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Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Sumário 1 ROTEIRO ............................................................................................................................................................................................ 2 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................... 4 3 PASSIVO CIRCULANTE E PASSIVO NÃO-CIRCULANTE ..................................................................................................... 4 3.1 FORNECEDORES ....................................................................................................................................................................... 12 3.2 TÍTULOS A PAGAR .................................................................................................................................................................... 13 3.3 DIVIDENDOS PROPOSTOS A PAGAR OU DIVIDENDOS A PAGAR ................................................................................................ 13 3.4 DEBÊNTURES A PAGAR ............................................................................................................................................................ 16 3.4.1 Conceito de debêntures ..................................................................................................................................................... 16 3.4.2 Exemplo de contabilização ............................................................................................................................................... 18 3.4.3 Deságio na emissão de debêntures ................................................................................................................................... 19 3.4.4 Prêmio da emissão de debêntures – alteração na Lei das S/A......................................................................................... 20 3.4.5 Conversão de debêntures em ações .................................................................................................................................. 23 3.4.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas às debêntures ............................................................................. 24 3.5 SALÁRIOS A PAGAR E ENCARGOS SOCIAIS A RECOLHER ......................................................................................................... 27 3.6 ADIANTAMENTO DE CLIENTES................................................................................................................................................. 31 3.7 ADIANTAMENTOS RECEBIDOS PARA AUMENTO DE CAPITAL................................................................................................... 32 3.8 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS BANCÁRIOS – A PAGAR ................................................................................................... 33 3.8.1 Empréstimos x Financiamentos ........................................................................................................................................ 34 3.8.2 Débitos de funcionamento x de financiamento ................................................................................................................. 34 3.8.3 Juros .................................................................................................................................................................................. 34 3.8.4 Juros antecipados (ou Juros passivos a transcorrer)....................................................................................................... 35 3.8.5 Variações monetárias passivas ......................................................................................................................................... 36 3.8.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas a empréstimos e financiamentos ............................................... 37 3.9 PROVISÕES ............................................................................................................................................................................... 39 3.9.1 Provisão para riscos fiscais, riscos trabalhistas ou relativos ao direito do consumidor................................................ 39 3.9.2 Provisão para férias .......................................................................................................................................................... 40 3.9.3 Provisão para 13o salário ................................................................................................................................................. 41 3.9.4 Provisão para o Imposto de Renda e a Contribuição Social ........................................................................................... 41 3.10 PARTICIPAÇÕES NO RESULTADO.............................................................................................................................................. 55 4 OBSERVAÇÕES SOBRE O EXTINTO GRUPO “RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS” ................................... 58 4.1 DEFINIÇÃO ORIGINAL DO REF E SUA APLICAÇÃO TRADICIONAL............................................................................................ 58 4.1.1 Proposta de mudança na Lei das S/A x REF .................................................................................................................... 58 4.1.2 Contas originalmente componentes do extinto REF......................................................................................................... 59 4.2 EXTINÇÃO DO GRUPO REF – MEDIDA PROVISÓRIA N° 449, DE 2008..................................................................................... 61 4.3 REF X ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS........................................................................................................................................... 62 5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ............................................................................................................................................................... 62 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................................................................................................................ 62 5.2 CAPITAL SOCIAL ...................................................................................................................................................................... 66 5.2.1 Conceito............................................................................................................................................................................. 66 5.2.2 Relevância do conceito...................................................................................................................................................... 67 5.2.3 Ações e quotas de capital .................................................................................................................................................. 68 5.2.4 Capital social subscrito x capital social realizado........................................................................................................... 73 5.2.5 Aumento de capital e capital autorizado .......................................................................................................................... 75 5.2.6 Funcionamento esquemático das contas representativas do capital ............................................................................... 79 5.3 RESERVAS ................................................................................................................................................................................ 80 5.4 RESERVAS DE CAPITAL ............................................................................................................................................................83 5.4.1 Ágio na emissão de ações.................................................................................................................................................. 86 5.4.2 Prêmio na emissão de debêntures–retirado do rol de reservas de capital pela Lei n° 11.638, de 2007 ........................ 92 5.4.3 Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição ................................................................................................ 99 5.4.4 Doações e subvenções para investimentos–retirado do rol de reservas de capital - Lei n° 11.638, de 2007 .............. 109 5.4.5 Lucro na Alienação de ações em tesouraria (reserva que nunca esteve prevista na Lei das S/A)................................ 123 5.4.6 Correção monetária do capital social realizado (com constituição proibida na Lei das S/A) ..................................... 125 5.5 RESERVAS DE REAVALIAÇÃO – REAVALIAÇÃO PROIBIDA PELA LEI N° 11.638, DE 2007 ..................................................... 133 5.5.1 Notas iniciais................................................................................................................................................................... 133 5.5.2 Considerações gerais sobre o instituto da reavaliação ................................................................................................. 134 5.5.3 Função patrimonial da antiga reavaliação de ativos..................................................................................................... 136 5.5.4 Exemplo de reavaliação e comentários .......................................................................................................................... 138 5.5.5 Conclusão sobre a reavaliação....................................................................................................................................... 144 5.6 AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL – NOVO GRUPO CRIADO A PARTIR DA LEI N° 11.638, DE 2007 .............................. 144 5.6.1 Normas infra-legais exaradas pela CVM destinadas à convergência entre as práticas brasileiras e os padrões internacionais - §§ 3º e 5o do art. 177 .............................................................................................................................................. 148 5.6.2 Ativos e passivos decorrentes de aplicações financeiras em títulos disponíveis para a venda ..................................... 154 5.6.3 Fusões, cisões e incorporações vinculadas à efetiva transferência de controle - Art. 226 § 3o.................................... 160 5.6.4 Apresentação do funcionamento dos ajustes de avaliação patrimonial ........................................................................ 163 5.7 RESERVAS DE LUCROS ........................................................................................................................................................... 164 Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 1 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo 5.7.1 Reserva legal ................................................................................................................................................................... 167 5.7.2 Reservas para contingências........................................................................................................................................... 180 5.7.3 Reserva de lucros a realizar ........................................................................................................................................... 189 5.7.4 Reservas estatutárias....................................................................................................................................................... 191 5.7.5 Reservas de lucros para planos de investimento (retenção de lucros) .......................................................................... 192 5.7.6 Reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos .................................................................................. 193 5.7.7 Reserva de incentivos fiscais – criada pela Lei n° 11.638, de 2007 .............................................................................. 194 5.7.8 Obs.: limite do valor das reservas de lucro .................................................................................................................... 197 5.8 LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS – ATUALMENTE DENOMINADA CONTA “PREJUÍZOS ACUMULADOS”....................... 198 5.9 AÇÕES EM TESOURARIA......................................................................................................................................................... 201 5.9.1 Conceito e condições para aquisição de ações pela companhia ................................................................................... 201 5.9.2 Lançamentos contábeis referentes à aquisição e alienação de ações pela própria companhia ................................... 203 5.9.3 Operações societárias relacionadas com a existência de ações em tesouraria ............................................................ 204 6 RESUMO.......................................................................................................................................................................................... 208 1 Roteiro Nesta aula, damos continuidade ao estudo das demonstrações contábeis, finalizando a apresentação dos conceitos atinentes – especificamente – ao Balanço Patrimonial. Em aulas anteriores, já foram vistos grupos patrimoniais componentes do Ativo, portanto, aqui, serão estudados os grupos componentes do Passivo Exigível (Passivo circulante e Passivo não-circulante1) e Patrimônio Líquido. Adicionalmente, serão tecidos comentários acerca do antigo grupo “Resultados de Exercícios Futuros”, extinto pela Medida Provisória n° 449, de 2008. A seguir, encontra-se uma lista das contas que serão nesta aula estudadas: a) Passivo circulante e Passivo não-circulante a. Fornecedores b. títulos a pagar c. Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar d. Debêntures a pagar e. Salários a Pagar e encargos sociais a recolher f. Adiantamento de clientes g. Adiantamentos recebidos para aumento de capital 1 O termo “Passivo não-circulante” foi introduzido na redação da Lei das S/A pela Medida Provisória n° 449, de 2008, e se refere ao grupo patrimonial anteriormente denominado “Passivo Exigível a Longo Prazo”. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 2 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo h. Empréstimos e financiamentos bancários i. principal ii. juros e variações monetárias passivas i. provisões i. provisão para férias ii. Provisão para 13o salário iii. Provisão para o imposto de renda iv. Provisão para a contribuição social j. Participações no resultado b) Comentários acerca do antigo grupo “Resultados de exercícios futuros” (extinto pela Medida Provisória n° 449, de 2008) c) Patrimônio Líquido a. capital social i. Capital realizado ii. Capital autorizado b. Reservas i. Definição de reservas ii. Classificação das reservas c. reservas de capital i. ágio na emissão de ações ii. Prêmio na emissão de debêntures (retirado do rol das reservas de capital pela Lei n° 11.638, de 2007) iii. Doações e subvenções para investimentos (retirado do rol das reservas de capital pela Lei n° 11.638, de 2007) iv. Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição v. Obs.: Lucro na alienação de ações em tesouraria (reserva de capital prevista pela legislaçãotributária) vi. Reserva de correção monetária do capital social realizado d. As antigas reservas de reavaliação e os ajustes de avaliação patrimonial introduzidos pela Lei n° 11.638, de 2007, que alterou a redação da Lei das S/A Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 3 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo e. Reservas de lucros i. Reserva legal ii. Reserva para contingências iii. Reserva de lucros a realizar iv. Reservas estatutárias v. Reservas e lucros para planos de investimento (retenção de lucros) vi. Reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos vii. Reserva de incentivos fiscais (incluída no rol das reservas de lucro pela Lei n° 11.638, de 2007) f. Os antigos lucros ou prejuízos acumulados – atualmente admitidos apenas os prejuízos acumulados, em decorrência da Lei n° 11.638, de 2007, que alterou a redação da Lei das S/A g. Ações em tesouraria 2 Introdução Caro estudante. Nesta aula, serão estudadas as contas tipicamente componentes dos grupos patrimoniais do passivo (em sentido amplo – alcançando o passivo exigível e o PL, conforme consta do nosso Plano de Contas Proposto). Assim, após uma breve recordação dos conceitos teóricos atinentes a cada um desses grupos (e a seus respectivos subgrupos), apresentaremos o funcionamento de cada uma de suas contas componentes. 3 Passivo circulante e Passivo não-circulante O passivo circulante integra, junto com o Passivo não-circulante (anteriormente denominado “exigível a longo prazo”), o chamado passivo real, qual seja, aquela parcela do passivo que representa as obrigações da entidade para com terceiros. O IBRACON trata o conceito de exigibilidade em seu pronunciamento "IX - Passivo Exigível", no qual define exigibilidades como obrigações assumidas por uma empresa de entregar, a terceiros, uma parte de seu ativo ou lhes prestar serviços. Assim, conceitua passivos exigíveis como apenas aquelas obrigações que podem ser objeto de mensuração monetária, ou seja, são obrigações futuras resultantes de transações completadas. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 4 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Com o fito de esclarecer o conceito, o IBRACON apresenta três características que devem estar presentes para se ter um passivo exigível: a) a obrigação deve existir no momento, e decorrer de transações passadas; b) a obrigação deve ser passível de mensuração monetária por uma quantia definida ou razoavelmente estimada; e c) o credor e a data em que a obrigação se torna exigível devem ser conhecidos ou passíveis de ser estimados com razoabilidade. Com base na primeira característica acima, conclui-se que uma obrigação que possa resultar de uma transação ou evento futuro não é uma exigibilidade, pois o evento futuro pode não se concretizar (como é o caso de simples caução, fiança ou outra qualquer garantia de dívida de terceiros). Em decorrência do processo de convergência das práticas contábeis brasileiras com os padrões internacionais, no qual a alteração da Lei das S/A ocorrida no início de 2008 se insere, foi elaborado pelo CPC2 o “Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação da Demonstrações Contábeis”, aqui referido – simplesmente – por “Estrutura Básica da Contabilidade”. Pois bem, na “Estrutura Básica da Contabilidade” constam, no mesmo sentido acima apresentado, as características do passivo exigível: a) o passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos; b) a decisão da Administração de uma entidade de adquirir ativos no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente – a obrigação normalmente surge somente quando o ativo é entregue ou a entidade assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo; c) a extinção do passivo implica entrega de recursos capazes de gerar benefícios econômicos (para satisfazer o direito da outra parte): (1) pagamento em dinheiro; (2) transferência de outros ativos; (3) prestação de serviços; (4) substituição da obrigação por outra; ou (5) conversão da obrigação em capital. Uma obrigação pode também ser 2 Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 5 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo extinta por outros meios, tais como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos creditícios; d) Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de um elevado grau de estimativa – no Brasil, esses passivos são descritos como provisões; e) um passivo é reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que uma saída de recursos envolvendo benefícios econômicos seja exigida em liquidação de uma obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará possa ser determinado em bases confiáveis - o reconhecimento do passivo exige o reconhecimento dos correspondentes ativo ou despesa. Para fins de esclarecimento, encontram-se reproduzidos a seguir os itens da “Estrutura Básica da Contabilidade” que tratam especificamente das características do passivo: Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. Uma característica essencial para a existência de um passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente. Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou fazer de uma certa maneira. As obrigações podem ser legalmente exigíveis em conseqüência de um contrato ou de requisitos estatutários. Esse é normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por mercadorias e serviços recebidos. Obrigações surgem também de práticas usuais de negócios, usos e costumes e o desejo de manter boas relações comerciais ou agir de maneira eqüitativa. Se, por exemplo, uma entidade decide, por uma questão de política mercadológica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se tornado conhecidos depois que expirou o período da garantia, as importâncias que espera gastar com os produtos já vendidos constituem-se passivos. Deve-se fazer uma distinção entre uma obrigação presente e um compromisso futuro. A decisão da Administração de uma entidade de adquirir ativos no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente. A obrigação normalmente surge somente quando o ativo é entregue ou a entidade assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo. Neste último caso, a natureza irrevogável do acordo pode significar que as conseqüências econômicas de deixar de cumprir a obrigação, por exemplo, por causa da existência de uma penalidade significativa, deixem a entidade com pouca ou nenhuma alternativa para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte. A liquidação de uma obrigação presente geralmente implica na utilização, pela entidade, de recursos capazes de gerar benefícios econômicos a fim de satisfazer o direito da outra parte. A extinção deuma obrigação presente pode ocorrer de diversas maneiras, por exemplo, por meio de: pagamento em dinheiro; transferência de outros ativos; prestação de serviços;substituição da obrigação por outra; ou conversão da obrigação em capital. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 6 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Uma obrigação pode também ser extinta por outros meios, tais como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos creditícios. Passivos resultam de transações ou outros eventos passados. Assim, por exemplo, a aquisição de mercadorias e o uso de serviços resultam em contas a pagar (a não ser que pagos adiantadamente ou na entrega) e o recebimento de um empréstimo resulta na obrigação de liquidá-lo. Uma entidade pode também reconhecer como passivo futuros abatimentos baseados no volume das compras anuais dos clientes; nesse caso, a venda das mercadorias no passado é a transação da qual deriva o passivo. Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de um elevado grau de estimativa. No Brasil esses passivos são descritos como provisões. A definição de passivo, constante do parágrafo 49, tem um enfoque amplo e assim, se a provisão envolve uma obrigação presente e satisfaz os demais critérios da definição, ela é um passivo, ainda que seu valor tenha que ser estimado. Exemplos incluem obrigações por pagamentos a serem feitos para satisfazer acordos com garantias em vigor e provisões para fazer face a obrigações de aposentadoria. Pelo que foi acima apresentado, podemos concluir que não houve alteração no conceito de passivo exigível. Apenas para fins didáticos e sedimentação dos conceitos acima apresentados, encontra-se a seguir, figura representativa das características básicas do passivo: obrigação atual U = obrigações liquidação com desembolso de um benefício passivo resultante de eventos passados Dentro do passivo exigível, temos dois grandes subgrupos: o passivo circulante e o passivo não-circulante. O passivo circulante é segregado do passivo não-circulante, com base no mesmo princípio que norteia a separação entre ativo circulante e ativo não-circulante (em específico o ativo realizável a longo prazo), qual seja, o prazo: (a) de realização dos recursos (no caso dos ativos); e (b) de exigência das obrigações (no caso dos passivos). Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 7 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Assim, como regra geral de segregação entre o circulante e o não- circulante: - para ativos, classificam-se no ativo circulante os recursos realizáveis até o final do próximo exercício e, no ativo não-circulante os recursos realizáveis após o final do próximo exercício; - para passivos, classificam-se no passivo circulante as obrigações exigíveis até o final do próximo exercício e, no passivo não-circulante as obrigações exigíveis após o final do próximo exercício. Cabe aqui um breve comentário sobre as duas exceções ao critério do exercício (período de 12 meses), utilizado para segregar o Ativo Circulante do Ativo não-circulante e sua aplicabilidade na segregação dos grupos do passivo, quais sejam: a) empresas com ciclo operacional superior a 12 meses; b) obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com pessoas ligadas. Com relação a empresas cujo ciclo operacional seja superior a 12 meses, a lei das S/A é clara e determina que a exceção também é aplicável ao passivo. Nesse sentido, o artigo 180 da Lei das S/A dispõe que as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circulante, serão classificados no passivo circulante, quando vencerem no exercício seguinte, e no passivo não-circulante, se tiverem vencimento em prazo maior observado o disposto no parágrafo único do artigo 179. Para fins de esclarecimento, encontram-se reproduzidos, abaixo, os dispositivos citados: Passivo Exigível Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do artigo 179. Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não-circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) ... Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: ... Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 8 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Ora, com essa observação final do art. 180, referenciando o parágrafo único do art. 179 da Lei das S/A, resta claro que, quando o ciclo operacional da empresa for superior a um exercício social, – assim como ocorre com o ativo – deve-se considerar um critério especial para reconhecimento do curto prazo e do longo prazo no passivo. Neste caso: - o curto prazo deve compreender tanto os direitos realizáveis como as obrigações exigíveis até o término do ciclo operacional; e - o longo prazo deve compreender tanto os direitos realizáveis como as obrigações exigíveis após o término do ciclo operacional. Entretanto, essa simetria entre ativo e passivo, no que diz respeito ao critério de segregação entre o curto prazo e o longo prazo, não se verifica com relação a obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com pessoas ligadas. Com efeito, a Lei das S/A não apresenta qualquer dispositivo nesse sentido, quando trata do passivo exigível – no art. 180. Com efeito, a Lei das S/A se limita, ao tratar do Ativo, no art. 179, a determinar que os créditos decorrentes de transações não usuais com pessoas ligadas sejam classificadas no Ativo não-circulante (especificamente no Ativo Realizável a Longo Prazo), independentemente do prazo previsto para sua realização. A interpretação sistemática desses dois artigos (sempre à luz dos Princípios Fundamentais de Contabilidade) indica que essa exceção não é aplicável ao passivo. Nesse diapasão, cabe lembrar que seria esperado que uma empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não apresentasse a existência de um direito a receber no curto prazo que – presumidamente – não teria interesse em cobrar (de parte a ela relacionada), sendo apropriada a apresentação desse direito no longo prazo; mas, de forma nenhuma, seria esperado que essa mesma empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não explicitasse a existência no curto prazo de uma obrigação por ela contraída para pagamento no mesmo curto prazo (ainda que relativa a uma parte a ela relacionada). Finalmente,cumpre frisar que este é o entendimento da doutrina majoritária. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 9 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Entretanto, alguns autores entendem de forma diferente, entre eles, Milton Augusto Walter e Ricardo J. Ferreira que afirma “não faz sentido classificar, de acordo com o prazo de exigibilidade, dívidas com pessoas que, por serem ligadas ao devedor, provavelmente não irão adotar medidas rígidas para a cobrança”3. Com o maior respeito, discordamos dessa opinião, pelos motivos acima apresentados e ressalvamos que a Escola de Administração Fazendária, em questões de concurso, demonstrou que também discorda dessa opinião, conforme será apresentado a seguir, no item “Exercícios de Fixação (Questões de concurso – resolvidas e comentadas)”4. De acordo com o disposto no art. 184 da Lei das S/A, em sua redação original, os elementos do passivo exigível deviam ser avaliados com base nos seguintes critérios: (1) obrigações, encargos e riscos – pelo valor atualizado até a data do balanço; (2) obrigações em moeda estrangeira – atualizadas pela taxa de câmbio na data do balanço; (3) obrigações sujeitas a correção monetária – atualizadas até a data do balanço. A seguir, para fins de clareza, o citado dispositivo – em sua redação original – encontra-se reproduzido: Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço; II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço; III - as obrigações sujeitas à correção monetária serão atualizadas até a data do balanço. Em obediência ao acima disposto, no caso de obrigações sobre as quais incidissem juros, ao valor delas devia ser adicionado o valor dos juros já incorridos (pelo regime de competência), para apuração do valor atualizado do passivo. Cumpre referir, entretanto, que recentemente a Lei das S/A foi alterada pela Lei n° 11.638, de 2007, e, em seguida, pela Medida Provisória n° 3 Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. – Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004. p.263. 4 Com efeito, de várias questões de concurso apresentadas neste curso, apenas uma terá o gabarito oficial em consonância com esse entendimento. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 10 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo 449, de 2008. Nessa alteração, houve uma leve modificação nos conceitos de avaliação do passivo, tratados no art. 184 da Lei das S/A: - manteve-se o critério de avaliação das obrigações, encargos e riscos (valor atualizado até a data do balanço) e das obrigações em moeda estrangeira (conversão à taxa de câmbio da data do balanço); - entretanto, foi retirada a referência às obrigações sujeitas à correção monetária e, em seu lugar, foi introduzida a obrigação de ajuste a valor presente. A introdução da aplicabilidade do ajuste a valor presente a elemento do passivo foi semelhante àquela dada à avaliação do Ativo: as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não-circulante passaram a ser necessariamente ajustados ao seu valor presente, devendo os demais passivos ser ajustados quando isso implicar efeito relevante no patrimônio. A seguir, para fins didáticos, apresentamos as redações (antiga e atual) do dispositivo em questão: Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço; II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço; III - as obrigações sujeitas à correção monetária serão atualizadas até a data do balanço. III – as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo exigível a longo prazo serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) Aqui, cabem as mesmas considerações feitas antes para o Ativo. Adiante, no estudo do passivo exigível, retomaremos o tema e apresentaremos exemplos de aplicação do ajuste a valor presente introduzido pela Lei n° 11.638, de 2007, na Lei das S/A. Feitas essas necessárias considerações e retomando os conceitos inicialmente expostos quanto a esse grupo patrimonial, verificamos que o passivo circulante e o passivo não-circulante formam as exigibilidades; por isso, o conjunto desses dois grupos também é conhecido, genericamente, como passivo exigível. As contas mais representantes do passivo exigível são: - fornecedores; Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 11 de 214 Fornecedores Débitos Créditos no momento do pagamento no caso de desconto, abatimento ou devolução no caso de renegociação ou perdão de natureza credora no momento de compras a prazo (no valor da respectiva Nota Fiscal ou Fatura) de natureza credora Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo - títulos a pagar; - salários a Pagar; - encargos sociais a recolher; - dividendos a pagar; - adiantamento de clientes; - empréstimos bancários; - variações monetárias passivas e - provisões para pagamento de tributos, férias, décimo terceiro salário etc. Obs.: o rol de contas acima pode figurar duas vezes no Balanço Patrimonial: uma no Passivo Circulante e outra no Passivo não- circulante, conforme a data prevista de exigibilidade do respectivo valor. 3.1 Fornecedores A conta Fornecedores, também denominada “Duplicatas a pagar” (numa referência ao título mais comumente utilizado para a operação de compra a prazo), ou ainda (genericamente) “Contas a pagar”, é uma conta de natureza credora que tem por função registrar os valores das compras a prazo de mercadorias, matérias-primas e outros materiais ou serviços, que, via de regra, constam das notas fiscais de entrada ou das faturas. Essa conta receberá lançamentos a crédito pelas compras a prazo e a débito pelos pagamentos, descontos, abatimentos ou devolução de compras, ou eventualmente por renegociação ou perdão de dívidas, conforme apresentado na tabela a seguir: Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 3 4 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 12 de 214 Títulos a pagar Débitos Créditos no momento do pagamento no caso de perdão da dívida de natureza credora no recebimento do empréstimo ou financiamento no momento da renegociação da dívida com o fornecedor (com débito na conta fornecedores) de natureza credora Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 DemonstraçõesContábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo 3.2 Títulos a pagar Registram-se nesta conta as obrigações contraídas pela empresa a título de empréstimo ou financiamento, através de pessoas físicas ou jurídicas que não sejam instituições financeiras. Essa conta também pode ser utilizada para registrar o valor de obrigação contraída pela empresa para com terceiros que não seja por compra a prazo – exemplificativamente, em decorrência de uma renegociação de dívida referente a compras a prazo. Será creditada pelo recebimento do empréstimo ou financiamento ou, ainda, no momento da renegociação de dívida existente, e debitada pelos pagamentos ou excepcionalmente pelo perdão da dívida, conforme tabela a seguir. Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 3 4 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) 3.3 Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar Por dividendos entende-se a parte do lucro que cabe a cada ação (componente do capital social). Do ponto de vista etimológico, a palavra “dividendos” é bastante elucidativa, pois consiste no resultado da “divisão” do lucro pelo número de ações. Assim, para que haja dividendos a pagar (ou propostos a pagar) é necessário que: (1) a companhia tenha auferido (anteriormente) lucro e que (2) aqueles que têm competência para decidir o que fazer com esse Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 13 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo lucro auferido tenham proposto ou decidido sua distribuição aos acionistas5. Ora, já foi visto neste curso6 que: a) ao final de cada exercício, é apurado o lucro (com a utilização de uma conta intermediária “Apuração do Resultado do Exercício”); b) o valor apurado é transferido, desta conta intermediária, para o Patrimônio Líquido; e c) a conta que registra a entrada do lucro apurado, no patrimônio líquido, é a conta anteriormente denominada Lucros e Prejuízos Acumulados (LPA)7. O valor do lucro apurado, que ingressa no Patrimônio Líquido através de seu registro na conta LPA tem três possíveis destinos: (1) ficar “guardado”, no patrimônio, para eventual utilização futura, registrado como reserva de lucro; (2) ser distribuído aos acionistas, como dividendos a pagar; ou (3) ser reinvestido pelos acionistas na formação do patrimônio da empresa, como aumento de capital8. O caso ora estudado é o segundo, acima: a distribuição do lucro aos acionistas na forma de dividendos. Assim, a contrapartida da obrigação 5 Lembrando que a Diretoria, sendo o órgão de direção, tem competência para propor a distribuição do resultado, mas que a Assembléia Geral (como órgão máximo deliberativo de uma companhia) é que tem competência para aprovar a proposta e decidir definitivamente a distribuição do resultado. 6 Especificamente quando do estudo dos lançamentos de encerramento do exercício. 7 Com a alteração da Lei das S/A, decorrente da Lei n° 11.638, de 2007, no balanço não mais pode ser apresentado “lucro acumulado”, apenas “prejuízo acumulado” (ver nova redação dada ao art. 178, § 2º, III). Entretanto, a denominação da conta continua sendo LPA (Lucros e Prejuízos Acumulados), pois tanto o lucro quanto o prejuízo passa por ela, antes de ser destinado. Saliente-se que, pela nova redação da Lei das S/A, após a destinação, nesta conta somente pode haver registro de prejuízo acumulado. 8 A antiga Conta LPA, atualmente conhecida como conta PA, funciona – metaforicamente – como o “Portal de entrada” do resultado no patrimônio. Importante lembrar que, apesar da denominação PA (Prejuízos Acumulados), o eventual lucro deve ser – no procedimento de fechamento do exercício – transferido para a referida conta, sendo daí direcionado para reservas de lucro, par o capital ou para os dividendos a distribuir. Em outras palavras, nessa conta não pode ficar registrado qualquer valor do eventual lucro que transita por ela, somente valores referentes a eventuais prejuízos. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 14 de 214 Dividendos propostos a pagar Débitos Créditos no momento da aprovação pela assembléia (com contrapartida na conta Dividendos a pagar) de natureza credora no momento da proposta de dividendos pela administração (com contrapartida na conta LPA) de natureza credora Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo “Dividendos propostos a pagar” será a própria conta LPA, conforme exemplo a seguir (no qual é proposta a distribuição de R$ 1.000,00 a título de dividendos): D = LPA 1 - C = a Dividendos propostos a pagar 1.000,00 O valor registrado na conta Dividendos propostos a pagar deve ser aquele constante da proposta de pagamento de dividendos apresentada pelo Conselho de Administração (ou pela Diretoria) à assembléia geral de acionistas. A assembléia geral de acionistas, como o órgão máximo deliberativo de uma Sociedade Anônima, decidirá aceitar ou não a proposta dos órgãos de administração (o que ordinariamente ocorre). Nesse caso, a conta Dividendos propostos a pagar deve ser debitada, com o correspondente crédito na conta Dividendos a pagar, conforme exemplo a seguir: D = Dividendos propostos a pagar 2 - C = a Dividendos a pagar 1.000,00 Finalmente, a conta dividendos a pagar deverá ser debitada quando do pagamento, conforme lançamento exemplificativo a seguir: D = Dividendos a pagar 3 - C = a Caixa 1.000,00 A partir dos conceitos acima, é possível apresentar esquematicamente o funcionamento das contas “Dividendos propostos a pagar” e “Dividendos a pagar”, conforme tabelas a seguir: Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 15 de 214 Dividendos a pagar Débitos Créditos no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa) de natureza credora no momento da aprovação pela assembléia (com contrapartida na conta Dividendos propostos a pagar) de natureza credora Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 3 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) 3.4 Debêntures a pagar 3.4.1 Conceito de debêntures Debêntures são títulos de crédito privativos de sociedade anônima, que conferem a seus titulares um direito de crédito contra a companhia emitente, podendo assegurar aos credores, também, variações monetárias/cambiais, juros, participação no lucro e, ainda, a possibilidade de sua conversão em ações. As debêntures são emitidas pela sociedade Anônima como forma de obtenção de empréstimo direto perante o público (ao contrário dos empréstimos normais, geralmente contratados com instituições financeiras e que apresentam – via de regra - taxas de juros mais altas e prazos mais exíguos). O debenturista não é sócio, mas credor da empresa. Portanto asdebêntures representam dívidas da empresa para com terceiros, divida essa que pode adicionalmente vir a conferir a seu titular direito de participação nos resultados e juros calculados sobre o valor de face dos títulos e ainda a possibilidade de conversão em ações. As debêntures são títulos negociáveis normalmente de longo prazo, em que a companhia outorga aos credores garantias (propriedades, bens, aval do emitente, etc.). Em que pese o fato das debêntures, ao contrário das ações, não serem títulos de participação, mas sim de crédito, trata-se de crédito que pode ter muito longo prazo, inclusive prazo incerto, conforme se depreende da leitura do art. 55 § 3o da Lei das S/A: § 3º A companhia poderá emitir debêntures cujo vencimento somente ocorra nos casos de inadimplemento da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou de outras condições previstas no título. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 16 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Repare que, no caso acima, a companhia pode emitir debêntures que não tenha data certa de vencimento conhecida. Mesmo sem a determinação do prazo de exigência, essa situação já enseja o reconhecimento do passivo exigível, posto que seu pagamento não está pendente de condição (evento futuro e incerto), mas sim de termo incerto (evento futuro e certo, porém não determinado no tempo). Com efeito, para entendimento do que está aí dito, é necessário conhecer os conceitos de termo e condição. (1) condição é evento futuro e incerto - uma coisa que, no futuro, pode ocorrer ou não - ex: ser aprovado no próximo concurso. (2) termo é evento futuro e certo - uma coisa que eu tenho certeza que vai acontecer no futuro - o conceito de termo se divide em "termo certo" e "termo incerto": (2.a) termo certo = algo que sei que vai acontecer e quando vai acontecer (ex.: o próximo dia de natal - 25/12) e (2.b) termo incerto = algo que sei que vai acontecer, mas que não sei quando vai acontecer (ex.: o dia da minha morte). A deliberação sobre a emissão de debêntures é de competência privativa da Assembléia de acionistas, não podendo o valor total das emissões ultrapassar o capital social da companhia, salvo exceção expressa em lei. Para colocação das debêntures no mercado é necessária a realização de alguns gastos (contratação de instituição para coordenar o processo de divulgação e captação de recursos). Esses gastos devem ser registrados contabilmente como despesas antecipadas, que deverão ser apropriadas ao resultado proporcionalmente ao prazo de vencimento das debêntures. Como remuneração, as debêntures – geralmente – concedem (1) juros (fixos ou variáveis), pagos periodicamente, (2) variação monetária, atrelada a algum índice ou taxa e (3) – eventualmente – participação nos resultados. Cabe referir que a variação monetária é, via de regra, agregada ao valor da obrigação inicial, para pagamento na data do resgate; ao contrário, os juros e as participações no resultado são pagos periodicamente. Assim, no plano de contas, além da conta Debêntures a pagar, deve figurar, também, as contas “Juros sobre debêntures a pagar” e “Participações sobre debêntures a pagar”. De uma forma didática, metafórica e bem humorada, podemos apresentar as debêntures como sendo “Promissórias metidas a besta”. Equivalem a promissórias porque representam dívidas contraídas pela empresa por recebimento de valores de terceiros; e são metidas a besta porque apresentam as seguintes características especiais (que as diferenciam das promissórias em geral): - são emitidas apenas por sociedades anônimas (enquanto notas promissórias podem ser emitidas por qualquer pessoa); Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 17 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo - podem dar direito a juros, variações monetárias e participação no resultado da Sociedade Anônima (remuneração não prevista para notas promissórias); - podem, desde seu lançamento, prever sua conversão em ações (o que não é característico de notas promissórias). 3.4.2 Exemplo de contabilização A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima descritos. a) Na emissão da série de debêntures, pelo valor de X: D = Bancos (ou caixa) 1 - C = a Debêntures a pagar (PC/PELP) x b) Na atualização monetária do valor da dívida, aumentando-a no valor Y: D = Variações monetárias p assivas 2 - C = a Debêntures a p agar (PC/PELP) y O valor das variações monetárias se incorporou à dívida principal “Debêntures a pagar”. c) Na apropriação dos juros, pelo valor Z: D = Despesas com juros (financeiras) 3 - C = a Juros sobre debêntures a pagar z Repare que o valor dos juros não se incorporou à dívida das debêntures, mas formaram obrigação própria (juros sobre debêntures a pagar). d) Na destinação dos lucros para debenturistas: D = Despesa com participação de debenturistas 4 - C = a Participação de debenturistas a pagar w Da mesma forma que ocorrido com os juros, o valor da participação nos lucros também não se incorporou à dívida das debêntures, mas formaram obrigação própria (Participação de debenturistas a pagar). e) No resgate da série de debêntures: D = Debêntures a p agar (PC/PELP) 5 - C = a bancos (ou caixa) x + y Repare – finalmente – que, para resgate das debêntures, é necessário desembolsar o valor da dívida original, acrescido do valor das variações monetárias. Saliente-se que o valor dos juros e da participação nos lucros é pago periodicamente e, portanto, não deve ser novamente exigido no momento do resgate. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 18 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo 3.4.3 Deságio na emissão de debêntures Pode ocorrer deságio na emissão de debêntures, quando o título é negociado por preço inferior ao seu valor nominal (inicialmente fixado no respectivo documento de emissão). Nessa situação, haverá um ingresso de valor em caixa (ou bancos) inferior ao valor da dívida nominalmente contraída (constante do valor de face do título), com uma correspondente perda. Ocorre que esta perda não está imediatamente incorrida, pois somente se concretizará (patrimonialmente) à medida que transcorrer o período de maturação do título (prazo compreendido entre sua colocação e seu resgate). Para registro da perda decorrente da emissão do título com deságio, com vencimento ainda a transcorrer, deve ser registrada uma conta patrimonial (com natureza de ativo) que apresente o valor total correspondente a essa perda e que seja amortizada – como despesa – proporcionalmente ao prazo transcorrido, ou seja, pro rata tempore. Afirmamos que esta conta tem uma natureza de ativo porque – metaforicamente – representa o direito (da empresa) de manter o valor do ingresso (dinheiro) recebido quando do lançamento do título, em caixa/bancos, pelo tempo compreendido entre seu lançamento e o respectivo vencimento, quando então a dívida deverá ser finalmente paga. Visto que o deságio na emissão de debêntures corresponde a um “direito”, temos que seu valor deve ser registrado em uma conta de Ativo Circulante (ou não-circulante - Ativo Realizávela Longo Prazo). Autores, entretanto, preferem classificar esta conta como retificadora do Passivo9, o que não altera em nada seu funcionamento, mas apenas o local de sua classificação (do outro lado, mas com o sinal contrário – negativo). A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima descritos, considerando uma série de debêntures com valor nominal de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 9.000,00 e considerando o prazo de 10 anos para seu resgate. 9 De uma forma bem humorada e em oposição ao conceito de conta retificadora do ativo (que denominados de contas do tipo “Travesti”), podemos entender essas contas retificadoras do passivo como sendo contas do tipo “Sapatão”: com natureza de ativo e funcionamento de ativo, mas que ficam registradas no passivo (com o saldo invertido – negativo). Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 19 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo a) Na emissão da série de debêntures: D = Diversos 1 - C = a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00 D = Caixa (ou Bancos) 9.000,00 D = Deságio na emissão de debêntures 1.000,00 b) na amortização pro rata tempore do deságio (ao final do primeiro ano): D = Despesa de amortização de deságio na emissão de debêntures 2 - C = a Deságio na emissão de debêntures 100,00 10 3.4.4 Prêmio da emissão de debêntures – alteração na Lei das S/A Vimos acima a situação de deságio na emissão de debêntures. Pode ocorrer, também, o contrário: ágio na emissão de debêntures (situação tecnicamente denominada “Prêmio na emissão de debêntures”). Tal situação ocorre quando é recebida, pela companhia, uma quantia superior ao valor nominal das debêntures (recebe-se um valor acima do valor da dívida contraída). Isso ocorre, normalmente, quando as vantagens oferecidas pela empresa aos debenturistas são atrativas, como, por exemplo: juros, participação nos resultados da empresa, opção de conversão das debêntures em ações, etc. O recebimento de um valor superior ao da dívida contraída aumenta o valor do patrimônio e, conseqüentemente, se encaixaria – em tese – no conceito de receita. Ocorre que o tratamento contábil ao prêmio na emissão de debêntures foi objeto de alteração, a partir de 2008, por conta da Lei n° 11.638, de 2007. Assim, com o fito de compreender profundamente o conceito, faremos o cotejo do tratamento dado ao prêmio na emissão de debêntures pela Lei das S/A, antes e depois de sua alteração pela Lei n° 11.638, de 2007. 10 Obs.: por motivos didáticos, no exemplo apresentado, consideramos a amortização linear do deságio na emissão de debêntures (R$ 1.000,00 (/) 10 (=) R$ 100,00). Entretanto, cabe colocar que o valor do dinheiro no tempo deve ser calculado pelo método exponencial. Adiante, em nosso curso, quando for tratado em específico o assunto “ajuste a valor presente”, no âmbito da captação de recursos, esse tema voltará a ser explorado, com maior profundidade. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 20 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo 3.4.4.1 Tratamento dado ao prêmio na emissão de debêntures durante a vigência da redação anterior da Lei das S/A Em que pese, teoricamente, o efeito patrimonial do recebimento de prêmio na emissão de debêntures se encaixar no conceito de receita, até 2007, o prêmio na emissão de debêntures não era considerado receita, mas era tratado pela Lei das S/A – em sua redação então vigente – de forma especial. A redação original do art. 182 da Lei das S/A determinava que esse valor fosse registrado diretamente no Patrimônio líquido (no item Reservas de Capital)11. A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima descritos, considerando a legislação anteriormente vigente e os seguintes dados: o lançamento de uma série de debêntures com valor nominal de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 11.000,00: D = Caixa (ou Bancos) 11.000,00 1 - C = a Diversos C = a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00 C = a Prêmio na emissão de debêntures (PL) 1.000,00 Cumpre referir que, mesmo na vigência da legislação anterior, já havia autores como, por exemplo, os autores do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, que criticavam o fulcro patrimonial das disposições normativas, argumentando que esse valor deveria ser inicialmente registrado no antigo grupo Resultado de Exercícios Futuros12 e apropriado às receitas (ou à reserva de capital) proporcionalmente pro rata tempore. 3.4.4.2 Tratamento dado ao prêmio na emissão de debêntures com a alteração da Lei das S/A O art. 182 da Lei das S/A, de altíssima importância para a definição da estrutura do Balanço Patrimonial, que define a composição do Patrimônio Líquido, foi profundamente alterado pela Lei 11.638, de 2007, e, posteriormente pela Medida Provisória n° 449, de 2008. A 11 Tópico a ser exaustivamente estudado adiante nesta aula. 12 Grupo extinto pela Medida Provisória n° 449, de 2008, cujos elementos passaram a ser considerados receitas diferidas, no Passivo não-circulante; tópico também a ser exaustivamente estudado adiante nesta aula. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 21 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo seguir, o referido dispositivo encontra-se reproduzido, em parte – com o texto anterior riscado – seguido do texto modificado: Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; d) as doações e as subvenções para investimento. c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007) d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007) ... Percebe-se, pela redação acima, uma sensível alteração: a redução do conjunto de elementos componentes das Reservas de Capital, com a retirada dos itens: (1) “prêmio recebido na emissão de debêntures” e (2) “doações e subvenções para investimento”. Com essa alteração, o prêmio na emissão de debêntures passou a ser classificado como Receita (pelo regime de competência), compondo o resultado do exercício (lucro ou prejuízo). Com relação ao assunto, a CVM informou, em comunicado ao mercado acerca das alterações da Lei das S/A, de janeiro de 2008, que entende que o prêmio recebido normalmente faz parte das condições da negociação das debêntures, em função da atratividade desse papel ou da sua precificação, como, por exemplo, a fixação de taxa de juros acima da média do mercado. Nesse caso, o prêmio recebido, configura uma receita não realizada,que deveria ser classificada como Resultado de Exercício Futuro13, para apropriação ao resultado em função do prazo das debêntures e do reconhecimento também no resultado das despesas de juro. Ele corresponde, economicamente, a uma redução da taxa 13 Grupo extinto pela Medida Provisória n° 449, de 2008, cujos elementos passaram a ser classificados como “receita diferida” no Passivo não-circulante. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 22 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo efetiva de juros dessa dívida. A nova lei, segundo entendimento da CVM, veio, dessa forma, a corrigir uma distorção contábil contida na lei societária. A seguir, apresentamos o mesmo exemplo, trabalhado no item anterior, considerando: o lançamento de uma série de debêntures com valor nominal de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 11.000,00. Analisaremos, entretanto, a seguir, o exemplo proposto, à luz da legislação introduzida pela Lei n° 11.638, de 2007, ora em vigor e demonstraremos a contabilização dos fatos descritos: a) Na emissão da série de debêntures: 1 - C = a Diversos C = a Debêntures a p agar (PC/PELP) 10.000,00 C = a Prêmio na emissão de debênt ures (Receitas Diferidas) 1.000,00 b) na amortização pro rata tempore do deságio (ao final do primeiro ano): D = Preêmio na emissão de debênt ures (Receit as Diferidas) 2 - C = a Receit a de amort iz ação do p rêmio na emissão de debêntures 100,00 14 3.4.5 Conversão de debêntures em ações Foi colocado, acima, que uma das características especiais das debêntures é a possibilidade de sua conversão em ações. Esse é um dos atrativos das debêntures para o público. Nesse caso, a escritura de emissão de debêntures deve especificar as bases da conversão, o prazo ou a época em que o debenturista poderá exercer esse direito. De posse do título, o debenturista adquire, então, a opção de receber, no vencimento da debênture, alternativamente: (1) o valor do título em dinheiro ou (2) ações da companhia, em substituição ao título. Pela relevância patrimonial da possibilidade de conversão de debêntures em ações, recomenda-se que, no plano de contas da companhia, haja duas diferentes contas discriminando as debêntures não conversíveis em ações das debêntures conversíveis em ações. Exemplificativamente, o lançamento de conversão de debêntures em ações, no valor de R$ 1.000,00 encontra-se a seguir: D = Debêntures a pagar 1 - C = a capital social 1.000,00 14 Considerando, por simplificação, a realização linear do prêmio. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 23 de 214 Debêntures a pagar Débitos Créditos no momento do pagamento (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) de natureza credora no momento da emissão das debêntures (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) no momento da atualização monetária das debêntures (com contrapartida em conta de resultado) de natureza credora Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Repare que, no exemplo acima, foi considerado que o valor da dívida da companhia (R$ 1.000,00) era idêntico ao valor do aumento de capital por ela realizado (R$ 1.000,00). Assim, do ponto de vista patrimonial, a empresa: - deixa de ter a obrigação de desembolsar R$ 1.000,00 para pagamento de dívida com terceiros; - terceiros passam a ser acionistas da empresa e integralizam o aumento de capital mediante perdão da dívida (conferindo à companhia os títulos representativos da dívida – debêntures). No caso do aumento de capital ser menor do que o valor da dívida perdoada surgirá – no patrimônio da companhia – uma outra “Reserva de Capital” (a reserva de “ágio na emissão de ações”, que será estudada a seguir nesta aula). 3.4.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas às debêntures Nas tabelas a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos acima apresentados, o funcionamento das contas relativas a debêntures. Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 3 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 24 de 214 Juros sobre debêntures a pagar Débitos Créditos no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa) de natureza credora no momento em que os juros são incorridos (com contrapartida em conta de resultado) de natureza credora Participação de debenturistas a pagar Débitos Créditos no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa) de natureza credora no momento em que as participações são apuradas (com contrapartida em conta de resultado) de natureza credora Des ágio na emis s ão de debêntures Débitos Créditos de natureza devedora no momento da emis s ão das debêntures com des ágio (com contrapartida na conta debêntures a pagar) de natureza devedora na amortização do des ágio (com contrapartida em conta de resultado) Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Modelo de funcionamento de contas contábeis s i 1 2 s f Legenda s i - Saldo inicial s f - Saldo final 1, 2, 3, ... - números , referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e res pectivos lançamentos ) Obs.: Conforme já explicado, a conta “Prêmio na emissão de debêntures” – na vigência da redação anterior da Lei das S/A era Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 25 de 214 Reserva de capital - prêmio na emissão de debêntures Débitos Créditos aumento de capital ou absorção de prejuízos de natureza credora na emissão da série de debêntures (com recebimento de valor superior ao valor nominal do título) (com contrapartida em conta de bens/direitos ou passivo perdoado) de natureza credora Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo classificada no PL e, portanto, devia ter seu funcionamento apresentado adiante, quando do estudo das contas de Patrimônio Líquido e – em especial – as reservas de capital. Entretanto, com a alteração da Lei das S/A, esse prêmio passou a figurar como despesas diferidas (no passivo não circulante)15 ou, excepcionalmente, no próprio passivo exigível (nos casos em que haja disposição contratual prevendo eventual devolução do valor recebido a título de prêmio). Assim, encontra-se a seguir representado o funcionamento esquemático da conta, com base na legislação anteriormente vigente. Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) A seguir, apresentamos o modelo defuncionamento esquemático do prêmio na emissão de debêntures de acordo com a legislação atual. 15 Até a edição da Medida Provisória n° 449, de 2008, em Resultados de Exercícios Futuros. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 26 de 214 Prêmio na emissão de debêntures Débitos Créditos na realização da receita adiantada (com contrapartida em conta de Receita) de natureza credora no momento do recebimento do adiantamento (com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos) de natureza credora Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo Modelo de funcionamento de contas contábeis si 1 2 sf Legenda si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) 3.5 Salários a Pagar e encargos sociais a recolher Os salários, assim como os encargos sociais incorridos em um mês e pagos em outro, devem ser registrados, conforme determina o princípio da competência dos exercícios, como despesa ao final do mês – baseando-se na folha de pagamento do mês – independentemente de seu pagamento. Esse registro deve incluir todos os proventos e descontos que compõem o relatório mensal da folha, registrando-se a crédito as obrigações e a débito os pagamentos e descontos incidentes sobre a folha. Resumidamente, apresentamos as contas de passivo exigível relacionadas com a folha de pagamento, acima referidas: - Salários a pagar – valor a ser entregue ao empregado, por ter trabalhado na empresa durante um período; - Cota patronal a recolher – valor a ser recolhido aos cofres do INSS pela empresa, suportado patrimonialmente por ela na condição de empregadora; - FGTS a recolher – valor a ser recolhido para a Caixa Econômica Federal, suportado patrimonialmente pela empresa, na condição de empregadora, a ser depositado em conta do empregado (para saque em situações especiais definidas em lei); - Provisão para férias e Provisão para 13o salário – valores suportados patrimonialmente pela empresa, relativos a futuros pagamentos (de adicional de férias e 13o Salário), a serem realizados no momento em que o empregado gozar desses direitos garantidos, pela legislação (itens a serem estudados em separado, adiante); Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 27 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo - Imposto de Renda na Fonte a recolher – valor inicialmente contido na conta salários a pagar e dela retirado (por ser patrimonialmente suportado pelo empregado) representando a obrigação, da empresa, de recolher parte do valor do salário do empregado, diretamente ao Tesouro Nacional – na forma de Imposto de Renda Retido na Fonte – na qualidade de fonte pagadora dos rendimentos do empregado; - INSS do empregado a recolher – valor inicialmente contido na conta salários a pagar e dela retirado (por ser patrimonialmente suportado pelo empregado) representando a obrigação, da empresa, de recolher parte do valor do salário do empregado, diretamente ao INSS – na forma de Contribuição Previdendiária retida pela empregadora. Esse assunto foi exemplificativamente tratado neste curso, quando do estudo dos fatos contábeis (1) “Apropriação da folha de pagamentos”; (2) “Pagamento dos salários”; e (3) “Recolhimento dos tributos incidentes sobre a folha”. Para fim de contextualização do lançamento na apresentação das demonstrações financeiras, a seguir, voltamos ao exemplo e reapresentamos os lançamentos, resumidamente. Seja uma empresa que tenha um conjunto de empregados e que, ao final do mês, tenha que pagar seus salários, no valor bruto de R$ 10.000,00, bem como respectivos tributos e encargos incidentes sobre a folha de pagamento. Considerando o salário bruto no valor de R$ 10.000,00, temos a seguinte memória de cálculo da despesa suportada pela empresa: Salário bruto 10.000,00 incluindo salário, horas extras e gratificações (-) Descontos IRRF (1.000,00) somatório do IRRF de cada empregado, calculado conforme tabela progressiva mensal do IRPF INSS (1.100,00) INSS do empregado, calculado à alíquota de 11% sobre o salário bruto (+) encargos Sociais Cota Patronal INSS 2.000,00 contribuição previdenciária suportada pela empresa - cota patronal, calculada à alíquota de 20% FGTS 800,00 contribuição para o fundo de garantia por tempo de serviço, suportada pela empresa e calculada à alíquota de 8% (+) 13o salário 1.066,67 1/12 do salário bruto acrescido dos encargos sociais INSS (cota patronal) e FGTS (+) férias 1.422,22 1/12 do salário bruto e dos encargos sociais, acrescido de 1/3 desse valor Total de despesas 15.288,89 Total pago ao empregado 7.900,00 O registro contábil do fato “apropriação da folha de pagamento”, nos termos acima descritos, encontra-se nos lançamentos a seguir: D = Despesa com Folha da Pagamento 1 C = a Salários a Pagar 10.000,00 Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 28 de 214 Curso on-line – AFRFB 2009 – Contabilidade Decifrada – Aula 11 Demonstrações Contábeis –Parte III– Estrutura e funcionamento de contas no Passivo D = Encargos sobre a Folha de Pagamento 2.800,00 C = a Diversos 2 C = a Cota Patronal a Recolher 2.000,00 C = a FGTS a Recolher 800,00 D = Despesa com Provisões sobre a Folha 2.488,89 C = a Diversos 3 C = a Provisão para 13o Salário 1.066,67 C = a Provisão para Férias 1.422,22 Após a apropriação da folha de pagamentos, ocorre o pagamento propriamente dito dos salários, conforme lançamentos a seguir: D = Salários a Pagar 1 C = a Caixa 7.900,00 D = Salários a Pagar 2 C = a INSS a Recolher 1.100,00 D = Salários a Pagar 3 C = a IRRF a Recolher 1.000,00 Adicionalmente, é necessário o recolhimento de tributos e encargos sobre a folha, nos termos dos seguintes lançamentos: D = Diversos C = a Caixa 4.900,00 D = IRRF a Recolher 1.000,00 1 D = INSS a Recolher 1.100,00 D = FGTS a Recolher 800,00 D = Cota Patronal a Recolher 2.000,00 Finalmente, cabe referir que – em momento futuro – em dezembro ou no mês de férias, deve o ocorrer o pagamento dos valores relativos às provisões constituídas (para férias e 13º). Com exceção das contas de provisão para férias e provisão para 13o salário, que serão detalhadamente estudadas a seguir, apresentamos – nas tabelas abaixo – o funcionamento esquemático das contas acima relacionadas. Luiz Eduardo Santos www.pontodosconcursos.com.br Página 29 de 214 Salários a pagar Débitos Créditos na retenção do Imposto de Renda na fonte (com contrapartida na conta IRF a recolher) na retenção da Contribuição INSS - empregado (contrapartida na conta INSS - empregado - a recolher) no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa/Bancos) de natureza credora ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento (com contrapartida em conta de resultado) de natureza credora Cota Patronal a Recolher Débitos Créditos no momento do recolhimento ao INSS (com contrapartida na conta Caixa/Bancos) de natureza credora ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento (com contrapartida em conta de resultado) de natureza credora FGTS a Recolher Débitos Créditos no momento do depósito (com contrapartida na conta Bancos) de natureza credora
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