 Mineralogia A composição mineralógica do solo afeta a quantidade total e a disponibilidade do potássio no solo. Solos que contém minerais primários (micas e feldspatos) apresentam altos teores de K total. Os argilominerais secundários formados durante o intemperismo, também afetam a disponibilidade do nutriente. Solos em que o argilomineral dominante é a caulinita, por exemplo, têm baixos teores de K total. Solos que contém vermiculita podem fixar potássio, dificultando o manejo deste nutriente. A CTC do solo depende também da quantidade e dos tipos das argilas presentes, que afetam o poder tampão de potássio. 11.5.3 Capacidade de troca de cátions (CTC) Solos com maior CTC retêm mais potássio na fase sólida, diminuindo as perdas por lixiviação. Apresentam, também, maior capacidade de manter alto 148 Fertilidade dos 5010s e Manejo da Aduba~ão de Culturas o K+da solução e conseqüentemente o gradiente de concentração. 11.5.4 Textura Os solos argilosos retêm mais água que os solos arenosos. O teor de água volumétrica afeta diretamente a difusão do potássio no solo. Uma redução na quantidade de água volumétrica do solo, no caso de deficiência hídrica, provoca diminuição da quantidade de potássio que se difunde no solo em direção às raízes (Capítulo 3). 11.5.5 pH do solo A elevação do pH aumenta a quantidade de cargas negativa do solo CTC pH dependente) e, assim, há maior retenção de potássio e de outros cátions na fase sólida do solo, com menores perdas por Iixiviação. O manejo visando a manter ou aumentar o teor de matéria orgânica dos solos arenas é essencial para assegurar níveis adequados da CTe. A maior .contede cargas negativas nestes solos é devida à matéria orgânica. Grandes quantidades de Ca e de Mg podem ser adicionadas ao solo pela calaqern, com o objetivo de neutralizar a acidez potencial (Capítulo 12). A ~elação entre o K e os íons divalentes é assim alterada. A lixiviação do K- solução pode ser favorecida em solos com baixa CTe. Este efeito entretanto é geralmente compensado pelo aumento de cargas negativas do solo (CTC H-dependente). A aplicação de gesso ao solo (CaS04• 2H20) pode favorecer o eslocamento do potássio da camada arável para as camadas mais profundas : solo. Em culturas perenes o gesso também é utilizado visando a favorecer _ deslocamento do potássio para o subsolo, para ficar disponível às raízes que se encontram nesta profundidade (ver capítulo 10). 11.5.6 Fatores de planta A morfologia do sistema radicular e o poder de absorção de nutrientes 5 raízes afetam as quantidades de potássio que podem ser absorvidas ~as/plantas, e conseqüentemente, o rendimento. Plantas que apresentam ema radicular bem desenvolvido, abundância de raízes finas e de pêlos :: sorventes, são mais eficientes em absorver o potássio do solo. Solos que :: resentem impedimento ao desenvolvimento das raízes, como presença de ~ementas tóxicos, ou que se apresentem compactados, não permitem a 149 Carlos Alberto Bissani et 111. expansão do sistema radicular, limitando a absorção dos nutrientes e da ág ~ Espécies e mesmo genótipos de plantas dentro da mesma espé = podem apresentar diferenças acentuadas na morfologia do sistema radicula e na capacidade de absorção de nutrientes do solo. 11.6 Adubos potássicos Os adubos potássicos podem ser de origem orgânica (composto) _ inorgânica (mineral). Os de origem orgânica apresentam, em geral, baix teores do elemento «0,5% de K20). Os de origem inorgânica são obtidos ce rochas potássicas e, conforme sua composição, processo de extração e beneficiamento industrial, podem conter até 60% de potássio (expresso :: forma de K20). Todos os adubos potássicos comercializados têm ai solubilidade em água. Os principais adubos potássicos de origem mineral sã a) Cloreto de potássio - contém 58% de K)O e 47% de cloro. Apresenta- se no mercado em cor branca e rosada a levemente avermelhadc Devido ao elevado teor de cloro apresenta restrições ao uso ne cultura do fumo, por interferir na combustão do produto fina (cigarro). Em outras solanáceas, como na batatinha, o cloro reduz - produção do amido; b) Sulfato de potássio - contém 48% de K20, 1 a 2% de cloro e 15 - 17% de enxofre. Também é totalmente solúvel em água; c) Nitrato de potássio - contém 13% de nitrogênio (N03-) e 46% de K20. É muito usado na cultura do fumo por não conter cloro e com fonte de nitrogênio e potássio. Pode ser também usado err aplicações em cobertura em fruticultura; e, d) Sulfato de potássio e magnésio - contém 18% de potássio (K20), 22 a 23% de enxofre (S) e 4,5% de Mg. É bastante utilizado na cultura do fumo como fonte de potássio e de magnésio. Os adubos potássicos (principalmente o cloreto de potássio) não deverr ser colocados próximos dassementes devido à sua alta salinidade, o que pode resultar em seca fisiológica das raízes das plantas. 11.7 Expressão do teor de potássio em adubos O teor de K em adubos é expresso em KP, embora este composto não ocorra em adubos, por ser instável. 150 Fertilidade dos Solos e Manejo da Aduba~ão de Culturas As recomendações de adubação são feitas em kg de KP lha (ver tabelas de recomendações). Como o K20 contém 83% de K, pode-se utilizar o fator de 100/83 = 1,20 para calcular o teor de K em adubos potássicos. Por exemplo, um adubo potássico com 57% de KP contém 57/1,20 = 47,5% de K. Geralmente o teor de K dos adubos orgânicos e do tecido de plantas é expresso em % de K (mim). O equivalente em K20 é calculado multiplicando- se o teor de K por 1,20. 11.8 Você sabia? 11.8.1 Teor de K na análise do solo Porquê o teor de K em alguns solos adubados (Tabela 8.1) nem sempre é bastante maior do que no tratamento sem adubação? 11.8.1 Eficiência da adubação Os teores de K no solo ao final do experimento apresentado no Anexo - foram baixos, mesmo no tratamento com a maior aplicação de KCI. Porque o foi observado? Calcule a eficiência de absorção do K do KCI pela aveia. 151
Compartilhar