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Livro Texto Unidade III - Supervisão Formação Profissional

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Unidade III
7 TRABALHO E INFORMALIDADE: A DESESTABILIZAÇÃO DOS ESTÁVEIS
7.1 O mundo do trabalho mudou
Desde as últimas décadas do século XX temos assistido a uma revolução no mundo laboral. Profissões 
oriundas da mecanização do trabalho, com sua massificação pelo modelo industrial da velha esteira que 
se apoia no fordismo, estão pouco a pouco sendo substituídas pelo toyotismo e pela robotização na 
linha de produção.
Não podemos deixar de expressar que o modelo fordista tenha como princípio, segundo nos 
ensinaram Roza e Rythowen (2007, p. 75),
[...] uma produção em massa de bens homogêneos, o que dá uma uniformidade 
e uma padronização, com uma produção em larga escala, com a manutenção 
de um grande estoque. Há uma preocupação e uma racionalidade, com 
vistas a uma distribuição dos produtos em escala mundial.
O perfil do mercado busca um profissional, não mais cumpridor de tarefas, mas, sim, alguém em 
condições de realizar múltiplas funções na linha de produção. Temos a chamada flexibilização da 
produção e que tem como consequência um novo desenho do perfil do trabalhador agora exigido 
pelo mercado.
Todo esse quadro de mudança, tanto do mercado como do perfil do profissional, ganha impulso na 
segunda metade do século XX, principalmente com o processo de toyotização, que racionalizou ainda 
mais a linha de produção e fez com que se reduzisse e muitas vezes se eliminasse o estoque; além 
disso, permitiu à empresa a diminuição dos espaços de armazenamento e direcionou os esforços do 
trabalhador para gerar o produto na medida em que ocorre o aumento da demanda.
Essa análise sobre o período pode ser observada na obra de Harvey (1992, p. 184), na qual ele afirma que:
[...] parece de fato importante acentuar o grau até o qual a cumulação 
flexível tem de ser considerada uma combinação particular e, quem sabe, 
nova de elementos primordialmente antigos no âmbito da lógica geral da 
acumulação do capital.
Ao produzir apenas o necessário, evitam‑se sobras e gastos inúteis na linha de montagem, 
ocasionando, desse modo, além da robotização, um novo perfil de trabalhador, como também a 
diminuição dos postos de trabalho, pois esse novo perfil do trabalhador caracteriza a realização 
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de diversas funções na linha de produção; por consequência, temos o fim do modelo fordista de 
produção, em que o trabalhador realizava apenas uma única tarefa e ao término ficava esperando 
que lhe fosse fornecido um novo trabalho. Essa situação levou ao nascimento de uma nova forma de 
se pensar a administração do trabalho.
Segundo a afirmação feita por Martins (1998, p. 145),
[...] de maneira geral, o que se verifica é uma diminuição sistemática 
do emprego e uma grande expansão da produção de capital. E que o 
“enxugamento” da quantidade de operários nas linhas de produção é 
uma tendência inevitável do processo de globalização de uma empresa. 
Por enquanto, essa tendência é menos visível nos Estados Unidos, onde o 
emprego praticamente se manteve inalterado no período 1978/96, com uma 
leve redução de 0,97% nos postos de trabalho. No Brasil, o “enxugamento” 
foi mais intenso: quase 100% de postos de trabalhos a menos, no mesmo 
período.
Mesmo com o processo de expansão da economia mundial entre 1992 e 1996, e com o crescimento 
da produção de automóveis, não foram gerados novos postos de trabalho, principalmente na sociedade 
brasileira, ocorreu uma queda de 2% somente na GM do Brasil e a produção subiu em 107,9% no 
mesmo período.
7.2 Flexibilização e trabalho
Até meados do século XX, a forma de se cumprir a produção se caracterizava pela realização de 
uma única tarefa pelo trabalhador, essa era a forma de se fazer o trabalho na ótica do fordismo. Esse 
quadro é redesenhado com a introdução do Just‑in‑time, quando o trabalhador passa a desempenhar 
múltiplas tarefas.
O pagamento pro rata (baseado em critérios da definição do emprego), fora, durante décadas, a base 
da gratificação e a base da política salarial desempenhada pela empresa em comum acordo com os 
sindicatos, que mobilizava a categoria profissional para nivelar valores e outros ganhos sociais.
Com o fim da era fordista, a tendência mundial é rever as políticas salariais e, consequentemente, a 
relação que as empresas mantinham com os sindicatos. Passa‑se a propor uma forma de salário que leve 
mais em conta o pagamento pessoal (sistema detalhado de bonificações), descaracterizando a unidade 
do grupo pela força do sindicato e a legislação que disciplina essa relação.
Temos, no Just‑in‑time, a eliminação da demarcação de tarefas, forma essa empregada no modelo 
fordista, que se caracterizava pelo alto grau de especialização, tornando o trabalhador apenas um 
cumpridor de tarefas e, com isso, à medida que a sua atividade se encerrava, o seu envolvimento com 
a linha de produção também diminuía; com a eliminação de tarefas, seu envolvimento nas etapas da 
produção se ampliava.
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Na primeira metade do século XX, a empresa não tinha como objetivo investir na mão de obra; havia 
muito pouco ou nenhum treinamento no trabalho e, quando isso ocorria, era apenas para disciplinar o 
trabalhador na sua atividade.
Nesse modelo de indústria, a organização da empresa era verticalizada, de forma autoritária, 
inviabilizando qualquer experiência de aprendizagem. Esse quadro dava ênfase à redução da 
responsabilidade do trabalhador (disciplinamento da força de trabalho).
Todo esse contexto leva a indústria, no processo de acumulação flexível, a realizar a atividade de 
treinamento e capacitação ao longo do período de trabalho, assim como a ter uma postura horizontal 
no momento da decisão da atividade de cada setor, que não é mais centralizada na gerência, mas 
na equipe. Com isso, existe agora uma dinâmica em que ocorre uma aprendizagem no trabalho e 
estabelece a ênfase na corresponsabilidade do trabalhador, que agora passa a não ter a garantia de 
uma segurança no trabalho.
No passado, tinha‑se como referência que a grande segurança no emprego para os trabalhadores era 
algo permanente como se fosse um emprego perpétuo. Com a globalização, não há nenhuma segurança 
no trabalho e as condições de trabalho se tornam ruins para trabalhadores temporários. Theodoro (2005, 
p. 115) esclarece que:
[...] o emprego assalariado coberto pela legislação trabalhista – que no 
Brasil se configura no chamado “emprego com carteira assinada” – abarca 
uma porcentagem minoritária da força de trabalho ocupada, sendo que a 
contraparte maior vive do trabalho desprotegido ou informal.
 Lembrete
A globalização é um dos processos de aprofundamento da integração 
econômica, social, cultural e política, com o barateamento dos meios de 
transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e 
início do século XXI.
Se fôssemos realizar uma leitura do processo produtivo da sociedade no final do século XX, iríamos 
perceber como o trabalhador teve redimensionada a sua importância dentro da cadeia produtiva. Além 
de todo avanço tecnológico que redesenhou a cadeia produtiva, a terceirização da mão de obra também 
colocou na berlinda várias conquistas trabalhistas que, na verdade, foram consolidadas por gerações e 
gerações de trabalhadores que lutaram pelas garantias sociais.
Esse quadro não acontece somente no cenário nacional, mas é também impulsionado pelos 
movimentos operários das diversas sociedades industriais.
Uma nova realidade faz‑se presente no mundo do trabalhoe isso nada mais é do que a somatória 
das grandes mudanças que se desenharam na sociedade na segunda metade do século XX, em que a 
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forma de se realizar a produção ganha um novo colorido e traz à tona um novo perfil de profissional 
para ocupar esse mercado.
Esse fenômeno também se expressa no meio rural, pois o espaço da produção impõe uma redefinição 
das áreas de produção. Nesse sentido, a globalização confere ao Estado um novo papel, assim como as 
políticas públicas ganham uma nova dimensão.
Sabemos que tudo isso desenha uma forma de flexibilização tanto da economia quanto da produção 
e que gera uma nova realidade do mundo do trabalho, portanto:
[...] o processo de globalização é cada vez mais forte, cujos princípios são regidos 
pelo modelo capitalista, com prioridade na produção em alta escala com recursos 
e tecnologia de ponta, agora no sentido global. O desenvolvimento acelerado das 
telecomunicações aproxima as distancias, colocando as empresas em condições 
de tomar decisões em tempo real. Nesse contexto, o capital tem mais asas, 
inclusive com a facilidade das transações financeiras e comerciais realizadas 
através de sistema online, uso de cartões em lugar do dinheiro, transferências 
de somas vultosas com mais segurança (ROZA; RYTHOWEM, 2007, p. 82).
A temática apresentada anteriormente pode ser visualizada na obra de Harvey (1992) em que temos 
claro como se realizou esse desenho. No quadro a seguir, temos uma visão ampla de como se caracteriza 
esse cenário.
Quadro 12 – Contraste entre o fordismo e a acumulação flexível segundo Swyngedouw
Produção fordista
(baseada em economias de escala)
Produção just‑in‑time
(baseada em economias de escopo)
a) O processo de produção
• Produção em massa de bens 
homogêneos
• Uniformidade e padronização
• Grandes estoques e inventários
• Testes de qualidade ex‑post (detecção 
tardia de erros e produtos defeituosos)
• Produtos defeituosos ficam ocultados 
nos estoques
• Perda de tempo de produção por 
causa de longos tempos de preparo, 
peças com defeito, pontos de 
estrangulamento nos estoques etc.
• Voltada para os recursos
• Integração vertical e (em alguns casos) 
horizontal
• Redução de custos por meio do 
controle dos salários
• Produção em pequenos lotes
• Produção flexível e em pequenos 
lotes de uma variedade de tipos de 
produto
• Sem estoques
• Controle de qualidade integrado 
ao processo (detecção imediata de 
erros)
• Rejeição imediata de peças com 
defeito
• Redução do tempo perdido, 
reduzindo‑se a porosidade do dia de 
trabalho
• Voltada para a demanda
• Integração (quase) vertical, 
subcontratação
• Aprendizagem na prática integrada 
ao planejamento em longo prazo 
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b) Trabalho
• Realização de uma única tarefa pelo 
trabalhador
• Pagamento pro rata (baseado em 
critérios da definição do emprego)
• Alto grau de especialização de tarefas
• Pouco ou nenhum treinamento no 
trabalho
• Organização vertical do trabalho
• Nenhuma experiência de 
aprendizagem
• Ênfase na redução da responsabilidade 
do trabalhador (disciplinamento da 
força de trabalho)
• Nenhuma segurança no trabalho
• Múltiplas tarefas
• Pagamento pessoal (sistema 
detalhado de bonificações)
• Eliminação da demarcação de 
tarefas
• Longo treinamento no trabalho
• Organização mais horizontal do 
trabalho
• Aprendizagem no trabalho
• Ênfase na corresponsabilidade do 
trabalhador
• Grande segurança no emprego para 
trabalhadores centrais (emprego 
perpétuo). Nenhuma segurança no 
trabalho e condições de trabalho 
ruins para trabalhadores temporários
c) Espaço
• Especialização espacial funcional 
(centralização / descentralização)
• Divisão espacial do trabalho
• Homogeneização dos mercados 
regionais de trabalho (mercados de 
trabalho espacialmente segmentados)
• Distribuição em escala mundial de 
componentes e subcontratantes
• Agregação e aglomeração espaciais
• Integração espacial
• Diversificação do mercado de 
trabalho (segmentação interna do 
mercado de trabalho)
• Proximidade espacial de firmas 
verticalmente quase integradas
d) Estado
• Regulamentação
• Rigidez
• Negociação coletiva
• Socialização do bem‑estar social (o 
Estado do bem‑estar social)
• Estabilidade internacional por meio de 
acordos multilaterais
• Centralização
• O Estado/cidade subsidiador
• Intervenção indireta em mercados por 
meio de políticas de renda e de preços
• Políticas regionais nacionais
• Pesquisa e desenvolvimento 
financiados pelas firmas
• Inovação liderada pela indústria
• Desregulamentação/regulamentação
• Flexibilidade
• Divisão/individualização, 
negociações locais ou por empresa
• Privatização das necessidades 
coletivas e da seguridade social
• Desestabilização internacional; 
crescentes tensões geopolíticas
• Descentralização e agudização 
da competição inter‑regional/
interurbana
• O Estado/cidade empreendedor
• Intervenção estatal direta em 
mercados por meio de aquisição
• Políticas regionais territoriais (na 
forma de uma terceira parte)
• Pesquisa e desenvolvimento 
financiados pelo Estado
• Inovação liderada pelo Estado
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e) Ideologia
• Consumo de massa de bens duráveis: a 
sociedade de consumo
• Modernismo
• Totalidade/reforma estrutural
• Socialização
• Consumo individualizado: cultura 
Yuppie
• Pós‑modernismo
• Especificidade/adaptação
• Individualização; a sociedade do 
espetáculo. 
Adaptado de: Swyngedouw (apud Harvey, 1992).
Os dados apresentados descrevem como a sociedade, na segunda metade do século XX, modificou‑se, 
e com isso, o papel do profissional de serviço social também tem que ser renovado em relação a um 
novo perfil de mercado de trabalho. Assim como a geração de políticas públicas que são frutos desse 
novo olhar da sociedade. Todo esse quadro nos remete à seguinte condição:
[...] com todas as exigências do modelo fordista, visando a colocar o trabalhador 
em condição de explorar o máximo da sua força de trabalho, controlando tempo, 
espaço, descanso e qualquer tipo de conversa durante o trabalho, na realidade, o 
sucesso tão almejado, embora tenha sido efetivado em um determinado período, 
passou a apresentar suas contradições, como a diminuição da responsabilidade 
por parte de quem realiza as tarefas, de modo que o trabalhador passa a ser um 
simples tarefeiro ou cumpridor de ordens, além da segurança do trabalho abaixo 
das exigências internacionais (ROZA; RYTHOWEM, 2007, p. 74).
Com a queda do fordismo temos um movo cenário do mundo do trabalho:
[...] no cenário mundial contemporâneo, as inúmeras transformações de 
ordem econômica, política, social e cultural trazem novas formas de relações 
entre instituições e mercados, organizações e sociedades. Os interesses das 
organizações crescem em esforços para atender às demandas sociais e, ao 
mesmo tempo, geram novas necessidades de consumo, com o lançamento 
de novos produtos (ROZA; RYTHOWEM, 2007, p. 81).
Em síntese, percebemos que o processo de precarização do mundo do trabalho nada mais é do que a 
resultante do processo de globalização da economia e que trouxe um novo desenho para o papel do Estado 
e das políticas públicas. Nesse sentido, o quadro apresentado na obra de Harvey (1992) se caracteriza como 
um instrumento para que possamos entender a realidade do mundo do trabalho no final, do século XXe 
sua relação do trabalho como uma questão social, alvo de análise do profissional de serviço social.
7.3 O perfil demandado ao assistente social diante das múltiplas 
expressões da questão social
Atualmente, o perfil demandado para o assistente social é de um profissional compromissado com 
o enfrentamento da questão social, de modo competente, crítico e propositivo, na perspectiva de 
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construção de uma sociedade mais justa e solidária. Um profissional que contribua para a superação 
de situações de vulnerabilidade e fragilidade dos diversos segmentos sociais, na ampliação do acesso às 
políticas sociais e na garantia da expansão dos direitos sociais e de cidadania. O perfil demandado ao 
assistente social, atualmente, exige uma contínua formação e uma rede de relações e parcerias. Para tais 
indicadores, é necessário que o profissional trace um perfil frente ao que deseja ser. Apontamos alguns 
indicadores a que o profissional deverá estar atento:
• capacitar‑se continuamente, com vistas ao aprimoramento intelectual e profissional;
• acionar parcerias, desenvolver uma rede de serviços;
• desenvolver estratégias para o enfrentamento cotidiano, na perspectiva de fortalecimento/
empoderamento (empowerment) dos sujeitos sociais;
• posicionar‑se ética e politicamente em relação à questão social, em todas as suas expressões.
O perfil profissional poderá sofrer influências do cotidiano profissional, como já ressaltamos 
anteriormente, ou seja, o assistente social poderá trabalhar em prol da manutenção do sistema vigente 
ou para a ampliação e consolidação das políticas públicas. Claro que esse não é o perfil de um profissional 
crítico, comprometido, reflexivo e propositivo. Às vezes, o assistente social acaba reiterando práticas 
tradicionais do serviço social, que foram discutidas nos idos da década de 1960, mais precisamente 
no início do Movimento de Reconceituação da profissão, e que sabemos não dão mais conta da 
nossa realidade. É o que podemos caracterizar como um retrocesso profissional, uma cristalização da 
emancipação dos sujeitos e uma não garantia de direitos.
Diante desse fato, Souza e Azeredo nos asseveram:
Cabe‑nos, então, conhecer todo esse processo onde se descortinam as 
competências para, a partir delas, construir criticamente, dentro do espaço 
de atuação do serviço social, novas ações que, embora antenadas com esse 
novo discurso, preservem, em sua essência, a direção ético‑política definida 
pela categoria para a prática do serviço social (SOUZA; AZEREDO, 2004, p. 50).
Diante dessa afirmativa, compreendemos que o perfil profissional contemporâneo exige o 
desvelamento dos espaços profissionais e ações que não percam de vista o compromisso com a ética, 
mesmo diante da reestruturação dos processos de trabalho, fato esse que agrava, de forma substancial, 
o aumento das expressões da questão social.
7.3.1 Novas demandas profissionais
O serviço social, na atual conjuntura, deve estar atento às determinações sócio‑históricas e 
ideológico‑políticas, as quais requalificam as respostas profissionais, incidindo em:
• capacitação teórico‑metodológica que permita apreensão crítica da realidade;
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• capacitação investigativa articulada à intervenção profissional, com o intuito de instaurar 
habilidades teórico‑metodológicas e técnico‑políticas, entre outras;
• entendimento de que a instituição não é um limite, mas a possibilidade do exercício profissional; 
é no espaço institucional que se realiza o trabalho profissional;
• a não ilusão que outrora permeou a prática profissional, que postulava como objetivo profissional 
a transformação radical da sociedade;
• reconhecimento de que, no sistema capitalista, os direitos econômicos, sociais, políticos e culturais 
são capazes de reduzir desigualdades, mas não são capazes de acabar com elas de modo definitivo;
• o reconhecimento dos limites profissionais não invalida a luta pela efetivação dos direitos pelas 
políticas públicas. Os limites sinalizam que existe uma agenda estratégica de luta democrática em 
prol da construção de uma sociedade mais justa e igualitária;
• quando o assistente social repensa sua prática, reconstrói seu objeto de intervenção, deixando 
de ser mero executor, como no passado, para ser um profissional propositivo, criativo, gestor, 
formulador de estratégias de intervenção e controlador dos recursos destinados às políticas 
públicas.
As respostas apresentadas às demandas nunca são absolutamente novas ou obsoletas. Isso depende 
muito da conjuntura em que o assistente social está inserido. Por exemplo, algumas práticas profissionais 
nos grandes centros já estão ultrapassadas, porque já foram instauradas há muito tempo, já foram 
avaliadas e reavaliadas, e estão sendo ampliadas ou substituídas por outras para dar conta da realidade. 
Já em lugares mais remotos, algumas práticas ainda nem chegaram, nem sequer existem profissionais 
do serviço social.
O que vai determinar as demandas profissionais, diante da questão social, são as determinações 
sócio‑históricas e ideológico‑políticas da realidade em que você estará atuando. Portanto, as demandas 
profissionais poderão ser distintas nos diversos cantos do Brasil, mas a gênese das desigualdades 
e exclusões é uma só: a relação conflituosa entre capital e trabalho. As respostas e a forma de 
enfrentamento da questão social serão determinadas pelo profissional na conjuntura em que ele 
estiver inserido.
Em relação à questão social, Iamamoto nos assevera:
A questão social é apreendida como o conjunto das expressões 
das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma 
raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho 
torna‑se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus 
frutos mantém‑se privada, monopolizada por uma parte da sociedade 
(IAMAMOTO, 2001, p. 27).
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É polêmico dizer que a fome, a pobreza, a violência e outras expressões são diferentes no Norte e no 
Sul do país. Polêmico dizer que a fome no Sul é diferente da fome no Nordeste; que a violência nas grandes 
cidades é diferente da violência das cidades pequenas. Assim como é complicado dizer que as demandas 
são totalmente diferentes. Existem, sim, especificidades regionais – culturais, econômicas, políticas e sociais 
– que devem ser levadas em conta na hora de formular ações de enfrentamento à questão social.
É nesse sentido que, para nós, a questão social é única, mas suas expressões são múltiplas. E o 
conhecimento teórico‑metodológico que o profissional de serviço social possui poderá contribuir para 
respostas eficazes. Dissemos poderá, pois depende de cada um buscar aperfeiçoar‑se e qualificar‑se. 
Mas lembre‑se: antes de tudo, você está trabalhando com pessoas e não com objetos materiais; pessoas 
carentes de tudo, de recursos, de afeto, entre outras necessidades sociais e materiais.
É importante gostar do que se faz, pois, do contrário, você não estará contribuindo em nada para 
uma sociedade mais justa e igualitária, nem com o trabalho em prol do combate às expressões da 
questão social.
7.3.2 As principais demandas do serviço social
As demandas para o serviço social podem ser constituídas, dirigidas e manifestadas, no entanto, não 
podemos caracterizar as demandas somente dessa forma, uma vez que elas extrapolam esses conceitos.
Para melhornos situarmos, vamos iniciar com as demandas dirigidas e manifestadas.
No desdobramento do texto, você perceberá que as demandas podem ser caracterizadas de outras 
formas, dado o seu contexto profissional, institucional e a do usuário, levando em conta a realidade em 
que estão inseridos.
 Observação
As demandas dirigidas ao serviço social são aquelas instituídas dado o 
caráter do serviço prestado. Caracterizam‑se por rotinas apresentadas pela 
dinâmica da instituição ou serviço prestado ou pelo próprio profissional. 
Podem ser comuns a profissionais de determinada área ou específicas. 
Depende do setor em que o assistente social está locado. Em uma área, 
há serviços setorizados, e outros que são comuns a todos os setores e 
profissionais. As rotinas fazem parte do exercício profissional do assistente 
social, que se efetiva no cotidiano da instituição na qual ele está inserido. 
O cotidiano transforma‑se continuamente e diferencia‑se conforme as 
experiências, vivências, em função de particularidades, valores, interesses e 
época histórica. A vida cotidiana é a vida dos mesmos gestos, atitudes, ritmos 
de todos os dias, o que implica a imediaticidade, o útil, o funcional. Cabe ao 
profissional romper com esses procedimentos. Como? Gostar do que faz, ter 
motivação, paixão, comprometendo‑se com o trabalho e com os usuários.
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Citamos como exemplo de rotinas dirigidas do serviço social em uma empresa: entrevista domiciliar, 
visita hospitalar, atendimentos individuais para resolução de problemas relacionados a absenteísmo, 
financeiros, relacionamentos interpessoais no setor etc. As demandas dirigidas são explicitadas com 
clareza pela instituição, pelos profissionais. Pode ocorrer ou não o reconhecimento do serviço como 
demanda.
Essa é uma questão polêmica: o profissional e a instituição, às vezes, não têm meios/instrumentos 
(sociais e materiais) para realizar os serviços, aliado às políticas públicas que ainda não conseguiram 
ser efetivadas na sua totalidade. A efetivação não se dá devido aos problemas burocráticos, políticos, 
ideológicos, ou por falta de profissionais qualificados para assumir a gestão.
Se as demandas explícitas, às vezes, tornam‑se complexas (pode ser difícil a sua identificação, ou não 
são priorizadas, pois não são reconhecidas como serviço pelo profissional ou pela instituição), imagine 
como são tratadas as demandas manifestadas e as implícitas.
Faça uma reflexão de um serviço que você conhece, problematizando os aspectos levantados no 
decorrer do texto. Um serviço público fácil de problematizar é a saúde, tão polêmica e preocupante. 
Lembre‑se de que as demandas existem e são muitas. Como equacioná‑las, levando em conta os meios 
de trabalho para os profissionais e para as instituições e as políticas públicas existentes e sua real 
efetivação?
As demandas manifestadas são aquelas que extrapolam a rotina dos serviços, geralmente são 
solicitadas pelos próprios usuários, outras vezes estão implícitas, não sendo identificadas inicialmente 
pelo profissional ou pela instituição.
Quando solicitadas pelos usuários, o profissional trata o atendimento como demanda individual/
particular, negando o caráter coletivo. Contudo, é preciso compreender que as demandas “são coletivas 
não só porque vivenciadas por todos, mas também porque só coletivamente poderão ser enfrentadas” 
(VASCONCELOS, 2002, p. 171).
A manifestação por parte do usuário ocorre quando ele percebe a necessidade de um serviço 
complementar ao que ele já está recebendo. Essa manifestação se dá quando o usuário toma ciência da 
existência desse serviço. A manifestação pode ocorrer também por solicitação de um serviço que não 
existe no bairro, na comunidade etc. do usuário.
A demanda manifestada pode ser explícita ou implícita, o que complica mais: como pode ser 
implícita dentro da manifestada? Vejamos: ao manifestar sua demanda, o usuário poderá apresentar 
uma demanda implícita (não identificada dentro de um processo maior). Por detrás da manifestada, 
o profissional poderá detectar situações implícitas que levaram à demanda manifestada, ou seja, o 
profissional está tratando a consequência, o efeito, e a causa não foi observada. Em outras palavras, está 
tratando a parte e não o todo, é uma ação fragmentada, focalizada no problema e não no ser humano 
como um todo.
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A implícita poderá ser muito maior que a manifestada, por isso o profissional tem de estar dotado 
de meios (conhecimentos) para decifrar o problema. O implícito é o que não dito pelo usuário e o não 
percebido pelo profissional. É o que está nas entrelinhas da fala do usuário.
7.3.3 Demanda profissional: aumento da seletividade no âmbito das políticas sociais
Diante das demandas existentes, é notória a procura por serviços sociais. Entretanto, há que se 
ressaltar o aumento da seletividade no âmbito das políticas sociais, a diminuição de recursos, a redução 
dos salários, a imposição de critérios cada vez mais restritivos à população para ter acesso aos direitos 
sociais públicos.
Nessa perspectiva de seletividade, o profissional tem de trabalhar pautado nos princípios do Código 
de Ética Profissional, defendendo, intransigentemente, o usuário e os direitos que lhes são garantidos 
por lei e que, “algumas” vezes, são repassados como forma de favor, clientelismo e paternalismo. O 
usuário, quando procura por um serviço, geralmente é portador de uma necessidade material ou social. 
Paulo Netto e Falcão (2000, p. 54) mencionam que:
[...] sabemos que o atendimento dessas necessidades é realizado de forma 
setorizada, fragmentada, como se o indivíduo fosse um somatório de necessidades 
a serem satisfeitas, cada uma delas pela superposição de instituições específicas. 
Sabemos igualmente que, no caso brasileiro, o atendimento a essas necessidades 
é pulverizado e individualizado, requerendo sempre uma seleção ou triagem que 
confirme o mérito ou validade do pedido de atendimento.
Essa demanda requer mediação, por parte do assistente social, entre as necessidades básicas e as 
possibilidades institucionais. É um trabalho de ligação/ponte entre os grupos em situação de exclusão e 
as instituições. É um processo de passagem da situação de excluído para a de inclusão, em um serviço 
ou acesso a um bem.
A mediação é um processo que implica o engajamento ou compromisso dos assistentes sociais, 
em um conjunto de atividades com o usuário, que objetiva o fortalecimento da sua identidade, da 
autonomia, do reconhecimento e do uso de recursos.
Segundo Netto e Falcão (2000), a mediação é um instrumento de que o assistente social se utiliza 
no seu fazer profissional, categoria que está inserida tanto nas demandas, quanto nas práticas sociais e 
é compreendida também como um processo de passagem.
Na operacionalização de suas ações, o profissional é demandado pela organização/instituição a 
desenvolver quase sempre práticas imediatistas e focalistas. Cabe a ele, ao dar respostas às demandas, 
superar essa prática de forma crítica e propositiva. Iamamoto (2001, p. 22) ressalta que:
[...] olhar para fora do serviço social é condição para se romper tanto com 
uma visão rotineira, reiterativa e burocrática do serviço social, que impede 
vislumbrar possibilidades inovadoras para a ação, quanto com uma visão 
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ilusória e desfocada da realidade que conduz a ações inócuas. Ambas têm 
um ponto em comum: estão de costas para a história, paraos processos 
sociais contemporâneos.
Cabe ao assistente social dar respostas que vão além do imediatismo. O profissional deve estar 
comprometido com sua profissão e com o usuário, ter o cuidado de não cair na subalternidade que 
existe na profissão em algumas instituições, achar que é tudo natural, normal e cumprir apenas 
as normas e rotinas estabelecidas. Sucintamente, podemos definir como “novas demandas” para o 
serviço social:
• identificar novas oportunidades de trabalho, demandas sociais: cooperativas, assessoria e consultoria, 
terceiro setor, responsabilidade social, turismo social, desenvolvimento sustentável etc.;
• decodificar expressões da questão social, buscar formas de enfrentamento, respeitando suas 
especificidades, como, por exemplo, gênero, etnia, raça etc.
Para atender a essas demandas e a outras impostas à profissão, é importante que o profissional 
identifique as oportunidades e a diversidade da realidade social. O social não é especificidade de 
nenhuma profissão: o que existe são formas diferentes, de cada profissão no trato do social.
Diante das novas demandas, apresentaremos, a seguir, os desafios que se apresentam à profissão. 
As demandas e os desafios não se esgotam em um estudo, é preciso buscar o seu entendimento 
paulatinamente. Por isso a formação é contínua, e o desafio maior é aprender as alterações históricas 
que os processos sociais vêm gerando no campo profissional.
Detectar as demandas e exigências de reformulações no modo de ser, de fazer profissional, 
assegurando sua necessidade social, é buscar aprender o significado social da profissão, no contexto das 
profundas alterações na divisão internacional do trabalho.
7.3.4 Os desafios para a atuação profissional
Atualmente, há um processo de minimização das funções sociais do Estado, mediante a privatização 
dos serviços públicos básicos, a desregulamentação e flexibilização das relações de trabalho, o aumento 
dos níveis de exploração e desemprego, o que gera instabilidade profissional. Por sua vez, os assistentes 
sociais também sofrem com essas transformações societárias, pois fazem parte do mercado de trabalho em 
sua divisão sociotécnica. A desregulamentação e a flexibilização das relações trabalhistas têm provocado 
mudanças nas contratações e concursos públicos. O que ainda vem garantindo direitos são os planos de 
carreira dos funcionários públicos, mas percebe‑se que é uma luta árdua para assegurar novas conquistas.
Não há constatação de que o espaço de atuação do serviço social esteja acabando. Há, sim, 
modificações em campos tradicionais, em função de novos reordenamentos das políticas públicas, 
como, por exemplo, os programas de renda mínima, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil 
(Peti), bolsa família etc., além daqueles que os estados e municípios criam para atender às 
demandas sociais.
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Se os campos tradicionais passam por transformações, os sujeitos (usuários) também mudam seu 
perfil. Os usuários tradicionais, como idosos, crianças, famílias, entre outros, passaram a constituir 
grupos, segmentos organizados específicos, para defender seus interesses individuais (da sua 
categoria). Não deixaram de ser usuários dos serviços sociais, mas agora buscam sua categoria e 
atuam coletivamente.
Nesse cenário, observam‑se campos “emergentes”, de categorias específicas, como os negros, os 
homossexuais, os índios, os usuários de álcool e outras drogas, que antes estavam organizados, mas não 
tinham dimensões organizativas e políticas de atenção especial.
Enquanto há uma retração por parte do Estado na prestação de serviços básicos, devido ao 
enxugamento de suas responsabilidades por medidas neoliberais, por outro lado há uma expansão do 
terceiro setor, por meio de organizações não governamentais, que acaba assumindo papéis do Estado, 
em oposição a ele ou à margem dele, na prestação de serviços como na garantia de direitos.
O cenário mudou, passou e passa por transformações, e os atores e protagonistas também têm de 
mudar, na busca de papéis significativos em prol de garantia de direitos e prestação de serviços.
O trabalho muda conforme as necessidades de cada região, município. Percebe‑se uma forte 
tendência para a área de gestão de programas e projetos e terceirização de serviços. Faleiros (1996, 
p.13‑14) afirma que:
[...] os desafios práticos‑políticos que se apresentam para a profissão nessa 
conjuntura estão inseridos num movimento constante de enfrentamentos 
teóricos e mudanças econômicas, políticas e organizacionais, possibilitando 
visualizar, nos conflitos presentes, vários cenários de inter‑relação entre as 
forças em presença.
Com a reestruturação dos processos produtivos, o mercado de trabalho espera de um trabalhador 
melhor produtividade para atender seus objetivos.
O profissional tem de ser polivalente e comprometido com a filosofia empresarial e preparado para 
enfrentar desafios e demandas postas pela agilidade/rapidez de que as empresas precisam para se 
manter no mercado.
As modificações no trabalho exigem novas competências e habilidades profissionais. Isso não se dá 
só com o serviço social, mas com todas as demais profissões, que precisam constantemente atualizar‑se, 
pois correm o risco de ficar fora do mercado de trabalho. Serra (2000, p. 171‑172) diz que:
[...] as habilidades devem ser um requisito imprescindível hoje a compor o 
tecido de formação profissional em todos os níveis, porque, inclusive elas 
ultrapassam o terreno da profissão, são exigências para respostas mais 
eficazes e efetivas às necessidades atuais, em todas as áreas profissionais. 
Necessidades essas que requisitam um profissional propositivo, formulador, 
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articulador, gestor, implementador, negociador e equacionador, em face dos 
processos de alterações na ossatura do Estado e das exigências do mercado 
por conta das mudanças no mundo do trabalho.
Os exemplos mais nítidos para o assistente social são a falta de conhecimentos de informática, 
carência de boa redação, além do óbvio: falta de leituras para apreensão do real. A habilidade relacional 
é outro aspecto de suma importância em qualquer profissão.
Quando falamos “falta”, é porque o profissional, por vezes, não detém os conhecimentos mínimos para 
o desempenho de atividades rotineiras, como a digitação de documentos e a elaboração de relatórios, 
pareceres e laudos. A falta de leituras leva à limitação de argumentações ou à repetição de ideias.
Esse fato resulta no risco de o assistente social ser acrítico e imediatista, o contrário do que se 
idealiza: um profissional crítico, reflexivo e propositivo.
Quando se fala em ser crítico, não se pode confundir com a crítica pela crítica, sem fundamentação 
lógica. Ser um profissional crítico significa argumentar e propor embasado/fundamentado; não aceitar 
o senso‑comum; analisar o fenômeno social considerado; não aceitar concepções políticas e ideológicas 
como fim único. Ser crítico também é saber respeitar a opinião dos outros, mesmo que ela seja diferente 
da nossa. Não significa ficar calado e, sim, se posicionar respeitando a pluralidade de ideias e o direito 
do outro, ser um profissional pensante (reflexivo), propositivo e não apenas tarefeiro. Além de ser crítico, 
é importante ser propositivo.
As práticas imediatistas se opõem a planejar, projetar. É a prática que é realizada sem um prévio 
planejamento, é aplicada para atender uma demanda hoje, amanhã outra e assim por diante. Há que 
se considerar que existem práticas imediatistas, como no caso de hospitais, nos quais os profissionais 
atendem a emergências; mesmo assim, é sabido que há condições, mesmo mínimas,de fazer planejamento 
e avaliação das rotinas de atendimento nos hospitais. Portanto, as práticas em instituições de saúde 
tendem a ser imediatistas, mas nem por isso são equivocadas em suas atribuições, pelo contrário, há 
definições de papéis, dado o seu caráter emergencial.
Outro desafio é romper com práticas clientelistas, paternalistas. Você deve estar se perguntando: 
“isso já não foi superado na década de 1980?” Superado parcialmente, mas ainda persistem práticas 
desse tipo, por condições análogas, seja por parte do próprio profissional, ou por parte da instituição 
que “tenta” impô‑las. Faleiros (1997, p. 51) destaca que:
[...] o clientelismo se caracteriza por uma forma de espoliação do próprio 
direito do trabalhador de ter acesso aos benefícios, pela intermediação de 
um distribuidor que se apossa dos recursos ou dos processos de consegui‑los, 
trocando‑os por formas de obrigações que se tornam débitos da população. 
Elas são cobradas, por exemplo, em conjunturas eleitorais ou mesmo por 
serviços pessoais aos intermediários. Eliminando‑se a igualdade de acesso, 
característico do próprio direito burguês, o clientelismo gera a discriminação, 
a incompetência, o afilhadismo.
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O saber teórico‑metodológico é a fundamentação que o profissional tem para poder intervir, 
contribuir para acabar com o clientelismo e o paternalismo existentes em algumas instituições. O seu 
fazer profissional tem de superar a superficialidade, ir fundo na questão social, na defesa do usuário, na 
garantia de seus direitos.
O autoritarismo é um mecanismo que cerceia o direito a negociações, questionamentos, divergências, 
reivindicações e à elaboração de políticas públicas. Contrapõe‑se ao projeto coletivo, pois se estabelece 
por interesses particulares, criando relações rígidas com a população. Faleiros (1997, p. 51) afirma que 
“o clientelismo e o autoritarismo se articulam com formas burocráticas de atribuição dos recursos [...]”. 
Essa articulação faz com que concentre ou desconcentre recursos, serviços ou decisões, o que implica a 
desinformação e o desestímulo dos usuários dos serviços públicos.
Outro problema sério é a falta de conhecimento dos gestores não qualificados para a função – os 
recursos não são utilizados e repassados à população por meio de serviços. Um exemplo claro disso são 
os recursos federais que estão disponíveis para os estados e municípios e que não são utilizados. A não 
utilização dos recursos acarreta a precarização de bens e serviços a serem oferecidos à população.
O grande desafio do serviço social está em fazer com que seus profissionais atinjam a consciência 
necessária ao exercício ético, crítico, propositivo e comprometido da profissão. Para tanto, é necessário 
que o assistente social seja intelectual ou operativo, para romper com alguns vícios que perseguem a 
profissão há muito tempo, como a acomodação, o paternalismo, o desconhecimento do que é a própria 
profissão, entre tantos outros. É uma forma de reorientação do cotidiano profissional, levando em conta 
a correlação de forças existentes ao propiciar o acesso da população ao saber, aos serviços disponíveis e 
ao poder de decisão. Os desafios para a profissão são:
a) defender intransigentemente as conquistas sociais obtidas na Carta Constitucional de 1988, 
ameaçada pelas políticas neoliberais;
b) exercer uma prática profissional reforçadora de direitos sociais. Não em sua normatividade legal, 
mas em sua forma de operar os princípios;
c) serem profissionais informados, críticos e propositivos. Ter competências não só de conceito de 
teorias. É preciso ter competência no modo de pensar, no modo de explicar e de sugerir;
d) buscar constantemente pesquisar a realidade, produzir conhecimentos que permitam decifrar o 
presente, a análise concreta das situações sobre as quais incide o trabalho profissional;
e) buscar a formação continuada, para continuar a aprender;
f) saber relacionar‑se e comunicar‑se;
g) ter capacidade de análise e de síntese (saber dar respostas);
h) rer conhecimento generalista (diversas áreas) e específico (do serviço social e/ou da sua área de atuação);
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i) ver a profissão como prática libertadora;
j) trabalhar em equipes multidisciplinares;
k) dominar novas tecnologias sociais e informacionais.
Portanto, as possibilidades de atuação não se esgotam, principalmente em um país com tantas 
desigualdades e problemas sociais. Em tese, não falta trabalho para um profissional como o assistente 
social, dotado de habilidades e competências para atuar no campo das políticas sociais, na defesa e 
garantia de direitos sociais da população. Há, ainda, muitos espaços para se conquistar e se reconhecer 
no mercado de trabalho.
O desafio maior está em gostar do que faz. Paixão e emoção são ingredientes indispensáveis ao dia 
a dia, evitando‑se cair na visão heroica e de salvador do mundo.
7.3.5 Reordenamento dos serviços sociais
A categoria profissional vem discutindo um reordenamento da prática profissional, tanto na defesa 
de direitos como também na prestação de serviços que antes eram executados predominantemente 
pelo Estado e agora são transferidos paulatinamente, por meio de parcerias, convênios etc., para outros 
setores da sociedade civil, predominantemente para organizações não governamentais. Os serviços 
têm caráter voluntário ou de prestação de serviços. Caracterizam‑se por ações fragmentadas, isoladas, 
paliativas e de cunho individualista.
Como nos assevera Iamamoto (2001, p. 159):
Cortam‑se gastos sociais e transferem‑se serviços para o setor empresarial, 
condizente com a política mais ampla de privatização, levada a efeito 
pelo Estado. O enxugamento e sucateamento dos serviços públicos têm 
redundado não apenas na perda de qualidade dos atendimentos, como 
têm reforçado a seletividade, o que entra em colisão como uma das 
principais conquistas obtidas na Carta Constitucional de 1988, relativa 
à universalização dos direitos sociais e dos serviços, que lhes atribuem 
materialidade.
O Estado não tem poder de controle sobre esses serviços, o que os desqualifica, de modo que seus 
agentes fazem o que querem. Muitos desses serviços têm “donos”, ou seja, quem os criou não socializa, 
não abre para o ingresso de outros participantes. Algumas ações são exitosas, promovem a cidadania, a 
emancipação, mas sabemos que a maioria não passa de obras caritativas e assistencialistas, que reforçam 
a subalternidade dos sujeitos; outras servem de fachada para receber recursos do governo e de agências 
internacionais.
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7.3.6 Terceirização da gestão da questão social
A desinstitucionalização da questão social ocorre quando o Estado de direito deixa de atender 
serviços básicos e a garantia dos direitos fica à mercê de organizações não governamentais com critérios 
próprios, o que muitas vezes acaba reforçando exclusões.
Os critérios de acesso aos serviços são excludentes, uma vez que não são universais, e os sujeitos 
que os solicitam precisam “enquadrar‑se” em determinados perfis, havendo mais uma exclusão. Essa 
afirmativa sobre exclusão é uma crítica que a categoria profissional pontua muito, visto que muitas 
vezes somos nós, assistentes sociais, que reforçarmos a exclusão, ao criar critérios de seleção, ingresso 
em programas, projetos, benefícios. Por isso, nossa prática é contraditória, conflituosa: como incluir, se 
também estouexcluindo?
O Estado, ao terceirizar a gestão da questão social, promove a distribuição de verbas públicas 
para entidades privadas exercerem ações de caráter público, de responsabilidade do Estado. Essas se 
realizam por meio de convênios, contratos, parcerias, prestação de serviços, subvenções temporárias 
ou periódicas etc.
Mesmo diante desses impasses de terceirização ou desinstitucionalização, o serviço social vem 
trabalhando na gestão de ações para inclusão ou integração dos cidadãos no terceiro setor, de modo que 
não sejam tão desiguais ou excludentes, embora os critérios de seleção/ingresso sejam preponderantes 
nesse processo.
A intervenção do serviço social no terceiro setor tende a ampliar‑se, tendo em vista os cortes com 
gastos sociais e os recursos distribuídos de forma focalizada e fragmentada por parte do Estado.
Ao transferir responsabilidades, o Estado tende a prestar serviços com menos custos e menos garantias. 
E o terceiro setor, por sua vez, tende a ações mais individualistas, isto é, a ações cujo público‑alvo são 
determinados segmentos (idosos, crianças, abrigos, clínicas, casas de apoio) com critérios de acesso, 
estabelecidos em regimentos ou estatutos.
Como nos afirma Faleiros (1996, p. 24):
Essa terceirização é uma nova forma de gestão da questão social que, na 
linha da desinstitucionalização, agora se volta para o empenho da própria 
população na participação dos serviços prestados pelo Estado. Esse cenário 
se realiza sob múltiplas formas, como, por exemplo, pelo fechamento de 
hospitais, com implicação dos familiares no cuidado dos doentes. O mesmo 
se passa com o atendimento a crianças e pessoas idosas, ficando cada região 
e cada localidade responsável pela gestão de um fundo para projetos que 
envolvam, por um lado, os serviços e, por outro, admitam para trabalhar 
pessoas envolvidas em programas de bem‑estar social com o dinheiro desse 
mesmo fundo.
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Faleiros (1996, p. 15) adverte que é nesse processo que o serviço social precisa encontrar as categorias 
adequadas para repensar o social e a gestão do social. Logo, o assistente social precisa desenvolver 
sua condição criativa e reflexiva, bem como contribuir para que os sujeitos desenvolvam mais sua 
capacidade crítica frente às instituições e aos serviços prestados.
7.3.7 Novas formas de enfrentamento da questão social para o assistente social
• Apreender as várias expressões da questão social nos diferentes contextos.
• Projetar e propor formas de resistência e de defesa da vida.
• Os desafios continuam, ou seja, os cenários/realidade e sujeitos continuam com demandas, com 
lutas.
• O serviço social tem hoje, diante de si, o desafio da construção de respostas às novas demandas dos 
processos de reestruturação produtiva, da reforma do Estado, das novas formas de organização da 
sociedade civil e de classes/segmentos sociais.
• A questão social, como eixo fundante da profissão, instiga a constante formulação de estratégias 
de enfrentamento dos problemas que se colocam no presente.
Devemos, dessa forma, pensar em construir uma maneira de atuar que explicite ainda mais a 
utilidade social da profissão, mas sem perder o sentido da investigação das realidades contemporâneas, 
incorporando os conteúdos teóricos de forma concreta, exercitando a reflexão, para a análise e síntese na 
busca por respostas aos problemas sociais apresentados. Uma forma contemporânea de enfrentamento 
das expressões da questão social é o trabalho de fortalecimento de grupos e comunidades, a socialização 
de direitos e o fomento aos movimentos sociais, objetivando a participação dos indivíduos na militância 
por direitos sociais e melhoria nas condições socioeconômicas de todos.
Os conselhos são espaços por excelência de participação e de discussões, onde todos podem participar 
e propor diretrizes, formas de gestão e de controle dos recursos utilizados nas políticas públicas. Cabe aos 
assistentes sociais a publicização da necessidade de participação nos conselhos e movimentos sociais 
pela sociedade civil e pelos segmentos de representação da sociedade.
7.4 Matrizes do processo de trabalho do assistente social
Depois que identificamos nosso objeto de trabalho, partimos para o processo de trabalho propriamente 
dito. Ele tem seu início com o processo de conhecimento que desemboca no de intervenção. Na verdade, não 
há como dizer o que vem primeiro, mas é necessário identificarmos, primeiramente, o objeto de intervenção, 
para depois contextualizar o processo de estratégias e atividades de trabalho.
A prática profissional do assistente social é considerada trabalho, pois é orientado para uma 
finalidade, possuidor de uma teleologia. E esse profissional é um trabalhador assalariado. O assistente 
social, na condição de trabalhador assalariado, “também sofre todas as injunções decorrentes da divisão 
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social do trabalho, da reestruturação produtiva e das reformas por que vem passando o Estado” (ABESS/
CEDEPESS,1996, p. 163‑164).
Embora o assistente social esteja sujeito às alterações do mercado de trabalho, o profissional deve 
estabelecer um distanciamento crítico dele, no sentido de apreender a dinâmica da sociedade. Essa 
mediação é determinante para a sobrevivência do serviço social.
O processo de trabalho do serviço social como qualquer trabalho no setor 
de serviços, gera “valores de uso”, apesar de não “produzir diretamente 
mais‑valia”. Seu produto não é necessariamente de base corpórea, material, 
mas expressa um resultado, um valor de uso. Participa do processo ampliado 
de produção e reprodução social, exercendo funções mais ou menos 
estratégicas, à medida que se articula a setores produtivos, mais ou menos 
importantes (GENTILLI,1997, p. 132).
O processo de exercício do serviço social vê‑se sufocado tanto pelas transformações societárias, 
como pela globalização, cujas repercussões sociais destacamos em outras disciplinas, e também pelo 
retraimento do Estado em relação às políticas sociais e aos cortes nos gastos sociais.
A globalização e o desenvolvimento tecnológico, a transferência de serviços do Estado para ONG’s 
e instituições privadas, entre outras mudanças em curso, são movimentos contraditórios que geram 
conflitos, desigualdades, exclusões, lutas e resistências. Essas mudanças incidem nas instituições 
prestadoras de serviços sociais e na própria dinâmica da profissão. A dinâmica da profissão configura‑se 
a partir de enfrentamentos de questões, a partir das contradições da realidade, da conjuntura social, 
política, ideológica, econômica e cultural.
O trabalho do assistente social aporta perspectivas diferentes na empresa e no Estado. Na empresa, 
o profissional é partícipe na reprodução da força de trabalho. No Estado, pode participar na prestação 
de serviços sociais, na redistribuição de riquezas, via políticas públicas, na defesa de direitos sociais, 
na gestão de serviços públicos, em especial políticas públicas – programas, projetos – pode reforçar 
estruturas e relações de poder; pode contribuir para o partilhamento do poder e sua democratização. O 
produto desses dois últimos itens têm apontado as mais diversas práticas sociais.
Você observou que continuamos insistindo no conhecimento, desde o primeiro período de graduação. 
Vamos continuar, sempre, pois somos profissionais que dialogam com as mais diversas teorias sociais, 
que subsidiam o profissional a conhecer para propor e intervir.
Insistimos no conhecimento, porque é a partir dele que construímos o objeto de intervenção. 
A construção do objeto de intervenção se realiza por meio do conhecimento e da utilização de 
estratégias metodológicas,que se desdobram em vários instrumentos técnico‑operativos, tais como: 
análise institucional, plano/projeto de intervenção, documentação (pareceres sociais, laudos, perícias), 
abordagens individuais, abordagens grupais, entre tantas outras.
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O conhecimento, instigado por estudos, reflexões, debates, pesquisas, como o que estamos fazendo 
agora, não pode ser pensado isoladamente da prática profissional. Ele tem de ser um meio pelo qual é 
possível decifrar a realidade e iluminar o processo de trabalho a ser realizado.
Segundo Iamamoto (2001, p. 63):
As bases teórico‑metodológicas são recursos [...] que o assistente social 
aciona para exercer seu trabalho: contribuem para iluminar a leitura da 
realidade e imprimir rumos à ação, ao mesmo tempo em que a moldam.
Assim, o conjunto de conhecimentos e habilidades adquiridos no seu processo formativo é parte de 
um acervo intelectual, pessoal, profissional que o acompanhará pela vida toda.
Nessa perspectiva, o assistente social detém as condições intelectuais, de conhecimento 
formativo, mas depende, na organização do seu trabalho, do Estado, da empresa, das entidades não 
governamentais que viabilizam aos usuários o acesso aos seus serviços. Esses fornecem os meios e 
recursos necessários para a realização da atividade em si, estabelecem prioridades, rotinas a serem 
cumpridas, interferem na definição de papéis e atribuições que compõem o cotidiano do trabalho 
institucional.
Como nos assegura Iamamoto (2001, p. 63),
Embora regulamentado como uma profissão liberal na sociedade, o serviço 
social não se realiza como tal. Isso significa que o assistente social não detém 
todos os meios necessários para a efetivação de seu trabalho: financeiros, 
técnicos e humanos, necessários ao exercício profissional autônomo.
Entendemos a profissão como dependente das instituições para disponibilizar os recursos necessários 
à realização de projetos, programas e atividades desenvolvidos por esse profissional. Dessa forma, o 
assistente social tem seu trabalho ligado às entidades empregadoras de seus serviços.
7.4.1 Formação profissional: exigências e perspectivas
 Saiba mais
A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394) 
estabelece, em seu Art. 44, que a educação superior abrange: cursos 
sequenciais por campo de saber, cursos de graduação, de pós‑graduação 
e de extensão.
Acesse o link a seguir e conheça na íntegra a Lei: <http://portal.mec.
gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>.
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Há necessidade de reconstruir o projeto de formação profissional do assistente social, 
demarcado transversalmente pelos dilemas da contemporaneidade da sociedade brasileira nos 
anos 1990, nos quadros da nova ordem mundial nesse fim de século. E dar conta dessa exigência 
requer a radical conciliação do projeto formativo com a história: com as tendências contraditórias 
que dela emanam.
Apropriá‑las, atribuindo à formação profissional, densidade de informações relativas à sociedade 
brasileira, é requisito preliminar para que se possa dar concretude à direção social, que se pretende 
imprimir àquela reconstrução do projeto, capaz de atualizar‑se nos vários momentos conjunturais. Mais 
ainda: uma qualidade de formação que, sendo culta e atenta ao nosso tempo, seja capaz de antecipar 
problemáticas concernentes à prática profissional e de fomentar a formulação de propostas profissionais 
que vislumbrem alternativas de políticas calcadas no protagonismo dos sujeitos sociais, porque atenta 
à vida presente e a seus desdobramentos.
Um projeto de formação profissional que aposte nas lutas sociais e na capacidade dos agentes 
históricos de construírem novos padrões da sociedade para a vida social. Essa construção é processual, 
realizada na cotidianidade da prática social, e cabe aos agentes sociais detectá‑las e delas partilhar, 
contribuindo, como cidadãos e profissionais, para o seu desenvolvimento.
O assistente social é um profissional inserido na divisão sociotécnica do trabalho e, ao longo dos 
anos, tem atuado diretamente na formulação e na implementação das políticas públicas. Quando 
da época de sua institucionalização no país, em 1940, o serviço social foi requisitado para atuar em 
instituições assistenciais estatais e nas paraestatais, atuando sob forte influência da igreja católica, com 
a perspectiva de um trabalho voltado para o amor ao próximo, para a justiça e para a caridade.
O desafio é: como pensar uma formação profissional voltada para o processo de criação do 
novo na sociedade brasileira? Quais as possibilidades reais, abertas no reverso da crise, isto é, pelas 
próprias contradições que são com ela potenciadas, que se encontram escondidas no discurso 
oficial que as encobre?
Essas possibilidades revelam‑se como horizontes para a formulação de contrapropostas profissionais 
no enfrentamento da questão social. São solidárias com o modo de vida e de trabalho que vivenciam, 
não só como vítimas da exploração e da exclusão social, mas como sujeitos que lutam, por isso, pela 
preservação, pela reconquista de uma humanidade, pela construção, na prática, da vida social cotidiana, 
de seu direito de ter direitos de homens e de cidadãos.
Para que isso ocorra, deve haver um resgate desse profissional no exercício de sua profissão. Esse é 
nosso próximo assunto.
7.4.2 Resgate da assistência social como espaço do exercício profissional
No contexto da redefinição do trabalho institucional, a assistência social é apontada como espaço 
de exercício profissional, configurando outra tese do Movimento de Reconceituação.
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É na perspectiva de superação do tradicional que se situa a necessidade de superação da prática 
assistencialista, entendida como aquela em que os problemas provenientes das desigualdades sociais 
não são levados em conta (SOUZA, 1982, p. 69).
O desenvolvimento da problemática social conduz o profissional a procurar saídas em novos métodos de 
ação, identificados simplesmente como um conjunto de operações técnicas, reduzidas a simples operações 
mecânicas sobre fatos isolados que nada dizem sobre o problema social que o gera. Ou seja, a construção 
dos problemas teórico‑metodológicos do projeto profissional coloca, na ordem do dia, outras prioridades:
• correção dos problemas identificados na relação do serviço social com o marxismo e diálogo 
com outras matrizes teóricas, tendo em vista o desenvolvimento de uma compreensão dialética 
entre objetividade e subjetividade que permita superar os esquemas generalizantes; essa ação 
serve para compreensão das estruturas e conjunturas configurativas das realidades sociais e 
oferece possibilidades, não só para as análises do coletivo e das classes sociais, mas também para 
a compreensão dos sujeitos sociais singulares;
• ampliação da ênfase que se vem dando à ação do serviço social centrado nas políticas sociais, 
com centralização das análises nas relações de poder e destaque para o papel do Estado e no 
caráter distributivo das políticas sociais, com a inclusão dos interesses presentes na sociedade civil 
expressos pela população‑sujeito dos serviços;
• atualização do conteúdo teórico‑metodológico da profissão na conjuntura contemporânea, que coloca 
um contexto problemático para as alternativas de transformação social direcionadas para o socialismo;
• aprofundamento da reflexão teórico‑metodológica ante a chamada crise de paradigmas nas 
Ciências Sociais.
Entendemos quea atualização que se impõe ao serviço social deve considerar a inserção da profissão 
no momento histórico atual, sem perder de vista as possibilidades de desenvolvimento de uma prática 
profissional que tenta afirmar‑se e legitimar‑se, a partir de uma perspectiva de crítica às sociedades 
marcadas pela exclusão social e econômica da maioria das populações. Isso implica o questionamento da 
incidência da prática profissional sobre a pobreza e a miséria, visando a sua superação, sem articulação 
com mudanças na estrutura social.
Mediante a perspectiva de incorporação do método dialético e de compreensão da instituição como 
espaço contraditório de luta de classes, o serviço social procura refletir sobre a possibilidade de, no 
âmbito institucional, ampliar a participação da população, em uma perspectiva de compromisso com 
suas lutas. Isso ocorre a partir do redimensionamento da assistência, inserida no âmbito do Direito, e 
atenta para suas determinações sociais e históricas como política governamental, sua imbricação com 
relações de classe e destas com o Estado (SPOSATI et al., 1985, p. 25).
Não se pode desconhecer que, a partir da segunda metade dos anos 1980, os assistentes sociais 
contribuíram, sobremaneira, com estudos e reflexões para o entendimento da questão da assistência 
social no Brasil, inclusive influenciando na definição dessa política no âmbito do Estado brasileiro e dos 
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movimentos sociais. Nesse contexto, a assistência social é explicada como mecanismo de enfrentamento 
da questão social e deve ser entendida na trama das relações sociais e em uma perspectiva de direito. 
Claramente, a assistência social é assumida como tarefa dos assistentes sociais, junto com outros 
profissionais, no âmbito de organizações públicas e privadas.
É no âmbito do Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina que a pressuposição 
de neutralidade da profissão é questionada e inicia‑se o debate coletivo sobre a dimensão política da 
profissão. Palma (1986, p. 13) ensina que:
Apesar de todos os aspectos que podem ser criticados na reconceitualização, 
há que reconhecer que pôs sobre a mesa o problema da relação entre a prática 
profissional e a política – e fê‑lo em termos de denúncia das pretensões de 
neutralidade e apoliticismo com que a profissão operava.
É nesse contexto que se desenvolve o debate sobre a necessidade de um compromisso do assistente 
social com os setores populares da América Latina.
Silva (1982, p. 163), sobre esse assunto, assevera que:
Esse compromisso passou a exigir uma redefinição da ação profissional, o que 
implica novas proposições conceituais, metodológicas, ideológicas e práticas, 
a fim de que tal propósito seja atingido. Daí, através da reconceituação, 
o serviço social terá assumido novas características, tendo em vista as 
inquietações, principalmente de ordem social, política e econômica, cuja 
repercussão se fazia no meio profissional.
7.4.3 Demandas profissionais e os espaços sócio‑ocupacionais
Ao longo de seu desenvolvimento, o serviço social foi requerido por organismos estatais, empresariais 
e filantrópicos como uma profissão fundamentalmente interventiva, situada no âmbito da prestação de 
serviços previstos pelas políticas sociais públicas e privadas ou como executor terminal de políticas sociais.
A Carta Constitucional de 1988 trouxe uma ampliação do campo dos direitos sociais, sendo por 
isso reconhecida como a Constituição Cidadã. A normatização desses direitos abre novas frentes de 
lutas no zelo pela sua efetivação, preservando o princípio de universalidade em sua abrangência a 
todos os cidadãos.
A assistência social é reconhecida, pela primeira vez, como uma política pública, dever do Estado e 
direito de cidadania, partícipe da seguridade social, assentada no tripé da saúde, previdência e assistência, 
campo privilegiado da atuação do serviço social. Amplia‑se a possibilidade de ingerência da sociedade 
civil organizada na formulação, na gestão e no controle das políticas públicas sociais. Os mecanismos 
privilegiados vão além dos movimentos sociais organizados: conselhos municipais, estaduais e 
nacionais no marco dessas políticas; e conselhos de Defesa dos Direitos dos segmentos prioritariamente 
contemplados pela política de assistência social (criança e adolescente, idosos e deficientes).
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Abrem‑se, portanto, novos canais de participação que podem contribuir para a construção da esfera 
pública. Surgem para paliar a tradição política brasileira excludente, assentada na privatização da coisa 
pública, consubstanciada nas várias versões do coronelismo, do populismo, no uso do fundo público em 
função de interesses particulares nas restrições à universalização da cidadania.
A participação referida recusa a condição dos cidadãos como maioria silenciosa ou clientes dos 
detentores do poder econômico e político; ou, ainda, consumidores de mercadorias, caricatura de uma 
cidadania estabelecida pelas regras do mercado. Isso porque entende‑se que a participação da sociedade 
civil organizada representa partilhamento de poder, interferência decisória na formulação, na execução 
e na fiscalização das políticas sociais públicas e, portanto, na redistribuição e no emprego do fundo 
público para a maioria da população.
Exemplo de aplicação
Sugiro uma reflexão: em sua opinião, o cidadão é reconhecido como sujeito do poder e da história, 
presente na multiplicidade dos espaços sociais e políticos, capaz de ter ingerência na direção intelectual 
e moral da vida pública na esfera da democracia plena?
A estratégia participativa torna‑se fundamental em um contexto em que se verifica a retratação 
do Estado em suas responsabilidades sociais e, na contrapartida, a sua ampliação para o atendimento 
dos interesses do grande capital financeiro. Verifica‑se uma clara tendência de transferências daquelas 
responsabilidades sociais. A isso se soma a relativa desarticulação dos movimentos sociais e o 
enfraquecimento da organização sindical em um contexto de crescimento de desemprego, do trabalho 
informal, temporário, reforçado pela reorganização nas formas de produção, de contratação e gestão do 
trabalho, que afeta direitos conquistados.
A descentralização político‑administrativa e a municipalização das políticas sociais representam 
uma possibilidade de alargamento do espaço sócio‑ocupacional dos assistentes sociais no âmbito da 
formulação e da gestão de políticas, o que impulsiona a participação na direção apontada.
Verifica‑se hoje a diversificação da demanda desse profissional para mais além da linha executiva, 
abrangendo pesquisas, planejamentos, assessorias e consultorias, capacitação, treinamentos, 
gerenciamento de recursos e projetos.
Crescem os trabalhos em parcerias interinstitucionais e em equipes multidisciplinares.
Observa‑se uma clara tendência de superação da perspectiva restrita das especializações, afirmando‑se 
a preferência por um profissional competente em sua área de desempenho, mais generalista em sua 
formação intelectual e cultural, munido de um acervo amplo de informações em um mundo cada vez 
mais globalizado, capaz de apresentar propostas criativas e inovadoras.
A restrição de dotações orçamentárias para os programas sociais, consoante com os princípios de 
enxugamento do Estado, preconizado pelos preceitos neoliberais, requer domínio na leitura e aplicação 
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dos orçamentos, tendo em vista potenciar o emprego de recursospara o atendimento das necessidades 
e prioridades apresentadas pela coletividade. A identificação dessas necessidades e prioridades supõe 
um cuidadoso conhecimento da população usuária dos serviços sociais, tanto em suas condições de vida 
material, como em sua subjetividade, reconhecendo representações sociais e expressões culturais dos 
diferentes segmentos sociais.
Registramos que a diversificação das entidades demandantes do serviço social ante o crescimento 
das organizações não governamentais (ONG), vinculadas à defesa dos direitos humanos e à prestação 
de serviço nesse campo, passam a contratar profissionais universitários na implementação de seus 
projetos sociais.
Às atuais alterações que se processam na esfera do Estado em suas relações com a sociedade, 
soma‑se a revolução tecnológica de base microeletrônica e suas refrações na produção, nos marcos da 
acumulação flexível. Isso atinge as formas de organização e gestão de trabalho.
Segundo Silva (2006), os espaços sócio‑ocupacionais em que o serviço social contemporâneo 
atua são empresas, hospitais, creches, postos de saúde, pronto‑socorros, clínicas, construtoras, usinas 
sucroalcooleiras, fóruns, entidades assistenciais, centros comunitários, escolas, universidades, bancos e, 
principalmente, ONGs.
Com as demandas da profissão vistas, observamos que o exercício profissional do assistente social 
ocorre em diversas áreas, como saúde, assistência social, criança e adolescente, empresas, justiça, 
educação, previdência, habitação, recursos humanos, terceira idade, área ambiental, rural etc. Há muito 
campo de atuação, só depende de você analisar e escolher onde quer atuar.
8 INTERDISCIPLINARIDADE
Para que o profissional do serviço social crie estratégias e planejamento de ações que respondam 
às exigências e demandas apresentadas cotidianamente no seu trabalho, há necessidade de trabalho 
interligado aos outros profissionais, seja nas áreas da saúde, da educação, da assistência etc. Dessa 
forma, podemos pontuar que a convergência dos sete saberes é que determina a efetividade das ações 
e os projetos propostos pelos assistentes sociais.
Essa integração e interação entre os profissionais, possibilitadas pela interdisciplinaridade, permitem 
a reflexão e a união da teoria e prática (práxis), uma vez que são necessárias discussões entre os 
profissionais e o planejamento para a junção dos saberes. Essas discussões fornecem aos profissionais a 
contribuição múltipla e complementar para interação dos saberes. Sobre esse assunto, Severino (2000, 
p. 19) afirma que:
Pressupõe, de forma necessária, uma convergente colaboração dos 
especialistas das várias áreas das Ciências Humanas, evitando‑se assim 
uma hipertrofia, seja de uma fundamentação unidimensional, seja de uma 
intervenção puramente técnico‑profissional.
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A junção de profissionais de diversas áreas para o trabalho em conjunto enriquece os trabalhos 
desenvolvidos, pois envolve os profissionais em um diálogo solidário, não para haver sobreposição dos 
saberes, mas para a realização da prestação de serviços de forma mais efetiva.
O autor acrescenta:
Para se constituir, a perspectiva interdisciplinar não opera uma eliminação 
das diferenças: tanto quanto na vida em geral, reconhece as diferenças 
e as especificidades, convive com elas, sabendo, contudo, que elas 
se reencontram e se complementam, contraditória e dialeticamente 
(SEVERINO, 2000, p. 20).
 Saiba mais
Convido você a conhecer Edgard Morin, o pai da teoria da complexidade, 
explicada em uma coletânea, composto por quatro livros da série O Método, 
que é composto por quatro volumes: seu habitat, sua vida, seus costumes, 
sua organização (Rio Grande do Sul: Editora Sulina, 1ª Edição, 1997).
Nesses livros, existe uma narrativa que mostra como os sete saberes são 
necessários para a educação do futuro. O autor defende a incorporação 
dos problemas cotidianos ao currículo e a interligação dos saberes, e 
critica o ensino fragmentado. Aliás, não estão concentrados no primário, 
nem no secundário, nem no ensino universitário, mas abordam problemas 
específicos para cada um desses níveis. Eles dizem respeito aos sete 
buracos negros da educação, completamente ignorados, subestimados 
ou fragmentados nos programas educativos. Esses programas devem 
ser colocados no centro das preocupações sobre a formação dos jovens, 
futuros cidadãos.
Vale a pena fazer essa leitura, pois ela pode ampliar sua compreensão 
sobre integração e interação entre os profissionais possibilitando a 
interdisciplinaridade, o que permite a reflexão e a união da teoria e da 
prática.
Boa leitura!
Diante da globalização, das divisões no campo social, cultural, financeiro, político, científico etc., 
em particular da fragmentação na maneira de perceber e compreender o ser humano e suas relações, a 
interdisciplinaridade emerge como prática de articulação dessas partes.
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Podemos afirmar que, mais do que uma proposta simplista, a interdisciplinaridade pode se apresentar 
como uma resposta de intercâmbio e integração, uma maneira de transpor fronteiras e diferenças 
existentes entre as profissões, a fim de alcançar uma comunicação mais efetiva.
8.1 Interdisciplinaridade e a prática profissional do serviço social
A interdisciplinaridade também é um elemento que traz uma visão totalitária para os trabalhos 
desenvolvidos em conjunto pelas profissões, inclusive o serviço social.
A proposta da própria ciência sempre foi o método cartesiano de separação dos próprios 
conhecimentos, ou seja, as disciplinas, ou os conhecimentos se desenvolverem distanciadamente. Mas, 
com o aumento da complexidade dos problemas sociais, as profissões rompem com esses limites e 
trabalham a interdisciplinaridade, a junção dos saberes em uma perspectiva de totalidade.
Sá (2000, p. 50) chama a atenção para o fato de que:
Questionar a Ciência não significa, no entanto, negá‑la. É repensá‑la numa 
nova dimensão, ou seja, em seu significado sociocultural, em seu caráter 
instrumental em relação à sociedade. É estabelecer um vínculo entre o 
processo de produção científica e as necessidades sociais.
Pensando a interdisciplinaridade, os profissionais do serviço social adotam um modelo de ação 
alternativo não mais se pautando em saberes isolados, mas desenhando, com outras profissões, um 
modelo integrativo que permita:
• análise dos problemas das realidades sociais de forma totalitária ao vincular a teoria e a prática 
em um processo dialético e envolver diversas visões profissionais;
• análise crítica da prática profissional, debate dessas práticas e integração dos saberes para evitar 
a sobreposição de conhecimentos das profissões que atuam juntas;
• proposição e atuação nas realidades sociais, configurando transformações a partir da prática 
profissional.
Essa forma de trabalho integrado que a interdisciplinaridade propõe pode ser considerada crítica, 
inovadora e enriquecedora. Propicia o profissional assistente social utilizar instrumentais técnicos 
operativos necessários à sua ação profissional de uma forma mais respaldada.
Vamos compreender isso melhor: quando o assistente social trabalha em um centro socioeducativo, 
é necessário que ele elabore um parecer sobre a condição desses adolescentes que estão em regime de 
medidas de complexidade.
Para tal, é fundamental a integração com o profissional da psicologia, que avalia as condições 
emocionais desses jovens.
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