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Manual Prático de Avaliação do HTP (Casa-Árvore-Pessoa) e Família Autora: MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO APOSTILA RETONDO, Maria F. Manual Prático de Avaliação do http (Casa-Árvore-Pessoa e Família). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. CASA INTRODUÇÃO A casa, como local de moradia, simboliza a cena das relações intrafamiliares, desde as mais satisfatórias até as mais frustrantes. Provoca associações referentes à vida doméstica no passado, presente ou como gostaria que fosse o futuro ou, ainda, uma combinação desses estágios. A CASA também pode simbolizar um autorretrato, fornecendo ao examinador ricas informações sobre as relações do sujeito com a realidade e a fantasia, sobre os contatos que faz com o meio e também sobre a maturidade e o ajustamento psicossexual. É interessante ressaltar que após a observação de inúmeros desenhos percebe-se que a grande maioria dos pacientes (adultos e crianças) faz suas casas com um telhado inclinado e chaminé, em uma representação infantil. Em concordância Di Leo (1987) em seu estudo sobre o desenho da CASA, aplicado em crianças citadinas, percebeu que a grande maioria desenhou casas que são típicas da vida campestre (com telhado inclinado e chaminés), em vez dos complexos apartamentos, tipo colmeia, em que a maioria delas realmente vive. O desenho da CASA fornece dados sobre as relações familiares, pois simboliza o lugar onde são buscadas os afetos, a segurança e as necessidades básicas que encontram preenchimento na vida familiar. A criança antes da idade escolar ao representar uma CASA desenha o que sabe que deve estar lá, ignorando como ou se realmente está visível. A realidade interna dará lugar, gradualmente, a uma realidade exterior mais prosaica desprovida da fantasia, quando a criança amadurece. A passagem da subjetividade para a objetividade não abrupta, ambas as formas de “ver” podem coexistir até bem depois dos 7 anos de idade. Quando solicitadas a desenhar uma CASA, as crianças invariavelmente desenharão o exterior. se a casa é percebida como um lar, com todas as suas conotações de calor, proteção, segurança e amor, poderão vitalizá-la com as pessoas significativas em suas vidas, flores, árvores ou sol. Nos adultos, quando casados, o desenho da CASA também reflete a situação doméstica em relação ao cônjuge. Simbolicamente a CASA pode, também, representar a imagem corporal. Pessoas com problemas em áreas fálicas (preocupação a respeito de questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade) frequentemente projetarão tais problemas desenhando uma chaminé grande. Os dados psicológicos levantados são obtidos pelo significado funcional dos elementos do desenho, pelo seu formato e por meio do aspecto simbólico ligado a cada detalhe. É importante observar a habilidade com que o sujeito organiza seus detalhes em um todo significativo. O telhado, a parede, a porta, e a(s) janela(s) são detalhes considerados essenciais no desenho da CASA. Habitualmente as pessoas desenham na seguinte sequência: Telhado, parede, porta e janela(s) ou Uma linha de base, parede, telhado, porta e janela. Uma sequência de detalhes oscilantes indica, na melhor das hipóteses, indecisão. A CASA geralmente é desenhada de pé, intacta. Qualquer movimento, como telhado voando, paredes caindo, pode expressar um colapso do ego sob os ataques do ambiente ou das relações interpessoais. PERSPECTIVA E POSIÇÃO DA CASA Fornece-nos dados da reação afetiva sobre a vida familiar. Casa como um todo adequado e substancial, na altura do observador – harmonia nas relações familiares e adequação na imagem corporal. Casa desenhada como se fosse vista de cima – rejeição e distanciamento da situação familiar e dos valores pertinentes, como sentimento compensatório de superioridade (o sentimento de superioridade em relação ao ambiente familiar pode tratar-se de uma atitude defensiva) Casa desenhada como se fosse vista de baixo – sensação de rejeição, perda de valor, baixa autoestima e inferioridade na situação doméstica; a felicidade na situação familiar é considerada como algo dificilmente atingível (comum em pacientes com desajustamento familiar e deprimidos). Casa de longe como se estivesse distante do observador – isolamento afetivo, retraimento, inacessibilidade, sensação de que as boas relações com os familiares são inatingíveis ou incapacidade para enfrentar a situação doméstica (comum em pacientes com dificuldades para lidar com as situações referentes à família e deprimidos). Casa em perfil parcial – bom nível intelectual e tendência a um comportamento mais flexível. Casa do tipo “perfil absoluto” ou desenho em que a porta ou a entrada não são visíveis – retraimento, isolamento, inibição, dificuldade nos contatos sociais, tendência à fuga e oposição ou máscara social (comum em pacientes com transtorno de personalidade Paranóide e sugere também Fobia Social). Casa desenhada como vista pelos fundos ou por trás – retraimento, isolamento e dificuldade nos contatos sociais, porém com sentido mais patológico (comum em Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade e sugere também Fobia Social). Desenhos de fachada (isto é, só uma parede é mostrada e não oferece sugestão de profundidade) – tendência a usar uma máscara social (comum em pacientes com comportamento rígido que escondem sentimentos de inadequação e insegurança) Casa desenhada de modo que uma das margens laterais do papel sirva como parede – insegurança externa (sugere transtorno de Pânico) Uso da margem inferior da página como base ou linha do solo – sentimento de inadequação e insegurança (comum em alguns casos de depressão). TIPOS DE CASA Ao analisar a casa como um todo, observa-se que, além de o sujeito mostrar como se relaciona com o meio, pode por meio do desenho expor todos os seus sonhos e fantasias de realização, assim como a precariedade de sua vida. Choupana – desejo de isolamento, de descansar em paz, de romper com o mundo e/ou sentimento de perda amorosa, econômica ou social. Forma imatura de reagir aos estímulos ambientais (sugere Transtorno Depressivo, Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de Personalidade Esquizóide). Igreja – culpa, sensação de não ser bom o bastante, pensamentos ruins ou sublimação dos impulsos sexuais. Hospital – medo ou fixação de doença (comum em hipocondríacos) Escola – dificuldades intelectuais, medo de não ser bom o bastante, prooblemas ou fixação na escola ou ambição e supervalorização intelectual (sugere transtorno de Aprendizagem). Prisão – culpa, necessidade de liberdade e conflitos (comum em pessoas que se vêem aprisionadas em uma situação doméstica) Casa de aparência irreal, como em contos de fada – dificuldade para encarar a realidade com imersão na fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica). Castelos – imersão na fantasia e ou sentimentos de inferioridade Prédios – sensação de falta de espaço, prisão, necessidade de liberdade ou acolhimento ou sensação de fazer parte do mundo todo. Casa de dois andares com apartamentos – cerceamento, aprisionamento ou desejo de contato sexual (comum em deprimidos). PORTA Porta aberta e um caminho a vista – pessoa equilibrada ou que procura novos caminhos. Porta muito pequena em relação às janelas e à casa em geral – relutância em estabelecer contato com o ambiente, afastamento das trocas interpessoais, timidez e receio nas relações com os outros (sugere transtorno de personalidade Esquiva e/ou transtorno de personalidade esquizóide). Porta excessivamente grande – excessiva dependência em relação ao meio ou ás pessoas em geral e necessidade de interação, quanto maior a porta, maior a dependência do meio externo (sugere transtorno de personalidade dependente). Porta fechada – autodefesa e/ou defesa para com o mundo. Porta fechada com fechaduras, dobradiças ou olho mágico – medo hiperdefensivo do perigo externo, de contato, sensibilidade e defesaou problema sexual e/ou desejo de contato sexual (comum em transtorno de personalidade paranóide e sugere também transtorno de pânico). Ênfase na maçaneta – preocupação com o contato (função da porta) Porta aberta – necessidade interna de receber calor emocional do exterior e de expressar acessibilidade (quando existem pessoas morando na casa). Quando a casa é vazia (não existe ninguém morando), a porta aberta indica sentimento de extrema vulnerabilidade, carência afetiva, necessidade de reforço emocional de fora e falta de adequação das defesas do ego (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Porta entreaberta – equilíbrio e/ou necessidade de contato Porta bem acima da linha que representa o chão da casa, sem que apareçam degraus – isolamento do meio e tentativa de se conservar inacessível nas relações interpessoais; os contatos são unicamente segundo as próprias conveniências (sugere transtorno de personalidade esquizóide). Porta acima do solo e com degraus – tentativa de se manter inacessível, comum em pessoas que só estabelecem contatos com os outros nos seus próprios termos. JANELA É o meio secundário de interação com o ambiente. Representa uma maneira de comunicação menos direta e menos imediata com o mesmo. Enquanto abertura para o ar e para a luz, a janela simboliza receptividade. Janela no lugar normal, simples, aberta e sem ênfase – equilíbrio e calma no contato social. Janela com florzinhas – otimismo, interesse pela aparência, preocupação com o exterior, vaidade (sugere transtorno de personalidade narcisista). Pessoa na Janela – família bem equilibrada, harmonia e em alguns casos ansiedade. Janelas nuas, sem cortinas ou persianas – tendência a relacionamentos e contatos sociais diretos, falta de tato ou oposição. Reforço no contorno das janelas (quando não aparece em outras partes do desenho) – fixações orais, gula ou tendência ao tabagismo. Janela com grades, vidraça fechadas e/ou fechadas com trinco – medo defensivo do perigo externo, desejo de proteção e/ou defesa contra os impulsos ou estímulos externos, isolamento, barreira nos contatos sociais, insegurança ou sentimento de estar cercado, sensação de o lar ser uma prisão em vez de algo confortável (comum em transtorno de personalidade paranóide). Janelas decoradas com persianas ou cortinas – atitudes de interação controlada com o meio, certa ansiedade nas relações interpessoais e ou dissimulação. Pode também mostrar a visão da vida por meio das cortinas ou exibicionismo e narcisismo (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Janelas fechadas com persianas ou cortinas – retraimento, cautela nas trocas interpessoais e relutância em interagir com os outros (sugere transtorno de personalidade de esquiva). Cortinas ou persianas nas janelas abertas ou parcialmente abertas – interação controlada com o ambiente ou a certa ansiedade nas relações interpessoais. Várias janelas sem persianas ou cortinas – tendência a se comportar de forma abrupta e às vezes direta, sem necessidade de mascarar sentimentos. Várias janelas com persianas e cortinas – preocupação a respeito da interação com o ambiente. Distorção no tamanho das janelas – quando a janela da sala é maior que a do banheiro, é normal; caso contrário, dá indícios de um possível treinamento severo nos hábitos de higiene ou sentimentos de culpa por masturbação excessiva (comum em transtorno de personalidade obsessivo compulsivo). Janelas da frente em altura diferente das janelas do lado – sugerindo que a altura do chão não é a mesma, dificuldade de organização (comum em formas precoces de esquizofrenia). Janelas centrais maiores que as outras – desejo de contato Janela junto ao teto ou telhado - tendência a viver mais no mundo da fantasia do que no da realidade ou necessidade de fuga (comum em pessoas com transtorno de somatização e em adultos com dificuldade inter-relação ou de contato sexual). Janela no telhado (sótão) – dificuldade de contato direto, contato vivido mais na base da fantasia e na imaginação, riqueza de vivência interior e tato por meio de um meio mais intelectualizado (sugere transtorno de personalidade esquizóide) Janela junto ao canto da parede – necessidade de apoio, medo de ações independentes e falta de autoconfiança (sugere transtorno de personalidade dependente) Janela fechada e porta aberta – dificuldade de se mostrar no contato interpessoal, conflitos e medo de rejeição (sugere fobia social) Janela fechada e porta fechada – isolamento emocional e afastamento do contato interpessoal (sugere transtorno de personalidade esquizóide). Janela aberta e porta fechada ou pequena – timidez ou receio no contato afetivo e interação mais controlada com os outros. Janela aberta e porta aberta – extroversão, necessidade de contato afetivo (sugere transtorno de personalidade dependente). TELHA OU TELHADO Simboliza a área ocupada pela fantasia e pensamentos, os impulsos e as tentativas de controle. Os extremos no tamanho do telhado tendem a refletir o grau em que o sujeito devota seu tempo à fantasia e em que medida ele se volta para esta área a fim de obter satisfação. O material do telhado é indicado por traços que variam desde o desenho meticuloso de cada telha até riscos esparsos ou o vazio. Telhado do tamanho adequado – equilíbrio entre a fantasia e a realidade, interação equilibrada com o ambiente. Telhado exageradamente grande e o resto da casa pequeno – grande imersão com ênfase exagerada na fantasia, afastamento dos contatos interpessoais (pouco contato manifesto) e ambição maior que a capacidade de realização. Casa representada só por teto ou telhado – ego dominado pela fantasia (comum em esquizofrênicos geralmente eles desenham um telhado e depois colocam a porta e as janelas, de forma que a casa seja toda telhado; são pessoas que vivem num mundo predominante da fantasia). Lajes – bloqueios, repressão da vida de fantasia, da imaginação e orientação para o concreto (comum em pessoas estéreis afetivamente). Ausência de telhado ou telhado representado por uma única linha – dificuldade em fantasiar ou devanear, tendência para o pensamento mais concreto (comum em personalidades reprimidas ou de pouca inteligência e sugere também transtorno de aprendizagem) Telhado reforçado por uma linha forte e grossa (quando isso não ocorre nas outras áreas do desenho da casa) – tentativa de defesa da ameaça de perda do controle pela fantasia, temor que os impulsos atualmente expressos pela fantasia se expandam para o comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade, receio de perder o controle sobre a vida imaginativa (comum em transtorno de ansiedade generalizada e sugere também transtorno de personalidade esquizotípica). Telhado ligeiramente afastado ou deslocado da parede, sombreado ou com buraco – ansiedade, dificuldade de aprendizagem e idéias de fuga do ambiente (comum em pessoas com transtorno de somatização e sugere também transtorno de aprendizagem). Telhado muito elaborado (com telhas ou vários riscos) – capacidade de enfrentar problemas e controle de fantasia ou minuciosidade, preocupação com detalhes, (comum em transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Telhado terminado em pontas – simbolismo sexual (comum na puberdade e adolescência). Telhado vazio sem telhas – senso prático, orientado para o essencial ou diminuição da fantasia. CHAMINÉ Em pessoas bem ajustadas, chaminé via de regra representa apenas um detalhe à representação da casa. Detalhe este que atualmente não é essencial no nosso meio devido à propagação do aquecimento elétrico, ao clima tropical e de poucas casas possuírem lareira. As crianças na sua grande maioria desenham a chaminé num ângulo reto ao plano do telhado. Se for um telhado inclinado ficará oblíqua. É necessário uma certa maturação para que a chaminé seja desenhada verticalmente, ignorando a inclinação do teto. Esta correção expressa um avanço nonível do pensamento, depende de uma operação mental que não é ainda acessível à criança pequena. Para alguns adultos a chaminé pode representar um símbolo fálico ou indicar o nível de maturidade sensual (emerge do corpo da casa) embora isso não seja obrigatório em todos os desenhos, pois também simboliza afeto, tensão interior ou no lar. Da observação de inúmeros desenhos, percebe-se que a grande maioria dos pacientes desenha suas casas com um telhado inclinado e chaminé, numa representação infantil. Chaminé proporcional à casa – calor no lar, bom ajustamento familiar e pessoal. Ausência de chaminé – atualmente não é considerada importante, mas pode simbolizar falta de calor e afeto no lar ou, em alguns adultos, dificuldades de ajustamento sexual. Dificuldade em desenhar a chaminé – em crianças – tensão interior e/ou na família. Em adultos indícios de mal ajustamento sexual, temores quanto à dificuldade para lidar com protuberâncias que saem do próprio corpo e dúvidas sobre a capacidade fálica. Chaminé exageradamente grande – em crianças necessidade de chamar atenção e de ser visto, notado. Em adultos preocupação a respeito das questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade, tendências exibicionistas e sentimentos compensatórios para inadequação fálica (comum em transtorno de personalidade anti-social). Chaminé superenfatizada, completamente exposta, saindo da linha de base em adolescentes e adultos – tendências exibicionistas no sentido da sexualidade. Chaminé quase completamente escondida - em crianças sugere retulância em lidar com estímulos que provocam emoção. Em adultos pode simbolizar angústia em relação às vivências fálicas ou à dificuldade de expressar a turbulência emocional e repressão. Várias chaminés na mesma casa, chaminé tombando ou em formato fálico em desenhos de adolescentes e adultos – sentimento de inferioridade e compensação por sentimentos de inadequação fálica, sob uma capa de esforço viril (comum em Impulso Sexual Excessivo e Transtorno de Personalidade Anti-Social) Chaminé transparente ou visível por meio de uma parede transparente – negação de aspectos sexuais, sensação de impotência, sentimento de fraqueza em relação ao pênis ou medo de castração ou tendências exibicionistas ou expressão de que o sujeito sente que sua preocupação fálica deve ser óbvia para os outros. (comum em Impulso Sexual Excessivo e Transtorno de personalidade anti-social). Chaminé perpendicular à inclinação de telhado – comum em crianças e adultos sugere angústia em relação às vivências fálicas e/ou dificuldade de expressar a turbulência emocional. Antenas ou outros símbolos fálicos – indícios de fantasias sexuais ou necessidade de comunicação com o mundo externo. FUMAÇA Simboliza a respiração e portanto a expressão da vida dentro da casa. Chaminé emitindo uma fumaça abundante – expressão de calor e afeto dentro da casa (comum em desenho de crianças). Fumaça dirigida para um lado como sob efeito de forte vento (a força da pressão do vento é indicada pelo grau de desvio da fumaça, e o sentimento é revelado pela quantidade de fumaça) – sentimento de forte pressão ambiental (comum em crianças com dificuldades escolar e/ou pressionadas pelos pais e em adolescentes constritos pela realização acadêmica). Fumaça em novelo – conflitos internos e externos ou esforço para extravasar energia intelectual (comum em pessoas que vêem o lar como um lugar de conflitos, turbulência e inquietação). Fumaça em negrito, densa e/ou exagerada – grande tensão interna, conflitos e turbulência no lar ou ambos (denota sintomas mais graves). ACESSÓRIOS NO DESENHO DA CASA Quando aparecem acessórios no desenho da casa, estes devem ser analisados de acordo com o conjunto dos desenhos. Detalhes bem organizados na maioria das vezes indicam boa relação com o meio e maior possibilidade de ansiedade ser bem canalizada e controlada. Por outro lado, alguns pacientes revelam diretamente a sua falta de segurança ao circundar ou apoiar sua casa com arbustos, árvores e outros detalhes que não estão relacionados com a instrução dada. Indica que quanto maior a quantidade desses detalhes, mais intenso é o sentimento de insegurança ou a falta de proteção. Caminho bem feito e proporcionado, conduzindo a porta – controle e tato no contato com os outros e equilíbrio na procura de novos caminhos. Caminho longo e sinuoso – reserva nas relações interpessoais (comum em pessoas que inicialmente se mostram cautelosas em fazer amizades, mas, quando a relação se desenvolve, tende a ser profunda) Caminhos bifurcados – indecisão e imaturidade afetiva. Caminho pedregoso – vivências traumatizantes e dificuldade de contato com o mundo (sugere transtorno de estresse pós-traumático). Calçada reta na frente ou caminho que acaba em montanha – falta de energia para vencer os problemas ou dificuldade no contato com as pessoas (sugere transtorno depressivo) Casa com árvores, vegetais, arbustos e/ou grande e vasto jardim – insegurança, necessidade de proteção e de erguer barreiras defensivas para fazer contato formal com os outros (em alguns adultos pode simbolizar desejo e/ou repressão de sexualidade). Casa com escadas – dificuldade em mostrar-se em ser autêntico(a) e em ter relacionamentos íntimos. Demonstra ser necessário galgar os degraus para chegar ao interior da pessoa. Casa com varanda ou com sobra e água fresca – necessidade de relaxar, comodismo, mecanismo de compensação ou problema de relação social. Árvores desenhadas ao redor da casa – freqüentemente representam pessoas, e o examinador pode induzir o sujeito a identificá-los. O tipo e o tamanho da árvore, particularmente sua colocação em relação à casa, podem revelar muito a respeito da percepção que o indivíduo tem da sua constelação familiar. Montanhas aparecendo no desenho da casa – atitudes defensivas e/ou necessidade de independência, freqüentemente independência maternal (sugere transtorno de personalidade dependente). Cercas desenhadas em torno da casa – necessidade de proteção, comportamento defensivo e insegurança (sugere transtorno de personalidade dependente ou transtorno de personalidade paranóide). Florzinha, patinho, etc.. – imaturidade afetiva ou ambição, desejo de conquistar algo. Nuvem – ansiedade, pressão ambiental ou expressão de pais repressores. Nuvem escura – ansiedade, pressão ambiental e ameaça a distância. Nuvens, neve e/ou chuva caindo – ambiente opressivo (comum em deprimidos). Sombras – situações de conflitos e ansiedade em nível mais consciente. Sol – na maioria das vezes simboliza a figura de maior autoridade ou de maior valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do sujeito. Sol brilhando sobre o lado esquerdo – lado materno, bom relacionamento com a mãe. Sol brilhando sobre o lado direito – lado paterno, bom relacionamento com o pai. Torres – isolamento e introversão. (sugere transtorno de personalidade esquizóide) Torres cheias de janelas – excitação sexual (sugere impulso sexual excessivo). Elevadores – em desenhos de adolescentes ou adultos sugere problema sexual ou fantasia de realização sexual. Detalhes degradantes (lata de lixo, coisas jogadas, etc.) – sentimentos de hostilidade e agressividade (sugere transtorno da conduta e/ou personalidade anti-social). ÁRVORE INTRODUÇÃO Simbolicamente, a ÁRVORE atinge os aspectos mais profundos e básicos da personalidade. Acredita- se que isto aconteça pelo fato de trazer um mínimo de associações conscientes, levando a uma menor defesa do ego por parte do examinando. O uso da ÁRVORE como teste projetivo é baseado na suposição de ser um autorretrato inconsciente ou uma elaboração inconsciente da autoimagem, que é relacionado com os três maiores campos da personalidade humana (instintivo, emocional e intelectual). As RAÍZES significam a vida instintiva e os sentimentos que se referem ao contato com a realidade; o TRONCO representa a vida emocionalou o domínio emocional sobre as pressões ambientais e as tensões internas; e a COPA revela a vida intelectual e social, as trocas com o ambiente, a busca de realizações e a distribuição dos investimentos psicológicos na área da fantasia. O fato de a ÁRVORE ter vida e crescer continuamente é que torna possível a representação simbólica do psiquismo humano. Observa-se que ao traçar a ÁRVORE as crianças de até mais ou menos sete anos de idade desenham frequentemente um TRONCO bem grande, simbolizando a riqueza da vida emocional. O desenho da ÁRVORE reflete os sentimentos mais profundos e inconscientes do examinando sobre si mesmo, enquanto que a FIGURA HUMANA converte-se em um veículo de expressão dos aspectos mais inconscientes e de suas relações com o meio. A experiência clínica sugere que é mais fácil perceber atitudes conflitantes ou emocionalmente perturbadoras no desenho da ÁRVORE do que no da FIGURA HUMANA, porque esta se parece mais com um autorretrato. Por exemplo, o examinando pode projetar com maior facilidade sua vivência de um trauma emocional fazendo cicatrizes no tronco da ÁRVORE, em lugar de cicatrizes na FIGURA HUMANA desenhada. O critério de que a ÁRVORE permite investigar sentimentos mais básicos e antigos se vê assinalado pelo fato de este desenho se menos suscetível a sofrer modificações no reteste. Apenas com uma psicoterapia profunda e com alterações significativas na vida do paciente é que aparecem alterações no desenho. Para uma avaliação precisa é necessária primeiro observar a ÁRVORE como um todo, para depois fazer uma avaliação dos detalhes do desenho. É importante atentar para a habilidade com que o sujeito organiza os detalhes em um todo significativo. Do ponto de vista de detalhes essenciais, para uma ÁRVORE existir é necessário que tenha pelo menos o TRONCO e a COPA. Habitualmente as pessoas desenham na seguinte sequência: Tronco, galhos e copa ou Estrutura de ramos e depois o tronco ou Raiz, tronco e copa. IMPRESSÃO DA ÁRVORE Pelo fato de as raízes mergulharem no solo e os galhos se elevarem para o céu, a árvore é universalmente considerada como símbolo da vida. A árvore vista como um todo pode dar impressão de harmonia, inquietude, vazio, aridez, abundância, hostilidade, vigilância, alegria, beleza, etc., fornecendo dados sobre os aspectos inconscientes da personalidade. Árvore média vigorosa e bem enraizada – integração intacta da personalidade. Árvore grande – tendência à expansão. Árvore muito grande, quando o topo ultrapassa a parte superior do papel – tendência a expandir-se exageradamente na área da fantasia em busca de satisfação. Árvore pequena – desencoraja mento, pressão ambiental controle e sentimentos de inadequação para lidar com o meio (sugere transtorno depressivo). Árvore com base no papel – insegurança, sentimento de inadequação (comum em depressivos que na maioria das vezes usam linhas tênues, mostrando a falta de energia e motivação, e também em pessoas muito inseguras, que geralmente se prendem à parte inferior da folha em busca de uma segurança compensatória). Árvore mutilada, com cicatrizes e/ou ramos cortados – traumas e assaltos à personalidade (sugere transtorno de estresse pós-traumático). Árvore cindida, dividida verticalmente, dando a impressão de duas árvores- fragmentação e/ou divisão da personalidade, ruptura das defesas e perigo de que os impulsos internos se extravasem no ambiente (comum em esquizofrênicos). Árvore com tronco e copa em uma linha contínua, sem divisão – negativismo e/ou oposicionismo (comum em pessoas que estão apenas atentando a um pedido do examinador; é uma forma de evitar uma recusa direta). Folhas, frutos, galhos e/ou flores caídas ou caindo – falta de atenção, esquecimento, leve separação entre sentimentos e pensamentos, falta de firmeza ou sentimento de rejeição. Sombreados claros-escuros – ansiedade, humor vacilante, desorientação, incerteza, indecisão, falta de energia, passividade ou imaturidade (comum em deprimidos). Árvore sobre a qual paira uma ave de rapina ou sob a qual urina um cão – sentimentos de culpa, sensação de destruição, degradação. Profunda desvalorização e baixa auto-estima (sugere transtorno do pânico e/ou transtorno de estresse pós-traumático). Árvore em que um homem ameaça destruí-la a golpes de machado – sentimento de iminente mutilação física, terror e pânico; na maioria das vezes o homem simboliza a figura paterna ou a de maior autoridade (sugere transtorno do pânico e/ou transtorno de estresse pós traumático). Árvores frutíferas – desejo de realizar, de ter sucesso, comum em mulheres grávidas e em crianças pequenas (geralmente desenham macieiras). As crianças e adolescentes na maioria das vezes até mais ou menos 14 anos de idade identificam-se com a fruta, e a árvore simboliza a figura materna. Quando a fruta está caindo ou já está caída, significa sentimento de rejeição, perda ou separação. Desenho de chorões – sentimento de menos valia, cansaço e tristeza (comum em deprimidos). Árvore de Natal – no adulto, pode indicar tanto dependência com desejo de retornar à infância quanto exibicionismo, quando a ênfase maior está nas luzes e decorações. Nas crianças, se está próximo do natal, geralmente é a influência da própria festa, mas, quando fora da data, denota expressão de saudade e lembrança de momentos passados. Estilizada – sofisticação, superficialidade, falta de autenticidade ou disciplina, ou aptidões técnicas e construtivas, gosto pela sistematização (sugere transtorno de personalidade obsessiva- compulsiva). Formas inautênticas (copa em coração, em trevo, etc.) – falta de autencidade, mascaramento e ou dissimulação (comum em desenhos de adolescentes). Árvore inclinada para a esquerda – introversão, atitude defensiva, cautela, necessidade de segurança, medo de afetos, prisão ao passado e satisfação controlada dos impulsos (sugere transtorno de personalidade esquizóide). Árvore inclinada para a direita – impulsividade, necessidade de satisfação imediata, capacidade de entrega pessoal e amor ao dever (sugere transtorno de personalidade histriônico). Árvore com apoio, estacas – necessidade de apoio, segurança e orientação, falta de independência e de confiança em si mesmo (sugere transtorno de personalidade dependente). Estereotipias – rigidez, dificuldade ou falta de capacidade de expressão, falta de independência no julgar, horizonte limitado (comum em crianças até mais ou menos 7 anos de idade e, em adultos sugere apego a esquemas infantis ou transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Riqueza na representação da árvore – sonhador, valorização do exterior, desejo de produtividade artística e/ou necessidade estética. Simplificação na representação da árvore – senso prático, objetividade, orientado para o essencial, desprezo pelo exterior, falta de fantasia ou pode ser apenas preguiça. IDADE ATRIBUÍDA À ÁRVORE A idade que o examinado dá à sua árvore simboliza o nível de maturidade psicossexual, e o adequado é que seja próxima à idade dele. Geralmente as pessoas prendem-se a uma faixa etária de maior satisfação ou fixam-se em vivências traumáticas. Idade próxima à do paciente – bom nível de maturidade psicossexual. Idade aquém a idade do sujeito – imaturidade ou vivências traumáticas (sugere transtorno de estresse pós-traumático). Idade muito além da idade do sujeito – vivências depressivas e inadequadas para a idade e/ou com necessidade de crescer logo. ÁRVORE APRESENTADA COMO MORTA As questões a respeito da vida ou morte da árvore dão ao examinando a oportunidade de projetar e expressar simbolicamente seus sentimentos de pressão, inadequação e sofrimentos e de declarar se sente que a pressão vem de dentro, de fora do self ou de ambas as formas. Pessoas mais doentes psicologicamente muitas vezes vêem suas árvores como mortas. Quanto a morte é na raiz, é mais patológico do que nos galhos (os galhosda mesma forma que os braços da pessoa simbolizam os recursos para a busca de satisfação); quando o tronco que está morto implica em uma perda de controle e poder para o alcance do bem estar. Deve-se questionar se a morte da árvore (ou de parte dela) é decorrente da causa externa ou interna e há quanto tempo isso ocorreu, pois geralmente corresponde a época ou tempo do trauma. Morte por causa interna – apodrecimento ou doença da raiz, do tronco e/ou dos galhos implica em algo interno e mais doentio (pior prognóstico) e fortes sentimentos de culpa (comum em esquizofrênicos, depressivos e sugere transtorno de estresse pós-traumático). Morte por causa externa – parasitas, raios, ventos, golpes de machado, etc. – sensação de que o meio é responsável por suas dificuldades e traumas (o prognóstico é melhor). A morte do tronco sugere problemas mais sérios que o da copa (comum em retraídos, deprimidos e desesperançados em conseguir um ajustamento razoável e sugere também transtorno de estresse pós-traumático). Idade da morte – geralmente coincide com a época do trauma. PERSPECTIVA OU POSIÇÃO DA ÁRVORE A árvore pode ser desenhada desde uma forma natural, ereta, até totalmente inclinada, recurvada e destituída de qualquer força. Vertical ou ereta – posição natural, maturidade, inteligência, espiritualidade, altivez ou superestimação de si mesmo. Inclinada para a direita – dedicação, capacidade de entrega pessoal, disponibilidade para o sacrifício e para servir aos outros, fraqueza de domínio ou ainda impulsividade, facilidade de renovação, fixação no futuro e/ou desejo de esquecer um passado infeliz (sugere transtorno de personalidade histriônico). Inclinada para a esquerda – introversão, necessidade de proteção e de segurança, atitude defensiva, aversão e/ou rejeição do ambiente, medo de afetos, constrangimento, fixação e/ou prisão ao passado com medo do futuro, satisfação controlada dos impulsos (sugere transtorno de personalidade esquizóide). Árvore recurvada, voltada para a terra, sacudida pelo vento ou quebrada por tempestades – sensação de forte pressão ambiental, falta de apoio, inibição, bloqueios ou sentimento de prisão ao passado, de ser impedido pelas circunstâncias (comum em transtorno de personalidade obsessivo compulsivo e sugere também hipocondria). Em arco – cansaço, fadiga, resignação, introspecção ou culpa (comum em deprimidos). SIMETRIA A natureza é harmoniosa e relativamente simétrica. Portanto, para ser considerado um bom desenho de árvore é necessário que se tenha uma mínima capacidade de organização. Moderada – capacidade de organização, equilíbrio e habilidade para obter satisfação do ambiente. Exagerada – apego a esquemas fixos, necessidade de equilíbrio íntimo, falta de adaptação intelectual, rigidez ou ambivalência (comum em transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Ausência – insegurança, instabilidade e falta de defesas (comum em esquizofrênicos). RAIZ São inúmeras as funções da raiz, dentre elas, as mais fundamentais é que retiram o alimento da terra, apóiam e seguram a árvore. São frequentemente ocultas ou parcialmente visíveis, mais firmam a sua existência, mostrando ser a parte mais durável e essencial para o desenvolvimento da planta. No teste da árvore, a raiz simboliza o inconsciente, as forças instintivas, primitivas, impulsivas e não elaboradas, incluindo também o contato com a realidade, a necessidade de apoio e segurança e a busca de energia psíquica básica. Raiz abaixo da linha da terra – equilíbrio, maturidade e domínio dos impulsos. Sem raiz – pessoa autossuficiente ou se há espaço entre a base do tronco e a linha do solo pode significar que a pessoa que se sente no ar, separada do elemento nutridor e falha na capacidade de perceber a realidade. Ênfase do desenho da raiz – imaturidade, primitivismo e predomínio maior da vida instintiva ou medo da perda de controle (comum em indivíduos com incapacidade intelectual e sugere também transtorno de aprendizagem e transtorno de ansiedade generalizada). Raiz de tamanho desproporcional – necessidade de agarrar-se de manter-se fixo à realidade, insegurança e medo da perda de controle (comum em indivíduos com incapacidade intelectual e sugere também transtorno de aprendizagem e transtorno de ansiedade generalizada). Raiz sombreada, negrito ou com muitos traços – dificuldade de enfrentar o meio, apego a terra e conflitos, predomínio da vida instintiva, medo de perder a objetividade, preocupação em desligar- se da realidade (comum em Transtorno de Personalidade Esquizotípico). Raiz com um traço só – primitivismo, cujos impulsos não são fiscalizados pelo consciente, pouca independência e pressão familiar (comum em transtorno de aprendizagem). Raízes terminadas em pontas – predomínio da vida instintiva, falta de agilidade mental, primitivismo intelectual e em alguns casos agressividade. Raiz ramificada – riqueza e sensibilidade maior do inconsciente. Raiz acima da linha da terra – maior domínio do superego (comum em pessoas com incapacidade intelectual ou transtorno de aprendizagem). Raiz saindo da base do papel – é normal até 10 anos de idade. No adulto sugere dificuldade de aprendizagem ou caráter dependente, insegurança e sentimento de inadequação. Prende-se à base do papel como segurança compensatória (comum em deprimidos e sugere também transtorno de personalidade dependente). Raiz por meio do solo transparente (que aparecem sob a linha do solo) – falha na capacidade de perceber a realidade, imaturidade cognitiva e dependência. Comum em crianças até mais ou menos 7 anos de idade. Em adolescentes e/ou adultos, indica um prejuízo na capacidade de perceber a realidade (sugere transtorno de personalidade esquizotípica). Raiz em forma de garra, representada como que lutando para prender-se ao solo – ligação hipervigilante e de pobre contato com a realidade, temor, pânico de perder o contato com a mesma; é como se tivesse que agarrar para não perder o contato com a objetividade (encontrado em pessoas agressivas com transtorno de personalidade paranóide ou transtorno de pânico). LINHA DA TERRA OU DO SOLO A linha do solo simboliza o traço divisório entre o consciente e o inconsciente (os separa e os liga concomitantemente). É a base da árvore e separa o meio nutridor (raízes, terra) da sua zona de expressão (copa). Fornece dados sobre os sentimentos de segurança, estabilidade, equilíbrio, necessidade de apoio ou auto-sustentação. A maior parte das pessoas desenha a linha do solo. As crianças o fazem com menor freqüência, mesmo porque preferem colocar a árvore na beira do papel, que para elas simboliza o chão. Linha entre o tronco e a raiz – equilíbrio entre o consciente e inconsciente, harmonia interna e maturidade. Linha acima da base do tronco – indiferença em relação a realidade, alienamento e atitude passiva (comum em adolescentes e em doentes hospitalizados, pois um longo período de ociosidade forçada naturalmente faz com que estas pessoas consideram a realidade num plano afastado. A linha do chão, como expressão da realidade imediata é empurrada para o horizonte). Linha abaixo da base do tronco – sentimento de desenraizamento e separação. Ausência de linha entre a base e a terra – falta de firmeza, estado mais primitivo com reduzida capacidade objetivação ou falta de diferenciação do eu (comum em pessoas que não tem “os pés no chão, que vivem como que suspensas no ar”) Linha da terra bem escura, em negrito – ansiedade, desejo de ocultar ou disfarçar os conflitos íntimos. Linha oblíqua ou inclinada – aversão, afastamento, reserve, inclinação a contradizer, incerteza, instabilidade, desamparo faze a pressões ambientais e falta de estabilidade (perdendo o é, escorregando, insegurança). Linha tipo ilha – isolamento, solidão ou sentimento de rejeição e abandono (sugere transtorno de personalidade esquizóide). Linha convexa (árvore colocada em uma colina oumontanha) – isolamento aliado à necessidade de autonomia, solidão e reserva; pode ser também indício de vaidade, posse, necessidade de colocado em um pedestal, de ser admirado, sentimentos de grandeza, “o todo poderoso” ou sugere dependência maternal. Linha côncava (árvore colocada em uma depressão) - sentimentos de inadequação e inferioridade (comum em pacientes deprimidos). Linha representada pela borda do papel – na criança é bastante comum e no adulto pode indicar dificuldade de base afetiva e representação infantil do mundo. Linha grande por toda a largura do papel – necessidade de maior objetivação na vida e insegurança. Linha cheia de vegetação – insegurança, dramatização, dificuldade na área afetiva ou vaidade. Linha borrada – ansiedade com relação ao sentir a terra sob seus pés, o sabe onde pisa e como se situa no mundo (sugere fobia social) TRONCO O tronco é o suporte da copa, a parte mais estável e durável da árvore. Simboliza a força interior, o sentimento de poder e de sustentação do ego, o equilíbrio, e fornece também dados sobre o desenvolvimento emocional e sobre a integração da personalidade. Tronco reto, bem proporcionado – evolução normal da personalidade. Tronco forte, firme e estável – capacidade de adaptação, auto-sustentação, sensação de força e poder. Tronco reto e rígido como um poste – rigidez do ego, controle emocional, necessidade de defesas para manter a integridade da personalidade, recursos mais manuais do que intelectuais ou afetivos. Em adultos também pode representar um símbolo fálico (sugere transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva). Base do tronco reta ou apoiada na beira do papel – é a representação infantil do mundo; portanto é normal em crianças pequenas. Em adultos sugere infantilidade, imaturidade, regressão, sentimentos de inadequação e insegurança (comum em deprimidos e em alguns casos de deficiência intelectual). Tronco solto no espaço, sem raiz, sem base, longe da linha da terra – falta de apoio, desorientação, falta de firmeza e insegurança. Tronco cortado, quebrado ou fechado na parte superior – discrepância entre desejo e realidade, entre querer e poder (sentir e agir), não verdadeiro para consigo (comum em crianças até 6,7 anos de idade, em transtorno de ansiedade generalizada). Tronco aberto na parte superior – dificuldade de conclusão, de comprometer-se indefinição (deixar como está para ver como fica) ou abertura para novas idéias e soluções, espírito inventivo e necessidade de investigar. Tronco aberto na parte superior e fechado na inferior – esforços superdeterminados e desgastantes de assertividade associada à fragilidade e insegurança, repressão da energia instintiva (base pequena). Tronco aberto na parte inferior e fechado na superior – predomínio da vida instintiva. Tronco aberto na parte superior e inferior – indecisão, comportamento flutuante e dificuldade de compreensão de vida. Dois troncos ou um tronco dentro do outro – necessidade de apresentar-se frente ao mundo com força e auto-afirmação encobrindo sentimentos de fragilidade interior. Tronco curvado ou cortado – pressão ambiental e inibição, sentimento de castração (sugere transtorno de pânico). Tronco bifurcado – ambivalência afetiva. TAMANHO DO TRONCO Equilíbrio entre o tamanho do tronco e o da copa – evolução normal da personalidade. Tronco curto e/ou grosso com copa grande – pressão externa e dificuldade de expressão do eu, maior satisfação na fantasia e contato com a realidade menor que o desejável, ambição, autopreocupação, entusiasmo, idealismo, arrogância, superficialidade, equilíbrio precário da personalidade por efeito da frustração em não conseguir satisfazer as necessidades básicas, desenvolvimento retardado e regressão a estados primitivos (comum em desenhos de crianças pequenas, pacientes com transtorno de somatização e em adultos regredidos). Tronco longo – predomínio da vida instintiva e emocional, imaturidade, inquietude motora, vivacidade de fundo emocional ou sentimento de constrição ambiental com uma tendência a reagir agressivamente na realidade ou na fantasia (comum em crianças). Tronco longo que se estende além do topo da página – necessidade de buscar satisfação na fantasia. Tronco longo e sombreado – reação emocional à má condição do meio. Tronco longo e fino com grande estrutura de galhos – precário equilíbrio da personalidade motivado por excesso de ênfase na satisfação das necessidades. Tronco longo, copa pequena – predomínio da vida instintiva, imaturidade, falta de adequação para expressar-se, inquietação motora e vivacidade de fundo emocional. Considerado normal em crianças até a fase do jardim da infância, as com idade escolar geralmente desenham a copa do mesmo tamanho que o tronco, sendo que as meninas fazem o tronco um pouco mais longo que os meninos. Também encontrado em transtorno de aprendizagem. Tronco grande e pequena estrutura de galhos – precário equilíbrio da personalidade motivada pela frustração e pela incapacidade de satisfazer as necessidades básicas. LARGURA DO TRONCO Tronco frágil, fino e instável – sensibilidade, vulnerabilidade e insegurança. Tronco muito fino ou pequeno, com uma grande estrutura de galhos – equilíbrio precário da personalidade, necessidade de maior satisfação, mas com pouca sustentação. Base do tronco alargada para a esquerda – introversão, inibição, bloqueios, conflitos, dependência ou fixação materna, prisão ao passado e dificuldade para libertar-se de algo (comum em alguns casos de transtorno de aprendizagem e sugere também transtorno de personalidade esquizóide). Base do tronco alargada para a direita – desejo de expansão, oposição ou resistência aos outros e teimosia. Ocasionalmente pode indicar ressentimento, desconfiança e predominância dos desejos e instintos (sugere transtorno de personalidade histriônica). Base do tronco alargada para os dois lados – inibição do pensamento, dificuldade para aprender, dificuldades na compreensão da vida ou medo de possível perda de contato com a realidade com afirmação compensatória. Tronco de base alargada podendo ou não terminar em ponta – imaturidade, predomínio da vida instintiva, estagnação da vida afetiva, constrição de crescimento. A diminuição gradual do tronco é esperada, mas quando é rápida ou repentina transmite um sentimento de racionamento abrupto no decorrer do desenvolvimento e de uma vida anterior mais rica e satisfatória emocionalmente (comum em transtorno de aprendizagem). CONTORNO DO TRONCO Contorno do tronco ondulado em ambos os lados do tronco – vitalidade, animação, capacidade de adaptação, habilidade nas dificuldades e contato. Contorno do tronco irregular a esquerda – introversão, vulnerabilidade interna, conflitos, dificuldades, inibição, difícil adaptação e traumatismos psíquicos (comum em pacientes com doença orgânica e acidentados transtorno de somatização, transtorno de personalidade esquizóide). Contorno irregular à direta – contato ativo com a realidade ou traumas psíquicos e dificuldade de adaptação (sugere transtorno e estresse pós-traumático e de personalidade histriônico). Contorno do tronco em linhas difusas e interrompidas – sensibilidade, empatia ou caráter hesitante e sentimento obscuro dos limites da personalidade. Contorno do tronco com linhas de traços curtos – irritabilidade, impulsividade e impaciência (sugere transtorno de personalidade boderline). Contorno do tronco com saliências, linhas tremidas, tortas ou nós – desenvolvimento físico ou psíquico com traumatismos, doenças graves, acidentes, grandes dificuldades, congestionamento aéreos, bloqueios, choque ou impulsividade, vulnerabilidade, excitabilidade, nervosismo e impaciência (sugere transtorno de estresse pós-traumático). Contorno do tronco com reforço das linhas – medo de desintegração do eu; necessidade de manter a integridade da personalidade empregando defesas compensatórias paraencobrir ou combater o temor e o pânico. Tentativa de preservar-se contra esta eventualidade por meio dos recursos disponíveis (comum em adultos imaturos, com humor lábil, passivos e sem energia e sugere transtorno depressivo). Contorno do tronco com traços leves ou falhos – sentimento de colapso da personalidade ou perda de identidade pessoal. Trata-se de um estágio no qual as defesas compensatórias são consideradas inúteis para impedir uma desintegração iminente, estando invariavelmente presente uma ansiedade aguda (sugere transtorno da ansiedade generalizada ou transtorno do pânico). SUPERFÍCIE OU TIPOS DE DESENHOS NO TRONCO Superfície raiada, rugosa, áspera, com traços pontiagudos, angulosos ou serrilhados – suscetibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade exacerbada, emotividade, irritabilidade, propensão à violência e cólera, aspereza e falta de tato ou capacidade de observação (comum em pessoas com espírito crítico e que reagem facilmente). Superfície com traços curtos, arredondados ou delicados – flexibilidade, facilidade no contato e disposição para se adaptar. Superfície com tronco borrado ou sombreada – ansiedade, traumatismos, sensibilidade ou adaptabilidade (comum em depressivos e em alguns casos de impulso sexual excessivo e sugere transtorno de estresse pós-traumático). Superfície com sombreado à esquerda - sonhador, introvertido, suscetibilidade, vulnerabilidade, inibições, dificuldade para expressar-se, falta de mobilidade, rigidez, falta de agilidade, regressão e fixação em estágios mais primitivos (sugere transtorno de personalidade esquizóide). Superfície com sombreado à direita – capacidade para fazer amizades, de contatuar com os outros e adaptabilidade (na puberdade, sombreado à esquerda e à direita se altera com bastante freqüência). Superfície com protuberâncias, buracos, rachaduras ou fendas – traumas psíquicos, sentimento de inferioridade, de dúvida, ansiedade, carência, culpa e bloqueios (comum em acidentados ou doentes e sugere transtorno de estresse pós-traumático). Tronco com buracos e com animais espiando para fora – eventos traumáticos sensação de que um segmento da personalidade está patologicamente sem controle, tendendo à destruição (dissociação) ou ainda indica maior identificação com o animal do que com a própria árvore, expressando anseios regressivos pelo isolamento, pelo calor e proteção da existência intra-uterina (comum em crianças em idade escolar, ocasionalmente entre adultos imaturos, transtorno de ansiedade generalizada e sugere transtorno e estresse pós-traumático). Superfície manchada – traumas, ansiedade (comum em alguns casos de impulso sexual excessivo e sugere também transtorno de estresse pós-traumático). GALHOS OU RAMOS Os galhos representam os braços da árvore e simbolizam a capacidade para obter satisfação no meio. Representam os recursos subjetivos do indivíduo para aproximar-se dos outros, expandir-se e realizar-se. Formam a zona de contato com o ambiente, permitindo intercâmbio entre o que é interior e o que é exterior. Um paciente omitirá os galhos se não se relaciona com as pessoas que o cercam. Ás vezes, um examinando pode tentar mascarar com um otimismo superficial ou compensatório seus sentimentos mais profundos de incapacidade para obter satisfação desenhando uma pessoa com braços longos e abertos. Mas na árvore, os ramos estão truncados ou quebrados, demonstrando que não sente nenhuma esperança de sucesso. O número, tamanho, forma e flexibilidade dos galhos indicam o grau de habilidade do indivíduo para relacionar-se com os outros. Galhos ou ramos frondosos e vivos – bom humor e facilidade em buscar satisfação no meio. Arranjo da galhos ou ramos em harmonia – serenidade, calma, autoconfiança, condições para buscar satisfação no ambiente ou ainda insensibilidade e ausência de tensões. Galhos ou ramos ricamente ramificados – sensibilidade, delicadeza de sentimento, facilmente impressionável ou grande reatividade, agressividade, criticismo e agudeza (comum em pessoas supersensíveis). Galhos ou ramos ondulados e/ou arredondados – tendência ai devaneio, sonho, mas com facilidade em expressar-se, comunicar-se e habilidade no contato social. Galhos ou ramos interrompidos em sua interseção (principalmente nas linhas curvas) – consideração e delicadeza. Arranjo de galhos ou ramos em desarmonia – excitabilidade, inquietude, ansiedade e extroversão (sugere transtorno de conduta e/ou transtorno de personalidade anti-social). Galhos ou ramos em traços simples e não duplos – imaturidade, sentimento de impotência, desenvolvimento mais afetivo que intelectual (comum em crianças embora às vezes pode ser sinal de transtorno de aprendizagem ou regressão em adultos). Galhos ou ramos e tronco com traços simples e não duplos – imaturidade, sentimento de impotência, falta de força do ego para busca de satisfação e sentimento de inadequação (comum em casos orgânicos e sugere também hipocondria). Galhos ou ramos cortados ou quebrados, pendentes, mortos ou presos à árvore – experiências traumáticas, corte e/ou inibição das vias de expressão, bloqueios, conflitos, sentimento de não ser uma unidade completa dentro de si mesmo (desintegrado), desamparo, falta de autoconfiança, isolamento e reserva (sugere transtorno de estresse pós-traumático). Tronco de árvore truncado e/ou cortado e dele saindo pequenos galhos ou ramos – personalidade lesada e crescimento emocional bloqueado, mas no entanto apresentando ensaios hesitantes para retomar o crescimento. Trauma com indício de reajustamento ou recuperação. Galhos ou ramos soldados na copa, quando há uma linha divisória entre o tronco e a copa – discrepância entre o desejo e a realidade, a vontade e a ação, divisão interior entre as tentativas genuínas e as forçadas. Galhos ou ranis caídos ou caindo – sentimento de perda, sacrifício e renúncia (sugere transtorno depressivo). Galhos ou ramos finos ou selos nas pontas e pontudos – agressividade, sensibilidade elevada ou espírito crítico e mordaz ou sadismo (sugere transtorno de conduta e/ou transtorno de personalidade anti-social). Galhos ou ramos secos em lugar da copa – aridez, vida afetiva vazia ou agressividade. Galhos ou ramos semelhantes a lanças pontiagudas, farpas ou espinhos –impulsos intensos e carregados de hostilidade e agressão ou sadismo caso externamente a pessoa mostra-se reservada ou gentil, provavelmente este ajustamento é feito à custa de esforços maciços de repressão. Deve-se buscar indícios de falta de controle e/ou agressividade em outros detalhes do desenho. Galhos ou ramos que se assemelham mais a falos do que propriamente ramos – preocupações sexuais; medo de castração e/ou esforços para conquistar a virilidade. Galhos ou ramos secundários como se fossem aspectos encravados no corpo dos ramos primários – tendência masoquista. Galhos ou ramos não fechados nas pontas – pouco controle na expressão dos impulsos (sugere transtorno da conduta e/ou transtorno de personalidade anti-social). Arranjo de galhos ou ramos de forma repetida, ligamentos sucessivos – estereotipia por perturbação na evolução, falta de senso com a realidade, regressão e pouca capacidade de adaptação (comum em transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Galhos ou ramos em labirintos e/ou formas angulares – imaturidade, primitivismo, regressão a um estado infantil e inibição do desenvolvimento. Em desenhos de crianças de 6 anos de idade aparecem um traço único e mais tarde em traço duplo, e aos 9 anos de idade desaparecem (comum em adultos regredidos). Galhos ou ramos com ângulos – pessoas severas, de adaptação difícil e resistente (comum em transtorno de personalidade esquizotípica). Galhos ou ramos em parênteses uns contra os outros, dentro da copa – confusão, repressão, facilidade em ser influenciável e dominável (comum em transtorno de personalidade esquizotípica). Galhos ou ramos entrelaçados– ambivalência, indecisão ou capacidade crítica para julgamentos. Galhos ou ramos em traços descontínuos – superficialidade, incerteza, instabilidade, impulsividade, distúrbios do pensamento e da atenção e, em alguns casos: pessoas intuitivas, de espírito inquieto e aberto (comum em pessoas com distúrbio da atenção e sugere também transtorno de personalidade esquizotípica). Galhos ou ramos que se estendem como que flutuando no espaço ou como fumaça – tendência ao sonho, à fantasia, à falta de concentração e, dificuldade para a ação, dispersão, preocupação com o menos importante e incapacidade para agir. Galhos ou ramos frágeis e inadequados – dificuldade na busca de satisfação do ambiente. Galhos ou ramos envolvidos por flores como chumaços de algodão ou tipo nuvem nas suas extremidades – atenuação das verdadeira intenções, dificuldade de contato próximo com as coisas, medo e/ou dificuldade em expressar agressividade, reserva, timidez diante da realidade e discrição (a dura expressão dos galhos é ocultada pela almofada de algodão, comum em pessoas impenetráveis que poupam a si mesmas). Galhos ou ramos separados – impulsividade associada a falta de amplitude interpessoal, impulsos agressivos e hostis (sugere transtorno de conduta e/ou transtorno de personalidade anti/social). Preenchimento do espaço da copa com galhos, frutos ou flores ao acaso –imaturidade e regressão. Galhos ou ramos e copa inclinados sob um sol grande e baixo – afastamento tímido da dominação de uma figura de autoridade, parental ou não, sensação de inadequação, de ser controlado e subjugado. Galhos ou ramos superdesenvolvidos e tronco raquítico – ênfase na busca do prazer, dúvida de sua importância e tendência à fantasia. Galhos ou ramos com estereotipias (todos iguais) – dificuldade de expressão, automatismo e limitação intelectual (comum em transtorno de personalidade obsessivo compulsivo). Ausência de galhos ou ramos – é bastante comum a copa ocultar os galhos, mas dependendo da impressão da árvore como um todo, sugere dificuldade em obter satisfação do meio em realizar-se e em interagir com as pessoas. TAMANHO DOS GALHOS OU RAMOS Galhos ou ramos muito curtos – reserva, artificialismo, inibição dos afetos, angústia e inadaptação. Galhos ou ramos muito longos, arqueados e sinuosos – descuido, falta de controle, timidez nos afetos e medo. Galhos ou ramos longos e finos – (número maior de galhos ou ramos para cima e pouquíssimos para os lados) medo de não conseguir satisfação no ambiente, com recompensa na fantasia. Galhos ou ramos muito longos, sem direção certa, para preencher um vazio – tendência a fugir ao que é estabelecido, a sonhar, indisciplina, medo e excitação. Galhos ou ramos pequenos, copa raquítica sobre um tronco muito grande – frustração devido à inabilidade de satisfazer necessidades básicas. LARGURA DOS GALHOS OU RAMOS Galhos ou ramos primeiro mais grossos e próximos e depois mais finos e afastados – sentimento de alta capacidade para obter satisfação do ambiente. Galhos ou ramos que começam e continuam grossos até a extremidade – perseverança ou tendência a violência, primitivismo. Galhos ou ramos que começam estreitos e depois engrossam – realização quantitativa, trabalhador fanático, indivíduo pronto para a ação, extrovertido, ambicioso, ativo e dirigido por impulsos. Galhos ou ramos finos e pequenos – egoísmo e avareza. Galhos ou ramos em duas dimensões abertos nas extremidades – sentimento de pouco controle sobre a expressão dos próprios impulsos. Galhos ou ramos finos e pequenos – egoísmo e avareza. Galhos ou ramos em duas dimensões abertos nas extremidades – sentimento de pouco controle sobre a expressão dos próprios impulsos. DIREÇÃO DOS GALHOS OU RAMOS Galhos ou ramos estendendo-se tanto lateralmente (para o ambiente exterior) como para cima (área da fantasia) – equilíbrio nos esforços em busca de auto-satisfação, serenidade, calma, confiança, apoio em recursos internos e facilidade em buscar satisfação no ambiente. Galhos ou ramos em direção opostas – contradição, oposição, inconseqüência, desadaptação, teimosia, desorientação, ambivalência, luta entre afetividade e controle. Galhos ou ramos abertos e em direções opostas – ambivalência afetiva, indefinição, desejos variáveis, sem um tema central e oposição (comum em pessoas que sob pressão explodem). Galhos ou ramos cruzados com descontinuidade – prudência, cautela, falta de clareza e de aptidão para discernir. Galhos ou ramos para o alto a ponto de fazer o topo da árvore ultrapassar o limite superior da página – inversão na fantasia (comum em esquizofrênicos). Galhos ou ramos para o alto e poucos para os lados – medo e/ou dificuldade em não conseguir obter satisfação do ambiente e tendência a fantasiar (subindo em direção ao topo da página) para conseguir gratificação substitutiva. Galhos ou ramos que se voltam para dentro (como cascas de cebola) ao invés de saírem para o ambiente – egocentrismo, fortes tendências introvertidas e ruminantes ou não influenciáveis, senso de independência e isolamento do exterior (comum em pacientes com transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Galhos ou ramos que se afastam do centro (saem para fora) – agressividade, iniciativa, necessidade de contato com a realidade e extroversão. Galhos ou ramos dirigindo-se para o sol como num apelo – grande necessidade de afeição. A árvore estende os braços ansiosos em busca de calor (sol representa a figura de autoridade que pode ser positiva ou negativa). Galhos ou ramos com movimentos para cima – energia, atividade, entusiasmo, fanatismo, tendência religiosa ou falta de senso da realidade. Galhos ou ramos com movimentos para baixo – insegurança, depressão, melancolia, resignação, falta de coragem, cansaço e pouca resistência (sugere transtorno depressivo). Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à esquerda (quanto ao número e tamanho) – introversão, reserva, inibição e desequilíbrio na personalidade (sugere transtorno de personalidade esquizóide). Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à direta (quanto ao número e tamanho) – desequilíbrio produzido por evitar ou retardar satisfação emocional e procura satisfação por meio de esforço intelectual (sugere transtorno de personalidade histriônico). COPA A copa é o campo de expressão e beleza da árvore. É a sua parte mais delicada e perecível, é a sede das folhas, flores e frutos, sendo a manifestação da plenitude e sua existência. O desenho da copa traz no seu grafismo indicações da vida intelectual, das fantasias e da criatividade do paciente. Indica também a relação de troca entre o que é de dentro e o que é de fora, o tipo de comportamento em relação à realidade, sociabilidade e atividade imaginativa. A parte externa e as extremidades simbolizam a zona de contato com o ambiente. Copa apresentando um conjunto equilibrado, sem pender para nenhum lado – calma interior, estado de equilíbrio, autoconfiança e maturidade. Copa só contornada, vazia – vazio da alma (o espaço da copa é o campo de expressão do indivíduo). Copa dividida em fragmentos ou pedaços – riqueza interior e/ou proteção a si mesmo (os ramos envolvem-se para evitar o choque). Capa achatada ou apoiada na borda da folha – pressão ambiental ou dependência e imaturidade. Ausência de copa, copa incompleta ou dificuldade em completá-la – dificuldade nas relações pessoais, indefinição e dificuldade para achar soluções adequadas. Parte da copa omitida ou cortada – sentimento de inferioridade, desenvolvimento detido, inibição, resistência, timidez, necessidade de omitir-se ou de esconder algo. Copa com espaços internos vazios – cautela, impenetrabilidade, sentimento de insuficiência e necessidade de ocultação (evitar certas zonas indica sentimento de inferioridade e de fracasso). Copa fechada e sombreada – repressão de energia instintiva e isolamento social. Copa esférica – tendência a fantasia, faltade autenticidade ou medo da vida real (comum em tipos emotivos e fantasiosos. Mais freqüentes nos desenhos dos meninos do que nos das meninas). Copa esférica, envolvida por uma membrana – dificuldade de comunicação, timidez, retraimento, medo, falta de contato interior, não verdadeiro para consigo mesmo e dissimulação. Copa descoberta – algo incompleto, indecisão, indeterminação ou tendência a investigação e à iniciativa. Copa encaracolada ou ondulada – valorização do aspecto externo, superficialidade, entusiasmo, tendência a extravagância, atividade, animação, dramatização e comunicação. Copa com emaranhado de linhas confusas – grande mobilidade psíquica, poder de improvisar, sem objetivo, confuso, inconseqüente, selvagem, falta de estabilidade, incapacidade de concentração, falta de disciplina, impulsivo, imprevisível, falta de clareza de pensamento e trabalho sem método. Copa arredondada e do tipo nuvem – tendência a fantasia, sonhador, flexibilidade ou falta de energia para realização e medo da realidade. Copa em forma de raios ou varas ou linha de serra – nervosismo, irritabilidade, agressão, agitação, impulsividade, fraca estabilidade, impaciência, exigência, teimosia ou diversificação de interesses, dificuldade de concentração (comum na crise da puberdade e em transtorno de ansiedade generalizada). Copa com formato dado por jardineiro – dificuldade em se expor, falta de originalidade, artificialidade, pessoa não verdadeira para consigo, correção forçada, rigidez, mecanização ou sofisticação (comum em alunos-modelo com falta de originalidade e sugere também transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva). Copa do tipo salgueiro – insegurança e indivíduo fortemente afetado pelo ambiente (comum em deprimidos). Copa em forma de trevo ou coração – mascaramento e falta de autencidade. Copa com flocos de algodão ou nuvens nas pontas dos galhos – obscurecimento ou mascaramento das próprias intenções, medo de contato com a realidade e dificuldade em estabelecer uma relação mais inteira com as pessoas ou situações. Copa como rolo de fumaça – indivíduo facilmente influenciável, tendência a devanear e a fantasiar e dificuldade para agir. Copa como chama de vela – entusiasmo, energia, orientação para o auto-aperfeiçoamento contínuo, fanatismo, fantasia e imaginação criadora. Copa achatada na parte superior – inibição, forte pressão ambiental obediência não desejada, resignação, dificuldade para tomar decisões, sentimento de inferioridade, pessoa imobilizada que não pode escapar de um estado emocional e falta de agressividade (sugere transtorno depressivo). Copa levemente sombreada – empatia, suavidade, passividade ou indeterminação, irresolução e confusão. Copa em ponta – crítica e agressividade. Copa em ramificações delgadas – sensibilidade e suscetibilidade. Copa em linhas simples – falta de maturidade intelectual ou afetiva (normal na infância). Copa de linhas curvas – doçura, imaginação, compreensão afetiva e cortesia (comum em pessoas prestativas). Copa com linhas trêmulas – nervosismo, irritabilidade e insegurança. Copa feita por um conjunto mais ou menos discordante de linhas – grande mobilidade psíquica, atividade, agitação, labilidade de humor, ambivalência, falta de estabilidade, desorientação ou produtividade, espontaneidade, inconseqüência e improvisação (sugere transtorno de personalidade boderline). Linha separando a copa do tronco – discordância entre capacidade e ação, entre querer e fazer, visão curta e infantil, inadaptabilidade (normal entre crianças pequenas, porém depois dos 7,8 anos de idade sugere transtorno de aprendizagem). TAMANHO DA COPA Copa grande e tronco pequeno – confiança em si mesmo, preocupação consigo e ambição maior que a capacidade de realização. Copa pequena e tronco grande – forte dinâmica emocional e imaturidade (comum em crianças) e, se forem adolescentes ou adultos, sugere sentimento de inadequação, dificuldade de realização e regressão aos níveis mais primitivos. Copa pequena – infantilidade e imaturidade (até 9 ou 10 anos de idade é normal). Casa grande – fantasia, vaidade, entusiasmo, exibição ou instabilidade, falta de concentração e agitação. Copa muito grande ou incompleta por não caber no papel – maior satisfação na fantasia que na realidade. DIREÇÃO DA COPA Copa em equilíbrio (não tendendo para nenhum dos lados) – estado de equilíbrio, calma, maturidade, satisfação consigo mesmo ou psicologicamente estático e tensão das duas forças igualmente fortes. Copa aumentada para o lado direito – extroversão, auto-suficiência, auto-confiança, arrogância, vaidade, necessidade de ser importante, orgulho, facilidade em expressar afetos, ambição intelectual e desembaraço em lidar com o mundo exterior. Copa aumentada para o lado esquerdo – introversão, timidez, subjetividade, narcisismo ou fixação materna, prisão ao passado, medo de progresso, preocupação consigo mesmo, vivendo no mundo dos desejos e passividade. Copa com ramos descendentes do lado esquerdo e ascendentes do lado direito – exterioriza com entusiasmo maior do que sente, esforço de superação do abatimento e fadiga (comum em deprimidos). Copa pendendo aos lados do tronco – imobilização na emoção, não produz o quanto poderia, falta de agressividade, cansaço, falta de energia, passividade, decisão e apatia (comum em deprimidos). Copa orientada para o alto – entusiasmo, energia, tendência à realização, busca de realização na fantasia e ambição. Copa com ramos para o centro (para dentro) - tendência a reserva, proteção do ego, defesas, concentração, ou auto-suficiência, independência, harmonia interior, firmeza, decisão ou egocentrismo, narcisismo e dificuldade de comunicação e sociabilização. Copa com os ramos para fora – tendência a agressividade, atividade, confusão mental, iniciativa, extroversão ou maior necessidade de contato com a realidade (quando os ramos não são do tipo espinho, a agressividade não é tão forte). FOLHAS São as folhas que nos dão os primeiros sinais de germinação, fertilidade e crescimento da árvore. Apresentam uma função vital (respiração da planta), além de contribuírem para aparência e beleza da árvore. São o símbolo da vida, servem para enfeitar e decorar o esqueleto da árvore e simbolicamente para indicar como o sujeito realiza contato com o ambiente. Sua formação no desenho tanto pode significar harmonia, desordem como comportamento obsessivo-compulsivo (estereotipia). Folhas médias – bom ajustamento, capacidade de expressão e adaptação. Folhas ao longo dos galhos e ramos numa disposição natural – capacidade de observação para os aspectos exteriores, preocupação com a aparência, dotes decorativos e visuais, vivacidade ou prazer em dramatização e/ou auto-expressão com a necessidade de reconhecimento, interesse por aspectos exteriores e tendência à fantasia (sugere transtorno de personalidade narcisista). Folhas grandes - necessidade de crescer e receber elogios. Folhas de tamanho exagerado – imaturidade e desejo de mascarar sentimentos de inadequação básicos com uma capa de ajustamento superficial. Folhas miúdas e numerosas - minuciosidade, preocupação com detalhes e trabalho mecânico. Quando exagera na minúcia pode significar falta de senso de realidade e ausência de julgamento (comum em pacientes com transtorno de personalidade obssesivo-compulsivo). Folhas incrustadas na copa – dom de observação dos aspectos exteriores, necessidade de reconhecimento, tendência a adornos, fantasia ou visão infantil do mundo e ingenuidade (sugere transtorno de personalidade narcisista). Folhas no tronco e/ou abaixo da copa – realização infantil, imaturidade, ingenuidade e primitivismo. Folhas em galho seco – sinal de renascimento Folhas caindo ou caídas – perda, separação, sacrifício, renúncia, desistência ou sensibilidade, delicadeza de sentimento, facilidade para esquecer, alívio fácil, distração. Pode também serindício de sensação de não mais poder conformar-se às demandas da sociedade, sensação de algo perdido, de perda da habilidade de fazer ajustamentos mais refinados no ambiente ou instabilidade (encontrado em alguns casos de depressão e de transtorno de despersonalização). Folhas em disposição simétrica e regular – automatismo, primitivismo, realismo estreito, identidade a nível de fantasia e insegurança (sugere transtorno de personalidade obsessivo- compulsivo). Folhas, ramos, frutos abaixo da copa – realização infantil, resíduo de primitivismo, ingenuidade e imaturidade. FLORES As flores são a produção mais delicada da árvore, nos falam da aparência, da estética, do enfeite, da graciosidade e da beleza. A nível simbólico pode sugerir uma necessidade de revestir-se de boa aparência (máscara), preocupação com a fantasia, com a beleza, auto-admiração, vaidade e necessidade de agradar (a verdadeira árvore é invernal). Flores bem localizadas – equilíbrio Árvore cheia de flores – auto-admiração, interesse pela aparência, vaidade, imaturidade, capacidade aparente, tendência à falsidade,falta de persistência e busca de satisfação no momento imediato (sugere transtorno de personalidade narcisista). FRUTOS Só aparecem depois da flor fecundada e são o resultado de um lento e longo processo de maturação, o qual viabiliza a perpetuação da espécie. Simbolizam o rendimento da árvore, a sua utilidade, o desejo de realização, de compreender os problemas da vida e a própria criação. Crianças de 7 a 10 anos de idade desenham árvores cheias de frutos e na maioria das vezes soltos; aos 12 anos de idade os frutos são geralmente ligados por uma haste, e depois dos 14 anos de idade a presença de frutos é vista como uma indicação da infantilidade. Árvore cheia de frutos – desejo de realizar, prosperar, de obter sucesso rápido, procura de boas recompensas, oportunismo, luta ou impaciência (comum em crianças adolescentes, porém bastante raro nos adultos). Árvore cheia de frutos em adultos – fixação na infância ou adolescência, oportunismo, desejo de ver resultados imediatos, impaciência e necessidade de auto-estima (comum em mulheres grávidas e sugere também transtorno de personalidade dependente). Frutos soltos – desprendimento, desapego e reação emocional aos familiares (comum em crianças depois dos 4 anos, imaturidade). Frutos que caem ou caídos – perda, sentimento de rejeição, de sacrifício, de renúncia, de frustração e de morte. Macieiras – necessidade de independência (comum em crianças). Em adultos sugere transtorno de personalidade dependente. ACESSÓRIOS NO DESENHO DA ÁRVORE Quando aparecem devem ser analisados. Enfeites, adornos – tendência ao bom humor e a enfrentar os problemas brincando. Chão com vegetação, grama, flores ou arbustos – em grau limitado – insegurança; em grau excessivo – ansiedade. Paisagem apenas esboçada ou incompleta – tendência a sonho, indolência, contemplação, meditação, observação, dom da imaginação e falta de senso da realidade. Paisagem como tema dominante – sensação de ser ameaçado pelo mundo exterior, ausência de liberdade em relação à realidade, desejo de fuga, ansiedade, cansaço e falta de controle sobre as idéias negativas (comum em pacientes deprimidos). Árvore cercada com estacas, suportes, grades ou cercas – insegurança, falta de independência e necessidade de apoio (sugere transtorno de personalidade dependente). Ninhos – desejo de proteção, imaturidade, dependência, imersão na fantasia e concepção infantil do mundo (normal em crianças até 12 anos de idade). Mais tarde sugere transtorno de personalidade dependente. Sombra no terreno – desejo de proteção Sol – geralmente representa a figura de maior autoridade ou de maior valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do sujeito. Sol minúsculo e distante – sentimento que o ambiente geral proporciona pouco calor ou sensação de um grande distanciamento em relação às figuras parentais ou de autoridade. Outra árvore – carência afetiva, necessidade de companhia (comum em desenhos de esquizofrênicos, de crianças com insuficiente maturidade escolar e de órfçaos). Formas impróprias, pessoas, dizeres, versos, rabiscos sem significado – incerteza, insegurança e falta de confiança em si (comum em pessoas brincalhonas, irônicas e em alguns casos esquizofrenia). Árvore localizada em uma colina – tendência ao isolamento e espiritualidade. Árvores dentro de potes, vasos – distúrbios sexuais. Serpente envolvendo a árvore – proteção contra tendências sexuais. FIGURA HUMANA INTRODUÇÃO Da observação de incontáveis desenhos infantis, percebemos que a primeira representação do corpo humano feita pela criança pequena é um círculo. As crianças de 3 ou 4 anos de idade o identificam espontaneamente como a figura de uma pessoa. Nesse modelo circular compreende também o tórax e muitas vezes são adicionados os olhos, a boca e o nariz. No entanto, apesar da simplicidade do desenho, fica claro para a maioria dos observadores que o esquema representa uma pessoa. Até os 4 anos de idade mais ou menos não é esperada a representação dos braços. A partir dos 6 anos de idade sua ausência é preocupante e ao 10 anos de idade é extremamente significativa. O mesmo se aplica quanto ao ponto de junção dos mesmos; não é normal que as crianças em idade escolar continuem a desenhar braços que saem de cabeças ou de pernas, e, quando isso ocorre, refletem falhas do desenvolvimento ou patologia. Aos 5 anos de idade, o umbigo é salientado, e os braços são desenhados como extensão da cabeça em lugar do corpo. As crianças nesta fase já têm alguma consciência das diferenças entre os sexos, que é expressada pela ausência ou presença de uma saia ou pelo comprimento do cabelo. Na idade pré-escolar (5 a 6 anos de idade), a maioria dos desenhos já apresenta as mãos e os dedos. A mão é desenhada como um círculo e os dedos, como linhas retas. Os pés só aparecem um pouco mais tarde. Nesta fase as crianças param de desenhar o umbigo, porque o conceito de self independe já não é novo, e no lugar do umbigo geralmente surge uma fileira de botões, o que é comum até mais ou menos os 8 anos de idade (a criança ainda não se encontra totalmente independente da mãe). Depois dessa idade tende a desaparecer também a fileira de botões, o que ocorre quando a criança resolve de maneira satisfatória as questões de dependência e independência. Nos desenhos das crianças pré-escolares a cabeça é desproporcionalmente maior, quase que dominando toda a figura. À medida que a criança amadurece, os desenhos vão se tornando mais realistas, e, usualmente por volta dos 7 ou 8 anos de idade, a figura humana e suas partes assumem proporções mais objetivas e o tamanho da cabeça representa cerca de um oitavo da estatura total. Por volta dos 8 anos de idade, surge a separação entre a cabeça e o corpo (o pescoço simboliza a ligação entre o mental e o físico). Nesta época as crianças apresentam maior consciência da necessidade de controle intelectual. O comprimento e a largura do pescoço, assim como a ênfase geral a ele dada, constituem uma medida de sua necessidade desse controle. Pode-se afirmar que quanto mais o pescoço é evidenciado, mais ameaçadores são os impulsos corporais e maior é a necessidade de defesa contra tais impulsos por meio do controle intelectual. Entre os 8 e 10 anos de idade surgem também os braços e as pernas em duas dimensões, ocorre um aperfeiçoamento do desenho da figura humana em termos de aspectos integrativos e surge a consciência do corpo como uma unidade, no lugar de uma série de partes somadas umas às outras. Desta fase até a puberdade, os desenhos mostram esforços no sentido da obtenção de prestígio e segurança por meio da adição de símbolos de força e importância. Nos dos meninos é comum observar armas, varas de pescar, chapéus de caubói, etc. Nos das meninas aparecem bolsas, livros, prendedoresde cabelos, enfeites; o cabelo na maioria das vezes é visto como algo a ser cuidado e embelezado. Na puberdade e adolescência, além do desaparecimento da concepção fragmentada do corpo humano, os desenhos adquirem maior sofisticação. O corpo adquire uma nova e especial importância e, consequentemente, dependendo do sexo do examinando, os desenhos enfatizam atributos, como tamanho, força, graça, atração física, etc. Só aqui é que surge algum tipo de reconhecimento das diferenças sexuais, como a forma do corpo, contornos, curvas, etc. Às vezes, o jovem em lugar de indicar os seios reforça os contornos externos da área a fim de indicar o conflito. Os esforços no sentido de controlar e integrar os impulsos corporais podem ser também registrados como conflitos na área do pescoço, uma vez que este estabelece a ligação entre a cabeça e o corpo. Outro indicativo de que existe uma repressão forçada dos impulsos corporais é o traçado de uma fina Linha na cintura, típico do desenho de adolescentes. Outros instrumentos gráficos de controle podem ser observados na posição retesada, por dedos cerrados ou “enluvados” ou na asseada restrição imposta por um arco, um prendedor ou apenas uma linha que visa encerrar a ativa excitação do cabelo. A postura da figura e o tratamento dado às pernas e aos pés podem revelar a atitude do examinando quanto a mobilidade, estabilidade e sentimentos de segurança nas suas relações com o meio ou nos assuntos sexuais. O comprimento dos braços, sua robustez, direção e vigor com que eles partem do corpo em direção ao “ambiente” fornecem dados adicionais sobre a natureza do contato que o examinando tem com o meio. Muitos adolescentes atribuem aos seus desenhos uma idade superior à sua própria, o que é evidência de seu interesse em crescer, indicando os desejos acerca de si mesmo e colocando na figura que desenham uma promessa daquela realidade para o futuro. Os desenhos na maioria das vezes revelam problemas infantis e representam um dos canais de expressão dos medos, esperanças e fantasias. Quando o homem desenha uma mulher, o desenho pode ser a representação de uma criança, de uma moça ideal com quem sonha um dia casar-se ou da figura materna, ou um problema de identidade sexual se desenha primeiro a figura do sexo oposto. É importante observar quais as partes do corpo feminino que são enfatizadas. Quando os seios são desenhados muito grandes ou com muito cuidado, pode indicar desde fortes necessidades de dependência oral até atração pelos mesmos. Se os braços e mãos são compridos e proeminentes, pode estar indicando tanto a necessidade de figura materna protetora como dificuldades de interação com o ambiente. Ombros e outros indicadores de masculinidade desenhados de forma exagerada na figura masculina denotam expressão de insegurança com respeito à masculinidade, sentimentos de inadequação e inferioridade. Na análise, é essencial uma observação precisa do desenho como um todo, para depois, num segundo momento, atentar para os detalhes. Os desenhos das crianças pequenas são muito semelhantes aos desenhos de pacientes psicóticos, que representam a figura humana empobrecida e destituída de qualquer elemento emocional. Porém, isso ocorre pela falta de habilidade e maturidade em função de seu estágio de desenvolvimento e não pode ser identificado com o afastamento da realidade que é típico de um indivíduo psicótico. Apesar da semelhança dos desenhos, psicologicamente as duas expressões são de mundos separados e totalmente diferentes (Di Leo, 1987). A falha em combinar as partes num todo integrado só tem significado patológico depois da idade pré-escolar. Nessa época também é comum as crianças desenharem figuras grandes, como se quisessem indicar a sua importância. Por ser mais significativa, a FIGURA HUMANA é geralmente desenhada maior que a CASA e a ÁRVORE. O desenho da PESSOA manifesta três tipos de projeções: autorretrato, eu ideal ou ideal de ego e percepção das pessoas significativa (pais, irmãos, professores, etc.). AUTORRETRATO – é quando o examinando desenha o que ele acredita ser. Se é obeso ou magra, alto ou baixo, nariz grande, orelhas pontiagudas, olhos pequenos, barriga saliente, etc. Os examinandos de inteligência média ou inferior geralmente reproduzem determinados detalhes em espelho; por exemplo: se apresentam algum defeito na mão direita, fazem-no na mão esquerda da pessoa desenhada. Todavia, tem-se observado que os defeitos ou falhas físicas são projetados nos desenhos somente quando apresentam alguma influência sobre o conceito que o indivíduo faz de si mesmo ou quando este tenha criado uma área de sensibilidade psicológica. Juntamente com sua projeção de sentimentos relativos a seus defeitos físicos, o examinando também pode projetar suas qualidades: ombros largos, desenvolvimento muscular, cintura fina, pernas longas, rosto atrativo, etc. Além do eu físico (autorretrato físico), o sujeito pode projetar no desenho um quadro do eu psicológico (autorretrato psicológico). Pode acontecer que examinandos de altura adequada ou superior desenhem figuras pequenas, com braços caídos em atitude de derrota ou desvalia, pés um para cada lado mostrando ambivalência, olhos vazados (cegos) ou boca com um traço tenso. Neste caso o indivíduo projeta a ideia psicológica que tem de si mesmo, isto é, se vê como um ser pequeno, impotente, insignificante, desvalido, dependente e necessitado de apoio, apesar de não corresponder a seu real aspecto físico. Cada paciente elabora o seu autorretrato à sua própria maneira, acentuado e/ou modificando as diferentes partes em função dos mecanismos de sua personalidade e de toda sua vivência passada e presente. O fato é que o autorretrato pode ser distorcido da realidade, porque muitas vezes tal imagem associa-se a aspectos idealizados ou patológicos que geralmente refletem dificuldades profundas com o próprio corpo. EU IDEAL ou IDEAL DO EGO – é comum pessoas frágeis fisicamente, desenharem atletas ou levantadores de peso; pessoas obesas desenharem bailarinas esguias dançando livremente sem o fardo da massa corporal; crianças espancadas produzirem armas, espadas, projetando a sua necessidade de força, a fim de evitar danos para si mesmo. Nas crianças observa-se grande influência dos personagens das histórias em quadrinhos e dos desenhos da televisão. A imaturidade não permite a reprodução intencional de sentimentos e atitudes mais sutis; este fato só ocorre a partir da adolescência. PESSOAS SIGNIFICATIVAS – a criança pequena de modo inconsciente e automático elege ideais e valores assim como exerce comportamentos que se assemelham com as figuras de sua constelação familiar, as quais ama, admira, respeita e algumas vezes tem medo. Essas identificações assumem importância capital na infância, mas prosseguem significativamente durante a vida toda. Nos desenhos infantis, muitas vezes são projetadas as imagens dos pais, mostrando a grande importância que estes têm para a criança e a necessidade que estas sentem de um modelo com que seja capaz de incorporar em seu conceito de si mesmo. É também comum desenhar pessoas significativas (professores, tios, etc.) do meio social contemporâneo ou passado, devido à forte valência positiva ou negativa que estas pessoas têm para a criança. Esta inclusão da percepção que o examinando tem de figuras significativas do meio social, em contraste com a percepção que tem de si mesmo, se produz com maior frequência em desenhos de crianças do que de adolescentes e adultos (às vezes, o mesmo desenho pode dar uma imagem fusionada de si mesmo e dos outros). As características das figuras materna ou paterna que a criança projeta em seu desenho constituem- se na maioria das vezes em um elemento de profecia. Vários anos mais tarde, o reteste aponta determinados sinais que a criança incorporou dos pais. Isto fica mais evidente quando a criança não passa por umapsicoterapia ou quando a sua situação ambiental não sofre mudanças significativas (Rabin, 1996). FIGURAS INACABADAS A distorção ou omissão de qualquer parte da figura sugerem conflitos que podem estar relacionados com a parte em questão. Por exemplo, é comum voyeuristas omitirem os olhos; pessoas muito inseguras não desenharem os braços; indivíduos com conflitos sexuais omitirem partes do corpo, etc. Observações, rasuras, sombreamentos ou reforçamento têm o mesmo significado interpretação das distorções e omissões. Não esquecer que quando o examinando faz uma figura incompleta, o examinador deve oferecer outra folha e solicitar ao mesmo que desenhe uma figura completa (ver normas para aplicação). Desenho só da cabeça – censura ao próprio corpo ou sexual. Em alguns casos pode indicar valorização exagerada da própria inteligência ou refúgio na fantasia. Desenho apenas da cabeça e tórax – censura da área genital, forte preocupação sexual ou desajustamento em relação ao corpo. Dificuldade para desenhar braços e pernas visíveis - inabilidade para estabelecer contatos sócias espontâneos e dificuldade para avaliar corretamente as próprias potencialidades. Partes omissas – censura da parte omitida ( comum em imaturos que não querem tomar conhecimento dos problemas do mundo, pessoas com transtorno de somatização e transtorno de ansiedade generalizada). SUCESSÃO DAS PARTES DESENHADAS A sequencia habitual no desenho da figura humana é em primeiro lugar a cabeça e as características faciais (olhos, nariz e orelhas), pescoço, tronco superior, braços mão, tronco inferior, pernas e pés. As alterações nas sequências alertam para as partes do corpo possivelmente mais problemáticas ou importantes para o ambiente. Com o nosso significado, a demora na apresentação das características ficais implica num desejo de retardar a identificação da pessoa e a demora em desenhar dedos ou mãos denota uma relutância em fazer contato imediato e íntimo com o ambiente. Às vezes esta é a maneira que o paciente encontra para evitar a revelação de sentimentos de inadequação. Em crianças é normal as alterações sequências, porém nos adultos apresentam outros significados. Começo pela cabeça – aceitação do desenvolvimento (é o modo mais comum de iniciar o desenho, pois é na cabeça que estão os conceitos do self). Começo pelas mãos, braços, tronco e cabeça por último – dificuldade nas relações pessoas e predomínio de aspectos mecânicos da personalidade (em alguns casos, indica perturbações do pensamento). Começo pelas pernas e pés – desânimo, desencorajamento e dificuldade em caminhar na vida (comum em deprimidos). Começar uma parte e abandonar, ir para outra e retornar para a inicial – distúrbio sério de despersonalização (comum em começo de esquizofrenia). Desenvolvimento bilateral – dissimulação e ambivalência (comum em transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Começo pelo cabelo – problema de virilidade (comum em pessoas com distúrbios na área da sexualidade e sugere também impulso sexual excessivo). Começa pelo rosto – necessidade de agradar e de inter-relação com as pessoas (no rosto é que estão todos os elementos da inter-relação social). Começo pelo pescoço – necessidade de viver sob controle e policiamento dos desejos do corpo (o pescoço é o elemento de ligação entre as forças afetivas e os impulsos controladores do corpo). Começo pelos ombros – ambição, desejo de auto-afirmação e fantasia de força e poder, no caso de ombros largos (comum em pacientes com transtorno de somatização). Começo pelos braços – ambição por meios econômicos, por compreensão, afeto, desejo de inter- relação ou sentimentos de culpa, quando são muito retocados (é importante verificar se a ambição é positiva ou negativa). Começo pelas mãos – pessoa ambiciosa ou sentimentos de culpa ou profissional. Começo pelo pé – desejo de mudança ou desencorajamento (comum em pacientes deprimidos e em alguns casos de distúrbio sexual). Começo pelos pés com dedos – afetividade primitiva, sensualidade instintiva e sem controle ou agressividade (sugere transtorno de conduta e/ou transtorno de personalidade anti-social). Cabeça desenhada por último – último mental (explorar a possibilidade de perturbação do pensamento). Começo por quadris e/ou seios, realçados ou retocados, feito por homem – tendência homossexual. Começo pelo vestuário -necessidade de chamar a atenção, preocupação com as roupas, com a sociedade ou sentimento de inferioridade, necessidade de proteção e couraça (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Traços em direção ao corpo- tendências introvertidas. Traços que se afastam do corpo – tendências extrovertidas ORDEM DAS FIGURAS O esperado do ponto de vista de identificação sexual é que as pessoas desenham o próprio sexo em primeiro lugar. Quando o desenho não representa o autoretrato do autor, outras variáveis podem estar influenciando a escolha, como fantasias românticas. Preocupações momentâneas, grande relação afetiva, conflitos com o progenitor do sexo oposto, identificação com o sexo oposto, conflitos frente a identidade sexual ou outras condições temporárias do sujeito. Estudos têm confirmado a visão, geralmente aceita, de que a grande maioria das crianças desenha seu próprio sexo primeiro, quando solicitadas a desenhar a figura humana. Observa-se também que a porcentagem de meninas desenhando seu próprio sexo declina com a aproximação da adolescência. (Lourenção Van Kolck, 1984). Essa mudança que ocorre num significado número de meninas nem sempre representa uma troca no papel ou na identificação sexual. Quando uma adolescente desenha a figura masculina em primeiro lugar, pode estar expressando um interesse pelo outro sexo, e não problemas na identificação sexual. Na adolescência parece haver maior inclinação a desenhar um amigo da mesma idade ou um adulto solitário, do que os próprios pais. Crianças – desenham com mais freqüência pessoas significativas de seu ambiente (pai, mão, irmãos, professores, etc.), e não a percepção do próprio self, provavelmente porque os pais representam um modelo de identificação que a criança quer incorporar. Crianças de 7 a 16 anos – desenham primeiro a figura do sexo oposto quando têm maior estima por este ou quando apresentam sentimentos negativos para consigo mesmo, quando são mais dependentes faltando-lhes segurança quanto a própria imagem ou quando não têm plena consciência do próprio sexo do ponto de vista das características sexuais já reconhecidas. Adultos – que reproduzem as figuras parentais em seus desenhos, normalmente mostram-se presos ao passado, sem jamais terem conseguido atingir totalmente a independência do controle parental. Quando pergunta sobre o sexo que se deve desenhar primeiro – confusão a respeito do papel sexual. Desenho do próprio sexo em primeiro lugar – identificação com o papel característico do próprio sexo (é o mais comum). Desenho do sexo oposto em primeiro lugar – como já foi dito acima, pode simbolizar fantasias românticas, preocupações momentâneas, conflitos com o progenitor do sexo oposto, forte ligação e dependência com o genitor ou com a pessoa que tem mais afinidade do sexo oposto, confusão a respeito do papel sexual, perturbação na identificação sexual e em alguns casos homossexualismo. VISÃO GERAL DAS FIGURAS Simbolizam o grau de auto-exposição do paciente. Figura de frente – quando é a figura do sexo do autor indica aceitação de si mesmo, boa evolução psicossexual e relacionamento com o mundo exterior de forma aberta e franca. Figura de Perfil – atitude evasiva, necessidade de esconder dos outros os próprios sentimentos, recusa em aprender a realidade, dificuldades e indiferença para com o meio, problemas de relacionamento afetivo, tendência para evitar o confronto com os problemas e busca de satisfação na fantasia (desenho comum em crianças inteligentes, mas ocorre também em psicóticos).Figura de costas – grande problema de ajustamento, fuga do meio, dissimulação dos impulsos “proibidos”, culpa e vergonha (comum em transtorno de personalidade paranóide). Figura com o rosto de perfil e corpo de frente – em crianças, é comum devido a certa imaturidade perceptiva. Em adolescentes pode indicar conflitos entre exibicionismo e controle social; já nos adultos sugere dificuldades de ajustamento, de percepção do meio e de si mesmo ou falta de habilidade técnica. Figura com a cabeça de perfil e olhos de frente – discernimento escasso e falta de perspectiva (comum em esquizofrênicos, transtorno de somatização e/ou de transtorno de aprendizagem). Desenho pedagógico (ou figura de palitos) – grande dificuldade nas relações interpessoais ou expressões de desprezo e/ou hostilidade em relação a si mesmo (comum em adolescentes, que se sentem rejeitados, em transtorno de personalidade anti-social e/ou hipocondria). Estereótipos – insegurança, identidade em nível de fantasia e evasão dos problemas de relacionamento pessoal (freqüente em crianças inseguras e deprimidas ou oriundos de lares desfeitos e em adultos infantilizados). Estátuas, múmias etc. – enrijecimento das defesas e fuga das situações emocionais do convívio com as pessoas (sugere transtorno do pânico). Palhaços, caricaturas, anões, monstros, figuras grotescas, etc. – esforço inconsciente para deformar a realidade, desprezo e hostilidade para com as pessoas e atitude auto-depreciativa ou sentimento de inadequação e pobre conceito de si mesmo, (comum em adolescentes que se sentem rejeitados). IDADE DAS FIGURAS A atribuição de idade à figura humana simboliza o indício dos desejos, atitudes culturais e perspectivas temporal do examinador. Idade da figura próxima á do examinando – bom nível de maturidade sócio-cultural. Idade da figura inferior è do examinando – imaturidade, fixação emocional em alguma fase ou reação a traumas, quando o indivíduo se fixa em uma época anterior mais feliz (sugere transtorno de estresse pós-traumático). Idade da figura superior à do examinando – em geral sugere vivências depressivas e/ou inadequadas para a idade. Nas crianças indicam sentimentos de não ser aceita pelos pais, levando- as a inferiorizar essa experiência e sentir um forte desejo de crescer ou pais dominadores ou identificação com um dos pais. POSTURA DAS FIGURAS A figura humana tanto pode ser desenhada ereta, indicando todos a sua força e vitalidade, como deitada, mostrando o seu baixo nível de energia. Figura ereta – normal, boa energia e vitalidade. Figura inclinada, sentada, agachada ou deitada – baixo nível de energia para responder a estímulos, instabilidade, equilíbrio precário, debilidade física, falta de ânimo, exaustão mental, preocupação ansiosa a respeito do equilíbrio pessoal e sua posição precária, sensação de estar doente ou alerta para as pessoas doentes na família (comum em alcoólicos crônicos e deprimidos). Figura solta no espaço (página) ou que parece estar caindo – sentimento de iminente colapso da personalidade, instabilidade, insegurança, dificuldade para estabelecer contato ativo com a realidade e sensação de estar no ar. Figura vergada e/ou corcunda – vivências depressivas, peso nas costas ou culpa. Figura apoiada a um poste ou cerca – necessidade de ajuda, de segurança, d apoio, falta de confiança em si e dependência (sugere transtorno de personalidade dependente). Figura na linha do solo – preocupação com a realidade e necessidade de saber onde pisa (não é essencial à estrutura do desenho). Figura sob a pressão de um vento forte – sensação de muita pressão ambiental ou turbulência no lar. SIMETRIA DOS DESENHOS O ser humano é aparentemente simétrico em seu físico, mas não em seus detalhes; portanto, considera-se um desenho “saudável” quando há certo equilíbrio entre as várias partes do corpo. Muita ordem e igualdade entre as partes do corpo – rigidez, defesas compulsiva e/ou muscular contra os impulsos ameaças do meio, preocupação com o certo ou errado, frieza distanciamento emocional ou necessidade de controle (comum em transtorno de personalidade Obsessivo- Compulsivo, perfeccionistas e exibicionistas). Braços e/ou pernas de diferentes tamanhos ou largura – comum em crianças até aproxidamente sete anos de idade; mais tarde sugere/agressividade, dificuldade escolar, imaturidade, coordenação pobre, excesso de espontaneidade, descuido, falta de controle, impulsidade, hiperatividade ou insegurança, instabilidade, falta de defesas, perda de equilíbrio da produção gráfica e desorganização mental. Quando as diferenças são muito acentuadas, demonstra desarmonia na personalidade e no comportamento (comum em transtorno de personalidade Histriônico). MOVIMENTOS NOS DESENHOS Uma das maneiras pelas quais percebemos que um ser tem vida (ou está vivo) é demonstrada pelo movimento que este exerce impelido pelas suas próprias forças. Alguns desenhos mostram pessoas andando ou correndo, cachorros pulando, pássaros voando, árvores balançando, etc.; nota-se que a representação dos desenhos pode variar desde a rigidez até a mobilidade extrema (Di Leo, 1987). Espontânea ou imitativamente, as crianças usam variedade de expedientes no seu desejo de imprimir movimento às suas figuras, e alguns deles habitualmente copiam os recursos utilizados pelos artistas de estórias em quadrinhos. De forma geral, os meninos costumam retratar mais ação, enquanto as meninas parecem mais interessadas nos detalhes e acabamento. Crianças em idade escolar não se satisfazem por muito tempo com figuras frontais e estáticas, tentam desenhá-las com animação, esperançosas de criar a ilusão do movimento. Percebendo a dificuldade de indicar movimento num desenho frontal, descobrem o perfil, como oferecendo orientação mais efetiva para retratar o caminhar, o correr e o fazer. Dos três desenhos o qual é mais comum de se encontrar indicando movimento é o da FIGURA HUMANA e depois desta, a ÁRVORE; e CASA é sempre estática. Como regra geral, podemos afirmar o seguinte: quanto mais involuntário, mais evidente e desagradável for o movimento, maior o índice de patologia. O movimento da figura pode avaliar o impulso para a atividade, a natureza do controle sobre os impulsos, a fantasia, a mobilidade psíquica, a capacidade mental, a ação, o contato social, adaptação etc. Figura parada ou com movimento moderado ou andando relaxada – bom ajustamento, riqueza de vida interior e inteligência (considerado normal). Figura rígida, estática – (cabeça bem ereta, pernas presas uma a outra ou braços estendidos lateralmente, controle rigoroso sobre a vida impulsiva, inadequação das defesas do ego, conflitos profundos, dificuldade para relaxar, medo de relações espontâneas, repressão dos estímulos interiores, necessidade de segurar em algo mais, em face de uma ameaça de desorganização e medo de que os impulsos proibitivos se rompem (comum em casos orgânicos e transtornos de personalidade obsessivo-compulsivo, transtorno depressivo ou esquizofrenia). Figura com movimento hesitante – insegurança, dissimulação e fraco controle sobre as reações e impulsos (sugere transtorno de ansiedade generalizada). Figura com movimento ou involuntário, violento e desagradável – inadequação, superatividade, excitação, impulsividade, impaciência, agressividade ou desejo de dominar (comum em crianças hiperativas e/ou inquietas e transtorno de personalidade histriônico e transtorno de personalidade bordeline). Figura correndo – dependendo da configuração geral do desenho pode indicar medo extremo ou pânico (sugere transtorno do pânico). TRANSPARÊNCIA NAS FIGURAS A transparência simboliza o juízo crítico. Em crianças pequenas de 5 a 7 anos de idade, não é considerado psicológico, porque não tem grande capacidade de abstração. No adulto, são importantes desde que impliquem numa falha de percepção e da crítica frente à realidade, indicando apresença de desorganização da personalidade ou a ruptura com o meio (mais patológico). Por exemplo, uma transparência na roupa, como deixar aparecer o braço sob a manga, não é tão sério quanto aparecer a mobília por meio das paredes de uma casa ou os órgãos internos na figura humana. Figura nua – necessidade de exibir-se, de mostrar-se, de contato ou rebelião contra a sociedade e/ou figuras paternas em alguns casos indica consciência de conflitos sexuais (comum em Voyeuristas e Exibicionismo). Figura nua em desenho do próprio sexo – narcisismo, supervalorização do corpo e necessidade de exibição ou contato (comum em indivíduos infantis e egocêntricos e também sugere em Voyeuristas e Exibicionismo). Figura nua com as partes sexuais acentuadas – Ansiedade, imaturidade, impulsividade revolta contra a sociedade e/ou figuras paternas, exibicionismo, conflitos sexuais ou Exibicionismo. Figura nua mostrando pouca diferença entre o homem e a mulher – dificuldade na identificação do papel sexual, confusão e repressão da libido. Figura parcialmente nua ou com roupa indica por cintos ou botões – autoestima pouco desenvolvida, falta de interesse pelas pessoas e negligência das defesas sociais. Figura nua um robe ou uma roupa, mas sem mostrar a parte genital – conflitos sexuais, exibicionismo e dificuldade de adaptação. Figura com roupa transparente ou com elementos sexuais por meio da roupa – curiosidade sexual ou exibicionismo, necessidade de seduzir, carência afetiva, julgamento deficiente ou muito pobre, conflitos e problema com a área que mostra a transparência. Figura com calça ou saia transparente – problemas sexuais, imaturidade, exibicionismo e impulsividade (comum em homossexuais e esquizofrênicos). Figura com sombreamento nos seios – necessidade materna, dependência, curiosidade ou autoafirmação (comum em pré-adolescentes e em pessoas com transtorno s de somatização). Figura com transparência e/ou com contato dos seios, desenhada por homem – sentimentos de culpa, apego ou fixação à figura materna. Figura mostrando a anatomia interna ou transparência do corpo – esquizofrenia (concordância de vários autores). Figura com ênfase nas articulações – extrema preocupações com corpo, sensação de algo imperfeito na integridade corporal, dependência materna, insegurança, incerteza e imaturidade afetiva. Em alguns poucos casos pode indicar a necessidade de ação, movimento, uma forma de realizar-se, passagem da imaturidade à ação (a presença de joelhos e cotovelos é observada na maioria das vezes em desenhos feitos por indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo e hipocondríacos). CABEÇA Geralmente é desenhada em primeiro lugar. É a parte do corpo mais exposta e considerada o centro do poder intelectual, racional, social e do controle dos impulsos corporais. Representa também autoridade de governar, ordenar, intuir etc. Simboliza o autoconceito e justamente com os traços fisionômicos, expressa as necessidade sociais e de contato. A forma como é desenhada projeta o controle do corpo e das fantasias. Cabeça exageradamente grande em relação ao tamanho do corpo – valorização exagerada da própria inteligência, ambição, aspirações intelectuais, ou agressividade, frustração nas aspirações intelectuais, sentimento de menos valia, introspecção e ênfase na fantasia como fonte de satisfação (comum e pré-escolares até 5 ou 6 anos de idade, em crianças disléxicas, pessoas com transtorno de somatização, transtorno de personalidade paranóide e esquizofrenia). Cabeça grande – confiança excessiva nas funções sócias e de controle, com uma correspondente subestima do corpo e dos impulsos vitais, valorização da inteligência, ênfase na fantasia como fonte de satisfação, aspirações intelectuais, compensação por sentimentos de inferioridade e introspecção (comum em pessoas preocupadas com doentes na família ou hipocondríacas). Cabeça pequena em relação ao corpo – sentimento de menos valia, inferioridade, inadequação, preocupação com a crítica, desejo de negar o controle intelectual, expressão do desejo obsessivo em negar pensamentos dolorosos e sentimentos de culpa (comum em deprimidos, pessoas com inteligência inferior ou socialmente não adaptadas, transtorno de personalidade obsessivo- compulsivo e fobia social). Cabeça achatada – pressão ambiental repressão da fantasia ou da dinâmica racional ou pode expressar sentimentos de que o ambiente reprime o potencial intelectual. Cabeça desenhada com muita clareza em contraste com o corpo esboçado ou pouco claro – supervalorização do intelecto, apego à fantasia como mecanismo de compensação, sentimentos de inferioridade e/ou vergonha a respeito das partes do corpo e suas funções. Cabeça com ênfase nas linhas periféricas – esforço para manter controle das fantasias. Cabeça e rosto pouco claros – necessidade de esconder-se, timidez e sentimentos de inferioridade (sugere transtorno de personalidade esquiva). Cabeça circular e pequena – comum em transtorno de personalidade paranóide. Cabeça geométrica, triangular ou quadrada – comum em esquizofrenia. ROSTO Simboliza a intenção com o meio, onde se inscrevem os pensamentos e sentimentos. É a parte mais expressiva do corpo, o centro da comunicação, do contato com a realidade e da sociabilidade. Rosto de frente – preparo para o confronto com a vida e boa interação com o meio. Rosto com ausência de contato facial, mas com presença de olhos, nariz ou boca – dificuldade de contato com o exterior (comum em transtorno de personalidade esquizóide). Rosto com contorno e acentuação dos caracteres faciais – esforço para manter uma máscara social, ou timidez, sentimentos de inferioridade, menos valia ou importância e/ou valorização do próprio eu (comum em alguns estados de transtorno de despersonalização). Rosto com contorno reforçado – dificuldade de inter-relação social, insegurança e ansiedade ou culpa nos contatos sociais (sugere fobia social). Rosto com ausência de olhos, nariz ou boca – timidez, ausência de relação com o meio, fuga dos estímulos exteriores ou do meio, imaturidade na comunicação, tendência a evitar contatos, introversão, superficialidade, cautela ou hostilidade (comum em pessoas tímidas, que vivem em seu próprio mundo e não se comunicam, e sugere transtorno de personalidade esquizóide). Rosto com marca ou cicatriz – sentimento de ser diferente dos outros e que os outros percebem essa diferença. Rosto com sombreado – agressividade, tendência ao roubo. CABELO O cabelo é a expressão do que está vivo e crescendo. Simboliza vitalidade, virilidade, força, sensualidade e sexualidade. Adolescentes, narcisistas e homossexuais dão grande ênfase ao cabelo, indicando o interesse pela aparência de auto-afirmação. Cabelo bem cuidado e/ou bem penteado – interesse pela aparência social, desibinição, facilidade em mover-se no ambiente e bom equilíbrio psicossexual. Cabelo com traço firme – energia e vitalidade. Cabelo com sombreamento forte – conflitos referentes a força e virilidade, ansiedade cm relação aos pensamentos e fantasias ou agressão (sugere impulso sexual excessivo). Cabelo extremamente bem penteado – preocupação em seduzir, narcisismo, exibicionismo ou moralismo. Quando desenhado por homem sinaliza insegurança da adequação masculina com esforço consciente para demonstrar virilidade (comum em adolescentes do sexo feminino e transtorno de personalidade obsessivo-compulisivos e sugere transtorno de personalidade narcisista). Cabelo desordenado – infantilidade, sensibilidade primitiva ou discordância entre as limitações e as convocações de ordem social; em alguns adultos sugere confusão relacionada com fantasias sexuais. Cabelo fora da cabeça – caráter regressivo (comum em esquizofrenia). Cabelo em escova – reação agressiva a algo não aceito. Cabelo trançado – sujeição ou policiamento dos impulsos sexuais. Cabelo ondulado ou com cachos – desejo de chamar a atenção(comum em meninas sexualmente precoces). Cabelo grudado no meio – repressão sexual e de conceitos morais errados. Cabelo repartido no meio - conflito entre identificação feminina e masculina, ambivalência afetiva ou social. Cabelo tampando o rosto – dissimulação dos problemas; em adultos sugere busca compensatória de virilidade devido a sentimentos de inadequação ou conduta sexualmente desviada (sugere impulso sexual excessivo). Homem ou adolescente que desenha a mulher com cabelo bem delineado e homem com chapéu – caráter regressivo e sexualidade infantil com fantasia viril. O chapéu em alguns casos pode simbolizar a impotência. Homem ou adolescentes que desenha a mulher com cabelo desordenado e o homem com muita ordem – desordem ou imaturidade sexual e hostilidade à mulher. Sem cabelos (careca) – falta de energia, desvalorização, sentimento de debilidade, impotência, passividade ou isolamento (sugere transtorno depressivo). Testa grande – desejo de afirmação da inteligência (comum em transtorno de somatização). Franja em geral - dissimulação de fantasias sexuais e cobertura do problema sexual ou corporal. Franja na figura feminina – domínio dos impulsos sexuais sobre os intelectuais. Rabo-de-cavalo, presilhas, laços e fitas – controle da sensualidade. Fita no site da figura feminina – esforços no sentido de contenção dos impulsos. CHAPÉU É mais freqüente na figura masculina e pode tanto simbolizar proteção ou status social, sensação de impotência e/ou aspectos fálicos. Chapéu sobre o cabelo – status social (se muito enfeitado), necessidade de proteção, conduta sexual primitiva ou dissimulação sexual. Chapéu cobrindo quase toda a testa – desconfiança, suspeita e atitude de alerta ou sem guarda. Apenas chapéu, sem outras roupas – regressão (geralmente também aparece em outros traços). Capacete – repressão e/ou tentativa de controle das fantasias. BARBA E/OU BIGODE Simboliza na esfera da sexualidade a luta pela virilidade, principalmente entre aqueles que têm fortes sentimentos de inadequação sexual ou dúvida sobre a masculinidade. Barba e bigode bem feitos – virilidade, vitalidade sexual ou busca compensatória de demonstrar virilidade ou sinal de status social ou dúvida da masculinidade e atração pelo sexo oposto. Barba e bigode desenhados na mulher – ambivalência sexual, conflito com a mãe e agressividade para com a mulher. Ênfase na barba – necessidade de dominância mais social que sexual e sentimento de impotência social. Ênfase no bigode – busca compensatória de demonstrar virilidade. Barba reforçada em figura de perfil – compensação por debilidade e indecisão, necessidade de parecer socialmente energético e dominante ou de desejo de chamar atenção. Costeletas – fantasia de poder sexual. OLHOS A criança ao fazer o círculo representativo da figura humana desenha em primeiro lugar os olhos. Simboliza o contato com o mundo exterior, a percepção da realidade, a discriminação perceptiva do ambiente e o controle. Grande parte da comunicação social concentra-se nos olhos; “os olhos são o espelho da alma”, e podem tanto expressar amor e compaixão como hostilidade e desprezo. O embelezamento dos olhos é mais freqüente nas figuras femininas de meninas adolescentes; os desenhados pelos meninos são mais simples, naturais e funcionais. Olhos médios – bom ajustamento e contato equilibrado com a realidade. Olhos pequenos – exclusão ao mundo exterior e absorto em si mesmo. Olhos grandes – maios capacidade de absorver o mundo visualmente, observação, curiosidade, dependência do ambiente e das experiências visuais ou desconfiança (comum controladores e transtorno de personalidade paranóide). Quando desenhados por moças sugere desejo de chamar a atenção dos rapazes. Quando desenhado por rapazes, pode ser indicativo de homossexualismo, se forem grandes e com cílios. Nas crianças pequenas, olhos grandes são simplesmente uma expressão da importância dos mesmos. Omissão – é um fenômeno raro, geralmente é o primeiro detalhe que a criança desenha após a cabeça e por isso não deve ser considerado descuido, sua omissão sugere culpa, vergonha, imaturidade afetiva e/ou psicossocial (comum em Voyeuristas, crianças socialmente isoladas que tendem a negar seus problemas e fugir para a fantasia. Olhos representados por um traço ou fechados – introversão, não-aceitação do meio, desejo muito forte de evitar estimulação visual desagradável, passividade frente ao meio, ou estado de dependência, imaturidade afetiva e recusa da realidade. A pessoa que fecha os olhos para não ver (comum em transtorno de personalidade narcisista). Olhos representados por um ponto – imaturidade para enfrentar a vida, limitado campo de visão, regressão, desejo de ver o mínimo possível e imaturidade no contato com o meio (comum em transtorno de personalidade paranóide). Olhos sem pupila ou cegos – percepção vaga e não diferenciada do mundo, acentuada relutância em aceitar estímulos do ambiente, recusa a enfrentar a realidade dos coisas inibição, dificuldade de discriminação, imaturidade, egocentrismo ou agressividade, hostilidade, culpa e vergonha (comum em transtorno de personalidade histriônico e em Voyeuristas). Olhos representados por um círculo (da mesma forma que a boca ou nariz) – em adultos indica infantilidade (comum em transtorno de aprendizagem). Nas crianças sugere dependência, superficialidade ou falta de discriminação. Olhos cruzados ou estrábicos – reflexo de ira e rebeldia (comum em crianças agressivas ou com dificuldade emocionais). Olhos para baixo – fraco controle diante do meio, culpa e vergonha (comum em deprimidos). Olhos para cima – na mulher sugere desejo de chamar a atenção, afirmação no grupo ou desejo do contato sexual. No homem pode indicar ambivalência sexual ou homossexualismo. Olhos em negrito fixos e/ou reforçados – conflito na inter-relação social, controle sobre o ambiente, persecutoriedade, medo de perder o controle e medo de não enxergar (comum em transtorno de somatização e de personalidade paranóide). Óculos – dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo, desejo de estabelecer contato interpessoal e afetivo, necessidade de enxergar a realidade objetiva ou status social (comum em pessoas com transtorno de somatização). SOMBRACELHAS As sombracelhas sugerem atitudes tanto de arrogância, dúvida como de autoritarismo. A simbologia deste detalhe deve ser analisada de acordo com o global. Sombracelhas bem cuidadas com traços finos e delicados – sensibilidade e refinamento pessoal. Sombracelhas levantadas – arrogância, desdém, dúvida e dependendo da expressão pode indicar medo ou pânico (comum em transtorno de personalidade paranóide). Sombracelha peluda ou grossa – sensualidade primitiva, áspera e não inibida. Sombracelhas em linha reta – personalidade forte, decidida, teimosa e autoritarista. Sombracelhas, olhos grandes e cílios, na figura masculina desenhada por homem – comum em homossexuais. NARIZ São inúmeros os simbolismos ligados ao nariz, principalmente porque é o órgão do “faro”, que denuncia os sentimentos de simpatia e de antipatia, orientando muitas vezes os desejos e as palavras. As expressões populares conferem vários sentidos, como: bisbilhotar, bufar, agredir, ser metido, intromissão – “meter o nariz onde não é chamado”, desconfiança – “lá tem coisa que não cheira bem”, além de simbolismo sexual (está na linha média do corpo e sobressalente como o pênis). Nariz médio – bom ajustamento social e sexual. Nariz pequeno – infantilidade no plano sexual, temor de castração ou consciência de debilidade sexual. Nariz grande – em adolescentes e adultos segure desejo de virilidade e compensação por sentimentos de impotência. Nariz grande feito por adolescentes – mecanismo de compensação associado com sentimentos de impotência sexual (comum em pacientes masculinos que sofrem de depressão). Nariz com deformações – sentimento demenos valia e desvio sexual (sugere impulso sexual excessivo). Nariz de perfil com o rosto de frente – infantilidade, indecisão, inadequação sexual, temores de castração, dúvida e conflitos (comum em crianças). Nariz visto de frente, sombreado, reforçado ou com retoque – conflito sexual, preocupação fálica e possível medo de castração, imaturidade, complexo de inferioridade e em alguns casos indicativo de homossexualismo, também impulso sexual excessivo. Nariz arrebitado – realização sexual. Nariz afilado – práticas agressivas sexuais (se outros indícios puderam ser confirmados). Nariz curto ou largo com narinas abertas – rejeição ou desprezo ao ambiente. Narinas no lugar do nariz – infantilidade, sensibilidade, agressividade, auto-afirmação, provocação, desprezo ou fantasia sexual. Narinas com asas bem acentuadas – forte sexualidade, agressividade e impulsividade (sugere em transtorno de personalidade anti-social). Omissão – Sentimento de imobilidade e falta de defesa, incapacidade para progredir e avançar, timidez, passividade, angústia, sensação de desamparo. BOCA A boca é órgão receptor das mais primitivas sensações de prazer ou desprazer e é a zona de fixações precoces com efeito pela vida afora. Representa a assimilação de novas idéias e a nutrição, permite a comunicação, o intercâmbio social, dar e receber afetos, agredir, maltratar, ferir etc. Simboliza por meio da linguagem a força capaz de construir, de animar, de ordena, de elevar como de destruir, confundir e de rebaixar. Boca média – bom ajustamento social e afetivo. Boca ausente com olhos e nariz desenhados – angústia, insegurança, retraimento, incapacidade para comunicar-se ou sentimento de culpa com relação à agressividade, tendências sádicas, rejeição ao meio, negação das necessidades afetivas, possibilidade de conflito com a figura materna ou dificuldades na área da alimentação (comum também em pessoas deprimidas ou com transtorno de somatização). Boca grande – ambição, voracidade, erotismo oral, desejo de inter-relação social, ou oscilação de humor. Boca pequena – repressão da oralidade, dificuldade nas relações sociais ou expressão de distúrbios alimentares. Boca fechada ou com um traço só reto – negação, recusa nos relacionamentos, oposição, agressividade verbal, tensão, alta capacidade de crítica e em alguns casos sadismo (comum em pacientes laringectomizados). Boca redonda ou oval com lábios grossos – sensualidade, sexualidade precoce, agressividade oral, conduta sexual desviante ou dependência (comum em impulso sexual excessivo). Boca com as comissuras para cima, igual a de palhaço – imaturidade psíquica, máscara social, necessidade de simpatia, de agradar, mesmo que forçada, desejo de obter aprovação e de aceitação (comum em crianças). Boca com as comissuras para baixo – pessimismo, mau-humor, tristeza ou raiva (comum em depressivos). Boca com lábios finos – repressão ou dificuldades nas atitudes sexuais. Boca sensual – feminilidade e sedução. Boca projetada, bicuda – personalidade primitiva, instintiva, desejo de auto-afirmação ou agressão verbal. Boca aberta – passividade oral ou desejo de receber. Boca em negrito – ansiedade e respeito da necessidade de dependência ou angústia relacionada com a área. Língua – intensificação da concentração oral em um estágio primitivo e com a adição de sinal erótico, desvio da conduta sexual ou rebeldia e desafio (comum em esquizofrênicos). Palito, cigarro, cachimbo entre os lábios – acentuação da concentração erótica, dependência oral ou busca de virilidade. ORELHAS Raramente são desenhadas com detalhes, frequentemente são ocultas pelo cabelo e simbolizam e sensibilidade às críticas. As distorções nos desenhos representam desde uma suave sensibilidade à critica até uma paranóia. Omissão – é o mais comum, porém em alguns casos pode indicar passividade (comum em deficientes auditivos, pré-escolares e escolares). Omissão na figura feminina – bastante comum, principalmente quando é ocultada pelo cabelo. Orelhas pequenas – sentimento de inferioridade e desejo de não ouvir críticas (sugere fobia social). Orelhas muito grandes e/ou enfatizadas – atitudes desconfiadas, preocupação com a crítica social, desejo de aprovação social ou resistência à autoridade (comum em pessoas com conflitos homossexuais, danos orgânicos na área da audição ou fobia social). Desenho das orelhas, um lugar não próprio – é bastante raro mesmo em pacientes psiquiátricos. Não parece ser associado a atraso mental, mas constitui um prognóstico desfavorável. Orelhas pontiagudas – complexo de inferioridade e sexualidade primitiva. Brincos – preocupação sexual, desejo de atrair o sexo oposto, necessidade de embelezar-se e de chamar a atenção. QUEIXO Simboliza força, autoridade, auto-afirmação e determinação “pessoas de queixo duro”. Queixo muito pequeno – sentimento de inferioridade e inadequação ou dificuldades sexuais. Queixo grande – tendências agressivas e, se for muito exagerado, pode significar sentimentos compensatórios de fraqueza e indecisão, medo de responsabilidade e impulsos fortes de auto- afirmação. Queixo quadrado - afirmação social ou sexual, teimosia, firmeza, decisão e símbolo masculino. Queixo redondo – delicadeza e feminilidade. PESCOÇO O Pescoço simboliza a comunicação da alma com o corpo, a área de controle das emoções, dos sentimentos e dos impulsos corporais. Constitui a conexão entre o corpo (impulsos e sentimentos) e a cabeça (pensamento e controle). Controla a organização corporal e serve como ligação entre os impulsos instintivos do corpo e o controle exercido pelo cérebro. Pescoço bem proporcionado – bem –estar, equilíbrio entre as emoções e controle. Pescoço desenhado com muita ênfase – perturbação por falta de coordenação impulsos e controle intelectual, certa consciência da bifurcação da personalidade e conflitos decorrentes da força do superego. Pescoço com distorção na forma, no contorno ou em negrito – conflito e dificuldade em controlar os impulsos corporais (comum em indivíduos com transtorno de somatização). Pescoço feito em uma linha – imaturidade e dificuldade na coordenação dos aspectos intelectuais e instintivos. Pescoço curto e grosso – comportamento impulsivo, conduta guiada mais pelos instintos do que pelo intelecto, mau-humor, poder físico ou mecanismos de compensação (sugere transtorno de conduta e transtorno de personalidade anti-social). Pescoço fino e longo – dificuldade em controlar e dirigir impulsos instintivos (pessoas severas e moralistas), aguda consciência de impulsos corporais com grande esforço para contê-los, supercontrole repressivo, afastamento da vida emocional ou ansiedade (comum em pessoas com transtorno de somatização). Pomo de Adão – desejo de virilidade. Omissão – dificuldade de coordenação dos impulsos, perda de controle, sensação de desamparo perante os impulsos, comportamento impulsivo, com controle interno pobre, imaturidade e regressão (comum em crianças até aproximadamente cinco anos de idade ou com roubo patológico). COLARINHO E GRAVATA Apresentam uma simbologia tanto sexual como social, dependendo da configuração geral do desenho. Geralmente são enfatizados pelas pessoas que sentem intimidadas por pescoço longo (mecanismo de compensação). Colar colarinho, gola ou gravata separando o pescoço – separa o corpo (impulsos físicos, vitais) da cabeça (controle intelectual, racional), necessidade d e controle da vida instintiva e dificuldade intelectual de controlar os impulsos vitais. Decote muito longo ou muito estreito – compensação por sentimentos de inferioridade ou dificuldade sexual (comum em pacientes com transtorno de somatização). Decote – quando desenhado por homem – dificuldades sexuais ou desejos inconfessáveis. Decote– quando desenhado por mulher – mecanismo de compensação (pescoço maior), problema sexual e imaturidade (porém, na mulher é maisaceitável). Decote em V – fixação sexual sobre os seios e tendências voyeuristas. Decote alto – repressão. Ausência de gravata em traje completo com chapéu – timidez no reconhecimento deste símbolo sexual socializado ou dificuldades na aceitação dos impulsos sexuais. Gravata desenhada com muita ênfase por homem – preocupação fálica com suspeita de sentimentos de importância e em alguns casos Homossexualismo. Gravata pequena ou borboleta – sentimento reprimido de inferioridade física. Gravata muito cuidada na figura feminina – possibilidade de tendências homossexuais. Gravata voando, como fora do corpo – intensa preocupação sexual. OMBROS Simboliza a força, poder físico, autoridade, autoafirmação, autonomia e domínio sobre o ambiente. Ombros bem proporcionados – flexibilidade e harmonia com o poder interno. Ombros desproporcionados – desequilíbrio interno, conflitos sexuais ou dificuldade de se impor no mundo. Desenha primeiro ombros pequenos, depois apaga e desenha ombros grandes – reação primária de sentimentos de inferioridade e ocultação com fachada de capacidade e adequação. Ombros grandes – Desejo de afirmação, agressividade, autoridade, necessidade de mostra-se forte e de dominar o ambiente (sugere Transtorno de Personalidade Anti-Social). Ombros pequenos – submissão, sentimentos de inferioridade e de menos valia. Ombros exagerados ou representação apagada - preocupação com o poder e com a perfeição física, temor de debilidade sexual (quando com muita ênfase, indica uma concentração no corpo em grau patológico, sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). Ombros geométricos, em linha reta ou quadrados – imaturidade psíquica, com atitudes e super defensivas, necessidade de provar-se capaz, e de impor-se no ambiente. Ombros estreitos em relação ao corpo – sentimento de menos valia, de inferioridade e/ou inadequação (comum em Deprimidos e em Transtorno de Somatização). Ombros arredondados – símbolo de feminilidade. Quando desenhado por homens pode ser indicativo de Homossexualidade ou de confusão sexual. Ombros másculos – símbolo de masculinidade, desejo de força. Quando desenhados por homem, de forma exagerada: insegurança com respeito a masculinidade ambivalência ou virilidade reprimida. Ombros vergados – culpa, vergonha, sensação de vida árdua e excesso de responsabilidades (sugere Transtorno Depressivo). TÓRAX É a sede dos órgãos vitais, da vida instintiva e emocional. Simboliza tanto a altivez como a timidez, a agressividade como a gentileza, a prepotência como a humildade; a sua postura da FIGURA HUMAMA mostra como a pessoa apresenta-se no mundo e como se relaciona com as pessoas. Tórax bem proporcionado – harmonia interna e equilíbrio entre a vida instintiva e emocional. Tórax pequeno e/ou longo – inibição, constrição emocional, negação dos impulsos instintivos e/ou sentimentos de inferioridade (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Tórax grande e/ou longo – presença de impulsos não satisfeitos, dificuldades em se expressar (sente nas vísceras, mas não expressa), compensação por baixa estrutura ou preocupação com a beleza estética e em mostrar-se (comum em Transtorno de Personalidade Esquizóide e Transtorno de Personalidade Narcisista). Tórax arredondado ou com linhas suaves – símbolo feminino, menor agressividade, submissão e introversão (quando desenhado por homem, pode ser indicio de Homossexualismo). Tórax Rígido – Defesas contra emoções e dificuldades em se expor. Tórax como uma caixa quadrada com ângulos – símbolo masculino, maior agressividade, propensão à crítica ou extroversão (comum em pessoas regredidas, primitivas ou desorganizadas e sugere Transtorno da Conduta e Transtorno da Personalidade Anti-Social). Tórax com a parte inferior não fechada – preocupação sexual, conflito sexual não resolvido ou tendências homossexuais com culpa e ansiedade. Tórax com ênfase, sombreamento, negrito ou contorno duplo – ansiedade em relação ao desenvolvimento corporal, preocupação com o poder físico ou expressão de masculinidade (comum em pessoas com Transtorno de Somatização). Tórax com pêlos – desejo de masculinidade, necessidade de conferir o aspecto masculino ou sensualidade e narcisismo. Omissão do Tórax – imaturidade severa, perturbação emocional com aguda ansiedade pelo corpo, rejeição ao corpo e necessidade de recalcar ou negar os impulsos corporais (comum em crianças pequenas, Roubo Patológico e raro nos desenhos de adultos). SEIOS Símbolo de proteção, tem relação com o princípio feminino, com a maternidade, suavidade e segurança. Frequentemente é associado às imagens de intimidade, de oferenda, da dádiva e de refúgio. Estão também vinculados aos sentimentos afetivos de identidade e autovalorização. Seios grandes ou desenhados com muito cuidado – fortes necessidades co dependência da figura materna ou conflitos com a maturidade, necessidade oral, gula e erotismo. Ênfase no seio desenhado por moças – identificação com a mãe, erotismo oral, necessidade de alimentação e de cuidado ou constrangimento em relação ao próprio busto (comum em adolescentes com grande desejo de crescer). Seios pequenos ou apenas assinalados – preocupação reprimida com os seios e dificuldade em assumir o crescimento. Seios com ênfase na figura masculina – ambivalência sexual (comum em Homossexuais). Costelas – é raro aparecer, porém, quando estão presentes sinaliza a presença de problemas graves, como Esquizofrenia. CAMISA, PALETÓ, BLUSA OU CAMISETA Símbolo de proteção. Estar sem camisa é como se mostra se a segunda pele. Paletó, blusa ou camisa com botões – dependência oral e materna, gula, sentimentos de inadequação, repressão, preocupações com o corpo e com a saúde, conflitos ou ambivalência sexual (comum em crianças pequenas, Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo, adultos infantilizados, sugere também Hipocondria e/ou Transtorno de Personalidade Dependente). Botões em desenhos de crianças – forte dependência materna. As crianças pequenas costumam associar o botão com o umbigo indicando uma simbiose com a mãe e dificuldade em soltar-se. Botões na linha central – é normal em crianças pequenas e nas mais velhas pode indicar forte dependência materna; em adultos sugere preocupações com o corpo e co saúde (comum em Hipocondríacos). Paletó, blusa ou camiseta com bolso – privação afetiva e dependência materna ou identificação psicossocial com a mãe (comum em adultos infantis e dependentes). Bolso desenhado por crianças – afirmação social e pessoal e expansão do ego (principalmente quando estão cheios de estilingue, revolver, etc. – símbolo de expansão do ego e do amadurecimento). Bolso desenhado por adolescentes – luta pela vitalidade em antagonismo com a dependência materna. Lenço no bolso em linha reta e/ou em ponta – fantasia de virilidade ou facilidade sexual. Sombreamento do paletó, blusa ou camiseta – ansiedade em relação à feminilidade ou à masculinidade e dificuldade ou vergonha do corpo (comum em Hipocondríacos). CINTURA Simboliza a área de controle do impulso sexual, da feminilidade, da sedução e da possibilidade de atração. Cintura adequada – harmonia entre a zona superior e inferior, entre os impulsos e a razão. Cintura enfatizada por sombreamento, traços reforçados ou interrompidos – ansiedade em relação à divisão da zona superior e inferior, repressão na esfera sexual, ambivalência entre expressão e controle corporal na área da sexualidade preocupação ou policiamento dos impulsos do corpo. Cintura pequena e bem apertada na figura feminina – controle precário das emoções e saída com explosões ou necessidade de seduzir. Cinto apertado no homem – necessidade de mostrar estabilidade, força e controle, dependendo do global sugere também Homossexualidade. Cinto com fivela – castidade, repressão da sexualidade, controle e racionalização da tensão representada pela divisão do corpo em zonas (quanto maiselaborado o cinto, maior a tendência em converter a tensão em formas estéticas e próprias de expressão). QUADRIL E NÁDEGAS Zona de expressão de conflitos. Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por moças – interesse pela maternidade e/ou maturidade ou necessidade de chamar atenção. Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por rapazes – tendências homossexuais ou problemas na área da sexualidade. ZONA GENITAL O sombreamento ou o desenho dos órgãos sexuais não são comuns e quando aparecem indicam conflitos e expressa, distúrbios. Representação dos órgãos sexuais – agressividade, exibicionismo, voyeurismo ou preocupação com a própria identidade sexual (sinal patológico de deterioração, comum em Esquizofrênicos. Não é valido para indicar homossexualismo. Representação dos órgãos sexuais em crianças de mais de 5 anos – agressividade, conflitos familiares, oposição aberta ao ambiente, atraso afetivo, falta de adaptação AP meio ou patologia mais séria envolvendo aguda ansiedade em relação ao corpo e pobre controle dos impulsos (sugere Transtorno da Conduta). Vista na calça acentuada – preocupação sexual, mas não necessariamente indício de Homossexualismo. Abdômen com sombreamento - ansiedade com relação à sexualidade e/ou ao corpo (sugere Hipocondria). BRAÇOS O Comprimento dos braços, sua robustez e a direção com que eles partem do corpo para o ambiente oferecem dados adicionais sobre a natureza da interação do indivíduo com o mundo (os braços equivalem aos galhos da árvore e a porta da casa). Simboliza o contato com objetos e pessoas, o desenvolvimento do eu, e adaptação social, a inter-relação com o ambiente, a força, o poder de fazer, o socorro concedido e a proteção. Braços proporcionais, flexíveis e relaxados – bom ajustamento pessoal e capacidade de inter relação com o ambiente. Braços longos e fortes e/ou grossos – (que alcançam abaixo dos joelhos) – ambição, com certo poder de realização, capacidade de luta, domínio, facilidade em estabelecer contato com pessoas ou com ambiente, ou necessidade de uma figura materna protetora ou agressividade dirigidas ao ambiente e às pessoas. Braços mais largos que o corpo – dificuldade nas relações com as pessoas e/ou com o ambiente, fantasia e ambição maior que a capacidade de realização. Braços longos e finos – (que alcançam abaixo dos joelhos) – debilidade física ou psíquica, sentimento de inadequação e insuficiência, amplos horizontes, mas sem capacidade de manipulação ou realização, insegurança e impotência, são braços que não podem realizar nada e que não reagem aos estímulos interiores. Braços em uma linha só – marcados sentimentos de inadequação no contato com as pessoas e sinal de deterioração. Braços curtos ou insuficientemente compridos para alcançar a cintura – retraimento, contato limitado com o ambiente e com as pessoas, inibição, passividade e falta de luta. Braços voltados para frente do corpo – disposição para o contato. Braços afastados para os lados ou pendentes ao longo do corpo e caídos – passividade, dificuldade para iniciativa, inatividade ou incapacidade e dependência, ou sentimentos de culpa (Sugere Transtorno Depressivo). Braços rígidos, apertados ao corpo – controle interno rígido, falta de flexibilidade, relações interpessoais pobres, dificuldade em aproximar e estabelecer relações com as pessoas, medo vinculado a impulsos hostis de tensão muscular, passividade do ego, sentimentos de defesa (sugere Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Braços em movimento com o outro, junto ao corpo – Tentativa para vencer as dificuldades do meio. Braços para trás – inibição, culpa, dificuldades, relutância, medo do contato com as pessoas e/ou ambiente, falta de confiança, insegurança em participar no ambiente e necessidade em controlar a expressão de impulsos agressivos ou hostis (sugere Transtorno de Personalidade Esquiva). Um braço para frente e outro para trás – misto de evasão e contato ou ambivalência entre agredir e acariciar. Braços Cruzados no peito – atitudes de suspeita, fuga, desafio, insegurança ou hostilidade. Braços cruzados sobre a zona genital – sentimentos mal resolvidos na área genital e defesa (comum em indivíduos sexualmente mal ajustados e sugere Impulso Sexual Excessivo). Braços na horizontal de forma mecânica, em ângulo reto com a linha do corpo – contato superficial e não afetivo com o meio (comum em desenhos de pessoas regredidas). Um braço para cima e outro para baixo – conflito entre ambição e inatividade com solução na fantasia. Braços estendidos para o ambiente - necessidade de afeto ou de mais participação social e sentimento de inferioridade e inadaptação. Braços para cima e rígidos – fantasias ambiciosas, culpa ou imploração de alguma graça para o alto. Braços em negrito ou sombreado – conflito, dificuldade de contato com o mundo exterior e sentimentos de menos valia, de culpa por impulsos agressivos (comum em Transtorno Depressivo). Braços com articulação – preocupação hipocondríaca, insegurança e necessidade de pistas perspectivas para se assegurar (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo, Transtorno de Personalidade Dependente e Hipocondria). Braços amputados – sentimento de castração, dificuldade em conter o fluxo dos impulsos e inabilidade para contatar e realizar. Omissão dos braços – passividade, sentimento de menos valia, desamparo, abandono, inadequação, dificuldade de realização (não podem fazer nada), rompimento com o mundo exterior, oposição ao grupo ou grande sentimento de culpa e ansiedade por condutas socialmente não aceitáveis e com necessidade de automutilação (comum em crianças pequenas antes de 4 anos de idade, Roubo Patológico, Esquizofrênicos, Transtorno Depressivo em pessoas que sofrem rejeição materna e em indivíduos com possíveis tendências suicidas). MÃOS Simbolizam o instrumento mais refinado para ação ou defensiva do ego. São os membros de contato e manipulação do corpo, são comprometidos com a atividade de aparar, manipular, tocar objetos ou pessoas ou mesmo a si mesmo. Revelam o nível de aspiração do examinado, sua confiança, agressividade, eficiência e muito frequentemente sua culpa ou conflito a respeito das relações interpessoais, além das realizações pessoas, como pintar, realizar trabalhos manuais, etc. Por meio das mãos podemos compreender comportamentos que traduzem medo, timidez, hostilidade ou agressão. Mãos médias, proporcionais ao corpo – harmonia interna com facilidade para estabelecer contato com as pessoas e o meio. Mãos ausentes ou com contorno impreciso – falta de confiança nos contatos sociais, na produtividade ou amplos, possibilidade de contato limitada, com retraimento, passividade, dificuldade de toque, manipulação, ataque e agressão (comum em crianças que roem unhas, em pessoas que não experenciaram mãos que ajudam num momento de necessidade ou em pessoas que se sentem culpadas). Mãos no bolso – Possibilidade de contato limitada, passividade do ego, sentimento de menos valia e/ou punição. Defesa contra a atuação de impulsos proibidos com as mãos (comum em desenhos de pessoas com transtorno de Personalidade Anti Social, Roubo Patológico e com Impulso Sexual Excessivo). Mãos escondidas ou atrás das costas – falta de confiança no relacionamento com as pessoas, dificuldade de contato e/ou sentimentos de culpa (comum em pessoas com Transtorno de Personalidade Anti Social, Roubo Patológico e com Impulso Sexual Excessivo). Mãos cruzadas na zona central – preocupação com erotismo e com a sexualidade (sugere Impulso Excessivo). Mãos pendentes – abandono e tendência á inércia e dificuldade de atuação (são mãos que não interagem, sugere Transtorno Depressivo). Mãos fechadas – dificuldade nas relações sociais, fantasia de agressividade ou agressividade dissimulada, comum em pessoas usuárias (sugere Transtorno da Conduta e Transtornoda Personalidade Anti-Social). Mãos em perfil – Inteligência. Mãos abertas – necessidade de afeto e relação com as pessoas. Mãos pequenas – sentimento de culpa e/ou inadequação, menos valia, timidez e agressividade reprimida (sugere Transtorno Depressivo). Mãos grandes – expressão de poder, ambição, domínio, agressividade, impulsividade ou sentimentos compensatórios por debilidade, insuficiência de manipulação e inaptidão nos aspectos mais refinados das relações sociais (comum em Roubo Patológico). Mãos maiores em relação às outras partes do corpo – ambição, poder, domínio ou sentimento de menos valia, impotência e dificuldade no contato (comum em pessoas com Transtorno de somatização). Mãos sombreadas – ansiedade e/ou culpa relativas a atividades de manipulação ou contato (comum em pessoas agressivas, Transtorno de Personalidade Anti-Social e/ou Impulso Sexual Excessivo). Luvas – repressão da agressividade, sofisticação e pedantismo. As luvas simbolizam também a evitação do contato e imprudente com algo impuro ou sujo. DEDOS Dedos representam os pormenores da vida. O polegar simboliza i intelecto e a preocupação, o indicador – o ego e o medo, a raiva e a sexualidade, o anular – as uniões e o pesar e o mínimo representa a família e a honestidade. Dedos apresentados de forma natural – harmonia entre agressividade e toque. Dedos cuidadosamente articulados e/ou meio detalhados – desejo de perfeição ou obsessividade (comum em Transtorno de personalidade Obsessivo-Compulsivo e em Esquizofrênicos). Dedos sem a palma da mão – agressividade (é comum em crianças pequenas, mas, quando combinados com os outros traços, significa agressividade infantil). Dedos como alfinetes, palitos, garfos, garras, tesouras ou compridos e pontudos – agressividade e imaturidade. São dedos capazes de espetar, agarrar, cortar e agredir (comum em transtorno de personalidade antissocial e transtorno de personalidade sádica). Dedos apagados – sentimento de culpa de inadequação, impotência, de menos valia, conflitos ou agressividade reprimida ou impulsividade e ansiedade de autoafirmação. Dedos muito curtos ou muito longos – sentimento de culpas (comum em pessoas com Impulso Sexual Excessivo). Dedos longos e finos – equilíbrio ou sentimento de menos valia, desejo de afirmação ou hostilidade (depende do global do desenho). Dedos grossos e curtos – agressividade reprimida, dificuldade de inter relação e hostilidade. Dedos ou mais que cinco dedos – falta de atenção e observação, incapacidade ou dependência (comum em crianças, no adulto sugere imaturidade, ambição agressividade ou disposição aquisitivas). Dedos com articulação – vida instintiva superior a intelectual (comum em transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Punhos cerrados – repressão ou recalcamento da agressividade. UNHAS Representam as próprias armas (arranham e ferem) e ao mesmo tempo podem simbolizar autoposição e sedução. Ênfase nas unhas – controle obsessivo da agressividade ou dificuldade com relação ao conceito corporal (comum em Esquizofrênicos e Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Unhas longas desenhadas por homem – ambivalência ou confusão sexual. ANÉIS NO DEDO Podem ter a simbologia de um meio de reconhecimento da força de um laço que ninguém pode romper (aliança, comunhão ou destino associado). Representam também a necessidade de ostentação e autoafirmação pelo poder econômico. Desenhados por homem – conflito no casamento (aliança), ambivalência sexual ou afirmação econômica (anéis vistosos). Desenhados por mulher – afirmação social, necessidade de status e vontade de chamar a atenção (sugere transtorno de personalidade Narcisista). PERNAS Membro facilitador da marcha, permite as aproximações, facilita os contatos, suprime as distancias. Reveste-se, portanto, de importância social. As pernas também simbolizam a estabilidade do corpo, representam contato com o ambiente (compartilham com os braços), suportam e equilibram o corpo, tornam possível a locomoção, compartilha, com a região inferior do tronco na esfera sexual, simbolizando atitudes do examinando frente à vida. Pernas médias no comprimento e na grossura – estabilidade interna, contato adequado e destreza ao caminhar no ambiente. Pernas com sombreamento, reforço, rasuras ou mudanças de linha – conflitos, dificuldade de locomoção e/ou de equilíbrio na vida ou exagerada consciência sexual (comum em crianças com ansiedade pelo crescimento físico). Recusa em desenhar o corpo abaixo da linha da cintura ou indicação muito sumária da região das pernas – perturbação, conflitos e/ou dificuldades sexuais. Pernas ocultas em traje de noite – racionalização do conflito e dificuldade no caminhar na vida. Pernas ausentes ou incompletas por não caber no papel – necessidade de autonomia, sem possibilidade de efetivação. Pernas juntas, fechadas ou apertadas – rigidez, tensão, tentativa de controle dos impulsos corporais ou medo de ataque sexual, isolamento, sentimentos de culpa, dificuldade de socialização ou curiosidade sexual, repressão ou problemas na área sexual (principalmente se combinam com os braços junto ao corpo). Pernas juntas e rígidas, sem sinal de movimento – self fechado para o mundo, estagnação entre a fantasia e a capacidade de realização e os impulsos internos mantidos sob um rígido controle. Pernas separadas – falta de equilíbrio (comum em pessoas com transtorno de somatização). Pernas longas – necessidade de autoafirmação social, fuga ou desajuste ao ambiente. Busca de autonomia e necessidade de independência. Pernas longas e grossas – desejo de contato, falta de possibilidade de realizar a ambição desejada ou fuga. Pernas longas e finas – inadequação e dificuldade para conseguir independência pessoal (sugere transtorno de personalidade dependente). Pernas em uma linha apenas – sentimento de inadequação e insegurança (comum em crianças). Pernas pequenas e frágeis ou curtas e finas – dificuldade de locomoção no ambiente, sentimento de inadequação, deficiência e/ou constrição no caminhar da vida (comum em transtorno de somatização). Pernas grossas – desejo de contato ou fuga e sem muita possibilidade de realização principalmente se as pernas forem curtas. Perna curta e grossa – sentimento profundo de imobilidade e falta de autonomia (sugere transtorno de personalidade dependente). Pernas arquedas – desajuste e imaturidade psicossocial. Quando não desenha a zona de bifurcação das pernas – imaturidade, desajuste, conflitos sexuais ou imaturidade psicossexual. Figura feminina com pernas torcidas desenhada por rapaz – imaturidade psicossexual e desprezo a figura. Disparidade no tamanho das pernas (comprimento, largura ou ambos) – ambivalência referente ao impulso para a autonomia ou independência. Angústia frente à realidade (comum em Deprimidos). Ênfase nos joelhos – preocupação com o corpo, insegurança, imaturidade afetiva ou sexual (comum em transtorno da personalidade obsessivo-compulsivo). Omissão das pernas – é bastante raro, sugerindo patológicos sentimentos de constrição e de castração ambiental, deteriorização (comum em Esquizofrênicos e transtorno de ansiedade generalizada). CALÇAS , SAIAS E CINTOS Calça com vista – preocupação sexual com masturbação, insegurança, medo, mas não necessariamente indício de homossexualismo. Calça com vinco – exibicionismo da masculinidade. Calça com gancho elevado – ansiedade sexual. Calça ou saia sombreada, em negrito, quadriculada ou com, transparência – ansiedade, temor de castração, medo na área sexual ou violação. Saia comprida cortada com uma linha no meio para dar idéia de calça em adultos – imaturidade afetiva e sexual. Sombreamento ou reforço na barra da calça ou saia – controle ativo ou interesse infantil em olhar a área sexual ou pernas. PÉS E DEDOS Simbolizam o contato com a realidade,as atitudes frente à vida, dão inibição da segurança de desenvolvimento no meio ambiente. Os pés são o ponto de apoio do corpo na caminhada da vida. Tocam o chão e por isso podem ser envolvidos em idéias de fobias por germes e/ou sujeira. Frequentemente são associados com sexualidade e sentimentos de culpa (são órgãos extensivos e proeminentes no corpo), dão passos, ato de afirmação que envolve os movimentos de todo o corpo (sentimento de mobilidade fisiológica e/ou psicológica na esfera interpessoal), dão chutes (implicações agressivas), são extremidades e pontos de contato (equilíbrio), representam o se posicionar no mundo (autonomia e adaptabilidade). Pés de tamanho adequado – segurança e equilíbrio para caminhar no ambiente. Pés sombreados, borrados ou distorcidos – conflito, insegurança no caminhar e no estar no mundo, constrição, dependência (sugere transtorno de personalidade dependente). Pés muito grandes – necessidade de segurança, de demonstrar virilidade ou sentimento de inadequação sexual. Pés muito pequenos – constrição, dependência e fortes sentimentos de insegurança para manter- se ou atingir os objetivos (sugere transtorno de personalidade dependente). Pés em ponta – tênue contato com a realidade, equilíbrio precário ou forte necessidade de fuga. Pés para dentro – ambivalência e falta de autonomia. Pés um para cada lado – indecisão, ambivalência, dissimulação do conflito ou posição. Pés com calcanhares e dedos – agressividade (sugere Impulso Sexual Excessivo). Pés com calcanhar muito acentuado – falta de base, dificuldade de evoluir ou problema sexual. Dedos nos pés em uma figura vestida – agressividade (sugere transtorno da conduta ou transtorno da personalidade anti-social). Omissão dos pés – timidez, insegurança no caminhar na vida, falta de autonomia e contato, sentimento de menos valia, de castração ou dificuldades sexuais (comum em pacientes Esquizofrênicos e sugere Fobia Social). Omissão por não caberem no papel – necessidade de autonomia e independência, medo ou dificuldade de satisfação. SAPATOS E MEIAS Representam o símbolo da afirmação social, nem extremo está o contato com a realidade e no outro a sexualidade e o desejo de chamar a atenção. Sapatos sombreados – dependência e dificuldade no caminhar (comum em pacientes com transtorno de personalidade Obsessivo-Compulsivo e sugere transtorno de personalidade Dependente). Sapatos de salto – na figura masculina sugere ambivalência ou tendências homossexuais. Na figura feminina, compensação por baixa estatura ou necessidade de chamar a atenção. Meias na figura masculina – preocupação com vestuário e narcisismo. Meias curtas na figura feminina – identificação com o modelo infantil (sugere Transtorno da Personalidade Dependente). ROUPAS E ACESSÓRIOS Simbolizam a necessidade de proteção, pudor e socialização. O sentido de proteger o corpo foi estendido para a necessidade da aparência social (como a pessoa é na realidade e como gostaria de parecer aos outros). O tratamento dado à roupa é pelo menos parcialmente, um reflexo do ajustamento emocional, e os conflitos expressos pela mesma são menos profundos que os conflitos expressos pelo corpo. Pacientes com tendências depressivas, assim como os com menor adequação á realidade, tendem as incluir menos vestimentos em suas figuras humanas, porém as maiorias dos pacientes apresentam as suas figuras vestidos (Lourenço Van Kolck, 1984). Traje comum completo – ajustamento interno e com a sociedade. Ausência de roupas – rebelião contra a sociedade e/ou figuras parentais, consciência de conflitos na área da sexualidade, necessidade de contato ou exibicionismo (comum em Voyeuristas). Roupa muito bem detalhada em figura de autoconceito – narcisismo pela roupa, vestuário ou sociedade, necessidade de chamar atenção e egocentrismo (comum em adultos infantilizados e sugere transtorno de personalidade narcisista). Roupas em ambas as figuras bem detalhadas e elaboradas – sentimento de inferioridade e necessidade de proteção, couraça, importância atribuída ao prestígio social e as posses dentro do sistema de valores (comum em transtorno de personalidade Obsessivo-Compulsivo e sugere transtorno de personalidade Narcisista). Ênfase no contorno da roupas (sombreamento, linha dupla, reforçada ou borrão) – conflito entre modéstia e exibicionismo, entre o impulso de expor e o controle social ou problema com a área sombreada. Roupa íntima – exibicionismo e/ou narcisismo. Traje de banho – narcisismo pelo corpo, mecanismo de compensação por estresse (vontade de estar na praia) ou debilidade física ou sexual. Traje de noite – narcisismo, desejo de chamar a atenção, de agradar e de atrair sexualmente (sugere transtorno de personalidade Narcisismo). Uniforme ou fantasia – insegurança, identidade em nível de fantasia, desprezo e hostilidade em relação a si e medo de não agradar. Figura vestida como policiais, bandidos, etc. – são encontrados nos desenhos de crianças com grandes problemas com os pais. Figura vestida como feiticeira – hostilidade para com as mulheres expressa abertamente de forma punitiva. Vaqueiros desenhados por homem – representação de uma forma mais masculina do que se sente na realidade e sentimentos de insuficiência a respeito a virilidade que se enraízam na estrutura de personalidade. COMPLEMENTOS Quando aparecem devem ser analisados. Jóias e pinturas – desejo de afirmação social, economia e/ou sexual (atrair pela aparência, sugere transtorno de personalidade narcisista). Meias e luvas – símbolo sexual, sentimento de culpa, menos valia, fantasia de realização sexual ou necessidade de status social. Cachimbo, cigarro, diplomas, armas, bengala, guarda-chuva, etc. – necessidade de proteção ou simbolismo sexual, busca e/ou luta pela virilidade. Objetos na mão (livros, jornais, pacotes, flores, bolsa, pasta, etc. –insegurança, necessidade de contato com algo e de apoio (no caso de livros, é comum em pessoas com problemas escolares, sugere transtorno de aprendizagem). Acentuação dos acessórios em detrimento dos itens essenciais na roupa – pobreza no ajustamento, dificuldade de entendimento ou sentimento de inferioridade social. Adornos (flores, lenços, broches, brincos, etc. – preocupação sexual, exibicionismo, desejo de atrair o sexo oposto, necessidade de chamar a atenção, embelezar-se ou fortes sentimentos de inferioridade social (sugere transtorno de personalidade narcisista). Abundância de pormenores: lenço no bolso, luvas, enfeites no chapéu, no vestido, bolsa ou objetos na mão, etc. – devem ser analisados em relação ao papel que desempenham (comum em transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Paisagem como tema de fundo no desenho da figura humana – sensação de ser ameaçado pelo mundo exterior, estando à mercê das forças exteriores, ausência de liberdade em relação a realidade. Ansiedade, cansaço e falta de controle sobre as idéias negativas (comum em depressivos). Acréscimo de outra figura – solidão, necessidade de companhia afetiva real ou sensação de incompetência (comum nas crianças criadas em instituições ou em famílias grandes com privação cultural). Dizeres, versos, rabiscos sem significado ou formas impróprias junto à figura – incerteza, insegurança e falta de confiança em si mesmo (com,um em esquizofrênicos). Nuvens, chuvas ou neve – ansiedade, sensação de ameaça, no caso de criança ameaçada pelo ou pelos pais (comum em transtorno depressivo). COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS FIGURAS Reflete as atitudes do paciente para os dois sexos. Um exemplo seria a criança que desenha a figura masculina menos móvel que a feminina, podendo indicar que vê o homem como mais passivo, inativo e introvertido que a mulher, que é vista como mais ativa, extrovertida ou agressiva. Figura maior e mais elaborada – maior importância e/ou valorização atribuída àquele sexo. Figura menor e menos elaborada – depreciação, hostilidadeou medo. Pequena diferenciação entre as figuras masculina e feminina – fracasso em reconhecer o sexo oposto como diferente do seu próprio, desinteresse ou medo na aceitação das características sexuais secundárias do corpo. Figura masculina menor que a figura feminina desenhada por homem – sentimento de inferioridade ou medo em relação às mulheres, identificação psicossexual conflitiva. Ambas as figuras cuidadosamente delineadas – alta inclinação para o detalhe e a ordem (comum em transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo). Pessoa pequena que se representa em figura grande – disfarce do sentimento de inferioridade, necessidade de mostra-se importante, tendência narcisista, exibicionista ou forte agressividade (sugere transtorno de personalidade narcisista). Figura feminina com trajes masculinos – ambivalência sexual ou conflito na identidade e no papel sexual (sugere homossexualismo). FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL INTRODUÇÃO Segundo Hammer (1981), a técnica de desenho da família apareceu repentinamente e obteve uma popularidade tão rápida entre os psicólogos, por intermédio da informação oral, que a sua autoria é indeterminada. Foi dado crédito a várias pessoas em diferentes regiões do mundo, mas o seu criador ainda não foi reconhecido. “Talvez com muitas invenções importantes, ela tenha surgido simultaneamente na mente de diferentes profissionais (Hammer – 1981).” Os desenhos das FAMÍLIAS (DE ORIGEM E IDEAL) têm-se mostrado extremamente úteis para conhecer a situação do examinado dentro do seio familiar. Juntamente com o HTP, vem a contribuir para a observação de determinados aspectos inconscientes e conscientes da personalidade, mais especificamente para uma abordagem da estrutura e da dinâmica da família em que o examinando está inserido. Os desenhos, além de possibilitarem o acesso às informações substanciosas, facilitam o trabalho de intervenção do profissional no contexto familiar por meio da apreensão e apresentação dos conteúdos do mundo interno do indivíduo. Na prática clínica, os resultados têm sido relevantes e comprovam a eficácia do instrumento na detecção de angústias inconscientes presentes no examinando e nas relações familiares (o examinando “grita” graficamente sua posição e seus conflitos). De acordo com Lima (em Trinca – 1997) é no contexto familiar que a criança faz as suas primeiras relações de objeto, as quais vêm posteriormente determinar as modalidades de vínculos que ela estabelece com o mundo. Os pais são os suportes preferenciais em que a criança deposita seus afetos e ansiedades, seus primeiros objetos de relação, que constituirão modelos para o resto de sua vida. do interjogo entre a família real e os sentimentos, impulsos e desejos da criança, ela constrói uma família dentro de si, que são seus objetos internos. Tal representação da família ideal molda e interfere em sua relação com a família real. Os membros da família podem crescer e ajudarem-se mutuamente ou podem repetir e projetar no mundo externo a estrutura do mundo interno de cada um, convertendo os objetos externos em prolongamentos dos objetos internos e impedindo um encontro entre o dentro e o fora familiar e interpessoal, entre o passado e o presente, entre o mundo da percepção e o mundo do significado. É na família que ocorre o processo de diferenciação e de aquisição da identidade por meio da separação/individualização. Durante esse estágio, passa-se por momentos de desorganização, que podem ser transitórios e passageiros, desde que a família seja capaz de tolerar a diferenciação do indivíduo dentro do grupo. Se, ao contrário, a família não puder conter essa mudança, sua ação será sobre o próprio indivíduo. Todo sistema busca uma forma de equilíbrio, aceitando ou elegendo um ou mais elementos do grupo como reguladores das transações familiares. Esse elemento pode tornar-se depositário do projeto dos pais e, nesta posição, funcionar como estabilizador do grupo. A família tem grande participação não só na estruturação, mas também na dinâmica e funcionamento do indivíduo, atuando muitas vezes como condutora ou indutora de atitudes e resultados. Os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL) oferecem ao psicólogo a possibilidade de penetração no mundo psíquico do indivíduo, com ênfase nos objetos internalizados e na maneira pela qual estes se formam nas relações com o ambiente familiar. Por exemplo, uma criança que se sente a favorita da família vai desenhar-se numa constelação de forma muito diferente daquela que se sente negligenciada, rejeitada ou ansiosa por atenção. Às vezes, as crianças ao desenharem a família omitem seus irmãos e irmãs. As que fazem isso invariavelmente são aquelas que sentem fortes ciúmes de seus irmãos e tentam, simbolicamente, eliminar a competição perturbadora, não desenhando tais elementos competitivos na unidade familiar. O tamanho das diferentes figuras também é uma variável importante. Imaginemos um desenho em que a figura materna seja retrada de uma forma exagerada (quando a mãe não é na realidade o genitor mais alto); isto sugere uma figura matriarcal e dominante e, se o pai é representado como uma figura pequena e insignificante, pouco maior do que as crianças, implica que este é percebido como estando pouco acima do status das crianças ou ausente. Quando desenha a família, a criança ou o adulto pode representar-se muito próximos dos progenitores, cada membro absorvido em sua própria atividade, ou colocarem-se numa posição afastada, expressando claramente os seus sentimentos de rejeição dolorosa e isolamento. A maioria dos examinandos responde adequadamente à solicitação para os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL). As resistências e/ou negação têm sido notadas em crianças cuja vida no lar é caracterizada por tumulto e violência e que adquiriram uma imagem intensamente negativa da família, mas mesmo entre essas crianças a recusa absoluta é rara. Usualmente estas desenham o grupo familiar, no qual incluem todos os irmãos e a si mesmas, mas omitem seus pais (Di Leo, 1987). NORNAS PARA APLICAÇÃO Da mesma forma que para aplicação do HTP, os desenhos das famílias incluem o uso de folhas de papel sulfite, lápis preto e borracha. O procedimento consiste em pedir ao examinando que desenhe primeiramente a sua família real (FAMÍLIA DE ORIGEM). Deve-se observar quem ele desenha primeiro, quais as pessoas que representa, qual a figura maior, como é o traçado, a linha, se põe negrito, se apaga muito, etc. terminada a FAMÍLIA DE ORIGEM, aplica-se o QUESTIONÁRIO, pede-se que desenhe uma família que gostaria de ter ou uma família que o examinando acha interessante e/ou feliz (FAMÍLIA IDEAL) e procede-se da mesma forma que no primeiro desenho. Os dois desenhos permitem uma exploração do inconsciente, com uma certa aproximação dos conflitos pessoais e as dificuldades em relação aos vínculos familiares. Permitem também observar os pontos expressivos da dinâmica familiar, tanto no plano da fantasia como em alguns casos, construir hipóteses sobre o tipo e a incapacidade dessas influências. OBSERVAÇÕES NA AVALIAÇÃO É necessário a observação global dos desenhos das famílias (DE ORIGEM E DA IDEAL) para numa segunda instância efetuar a avaliação de determinados detalhes individuais. Como já afirmado anteriormente os detalhes somente serão significativos na sua inter-relação com o todo. Nas análises parciais é preciso notar a qualidade e a composição do grafismo (análise qualitativa semente ao HTP). Determinados fatores tirados da experiência na prática clínica e observadas na avaliação dos desenhos das famílias, podem ser úteis à compreensão do material clínico como um todo. 1. Posição das figuras – simboliza a forma que o examinando apresenta a sua família, o espaço ocupado, o grau de envolvimento (aproximação/distanciamento) do examinando com o próprio eu e com os membros da família. 2. Proporção entre osdesenhos – simboliza as valências positivas ou negativas de seus membros. 3. Omissões – geralmente elucida os relacionamentos entre os membros, quando estes estão representados ou ausentes. 4. Figuras parentais – mostra a dinâmica do relacionamento com os pais. Como são vividos as funções materna e paterna, como são atribuídos os papéis e seu funcionamento dentro da dinâmica familiar. 5. Comparação entre as duas famílias (DE ORIGEM E IDEAL) – verifica se as formas de representação se mantêm ou se modificam, onde e de que maneira. 6. Análise de cada figura – a primeira pessoa desenhada geralmente é a figura de maior Valencia, positiva ou negativa. É importante fazer a análise qualitativa dos traços. Verificar sucessivamente as demais pessoas desenhadas. A finalidade dos desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMÍLIA IDEAL é detectar conteúdos inconscientes que se referem às relações do examinando com os desejos internos e externos pertencentes ao seu mundo familiar. Outra finalidade é a identificação de conflitos decorrentes das relações familiares e suas implicações. Na maiorias das vezes, a criança ou o adulto nos oferecem gratuitamente os retratos dos seus conflitos familiares, como eles veem a sua constelação familiar e como eles gostariam que fosse o ideal. Os desenhos da FAMÍLIA ORIGEM E DE IDEAL, juntamente com o HTP, podem e devem ser usados tanto no diagnósticos como no decorrer da terapia em avaliações sistemáticas (observar os casos clínicos). É um instrumento de aplicação rápida e fácil e geralmente bem aceito principalmente pelas crianças. Os resultados obtidos podem ser empregados dentro do processo terapêutico como um guia, uma definição do campo terapêutico, um indicador de metas e de áreas de alcance. Torna-se um instrumento útil ao psicoterapeuta e um ponto de referência do qual se pode partir e voltar, numa reavaliação. Os desenhos na maioria das vezes favorecem insights, que podem promover mudanças. Os pais muitas vezes ao verem os desenhos de seus filhos alcançam uma “percepção” concreta, visível e clara dos problemas familiares e consequentemente aderem com mais facilidade a psicoterapia. Com o resultado desse tipo de avaliação, temos confirmado que os desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMÍLIA IDEAL vêm se tornando cada vez mais um instrumento de presença indispensável no diagnóstico e nas reavaliações de crianças, adolescentes e adultos. POSIÇÃO DAS FIGURAS O espaço e a postura dos membros familiares simbolizam a proximidade afetiva e a confiança no relacionamento com pares (proximidade); ou autoestima rebaixada e distanciamento afetivo (afastamento). Todos os membros de pé, eretos e de frente – normal, indica uma família bem estruturada, adaptada e que encara os problemas de frente. Figuras sentadas ou agachadas – cansaço e/ou debilidade entre os membros. Pode simbolizar também instabilidade, baixo nível de energia, preocupação ansiosa com o equilibrio entre os membros ou com o membro sentado (sugere Transtorno Depressivo ou Hipocondria). Figuras deitadas – sugere patologia familiar ou pode indicar a presença de uma pessoa doente na família (deve-se fazer inquérito). Figuras que parecem estar caindo ou inclinadas – colapso e/ou instabilidade entre os membros e falta de apoio mútuo. Linha para representar o chão ou cerca para apoiar os membros – necessidade de chão ou de ajuda, instabilidade entre os membros (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). Figuras de perfil – família evasiva, dissimulada, incapaz de enfrentar os problemas de frente, os membros aparecem indiferentes e/ou estéreis afetivamente. Corpos de frente e rostos de perfil – família conflituosa, desajustada, com dificuldade de interação e contato entre os membros. Figuras de costas – família dissimulada, conflituosa, hostilidade entre os membros e, às vezes, agressão (sugere Transtorno de Conduta ou Transtorno de Personalidade Anti-Social). Desenho só do rosto dos membros – inteligência elevada, problemas com o corpo e/ou dificuldade de contato físico (sugere Hipocondria). Família com os órgãos sexuais expostos – promiscuidade no lar, autoafirmação ou descoberta do sexo (comum em adultos com problemas graves na área da sexualidade, sugere Voyeurismo). Figuras em negrito, muitos traços ou com correções e retorques – conflito com os familiares ou com o membro retocado. Distancia entre os membros da família – sentimento de isolamento, distanciamento entre os membros e falta de ressonância afetiva. Proximidade entre as figuras – sentimento de interação, solidariedade e pertinência. Cada membro da família absorvido na sua própria atividade – isolamento na família, falta de comunicação e distanciamento afetivo (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide). Família num quadrado – desejo de libertar-se e desajustamento familiar ou coesão. Família em um quadrado e o examinando desenhado separado – fortes sentimentos de rejeição e isolamento (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide). Família compartimentalizada, colocação de cada membro em uma moldura ou separado por uma linha ou quando o examinando separa a si mesmo dos pais pela colocação de uma peça de mobília ou aparelho de televisão – falta de comunicação entre os membros, sentimento de afastamento da interação familiar, sensação de isolamento, distanciamento afetivo ou de distância para com o membro desenhado (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide). Família em que cada membro está desenhado em um canto da página – intenso sentimento de afastamento da interação familiar quando os membros da família não compartilham sequer o mesmo plano, o problema é mais grave (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide). Família sentada em frente a uma mesa grande e vazia – distância emocional entre os membros e intensos sentimentos de afastamento da interação familiar (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide). Família separada em grupos – divisão familiar. Família de mãos dadas, pai ou mãe puxando os demais – cerceamento, prisão e falta de liberdade. Examinando que se desenha isolado – expressão de rejeição dolorosa e isolamento (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide ou Transtorno Depressivo). Figura dentro de um círculo - desejo inconsciente de eliminar ou afastar a própria representação da pessoa mais importante ou alguém doente na família (fazer inquérito). Colocação do sujeito próximo de um dos pais ou irmão (ã) – sensação de pertinência e preferência ou sentimentos negativos para com aquele membro. Figura riscada – problemas em relação a essa figura. Desenhar e riscar uma figura – desejo de se afastar, sentimentos de hostilidade frente à pessoa ou conflitos. Figura desenhada tapando uma outra figura – desejo de ocultar essa figura ou ciúmes. Desenho de uma vizinha – maior intimidade e afetividade com a vizinha ou conflito com a pessoa. Desenho de pessoas mortas – fixação ou conflitos com as mesmas. Representação do examinando em primeiro lugar – sensação de ser o mais importante, egocentrismo ou mecanismo de compensação por sentimentos de rejeição. Representação do examinando em último – cerceamento, isolamento e sensação de não receber a devida atenção. PROPORÇÃO ENTRE OS DESENHOS Fornece um paralelo das atitudes do examinando para com os membros da família. Quando baseado na idade de cada um – desejo de perfeição ou falta de criatividade e/ou preferências, rigidez ou equilibrio emocional entre os membros (sugere Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Figura maior dentro da família – indica maior importância positiva ou negativa, com sentimentos de valorização, hostilidade ou conflitos. (Fazer Inquérito) Figura menor dentro da família – sentimentos de menos valia, depreciação, hostilidade ou superioridade frente à figura. Genitor dominante – geralmente é desenhado maior que o outro, sem ser levado em conta suas reais dimensões físicas. Simboliza maior importânciae/ou valorização do mesmo, figura que dá mais atenção ou desejo que seja a figura ideal. A figura maior pode ter valência positiva ou negativa. Cabeça maior de um dos pais – atribui maior autoridade a esta figura e maior valência positiva ou negativa. Disparidade entre os membros, irmão menor desenhado maior e vice-versa – conflitos e/ou dificuldade com esse(a) irmão(ã) ou este(a) é considerado(a) o(a) mais importante, atencioso(a) ou percepção tendenciosa de si mesmo e dos outros (quanto maior a disparidade, maior a possibilidade de desajuste). Pai ou mãe representados como uma figura pequena e insignificante pouco maior que a criança – pai ou mãe percebidos como sendo pouco acima das crianças, ausentes e sem muitos significados. Irmão ou irmã maior que o pai e/ou mãe – sentimento de ciúme ou maior importância, que lhe dá mais atenção. Desenho de um(a) irmão(ã) bebê, do mesmo tamanho que os outros – sensação de que o bebê é um forte competido e que põe em risco a posição do examinado dentro na família, até então exclusiva. Pai desenhado menor que a mãe – a mãe é vista como uma figura mais dominante e/ou mais atenciosa. OMISSÕES Refletem os sentimentos de proximidade, ciúmes, rejeições e conflitos entre os familiares. Examinando que se inclui no desenho – sentimentos de pertinência e de fazer parte da família. Omissão do examinando do grupo familiar – sentimentos de rejeição, de não participar do grupo familiar, de não ser apreciado(a), querido(a), de ser inferior, de não receber a afetividade desejada ou rivalidade entre os irmãos. Pode tanto ser rejeição como sentir-se rejeitado ou desejo de afastar-se. comum em crianças adotadas, à medida que se aproximam da adolescência, momento em que a identidade se torna a maior preocupação; e acontece o mesmo entre aqueles que vivem com seus pais verdadeiros, mas que se sentem rejeitados (sugere Transtorno Depressivo). Omissão dos pais e inclusão de si e dos irmãos – medo, dificuldade e conflitos com as figuras parentais. Quando um dos pais não mora com a família e o examinando o desenha como fazendo parte da mesma – recusa em assimilar uma realidade inaceitável, ligação com o genitor ausente, vínculo não desfeito e conflitos. Quando um dos pais vive com a família, mas a criança não o desenha – ressentimento e mágoas para com o membro ausente. Omissão de irmão ou irmã – ciúmes dos irmãos. FIGURAS PARENTAIS Refletem a origem, a estruturação e as modalidades dos vínculos familiares. Pequena diferenciação entre a mãe e o pai – fracasso em reconhecer características diferentes entre os pais, desinteresse ou medo frente aos progenitores. Pai e/ou mãe expressão afetuosa – calor no lar, sensação de pertinência, acolhimento, sentimento de interação e solidariedade. Pai e/ou mãe desenhado(a) em primeiro lugar – figura dominante, a mais importante, a mais afetiva ou a mais agressiva. Pai e/ou mãe com expressão severa e/ou proibitiva – tendência ao retraimento, medo e isolamento. Pai e/ou mãe assistindo à televisão, fumando, comento, praticando um esporte ou escondendo o rosto atrás do jornal – pai e/ou mãe ausente, afastamento dos interesses, cuidados e atividades familiares, sentimento de ser negligenciado (quando o pai é visto como ausente, é menos grave do que a mãe, e geralmente os efeitos são menos profundos). Pai e/ou mãe como uma figura assustadora, com mãos grandes, dedos longos e pontiagudos – a criança vê o pai ou a mãe como rígido(a) e punitivo(a), evidente rejeição e crueldade física e mental, frequentemente racionalizada como disciplina e treinamento para o melhoramento da criança. Pai ou mãe atirando coisas no lixo – forte ressentimento de rejeição e sensação de ser como um objeto a ser descartado. Pai e/ou mãe cozinhando ou servindo comida – símbolo de dar calor e amor no lar (dando afeto). Pai e/ou mãe fazendo trabalhos domésticos – sensação de não ser tão importante quanto a ordem e limpeza, que o cuidado com a casa é mais importante do que a criança. Família de “marcianos”, artistas, cantores de rock, etc. – sentimento de que só em lugar distante pode encontrar proximidade e interação familiar. Expectativa de que aceitação e proximidade familiar não podem ser atingidas neste mundo e tendência a buscar satisfação na fantasia. Família de figuras geométricas, despersonalizadas ou desumanizadas – deterioração do lar, da família, violência, tumulto, conflitos, atitude controlada, racionalizada e sem emoção (comum em crianças que vivem sob condições deterioradas no lar). Família com excesso de membros (tios, avós, primos) – dificuldade em perceber a família de origem, confusão, dificuldade de ligação afetiva e solidão (tem muita gente e não tem ninguém), pais ausentes ou ainda pode simbolizar uma “grande” família unida e solidária. HTP Cromático Na fase cromática do HTP-F, solicita-se ao examinando que realize uma nova série de desenhos. O psicólogo deve recolher os desenhos já realizados, apresentar novas folhas de papel e os lápis de cor ou crayons nas cores: vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e laranja. Retira- se o lápis preto nº2 pra que o examinando não seja tentado a fazer o esboço a lápis e depois colorir. As instruções iniciais são as seguintes:”Agora por favor desenhe uma CASA colorida”; depois pede- se a ÁRVORE e a FIGURA HUMANA. Não deve falar ao examinando para desenhar “outra” CASA OU “outra” ÁRVORE, pois pra a maioria das pessoas a palavra “outra” implicaria em não poder duplicar seus desenhos acromáticos. O objetivo é dar ao examinando a maior liberdade de escolha possível. Na série acromática permite-se ao examinando o uso da borracha, o que não permitido na série cromática. Segundo Hammer (1981), “o HTP cromático permite derrubar as defesas e mostrar a nu um nível mais profundo da personalidade do que é possível com o conjunto de desenhos acromáticos, e desta maneira é possível derivar uma hierarquia grosseira dos conflitos e defesas do sujeito, obtendo-se uma descrição mais rica de sua personalidade”. A série cromática visa a suplementar a série acromática tirando partido do fato de que duas amostras de comportamento sempre são melhores do que uma só. OBSERVAÇÕES NA AVALIAÇÃO do HTP-cromático É importante observar como o examinando usa os lápis de cor ou crayons. As pessoas psicologicamente mais sãs lançam-se com confiança à tarefa cromática (as crianças na maioria das vezes mostram imenso prazer), utilizam cores mais cálidas, aplicam uma pressão firme e segura, refletindo assim maior autoafirmação e confiança nas áreas emocionais que as cores representam. Em outro extremo do contínuo desta posição intermediária mais sã, estão os examinandos que utilizam uma pressão quase selvagem (acalcam com tanta força o crayon que muitas vezes chegam a quebrá-los), e em seus desenhos as cores geralmente estão em desarmonia. Este grupo é caracterizado por um estado de tensão com excessiva labilidade de humor ou emoções turbulentas com necessidades internas discordantes. Um outro grupo pega o crayon com certa ansiedade, mostrando traços fracos e incertos, preferindo cores escuras, como o preto ou marrom (cores menos perigosas), revelando assim restrições da personalidade, incertezas e dificuldade em se posicionar no mundo. A escolha – quanto mais vagarosa e indecisa a escolha das cores por parte do examinando, maior é a possibilidade de o item que está sendo produzido ter um significado especial para ele. Emprego da cor pelo examinando – deve-se observar se ele usa a cor somente para produzir linhas (como faz com o lápis preto), sombrea áreas maiores ou sombrea algumas áreas e outras não. Cor usada somente para o contorno – timidez emocional (sugere Transtorno Depressivo). Cor usada para sombrear – sobreado leve indica na maioria das vezes sensibilidadel. Sombreado forte geralmente implica ansiedade. Área da página sombreada – o esperado é que o examinandopinte menos de ¾ da página. Quando ultrapassa esse limite, mesmo que seja um colorido bem controlado, indica uma certa emotividade. Quanto mais colorido for o fundo e quanto mais esse colorido invadir o desenho, maior a problemática. Controle – é avaliado pela qualidade das linhas e pela habilidade do examinado em manter um sombreado uniforme e dentro das linhas periféricas. Um colorido que ultrapassa as linhas periféricas sugere uma resposta impulsiva aos estímulos. Consistência – grande inconsistência de desenho para desenho no uso da cor, pede uma investigação cuidadosa. Número de cores empregadas para cada desenho – o esperado é de três a cinco cores para a CASA, de duas a três para a ÁRVORE e de três a cinco para a FIGURA HUMANA. Uso inferior a esses número de cores – corresponde a examinandos incapazes de estabelecer livremente relações interpessoais quentes e compartilhadas, são pessoas mais tímidas emocionalmente (tendem a usar o crayon ou o lápis de cor como se fosse o lápis preto, não colorindo os desenhos). Uso excessivo de cores – especialmente quando combinado com o uso não convencional, é comum em indivíduos que manifestam uma incapacidade para exercer um controle adequado sobre seus impulsos emocionais (o psicótico pode desenhar oito janelas e pintar cada uma de uma cor, revelando sua falta de controle e de contato com a realidade). Uso de muitas cores em crianças – normal. Em geral as crianças tendem a fazer um uso maior e mais indiscriminado de cores que o adulto. Isto vem de encontro à crença que a resposta emocional precede à resposta intelectual no desenvolvimento da maturidade. Crianças mais velhas tendem a diminuir a necessidade do uso de muitas cores, sugerindo que o autocontrole aumente com a idade. Uso de muitas cores em adultos – descontrole das emoções (comum em Esquizofrênicos, que geralmente usam muitas cores e sem muita crítica, indicando a falta de controle das emoções). Adaptação às convenções – é interessante observar se as cores usadas obedecem às cores convencionais dos elementos. Em geral usa-se preto ou marrom para a fumaça, vermelho ou marrom para o telhado, etc. Adaptação à realidade – deve-se lembrar que o desenho da FIGURA HUMANA é muito difícil adaptar-se à realidade com as oito cores mencionadas, como por exemplo para produzir uma cor de pele. A maior parte dos examinandos simplesmente usam lápis preto para delinear todas as parte descobertas da pessoa. Isto é uma quebra da realidade, mas não é sério porque é um método popular de representação. Disposição das cores Cores separadas – expansão, porem com emoções controladas ou dirigidas, desejo de ordem e equilíbrio. Cores entrelaçadas, mescladas – menor controle emocional. Cores superpostas – regressão, conflito emocional e conflito na relação eu-mundo. Cores desordenadas, justapostas de modo confuso, com negligência – confusão mental, descontrole, sem noção de limite e desorganização psíquica. Cores cuidadosamente dispostas, ocupando toda a área disponível – desejo de perfeição e disciplina rígida (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). Simbolismo das cores Segundo E. Hammer (1981), deve-se sempre oferecer oito cores ao examinando: amarelo, azul, laranja, marrom, preto, verde, vermelho e violeta. Da mesma forma que o HTP acromático, não existe uma universalidade dos símbolos para a integração dos desenhos. A simbologia das cores varia de cultura para cultura, ocorrendo uma diversidade de interpretações. No entanto, quanto mais bizarro for o emprego da cor, maior a probabilidade de ter um significado representativo. Amarelo – é a cor da luz, do ouro e do sol. É a cor preferida por pessoas alegres, desinibidas, flexíveis e espontânea. Quando usada com muita ênfase sugere agressividade ou hostilidade; em crianças, um comportamento mais dependente e emocional. Azul – é a cor do céu, do espírito. A contemplação do azul determina profundidade, sentimento de penetração no infinito, sensação de leveza e contentamento. É a cor preferida por pessoas calmas, seguras, equilibradas e mais controladas. Laranja – é a cor que está a meio caminho entre o amarelo e o vermelho, simboliza o ponto de equilíbrio entre o espírito e a libido. É a cor preferida por pessoas confiantes, perseverantes, independentes e extrovertidas. Quando usada com muita ênfase no adulto sugere superestima de si mesma ou projeção de problemas e afetos no exterior; já nas crianças, desejo de conseguir algo e se valorizar. Marrom – é a cor da terra, da força de estruturação do ego, da resistência psíquica, da perseverarão emocional e do fanatismo. Escurecido, ele possui a vitalidade e a força impulsiva do vermelho, só que de forma atenuada. É a cor preferida de pessoas passivas, indiferentes, inseguras e observadoras das regras. Quando usada com muita ênfase por crianças sugere inibição ou repressão. Verde – é a cor da natureza, do crescimento, da criação, da reprodução, é chamada a cor do equilíbrio. É a cor preferida por pessoas sensíveis, sociáveis e com facilidade de inter-relação com os outros. Quando usado com muita ênfase nas crianças sugere dificuldade de expressão nas emoções. Vermelho – universalmente considerado como o símbolo fundamental do princípio da vida, é a cor do sangue. É uma cor ativa e estimulante, que produz emoções rápidas e fortes. Quando usado com muita ênfase por adultos sugere alta excitabilidade, infantilidade ou falta de autocrítica. O interesse pelo vermelho decresce à medida que a criança supera a fase impulsiva e ingressa na fase da razão. Violeta ou roxo – é a cor resultante da mistura do vermelho com o azul, conservando as propriedades de ambos, embora seja uma cor distinta. Quando usado com muita ênfase por adultos sugere fortes impulsos para o poder; já nas crianças reflete um temperamento mais sombrio ou tristeza.