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Planejamento, programação e informações em Saúde Pública PDF

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PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO 
E INFORMAÇÕES EM 
SAÚDE PÚBLICA
W
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A
01
30
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2.
0
2
Alexandra Bulgarelli do Nascimento
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E 
INFORMAÇÕES EM SAÚDE PÚBLICA
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Fabiane Gorni Borsato
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
_________________________________________________________________________________________ 
Nascimento, Alexandra Bulgarelli do
N244p Planejamento, programação e informações em Saúde 
 Pública/ Alexandra Bulgarelli do Nascimento, – Londrina: 
 Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020.
 45 p.
 
 ISBN 978-65-87806-82-2
 
 1. Planejamento estratégico 2. Saúde pública 3. 
 Informações em saúde I. Título. 
CDD 610 ____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 6/2786
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4
SUMÁRIO
O conceito de território e diagnóstico local __________________________ 05
Planejamento estratégico, tático e operacional e programação 
local em saúde ______________________________________________________ 18
Sistemas de Informação em Saúde Pública _________________________ 34
Sistemas de avaliação de serviços de saúde pública_________________ 47
PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E INFORMAÇÕES EM SAÚDE PÚBLICA
5
O conceito de território 
e diagnóstico local
Autoria: Alexandra Bulgarelli do Nascimento
Leitura crítica: Fabiane Gorni Borsato
Objetivos
• Compreender o território como meio para 
identificação e resposta às necessidades em saúde e 
ao enfrentamento de vulnerabilidades. 
• Discorrer sobre a identificação das necessidades em 
saúde e das vulnerabilidades.
• Apresentar o diagnóstico local em saúde como 
método para resposta às necessidades em saúde e 
ao enfretamento de vulnerabilidades.
6
1. Introdução
As necessidades em saúde são inúmeras, complexas e decorrentes 
de aspectos inerentes ao contexto em que as pessoas estão inseridas, 
sejam eles de natureza social, cultural, econômica, entre outros. Ao se 
compreender como essas pessoas vivem no território em que coexistem, 
as ações de planejamento ganham potência para responder a suas 
necessidades em saúde.
Nesta aula, o objetivo é nos aproximarmos de conteúdos que permitam 
apreender o quão importante é a compreensão acerca do território e 
do diagnóstico local, como mecanismos que, quando bem empregados, 
contribuem para responder efetivamente às necessidades de saúde, em 
especial de grupos sociais vulneráveis.
1.1 Território
Uma primeira ideia que usualmente está relacionada ao conceito de 
território é aquela que se refere ao limite geográfico. Por exemplo, 
vamos pensar em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) que realizou uma 
ação de bloqueio por meio de vacinação em massa para proteger contra 
uma doença imunoprevenível em dois quarteirões de um determinado 
bairro que apresentou um grande quantitativo de novos casos da 
doença. Nesse caso, em um primeiro momento, podemos associar 
a ideia de território à de limite geográfico, ou seja, em relação a um 
espaço físico (ruas, quarteirões, bairros, municípios, regiões etc.), que 
demandou uma ação pontual de um ou mais serviços de saúde.
No entanto, vamos supor que, no dia da realização da ação de vacinação 
em massa das pessoas residentes nos dois quarteirões desse bairro, 
30% delas estivessem trabalhando fora de casa. Nesse caso, a ação de 
bloqueio seria efetiva? Esse questionamento decorre da necessidade 
de que, para viabilizar a ação de bloqueio com maior assertividade, faz-
7
se necessário que o serviço de saúde envolvido na ação, aqui a UBS, 
conheça a dinâmica de trabalho das pessoas que residem no local.
Portanto, não é suficiente delimitar o território geográfico para ter 
sucesso na ação em saúde proposta; é necessário também que o 
sistema e os serviços de saúde compreendam outras características 
inerentes à forma de viver das pessoas desse território. Você consegue 
pensar quais seriam essas outras características?
Vários estudiosos da área, fortemente influenciados por Milton Santos, 
importante geógrafo e crítico brasileiro, concebem o território como um 
elemento dinâmico e vivo, cujas transformações influenciam a forma 
como as pessoas vivem, trabalham, adoecem e morrem (SANTOS, 2004). 
Essa ideia com maior adensamento de compreensão é fundamental 
para subsidiar as práticas de planejamento em saúde. Caso a ideia de 
território esteja ancorada simplesmente como um espaço geográfico 
com fronteiras pré-estabelecidas, desconsiderando o contexto de 
vida das pessoas que nele vivem, as ações em saúde planejadas, 
possivelmente, pouco agregarão para melhorar a condição de saúde, 
qualidade de vida e bem-estar das pessoas (NASCIMENTO, 2017; ROCHA, 
2012).
Diante disso, nas práticas de planejamento em saúde pública, 
que envolvem desde a proposição de políticas e programas até a 
implementação de ações em nível local, faz-se obrigatório que os 
profissionais envolvidos nessas atividades compreendam quem são as 
pessoas contidas nos diferentes territórios. Para isso, são necessárias a 
aproximação e a imersão no território, buscando mapear:
• Pessoas: as classes sociais a que elas pertencem e, 
consequentemente, nível de escolaridade, acesso aos serviços de 
saúde, cultura, lazer, trabalho e renda, moradia etc.
• Estrutura societária e seus equipamentos sociais: a disponibilidade 
quantitativa e qualitativa de escolas; creches; serviços de saúde; 
8
delegacias; postos policiais comunitários; feiras livres; comércios 
e serviços locais; centros de convivência; praças, parques e áreas 
de lazer; teatros; cinemas; centros comunitários; organizações 
não governamentais; igrejas; conselhos tutelar, de segurança e de 
saúde; entre outros.
• Fluxos: em linhas gerais, referem-se ao acesso que as pessoas 
têm a essa estrutura e a esses equipamentos sociais presentes 
no território ou que demandam serem disponibilizados nele em 
decorrência da sua ausência.
Essas ideias foram consagradas por Santos (2004) quando as denominou 
de fixos ao se referir à estrutura societária, aos seus equipamentos 
sociais e, além disso, aos fluxos, quando relacionados ao acesso e à 
mobilização das pessoas para acessar ou requerer os fixos.
Para clarificar, vamos pensar em uma comunidade periférica que possui 
uma grande quantidade de adolescentes, inclusive com elevadas taxas 
de infecções sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência. 
Esse território dispõe de uma UBS, duas escolas de ensino fundamental 
e uma de ensino médio, ambas com capacidadeesgotada, sem áreas de 
lazer, parques, praças ou direcionadas para o convívio.
Então, a UBS, em parceria com as escolas presentes no território, 
identificou que 50% desses adolescentes evadiram a escola e pertencem 
a famílias com rendimento de 1/2 salário mínimo per capita, que 
ocupam posições de trabalho de alta fragilidade para a manutenção da 
renda. O conselho gestor dessa UBS levou essa situação para a reunião 
mensal para debate junto com a comunidade, que foi sensibilizada sobre 
a necessidade de mobilização para buscar meios de reinserção desses 
jovens nas escolas, nos serviços de saúde e no mercado de trabalho, 
visando potencializar melhores condições de saúde e de vida para eles e 
seus descendentes.
9
Dessa forma, após discussões, chegaram à conclusão da necessidade de 
se articularem, com o objetivo de pressionarem o planejamento público 
local pela maior oferta de vagas e qualidade do ensino nas escolas, 
bem como de impactarem as famílias dos adolescentes por meio de 
articulação com uma organização não governamental presente no 
território que se colocou à disposição para auxiliar.
Esse exemplo prático busca ilustrar que, para responder às necessidades 
em saúde das pessoas, é imprescindível compreender o que o território, 
entendido a partir das pessoas, dos equipamentos sociais e dos fluxos 
disponíveis, tem para oferecer para o encaminhamento dos problemas 
que são identificados. Portanto, ao considerar as atividades inerentes 
às práticas de planejamento local em saúde, o primeiro passo a ser 
dado se refere exatamente ao mapeamento ampliado do território, 
compreendido não apenas pela delimitação geográfica, mas como um 
espaço vivo, dinâmico e composto por pessoas que nele vivem.
1.2 Necessidades em Saúde e Vulnerabilidades
A identificação das necessidades em saúde no âmbito local é um desafio 
para os profissionais atuantes nas atividades de planejamento, uma vez 
que, para propor ações que as atendam, faz-se pertinente compreendê-
las de forma ampliada. Para exemplificar, vamos retomar a situação 
abordada no tópico anterior, em que foi ilustrada a ação de bloqueio de 
um agente etiológico, com vacinação em massa da população residente 
em dois quarteirões de um bairro.
Nesse breve relato, a necessidade era de saúde pública, ou seja, diante 
do aumento expressivo do número de casos de uma determinada 
doença, rapidamente o planejamento de uma ação de prevenção foi 
delineado e executado, mas sem considerar, em um primeiro momento, 
as necessidades individuais, dos grupos familiares e/ou da coletividade 
que foi alvo da ação. Assim, 30% das pessoas residentes nesse território 
10
não foram vacinadas, pois estavam em seus locais de trabalho e, 
portanto, ausentes no momento da ação de bloqueio. Diante disso, a 
necessidade de contenção da doença possivelmente não será atendida, 
tampouco a necessidade de imunização de cada indivíduo.
Nesse sentido, a compreensão ampliada das necessidades em saúde das 
pessoas que serão alvo da ação de bloqueio é fundamental. As famílias 
demandarão ser revisitadas quando todos os membros estiverem em 
casa, mas ainda haverá aquelas que precisarão de maior esclarecimento 
sobre a ação, pois estarão resistentes para o recebimento da vacina. 
Além disso, haverá outras que estarão com o calendário vacinal 
atualizado e que, ao verem as equipes de saúde, lembrarão que 
necessitam de informação sobre a retirada de seus medicamentos na 
UBS, entre outras demandas.
Esse caso ilustra que as necessidades em saúde da população são 
infinitas e têm um caráter concomitantemente individual e coletivo 
(BASINELLO, 2014). Elas são heterogêneas, o que significa que podem se 
diferenciar, em especial quando se considera o grupo social no qual os 
indivíduos e as famílias estão inseridos. Isso significa que, a depender da 
forma e das oportunidades que as pessoas têm para viver, os modos de 
adoecimento e morte se diferenciarão (BREILH, 2013).
Existem determinados agravos à saúde que são mais prevalentes 
em determinados grupos sociais, como no caso da tuberculose, que 
acomete, em sua maioria, pessoas pertencentes a grupos de classes 
sociais desfavorecidas. Essas pessoas têm menor acesso a moradias 
com condições que oportunizem ventilação e uso de materiais menos 
úmidos e que possibilitem higienização adequada e frequente, com 
menos pessoas residindo no seu interior etc. Além disso, elas têm 
menor oportunidade à escolarização de qualidade, o que dificulta a 
compreensão acerca da necessidade da manutenção do tratamento 
contínuo e prolongado em detrimento do desaparecimento dos 
sintomas respiratórios.
11
Esse conjunto de elementos relacionados à forma de viver dessas 
pessoas ocupantes de posição social caracterizada pelo cerceamento 
do acesso aos equipamentos sociais condicionam a existência de 
vulnerabilidade social, que, por sua vez, determina a forma como 
as pessoas adoecerão e morrerão (BREILH, 2013). Assim, para 
planejar ações em saúde, é imprescindível reconhecer a existência de 
heterogêneas necessidades em saúde e as vulnerabilidades sociais 
dos indivíduos que precisam ser enfrentadas pelos diferentes setores 
societários, como saúde, educação, cultura, habitação, segurança, 
assistência social, previdência social, entre outras.
As práticas de planejamento local em saúde devem avançar no contexto 
da gestão, devendo considerar não apenas a resposta à doença e/ou 
ao agravo, mas também as vulnerabilidades às quais as pessoas estão 
expostas. Nesse sentido, a identificação das necessidades em saúde, 
em conjunto com a observação da vulnerabilidade social, exige dos 
profissionais de saúde a compreensão do arcabouço conceitual que 
sustenta as práticas de planejamento local.
Nesse processo, alguns elementos e características são pertinentes para 
o direcionamento das ações (BREILH, 2013):
• Família: sua organização; número de filhos e agregados; presença 
de doenças, agravos e de comportamentos que impactam a 
condição de saúde e qualidade de vida; membros com algum tipo 
de deficiência, em privação de liberdade ou egresso do sistema 
prisional etc.
• Trabalho e renda: inserção formal ou informal no mercado de 
trabalho; posição e ocupação no trabalho; horário; deslocamento; 
meio de transporte; presença ou não de insalubridade e de risco 
de doenças ocupacionais; necessidade ou não de complementação 
da renda etc.
12
• Escolaridade: refere-se ao nível, mas também aos anos de estudo 
e aos ganhos que ela trouxe para o desenvolvimento pessoal e 
profissional.
• Moradia: local; materiais utilizados na sua construção; 
regularização ou não dela; presença de risco de desabamento 
e enchente; favorecimento ou não para ventilação; segurança e 
higienização; número de residentes por cômodo disponível etc.
• Acesso aos serviços básicos: se possui água encanada; coleta de 
lixo e de recicláveis; saneamento básico etc.
Por exemplo, duas pessoas têm o diagnóstico de Diabetes Mellitus 
(DM) e ambas retiram os medicamentos para controle da doença na 
farmácia da UBS. No entanto, a UBS não recebeu um novo lote para 
o abastecimento da farmácia, gerando falta de medicamentos para a 
população local. Diante dessa situação, uma das pessoas com DM, que 
possui trabalho e renda suficiente, adquiriu os medicamentos para o 
controle da doença em uma farmácia próxima a sua residência. No 
entanto, a outra pessoa, inserida em um contexto de trabalho fragilizado 
e com renda insuficiente, precisou aguardar restabelecer o estoque da 
farmácia da UBS para retomar o tratamento.
Nesse exemplo, fica evidente como as características do contexto de 
vida referentes ao trabalho e à renda influenciam a continuidade ou não 
do tratamento da doença. Portanto, ao mesmo tempo que se identifica a 
necessidade de acesso de uma pessoa com DM aos medicamentos para 
o controle da doença, faz-se necessário compreender o contexto em que 
ela vive e como ela se relaciona nesse meio.
Assim, fica claro que, a depender das características do contextode vida 
do paciente, o enfrentamento da doença e seu controle se darão de 
maneiras distintas. Portanto, são necessárias ações de planejamento 
local que transcendam o atendimento linear das necessidades relativas 
às patologias, direcionando-se também para os contextos de vida das 
13
pessoas e, consequentemente, oportunizando agregar melhor condição 
de saúde, qualidade de vida e bem-estar ao indivíduo e às famílias.
No exemplo apresentado, as ações de planejamento devem 
assegurar a manutenção do acesso aos medicamentos de uso dessas 
pessoas, agregando a compreensão de que sua falta impactará 
consideravelmente na qualidade de vida e no enfrentamento de suas 
condições de saúde.
1.3 Diagnóstico Local
A resposta às necessidades em saúde requer dos profissionais atuantes 
em ações de planejamento local o desenvolvimento de competências 
que lhes permitam identificar necessidades e vulnerabilidades das 
pessoas adstritas a um território. O diagnóstico local consiste em 
um método analítico da realidade, ou seja, exige do profissional uma 
aproximação ao cotidiano do território e ao contexto de vida das 
pessoas que nele se encontram (BREILH, 2013).
Para o conhecimento dessa realidade, faz-se necessário, inicialmente, 
compreender o perfil de adoecimento da população, com o 
levantamento das causas de adoecimento e dos óbitos que a acometem 
no território. Além disso, de maneira mais avançada, cabe ao gestor 
e ao profissional de saúde compreender também as características 
da população, identificando a existência de grupos sociais específicos 
vulneráveis, analisando aspectos inerentes ao território e visando 
compreender potencialidades e fragilidades que impactarão nas 
respostas às necessidades em saúde das pessoas.
A proposta, portanto, é pautar as práticas de diagnóstico local na 
Epidemiologia Crítica, ou seja, analisando os padrões de adoecimento 
e morte em uma dada população, em um dado território e espaço 
temporal, como propõe a Epidemiologia Clássica, mas avançando ao 
propor a aplicação de um olhar crítico sobre os dados levantados e 
14
considerar as formas de viver e coexistir das pessoas (BREILH, 2013). 
Vamos aprender na prática?
Vamos supor que um profissional atuante em uma Secretaria Municipal 
de Saúde foi acionado para realizar um diagnóstico local de saúde de 
uma determinada região da cidade. Uma possibilidade de condução 
dessa atividade é identificar as causas de morte e adoecimento das 
pessoas que residem nessa região e propor ações que tentem minimizar 
essas causas.
Essa forma de intervir, centrada na Epidemiologia Clássica, faz muito 
sentido quando aplicada em situações que envolvem a ocorrência de 
surtos por doenças infectocontagiosas, que requerem rápida contenção 
da transmissão da doença, por exemplo. Entretanto, em situações 
endêmicas e epidêmicas, tanto de doenças transmissíveis (ex. dengue, 
tuberculose, sarampo) como de não transmissíveis (ex. diabetes 
mellitus, hipertensão arterial sistêmica), a compreensão aprofundada 
da realidade é fundamental para aumentar as chances de sucesso das 
ações propostas.
Esses casos, por sua vez, requerem o uso da Epidemiologia Crítica. Esse 
uso na atividade de diagnóstico local agrega valor, pois, ao envolver a 
compreensão da realidade, exige a participação da população na sua 
concepção e execução, trazendo mais um elemento relevante nessa 
atividade, que se relaciona ao controle social (BREILH, 2013).
Diante do apresentado até o momento, é fundamental compreendermos 
que o diagnóstico local é um método cuja finalidade é responder às 
necessidades em saúde e ao enfrentamento de vulnerabilidades por 
meio da análise crítica da realidade e da participação social, combinação 
esta que permite maior assertividade às ações que serão propostas e 
implementadas (SOUSA et al., 2017). Nesse sentido, o diagnóstico local, 
compreendido como método, é composto por etapas que consistem em 
(SOUSA et al., 2017):
15
• Reconhecer as potencialidades e fragilidades do território.
• Identificar as necessidades em saúde.
• Reconhecer a existência de grupos sociais específicos com maior 
vulnerabilidade.
• Elencar as ações para resposta às necessidades em saúde 
identificadas e ao enfrentamento de vulnerabilidades.
• Priorizar as ações propostas para a resposta às necessidades e 
vulnerabilidades.
• Organizar as ações selecionadas para resposta às necessidades e 
ao enfrentamento de vulnerabilidades.
Na etapa de reconhecimento das potencialidades e fragilidades do 
território, espera-se o mapeamento da dinâmica local, considerando 
os equipamentos sociais presentes e as famílias que nele coexistem, a 
fim de que, a partir da realidade, seja possível compreender elementos 
que favoreçam e desfavoreçam a resposta às necessidades e ao 
enfrentamento de vulnerabilidades. Por exemplo, foi identificado em um 
território a presença de famílias chefiadas por mulheres e um grande 
número de crianças, para as quais as mães têm enfrentado dificuldades 
para encontrar vagas nas creches existentes. Essa situação tem exposto 
as crianças a acidentes domésticos por ficarem longos períodos sozinhas 
em casa, além de agravos à saúde derivados da dificuldade dessas mães 
de proverem os cuidados pertinentes a seus filhos.
Nessa situação, a ausência de vagas nas creches do território é 
um elemento de fragilidade que está impactando negativamente 
os cuidados com as crianças, o que requer ser alvo do diagnóstico 
local, uma vez que permite identificar as necessidades em saúde e 
segurança dessas crianças e suas vulnerabilidades no contexto em que 
vivem. Ou seja, a reduzida oferta de vagas nas creches faz com que 
16
as necessidades em saúde dessas crianças e de suas famílias sejam 
identificadas, pois, ao ficarem longos períodos sozinhas, acabam sendo 
vítimas de acidentes domésticos, além de estarem mais predispostas 
a disfunções nutricionais por não terem um adulto que lhes prepare a 
refeição e supervisione a alimentação, por exemplo.
A análise crítica da realidade permite elencar as ações para resposta 
às necessidades em saúde identificadas e ao enfrentamento de 
vulnerabilidades, por meio da proposta da ampliação das vagas 
nas creches presentes no território e da compreensão das posições 
e ocupações de trabalho dessas mães chefes de família, visando 
desenvolver ações para a qualificação profissional, a geração de postos 
de trabalho no próprio território, entre outras. Nesse sentido, um 
novo elemento emerge quando nos aprofundamos nas atividades de 
diagnóstico local: o discernimento de que a resposta às necessidades em 
saúde ocorre de forma intersetorial (ROCHA, 2012).
O fortalecimento da intersetorialidade é essencial para garantir que as 
ações propostas, quando implementadas, sejam efetivas ao agregarem 
valor à condição de saúde das pessoas. No entanto, diante das ações 
inicialmente propostas para responder às necessidades identificadas, 
é preciso priorizá-las, considerando a disponibilidade de recursos 
(financeiros, humanos, materiais etc.) para a implementação das ações 
planejadas. Além disso, a urgência da implantação de cada uma dessas 
ações deve ser ponderada e validada com a comunidade, por meio de 
mecanismos de controle social participativos.
Dessa forma, será possível organizar as ações selecionadas para a 
resposta às necessidades e ao enfrentamento de vulnerabilidades, 
provisionando os recursos necessários e estabelecendo parcerias 
com outros setores societários, como educação, segurança, habitação 
e assistência social, e mobilizando a comunidade, entre outras 
providências pertinentes para contribuir para a efetivação das ações 
eleitas para a implantação. A atividade de diagnóstico local exige 
17
articulação com a realidade, por meio do mapeamento ampliado do 
território e das pessoas que nele vivem, bem como com os demais 
setores societários, com o fortalecimento da intersetorialidade.
2. Considerações Finais
A resposta às necessidades em saúde da população é um desafiopara 
as atividades de planejamento local, pois exige compreensão ampliada 
do território e um olhar crítico sobre a realidade, compreendendo 
os contextos de vida dos indivíduos e das famílias, em especial de 
grupos sociais vulneráveis. O diagnóstico local se mostra potente para 
identificar necessidades e vulnerabilidades, bem como para propor, 
priorizar e organizar as ações, muitas de natureza intersetorial e 
com forte participação social, o que possibilita maior assertividade e 
efetividade das ações locais a serem implementadas, agregando valor às 
condições de saúde, qualidade de vida e bem-estar.
Referências Bibliográficas
BASINELLO, G. Saúde Coletiva. São Paulo: Pearson Educational do Brasil, 2014.
BREILH, J. La determinación social de la salud como herramienta de transformación 
hacia una nueva salud pública (salud colectiva). Rev. Fac. Nac. Salud Pública, 
Medellín, v. 31, n. 1, p. 13-27, 2013. Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/
rfnsp/v31s1/v31s1a02.pdf. Acesso em: 10 jul. 2020.
NASCIMENTO, A. B. Sistemas, Políticas e Economia da Saúde. São Paulo: Senac, 
2017.
ROCHA, J. S. Y. Manual de Saúde Pública e de Saúde Coletiva no Brasil. São 
Paulo: Atheneu, 2012.
SANTOS, M. Por uma geografia nova: da crítica geografia a uma geografia crítica. 
São Paulo: Edusp, 2004.
SOUSA, I. V. et al. Diagnóstico participativo para identificação de problemas de 
saúde em comunidade em situação de vulnerabilidade social. Ciência & Saúde 
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 12, p. 3945-3954, 2017. Disponível em: https://doi.
org/10.1590/1413-812320172212.25012017. Acesso em: 10 jul. 2020.
http://www.scielo.org.co/pdf/rfnsp/v31s1/v31s1a02.pdf
http://www.scielo.org.co/pdf/rfnsp/v31s1/v31s1a02.pdf
https://doi.org/10.1590/1413-812320172212.25012017
https://doi.org/10.1590/1413-812320172212.25012017
18
Planejamento estratégico, tático 
e operacional e programação local 
em saúde
Autoria: Alexandra Bulgarelli do Nascimento
Leitura crítica: Fabiane Gorni Borsato
Objetivos
• Conceituar o planejamento estratégico, tático e 
operacional.
• Apresentar as ferramentas utilizadas para o 
planejamento em saúde.
• Discorrer sobre os mecanismos de planejamento e 
programação local em saúde.
19
1. Introdução
As atividades de planejamento estão contidas no processo 
administrativo dos serviços de saúde e são compostas pelas etapas de 
planejamento, direção, organização e controle, sobre as quais a gestão 
pública em saúde deve se apropriar. Essa atividade visa melhorar o 
atendimento às necessidades em saúde da população e deve ocorrer a 
partir das ações de planejamento estratégico, tático e operacional. Nesse 
contexto, os profissionais atuantes em atividades de planejamento 
utilizam ferramentas como a Matriz SWOT e o Planejamento Estratégico 
Situacional, ambas com a premissa de análise da realidade e com forte 
envolvimento da participação social.
Nesta aula, vamos compreender a aplicação prática dos conceitos 
de planejamento estratégico, tático e operacional, além de duas 
ferramentas para subsidiar a elaboração do planejamento e da 
programação local em saúde, representadas pelo Plano Municipal de 
Saúde e pelos Relatórios Anuais de Gestão em Saúde.
1.1 Planejamento estratégico, tático e operacional
O ato de planejar tem como objetivo antever que algo aconteça, 
permitindo a organização diante do que se prevê e contribuindo para 
que se obtenha maior sucesso nos desfechos que se apresentarão 
(BUSATO, 2017). Por exemplo, o gestor de um hospital público, 
administrado por uma Organização Social de Saúde (OSS), identificou 
a necessidade de manutenção do encanamento da área de lavanderia. 
Para proceder com a manutenção, ele precisará realizar o planejamento 
dessa atividade, verificando a disponibilidade de recursos e 
programando o momento em que será realizada, a fim de que cause 
o menor impacto operacional e seja feita de forma ágil. O objetivo, 
nesse exemplo, é agir o quanto antes diante da situação apresentada, 
20
buscando restabelecer a execução dos serviços realizados na área da 
lavanderia do hospital.
Esse exemplo ilustra uma situação de um serviço público de saúde. Mas, 
no caso da gestão de uma Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde, 
como são executadas as ações de planejamento?
Para auxiliar a compreensão, abordaremos outro exemplo: vamos 
supor que o assessor do secretário de saúde de um município esteja 
atuando no processo de planejamento para a compra de determinado 
medicamento amplamente utilizado pela população e dispensado 
por meio das farmácias das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Diante 
dessa situação, como saber a quantidade a ser comprada? Além disso, 
qual será a frequência de compras e/ou entregas dos medicamentos, 
de forma que não falte nas farmácias das UBS? Qual a relação entre 
qualidade e custo que deverá ser estabelecida e de que maneira esse 
valor será pago?
Nessa nova situação, vemos que o ato de planejar também se faz 
necessário, mas agora não está relacionado a um serviço específico 
de saúde, e sim a uma necessidade em saúde da população de um 
determinado município. Portanto, o planejamento em saúde está 
presente tanto em âmbito privado como público, bem como na 
dimensão dos serviços e dos sistemas de saúde.
O planejamento é considerado uma etapa do “Processo Administrativo” 
de um serviço ou sistema de saúde, sendo composto também pelas 
etapas de organização, direção e controle. Todas essas ações devem ser 
executadas considerando as contínuas mudanças na realidade, no que 
se refere ao contexto político, econômico, social, tecnológico e cultural 
(BAPTISTA, 2017).
Na etapa de planejamento, devem ser estabelecidos os objetivos da 
organização, seja pública ou privada, bem como os recursos e os meios 
21
para o alcance desses objetivos. Já a etapa de organização se refere 
às atividades relacionadas à execução daquilo que foi planejado, o 
que exige a articulação dos recursos disponíveis (humanos, materiais, 
financeiros, intelectual etc.) e a necessidade de divisão e de processos 
de trabalho claros e coerentes, que se mostrem coesos e alinhados ao 
planejamento proposto.
Por sua vez, a etapa de direção busca orientar as atividades a serem 
desenvolvidas pelas equipes de trabalho e se relaciona aos aspectos de 
liderança, motivação e comunicação. Por fim, a etapa de controle tem o 
objetivo de acompanhar as atividades desenvolvidas, a fim de que elas 
sejam executadas de forma assertiva e otimizada, visando mitigar o 
retrabalho e o desperdício de recursos.
O processo administrativo demanda avaliação. Nesse sentido, as 
organizações têm se utilizado de sistemas e programas de avaliação 
da qualidade, bem como de indicadores de monitoramento. Por 
exemplo: como saber se as visitas domiciliárias sistemáticas, planejadas 
e implementadas agregam valor à condição de saúde das pessoas e 
contribui para a otimização da rede de atenção local à saúde?
Nessa situação, a atividade previamente planejada, ou seja, as visitas 
domiciliárias requerem avaliação, visando analisar o quanto elas 
contribuíram ou não para a vida das pessoas e para o sistema de 
saúde. Uma possibilidade seria monitorar o número de internações 
hospitalares desse grupo de pacientes que recebem as visitas em 
comparação aos que não recebem e possuem perfil epidemiológico e 
social similares. Ou, ainda, aplicar um questionário a esses pacientes, no 
sentido de captar a percepção deles sobre os resultados que as visitas 
domiciliárias têm trazido para suas vidas. Portanto, o ato de planejar 
se configura como uma etapa do processo administrativo que tem 
como objetivo responder às necessidades em saúde da população, das 
coletividades, dos grupos sociais, das famílias e dos indivíduos.
22
As atividades de planejamento nasceram na área da Administração e 
eram inicialmente direcionadas à organização das ações, à distribuição 
das tarefas entre os trabalhadores e à determinação dos métodos a 
serem utilizados para atingir o que foi proposto previamente. A partirdo 
desenvolvimento dessa área, percebeu-se que as ações de planejamento 
estavam presentes nos diferentes níveis hierárquicos das organizações 
e que todos os profissionais se envolviam com elas. Então, a área da 
Saúde se apropriou dessa trajetória de amadurecimento das ações de 
planejamento e, inclusive, replicou a ideia de que essas ações, para 
serem vivenciadas no cotidiano das pessoas, precisam ocorrer em três 
níveis: estratégico, tático e operacional (BAPTISTA, 2017).
O planejamento estratégico se relaciona à tomada de decisão central 
das organizações e, em linhas gerais, a quatro questionamentos que 
precisam ser feitos e respondidos para embasar suas práticas:
1. Quem somos?
2. O que fazemos?
3. Para quem fazemos?
4. O que pretendemos?
Ao se pensar nesses quatro questionamentos no âmbito de uma 
Secretaria Municipal de Saúde, as suas respectivas respostas devem 
se comprometer com o atendimento às heterogêneas necessidades 
em saúde da população, considerando o território e a existência de 
vulnerabilidades sociais.
Já o planejamento em nível tático envolve a gerência intermediária, 
como áreas específicas da Secretaria de Saúde e dos serviços que 
compõem a rede de atenção à saúde. Por sua vez, o planejamento 
em nível operacional se refere às equipes que atuam diretamente no 
cuidado com o usuário.
23
Portanto, o planejamento em nível estratégico, tático e operacional 
ocorre de forma interrelacionada e depende daquilo que foi planejado. 
Porém, é importante considerar que os níveis tático e operacional 
são permeados transversalmente pela tomada de decisão em nível 
estratégico, o que determinará as ações e a alocação de recursos 
necessários para a resposta às necessidades em saúde da população.
1.2 Ferramentas de Planejamento em Saúde
Para subsidiar as práticas de planejamento em saúde, o uso de 
ferramentas é muito importante, pois elas potencializam o sucesso do 
processo de planejamento, bem como das ações a serem desenvolvidas 
(BUSATO, 2017). Essas ferramentas de planejamento tiveram a sua 
origem na área da Administração e rapidamente foram adotadas 
pelo setor da saúde, inicialmente na iniciativa privada. Entretanto, a 
profissionalização da gestão pública em saúde tem aproximado essas 
ferramentas do cotidiano das práticas de gestão nos diferentes cenários, 
seja de serviços ou do sistema de saúde. A gestão estratégica se apoia 
na análise de ambientes interno e externo, o que exige dos profissionais 
flexibilidade, adaptabilidade e atenção às necessidades dos usuários e 
às características do contexto (BAPTISTA, 2017).
Em 2020, o mundo vivenciou uma pandemia ocasionada pelo vírus 
COVID-19, que exigiu dos sistemas de saúde de diferentes países rápida 
adaptação por meio da ampliação de leitos de Unidades de Terapia 
Intensiva (UTI), compra de equipamentos e medicamentos, contratação 
de profissionais e reorientação da organização dos serviços e do sistema 
de saúde. Estas, entre outras ações, visavam atender às necessidades 
do novo contexto, caracterizado pela rápida transmissibilidade do vírus 
e do complexo agravo que ele causou à saúde de milhares de pessoas, 
demandando dos gestores e de suas equipes comportamento flexível e 
resiliente.
24
Esse exemplo vivenciado no Brasil e em outros países do mundo 
demonstra a relevância da gestão estratégica e, consequentemente, 
das ações de planejamento que necessitam ser pensadas a partir da 
análise do ambiente interno, seja ele relativo ao âmbito do país, do 
estado, do município, da região, do território, ou mesmo do serviço 
de saúde. A análise do ambiente externo também se faz importante 
ao considerar a influência que a pandemia trouxe para o contexto 
socioeconômico das famílias e da sustentabilidade fiscal dos países, 
que, ao disporem de menor arrecadação de tributos paralelamente à 
urgência de investimento no setor de saúde, utilizaram os instrumentos 
de planejamento para alocarem adequadamente os recursos.
Quando um município brasileiro começou a identificar o número 
exponencial de novos casos de COVID-19 em um espaço de tempo 
reduzido, o gestor local em saúde possivelmente realizou duas análises 
de ambiente:
• Análise interna: taxa de transmissibilidade; número de leitos 
hospitalares de unidade de internação e de terapia intensiva 
disponível ou com potencial de disponibilidade; formatação da 
Rede de Atenção à Saúde; capacidade dos níveis de atenção para 
lidar com esse agravo e com a coexistência de outros, em especial 
doenças crônicas; e possibilidade de ações de contingenciamento. 
Essas ações de contingenciamento podem ser, por exemplo, por 
meio da orientação da população e da reorganização dos serviços 
da atenção primária e de urgência e emergência para atender, ao 
mesmo tempo, aos demais agravos à saúde da população, os quais 
coexistiram com a pandemia e estavam voltados ao diagnóstico, 
tratamento e acompanhamento de pacientes com doenças 
crônicas não transmissíveis e suas complicações, bem como os 
traumas em decorrência de diferentes causas.
• Análise externa: forma como os outros municípios estavam 
respondendo ao mesmo problema; recomendações das 
autoridades sanitárias, como Organização Mundial da Saúde 
25
(OMS), Ministério da Saúde e vigilância epidemiológica estadual; 
evidências científicas publicadas e/ou divulgadas por cientistas de 
renome, com a intenção de verificar a aplicação dessas ações na 
realidade do município. Além disso, faz-se importante conhecer 
a disponibilidade de recursos para o investimento local e as 
possibilidades de articulação política com outros municípios e 
com o Estado.
Portanto, as ações de gestão estratégica exigem um movimento de 
análise contínua de ambiente interno (território ou do serviço de 
saúde) e externo, ao considerar a influência política, econômica, social, 
tecnológica e cultural sobre as ações que serão propostas e executadas 
(BAPTISTA, 2017).
No sentido da análise proposta anteriormente, são aplicadas várias 
ferramentas de planejamento estratégico, tendo destaque na gestão 
pública em saúde a Matriz SWOT e o Planejamento Estratégico 
Situacional (PES) (BAPTISTA, 2017).
1.2.1. Matriz SWOT
A Matriz SWOT vem das palavras em inglês Strenghts, Weaknesses, 
Oportunities e Threats, que no português significam, respectivamente, 
Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. Ela parte da análise de 
ambientes interno e externo, visando verificar a capacidade de resposta 
da organização (BAPTISTA, 2017).
Sugere-se uma organização gráfica da matriz SWOT em um diagrama 
representado por meio de um quadrante, que busca identificar os 
pontos positivos e negativos dos ambientes interno e externo. O 
ambiente interno é analisado a partir de fatores relacionados às forças 
e às fraquezas, referentes ao serviço ou sistema de saúde. Já o ambiente 
externo é analisado a partir de fatores relacionados às oportunidades e 
às ameaças.
26
Figura 1 – Diagrama da Matriz SWOT ou acrônimo 
FOFA (em português)
Fonte: adaptada de Baptista (2017, p. 45).
Por exemplo, vamos supor que a gestão local em saúde de um 
município tem enfrentado um elevado número de casos de gestação na 
adolescência. Para realizar o planejamento estratégico da necessidade 
de reduzir esse número, o primeiro passo é identificar as forças e as 
fraquezas do município para responder a essa necessidade. Assim:
• Entre as forças: a disponibilidade de equipes de saúde qualificadas 
e a forte articulação intersetorial com as escolas e os centros de 
assistência social presentes no território.
• Entre as fraquezas: a reduzida disponibilidade de recursos 
financeiros para implementar ações específicas para esse público 
pode se mostrar presente durante o processo de análise de 
ambiente interno.
27
• Entre os fatores externos: as ameaças podem se caracterizar pelos 
laços familiares fragilizados e/ou interrompidos e a necessidade de 
essas jovens reverem o seu papel social a partir da maternidade.
• Entre as oportunidades: podem ser relacionadas à possibilidadede se agregar valor à condição de vida dessas jovens e de suas 
famílias a partir da adoção de práticas de empoderamento 
feminino, que envolvem investimento em escolarização, acesso ao 
mercado de trabalho e à renda, entre outras.
Para aplicar a Análise SWOT, faz-se necessário, inicialmente, identificar 
os pontos fortes e fracos em ocasiões que envolvem gestores, 
trabalhadores e a comunidade, que de forma participativa devem 
colaborar com essa etapa. Em seguida, devem ser estabelecidas as 
prioridades a partir dos pontos fortes e fracos identificados, pois 
somente dessa forma se conseguirá direcionar as ações a serem 
executadas.
Por fim, é necessário construir e validar a Matriz SWOT como produto da 
sua análise. Ela deve ser organizada a partir das prioridades propostas 
e do envolvimento e da participação social, com o objetivo de identificar 
nos quadrantes aquilo que deve ser fortalecido, monitorado, melhorado 
e eliminado por meio de ações organizadas e, consequentemente, 
planejadas.
1.2.2. Planejamento Estratégico Situacional
O Planejamento Estratégico Situacional (PES) teve a sua origem na 
segunda metade do século XX, com Carlos Matus, economista que 
estabeleceu quatro momentos da atividade de planejamento, partindo 
sempre da análise de uma situação (BAPTISTA, 2017). Esses quatro 
momentos são denominados de: explicativo, normativo, estratégico e 
tático-operacional.
28
No momento explicativo, busca-se a explicação de um problema que 
demanda resolução a partir da análise da realidade. Para tanto, uma 
postura crítico-reflexiva dos profissionais envolvidos nessa atividade 
é fundamental, pois o objetivo é identificar as causas dos problemas, 
chamadas também de nós explicativos.
Por exemplo, o gestor municipal de saúde tem enfrentado, nos 
últimos anos, dificuldade na fixação de médicos nas UBS, o que tem 
impactado no atendimento à população, em especial, aos grupos com 
maior vulnerabilidade, ocasionando insatisfação dos usuários e dos 
trabalhadores de saúde, que se sentem sobrecarregados. Diante desse 
problema, no momento explicativo, a premissa é buscar as causas da 
dificuldade de fixação desses profissionais médicos, questionando se 
há relação com baixa remuneração, deslocamento, escassez desses 
profissionais na região, condições de trabalho precárias, alto índice 
de violência no entorno das UBS, entre outras. A partir da análise dos 
nós explicativos, buscam-se ações planejadas para resolver a causa 
do problema identificado, favorecendo a fixação dos profissionais no 
território.
No momento normativo, os nós explicativos já estão claros e são 
consenso entre os que constituem o grupo de planejamento estratégico. 
Nesse momento, inicia-se o delineamento das ações necessárias para a 
mudança. Tomando o exemplo anterior e considerando a existência de 
um único nó explicativo, como o elevado índice de violência no entorno 
da UBS, busca-se elencar as ações para a redução das situações de 
violência, como envolver o Conselho de Segurança Pública nesse debate 
e desenvolver ações com a UBS no sentido de aumentar a segurança dos 
profissionais.
No momento estratégico, a análise pormenorizada da viabilidade das 
ações planejadas no momento normativo é realizada considerando 
aspectos políticos e a disponibilidade de recursos financeiros, humanos 
e de materiais. A partir do mesmo exemplo e entendendo que 
29
ações bem delineadas devem ser propostas, a análise dos recursos 
necessários deve ser considerada, bem como outros aspectos, como os 
de natureza política e de governabilidade tanto dos serviços como do 
sistema de saúde local.
Por fim, no momento tático-operacional, são utilizadas ações de 
implementação e de monitoramento da execução das ações planejadas, 
no sentido de verificar se foram ou não implementadas e em que 
medida isso ocorreu, além de analisar o resultado sobre a causa do 
problema. No exemplo abordado, uma possibilidade seria implementar 
as ações para o aumento da segurança e da redução da violência no 
entorno da UBS, em conjunto com o monitoramento dessas ações 
por meio de indicadores relacionados ao número de ocorrências 
relacionadas à segurança pública, bem como de abordagem de pessoas 
que vivem no território, a fim de verificar se houve ou não a redução do 
número de casos de violência contra a população.
Assim, como pudemos ver, o PES tem como objetivo atuar sobre a 
causa-raiz dos problemas, o que exige dos profissionais atuantes na 
área de planejamento local competências que valorizem a construção 
coletiva para a compreensão da realidade (SOUZA et al., 2017), além de 
comunicação assertiva e focada em resultados.
Diante do apresentado, fica evidente que as práticas de planejamento 
local em saúde devem estar pautadas em metodologias de 
sistematização, com o uso de ferramentas específicas, e têm como 
objetivo auxiliar na melhor condução do processo de planejamento, o 
que requer profissionais qualificados para a atuação nesse contexto.
1.3 Mecanismos de Planejamento e Programação Local 
em Saúde
O planejamento local em saúde é decorrente do princípio organizativo 
da descentralização, que se caracteriza pelo posicionamento do 
30
município como gestor em saúde, o que exige dele a adoção de 
mecanismos de planejamento e programação local em saúde 
(NASCIMENTO, 2017). Já em nível federal, ocorre formulação de 
diretrizes, estabelecimento de normativas, de políticas e programas; 
enquanto em nível estadual ocorre a articulação das ações e das Redes 
de Atenção à Saúde. Por fim, nos municípios, acontece a identificação 
das necessidades locais em saúde e a organização das ações para 
responder a elas.
Por exemplo, em nível federal, foi promulgada a Política Nacional de 
Atenção Básica (BRASIL, 2017), que, dentre outras ações, estabelece a 
Estratégia Saúde da Família (ESF) como mecanismo relevante para a 
reorientação do modelo assistencial brasileiro. Assim, em nível estadual, 
para que a ESF se materialize na realidade dos municípios, é realizada 
a reorganização da Rede de Atenção à Saúde, considerando aspectos 
de regionalização e de hierarquização dos níveis de atenção, de modo a 
contribuir para a melhor atuação da ESF. Logo, em nível municipal, tem-
se a responsabilidade pela formação das equipes, pela organização do 
processo de trabalho e pelo monitoramento dos resultados.
Para que a plena articulação entre os entes federativos (federal, estadual 
e municipal) seja visualizada em nível local, os municípios dispõem de 
dois mecanismos de planejamento: o Plano Municipal de Saúde e os 
Relatórios Anuais de Gestão em Saúde (BRASIL, 2009).
O Plano Municipal de Saúde tem vigência quadrienal e, para a sua 
elaboração, faz-se necessária a análise da realidade local, buscando-se 
identificar as necessidades em saúde da população de forma ampliada 
e considerando, inclusive, a existência de grupos sociais vulneráveis 
(BRASIL, 2009; NASCIMENTO; EGRY, 2017). É preconizado que esse 
processo ocorra de forma a potencializar a participação social, a fim 
de que a construção do Plano Municipal de Saúde aconteça de forma 
colaborativa e próxima da população. Para tanto, as ferramentas de 
31
planejamento estratégico, como a Matriz SWOT e o PES, podem e devem 
ser utilizadas ao longo do processo de elaboração.
Assim, em linhas gerais, o Plano Municipal de Saúde descreve o perfil 
sócio demográfico, epidemiológico e de desenvolvimento social do 
município, bem como as características do território. Além disso, 
apresenta a proposição das ações planejadas a serem executadas 
durante os quatro anos subsequentes, considerando a disponibilidade e 
a alocação dos recursos pertinentes (BRASIL, 2009).
Após a finalização do Plano Municipal de Saúde no âmbito da Secretaria 
de Saúde e construído coletivamente com forte participação social 
(SOUZA et al., 2017), ocorre a sua apresentação ao Conselho Municipal 
de Saúde, visando a sua apreciação e aprovação (BRASIL, 2009). Então, 
esse plano aprovado no Conselho Municipal de Saúdeé apreciado e 
votado pela sua execução ou não na Câmara de Vereadores, quando é 
avaliada a pertinência das ações propostas, bem como o cumprimento 
da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a qual estabelece o teto 
máximo de gastos, em nível local (BRASIL, 2009).
A partir desse processo de construção e de validação em duas instâncias, 
uma técnica (Conselho Municipal de Saúde) e outra administrativa 
(Câmara de Vereadores), o Plano Municipal de Saúde está vigente e é 
disponibilizado publicamente no Sistema de Apoio à Construção do 
Relatório de Gestão (SARG-SUS). Como desdobramento em nível local, 
a Secretaria de Saúde também elabora o Relatório Anual de Gestão 
em Saúde, que visa apresentar os recursos alocados no município a 
partir do planejado no Plano Municipal de Saúde, bem como os valores 
monetários dispendidos. Esse processo de prestação de contas é 
chamado de Programação Local em Saúde e tem o objetivo de garantir 
a transparência no uso dos recursos do setor, considerando o planejado 
no Plano Municipal de Saúde e o executado, o que é evidenciado 
por meio do Relatório Anual de Gestão em Saúde e disponibilizado 
publicamente no SARG-SUS.
32
2. Considerações Finais
O planejamento é uma etapa do processo administrativo e tem 
a finalidade de prever as ações propostas e executadas, com o 
compromisso de responder às necessidades em saúde da população 
e ao enfrentamento de vulnerabilidades. O uso de ferramentas que 
agreguem maior profissionalização às práticas de planejamento no setor 
público de saúde é fundamental, estando, entre elas, a Matriz SWOT e 
o Planejamento Estratégico Situacional, que têm potencialidade para 
captar e compreender a realidade, permitindo maior assertividade na 
proposição de ações que respondam às necessidades que emergem do 
território.
No âmbito local, a elaboração do Plano Municipal de Saúdes se 
caracteriza como mecanismo utilizado para formalizar a identificação 
das necessidades e o planejamento, com a construção em conjunto com 
a comunidade, cujo acompanhamento se dá por meio dos Relatórios 
Anuais de Gestão em Saúde, os quais oferecem transparência a todo o 
processo de planejamento e de programação local em saúde.
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Senac, 2017.
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novos gestores municipais de saúde. Brasília: Conasems, 2009. Disponível em: 
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BRASIL. Portaria n. 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional 
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33
NASCIMENTO, A. B. Sistemas, Políticas e Economia da Saúde. São Paulo: Senac, 
2017.
NASCIMENTO, A. B.; EGRY, E. Y. Os planos municipais de saúde e as potencialidades 
de reconhecimento das necessidades em saúde: estudo de quatro municípios 
brasileiros. Saúde & Sociedade, São Paulo, v. 26, n. 4, p. 861-871, 2017. Disponível 
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https://doi.org/10.1590/1413-812320172212.25012017
34
Sistemas de Informação 
em Saúde Pública
Autoria: Alexandra Bulgarelli do Nascimento
Leitura crítica: Fabiane Gorni Borsato
Objetivos
• Conceituar dados e informações no contexto do 
planejamento em saúde.
• Apresentar os sistemas de informação em saúde 
pública.
• Discorrer sobre a aplicabilidade dos sistemas 
de informação em saúde pública na resposta às 
necessidades em saúde da população.
35
1. Introdução
Para subsidiar as atividades de planejamento, faz-se necessário o uso 
de informações, as quais têm nos dados a sua matéria-prima. Assim, 
quanto melhor a qualidade da informação disponível, maior será a 
assertividade do processo de tomada de decisão no que se refere à 
proposição e à priorização das ações planejadas. Para tanto, o Sistema 
Único de Saúde (SUS) conta com o DATASUS, um departamento 
vinculado ao Ministério da Saúde que organiza e operacionaliza os 
sistemas de informações em saúde no território nacional. Entre os 
sistemas de informação geridos pelo DATASUS, podemos citar o SINASC, 
SIM, SINAN, SIH-SUS e e-SUS AB, todos eles fundamentais para embasar 
as ações de planejamento e programação local em saúde.
Nesta aula, o objetivo é reconhecer a importância da gestão da 
informação e do conhecimento para as práticas de planejamento em 
saúde. Isso será possível por meio da aproximação com os diferentes 
sistemas de informação brasileiros disponíveis e da articulação da 
informação como subsídio para o atendimento às heterogêneas 
necessidades em saúde da população, em especial de grupos sociais 
vulneráveis.
1.1 Dados, Informação e Conhecimento
Para que as ações de planejamento em saúde se deem de forma 
assertiva, faz-se necessário que os profissionais envolvidos nessas 
atividades disponham de informações (BAPTISTA, 2017). Vamos 
supor que o farmacêutico de uma Unidade de Pronto Atendimento 
(UPA) precise planejar a quantidade de determinado medicamento 
para comprar no município. Para que essa atividade seja realizada, 
é imprescindível que ele tenha a informação da quantidade atual 
do medicamento na farmácia da UPA, pois, sem ela, a atividade de 
planejamento da quantidade a ser adquirida não será possível.
36
Mas, quando se pensa em informação, a que ela exatamente se refere? 
A informação é o produto do processamento de dados. Portanto, não 
é possível dispor de informações sem a presença dos dados que se 
caracterizam como a matéria-prima para a geração de informação 
(BELMIRO, 2015). Por exemplo, um município precisa organizar a 
campanha de vacinação contra a Poliomielite em crianças com até 
cinco anos completos. Para tanto, deve dispor de dados referentes 
à população nessa faixa etária coberta por essa vacina, os quais 
permitirão identificar a informação sobre a quantidade total de crianças 
com indicação para receberem a vacina.
Para a extração dos dados em relação à quantidade de crianças, por 
exemplo, os governos federal, estadual e municipal dispõem de sistemas 
de informação de natureza intersetorial e neles os dados são registrados 
e processados, oportunizando que a informação seja extraída. Portanto, 
as atividades de planejamento possuem uma relação estreita com a 
utilização desses sistemas de informação, uma vez que dependem da 
disponibilidade de dados e informações para subsidiar as suas práticas, 
que, no exemplo, referem-se à quantidade de doses da vacina contra a 
Poliomielite que será distribuída nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) 
para a administração nas crianças do território.
O desencadeamento desse processo de trabalho, que envolve atividades 
relacionadas ao manejo de dados e informações e ao planejamento, 
demanda a utilização de tecnologia informacional, a qual consiste 
na agregação de hardwares, softwares e redes de comunicação. Os 
hardwares se referem aos equipamentos, como os computadores e 
os seus processadores, que possibilitam o registro e o processamento 
dos dadospor meio de softwares, os quais, por sua vez consistem em 
programas computacionais com finalidades pré-estabelecidas. Já as 
redes de comunicação permitem a integração das informações extraídas 
e do trânsito delas em diferentes cenários e com diferentes fins.
37
Os primeiros computadores remontam à década de 1940, quando a 
utilização era restrita às áreas militar e científica. A ideia de automação 
dos processos de trabalho ocorreu na década de 1960, enquanto a 
inserção de redes locais para o trânsito das informações ocorreu na 
década de 1970. Mais tardiamente, entre 1990 e 2010, surgiu a internet 
e a comunicação em nuvem. (KOLBE-JÚNIOR, 2017).
Essa trajetória demonstra o quanto as tecnologias informacionais 
evoluíram em um espaço temporal curto e nos faz refletir o quanto elas 
influenciaram a organização do trabalho, inclusive na área da Saúde. 
Isso porque, sem esse aparato tecnológico, o mapeamento do território, 
o acompanhamento do perfil epidemiológico e a implantação das 
atividades de vigilância em saúde ficariam prejudicados.
Diante disso, estudiosos desse tema entendem que vivemos até o 
final dos anos 2000 a “Era da Informação”, caracterizada pelo forte 
investimento em estruturas para o registro e o processamento de dados, 
bem como para o compartilhamento de informações (BELMIRO, 2015; 
KOLBE-JÚNIOR, 2017). Após esse período, já se discute que estamos 
vivenciando a “Era do Conhecimento”, na qual não é suficiente apenas 
dispor de informações, mas também faz-se necessário utilizá-las de 
forma a subsidiar a construção do conhecimento a fim de influenciar 
significativamente a vida das pessoas e oportunizar o desenvolvimento 
social (BELMIRO, 2015; KOLBE-JÚNIOR, 2017; VIEIRA, 2016),
A inovação tecnológica que sustenta a ideia da “Era do Conhecimento” 
reside no desenvolvimento e no amplo uso dos recursos de inteligência 
artificial, telessaúde, tecnologias vestíveis, entre outros, os quais 
ampliam o acesso democrático à saúde e fortalecem o empoderamento 
das pessoas sobre o seu próprio bem-estar, qualidade de vida e 
autonomia em relação ao autocuidado. Por exemplo, quando se 
pensa em telessaúde e tecnologias vestíveis temos à disposição as 
teleconsultas com profissionais especializados da área da Saúde, bem 
como os equipamentos que permitem monitorar remotamente os sinais 
38
vitais de pacientes assistidos em ambiente domiciliar. Os dados gerados 
por essas interfaces produzem informações que são disponibilizadas 
para profissionais locados a quilômetros de distância para que sirvam 
como subsídio à tomada de decisão clínica, o que envolve também a 
alocação adequada de recursos em saúde diante das necessidades 
identificadas.
Da mesma forma, a inteligência artificial é um recurso informacional 
presente no cotidiano dos sistemas e serviços de saúde. Em uma Central 
de Regulação de Leitos do setor público de saúde, essa tecnologia 
aponta os hospitais que possuem disponibilidade para recepcionar um 
paciente e considera alguns parâmetros, como a existência de leito de 
internação e/ou de terapia intensiva e de determinadas especialidades 
médicas (neurologia, cardiologia, obstetrícia etc.) e a complexidade 
clínica do paciente (alta ou média complexidade). Isso significa que 
se desenvolve um processo colaborativo entre o profissional, que 
avalia tecnicamente as necessidades em saúde do paciente, e o 
sistema informacional, que, ao receber esses dados, processa-os e os 
disponibiliza como informação que gera conhecimento e, em última 
análise, oportuniza a tomada de decisão inteligente, que se traduz em 
melhor cuidado ao paciente e alocação sustentável dos recursos em 
saúde.
Quadro 1 – Características dos dados, informação e conhecimento, 
segundo a estrutura, a organização e os resultados
Características Dados Informação Conhecimento
Estrutura
Fácil estruturação 
com o auxílio de 
banco de dados.
Requer estruturação 
por meio de 
processamento e 
investimento em 
recursos analíticos.
Difícil estruturação, 
pois requer o uso de 
outras tecnologias 
informacionais, como 
inteligência artificial.
39
Organização
Fácil organização 
com o auxílio 
de softwares 
específicos.
Exige consenso 
em relação ao 
significado das 
informações 
extraídas.
Exige comportamento 
analítico dos profissionais 
envolvidos.
Resultado
Possibilita a 
quantificação 
automática com o 
auxílio de softwares.
Exige 
necessariamente a 
intervenção humana 
para a sua análise.
Difícil transferência, 
o que requer 
desenvolvimento de 
metodologias para 
a disseminação do 
conhecimento.
Fonte: adaptado de Belmiro (2015, p. 11).
No entanto, ao se considerar a tríade “dados, informação e 
conhecimento” como necessária para embasar as práticas de 
planejamento em saúde, é fundamental considerar a qualidade 
informacional gerada (BAPTISTA, 2017). Essa qualidade da informação 
está diretamente relacionada à qualidade dos dados registrados, que 
devem estar presentes e completos nos sistemas de informação.
Por exemplo, se um município deseja dimensionar a quantidade 
de determinado antibiótico para assistir as pessoas atendidas nos 
serviços de pronto atendimento, é preciso que os dados relacionados 
às prescrições médicas do antibiótico estejam inseridos em um sistema 
de informação. Nesse caso, se a prescrição é realizada manualmente 
em formulário físico e ela está ilegível ou incompleta, ocorrerá uma 
fragilidade no momento da inserção desse dado no sistema de 
informação, ocasionando a perda desse registro e impactando a 
informação que será gerada. Da mesma forma, se uma Unidade Básica 
de Saúde (UBS) não realiza o registro da notificação de eventos pós-
40
vacinais de um determinado imunobiológico, não será possível embasar 
com assertividade as ações de vigilância no território.
Um primeiro elemento que garante a qualidade da informação está 
diretamente relacionado à existência e à qualidade dos registros 
dos dados disponíveis nos sistemas de informação, mas outros dois 
elementos são fundamentais. Um deles se refere à adoção de técnicas 
que possibilitem a extração coerente de informações, ou seja, aquelas 
que de fato influenciarão no cotidiano das pessoas e na resposta às 
necessidades em saúde das pessoas compreendidas em territórios 
específicos. Para tanto, a capacitação profissional para atuar nessa 
atividade é essencial, bem como a disponibilidade de sistemas de 
informação que permitam o manejo desejado dos dados.
O outro elemento ao qual se deve atentar para assegurar a qualidade da 
informação se refere ao uso de plataformas de gestão do conhecimento. 
Elas exigem forte articulação com instrumentos de Big Data, Business 
Intelligence, Inteligência Artificial, entre outros, além de profissionais 
altamente qualificados para a extração do conhecimento necessário 
para embasar a tomada de decisão.
Por exemplo, no processo de elaboração do Plano Municipal de Saúde, 
há um momento de descrição do perfil epidemiológico, buscando 
identificar em diferentes territórios que compõem o município o padrão 
de morbimortalidade, conjugando-o à forma de viver das pessoas, 
com o objetivo de planejar ações mais direcionadas às heterogêneas 
necessidades em saúde da população e de grupos sociais específicos. 
Essa atividade exige o manejo de sistemas de informações com 
grandes quantidades de dados populacionais (Big Data), que podem 
ser analisados em conjunto com diferentes variáveis, como o perfil de 
morbimortalidade e renda familiar (Business Intelligence), inclusive com o 
uso de Inteligência Artificial, que pode atuar melhorando a assertividade 
das ações propostas e sugerindo a priorização delas, conforme 
41
parâmetros pré-estabelecidos e inseridos no sistema de gestão do 
conhecimento.
Portanto, para a execução de atividades de planejamento em saúde, o 
uso de informações é fundamental para embasar a tomada de decisão, 
o que requer dados de qualidade e sistemas de informação integrados 
aos aspectos da gestão do conhecimento,exigindo, em última análise, 
profissionais qualificados para atuarem nesse contexto.
1.2 Sistemas de Informação em Saúde Pública
O SUS dispõe do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), que 
foi criado em 1991 por meio do Decreto n. 100 (BRASIL, 1991). Nesse 
decreto, foi colocado como objetivo do DATASUS sustentar as ações de 
planejamento, operação e controle, e, para tanto, enumerou as suas 
competências:
I. fomentar, regulamentar e avaliar as ações de informatização do SUS, 
direcionadas para a manutenção e desenvolvimento do sistema de 
informações em saúde e dos sistemas internos de gestão do Ministério;
II. desenvolver, pesquisar e incorporar tecnologias de informática 
que possibilitem a implementação de sistemas e a disseminação de 
informações necessárias às ações de saúde;
III. definir padrões, diretrizes, normas e procedimentos para transferência 
de informações e contratação de bens e serviços de informática no âmbito 
dos órgãos e entidades do Ministério;
IV. definir padrões para a captação e transferência de informações 
em saúde, visando à integração operacional das bases de dados e dos 
sistemas desenvolvidos e implantados no âmbito do SUS;
V. manter o acervo das bases de dados necessárias ao sistema de 
informações em saúde e aos sistemas internos de gestão institucional;
42
VI. assegurar aos gestores do SUS e órgãos congêneres o acesso aos 
serviços de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério;
VII. definir programas de cooperação técnica com entidades de pesquisa e 
ensino para prospecção e transferência de tecnologia e metodologias de 
informação e informática em saúde;
VIII. apoiar Estados, Municípios e o Distrito Federal, na informatização das 
atividades do SUS; e
IX. coordenar a implementação do sistema nacional de informação em 
saúde, nos termos da legislação vigente. (BRASIL, [s.d.])
O processo de criação do DATASUS ocorreu por meio da transição das 
informações de saúde, até então sob tutela da Empresa de Tecnologia e 
Informações da Previdência Social (DATAPREV), o que inclusive acarretou 
o aproveitamento desse pessoal para estruturá-lo e operacionalizá-
lo (BRASIL, 2009). No entanto, apesar dos esforços do DATAPREV para 
organizar as informações em saúde em âmbito nacional, foi somente 
com o DATASUS que o acesso à informação e aos seus instrumentos 
ocorreu de forma democratizada.
O DATASUS organiza os sistemas de informação adotados pelo SUS, 
como o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC); 
o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); o Sistema 
de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); o Sistema de 
Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS); e o e-SUS Atenção Básica 
(e-SUS AB), que estão descritos a seguir.
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)
Consolida as informações sobre nascidos vivos, cuja fonte de dados é 
o registro civil, o qual foi estimulado a partir da década de 1980, por 
meio, inclusive, da isenção de taxas cartorárias para proceder com a 
inserção dos dados pessoais. Essa medida reduziu a subnotificação de 
43
nascidos vivos no Brasil, que remonta ao início do século XX e que estava 
atrelada, em linhas gerais, aos registros realizados em hospitais cujo 
cenário assistencial não era o principal, uma vez que a grande maioria 
das parturientes realizava seu trabalho em domicílio. Portanto, o SINASC 
tem a sua origem a partir do momento em que o registro em cartório 
dos nascidos vivos se torna uma obrigatoriedade, com a emissão da 
Declaração de Nascido Vivo (DN), que oportunizou a disponibilidade 
de informação com maior grau de fidedignidade para subsidiar as 
atividades de planejamento em saúde e de outros setores societários.
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
Tem como fonte a Declaração de Óbito (DO), da qual são extraídos 
os dados do falecido, a data e as causas, primária e secundária, do 
óbito. Esses dados permitem delinear o perfil de morbimortalidade da 
população, considerando o território de origem, a presença de outras 
variáveis interferentes, entre outros aspectos que podem contribuir para 
as ações de planejamento local em saúde.
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
É um sistema de informação que recepciona e organiza os dados 
provenientes da investigação de casos de doenças e agravos de 
notificação compulsória (BRASIL, 2017). Seu objetivo consiste em 
acompanhar a evolução de novos casos em território brasileiro, 
potencializando as ações de vigilância em saúde e, consequentemente, 
de planejamento como resposta às necessidades em saúde mapeadas. 
A atividade de notificação compulsória se refere ao registro obrigatório 
pelos serviços de saúde de situações que envolvam a ocorrência 
de doenças e agravos presentes na Lista Nacional de Notificação 
Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública (BRASIL, 
2020). Essa lista consiste em uma diretriz do Ministério da Saúde, mas 
em nada impede que estados e municípios incluam agravos e doenças 
específicos da localidade, passíveis de notificação, reiterando que 
44
as práticas de planejamento em saúde devem ser descentralizadas 
e têm o território como elemento direcionador das ações a serem 
implementadas (BRASIL, 2009).
Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS)
Destina-se a registrar e controlar os pagamentos referentes às 
internações hospitalares, que têm o Sistema de Gerenciamento de 
Materiais, Medicamentos, Órteses e Próteses (SIGTAP) do SUS como 
balizador da remuneração de serviços de média e alta complexidade. 
O SIGTAP também é conhecido, popularmente, como “Tabela SUS” e 
organiza os códigos e as descrições dos procedimentos pagos pelo SUS 
aos prestadores públicos e privados de natureza complementar, bem 
como os valores monetários, a complexidade do procedimento, entre 
outros.
e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB)
Tem como precursor o Sistema de Informação da Atenção Básica 
(SIAB), implantado em 1998 como desdobramento da reorganização 
do modelo assistencial no SUS, por meio do forte investimento na 
Estratégia Saúde da Família (ESF), que exigiu o investimento em um 
sistema de informação que armazenasse e processasse as informações 
do território. A proposta do e-SUS AB é avançar no sentido de integrar 
a trajetória de cuidados das pessoas em um único registro do Cartão 
Nacional de Saúde (CNS), também conhecido como Cartão SUS, a fim de 
haver a articulação e a integração dos cuidados e do uso de recursos em 
saúde nos diferentes equipamentos de saúde utilizados pelos usuários 
(BRASIL, 2013).
Diante do apresentado, fica evidente o grande investimento em sistemas 
de informação realizado e organizado pelo DATASUS, com o objetivo 
de permitir o acesso aos dados produzidos nos diferentes cenários 
de cuidados em saúde. Esses sistemas têm o objetivo de subsidiar as 
45
práticas de gestão nos três níveis de governança: federal, estadual e 
municipal, entre as quais estão aquelas direcionadas ao planejamento e 
à programação local em saúde.
Isso significa que não é possível realizar as atividades de planejamento 
em saúde sem a disponibilização de dados e informações de qualidade, 
o que requer sistemas de informação robustos e profissionais 
qualificados para o seu manejo. Além disso, é fundamental reconhecer 
quanto conhecimento é gerado a partir das atividades de manejo de 
informações em saúde, uma vez que, com a gestão desse conhecimento 
agregado, contribui-se para a melhoria da assistência ao usuário, 
compreendido individualmente, no seu núcleo familiar, no seu grupo 
social e na coletividade.
2. Considerações Finais
As práticas de planejamento em saúde requerem a disponibilidade 
de informação de qualidade, a fim de subsidiar a compreensão da 
realidade local e, consequentemente, a proposição de ações que 
respondam às necessidades em saúde da população. Para tanto, o 
investimento em sistemas de informação consistentes e na qualificação 
profissional para o manejo e processamento de dados é essencial para 
se disporde informação de qualidade, permitindo, inclusive, a geração 
de conhecimento e a assertividade na tomada de decisão em relação à 
proposição e à priorização das ações.
Nesse sentido, o DATASUS, como departamento vinculado ao Ministério 
da Saúde, busca organizar e integrar os sistemas de informação 
que suportam as práticas de gestão do SUS, o que demonstra a sua 
relevância em relação ao trânsito de informações populacionais.
46
Referências Bibliográficas
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Senac, 2017.
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17 de fevereiro de 2020, e altera a Portaria de Consolidação nº 4/GM/MS [...]. 
Brasília: Ministério da Saúde, [2020]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
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Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). Brasília: Ministério da Saúde, 
[2013]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/
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KOLBE-JÚNIOR, A. Sistemas de segurança da informação na era do 
conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2017.
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt1061_29_05_2020.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1412_10_07_2013.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1412_10_07_2013.html
47
Sistemas de avaliação de 
serviços de saúde pública
Autoria: Alexandra Bulgarelli do Nascimento
Leitura crítica: Fabiane Gorni Borsato
Objetivos
• Conhecer os sistemas de avaliação de serviços de 
saúde.
• Apresentar o Programa Nacional de Avaliação dos 
Serviços de Saúde (PNASS) e o Sistema de Avaliação 
da Atenção Primária à Saúde.
• Discorrer sobre a articulação entre as atividades de 
planejamento e a programação local em saúde e os 
sistemas de avaliação de serviços de saúde.
48
1. Introdução
O processo de avaliação é uma etapa fundamental durante as atividades 
de planejamento, uma vez que ele permite identificar a necessidade 
de redirecionamento ou não daquilo que foi previamente idealizado. O 
Sistema Único de Saúde (SUS) estabelece vários sistemas de avaliação 
da prestação de serviços à população, entre eles há dois que são 
amplos e estão direcionados a serviços de atenção à saúde primária e 
especializada.
Nesta aula, conheceremos a composição desses dois sistemas de 
avaliação aliados às atividades de planejamento em saúde, visando 
problematizar o quanto eles têm de potência para captar os aspectos 
que demandam redirecionamento das ações planejadas.
1.1 Avaliação de Serviços de Saúde
O SUS é operacionalizado em três níveis de governança, sendo 
eles federal, estadual e municipal, cada qual correspondendo a 
um ente federativo. Essa organização, de caráter descentralizado, 
possui o objetivo de organizar e implementar ações de promoção, 
prevenção, recuperação, reabilitação e cuidados paliativos a partir da 
identificação das necessidades em saúde da população e dos territórios 
(NASCIMENTO, 2017).
O Decreto n. 7.508/2011 (BRASIL, 2011) estabeleceu, entre seus vários 
aspectos, as atribuições de cada um dos três entes federativos, entre as 
quais estão inclusas as atividades de planejamento, controle e avaliação 
dos serviços de saúde, com o objetivo de oferecer uma prestação de 
serviços que contribua para a melhoria da condição de saúde, para 
a qualidade de vida e para o bem-estar da população (BRASIL, 2013). 
Diante dessa premissa, o Brasil dispõe de alguns sistemas de avaliação 
de serviços de saúde, a depender da natureza da prestação de serviços 
49
e do nível de atenção à saúde. Entre esses sistemas de avaliação, dois 
deles são os principais: o Programa Nacional de Avaliação dos Serviços 
de Saúde (PNASS) e o Sistema de Avaliação da Atenção Primária à Saúde.
A Portaria n. 28/2015 (BRASIL, 2015c) foi publicada a partir da 
proposta de reformulação do PNASS, que derivou da Política Nacional 
de Regulação, Portaria n. 1.559 de 2008 (BRASIL, 2008). De suas 
responsabilidades, foi determinado que cabe à Regulação da Atenção 
à Saúde monitorar o desempenho dos serviços, a gestão e a satisfação 
dos usuários (BRASIL, 2008; 2015b; 2015c). Assim, o eixo de avaliação 
foi colocado como elemento essencial no processo de planejamento, 
uma vez que permite monitorar e identificar fragilidades processuais, 
ocasionando a reorientação das ações planejadas ou em vias de 
implantação (BRASIL, 2015b; 2015c).
O Sistema de Avaliação da Atenção Primária à Saúde foi recentemente 
implantado, visando substituir o Programa Nacional de Melhoria do 
Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), que esteve vigente 
de 2011 a 2019. Para a reorientação das ações de gestão e de atenção à 
saúde, pensando nos sistemas de avaliação, é importante a integração 
delas com os sistemas de informação que permitam a articulação das 
informações de forma a indicarem o melhor direcionamento a ser 
tomado diante das heterogêneas necessidades em saúde existentes nos 
diversos territórios que compõem o País (BRASIL, 2015a).
1.2 Programa Nacional de Avaliação de Serviços de 
Saúde (PNASS)
O PNASS tem o objetivo de avaliar o desempenho de serviços de atenção 
especializada que envolvam ambulatórios e hospitais em relação às 
dimensões de estrutura, ao processo, ao resultado, à produção do 
cuidado, à gestão de risco e à satisfação dos usuários (BRASIL, 2015b; 
2015c). Seu processo avaliativo ocorre com o auxílio do Sistema de 
50
Informação do Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde 
(SIPNASS), que integra as informações de avaliação dos serviços de 
saúde especializados a partir dos três instrumentos que compõem o 
PNASS: roteiro de verificação, questionário aos usuários e indicadores.
Roteiro de Itens de Verificação
Consiste em um instrumento aplicado pelos gestores dos serviços 
de saúde. É composto por cinco blocos e seus respectivos critérios 
avaliativos e cada um possui seis itens de verificação com desfecho 
binário, ou seja, opção de resposta “sim” ou “não”.
Figura 1 – Instrumento “Roteiro de Itens de Verificação” do PNASS
Fonte: adaptada de Brasil (2015b, p. 11).
51
A aplicação da totalidade ou não desse instrumento depende da 
natureza da prestação

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