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Livro anatomia.docx Livro: Corpo humano Orientação 1 Elaine N. Marieh Patricia Brady Withclm Jon Mallatt Livro anatomia humana Rodrigo Zieri Livro- Texto - Unidade II.pdf 115 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Unidade II 3 ARTROLOGIA Ao notar uma manobra de um esquiador estilo livre em uma montanha, ou um jogador driblando e deixando os defensores para trás, se está observando as articulações em ação. Os músculos puxam os ossos para movê‑los, entretanto, o movimento não seria possível sem as articulações entre os ossos. O local onde dois ou mais ossos se encontram, existindo ou não movimento entre eles, é chamado de articulações ou junturas. Figura 121 – Esquiador Figura 122 – Drible no futebol Ainda que sempre reflitamos sobre as articulações como móveis, esse nem sempre é o caso. Muitas possibilitam apenas movimentos limitados e outras não consentem nenhum tipo de movimento aparente. A estrutura de uma determinada articulação está diretamente relacionada com o seu grau de movimento. 116 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II As articulações móveis são locais do corpo onde os ossos se movimentam em contato próximo um com o outro. Ao trabalhar com máquinas, compreendemos que as peças que fazem contato entre si demandam maior conservação. Contudo, em nossos corpos, damos pouca importância às articulações móveis até que patologias ou danos tornem a mobilidade muito precária. Se a mobilidade for limitada, mesmo em uma articulação altamente móvel, a qualquer instante uma articulação móvel pode ser transformada em uma articulação imóvel. Os três tipos principais de articulações podem ser subdivididos em sinartroses, anfiartroses e diartroses. As partes ósseas das sinartroses são conectadas por um tecido de preenchimento. Nas sinartroses encontram‑se as articulações fibrosas, cuja conexão óssea é constituída por tecido conjuntivo. Já nas anfiartroses encontram‑se as articulações cartilagíneas, cuja conexão óssea é composta por cartilagem. As diartroses se caracterizam pela presença de uma cavidade articular entre os ossos articulados, preenchida por líquido sinovial ou sinóvia. As articulações fibrosas e cartilagíneas são estabelecidas pela continuidade dos ossos articulantes por meio do tecido interposto. As articulações sinoviais se fazem por contiguidade. 3.1 Articulações fibrosas Nas articulações fibrosas os ossos são conectados entre si por fibras de tecido conjuntivo, e desse modo é possível muito pouco movimento. Consideram‑se os seguintes tipos de articulações fibrosas: suturas, sindesmoses, gonfoses e esquindileses. 3.1.1 Suturas Nas suturas existe um pequeno afastamento entre os ossos e, consequentemente, uma pequena quantidade de tecido conjuntivo interposto. As suturas da calota craniana são exemplos desse tipo de articulação. A morfologia dessas suturas diferem entre si, são elas: sutura serrátil, sutura escamosa e sutura plana. Sutura sagital Figura 123 – Vista superior do crânio 117 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Sutura escamosa Figura 124 – Vista lateral do crânio Sutura palatina mediana Figura 125 – Palato duro (vista inferior) Na sutura serrátil as margens apresentam dentículos que se engrenam de forma simples inicialmente, mas posteriormente pode apresentar a extremidade mais dilatada que a base, o que impede o afastamento dos ossos. A sutura escamosa apresenta as margens ósseas cortadas em bisel, às custas das faces opostas dos ossos. Já na sutura plana as margens ósseas são planas e lisas. 118 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II 3.1.2 Sindesmoses Essas articulações fibrosas ocorrem quando o afastamento entre os ossos é grande e há consequentemente grande quantidade de tecido conjuntivo interposto. Os dois ossos vizinhos são conectados por fibras colágenas de tecido conjuntivo, como, por exemplo, a membrana interóssea do antebraço, entre os ossos rádio e ulna; ou a sindesmose tibiofibular, conforme ilustram as figuras a seguir; a membrana interóssea da perna, entre os ossos: tíbia e fíbula; ou por fibras elásticas de tecido conjuntivo, como, por exemplo, nos ligamentos amarelos entre os arcos de vértebras vizinhas. Membrana interóssea Figura 126 – Sindesmose Sindesmose tibiofibular Figura 127 – Sindesmose 3.1.3 Gonfoses Nas gonfoses temos a união das raízes de um dente com as paredes dos alvéolos dentários. As fibras colágenas de tecido conjuntivo conectam o periósteo do osso alveolar ao periodonto. 119 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Articulação dentoalveolar (gonfose) Figura 128 – Corte vestibulolingual do primeiro molar inferior e da mandíbula 3.1.4 Esquindilese As esquindileses ocorrem quando a margem óssea aguda é inserida em uma fenda, como, por exemplo, do corpo do esfenoide que se aloja em uma superfície em forma de fenda entre as asas do osso vômer. Esquindilese esfenovomeral Figura 129 – Vista inferior do crânio 120 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Nas articulações fibrosas, o movimento entre os ossos é reduzido. Elas podem ser classificadas em: suturas, sindesmoses, gonfoses e esquindileses. 3.2 Articulações cartilagíneas As articulações cartilagíneas conectam dois ossos por meio de cartilagem hialina ou fibrosa. Podem ser divididas em dois tipos: primária e secundária. Uma articulação primária, como acontece nas sincondroses, é aquela na qual os ossos são unidos por uma lâmina ou barra de cartilagem hialina. Desse modo, a união entre a epífise e a diáfise de um osso em crescimento e a que ocorre entre a costela I e o manúbrio do esterno são exemplos de tal articulação. Na região da base do crânio localiza‑se a sincondrose esfenoccipital, conforme ilustra a figura a seguir. Nela nenhum movimento é possível. Uma articulação cartilagínea secundária é aquela na qual os ossos são unidos por uma lâmina de fibrocartilagem e as faces articulares dos ossos são cobertas por uma fina lâmina de cartilagem hialina. Esse tipo encontra‑se na sínfise púbica, entre os ossos do quadril, e nos discos intervertebrais, entre os corpos das vértebras. Nela uma pequena quantidade de movimento é possível. Sutura incisiva Sincondrose esfenocciptal Figura 130 – Vista inferior de um crânio infantil 121 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Sínfise púbica (a cartilagem foi removida) Figura 131 – Vista anterior da pelve óssea Sínfise intervertebral Figura 132 – Corte sagital paramediano da cabeça e do pescoço (vista medial) Algumas articulações cartilagíneas possibilitam pequenos movimentos entre os ossos. Elas são classificadas em dois tipos: sincondroses e sínfises. 3.3 Articulações sinoviais As articulações sinoviais, ou também chamadas de diartroses, têm grande mobilidade e possuem diversas estruturas anatômicas essenciais. Nelas as as terminações ósseas articulares são recobertas por cartilagem hialina, de maneira a compor uma superfície lisa, o que leva a uma diminuição máxima do atrito, chamadas de superfícies articulares. 122 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Suas superfícies articulares podem ser convexas, ou seja, esse formato de corpo articular é chamado de cabeça articular; ou côncavas, nesse caso, diz‑se um acetábulo. O acetábulo pode estar elevado em tamanho em virtude de uma protuberância de suas margens, por meio do lábio glenoidal, como, por exemplo, as articulações do ombro e do quadril. A incongruência de algumas superfícies articulares é contrabalançada por discos ou meniscos. Lembrete A cartilagem articular, formada por tecido conjuntivo, consiste em uma camada protetora de 1 a 5 milímetros de espessura desse material que reveste as extremidades dos ossos, que se articulam nas articulações sinoviais. Durante o crescimento normal, a cartilagem articular em uma articulação sinovial, como o joelho, aumenta em volume conforme a criança vai ficando mais alta. A segunda estrutura anatômica que encontraremos nas articulações sinoviais é a cápsula articular. Ela forma um folheto de tecido conjuntivo em torno da articulação, isolando‑a de modo hermético. A cápsula articular encontra‑se presa aos dois ossos articulares, em geral, na margem das superfícies articulares recobertas por cartilagem. Ela é formada por uma camada interna e outra externa. A camada interna de uma cápsula interna é a terceira característica anatômica, que define a articulação sinovial, pois é formada de uma membrana sinovial que produz e aprisiona o líquido sinovial dentro da cavidade articular. A membrana sinovial é altamente vascularizada e transporta muitas das trocas fisiológicas necessárias para manter as superfícies articulares em funcionamento. Assim, a quarta estrutura anatômica que encontraremos nas articulações sinoviais é a cavidade articular. Ela, na realidade, não existe como uma cavidade, uma vez que entre as duas partes articuladas há apenas uma fenda capilar em razão da pressão negativa existente ou da tração dos músculos que passam sobre a articulação. A quinta estrutura anatômica que compõe as articulações sinoviais é o líquido sinovial ou sinóvia. Ele é um líquido viscoso, claro ou amarelo‑claro, assim chamado por sua semelhança em aspecto e consistência com a clara do ovo. Como visto anteriormente, o líquido sinovial é secretado por células sinoviais na membrana sinovial e líquido intersticial filtrado do plasma sanguíneo. O líquido sinovial tem três papéis principais: • Fornecer lubrificação: a fina camada de líquido sinovial que reveste a face interna da cápsula articular e as faces expostas das cartilagens articulares oferece lubrificação e diminui o atrito. Isso é alcançado pelo ácido hialurônico e pela lubricina do líquido sinovial, que diminuem o atrito entre as superfícies das cartilagens articulares em uma articulação sinovial até cerca de um quinto daquele visto entre dois pedaços de gelo. 123 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS • Nutrir os condrócitos: a quantidade total de líquido sinovial em uma articulação é normalmente inferior a 3 mililitros, mesmo em uma articulação grande como, por exemplo, a do joelho. Esse volume relativamente pequeno de líquido deve circular para oferecer nutrientes e uma via de rejeite de resíduos para os condrócitos das cartilagens articulares. A circulação do líquido sinovial é estimulada pelo movimento articular, que também traz ciclos de compressão e expansão nas cartilagens articulares contrárias. À compressão, o líquido sinovial é forçado para fora das cartilagens articulares; à reexpansão, o líquido sinovial é trazido de volta para as mesmas cartilagens. Esse fluxo de líquido sinovial para fora e para dentro das cartilagens articulares provê nutrição para seus condrócitos. • Agir como amortecedor de impactos: o líquido sinovial amortece os impactos nas articulações sujeitas à compressão. Por exemplo, as articulações de quadril, joelho e tornozelo são contidas durante a deambulação e intensamente contidas durante a deambulação acelerada ou a corrida. Quando a pressão eleva abruptamente, o líquido sinovial concentra o impacto e o dissemina de maneira invariável sobre as faces articulares. Lembrete O líquido sinovial também contém células fagocíticas que retiram micróbios e resíduos resultantes do uso e desgaste da articulação. As articulações sinoviais podem apresentar uma diversidade de estruturas anatômicas acessórias, como, por exemplo, o disco de fibrocartilagem e os corpos adiposos, os ligamentos, os tendões, as bolsas sinoviais e as bainhas tendíneas sinoviais. Elas são as mais numerosas no organismo e apresentam a superfície articular, a cápsula articular, a cavidade articular, a membrana sinovial, o líquido sinovial, os ligamentos, os meniscos e os discos articulares. Os ligamentos conectam os ossos uns aos outros. Todas as articulações sinoviais são reforçadas por ligamentos de tecido conectivo elástico, mas não muitos. Cápsula articular Figura 133 – Articulação sinovial 124 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Ligamento extracapsular Cartilagem articular Ligamento intracapsular Menisco Figura 134 – Articulação sinovial Cápsula articular Faces articulares Cavidade articular Figura 135 – Articulações sinoviais Nas articulações complexas, como, por exemplo, a do joelho, estruturas anatômicas acessórias podem localizar‑se entre as faces articulares opostas e alterar as formas dessas faces, como os que são citados a seguir. • Os meniscos e discos articulares são estruturas fibrocartilagíneas em forma de meia lua e localizadas no joelho. Os papéis dos meniscos e discos articulares não são totalmente entendidos, contudo as conhecidas incluem: (1) absorção de impacto; (2) melhor encaixe entre as superfícies ósseas da articulação; (3) oferecimento de superfícies amoldáveis para movimentos combinados; (4) distribuição de peso sobre uma superfície de contato maior e (5) propagação do líquido sinovial pelas faces articulares da articulação. 125 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS • Os corpos adiposos, geralmente, estão localizados próximo à periferia da articulação, delicadamente revestidos pela membrana sinovial. Os coxins de corpos adiposos oferecem proteção para as cartilagens articulares e servem como material de arranjo para a articulação como um todo. Eles ocupam os espaços produzidos quando os ossos se movimentam e a cavidade articular altera de formato. • A cápsula articular que circunda toda a articulação é contínua com o periósteo dos ossos que se articulam. Os ligamentos são estruturas anatômicas acessórias que amparam, fortalecem e reforçam as articulações sinoviais. Os ligamentos intrínsecos, ou ligamentos capsulares, são adensamentos da própria cápsula articular. Os ligamentos extrínsecos são separados da cápsula articular. Esses ligamentos podem ser encontrados externa ou internamente à cápsula articular e são chamados ligamentos extracapsulares e intracapsulares, respectivamente. • Os tendões, ainda que caracteristicamente não componham parte da articulação como uma estrutura anatômica essencial ou acessória, geralmente atravessam a articulação ou em sua proximidade. A tonicidade muscular normal mantém os tendões tensos e a tensão pode restringir a amplitude de movimento. Em algumas articulações, os tendões são partes complementares da cápsula articular e oferecem resistência significativa à cápsula. • As bolsas sinoviais são pequenas estruturas anatômicas preenchidas por líquido sinovial no tecido conectivo. São recobertas pela membrana sinovial e podem comunicar‑se ou não com a cavidade articular. Elas constituem‑se onde o tendão ou os ligamentos entram em atrito contra outros tecidos. Seu papel é diminuir o atrito e atuar como amortecedor de choque. Elas são localizadas ao redor da maioria das articulações sinoviais, como, por exemplo, a do ombro. • As bainhas tendíneas sinoviais são bolsas tubulares que rodeiam os tendões onde eles atravessam as superfícies ósseas. Elas também podem surgir embaixo da pele que recobre um osso ou no interior de outros tecidos conectivos sujeitados a atrito ou pressão. As bolsas que se desenvolvem em situação anormal ou devido a pressões anormais são chamadas de bolsas adventícias. Disco articular Figura 136 – Articulações sinoviais 126 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II As crianças que realizam atividades esportivas vigorosas acumulam cartilagem articular de forma mais rápida que as que não realizam as mesmas atividades. Já os meninos tendem a adquirir cartilagem articular no joelho mais rapidamente que as meninas. Observação As inflamações dos tendões são chamadas de tendinites. A inflamação da bolsa sinovial é chamada de bursite. Na presença de cargas elevadas, pode acontecer uma inflamação da bainha tendínea, chamada de tendovaginite. Saiba mais Para saber mais sobre as articulações sinoviais do corpo humano e sua classificação: LAROSA, P. R. R. Sistema articular. In: ___. Anatomia humana: texto e atlas. São Paulo: Guanabara‑Koogan, 2016, p. 68‑69. Exemplo de aplicação Vamos associar o detalhes ósseos estudados com as articulações? Relembre os principais detalhes ósseos dos esqueletos axial e apendicular e das cinturas escapular e pélvica. Na escápula, por exemplo, encontramos a cavidade glenoide, a qual se une com o úmero, ou seja, pela cabeça, formando a articulação do ombro ou glenoumeral. Já a articulação do ombro é classificada morfologicamente como esferoide e funcionalmente realiza movimentos nos três eixos, ou seja, flexão, extensão, adução, abdução e rotação. Esportes de alto rendimento provocam lesões nas articulações, como, por exemplo, as luxações e as entorses. Partindo desses exemplos, faça uma descrição de algumas articulações sinoviais: quadril, joelho, tornozelo, ombro, cotovelo, punho e mão, contendo os principais componentes anatômicos, os movimentos que podem ocorrer e sua significância clínica. 4 MIOLOGIA A miologia é o estudo dos músculos, que quimicamente consistem em água e sólidos. Tais sólidos são as proteínas, os carboidratos, os sais inorgânicos, abrangendo o cloreto de cálcio, o ferro, o magnésio, o fósforo, o potássio e o sódio; além das enzimas, dos glóbulos de gordura, dos extrativos nitrogenados, como o ácido úrico e a creatina; e os extrativos não nitrogenados, como o ácido láctico e o glicogênio. Sem os músculos nós, seres humanos, seríamos pouco mais do que bonecos de lojas de shopping, 127 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS impossibilitados de deambular, articular as palavras, piscar os olhos ou até mesmo segurar uma bola de futebol. Todavia, nenhuma dessas inconveniências nos importunaria, porque também permaneceríamos inábeis de respirar. Uma das principais qualidades dos seres humanos é a nossa competência de se mover. Porém, também utilizamos os músculos esqueléticos quando não estamos em movimento. Os músculos chamados posturais estão constantemente se contraindo para nos manter nas posturas sentado ou em pé. Os músculos chamados respiratórios estão constantemente trabalhando para nos manter respirando, mesmo durante o sono. A nossa comunicação depende dos músculos esqueléticos, seja para escrever, digitar ou conversar. Mesmo a comunicação silenciosa, utilizando sinais manuais ou expressões faciais, carece do trabalho dos músculos esqueléticos. A quantidade de músculos em nosso corpo depende de uma série de fatores e nem todos os indivíduos apresentam exatamente a mesma quantidade. Alguns podem surgir em um lado do corpo, entretanto, não no lado oposto, como, por exemplo, o músculo psoas menor. Outros estão totalmente ausentes em certos indivíduos, como o músculo palmar longo. Essas características, como visto anteriormente, são chamadas variações anatômicas. Assim, em conjunto, encontraremos aproximadamente 700 músculos no corpo humano, sendo eles controlados voluntariamente com variações de tamanho e formato. Manter bons estoques de glicogênio muscular é essencial para o desempenho esportivo e a recuperação muscular pós‑treino. A fim de ter um melhor desempenho diversos atletas e desportistas estão buscando a utilização dos recursos ergogênicos, tratamentos ou substâncias usadas para melhorar a performance. Elas são classificadas em diferentes tipos, sendo recursos mecânicos, fisiológicos, farmacológicos, psicológicos ou nutricionais. Dentre os diversos recursos está a creatina. Saiba mais Para saber mais sobre o uso dos recursos ergogênicos. OLIVEIRA, L. M. et al. Efeitos da suplementação de creatina sobre a composição corporal de praticantes de exercícios físicos: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, v. 11, n. 61, p. 10‑15, 2017. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/ articulo?codigo=5771924>. Acesso em: 13 mar. 2019. 4.1 Tipos de músculos Quando a contração de um músculo resulta de uma ação de vontade dizemos que esse é um músculo voluntário, mas quando a contração muscular escapa ao controle consciente do indivíduo, chamamos o músculo de involuntário. 128 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Os músculos voluntários diferenciam‑se histologicamente dos involuntários por possuírem estriações transversais, sendo por isso chamados de estriados. Já os músculos involuntários não possuem estriações, sendo por esse motivo lisos. Há ainda outro tipo de músculo, o cardíaco, que se assemelha histologicamente ao músculo esquelético, ainda que apresente uma ação involuntária, conforme ilustra a figura a seguir. Estriação Estriação Fibra muscular Fibra muscular Núcleo Núcleo Núcleo Músculo estriado cardíaco Disco intercalar Fibra de músculo liso Músculo liso (não estriado) Músculo estriado esquelético Figura 137 – Tipos de músculos Podemos também distinguir os músculos estriados dos lisos pela topografia, já que os estriados são, na maioria das vezes, fixados ao menos por uma de suas extremidades ao esqueleto. Já os músculos lisos são viscerais, isto é, são localizados na parede das vísceras de vários sistemas do organismo. O principal papel do tecido muscular estriado esquelético é movimentar o organismo ao executar tração sobre os ossos do esqueleto, permitindo‑nos diversas atividades, como, por exemplo, andar, dançar ou tocar um instrumento musical. O músculo estriado cardíaco impulsiona o sangue para os vasos do sistema cardiovascular; o tecido muscular liso conduz líquidos e sólidos ao longo do canal alimentar e exerce papéis variados em outros sistemas, portanto, não serão agora foco deste livro. 129 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Observação Anatomicamente, os músculos são classificados como esqueléticos quando possuem pelo menos uma extremidade ligada a osso; ou viscerais, quando formam a parede de órgãos moles e cavitários. 4.2 Papéis dos músculos Desses três tipos de músculos, aquele que nos interessa diretamente é o estriado ou voluntário. A lista a seguir resume os principais papéis de todos os três tipos de músculos: • Manutenção da postura e posicionamento do organismo: as contrações de músculos específicos sustentam a postura corporal, como, por exemplo, conservar a cabeça em posição durante a leitura de um livro ou equilibrar a massa corporal sobre os pés ao caminhar compreende a contração de músculos que estabilizam as articulações. Sem a constante contração muscular, não seria possível sentar em postura ereta sem cair nem levantar sem tombar para frente. • Sustentação de tecidos moles: a parede abdominal e o assoalho da cavidade pélvica consistem em camadas de músculos estriados esqueléticos. Esses músculos suportam o peso das vísceras e protegem os tecidos internos contra lesões. • Regulação da entrada e saída de materiais: aberturas ou orifícios do canal alimentar e das vias urinárias são circundados por músculos estriados esqueléticos. Esses músculos possibilitam o controle voluntário da deglutição, defecação e micção. • Manutenção da temperatura corporal: a contração muscular necessita de energia e sempre que o organismo usa energia, quando transforma parte dela em calor. A perda de calor pela contração muscular conserva nossa temperatura corporal dentro do intervalo indispensável para o seu funcionamento normal. • Reserva de nutrientes: os lipídios são armazenados nos músculos estriados esqueléticos como elementos de reserva e usados nas reações energéticas. Já as substâncias minerais influenciam as alterações químicas musculares e a sua contração. Além disso, o glicogênio é armazenado em grande quantidade nas fibras musculares, transformando‑se em glicose quando há necessidade de energia para as células. 4.3 Componentes macroscópicos dos músculos estriados esqueléticos O músculo estriado esquelético possui uma porção carnosa, vermelha no vivente, chamada ventre muscular, em que prevalecem as fibras musculares, sendo, portanto, a parte contrátil do músculo. Apresenta também extremidades que, quando são cilíndricas ou possuem formato de fita, chamamos de tendões, e quando têm formato de lâminas são chamadas aponeuroses, conforme ilustram as figuras a seguir. 130 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Tendões Ventre muscular Figura 138 – Vista anterolateral Ventre muscular Fáscia muscular (rebatida) Aponeuroses Figura 139 – Vista lateral da cabeça do braço 131 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Os tendões e as aponeuroses são esbranquiçados, brilhantes e muito resistentes, formados por tecido conectivo denso, rico em fibras colágenas, sendo responsáveis pela fixação dos músculos ao esqueleto. Contudo, podem estar fixados também em cartilagens, cápsulas articulares, tendões de outros músculos e na derme. Os tendões possuem um ponto de fixação. Já as aponeuroses apresentam diversos pontos de fixação. Frequentemente, a fixação de um tendão muscular ao osso estacionário é chamada de origem; a fixação do outro tendão muscular ao osso móvel é chamada de inserção. Uma boa associação de ideias é a mola de uma porta. Nesse exemplo, observamos a parte da mola fixada à estrutura é a origem; a parte presa à porta representa a inserção. Geralmente, a origem é proximal e a inserção distal; a inserção normalmente é tracionada em direção à origem. Lembrete A porção carnosa do músculo entre os tendões é chamada ventre muscular, ele representa a porção espiral do meio da mola do nosso exemplo. É importante lembrarmos também que existem alguns poucos músculos em que temos tendões interpostos a seus ventres, todavia, esses tendões não servem para fixação no esqueleto. Envolvendo o músculo, existe uma lâmina de tecido conectivo com espessura variável, às vezes muito espessa, outras não, a fáscia muscular. Ela desempenha os papéis de: • Bainha elástica de contenção: esse papel desempenhado pela fáscia, de conter ou manter próximas as fibras musculares entre si, é relevante para possibilitar que o músculo possa executar um trabalho competente de tração ao se contrair. • Facilitar o deslizamento dos músculos entre si: relevante para impedir o atrito entre os músculos durante a contração. • Retináculo: alças de sustentação compostas de tecido conjuntivo, que sustentam os tendões em seu lugar e, em parte, agem como apoio. São locais de desvio de músculos em seu caminho de origem até a inserção, como, por exemplo, o retináculo extensor dos músculos extensores longos da mão e dos dedos que, durante uma extensão dorsal, evita o afastamento do tendão em sentido dorsal. Lembrete Os músculos estriados esqueléticos fixam‑se normalmente aos ossos por meio de suas extremidades. O ponto fixo (origem) do músculo não se desloca durante a ação muscular, enquanto a extremidade contrária, que se desloca, é o ponto móvel (inserção). 132 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Saiba mais Para saber mais sobre os seguintes tópicos: tecido muscular estriado esquelético e organização muscular; anatomia macroscópica; anatomia microscópica das fibras musculares estriadas esqueléticas; contração muscular; unidades motoras e controle muscular; nota clínica (rigor mortis); tono muscular e tipos de fibras musculares estriadas esqueléticas: MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLISTSCH, R. B. Sistema muscular. In: ___. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, p. 238‑251. 4.4 Nomenclatura dos músculos estriados esqueléticos Os músculos estriados esqueléticos são classificados de acordo com suas diversas características, incluindo localização, tamanho, forma, disposição das fibras musculares, origem, inserção, número de cabeças, embriologia e função. 4.4.1 Localização Alguns nomes de músculos lembram o osso ou a região do organismo na qual o músculo está integrado, por exemplo, o músculo temporal localiza‑se sobre o osso temporal; o músculo peitoral está localizado no tórax; ou, ainda, o músculo glúteo está nas nádegas; e um músculo braquial que está no braço. 4.4.2 Tamanho relativo Termos como máximo, mínimo, longo e curto são comumente usados em nomes de músculos. Um músculo longo é mais comprido do que um curto. Além disso, uma segunda parte do nome imediatamente nos fala se existe mais de um músculo relacionado. Se existe um músculo curto, muito possivelmente um músculo longo está presente na mesma região, por exemplo, o músculo palmar longo. Ainda podemos citar o músculo glúteo máximo, como mostra a figura a seguir, sendo ele o maior músculo das nádegas, e o músculo glúteo mínimo, o menor. 4.4.3 Forma Alguns músculos são chamados conforme sua forma, como o músculo pronador quadrado, que apresenta um formato que lembra essa figura geométrica. 133 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Músculo glúteo máximo Figura 140 – Região glútea Músculo deltoide Figura 141 – Vista lateral de membro superior 4.4.4 Disposição das fibras musculares Geralmente os músculos apresentam as fibras dispostas paralela ou obliquamente à direção de tração exercida por eles. Há, ainda, os músculos dispostos de forma circular. Assim, os músculos estriados esqueléticos podem ser classificados quanto a disposição paralela, a disposição oblíqua e a disposição circular. Dentre os músculos que apresentam disposição paralela pode‑se citar: os músculos longos, nos quais o comprimento é predominante, como, por exemplo, o músculo sartório; os músculos largos, nos quais o comprimento e a largura são equivalentes, por exemplo, o músculo glúteo máximo; os músculos fusiformes, predominantemente nos membros e que são longos, mas que se nota uma convergência das fibras em direção aos tendões de origem e inserção, por exemplo, o músculo braquial; e os músculos em formato de leque, que são largos, mas cujas fibras convergem para um tendão em uma das extremidades, dando‑lhes a aparência de um leque, por exemplo, o músculo temporal. O músculo que possui fibras dirigidas obliquamente e inseridas apenas em um lado do tendão, à semelhança da metade de uma pena de ave, é classificado como reniforme. Um exemplo disso é 134 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II o músculo extensor longo do hálux. Músculos bipeniformes são os que têm o formato de uma pena inteira, como, por exemplo, o músculo reto femoral. Músculo sartório Figura 142 – Vista anterior da coxa Músculo braquial Músculo bíceps braquial Figura 143 – Vista anterolateral do braço 135 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Músculo extensor longo do hálux Figura 144 – Vista anterior da perna Músculo reto femoral Figura 145 – Vista anterior da coxa e do dorso do pé Os músculos orbiculares da boca e dos olhos (linhas azul‑claro), conforme ilustra a figura a seguir, têm seus fascículos dispostos em círculo em torno de uma abertura, atuando como esfíncteres para fechar a abertura. 136 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Músculo orbicular dos olhos Músculo orbicular da boca MZM MZM CGS CGS Figura 146 – Peças de cadáver fresco com compartimento de gordura superficial (CGS) e músculos zigomático maior (MZM) expostos 4.4.5 Número de origens Quando bíceps, tríceps ou quadríceps compõem parte do nome de um músculo, pode‑se adotar que o músculo tem duas, três ou quatro origens, por exemplo, o músculo bíceps femoral, o tríceps da perna e o quadríceps femoral. O músculo bíceps femoral é formado por duas cabeças de origem: o músculo bíceps femoral cabeça longa e o músculo bíceps femoral cabeça curta. Já o músculo tríceps da perna é formado por três cabeças de origem: os músculos gastrocnêmios (medial e lateral) e o músculo sóleo. Por fim, o músculo quadríceps femoral é formado por quatro cabeças de origem: o músculo reto femoral, os músculos vastos (medial, intermédio e lateral). M. sartório M. reto femoral Músculos quadríceps femoral: M. vasto intermédio M. vasto lateral M. vasto medial Figura 147 – (A) Vista anterior da coxa. (B) Vista anterior da coxa com o músculo reto femoral rebatido 137 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Observação A expressão “calcanhar de Aquiles”, em sentido amplo, significa qualquer ponto desprotegido. Em anatomia, ele se chama tendão do calcâneo, é o ponto de inserção do músculo tríceps da perna. Na mitologia grega, o herói Aquiles foi tornado inatingível pela mãe ao ser banhado nas águas do rio Estige. Porém, como foi segurado pelos calcanhares para não afundar, essa parte continuou a ficar vulnerável. Mais tarde, na Guerra de Troia, foi mortalmente golpeado por Páris com uma flechada justamente no calcanhar. 4.4.6 Número de inserções Os músculos também podem se inserir por mais de um tendão, sendo eles classificados como: bicaudado, quando existirem dois tendões de inserção, por exemplo, músculo flexor curto do hálux; ou policaudado, quando existirem três ou mais tendões de inserção, por exemplo, músculo extensor dos dedos. 4.4.7 Localização de suas fixações Alguns músculos são nomeados conforme os seus pontos de origem e inserção. A origem é sempre o primeiro nome, por exemplo, o músculo esternocleidomastoideo tem duas origens, no esterno e na clavícula, e sua inserção é no processo mastoide do osso temporal. Músculo flexor curto do hálux Figura 148 – Músculos da planta do pé 138 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Músculo extensor dos dedos Figura 149 – Vista posterior do antebraço Músculo esternocleidomastoideo Figura 150 – Vista anterolateral da cabeça e do pescoço 4.4.8 Número de ventres Existem músculos que apresentam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários entre eles. Eles podem ser: digástrico, quando possuem dois ventres musculares, por exemplo, músculo 139 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS digástrico; ou, ainda, poligástrico, quando apresentam três ou mais ventres musculares, por exemplo, músculo reto do abdome. Músculo digástrico Músculo temporal Figura 151 – Vista lateral da cabeça Músculo reto do abdome Figura 152 – Vista anterior do tronco 140 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II 4.4.9 Embriologia Os músculos podem ser divididos em mioméricos, ou seja, derivados de miótomos, que são a grande maioria; e branquioméricos, ou seja, derivado dos arcos branquais (faríngeos), como, por exemplo, os músculos da mastigação, face, faringe, laringe e os músculos trapézio e esternocleidomastoideo. 4.4.10 Ação Quando os músculos são chamados por suas ações, são utilizadas palavras como flexor, extensor ou adutor no nome do músculo, por exemplo, o músculo extensor longo do hálux. Como visto, os nomes dos músculos são dados conforme certos critérios, a figura a seguir ilustra e resume alguma das classificações estudadas. Tendão de origem Bíceps Ventre Ventre Tendão intermediário Tendão intermediário Intersecções musculares Superfície de corte do músculo esfincter Tendão de inserção Quadríceps Secção anatômica do músculo Origens musculares Aponeurose (inserção) Secção transversal fisiológica do músculo Tríceps Ângulo de inclinação das fibras C D A B E Figura 153 – Tipos de músculos estriados esqueléticos. (A) Número de origens (pontos fixos). (B) Direção das fibras. (C) Músculo poligástrico. (D) Fibras horizontais. (E) Origem e inserção de um músculo largo 141 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Resumo As articulações são formadas quando os ossos vizinhos se articulam. Elas são classificadas de acordo com o tecido interposto em fibrosas, cartilagíneas e sinoviais. As articulações fibrosas são de quatro tipos: suturas, sindesmoses, gonfoses e esquindileses. Os dois tipos de articulações cartilagíneas são as sincondroses e as sínfises. As articulações sinoviais com liberdade de movimentos apresentam estruturas anatômicas, como a cápsula articular, a membrana sinovial, o líquido sinovial, a cartilagem articular, os ligamentos, os meniscos e os discos articulares. Os músculos estriados esqueléticos possuem características macroscópicas, como o ventre muscular, os tendões, as aponeuroses e as fáscias musculares. Os nomes que os músculos estriados esqueléticos receberam foram baseados na forma, no tamanho, na direção das fibras, no número de origens, na localização de suas fixações e ações. Os músculos do esqueleto axial incluem aqueles responsáveis pela expressão facial, mastigação, parede abdominal e coluna vertebral. Os músculos do esqueleto apendicular incluem os músculos dos membros superiores e inferiores. Exercícios Questão 1. As articulações podem ser classificadas de acordo com os movimentos que são capazes de realizar. Denominam‑se de diartroses aquelas que permitem grandes movimentos dos ossos e de sinartroses aquelas que permitem pouca ou nenhuma movimentação. Dentre as articulações citadas abaixo, marque a única que é um exemplo de diartrose: A) Articulações dos ossos do crânio. B) Articulações da vértebra lombar e o osso sacro. C) Articulação da costela com o esterno. D) Articulações do púbis. E) Articulação entre úmero e ulna. Resposta correta: alternativa E. 142 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade II Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: denominada sutura, essa é um tipo de sinartrose, articulação composta de tecido fibroso e, portanto, imóvel, com grau de movimento muito pequeno e quase imperceptível. B) Alternativa incorreta. Justificativa: articulação semimóvel entre os ossos conectada por discos de fibrocartilagem (entre as vértebras), denominados anfiartroses. C) Alternativa incorreta. Justificativa: trata‑se de uma anfiartrose do tipo sincondrose que mantém os ossos articulados por cartilagem hialina. Podem ser tipo temporário (placas epifisárias) e permanente (cartilagem costal). D) Alternativa incorreta. Justificativa: trata‑se de uma anfiartrose do tipo sínfise, que mantém os ossos articulados por tecido fibrocartilaginoso. E) Alternativa correta. Justificativa: a articulação entre o úmero e a ulna permite a movimentação do braço. Questão 2. Existem três tipos de tecidos musculares: estriado esquelético, estriado cardíaco e não estriado. Eles diferenciam‑se por sua morfologia e localização no corpo. Sobre o tecido muscular estriado cardíaco, assinale a alternativa incorreta. A) O tecido muscular estriado cardíaco apresenta contração involuntária. B) O tecido muscular estriado cardíaco apresenta estriações transversais. C) O tecido muscular estriado cardíaco apresenta células multinucleadas. D) No tecido muscular estriado cardíaco é possível observar os chamados discos intercalares, que são complexos juncionais. E) O tecido muscular estriado cardíaco é encontrado apenas no coração. Resolução desta questão na plataforma. Livro- Texto - Unidade III.pdf 143 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Unidade III Os aparelhos são formados por grupos de dois ou mais sistemas com funções semelhantes. Assim, temos: o aparelho ósteoarticular, formado pelos sistemas esquelético e articular; o aparelho locomotor, constituído pelos sistemas esquelético, articular e muscular; o aparelho da nutrição, composto pelos sistemas respiratório, digestório e endócrino; o aparelho urogenital, que compreende os sistemas urinário e genital masculino; o aparelho reprodutor, formado pelos sistemas genital masculino, genital feminino e tegumentar; o aparelho neuroendócrino, constituído pelo sistema nervoso e os órgãos endócrinos; o aparelho cardiorrespiratório, constituído pelos sistemas cardiovascular e respiratório; o aparelho gastropulmonar, formado pelos sistemas digestório e respiratório; o aparelho mastigador, composto pelos músculos, língua e dentes; o aparelho lacrimal, que compreende a glândula lacrimal, saco conjuntival palpebral, papila e os canalículos lacrimais, saco lacrimal e ducto nasolacrimal; o aparelho neurossensorial, formado pelo sistema nervoso e os órgãos dos sentidos. Assim, nesta unidade serão abordados aspectos morfofuncionais relacionadas ao aparelho cardiorrespiratório, além dos sistemas digestório e endócrino. Sabemos que o organismo vivo está em permanente comunicação química com o meio externo. Os nutrientes são absorvidos por meio do revestimento do trato digestório, gases se propagam de lado a lado do fino epitélio dos pulmões e detritos são eliminados nas fezes e na urina, bem como na saliva, na bile, no suor e em outras excretas exócrinas. As trocas químicas acontecem em locais ou órgãos especializados porque todas as partes do corpo estão unidas ao sistema cardiovascular. O sistema cardiovascular pode ser comparado ao sistema de resfriamento de um veículo. Seus elementos fundamentais abrangem o líquido circulante (o sangue), uma bomba (o coração) e uma diversidade de tubos condutores (uma rede de vasos de sangue). De tal modo, todos os papéis do sistema cardiovascular dependem necessariamente do coração, porque é ele que conserva o sangue em movimento. Esse órgão muscular bate aproximadamente 100 mil vezes por dia, empurrando o sangue por meio dos vasos de sangue. A cada ano, o coração ejeta mais de 1,5 milhões de galões de sangue, o suficiente para encher duzentos carros‑tanques. Para se ter uma ideia prática da capacidade de bombeamento do coração, sugere‑se abrir uma torneira em seu nível máximo. Para alcançar uma quantia de água igual ao volume de sangue ejetado pelo coração durante o tempo médio de vida, a torneira teria de ficar aberta por pelo menos 45 anos. De modo igualmente extraordinário, o volume de sangue impulsionado pode alterar vastamente, entre 5 e 30 litros por minuto. A performance do coração é firmemente monitorada e impecavelmente regulada pelo sistema nervoso para assegurar que os níveis de gases, nutrientes e resíduos nos tecidos periféricos continuem dentro dos limites normais, quer permanecemos dormindo serenamente, lendo um artigo científico, ou contidos em um enérgico jogo de futebol. Aqui serão estudados os aspectos estruturais que possibilitam ao coração uma atuação confiável, mesmo diante de demandas físicas largamente modificáveis. Ponderaremos, então, os mecanismos que regulam a atividade cardíaca para confrontar as permanentes variações das necessidades do corpo. 144 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III O sistema cardiovascular é um sistema fechado que faz com que o sangue circule por todo o corpo. Existem dois grupos de vasos de sangue: um provê os pulmões (a circulação pulmonar) e o outro nutre o restante do corpo (a circulação sistêmica). O sangue é ejetado a partir do coração, concomitantemente para o tronco pulmonar e a aorta. A circulação pulmonar, relativamente pequena, origina‑se na valva do tronco pulmonar (saída do ventrículo direito) e finaliza na entrada para o átrio esquerdo. Entre o átrio direito e o ventrículo direito no óstio atrioventricular direito há a presença da valva atrioventricular direita ou tricúspide, enquanto no átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo no óstio atrioventricular esquerdo há a presença da valva atrioventricular esquerda ou bicúspide. As artérias pulmonares que se ramificam a partir do tronco pulmonar levam sangue aos pulmões para as trocas gasosas. A circulação sistêmica inicia na valva da aorta (saída do ventrículo esquerdo) e conclui na entrada para o átrio direito. As artérias sistêmicas ramificam‑se a partir da aorta e propagam sangue a todos os outros órgãos para troca de nutrientes, gases e resíduos. A circulação pulmonar é também chamada de pequena circulação. Lembrete O coração apresenta quatro cavidades: dois átrios (direito e esquerdo) e dois ventrículos (direito e esquerdo). Após adentrar nos órgãos, as artérias prosseguem se ramificando, formando centenas de milhões de artérias pequenas que nutrem com sangue mais de bilhões de capilares, cujo diâmetro aproxima‑se ao de um único eritrócito. Esses capilares constituem amplas redes de ramificações, estima‑se que a extensão de todos os capilares do corpo ligados linearmente varia de aproximadamente 8 mil a 40 mil quilômetros. Isso mostra que os capilares em nosso corpo podem cruzar o território dos Estados Unidos e provavelmente dar a volta ao redor da Terra. Todas as trocas químicas e gasosas entre o sangue e o líquido intersticial são efetuadas por meio das paredes capilares. As células teciduais dependem da difusão capilar para conseguir oxigênio e nutrientes e para extrair produtos residuais. O sangue que deixa a rede de capilares adentra em uma rede de pequenas veias que pouco a pouco se juntam para compor vasos maiores que, enfim, desembocam nas veias pulmonares (circulação pulmonar), veia cava superior ou veia cava inferior (circulação sistêmica). Aqui também será discutida a organização histológica e anatômica de artérias, veias e capilares. Posteriormente, avançaremos para o reconhecimento dos principais vasos de sangue e das vias do sistema cardiovascular. O sistema linfático é composto de vasos e órgãos que estão estrutural e funcionalmente ligados ao sistema cardiovascular. O planeta não é sempre adepto à conservação das condições sadias do corpo humano. Acidentes gerados pela interação com objetos do meio ambiente podem ocasionar impactos, cortes e queimaduras. As decorrências de uma lesão podem ser potencializadas por uma sequência de vírus, bactérias e outros micróbios que proliferam em nosso ambiente. Alguns desses micróbios normalmente habitam na superfície e no interior do corpo humano, contudo, todos apresentam o potencial de causar grandes avarias. Ficar vivo e sadio abrange uma energia permanente e associada 145 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS que conglomera diferentes órgãos e sistemas. Nessa batalha sucessiva, o sistema linfático adota o papel primordial. O sistema respiratório possui células que adquirem energia especialmente por meio de metabolismo aeróbio, um processo que necessita de oxigênio e produz dióxido de carbono. Para sobreviver, as células devem ter uma maneira de conseguir oxigênio e eliminar dióxido de carbono. O sistema cardiovascular propõe uma união entre o líquido intersticial em torno das células e as superfícies de difusão gasosa dos pulmões. O sistema respiratório promove a difusão gasosa entre o ar e o sangue. Conforme circula, o sangue carrega oxigênio dos pulmões para os tecidos do corpo, além de receber o dióxido de carbono produzido por esses tecidos e o levar até os pulmões para a eliminação. Na discussão sobre o sistema respiratório serão descritas as estruturas anatômicas que conduzem o ar do meio externo até as superfícies de difusão gasosa nos pulmões. Saiba mais Para saber mais sobre os temas apresentados anteriormente: CASTILHO, N.; DELIZOICOV, D. Trajeto do sangue no corpo humano: instauração‑extensão‑transformação de um estilo de pensamento. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS 2. Valinhos, 1999. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/iienpec/ Dados/trabalhos/A43.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2019. RAMOS, C. William Harvey: vida e obra (1ª parte). Acta Médica Portuguesa, Lisboa, v. 5, n. 9, p. 507‑512, 1992. Disponível em: <https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/ view/4505/3528>. Acesso em: 15 mar. 2019. RAMOS, C. William Harvey: vida e obra (2ª parte). Acta Médica Portuguesa, Lisboa, n. 5, p. 559‑563, 1992. Disponível: <http:// www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/ viewFile/3291/2617>. Acesso em: 15 mar. 2019. 5 CORAÇÃO Sistema cardiovascular é a designação oficial da terminologia anatômica que substituiu o clássico aparelho circulatório ou sistema circulatório. A mudança se fez indispensável, pois aparelho indica um conjunto de dois ou mais sistemas, e circulatório remete ao local em que algo se movimenta e que retorna ao ponto de origem, sem carecer das estruturas e sua morfologia. Então, vale assinalar que circulator, em latim, tem a definição de charlatão, uma conduta ou propriedade não estimável para um digno e essencial sistema orgânico. A palavra “circulação” era utilizada pelos detratores do anatomista e médico William Harvey (1628) para recusar a relevância de sua descoberta. 146 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III Através do sangue são carregados, além de nutrientes, como a glicose, O2 e CO2, os hormônios produzidos pelos órgãos endócrinos, localizados em regiões diversas do organismo. Já o sangue tem células especializadas na defesa do organismo, como contra as substâncias estranhas e os micro‑organismos, além de ser responsável pela manutenção da temperatura do corpo. Figura 154 – Relação do sistema cardiovascular com outros sistemas do organismo na manutenção da homeostasia Esse conjunto de órgãos consiste em um sistema fechado, sem comunicação com o exterior, formado por tubos no interior dos quais circulam humores. Os tubos são denominados vasos e os humores são o sangue e a linfa. O organismo de um indivíduo adulto apresenta em média 5 litros de sangue circulando ininterruptamente. Essa abundância equivale a aproximadamente um doze avos da massa corporal de um adulto. Observação As patologias do sistema cardiovascular estão entre as mais relevantes que atingem os seres humanos. O coração era considerado a sede da alma, do amor e das emoções, possivelmente porque essas são seguidas de palpitações, taquicardia, dor precordial, reações admiradas pelos poetas e pelos românticos. Porém, as atividades temperamentais estão mais relacionadas ao encéfalo do que com o coração. Os batimentos cardíacos já foram o sinal de vida, tanto que era aceitável sua interrupção para admitir o diagnóstico de morte. Hoje, entretanto, o indivíduo é considerado morto quando não existe atividade eletroencefalográfica, mesmo que haja atividade cardíaca. Em outras palavras, coração batendo não é sinal condicional de vida. 147 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Órgão central do sistema cardiovascular, o coração é um músculo quadricavitário com a configuração de um cone truncado, do tamanho aproximado do punho do mesmo indivíduo, que em relação ao sangue exerce o papel de uma bomba aspirante e premente. Tronco pulmonar Veia cava superior Aurícula direita Ventrículo direito Sulco interventricular anterior Aurícula esquerda Aorta Figura 155 – Aspectos externos do coração O efeito de bomba muscular do coração baseia‑se na contração e no relaxamento do músculo estriado cardíaco. A fase de contração é denominada sístole e a fase de relaxamento, diástole. Essas terminologias são mencionadas normalmente em relação à contração e ao relaxamento do ventrículo direito e do ventrículo esquerdo, ainda que os átrios também contraiam e relaxem. A contração do átrio direito e do esquerdo antecede a contração dos ventrículos e colabora para o enchimento máximo dos ventrículos (volume diastólico final). A contração dos átrios acontece simultaneamente, bem como a contração dos dois ventrículos. Hoje é também reconhecido como órgão endócrino, por haver pelo menos nos átrios os grânulos atriais, nos cardiomiócitos, envolvidos com o fator natriurético atrial, o hormônio do coração. O fator natriurético atrial é secretado no sangue devido à distensão do átrio direito, como na insuficiência cardíaca, ou, ainda, devido à ativação do sistema nervoso autônomo simpático, promovendo nos rins uma diminuição na reabsorção de cloreto de sódio e, por conseguinte, de água. O resultado é a elevação da excreção de urina, ou seja, a diurese aumentada. Além de seu efeito diurético, o fator natriurético atrial gera relaxamento da musculatura lisa vascular e, com isso, a vasodilatação. Por meio desses dois mecanismos, a diminuição do volume de sangue e a redução da resistência vascular periférica induzem a uma diminuição do esforço do coração. 148 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III 5.1 Volumes e pesos do coração O volume do coração que corresponde ao seu volume médio é de aproximadamente 785 mililitros, sendo alterado conforme os fatores de variação anatômica, como a idade e o sexo. Seu peso em um adulto é de cerca de 5 gramas/quilo de peso, portanto, em um indivíduo de 60 quilos, pesa aproximadamente 300 gramas. Em primeiro lugar permanece o fator idade, de tal maneira que o coração de um recém‑nascido é proporcionalmente maior do que de um adulto, 7 gramas, ao antagônico de 5 gramas/quilo de peso, devido à resistência da circulação placentária que tem que vencer durante a vida fetal. Após o nascimento, seu peso reduz proporcionalmente, atingindo depois dos 5 anos de idade a proporção de 5 gramas/quilo de peso. A partir dessa idade são assinaladas desigualdades nos volumes do coração, o que é relacionado com a diferença entre os sexos, sendo que esse é um pouco menor nas mulheres do que nos homens. O coração do adulto mede aproximadamente 12 centímetros de comprimento por 8 a 9 centímetros de largura, em sua parte mais larga, e 6 centímetros de espessura. Seu peso no homem altera de 280 a 340 gramas; na mulher, de 230 a 280 gramas. À medida que o indivíduo envelhece, o coração reduz, pois existe uma diminuição na força de contração do músculo estriado esquelético. As valvas do coração tornam‑se menos flexíveis e o fechamento incompleto pode gerar um “sopro” audível. Em torno dos 60 anos de idade o débito cardíaco, ou seja, a quantidade de sangue que sai do ventrículo esquerdo a cada minuto pode reduzir em até 35%. O prejuízo do complexo estimulante do coração pode gerar ritmos cardíacos anormais, incluindo os batimentos cardíacos extras, os batimentos dos átrios acelerados e a redução do ritmo dos ventrículos. A insuficiência temporária do complexo estimulante do coração ou bloqueio cardíaco pode gerar perda periódica da consciência. Devido à redução na reserva de força do coração, os indivíduos senis são comumente limitados na sua capacidade de responder ao estresse físico ou emocional. Também há relação entre o peso do coração com o aumento da musculatura estriada esquelética, de tal forma que em indivíduos atletas seu peso é proporcionalmente maior. Nos indivíduos atletas esses parâmetros podem elevar para 500 gramas de peso e 1440 mililitros de volume médio. Na hipertrofia cardíaca, o volume do coração está alargado, contudo, ele todo é mais espesso e suas paredes são mais fortes, seguindo um processo geral de aumento muscular de todo o corpo. Porém, a dilatação do coração pode ser patológica e revela insuficiência cardíaca. Na dilatação o coração está expandido, mas suas paredes são delgadas, como se constituísse uma bola de borracha que contém mais ar. 5.2 Localização do coração O coração está contido em uma membrana especial, o pericárdio, preenchendo a região topográfica do tórax conhecida como mediastino médio. O mediastino, conforme ilustra a figura a seguir, é o espaço visceral da linha mediana ou cavidade torácica. 149 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Mediastino posterior Mediastino médio Mediastino anterior Mediastino superior Figura 156 – Subdivisões do mediastino e o seu conteúdo O mediastino está dividido em mediastino superior e mediastino inferior pela presença do pericárdio. O mediastino superior não apresenta subdivisões, abrange o esôfago e a traqueia, posteriormente, o timo, anteriormente, e entre eles os grandes vasos da base do coração. O mediastino inferior está subdividido em mediastino anterior, mediastino médio e mediastino posterior. As estruturas anatômicas encontradas dentro do mediastino anterior abrangem os ligamentos esternopericárdicos e diversos linfonodos. O mediastino médio situa‑se ao nível de T4‑T8, no corpo do esterno e nas cartilagens costais. Está localizado entre o mediastino posterior e o mediastino anterior. O mediastino médio abrange o coração e o pericárdio, junto com o nervo frênico que corre no pericárdio fibroso, além dos brônquios principais e as estruturas das raízes dos pulmões. O mediastino posterior abrange, entre outras estruturas anatômicas, o esôfago e a parte torácica da aorta, que o atingem vindos do mediastino superior. Sua maior parte se encontra à esquerda do plano mediano, permanecendo um terço à direita e dois terços à esquerda do plano mediano, e não inteiramente do lado esquerdo da cavidade torácica, como usualmente se crê. Ainda que essa seja a posição mais comum, denominada levocárdica, há variações na posição do coração em relação à cavidade torácica. O coração pode ostentar a posição mesocárdica, quando a maior parte do seu volume se depara na parte mediana do tórax. O desdobramento anormal do coração embrionário pode causar inversão completa da posição do coração chamado posição dextrocárdica, quando grande parte de seu volume se encontra no hemitórax direito. Essa anomalia congênita é a anormalidade mais comum de posição do coração, embora ainda seja relativamente rara. 5.3 Limites do coração Na cavidade torácica o coração está situado entre os dois pulmões, os limites laterais, por trás do osso esterno, o limite anterior, repousando sobre o diafragma, o limite inferior, e por diante da coluna vertebral, entre a quarta e a oitava vértebras torácicas, as vértebras cardíacas de Giacomini, o limite posterior, e pela abertura torácica superior, o limite superior. 150 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III Face pulmonar esquerda Costelas Base do coração Margem superior Margem direita Ápice do coração Margem inferior Figura 157 – Posição e orientação do coração 5.4 Configuração externa do coração O coração está disposto obliquamente, de tal maneira que sua base é medial e o seu ápice é lateral. O maior eixo do coração, eixo longitudinal, da base ao ápice é oblíquo e desenha um ângulo de aproximadamente 40° com o plano horizontal e com o plano mediano do corpo. O coração é composto de quatro cavidades, conforme ilustra a figura a seguir, os átrios direito e esquerdo, e os ventrículos direito e esquerdo. As duas cavidades superiores são os átrios e as duas inferiores são os ventrículos. Os ventrículos, com paredes musculares encorpadas, compõem a parte volumosa do órgão, enquanto os átrios têm paredes musculares finas. Laranja – Aurícula direita Rosa – Aurícula esquerda Branco – Ventrículo direito Amarelo – Ventrículo esquerdo Figura 158 – Morfologia externa do coração 151 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS A base do coração é constituída, sobretudo, pelo átrio esquerdo, com um menor reforço do átrio direito, conforme ilustra a figura a seguir. Corresponde à área preenchida pelas raízes dos grandes vasos da base do coração, isto é, vasos de sangue por meio dos quais o sangue adentra ou sai do coração. No átrio direito dirigem a veia cava superior e a veia cava inferior. Veia cava superior Átrio esquerdo Septo interatrial Ventrículo esquerdo Septo interventricular Ventrículo direito Veia cava inferior Átrio direito Figura 159 – Esquema das cavidades do coração No átrio esquerdo dirigem as veias pulmonares, em número de quatro, sendo duas veias para cada pulmão. As veias são distribuídas perpendicularmente umas às outras, por um lado, a veia cava superior e a veia cava inferior, e, por outro lado, as veias pulmonares formam a cruz venosa. Veia cava superior Veia cava inferior Septo interatrial Veias pulmonares Figura 160 – Cruz venosa Do ventrículo direito emerge o tronco pulmonar, que após um pequeno percurso bifurca‑se em artérias pulmonares: a artéria pulmonar direita e a artéria pulmonar esquerda para os referentes pulmões. 152 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III Do ventrículo esquerdo nasce a aorta, que se conduz primeiramente para cima e depois para trás e para a esquerda, concebendo, assim, o arco da aorta. O ápice do coração é constituído pela parte inferolateral do ventrículo esquerdo. Laranja – artéria subclávia esquerda Rosa – veia cava superior Branco – tronco braquiocefálico Verde – artéria carótida comum esquerda Azul – arco da aorta Vermelho – tronco pulmonar Figura 161 – Vasos da base As quatro faces do coração são: a face esternocostal (anterior), a face diafragmática (inferior), a face pulmonar direita e a face pulmonar esquerda. A face esternocostal é composta especialmente pelo ventrículo direito. A face diafragmática, achatada, é formada, sobretudo, pelo ventrículo esquerdo e parte do ventrículo direito, estando relacionada principalmente ao tendão central do diafragma. A face pulmonar direita é composta especialmente pelo átrio direito. A face pulmonar esquerda é formada principalmente pelo ventrículo esquerdo, compondo a incisura cardíaca do pulmão esquerdo. Figura 162 – Faces do coração 153 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS O coração parece trapezoide nas vistas anterior e posterior. A margem direita, ligeiramente convexa, é composta pelo átrio direito e expande‑se entre a veia cava superior e a veia cava inferior. A margem inferior, oblíqua, quase vertical, é formada especialmente pelo ventrículo direito e por uma pequena parte do ventrículo esquerdo. A margem superior, composta pelo átrio direito, pelo átrio esquerdo, pela aurícula direita e pela aurícula esquerda em vista anterior; a aorta ascendente e o tronco pulmonar surgem dessa margem; e a veia cava superior penetra no seu lado direito. À esquerda não há margem, pois existe a face pulmonar, formada especialmente pelo ventrículo esquerdo. 5.5 Configuração interna do coração Cada átrio tem um apêndice, o qual verificado na superfície externa do coração se assemelha à orelha de um animal e recebe por isso o nome de aurícula (do latim, auris, orelha). Quando as paredes do coração estão abertas, observa‑se que a cavidade cardíaca possui septos, subdividindo‑se em quatro cavidades. O septo horizontal é um septo atrioventricular que divide o coração em duas partes: superior e inferior. A parte superior tem um septo sagital, o septo interatrial, fino e muscular, que a divide em duas cavidades: o átrio direito e o átrio esquerdo. Uma anomalia congênita do septo interatrial, comumente pelo fechamento incompleto do forame oval, leva à comunicação interatrial. Porém, existe uma abertura do tamanho de uma sonda na parte superior da fossa oval em 15 a 25% dos indivíduos adultos. Essas pequenas aberturas, sozinhas, não geram anormalidades hemodinâmicas e, desse modo, não apresentam relevância clínica e não devem ser classificadas formas de comunicação interatrial. A comunicação interatrial clinicamente relevante modifica muito em tamanho e localização do coração e pode acontecer como parte de uma cardiopatia congênita mais complexa. Uma comunicação interatrial exacerbada permite que o sangue oxigenado oriundo dos pulmões seja desviado do átrio esquerdo por meio da comunicação interatrial para o átrio direito, gerando aumento do átrio direito, do ventrículo direito e dilatação do tronco pulmonar. Essa passagem de sangue do coração esquerdo para o coração direito sobrecarrega o sistema vascular pulmonar, resultando em hipertrofia do átrio direito, do ventrículo direito e das artérias pulmonares. A parte inferior também apresenta um septo sagital forte, o septo interventricular, composto pela parte membranácea e pela parte muscular que divide a parte inferior em duas cavidades: o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo Branco – Músculo papilar (ventrículo esquerdo) Laranja – Músculo papilar (ventrículo direito) Azul – Miocárdio do ventrículo direito Verde – Miocárdio do ventrículo esquerdo Rosa – Septo interventricular Figura 163 – Morfologia interna do coração 154 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III Observação Um defeito no septo interventricular é uma comunicação anormal de procedência congênita relativamente comum entre o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo. A parte membranácea é comprometida com maior assiduidade em 70% dos casos, sendo, portanto, a parte muscular menos afetada. Nessa condição, o sangue oxigenado do ventrículo esquerdo não é enviado apenas para a aorta, mas, também, é desviado para o ventrículo direito, chamado desvio ou shunt esquerdo‑direita. Pelo defeito do septo interventricular o ventrículo esquerdo deve tentar contrabalançar essa falha no transporte por meio de elevação na força de contração, favorecendo, assim, uma sobrecarga do ventrículo esquerdo, com consequente hipertrofia do coração esquerdo. Para que isso seja impedido, grandes defeitos do septo interventricular devem ser retificados cirurgicamente. 5.6 Características morfofuncionais do átrio direito • Apresenta um formato triangular. • É maior do que o átrio esquerdo. • Sua parede é um pouco mais fina do que a do átrio esquerdo, com aproximadamente 2 milímetros de espessura. • Suas paredes finas são tonificadas na parte lateral por feixes musculares, dispostos em cristas paralelas, chamados de músculos pectíneos. • Capacidade de 57 mililitros de sangue. • Recebe sangue venoso da circulação sistêmica, a veia cava superior adentra na parte superior do átrio direito, e a veia cava inferior na parte inferior. • Entre a veia cava superior e a veia cava inferior, mais próximo da veia cava inferior depara‑se com uma saliência, chamada de tubérculo intervenoso, que se reserva a nortear os jatos de sangue que nascem da veia cava superior e da veia cava inferior para que não se encontrem frontalmente. • Anteriormente ao átrio direito há uma expansão piramidal chamada de aurícula direita, que serve para suavizar o impulso do sangue ao adentrar no átrio. • O óstio do seio coronário, que drena o sangue do coração, está localizado próximo da veia cava inferior. • O septo interatrial forma a parede dorsal do átrio direito. Contém estruturas elementares que tiveram grande valor no feto, a fossa oval, contornada por um relevo, o limbo da fossa oval. A fossa oval é uma depressão oval na parede septal, correspondendo ao forame oval do coração fetal. O forame oval do coração começa a fechar‑se no fim da vida fetal e o fechamento se 155 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS completa em seguida ao nascimento graças a uma prega, a válvula do forame oval que se solda ao limbo da fossa oval. O forame oval pode persistir aberto e estabelecer uma anomalia cardíaca. • O seio das veias cavas (sinus venarum) é localizado na parte posterior da cavidade do átrio direito, onde a veia cava superior e a veia cava inferior terminam seu trajeto. O seio das veias cavas possui paredes internas lisas e é derivado do seio venoso do embrião. Por dentro do átrio direito, o seio das veias cavas é limitado à direita pela crista terminal, uma estrutura muscular lisa que corresponde externamente ao sulco terminal do coração. Anterior ao seio das veias cavas, portanto dele separado pelo sulco terminal, encontra‑se o átrio direito propriamente dito, uma parte enrugada oriunda do próprio átrio do embrião e segue, anteriormente, com a aurícula direita. Em seguida, o átrio direito e a aurícula direita são separados do seio das veias cavas pela crista terminal, especialmente na parede lateral da base do coração. No embrião, o sulco terminal sinaliza a união do átrio direito com o seio venoso. Superiormente, a crista terminal amolda o nó sinoatrial; seu remanescente inclui a direção do trato internodal posterior. Ascende‑se no interior do seio das veias cavas vários vasos de sangue, como, por exemplo, a veia cava superior, a veia cava inferior e o seio coronário, abrindo‑se entre o óstio da veia cava inferior e o óstio atrioventricular, resguardado por uma fina válvula do seio coronário, semicircular, designada de valva de Tebésio, a qual dificulta a regurgitação de sangue para dentro do seio durante a contração do átrio direito, e os forames das veias cardíacas mínimas, que drenam uma pequena porção do sangue intramiocárdico diretamente para o seio das veias cavas. • O trígono do nó sinoatrial, o triângulo de Koch, consiste em uma zona triangular na parte inferior da parede septal da cavidade do átrio direito, entre a base da cúspide septal da valva atrioventricular esquerda, o óstio do seio coronário e o tendão da válvula da veia cava inferior, o tendão de Todaro. Esse último consiste em uma corda curva, colagenosa, redonda e palpável a partir do lado direito do esqueleto fibroso do coração até o extremo esquerdo do óstio da veia cava inferior. O trígono é uma estrutura de relevância cirúrgica, indicando o local onde se situa o nó atrioventricular e o começo do fascículo atrioventricular, sendo essas estruturas do complexo estimulante do coração. Músculos pectíneos Septo interatrial Fossa oval Óstio da veia cava inferior Óstio do seio coronário Válvula da valva atrioventricular esquerda Ventrículo direito Sulco interventricular Crista terminal Óstio da veia cava superior Válvula da valva atrioventricular direita Ventrículo esquerdo Figura 164 – Vista anterior direita da superfície interna do átrio direito. A parede anterior do átrio foi aberta e dobrada superiormente 156 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III 5.7 Características morfofuncionais do átrio esquerdo • Apresenta forma quadrilátera. • É menor do que o átrio direito. • Parede mais grossa do que a do átrio direito, aproximadamente 3 milímetros de espessura. • A maior parte encontra‑se atrás da aorta ascendente e do tronco pulmonar. • O septo interatrial possui, no local da fossa oval, uma pequena elevação, a válvula do forame oval, derivada do septo primário. • O átrio esquerdo, assim como o átrio direito, tem uma expansão piramidal que se aponta para adiante, que é a aurícula esquerda. • Os músculos pectíneos, poucos e menores do que no átrio direito, estão limitados à aurícula esquerda. • O átrio esquerdo apresenta cinco orifícios, por meio dos quais estão em comunicação com as veias pulmonares os quatro óstios das veias pulmonares e com o ventrículo esquerdo por meio do óstio atrioventricular esquerdo. Amarelo – Aurícula direita Branco – Aurícula esquerda Laranja – Parte ascendente da aorta Figura 165 – Aurículas e parte ascendente da aorta 5.8 Características morfofuncionais do ventrículo direito • Capacidade de 85 mililitros de sangue. • Em corte transversal exibe o aspecto de meia‑lua, sugerindo uma letra C. 157 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS • Os três músculos papilares no ventrículo direito correspondem às válvulas da valva atrioventricular direita, sendo eles: músculo papilar anterior, músculo papilar posterior e músculo papilar septal. • A valva do tronco pulmonar é formada por três pequenas lâminas chamadas de válvula semilunar anterior, válvula semilunar direita e válvula semilunar esquerda. • A trabécula septomarginal incide em uma estrutura anatômica em forma de coluna que se projeta por meio da cavidade da parede ventricular para o septo interventricular. Trata‑se da corda de Leonardo da Vinci, também admitida como fita moderadora, assim chamada porque preveniria a distensão excessiva do ventrículo direito. • Dois orifícios comunicam o ventrículo direito em sua entrada, o óstio atrioventricular direito e a valva atrioventricular direita, por meio do qual o ventrículo direito recebe sangue do átrio direito e o óstio do tronco pulmonar, que transporta o sangue ao tronco pulmonar. • A crista supraventricular consiste em uma estrutura anatômica em forma de arco muscular compacta entre o óstio atrioventricular direito e o óstio do tronco pulmonar. Ela é oblíqua, curvando‑se para frente e direita desde o septo interventricular até a parede anterolateral do ventrículo direito. O átrio direito se contrai quando o ventrículo direito está vazio e relaxado. Assim, o sangue é forçado a passar através do aparelho valvar do coração para o ventrículo direito, espaçando como cortinas a valva atrioventricular direita. A entrada de sangue no ventrículo direito, ou trato de influxo, acontece posteriormente. E quando o ventrículo se contrai a saída de sangue para o tronco pulmonar, ou trato de saída, acontece superiormente e para a esquerda. Logo, o sangue realiza um percurso em formato de U no ventrículo direito, alterando de direção em cerca de 140º. Essa mudança de direção é ajustada pela crista supraventricular, que direciona o fluxo de entrada para a cavidade principal do ventrículo direito e o fluxo de saída para o cone arterial em direção ao óstio do tronco pulmonar. O óstio de entrada, o óstio atrioventricular direito, o óstio de saída e o óstio do tronco pulmonar estão afastados aproximadamente em 2 centímetros. • A via de entrada apresenta paredes enrugadas pelas trabéculas cárneas, que são as cristas, as colunas, as faixas ou as protrusões musculares irregulares, revestidas por endocárdio, que se desenham na cavidade do ventrículo direito. • A via de saída, o cone arterial ou infundíbulo, continua‑se com o tronco pulmonar após a valva do tronco pulmonar. • O ventrículo direito produz cerca de 20 milímetros de pressão. 5.9 Características morfofuncionais do ventrículo esquerdo • Capacidade de 85 mililitros de sangue. • Maior e mais cônico do que o ventrículo direito. 158 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III • Em corte transversal aparece como um círculo, sugerindo uma letra O. • A valva da aorta é composta de três válvulas semilunares, chamadas de válvula semilunar direita, válvula semilunar esquerda e válvula semilunar posterior, análogas às da valva do tronco pulmonar, todavia maiores e mais densas. • Por estar incluída na circulação sistêmica, necessitando impulsionar o sangue para todo o corpo, sua parede muscular é três vezes mais grossa do que a do ventrículo direito, cuja ação se confina a incitar o sangue aos pulmões, que se deparam com a pequena distância do coração. Como o ventrículo esquerdo está diretamente ligado ao bombeamento do sangue para a circulação sistêmica, as modificações no seu funcionamento podem acarretar muitos problemas clínicos, por exemplo, a falta de ar, o cansaço aos esforços e a incapacidade para o trabalho. O infarto do miocárdio é o exemplo clássico disso, em que ocorre a oclusão de um vaso coronário, levando à perda de músculo do ventrículo esquerdo, naquela área correspondente, com coerente redução da capacidade ventricular. • O ventrículo esquerdo apresenta apenas dois músculos papilares, sendo eles: músculo papilar anterior e o músculo papilar posterior, no entanto, são maiores que aqueles encontrados no ventrículo direito. • Dois orifícios se comunicam com o ventrículo esquerdo, o óstio atrioventricular esquerdo, pelo qual o sangue atinge o ventrículo esquerdo procedente do átrio esquerdo, e o óstio da aorta, pelo qual o sangue é transportado à aorta ascendente. • A valva atrioventricular esquerda é formada por duas cúspides, sendo elas: a válvula anterior e a válvula posterior. • As trabéculas cárneas são maiores e mais emaranhadas do que no ventrículo direito, compondo um labirinto muito denso. • O trato eferente do ventrículo esquerdo, ou vestíbulo da aorta, é liso e se encontra logo abaixo da valva da aorta, cujas margens se inserem na raiz da aorta. Bem mais forte, a valva da aorta equipara‑se à valva do tronco pulmonar, incidindo em um complexo anel fibroso com três válvulas semilunares inseridas em três dilatações da parede da aorta, chamados de seios da aorta, um correspondente a cada cúspide ou válvula. • Os seios da aorta são mais relevantes do que os seios do tronco pulmonar. O limite superior de cada seio abrange consideravelmente além do nível da margem livre da válvula, sendo bem definida a crista supravalvular da aorta. • O ventrículo esquerdo produz cerca de 120 milímetros de pressão. Em cortes do coração é fácil observar o ventrículo esquerdo, pois sua parede é três vezes mais espessa que a do ventrículo direito. 159 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA BÁSICA DOS SISTEMAS Septo interventricular Ventrículo direito
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