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FAKE NEWS E O SUPORTE SOCIAL AO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL E AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL_Versao Final_CC15-04 (1)

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UNIVERSIDADE POSITIVO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FAKE NEWS E O SUPORTE SOCIAL AO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL E 
AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 
 
 
CAROLINE CORADASSI ALMEIDA SANTOS 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Edson Ronaldo Guarido Filho 
 
 
Tese de Doutorado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA – PR 
2023 
UNIVERSIDADE POSITIVO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FAKE NEWS E O SUPORTE SOCIAL AO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL E 
AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 
CAROLINE CORADASSI ALMEIDA SANTOS 
 
Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em 
Administração da Universidade Positivo como requisito 
parcial à obtenção do grau de Doutora em Administração. 
Aprovada pela seguinte comissão examinadora: 
 
______________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Edson Ronaldo Guarido Filho, Universidade Positivo - UP, Orientador. 
 
______________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Tomas de Aquino Guimarães, Universidade de Brasília - UNB, Examinador Externo. 
 
______________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Samir Adamoglu de Oliveira, Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Examinador 
Externo. 
 
______________________________________________________________________ 
Prof. Dra. Maria Tereza Uilie Gomes, Universidade Positivo - UP, Examinador Interno. 
 
______________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Luiz Gustavo Alves de Lara, Universidade Positivo - UP, Examinador Interno. 
 
 
CURITIBA – PR, 23 de março de 2023. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Biblioteca Central - Universidade Positivo - Curitiba - PR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 S237 Santos, Caroline Coradassi Almeida. 
 
 Fake news e o suporte social ao Tribunal Superior Eleitoral e ao 
Supremo Tribunal Federal / Caroline Coradassi Almeida Santos. ― 
Curitiba : Universidade Positivo, 2023. 
 176 f. ; il. 
 
 Tese (Doutorado) – Universidade Positivo, Programa 
 de Pós-Graduação em Administração, 2023. 
 Orientador: Prof. Dr. Edson Ronaldo Guarido Filho. 
 
 
 1. Legitimidade. 2. Reputação. 3. Confiança. 4. Tribunais. 5. 
Administração da justiça. I. Guarido Filho, Edson Ronaldo. II. Título. 
 
 CDU 65:34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais. 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus. 
À minha família, por me dar o suporte emocional necessário durante a jornada de 
aprendizado, de crescimento, mas também de dificuldades. Agradeço especialmente ao meu 
esposo e aos meus pais. 
Ao PPGA/UP, por permitirem meu ingresso e a vivência de todo esse processo. Foram 
dias enriquecedores e momentos compartilhados com um grupo de docentes dedicados e 
atenciosos. 
Ao meu orientador, Prof. Dr. Edson Ronaldo Guarido Filho, por todo apoio, dedicação, 
orientações e, sobretudo, os desafios, que tanto me fizeram evoluir como profissional e pessoa, 
obrigada! Também agradeço ao Prof. Dr. conversas, spela ,Samir Adamoglu de Oliveira
imento da minha orientações e trocas, pois permitiram reflexões essenciais para o desenvolv
ajudou a e que contribuiu ,Mario Procopiuk Prof. Dr.ao sou grata ,pesquisa. Da mesma forma
 pesquisa. àvinculados compreender aspectos necessários melhor 
Aos amigos Ana Claudia de Batista Fernandes, Bruno Batista de Carvalho Luz, Carolina 
Fátima de Souza Alves, Fabieli Fernandes Campos Higashiyama, Josiane Santiago e Rafael 
Carvalho Machado, que foram extremamente importantes neste momento, contribuindo 
imensamente em todas as fases do processo de doutoramento. 
Aos professores e amigos da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), 
Jéssica de Castro, Marcos de Castro e Luciano Ferreira de Lima, pois despertaram em mim a 
possibilidade de cursar o doutorado e contribuíram com a minha trajetória acadêmica desde o 
mestrado. 
À minha amiga, Roseli Machado, aquela que sempre esteve comigo desde o início da 
minha jornada acadêmica. Eu agradeço imensamente por sua constante presença, por me ouvir 
e me dar conselhos valiosos. Sinto-me abençoada por ter você como uma amiga tão incansável 
e dedicada. Muito obrigada por tudo o que você fez e faz por mim. 
Aos professores da banca de qualificação e defesa, Prof. Dr. Samir Adamoglu de 
Dr. e Prof. Tomas Aquino GuimaraesProf. Dr. ,Maria Tereza Uille Gomes ªDr. ªProf. Oliveira,
. Luiz Gustavo Alves de Lara 
RESUMO 
Esta pesquisa aborda como as organizações da justiça em contexto de fake news respondem aos 
efeitos sobre o suporte social que influenciam o contexto institucional. O objetivo foi analisar 
como a relação entre fake news e o suporte social de organizações da justiça influenciou o 
arranjo institucional diante das reações manifestadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e 
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil, no período de 2018 a 2022. Para tanto, foram 
realizados três estudos. O primeiro discutiu acerca das fake news como componente que faz 
parte do ambiente das organizações da justiça, em especial, o âmbito eleitoral, por isso, a 
escolha pelo TSE e STF. A intenção foi compreender como as fake news afetam as organizações 
da justiça e quais são as possíveis consequências quando essas instituições são objeto direto ou 
indireto das notícias. As fake News, como parte do contexto de influência indireta de 
organizações da justiça, estão no debate público e, nele, pode haver referências às organizações-
objeto. Buscou-se também mapear o debate público em torno das fake news e a sua relação com 
aspectos ligados à jurisdição das organizações-objeto: quem são as vozes (atores), quais os 
frames e como a organização-objeto participa é representada nesse debate. A ideia foi mapear 
o debate em nível de campo. Além disso, entende-se também o contexto de influência direta 
sobre organizações da justiça. Nesse caso, a organização é alvo e objeto das fake news. Não se 
trata de definir, a priori, o que é ou não fake news, mas de mapear o que é apresentado como 
tal pela própria organização-objeto ou por outros atores do campo. Este primeiro estudo teórico-
empírico evidenciou que o contexto das fake news tem elementos que desestabilizam (ou tem 
um potencial desestabilizador) o suporte social das organizações da justiça, tais como a quebra 
de confiança, o questionamento sobre legitimidade e as indagações em nível organizacional e 
institucional. O segundo estudo descreveu as reações das organizações da justiça e seu efeito 
no arranjo institucional. As fake news provocam reações que se dão em dois níveis, quando 
objeto ou não, de forma direta e indireta, e em duas formas de expressão de defesa: da 
organização e da instituição. Partindo da premissa que as fake news ameaçam o suporte social 
dos tribunais superiores, que são organizações institucionalizadas e têm capital institucional 
acumulado e, por isso, suas reações às tensões sobre o suporte social são específicas, foi 
necessário descrever e tipificar tais reações. O terceiro estudo analisou quais as mudanças no 
arranjo institucional associadas à ocorrência das fake news, construindo-se uma análise sobre 
as implicações e possíveis mudanças no contexto institucional mediante aquilo que os artigos 
(i), (ii) e (iii) encontraram. Por fim, foram articulados os demais, visando a explicitar 
mecanismos que explicam a mudança institucional à luz das reações manifestadas pelo TSE e 
STF diante da ocorrência de fake news que tensionam seu suporte social. Entende-se que 
organizações institucionalizadas estão sujeitas à avaliação social e têm mais capital institucionalpara mudar as estruturas institucionais. 
 
Palavras-chave: legitimidade; reputação; confiança; tribunais; administração da justiça. 
 
ABSTRACT 
 
 
This research addresses how justice organizations in the context of fake news respond to the 
effects on social support that influence the institutional context. The objective was to analyze 
how the relationship between fake news and social support of justice organizations influenced 
the institutional arrangement in the face of reactions manifested by the Brazilian Federal 
Supreme Court (STF) and the Superior Electoral Court (TSE) from 2018 to 2022. For this 
purpose, three studies were conducted. The first discussed fake news as a component that is 
part of the environment of justice organizations, particularly in the electoral scope, which is 
why TSE and STF were chosen. The intention was to understand how fake news affects justice 
organizations and what possible consequences there are when these institutions are the direct 
or indirect object of the news. Fake news, as part of the context of indirect influence on justice 
organizations, are in the public debate, and references to the object organizations may be made 
therein. The aim was also to map the public debate around fake news and its relationship with 
aspects related to the jurisdiction of the object organizations: who are the voices (actors), what 
are the frames, and how the object organization participates and is represented in this debate. 
The idea was to map the debate at the field level. In addition, the context of direct influence on 
justice organizations was also understood. In this case, the organization is the target and object 
of fake news. It is not about defining a priori what is or is not fake news, but about mapping 
what is presented as such by the object organization itself or by other actors in the field. This 
first theoretical-empirical study showed that the context of fake news has elements that 
destabilize (or have a potential for destabilization) the social support of justice organizations, 
such as the breakdown of trust, questioning of legitimacy, and inquiries at the organizational 
and institutional levels. The second study described the reactions of justice organizations and 
their effect on the institutional arrangement. Fake news provokes reactions that occur at two 
levels, when they are the direct or indirect object, and in two forms of defense expression: of 
the organization and of the institution. Starting from the premise that fake news threatens the 
social support of the higher courts, which are institutionalized organizations and have 
accumulated institutional capital, and therefore their reactions to tensions on social support are 
specific, it was necessary to describe and typify such reactions. The third study analyzed the 
changes in the institutional arrangement associated with the occurrence of fake news, 
constructing an analysis of the implications and possible changes in the institutional context 
based on what articles (i), (ii), and (iii) found. Finally, the remaining studies were articulated to 
explain the mechanisms that explain institutional change considering the reactions manifested 
by TSE and STF in the face of the occurrence of fake news that tension their social support. It 
is understood that institutionalized organizations are subject to social evaluation and have more 
institutional capital to change institutional structures. 
 
Key words: judiciary, judicial performance, court management, judges. 
 
RESUMEN 
 
Esta investigación aborda cómo las organizaciones de justicia en el contexto de las noticias 
falsas responden a los efectos sobre el apoyo social que influyen en el contexto institucional. 
El objetivo fue analizar cómo la relación entre las noticias falsas y el apoyo social de las 
organizaciones de justicia influyó en el arreglo institucional ante las reacciones manifestadas 
por el Supremo Tribunal Federal (STF) y el Tribunal Superior Eleitoral (TSE) en Brasil, en el 
período de 2018 a 2022. Para ello, se realizaron tres estudios. El primero discutió sobre las 
noticias falsas como componente que forma parte del entorno de las organizaciones de justicia, 
en especial en el ámbito electoral, por lo que se eligió el TSE y el STF. La intención fue 
comprender cómo las noticias falsas afectan a las organizaciones de justicia y cuáles son las 
posibles consecuencias cuando estas instituciones son objeto directo o indirecto de las noticias. 
Las noticias falsas, como parte del contexto de influencia indirecta de las organizaciones de 
justicia, están en el debate público y en él puede haber referencias a las organizaciones-objeto. 
También se buscó mapear el debate público en torno a las noticias falsas y su relación con 
aspectos relacionados con la jurisdicción de las organizaciones-objeto: quiénes son las voces 
(actores), cuáles son los marcos y cómo participa o es representada la organización-objeto en 
este debate. La idea fue mapear el debate a nivel de campo. Además, se entiende también el 
contexto de influencia directa sobre las organizaciones de justicia. En este caso, la organización 
es el blanco y objeto de las noticias falsas. No se trata de definir de antemano qué es o no es 
una noticia falsa, sino de mapear lo que es presentado como tal por la propia organización-
objeto u otros actores del campo. Este primer estudio teórico-empírico evidenció que el 
contexto de las noticias falsas tiene elementos que desestabilizan (o tienen un potencial 
desestabilizador) el apoyo social de las organizaciones de justicia, como la ruptura de la 
confianza, el cuestionamiento de la legitimidad y las interrogantes a nivel organizacional e 
institucional. El segundo estudio describió las reacciones de las organizaciones de justicia y su 
efecto en el arreglo institucional. Las noticias falsas provocan reacciones que ocurren en dos 
niveles, ya sea como objeto directo o indirecto, y en dos formas de expresión de defensa: de la 
organización y de la institución. Partiendo de la premisa de que las noticias falsas amenazan el 
apoyo social de los tribunales superiores, que son organizaciones institucionalizadas y tienen 
capital institucional acumulado, y por lo tanto sus reacciones a las tensiones sobre el apoyo 
social son específicas, fue necesario describir y tipificar tales reacciones. El tercer estudio 
analizó qué cambios en el arreglo institucional están asociados con la ocurrencia de noticias 
falsas, construyendo un análisis sobre las implicaciones y posibles cambios en el contexto 
institucional en función de lo encontrado en los artículos (i), (ii) y (iii). Finalmente, se 
articularon los demás, con el objetivo de explicitar los mecanismos que explican el cambio 
institucional a la luz de las reacciones manifestadas por el TSE y STF frente a la ocurrencia de 
noticias falsas que tensionan su apoyo social. Se entiende que las organizaciones 
institucionalizadas están sujetas a la evaluación social y tienen más capital institucional para 
cambiar las estructuras institucionales. 
 
Palabras llave: legitimación; Soporte; confianza; tribunales; administración de justicia. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 Elementos importantes na manutenção da reputação e confiança..................................29 
Figura 2 Modelo teórico...............................................................................................................44 
Figura 3 Resumo do percurso da pesquisa...................................................................................49 
Figura 4 Palavras mais citadas em documentos da CPMI e do Inquérito das fake news.............65 
Figura 5 Fake news e eleições......................................................................................................66 
Figura 6 Fake news no Brasil e no mundo...................................................................................66 
Figura 7 Contexto de fake news envolvendo TSE e STF.............................................................72Figura 8 Participação das agências de fact-cheking no contexto de fake news envolvendo 
TSE e STF... ...............................................................................................................73 
Figura 9 Implicações das fake news sobre o suporte social.........................................................85 
Figura 10 Principais reações e enfrentamento às fake news........................................................92 
Figura 11 Comportamento das reações ao longo dos anos..........................................................94 
Figura 12 Principais tipos de propostas incluídas nos Projetos de Lei .......................................95 
Figura 13 Principais propostas presentes nos Projetos de Lei para combater as fake news........98 
Figura 14 Teor das jurisprudências sobre fake news..................................................................100 
Figura 15 Suporte Social ...........................................................................................................123 
Figura 16 Modelo de mudança institucional..............................................................................137 
Figura 17 Modelo de alteração do arranjo institucional.............................................................138 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 Classificação dos etapas que compõem a pesquisa ................................................... 15 
Tabela 2 Fonte de dados ......................................................................................................... 500 
Tabela 3 Procedimentos de coleta ............................................................................................ 51 
Tabela 4 Dados coletados parte 1 ............................................................................................. 52 
Tabela 5 Dados coletados parte 2 ............................................................................................. 53 
Tabela 6 Tabela de Processo de Classificação das Fake News ................................................ 54 
Tabela 7 Categorias, significados e condições - Parte 1 ........................................................... 56 
Tabela 8 Categorias, significados e condições - Parte 2 ........................................................... 57 
Tabela 9 Fake News e termos correlatos .................................................................................. 61 
Tabela 10 Segmentos codificados ............................................................................................ 64 
Tabela 11 Segmentos codificados sobre conceito de fake news ............................................... 67 
Tabela 12 Segmentos codificados sobre operacionalização das fake news .............................. 68 
Tabela 13 Configuração do debate público envolvendo TSE e STF ........................................ 71 
Tabela 14 Frames e suas tensões sobre suporte social ............................................................. 75 
Tabela 15 Implicações do debate .............................................................................................. 86 
Tabela 16 Reações ao fenômeno das fake news ....................................................................... 92 
Tabela 17 Determinação judicial e o teor da reclamação ....................................................... 101 
Tabela 18 Desdobramentos das reações ................................................................................. 124 
Tabela 19 Decisões/ Jurisprudências em destaque ................................................................. 173 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 
 
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: A COMPLEXIDADE DAS FAKE NEWS ....................................... 13 
1.1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................................... 14 
1.3 OBJETIVOS DE PESQUISA E ESTRUTURA DA TESE .............................................................. 14 
1.3.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14 
1.3.2 DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS QUE COMPÕEM A PESQUISA ...................................................... 15 
1.4 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA .................................................................................. 19 
 
2 PERCURSO TEÓRICO: COMPLEXIDADE DAS INSTITUIÇÕES, SUPORTE 
SOCIAL E MUDANÇA INSTITUCIONAL ........................................................................ 22 
2.1 ANÁLISE INSTITUCIONAL ................................................................................................... 22 
2.2 SUPORTE SOCIAL ................................................................................................................ 26 
2.3 MUDANÇA INSTITUCIONAL ................................................................................................ 33 
2.4 O OBJETO DE ESTUDO: AS FAKE NEWS EM UM RESGATE HISTÓRICO ................................ 37 
2.5 INTEGRAÇÃO ENTRE CONCEITOS ....................................................................................... 39 
 
3 MÉTODO ............................................................................................................................. 44 
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................................... 44 
3.2 CATEGORIAS ANALÍTICAS E DEFINIÇÕES .......................................................................... 45 
3.2.1 DEFINIÇÃO DE OUTROS TERMOS RELEVANTES .................................................................. 46 
3.3 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA ................................................................................. 47 
3.4 ETAPAS DE PROJETO E PESQUISA ....................................................................................... 48 
3.4.1 ETAPA EXPLORATÓRIA ...................................................................................................... 48 
3.4.2 ETAPA DESCRITIVA ........................................................................................................... 49 
3.4.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS ......................................................................... 50 
3.4.3.1 Critérios de inclusão parte 1 ......................................................................................... 53 
3.4.4 PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................. 55 
3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................................. 57 
 
4 A OCORRÊNCIA DE FAKE NEWS E AS TENSÕES SOBRE O SUPORTE SOCIAL 
DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE) E DO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL (STF) .................................................................................................................... 59 
4.1 FAKE NEWS, AGENDA SETTING E SUPORTE SOCIAL: CONCEITO E POSSIBILIDADES ........... 60 
4.2 FAKE NEWS NO CONTEXTO DOS TRIBUNAIS ....................................................................... 63 
4.3 O FENÔMENO E AS PRESSÕES SOBRE AS INSTITUIÇÕES ..................................................... 74 
4.4 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS ................................................................................ 84 
 
5 FAKE NEWS E AS REAÇÕES MANIFESTADAS PELOS TRIBUNAIS .................... 88 
5.1 AS REAÇÕES DEMONSTRADAS PELOS TRIBUNAIS .............................................................. 91 
5.1.1 REAÇÕES DIRETAS .......................................................................................................... 102 
5.1.2 REAÇÕES INDIRETAS ....................................................................................................... 104 
5.2 APROFUNDAMENTO TEMÁTICO SOBRE REAÇÕES MANIFESTADAS PELOS TRIBUNAIS .... 109 
5.3 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS ..............................................................................122 
 
6 A MUDANÇA INSTITUCIONAL À LUZ DAS REAÇÕES MANIFESTADAS PELO 
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL E PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
DIANTE DA OCORRÊNCIA DE FAKE NEWS QUE TENCIONAM SEU SUPORTE 
SOCIAL ................................................................................................................................. 127 
6.1 O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES ............................................................................................. 128 
6.2 EFEITOS DAS FAKE NEWS SOBRE O SUPORTE SOCIAL E MUDANÇA INSTITUCIONAL ........ 131 
6.2.1 MUDANÇAS INSTITUCIONAIS IDENTIFICADAS A PARTIR DO CONTEXTO DE FAKE NEWS NO 
ÂMBITO ELEITORAL ................................................................................................................. 133 
6.3 IMPLICAÇÕES E MUDANÇAS NO ARRANJO INSTITUCIONAL-LEGAL ...................................... 137 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 153 
7.1 ALCANCE DOS OBJETIVOS ................................................................................................ 155 
7.2 INDICAÇÃO DE NOVOS ESTUDOS ....................................................................................... 160 
 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 162 
ANEXO 1. JURISPRUDÊNCIAS EM DESTAQUE ......................................................... 173 
ANEXO 2. REFERÊNCIA LEGISLATIVA EM DESTAQUE ....................................... 176 
 11 
1 Introdução 
 
Diante da revolução comunicacional e tecnológica, o fenômeno das fake news é capaz 
de produzir efeitos relacionados ao momento de apropriação de verdades construídas, 
disputadas e conceituais. Não se trata apenas de algo ser verdadeiro ou não, mas daquilo que é 
veiculado como uma notícia ou um fato e, consequentemente, visualizado, compartilhado e 
interpretado pelo público. Assim como os conhecimentos científicos podem ser verdades 
temporárias mediante novas descobertas, essa lógica tem sido adotada e aplicada às fake news 
como disputa narrativa que explicita o conceito de construção baseada em uma significante 
experiência em compreender os efeitos da verdade. Esses, por sua vez, corroboram ou 
contrariam crenças, o que, de certo modo, pode representar uma ameaça ao contexto social e 
produzir assimetrias, injustiças e mudanças (Giddens, 2003). 
Discorrer sobre o problema de notícias falsas não parece algo novo, embora tenha uma 
configuração diferente na atualidade em relação ao passado. A diferença está em uma questão 
de massa, isto é, na elevada produção de notícias fraudulentas que se beneficiam de várias 
formas. No entanto, as fake news não só produzem um efeito sobre as organizações que são seu 
alvo, mas também provocam reverberações que vão além do seu objeto, gerando consequências 
para a sociedade como um todo, a exemplo de uma mudança na interpretação da democracia, 
uma alteração nas regras eleitorais ou até nos limites sociais em torno do que é ou não 
censurado. Enfim, elementos importantes são afetados por esse contexto. 
As fake news estão presentes no contexto institucional dos tribunais e têm provocado 
diversos efeitos. As organizações são, ao mesmo tempo, atores e alvo; elas reagem, e a sua 
atitude interfere no contexto institucional, criando interpretações e regras, o que permite um 
movimento de reconfiguração. Entende-se que esta proposta constrói uma análise que envolve 
as organizações e o ambiente, em específico, uma avaliação institucional de um contexto que é 
permeado por um elemento de recente destaque, as fake news. Trata-se, desse modo, de uma 
investigação da relação entre a organização versus o ambiente diante do fenômeno das fake 
news, as quais influenciam o suporte social. O termo suporte social representa manifestações 
de apoio público às organizações da justiça e é averiguado operacionalmente em torno de 
avaliações em nível institucional e organizacional, tais como a legitimidade, a reputação e a 
confiança. 
12 
 
Os tribunais enfrentam um problema institucional e real que está presente no dia a dia 
da sociedade. Frequentemente, vemos o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior 
Eleitoral (TSE) em meio a um debate público envolvendo as fake news, como ocorre em 
situações relacionadas ao processo eleitoral. Os tribunais, diante de questionamentos e notícias 
fraudulentas, têm reagido por meio de ações, de processos, de inquéritos, de amplos debates, 
de seminários, de projetos de lei e de novas ferramentas que estão sendo implantadas nessas 
organizações em decorrência do fenômeno, por isso, a necessidade em compreendê-lo. 
Um caso recente no Brasil ocorreu em 2018, quanto o TSE foi alvo de campanha que 
questionava a credibilidade do resultado das eleições e do funcionamento das urnas eletrônicas, 
que, em tese, poderiam comprometer um ativo da democracia. A justiça eleitoral estava sendo 
questionada, ou seja, implicações sobre a avaliação social e a sua legitimidade. Aqui cabe uma 
ressalva; deve-se entender que o TSE, além de uma organização, é uma instituição dotada de 
dois papéis e tida como ambígua, pois atua em nível operacional e de justiça. As eleições 
representam a renovação de um ritual democrático, o TSE tem um funcionamento que 
compreende questões jurisdicionais sobre as candidaturas e a prestação de contas, em seu papel 
de administrar as eleições. 
Então, tem-se notado um movimento de reação de diversas organizações, como o 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, em 2019, promoveu um debate sobre a busca de 
possíveis soluções institucionais, de mecanismos para minimizar o efeito do fenômeno sobre a 
democracia, de questões envolvendo os próprios valores democráticos, a reputação e o processo 
eleitoral. Outros exemplos, em 2020, envolveram o inquérito das fake news, que teve amplo 
debate no poder judiciário em função dos ataques a autoridades e instituições, além de 
campanhas realizadas pelo CNJ e pelo TSE para combater as notícias falsas. Em suma, todos 
esses exemplos demonstram a vulnerabilidade do suporte social dos tribunais. 
A discussão sobre as fake news chegou ao âmbito político e jurídico por meio de notícias 
cuja intenção é gerar dano a outrem, indivíduos e/ou organizações, e ao apoio social que têm. 
Nesse contexto, surge a necessidade de regulamentar o uso de plataformas como intuito de 
impedir que notícias inverídicas, fora de contexto ou com a intenção de gerar dano perturbem 
a vida em sociedade. A questão da regulação é outro desafio que se apresenta aos tribunais. 
Existe um esforço nacional e internacional para se conquistar tal regulamentação. Entretanto, 
trata-se de um espaço público que é constituído por relações de direito privado. Isso pode ser 
exemplificado quando alguém celebra um contrato com empresas como o Facebook; ao assinar 
os termos de uso e de compromisso, estabelece-se, em primeiro plano, uma relação bilateral 
13 
 
contratual, mas se gera um efeito na produção de conteúdo em um espaço público permeado 
pelo princípio da liberdade de expressão. 
 Diante do que foi exposto, entendemos, nesta pesquisa, o fenômeno das fake news como 
um elemento que tem demonstrado novas formas e configurações de disseminar conteúdos e 
informações sobre os mais diversos temas, inclusive no âmbito eleitoral e dos tribunais, o que 
nos motiva a melhor compreendê-lo esse. 
 
1.1 Definição do problema: a complexidade das fake news 
 
Os tribunais, ao longo do tempo, têm participado de forma direta e indireta em debates 
públicos que, por vezes, questionam suas decisões e ações e são caracterizados por uma tensão 
e uma avaliação social. Recentemente, protestos contra o STF e, também, ações de outros 
tribunais, não só no Brasil, mas em diversas regiões do mundo, têm suscitado discussões sobre 
a imagem e o papel dos tribunais, a fimde compreender como as organizações que mantêm o 
estado democrático, o poder moderador e a longevidade constitucional sofrem com questões 
que impactam seu suporte social. Assim sendo, argumenta-se em favor de uma análise baseada 
em um conjunto de dados que se distribui em um modelo de investigação tridimensional 
incluindo a legitimidade, a reputação e a confiança. 
 A intenção não é criar conceitos, mas relacioná-los de tal forma que possam qualificar 
o estado de resguardo ou não das ações apresentadas por tribunais, caracterizando o que está 
em jogo na perda ou no ganho de suporte social, em diferentes níveis que correspondem à 
consolidação de uma busca social democrática envolvendo não apenas elementos de 
legitimidade, de reputação e de confiança, mas também socioeconômicos e culturais, além de 
mecanismos que impulsionam a mudança institucional decorrente do fenômeno das fake news. 
Ressalta-se que este estudo tem como lócus as organizações TSE e STF, as quais, além 
do nível organizacional, estão associadas ao nível institucional, pois tomam o processo de 
legitimação para justificar a sua existência, por isso, dependem de ações, de normas, de valores 
e de procedimentos adotados em convergência com estruturas sociais (Dowling & Pfeffer, 
1975). Assim, os esforços discursivos promovidos em prol da defesa ou até mesmo do 
questionamento dessas organizações merecem atenção. Neste caso, utilizam-se das fake news 
como elemento do debate público que pode gerar efeito sobre o suporte social e mudanças 
institucionais. 
14 
 
A proposta deste estudo tem o olhar voltado aos Tribunais Superiores no âmbito 
eleitoral, em específico o TSE e o STF, por serem organizações institucionalizadas, cujas 
funções não se restringem ao elemento organizacional, mas também detêm uma função 
institucional prevista que pode influenciar o contexto social. Destaca-se o contexto dessas 
organizações devido à autoridade e à responsabilidade que têm para provocar mudanças. 
 
1.1.2 Formulação do problema 
 
Esta investigação é conduzida pela seguinte problematização: Como a relação entre as 
fake news e o suporte social de organizações da justiça influenciou o arranjo institucional legal 
em face das reações manifestadas pelo TSE e pelo STF no Brasil, no período de 2018 a 2022? 
Em virtude dessa problemática, procura-se demonstrar que existem fake news no âmbito 
de organizações da justiça e que elas influenciam seu suporte social. As organizações da justiça 
estão institucionalizadas com forte capital institucional, mas isso não as torna imune ao 
fenômeno das notícias inverídicas. Em defesa de sua condição institucional, tomam ações para 
proteger a si ou a própria jurisdição, cujas manifestações têm potencial relevante e podem 
influenciar o contexto. Um ataque às organizações da justiça pode ser lido de duas formas: uma 
investida contra a organização ou contra a instituição, mas é a organização quem reage para 
defender e cumprir com a missão institucional. 
Diante do exposto, o objetivo da pesquisa é analisar como a relação entre a ocorrência 
de fake news e tensões sobre suporte social ao TSE e ao STF influenciou o arranjo institucional 
brasileiro diante das reações manifestadas por essas organizações no período de 2018 a 2022. 
 
1.3 Objetivos de pesquisa e estrutura da tese 
1.3.1 Objetivos 
 
O objetivo da pesquisa é analisar como a relação entre a ocorrência de fake news e as 
tensões sobre o suporte social do TSE e do STF influenciou o arranjo institucional brasileiro 
diante das reações manifestadas por essas organizações no período de 2018 a 2022. Para tanto, 
realizamos três estudos com os seguintes objetivos específicos: (i) caracterizar a ocorrência de 
fake news no âmbito das organizações da justiça no Brasil no período 2018 a 2022; (ii) descrever 
15 
 
as tensões sobre o suporte social do TSE e do STF relacionadas à ocorrência de fake news no 
período de 2018 a 2022; (iii) retratar as reações manifestadas pelo TSE e pelo STF diante das 
implicações de ocorrência de fake news sobre o seu suporte social no período de 2018 a 2022; 
(iv) analisar as mudanças no arranjo institucional diante das reações manifestadas pelo TSE e 
pelo STF associadas às implicações da ocorrência de fake news sobre o seu suporte social no 
período de 2018 a 2022. 
 
1.3.2 Descrição dos estudos que compõem a pesquisa 
 
 A tese é composta por três estudos/partes principais encadeadas conforme Tabela 1, 
seguindo critérios como tipo de estudo, nível de análise, foco de análise, questão central de 
pesquisa, métodos utilizados e resultados gerados. 
 
Tabela 1 
Classificação das etapas que compõem a pesquisa 
Objetivo 
Analisar como a relação entre a ocorrência de fake news e as tensões sobre o suporte 
social do TSE e do (STF influenciou o arranjo institucional brasileiro diante das 
reações manifestadas por essas organizações no período de 2018 a 2022. 
Tese 
As tensões representadas pelas fake news para o suporte social das organizações da 
justiça, em especial os tribunais superiores brasileiros TSE e STF, tem 
impulsionado mudanças no arranjo institucional. Essas mudanças incluem 
mecanismos de conversão de capital institucional, conversão discursiva do nível 
institucional em organizacional e a criação de espaço liminal temporário para 
justificar a ação organizacional eventualmente associada ao elastecimento de 
competências. 
Estudo I II III 
Tipo Teórico-Empírico Teórico-Empírico Teórico 
Nível de análise Organizacional Organizacional Institucional 
Foco 
Caracterizar e descrever as fake 
news e as suas implicações no 
suporte social dos tribunais 
brasileiros TSE e STF. 
Caracterizar tipos de 
reações manifestadas 
por TSE e STF. 
Articular os estudos 
anteriores, visando a 
explicitar mecanismos 
que explicam a 
mudança institucional à 
luz das reações 
manifestadas pelo TSE 
e STF diante da 
ocorrência de fake news 
que tencionam seu 
suporte social. 
Premissa 
Organizações da justiça estão 
sujeitas ao contexto social, o 
que inclui o impacto de fake 
news, 
As fake news 
ameaçam o suporte 
social. As 
organizações 
institucionalizadas 
As organizações 
institucionalizadas 
estão sujeitas à 
avaliação social e têm 
mais capital 
16 
 
têm capital 
institucional 
acumulado e, por isso, 
suas reações às 
tensões sobre o 
suporte social são 
específicas. 
institucional para 
mudar estruturas 
institucionais-legais. 
Perguntas 
secundárias 
Quais são as fake news no 
âmbito das organizações da 
justiça, em especial, dos 
tribunais superiores brasileiros 
STF e TSE? 
Quais os tipos de fake news? 
Como as fake news envolvem 
STF e TSE? 
Categorizar os efeitos das fake 
news sobre o suporte social 
indicando foco sobre a 
confiança, legitimidade ou 
reputação. Quais as diferenças? 
Como as fake news afetam o 
suporte social? 
Quais são as reações? 
Quais os tipos? Em 
que nível, 
organizacional ou 
institucional? 
Quais as mudanças no 
arranjo institucional 
associadas à ocorrência 
das fake news? 
Possíveis 
desdobramento
s 
(i) Elencar fatos 
(ii) Fake news como 
desestabilizadora do suporte 
social. 
(iii) Fake news como espaço de 
debate e decisão: tribunais 
como protagonistas no combate 
às fake news. 
(i) Efeitos sobre o suporte 
social; 
(ii) Efeitos sobre organização; 
(ii) Efeitos sobre instituição; 
(i) Descrever e 
tipificar às reações; 
(ii) Mecanismos 
reativos e suas 
implicações. 
(iii) Efeitos no arranjo 
institucional. 
Dependendo do nível 
da ameaça (se à 
organização ou à 
instituição), haverá 
maior ou menor 
propensão à mudança 
nas estruturas 
institucionais-legais. 
Dependendo do nível 
da ameaça (se à 
organização ou à 
instituição), a mudança 
no aparato institucional 
é distinta. 
Resultado Análise teórico-empírica. Análise teórico-empírica. 
Análise teórica. 
 
 As fake news atingem o setor social da justiça e são uma variável que influencia o modo 
como a informação sobre as organizaçõessão percebidas; como consequência, podem afetar o 
seu suporte social. Por serem essas organizações de justiça institucionalizadas, têm um escopo 
de ação e uma presença especial na estrutura institucional, por isso, a relação entre fake news e 
suporte social pode influenciar o seu próprio contexto de atuação. As organizações da justiça, 
ao reagirem ao fenômeno das fake news, estão, ao mesmo tempo, reforçando e justificando a 
sua existência, mas também alterando a estrutura, criando ou reformulando regras, órgãos e 
relações. 
17 
 
Diante do que foi exposto, a primeira parte do estudo apresenta uma discussão sobre 
fake news como componente que faz parte do ambiente das organizações da justiça, em especial, 
do TSE e do STF. A intenção é caracterizar as fake news no âmbito das organizações da justiça, 
mormente, dos tribunais superiores brasileiros TSE e STF. As fake news, como parte do 
contexto de influência indireta de organizações da justiça, estão no debate público e, nele, pode 
haver referências à organização-objeto. Para tanto, buscamos mapear o debate público em torno 
das fake news e a sua relação com aspectos ligados à jurisdição das organizações- objeto: quem 
são as vozes (atores), quais os frames e como a organização-objeto participa e é representada 
nesse debate. A ideia foi mapear o debate em nível de campo. Além disso, também levamos em 
consideração o contexto de influência direta sobre organizações da justiça. Nesse caso, a 
organização é alvo e objeto das fake news. Tanto quanto o anterior, o mapeamento é um recorte 
específico dos temas/assuntos e das representações da organização-objeto em fake news. A 
questão não é, desse modo, definir, a priori, o que é ou não fake news, mas mapear o que é 
apresentado como tal pela própria organização-objeto ou por outros atores do campo e quais 
são as fake news no âmbito das organizações da justiça, especialmente do STF e do TSE. Para 
isso, é preciso: 
§ Elencar fatos; 
§ Exemplificar com temas mais relevantes que envolvem o STF e o TSE; 
§ Compreender Fake news como desestabilizadora do suporte social: organizações-
alvo das fake news; 
§ Estudar Fake news como espaço de debate e decisão: protagonistas no debate. 
Também, este é um estudo teórico-empírico que aborda e provoca efeitos no suporte 
social. A intenção é evidenciar que esse contexto está repleto de elementos que desestabilizam 
(ou têm um potencial desestabilizador) o suporte social das organizações da justiça, tais como: 
a quebra de confiança, o questionamento sobre a legitimidade, as indagações em nível 
organizacional e institucional. As organizações da justiça, desse modo, estão sujeitas ao 
contexto social, o que inclui serem afetadas pelas fake news. Por isso, pretende-se: 
• Descrever as implicações das fake news sobre o suporte social; 
• Categorizar os efeitos das fake news sobre o suporte social, indicando o foco sobre a 
confiança, a legitimidade ou a reputação, por exemplo, descaracterizando os agentes, 
tumultuando as informações e gerando fatos novos e inverídicos. 
18 
 
A segunda parte busca descrever as reações das organizações da justiça e seu efeito no 
arranjo institucional. As fake news provocam reações que se dão em dois níveis, quando objeto 
ou não, de forma direta e indireta, e em duas formas de expressão de defesa: da organização e 
da instituição. Partindo da premissa que as fake news ameaçam o suporte social dos tribunais 
superiores, que são organizações institucionalizadas e têm capital institucional acumulado e, 
por isso, suas reações às tensões sobre o suporte social são específicas, há necessidade em 
descrever e tipificar as reações: 
§ Reações de acordo com o grau de envolvimento (como alvo ou como 
protagonistas); 
§ Reações de acordo com o tipo de ameaça ao suporte social (se sobre a confiança, a 
legitimidade ou a reputação); 
§ Nível de referência das reações: organizacional ou institucional; 
Mecanismos reativos e suas implicações: 
• Reações discursivas (tipos – coordenativas ou comunicativas, orientação e 
exemplos); 
• Reações de mobilização de recursos (enforcement, uso de competências legais etc.). 
A terceira parte busca analisar quais as mudanças no arranjo institucional estão 
associadas à ocorrência das fake news, ou seja, o objetivo é construir uma análise sobre as 
implicações e as possíveis mudanças no contexto institucional mediante aquilo que os estudos 
(i), (ii) e (iii) da tese encontraram e articular os estudos anteriores visando a explicitar 
mecanismos que explicam a mudança institucional à luz das reações manifestadas pelo TSE e 
STF diante da ocorrência de fake news que tensionam seu suporte social. Entende-se que 
organizações institucionalizadas estão sujeitas à avaliação social e têm mais capital institucional 
para mudar estruturas institucionais-legais. Assim, tem-se o intuito de: 
• Descrever as mudanças institucionais-legais associadas às fake news (mudanças 
legais, jurisdicionais, categóricas e de significação); 
• Averiguar a relação entre as reações manifestadas pelo TSE e pelo STF (discursivas 
e de mobilização de recursos) e as mudanças institucionais-legais associadas às fake 
news; 
• Analisar os mecanismos e as condições explicativas para a mudança institucional a 
partir da relação entre as categorias de análise. 
 
19 
 
1.4 Justificativa teórica e prática 
 
A análise de organizações e instituições em uma perspectiva sociolegal e institucional, 
em que se busca entender a atuação, o posicionamento, as atribuições, a construção e as 
mudanças, é um campo que ainda carece de discussões e estudos. Relacionados a esses aspectos 
estão: a avaliação social, a possível crise de legitimidade, a reputação e confiança e os 
questionamentos que ocorrem sobre as organizações da justiça, considerando que são 
organizações institucionalizadas que suscitam o interesse de estudo (Deephouse & Carter, 
2005). Entendemos também que o fenômeno das fake news faz parte do contexto social em que 
os tribunais superiores atuam, visto que, ao não serem imunes, podem ser influenciados e estar 
sujeitos às notícias inverídicas e suas implicações sobre o suporte social. Mediante esse 
problema, os tribunais reagem para defender a organização ou a instituição, no âmbito 
discursivo e prático/ aplicado, alterando o aparato institucional. 
A ocorrência de fake news pode levar à perda de legitimidade das organizações, e como 
algumas delas exercem um papel social no campo, ao perderem sua legitimidade, têm a sua 
atuação prejudicada. E a mais afetada pode ser a sociedade. 
Assim sendo, a relevância de investigar as organizações da justiça consiste no fato de 
que elas exercem um papel importante na sociedade, são infundidas de valores e altamente 
institucionalizadas. De acordo com Guimaraes et al. (2018), 
No Brasil, o sistema de justiça é composto por várias organizações que atuam em 
contextos muito diversos, de acordo com seus papéis e objetivos constitucionais. O 
Poder Judiciário é o subsistema central, mas o sistema de justiça também inclui o 
Ministério Público, a Defensoria Pública e os tribunais administrativos, bem como 
organizações de advocacia, polícia e prisões. Além disso, outras organizações 
contribuem para a prestação de serviços de justiça, com responsabilidades específicas, 
tais como notários, organismos de defesa do consumidor, associações profissionais e 
órgãos de mediação e conciliação. Muitas dessas organizações, especialmente os 
tribunais, a polícia e as prisões, são altamente institucionalizadas e legitimadas no 
sentido de que sua existência e funcionamento são dados como garantidos (p. 477). 
A principal contribuição desta proposta investigativa está em demonstrar as mudanças 
no contexto institucional a partir das reações empreendidas pelas organizações em situações 
nas quais têm o seu suporte social impactado pelas fake news. Ou seja, é fundamental 
20 
 
refletirmosacerca dos impactos causados pelas fake news e como esses resultados impactam a 
vida social e geram mudanças no contexto analisado. O campo em que os atores discutem a 
construção institucional constitui-se uma arena social que define parâmetros para a ação em 
que se coloca a dimensão interativa dos atores, seja relacional ou de referência (Selznick, 1969). 
Por isso, parte-se de uma noção de campo para entender a construção do suporte social com 
relação às organizações da justiça (Talesh, 2014). Isso cria a condição de se reconhecer a 
participação de diferentes atores e os seus moldes de atuação na explicação institucional das 
organizações da justiça e seu suporte social (Hoffman, 2001). 
O estudo, por estar direcionado a organizações da justiça, tem atenção a uma perspectiva 
sociolegal, a fim de contribuir em termos analíticos para o entendimento da realidade de modo 
sistêmico e não tão instrumentalizada, em decorrência das regras e normas que surgem como 
restrições do que se pode ou não fazer. Para tanto, busca-se uma nova leitura sobre a construção 
das relações em um ambiente permeado por regras. 
Observando em uma perspectiva futura, ainda é difícil ter uma compreensão mais clara 
do que significa o impacto das redes sociais como ator político. As pessoas têm uma tendência 
a espalhar aquilo que lhes agrada. Os atores sociais, políticos e cidadãos não veem sua atitude 
nas redes sociais como sujeitos inseridos em um convívio e posicionamento político, inúmeras 
vezes entendem como passar uma imagem, uma simples postagem, uma história a diante e isso 
está́ razoavelmente provado que as fake news se alimentam do compartilhamento entre pessoas 
as suas próprias ideias (Allcott & Gentzkow, 2017). O risco que isso causa está no centro do 
debate que é a transformação do espaço público e político em um mercado impactado inclusive 
por grandes empresas de tráfego de conteúdo (Allcott & Gentzkow, 2017). 
A discussão sobre as fake news chegou ao âmbito político e jurídico, por meio de 
notícias com intenção em gerar dano a outrem, indivíduos ou organizações, e ao apoio social 
que têm. Mediante tais problemas, surge a intenção de regulamentar o uso de plataformas como 
forma de impedir que notícias inverídicas perturbem a vida em sociedade. A questão da 
regulação é um grande desafio; existe um esforço não apenas nacional, mas internacional para 
conquistar a regulamentação. Trata-se de um espaço público constituído por relações de direito 
privado, quando se celebra um contrato com empresas como o Facebook, por exemplo, 
assinando os termos de uso e de compromisso. Em primeiro plano, é uma relação bilateral 
contratual, mas isso tem um efeito na produção de conteúdo em um espaço público. 
As organizações buscam uma validação social da sua maneira de agir, de modo que os 
valores organizacionais e do sistema social sejam convergentes. Neste estudo, adotamos o 
21 
 
termo suporte social que contempla avaliações em nível institucional e organizacional, tais 
como a legitimidade, a reputação e a confiança. Para que haja legitimidade, depende-se das 
ações, das normas, dos procedimentos e dos valores adotados (Dowling & Pfeffer, 1975). As 
organizações, de qualquer área/setor, têm uma relação entre sobrevivência e legitimidade. A 
legitimidade das organizações da justiça está relacionada à autoridade e a um senso de 
obediência e de confiança (Friedman, 2016). Embora exista uma natureza controversa dos 
processos de legitimação, compreendemos que a mudança é uma fonte de pressão para a 
legitimação. Por isso, justifica-se o interesse em averiguar os efeitos das fake news no campo 
de organizações da justiça, verificando as reações e as repostas dadas para manter o suporte 
social, as quais possivelmente geram mudanças no contexto institucional. A administração é 
uma área aplicada, e a pesquisa em organizações da justiça pode contribuir para a consolidação 
do conhecimento e para o aprimoramento das práticas de gestão em tais organizações 
(Guimaraes et al., 2018). 
Ressaltamos que este estudo tem como lócus o TSE e o STF, as quais, além do nível 
organizacional, estão associadas ao nível institucional, tomam o processo de legitimação para 
justificar sua existência e, por isso, dependem de ações, de normas, de valores e de 
procedimentos, que são adotados em convergência com estruturas sociais (Dowling & Pfeffer, 
1975). Logo, os esforços discursivos promovidos em prol da defesa ou até mesmo do 
questionamento sobre tais organizações merecem atenção. Nesse caso, utiliza-se das fake news 
como elemento do debate público que pode gerar efeito sobre o suporte social e sobre as 
mudanças institucionais. 
 
 22 
2 Percurso teórico: complexidade das instituições, suporte social e mudança institucional 
 
Inicialmente, é importante distinguir os níveis institucionais e organizacionais. As 
instituições são propriedades estruturais da sociedade, logo, são supraindividuais (Ferreira, 
2010). Essas instituições ordenam a vida dos sujeitos, e a existência daquelas não depende 
exclusivamente destes (Peters, 2012). As instituições têm durabilidade, embora possam se 
ajustar ao contexto em que estão inseridas, haja vista que influenciam o comportamento e 
carregam um componente ideacional. Para Selznick (1948), uma organização é dotada de 
objetivos específicos e instrumentais; quando infundida de valores, passa por um processo de 
institucionalização, convertendo-se em uma “instituição”. 
 Este estudo utiliza conceitos vinculados a teoria institucional e direciona ao campo de 
atuação dos tribunais superiores. Os tribunais, por exemplo, são organizações 
institucionalizadas, imbuídas de valor, que estão para além de sua finalidade. No entanto, nos 
últimos anos, eles vêm sendo questionados e estão em foco, o que pode, de certo modo, tocar 
no limiar entre a organização e a instituição. Neste momento, estabelecemos elo com a 
dimensão processual da legitimidade (Suddaby et al., 2017). 
 Para que seja possível compreender e avaliar o potencial de tensionamento sobre os 
tribunais em virtude das fake news, é necessário que se construa uma análise teórica envolvendo 
temas e conceitos relacionados às instituições, mecanismos de avaliação e suporte, bem como 
ao possível potencial de mudança institucional. Sendo assim, neste capítulo, são apresentadas 
as grandes frentes teóricas vinculadas ao problema e pesquisa, iniciando por conceitos 
relacionados a análise institucional, depois o suporte social, a mudança institucional e as fake 
news. Pois, são temas que se entrelaçam ao longo do estudo. 
 
2.1 Análise institucional 
 
As instituições são a base da vida social (Campbell, 2004). Eles consistem em regras 
formais e informais, mecanismos de monitoramento e de fiscalização e sistemas de significado 
que definem o contexto dentro do qual indivíduos, corporações, sindicatos, estados-nação e 
outras organizações operam e interagem uns com os outros. As instituições são assentamentos 
nascidos da luta e da negociação, refletindo os recursos e o poder daqueles que os criaram, 
afetando, por sua vez, a distribuição desses aspectos na sociedade (Ricciuti, Genova, De Giglio, 
23 
 
Bassanelli, Dal Bello, Metro, & Chiari, 2019). Uma vez criadas, as instituições tornam-se forças 
externas poderosas que ajudam a determinar como as pessoas entendem seu mundo e agem 
nele. Elas canalizam e regulam os conflitos e, assim, garantem a estabilidade da sociedade. Sem 
instituições estáveis, a vida se tornaria caótica e árdua (Campbell, 2004). 
 Para tanto, os tribunais são organizações institucionalizadas e dotadas de atributos, tais 
como a independência, a imparcialidade e a credibilidade, considerando a sua principal função 
como aplicadoras da lei. Embora a crítica seja uma parte “necessária e importante da vida em 
uma sociedade democrática que valoriza a liberdade de expressão, quando vai além da crítica 
aoraciocínio do tribunal e suas conclusões, então deve ser recebida com uma resposta rápida e 
robusta” (Fatima, 2017, p. 390, tradução nossa). Em função da independência do judiciário em 
um estado democrático, os atributos supracitados também são protegidos pelo executivo e pelo 
legislativo, corroborando com o fortalecimento da legitimidade. Por outro lado, o 
enfraquecimento e a desarmonia entre os poderes podem desencadear certa fragilização. Gibson 
e Nelson (2014) argumentam que 
Uma coisa é argumentar que as queixas acumuladas podem minar a legitimidade judicial 
[...] outra é alegar que cada decisão impopular do tribunal é perigosa para saúde da 
instituição. Se a legitimidade não pode proteger a instituição quando ela toma decisões 
impopulares, então a preciosa independência do tribunal pode ser precária (p. 163, 
tradução nossa). 
 Os tribunais têm um papel distinto se comparados a outras organizações. A Corte 
depende exclusivamente do cumprimento voluntário de suas decisões. Isso exige que o público 
apoie o Tribunal como uma instituição dentro de nosso sistema democrático. Essa necessidade 
dá origem a uma questão empírica de importância política fundamental: pode a aprovação ou 
desaprovação pública de resultados específicos do Tribunal, rotulados na literatura como 
suporte específico, influenciar o nível de apoio público amplo e abstrato ao Tribunal como uma 
instituição rotulado na literatura como apoio difuso (Gibson & Nelson, 2014). Para Gunther e 
Monteiro (2003), o “Apoio difuso ao sistema, é consequência da satisfação com o desempenho 
das instituições democráticas e, sucessivamente, com as condições da economia” (p. 12). 
 Sendo assim, neste estudo, o papel dos tribunais é examinado, em parte, por causa das 
questões relacionadas à legitimidade, à reputação e à confiança, considerando que o Tribunal 
pode ser estratégico e motivado por fatores não legais (Christenson & Glick, 2014, p. 404) e de 
gestão organizacional e institucional. A preocupação com relação aos tribunais como 
instituições e a avaliação de suas ações demonstram a interação com aspectos da gestão pública 
24 
 
e a inter-relação com elementos sociais, por isso, a divisão entre institucional e organizacional 
fomenta uma análise da imagem e do desempenho daquilo que pertence ao gerencial e ao 
administrativo e o que pertence ao um nível mais amplo, como o social, o cultural e até o 
político (Ricciuti et al, 2019). 
Instituições, como os tribunais, que possuem capital institucional composto por normas, 
valores, crenças e práticas compartilhadas que influenciam o comportamento de indivíduos e 
organizações em determinado contexto, também possuem elementos que são convertidos em 
recursos organizacionais por meio do discurso. A conversão de capital institucional em recursos 
organizacionais pode ocorrer por meio de diferentes mecanismos (Bresser & Millonig, 2003). 
A assimilação é um deles, na qual as organizações internalizam as normas e valores 
institucionais e os incorporam em suas práticas (DiMaggio e Powell, 1991). Outra forma é a 
acomodação, em que as organizações ajustam suas práticas às normas institucionais, mas sem 
internalizá-las completamente (Scott, 2014). Além disso, a resistência também pode ocorrer, 
quando as organizações buscam se afastar das normas e valores institucionais, adaptando-se de 
forma seletiva (Lawrence e Suddaby, 2006). 
Portanto, o capital institucional pode apresentar uma a conversão discursiva do nível 
institucional em organizacional direcionada ao campo de atuação dos tribunais. Pois, envolve 
a tradução dos discursos institucionais em práticas organizacionais (Ricciuti et al, 2019). Isso 
ocorre quando as organizações adotam discursos institucionais em suas estratégias de 
comunicação e, assim, constroem narrativas que são coerentes com as normas e valores 
institucionais do ambiente em que estão inseridas (Phillips e Lawrence, 2004). Essas narrativas 
podem ser disseminadas internamente, influenciando a cultura organizacional, bem como 
externamente, afetando a imagem e reputação da organização perante o ambiente externo 
(Fairclough, 2010). 
Entretanto, a conversão de capital institucional e a conversão discursiva do nível 
institucional em organizacional também enfrentam desafios. A resistência à mudança, a inércia 
organizacional, a falta de alinhamento entre os discursos e práticas organizacionais, e as 
pressões competitivas podem dificultar o processo de conversão (Grant et al., 2018). Além 
disso, a complexidade das instituições e a dinâmica do discurso em diferentes contextos podem 
influenciar a forma como a conversão ocorre em cada organização. 
Importante ressaltar que a análise institucional, formada por capital institucional, é uma 
abordagem teórico-prática que busca compreender as dinâmicas de funcionamento das 
instituições, considerando as relações sociais, as normas, os valores e as práticas presentes em 
25 
 
determinado contexto. Nesse contexto, o suporte social, composto por elementos como 
reputação, legitimidade e confiança, desempenha um papel fundamental na construção e 
manutenção do funcionamento das instituições. 
A reputação, entendida como a percepção que as pessoas têm sobre uma instituição, é 
um fator crucial para sua sobrevivência e sucesso. Ela pode ser construída a partir da imagem 
que a instituição projeta, da qualidade dos serviços prestados e das relações estabelecidas com 
seus stakeholders. Como afirma Zivkovic (2016), "a reputação é um ativo intangível que pode 
influenciar a percepção pública de uma instituição, afetando sua imagem e sua capacidade de 
obter apoio e confiança". 
A legitimidade, por sua vez, refere-se ao grau de aceitação e reconhecimento de uma 
instituição pela sociedade. Ela está relacionada à conformidade da instituição com as normas, 
valores e expectativas sociais vigentes. Segundo DiMaggio e Powell (1991), "a legitimidade é 
uma condição essencial para a sobrevivência e a estabilidade das organizações, uma vez que as 
instituições que são vistas como legítimas têm maior probabilidade de obter apoio e recursos 
da sociedade". 
A confiança, por sua vez, é um elemento fundamental nas relações sociais e 
institucionais. Ela se baseia na crença de que uma instituição irá agir de forma ética, cumprir 
seus compromissos e atuar em prol do bem comum. Como destacam Mayer et al. (1995), "a 
confiança é um elemento essencial para o funcionamento das instituições, pois facilita a 
cooperação entre os atores e reduz a incerteza nas relações sociais". 
Assim, a reputação, a legitimidade e a confiança estão intrinsecamente relacionadas com 
a Análise Institucional, uma vez que influenciam a percepção e o apoio da sociedade às 
instituições. A construção e manutenção desses elementos são essenciais para o bom 
funcionamento das instituições, pois impactam diretamente a sua capacidade de obter recursos, 
estabelecer relações de colaboração e exercer sua função social. Como afirma Morgan (2010), 
"as instituições são construídas a partir das relações sociais, das normas e das crenças 
compartilhadas, e a reputação, a legitimidade e a confiança são elementos-chave nesse 
processo". 
Em resumo, a análise institucional e o suporte social, representado pela reputação, 
legitimidade e confiança, estão intrinsecamente relacionados na compreensão do 
funcionamento das instituições. Esses elementos desempenham um papel fundamental na 
construção, manutenção e sucesso das instituições, impactando diretamente sua capacidade de 
26 
 
obter apoio e recursos da sociedade e estabelecer relações de confiança com seus stakeholders. 
A compreensão dessas relações é essencial para uma análise aprofundada das dinâmicas 
institucionais. 
 
2.2 Suporte social 
 
Entendemos o suporte social como a expressão vinculada aos conceitos de avaliação: 
reputação, confiança e a legitimidade. Com relação às expressões, temos que: a Legitimidadeé a aceitação pública em nível institucional que pode manter ou desestabilizar o apoio aos 
tribunais; a Reputação diz respeito à avaliação coletiva baseada em resultados ao longo do 
tempo; e a Confiança compreende as preocupações instrumentais sobre os resultados, 
desempenho e governança. 
Ao se avaliar e julgar os aspectos de legitimidade, notamos a sua não exaustividade. A 
legitimidade, sobretudo, faz parte das discussões relacionadas aos processos de 
institucionalização, seguidos por características organizacionais e sociais (Pfeffer & Salancik, 
1978). Para tanto, a compreensão do conceito de legitimidade, quando aplicado em estudos 
organizacionais, facilita o entendimento das situações que levam a determinados processos e 
estruturas, sendo, desse modo, coerentes ao propósito de um sistema socialmente construído 
(Guarido Filho, 2008). 
Além da legitimidade, outra característica de avaliação é a confiança, que pode ser 
facilmente definida como o grau em que as partes interessadas externas, como o público, 
mantêm uma orientação de confiança coletiva para com uma organização (Zanini, 2016). A 
orientação de confiança do público com relação a uma organização é importante por vários 
motivos. Em primeiro lugar, as organizações tendem a ser pobres em saber como restaurar a 
confiança (Schwartz & Gibb, 1999). Como tal, compreender as formas para reparar a confiança 
pode ser um método de gerenciamento de recursos crítico a fim de limitar os danos causados 
por falhas organizacionais (Lewicki & Bunker, 1996). A falha em reconhecer e responder 
apropriadamente às violações de confiança pode prejudicar ainda mais a reputação e a 
legitimidade da organização no meio em que atua (Bradford & Garrett, 1995). Em segundo 
lugar, como uma qualidade importante atribuída a uma organização, a reputação fornece 
legitimidade e pode ser utilizada como um recurso para ajudar a obter maior estabilidade 
organizacional (Van Riel & Fombrun, 1996). 
27 
 
A reputação é um conceito fundamental em muitas situações que envolvem a interação 
entre partes, além de ser um meio relevante para estabelecer a confiança em ambientes 
descentralizados (Zanini, 2016). A reputação é geralmente construída com base no feedback 
daqueles que têm interações diretas com a organização. Dado um conjunto de apreciações, a 
confiabilidade de uma pessoa pode ser inferida por meio do uso de funções de confiança, as 
quais têm um impacto direto na decisão sobre a coleta de informações e outras tarefas críticas, 
sendo um componente-chave para qualquer modelo de confiança baseado na reputação 
(Shmatikov & Talcott, 2005). Muitas funções de confiança foram propostas ao longo dos anos 
visando a diferentes domínios de aplicação. Elas diferem em uma variedade de aspectos, 
incluindo metodologias de inferência de confiança, de complexidade e de precisão (Miotto et 
al., 2020). 
 A confiança pública em uma organização é fundamental para garantir a sua legitimidade 
e a sua sobrevivência. No entanto, dependendo da tipologia de violação da confiança, pode 
ocorrer um impacto nas estratégias de reparo que as organizações escolheriam. Argumenta-se 
que a comunicação e as reformas institucionais estratégicas são necessárias para restaurar a 
confiança, porém, são mais importantes após a competência atingida, em vez de violações de 
integridade (Miotto et al., 2020). Considerando o papel do público como um dos principais 
interessados, a capacidade da organização de sobreviver pode depender da aptidão do público 
em confiar nas ações da organização e nos bens e/ou serviços por ela produzidos (Miotto et al., 
2020). 
A confiança é mediada por meio de organizações e de instituições, assim como pelos 
recursos e ferramentas que fazem parte do contexto. A confiança e reputação são construídas 
conjuntamente, já que ambas são usadas para calibrar o que deve contar como qualidade e 
desempenho. Essas são descobertas interessantes sobre a relação entre confiança e reputação, 
sobretudo, o quanto isso interfere na sustentação da legitimidade (Bitektine, 2011). 
 É possível, desse modo, estabelecermos duas definições importantes: 
Definição 1 – a reputação reflete os resultados ao longo do tempo e consta como 
elemento de avaliação da organização pelos agentes. 
A reputação está estreitamente conectada aos sistemas de comunicação e de 
relacionamento com o público, a exemplo dos atuais recursos e redes digitais existentes que 
estão implicados nos processos de construção de reputação. Não menos importante, espera-se 
que o debate público em rede envolvendo diversos atores tenha reverberações sobre como a 
28 
 
reputação é construída em comunidades on-line. Isso, por sua vez, provoca interesses 
compartilhados e possivelmente criam uma imagem, destacam uma ideia e facilitam as 
colaborações. Portanto, a reputação refere-se a impressões, a percepções e à identidade do 
portador de uma organização. Dito isso, ressalta-se que a forma como os tribunais e outras 
organizações são reconhecidas apresenta indicações sobre a confiança e a credibilidade 
(Garoupa & Ginsburg, 2015). 
Definição 2 - a confiança reflete a credibilidade, a transparência e o risco vinculado 
ao desempenho apresentado por uma organização. 
 Enquanto algumas das questões já discutidas destacam tensões mais gerais, outras com 
direcionamento específico para expectativas disciplinares demonstram como a reputação é 
construída e a confiança é mantida. Recorrendo-se a metáforas, podemos dizer que a reputação 
é como o espelho retrovisor de um carro; à medida que se olha para ele, é possível perceber o 
que ficou para atrás, o percurso percorrido; visualiza-se por onde se passou para se chegar até 
ali, no presente, e constituir determinado grau de confiança. Logo, ao se olhar para frente, temos 
o para-brisa, que nos apresenta onde estamos, bem como um caminho pelo qual podemos 
seguir. 
 De modo geral, a reputação compreende um histórico construído com base em 
determinados fatores e acontecimentos. A confiança, por outro lado, corresponde ao acúmulo 
de percepções favoráveis, sendo uma construção interpessoal e organizacional complexa 
(Kramer & Tyler, 1995). A confiança ocorre quando as partes têm certo desempenho favorável 
umas com as outras e permitem que essa relação atinja a experiência de bons resultados 
(Wheeless & Grotz,1977). A confiança é, desse modo, a base de todo contato humano e 
interação institucional (Tonkiss et al., 2000). 
 A reputação construída ao longo do tempo reflete em um estado de confiança 
organizacional, a qual se dá como uma variável dependente da reputação, ao mesmo tempo em 
que essa é dependente da confiança. Os elementos mencionados estão relacionados, de uma 
forma ou de outra, e funcionam como variáveis dependentes, equilibrando várias demandas e 
restrições ligadas às tensões entre confiança e reputação. Em meio ao debate público, a 
confiança aumenta a capacidade de relacionamentos de apoio e de fortalecimento da imagem 
organizacional, ao passo que diminui a incerteza e o risco. 
 Vale ressaltar que o elemento comunicacional tem forte influência sobre a reputação e 
a confiança. Atualmente, os posicionamentos em redes sociais têm norteado os debates públicos 
29 
 
e direcionado as informações de tal forma que podem ser distorcidas e fraudadas, alterando a 
percepção dos atores que fazem parte do campo. Ademais, as ferramentas e os mecanismos de 
controle e de gestão, tais como governança, compliance, ética e responsabilidade, permeiam a 
manutenção da reputação e da confiança, como visualizamos na Figura 1. 
Figura 1 
Elementos importantes na manutenção da reputação e confiança 
 
 
 Além da investigação separada de confiança e reputação, uma análise da inter-relação 
desses construtos permite-nos identificar elementos importantes para a manutenção do estado 
reputacional e de confiança. Todos os elementos apresentados até aqui estão direcionadosao 
nível organizacional, logo, refletem a dinâmica entre a reputação e a confiança. Para tanto, esses 
conceitos são peças fundamentais para o alcance e para a manutenção da legitimidade em um 
nível institucional. 
 Institucionalmente, as organizações buscam legitimidade e sobrevivência, não apenas a 
eficiência, além de enfatizar o papel da cognição e da obrigação, não como autointeresse (Dacin 
et al., 2008), mas como interesse público. Para Dacin et al. (2008), a legitimidade revela o 
quanto as organizações estão motivadas a adotar práticas que, em sua visão, sejam importantes 
e o quanto convergem em torno de práticas, assumindo-as assumem (Tyler, 2001) a tal ponto 
que estejam internalizadas como ideias que refletem aquela organização. Nessa perspectiva, a 
confiança e a reputação surgem como molas propulsoras. 
30 
 
 Os pilares fundamentais para o alcance da legitimidade baseiam-se na reputação e na 
confiança em nível organizacional; quando sustentados ao longo do tempo, podem conferir aos 
tribunais o caráter do que é legítimo (Tyler, 2006). A legitimidade configura-se um significado 
social e ideacional de relevância de uma organização, a qual cristaliza sentidos e alcança o 
status de instituição (Scott, 2014). 
 Os julgamentos de legitimidade ocorrem em vários níveis, simultânea e recursivamente. 
São percepções individuais de normas categóricas, elas próprias construídas socialmente, que 
fornecem modelos cognitivos compartilhados com os quais os agentes fazem avaliações legais 
com relação a estruturas, símbolos, processos e entidades (Alexiou & Wiggins, 2019). A soma 
desses indivíduos e do nível de julgamentos em um conjunto de crenças compartilhadas e 
construídas socialmente (Berger & Luckmann, 1967; Suchman, 1995) reflete e reforça a ordem 
institucional e a manutenção da legitimidade (Deephouse et al., 2017). 
 Os aspectos para manutenção da legitimidade, na visão de Suchman (1995), são: (i) 
público heterogêneo; (ii) a estabilidade implica rigidez; e (iii) a institucionalização gera a 
própria oposição. Isso se nota quando há pouca evidência sistemática, comparando-se aos 
efeitos de atividades organizacionais em vários tipos de legitimidade ou às distintas tipologias 
de legitimidade organizacional. Inferimos, desse modo, que a legitimação não é homogênea, 
mas é composta por diferentes facetas, sendo que nem sempre a essência se revela da mesma 
forma (Deephouse et al., 2017). 
Nesse contexto, podem existir afinidades entre as legitimidades com foco estrutural 
semelhante (ações de essências) e/ou texturas temporais semelhantes (episódica-contínuo). Por 
exemplo, pode-se imaginar a elaboração de indicadores de diferentes tipos de legitimidade (com 
base em pesquisa de público/constituintes) e, em seguida, empregá-los para determinar os perfis 
de legitimidade das organizações específicas, das profissões, das indústrias ou dos setores. Pode 
fornecer proxies válidos em ambientes em que dados diretos não estão disponíveis (Haack et 
al., 2020). 
 Após definir a legitimidade, entende-se que a legitimidade é importante porque gera 
muitos benefícios às organizações, em especial, aos tribunais, que têm relevante função social 
(Deephouse et al., 2017). Todavia, a legitimidade pode ser concedida por uma variedade de 
fontes e de atores, cada uma usando uma rotina distinta (Haack et al., 2020). Seja por meio de 
deliberação consciente ou pré-consciente e de esquemas tomados como certos, cada fonte 
percebe e avalia informações relevantes para a legitimidade, analisa as organizações que 
31 
 
utilizam tais informações e, em seguida, as endossa ou as desafia com base nesses pareceres 
(Haack et al., 2020). 
 A legitimidade das organizações interage com diversas fontes e está sujeita ou não à 
avaliação e à aceitação (Bitektine, 2011). Em decorrência disso, pesquisas recentes reconhecem 
a mídia como uma fonte para a sociedade e ainda adicionam outras procedências de 
legitimidade, tais como indivíduos, investidores, movimentos sociais e demais partes 
interessadas (Deephouse et al., 2017). Outra questão diz respeito aos critérios usados por 
diferentes fontes ao avaliar a legitimidade das organizações e de suas ações. Existem inúmeros 
critérios que podem ser úteis para identificar distintas dimensões de legitimidade, dada a 
complexidade, a multiplicidade e os níveis de avaliação - micro, meso e macro - (Bitektine & 
Haack, 2015). Nesse sentido, os aspectos de reputação e de confiança estão relacionados aos 
níveis micro e meso. 
Além disso, o suporte social direcionado aos tribunais concentra evidências de um 
modelo que indica os efeitos do apoio ou da sua ausência em determinado campo organizacional 
que integra uma série de atores com diferentes papéis. Isso demonstra o quanto pode permitir 
ou inibir a participação de atores em determinado contexto. No entanto, esse foco estreito tem 
limitado a compreensão das muitas maneiras pelas quais as relações sociais podem promover 
(ou prejudicar) a atuação (Christenson & Glick, 2014). 
 Mesmo quando os tribunais explicam expressamente a natureza limitada das questões 
legais diante deles, revelam seu papel limitado como "aplicadores da lei" dentro dos limites de 
sua função incontroversa. Não obstante a isso, eles podem ser suscetíveis a críticas que vão 
muito além de sua análise ou de suas, as quais têm por escopo minar a sua legitimidade. Em um 
estado democrático, é de interesse público que os valores e a soberania residam no povo, 
respeitando os direitos fundamentais e garantindo a igualdade perante a lei, assim sejam 
defendidos pelo executivo e pelo legislativo (Christenson & Glick, 2014). 
 Há vários processos sobre os quais as relações sociais afetam a manutenção de uma 
imagem e de uma reputação. Desse modo, a forma como os demais atores de um campo 
organizacional avalia atitudes e ações pode representar um apoio, uma fonte de manutenção e 
de legitimação ou uma relação conflituosa. Em outras palavras, diante de situações em que se 
questiona o papel ou a atuação de tribunais, o suporte social pode demonstrar ter maior ou 
menor apoio. 
32 
 
Em decorrência dos aspectos constitutivos, a legitimidade está para o nível institucional 
assim como a reputação e a confiança estão para o nível organizacional. Sendo assim, tem-se a 
clareza de que a essência política de dominação representa a aceitabilidade de processos e ações 
não apenas como emprego da força física ou de coação psicológica, mas também da 
possibilidade de que alguém possa exercer um tipo de comando sobre um grupo de indivíduos 
ou organizações (Heinrich, 2019). 
 A relação entre instituições, autoridades e a forma de legitimidade se alterou ao longo 
do tempo. Então, a fundamentação religiosa e teológica assegurava às autoridades que exerciam 
o poder que podiam fazê-lo devido à sua legitimidade concedida pela sua condição do sagrado 
(Weber, 1999). No entanto, nas condições do mundo moderno, isso se desfez e se desconstruiu 
em função do que se denomina desencantamento do mundo. Nessa perspectiva, era preciso que 
autoridade política no mundo moderno buscasse outra espécie de legitimação. Várias foram as 
tentativas de se fazer isso; por exemplo, existem alguns elementos na própria natureza do 
homem e na sociedade que servem de alicerce para fundamentação da autoridade política 
(Dimaggio & Powell, 2005). 
As tensões ou tensionamentos da legitimidade e do suporte social são questões 
complexas que envolvem a percepção, aceitação e apoio das normas, valores e autoridade de 
uma instituição, líder ou sistema por parte da sociedade em geral ou de grupos específicos 
dentro dessa sociedade. Essas tensões podem surgir em várias situações e contextos, e podem 
ter implicações significativas para a estabilidade e funcionamento das instituições e sociedades. 
No entanto, as tensões ou tensionamentos podem ocorrer quando a legitimidade e o 
suporte social

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