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Apostila 
 
Metodologia da Pesquisa Científica: Módulo 1 
 
 
Sumário: 
 
Introdução 
1. Definição de Ciência 
2. As Ciências Humanas 
3. Metodologia e Métodos de Pesquisa 
4. Pesquisa Científica e Conhecimento 
5. Pressupostos Teóricos e Metodológicos da Pesquisa Científica 
6. Paradigma Positivista 
7. Paradigma Fenomenológico 
8. Validação de Trabalhos Científicos 
9. Ética em Pesquisa 
10. Bibliografia - Literatura Complementar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
Produzir conhecimento sobre a realidade, passa necessariamente pela 
reelaboração de nossas percepções. Com o objetivo de assimilar o 
conhecimento, é importante inicialmente decompô-lo em partes, no que se 
chama processo analítico. Para compreender qualquer objeto, é necessário 
desmontar suas partes para depois monta-lo novamente, com um novo 
conhecimento adquirido pela prática. O cientista, ao se deparar com seu objeto, 
precisa desenvolver uma atitude crítica em relação a ele, desmontando-o sob a 
forma de conceitos, procurando entende-lo integralmente com o auxílio das 
informações obtidas pela experimentação. 
Nesta relação dialética, a produção de conhecimento científico envolve a 
execução de aproximações conceituais, para que se possa compreender o 
objeto em todo seu dinamismo. Entretanto, temos nos deparado com um certo 
tipo de produção do conhecimento científico que nada mais é que uma tentativa 
iludida de reproduzir a realidade, o que acaba por gerar caricaturas produzidas 
por uma falsa ciência. Isto que dizer que os cientistas têm se dedicado muitas 
vezes a questões irrelevantes, produzindo um conhecimento acadêmico 
burocrático, relegando a criatividade e a inovação ao último lugar. 
Além dessa limitação de ordem metodológica, podemos observar um 
imenso desperdício de tempo e dinheiro empenhados em pesquisas fúteis, 
normalmente condenadas ao esquecimento nos meandros dos arquivos das 
bibliotecas. 
Quais seriam as possíveis soluções para este estado de coisas? Antes de 
mais nada deve haver uma auto-crítica e modificação de postura por parte 
daqueles pesquisadores que se consideram absolutamente desobrigados de 
produzirem benefícios para a sociedade com suas pesquisas. Coloca-se a cada 
um a exigência de se abrir para o intercâmbio saudável de opiniões, 
disponibilizando e adequando sua produção científica às necessidades sociais e 
estando aberto ao debate sobre suas premissas e posições. É necessário 
também abrir mão do injustificável “orgulho acadêmico”, adotando a postura 
humilde do eterno aprendiz que aprende mesmo ao ensinar. 
Esta posição pode soar como demasiadamente utilitarista no que se refere 
 
à produção do conhecimento. Na verdade, ensejamos defender a ideia de que 
produzir conhecimento é muito mais que simplesmente elaborar teorias 
desconexas, sendo mais importante atribuir sentido e conexão social ao saber, 
como forma aproximativa de interpretar a realidade. Para efetivar esta 
abordagem, é fundamental que se tenha clareza sobre o que realmente constitui 
a ciência e a metodologia científica, priorizando a produção científica metódica 
e embasada em paradigmas válidos. 
1. Definição de Ciência 
A definição de Ciência é uma tarefa árdua, que tem sido tentada por 
diversos filósofos e pensadores. Entretanto, uma definição consensual possível 
seria: produção de conhecimentos racionais elaborados pela observação, 
raciocínio ou experimentação com a realidade. Estes conhecimentos visam 
elaborar, descobrir e enunciar leis naturais condizentes com os fenômenos 
percebidos, reunindo-as em teorias adequadas. 
Ou seja: ciência são os conhecimentos produzidos de maneira sistemática 
por uma metodologia previamente determinada, embasada em técnicas de 
pesquisa que proporcionem a integração coerente das diversas facetas de um 
determinado objeto de análise. Esta definição implica em uma diferença crucial 
entre o saber científico e o senso comum, sendo o primeiro gestado através de 
procedimentos sistemáticos, os quais visam investigar um objeto previamente 
definido. 
Assim, poderíamos dizer que o ser humano, em sua relação com o mundo 
com o mundo e em seu confronto com as forças da natureza, utilizase de dois 
processos básicos, que podemos definir como a magia e a técnica. Enquanto a 
magia almeja uma ação indireta sobre as coisas e os seres, pela ação de forças 
místicas e ocultas, a técnica age objetivamente se embasando no conhecimento, 
empírico ou científico. 
É interessante notar que a ciência se baseia fundamentalmente na 
subjetividade, visto que o ser humano só pode apreender o mundo a partir de 
suas próprias impressões sensoriais. Isto poderia implicar em um tipo de 
conhecimento falseado, visto que o senso comum traz sempre consigo um gama 
de imprecisões, estando baseado na experiência direta do observador, o qual 
considera para suas deduções apenas a aparência do objeto cognoscível. 
 
Por outro lado, no seu sentido genérico a ciência pode abranger qualquer 
grupo de conhecimentos organizados e generalizáveis. Entretanto, quando 
abordamos uma área específica da ciência, o termo estará se referindo a um 
conjunto de saberes alcançados por métodos formais de investigação e 
revisados por processos adequados de verificação. Assim, podemos dizer que a 
ciência é uma abordagem racional e objetiva para interpretar o universo, 
objetivando a produção de saberes que visam dominar e utilizar as forças da 
natureza conforme os desígnios do ser humanos em seu esforço de construir 
uma vida melhor. 
Uma outra definição possível de ciência seria a de um sistema harmonioso e 
coeso de proposições ou enunciados que se baseiam em uma quantidade 
definida de princípios, com o objetivo de descrever, explicar e prever, da forma 
mais precisa possível, um determinado grupo de fenômenos, determinando suas 
leis através da disposição metódica dos fatos observados. 
 
2. As Ciências Humanas 
Será que poderíamos adotar as mesmas definições discutidas anteriormente 
para descrever as denominadas “ciências humanas”? Qual seria a área de 
conhecimento definida como ciência humana? Poderíamos, talvez, denominar 
como ciências humanas aquelas matérias que se ocupam do homem em suas 
diversas dimensões de existência. 
Neste sentido, a ciência social é relativamente recente quando se 
considera o âmbito das ciências modernas. Nos séculos XVII a XIX, enquanto a 
Europa se deparava com profundas modificações estruturais, articula-se a 
ciência propriamente humana. As mudanças sociais trouxeram para o escopo da 
análise científica todo um grupo de fenômenos sociais que ainda não haviam 
sido integrados aos métodos de análise rigorosa da ciência formal. O surgimento 
das ciências do homem significou a chance de incorporar no plano do saber 
científico, um grupo de fenômenos sociais e culturais fundamentais para que se 
possa compreender os processos sociais e a estruturação das emergentes 
mudanças na sociedade europeia 
Entretanto, o paradigma da ciência natural representou um obstáculo portentoso 
para o estabelecimento da nova ciência, em função da especificidade dos temas 
sociais, visto que, quando se passa do âmbito das ciências naturais para o 
 
âmbito social, a interpretação consensual das ciências formais adquire traços 
próprios e específicos das ciências humanas. 
O debate sobre as diferenças entre ciências humanas e ciências naturais 
focaliza-se na natureza do objeto de estudo de uma e de outra. Sendo cada 
objeto específico, podemos supor que exijam métodos diferenciados de 
abordagem. De qualquer modo, é evidente que o cientista, seja qual for o seu 
objeto de estudo, é também um cidadão que age politicamente influenciando e 
sendo influenciado por suas relações sociais. Desse modo, fica evidente que a 
ciência é também uma prática social, sendo um processo inserido na realidade 
da sociedade, que necessariamente a condiciona. 
Assim, percebe-seque a transposição de conceitos das ciências naturais 
para o campo das ciências humanas demonstra ser problemática, visto que o 
organismo social não se desenvolve dentro dos mesmos parâmetros dos 
organismos biológicos. É óbvio que as ciências sociais não podem ser 
construídas a partir do nada, entretanto, é fundamental determinar limites para a 
aplicação literal de conceitos usados para analisar organismos biológicos na 
análise da sociedade. 
 
3. Metodologia e Métodos de Pesquisa 
Podemos definir Metodologia como o estudo dos métodos de investigação 
e de prova experimental, através da análise crítica. A Metodologia possui ainda 
um aspecto descritivo, porém, o objetivo principal deste campo de estudos é o 
de avaliação dos recursos metodológicos, definindo seus limites e explicitando 
seus pressupostos de atuação, além das consequências de sua utilização em 
pesquisa. 
Ultrapassar o senso comum só é possível através da sistematização 
proporcionada por uma metodologia científica, a qual deve se embasar na 
Epistemologia, que consiste no estudo descritivo e crítico dos paradigmas, 
proposições de hipótese e dos procedimentos e resultados dos processos 
científicos vigentes. Trata-se, portanto, de uma teoria da Ciência. 
Ainda assim, a metodologia não constitui o centro focal da Ciência, sendo 
antes uma ferramenta que possibilita abordagens teóricas confiáveis e 
relevantes para investigar a realidade, esta sim o principal fator que deve 
direcionar a alternativa metodológica. 
 
A metodologia científica se relaciona, portanto, é entendida com a 
Filosofia da Ciência, que tem por escopo a análise dos métodos científicos, 
avaliando sua adequação ao objetivo proposto através da crítica dos paradigmas 
e dos fatores resultantes de seu uso, possibilitando assim que se ultrapasse o 
conhecimento empírico superficial do senso comum e do viés ideológico, 
propondo em seu ligar um sistema de saberes organizados, coesos e racionais. 
Na prática, a metodologia trabalha com a avaliação e elaboração das 
técnicas de pesquisa gerando novos métodos experimentais ou reavaliando os 
já existentes, criando ferramentas metodológicas que tornam possível a 
captação e o processamento de informações que levam à resolução de vários 
níveis de proposições e problematizações teóricas, interferindo nas práticas 
investigativas. 
A Metodologia não se restringe ao estudo dos métodos, mas consiste 
também em um campo de pesquisa em si, orientando o pesquisador no processo 
de investigação, no âmbito decisório e na assimilação de conceitualização e 
técnicas e na proposição de objetivos coerentes. Ainda assim, podemos definir 
o método focalizando no repertório de procedimentos que são utilizados como 
ferramentas para atingir os objetivos da pesquisa. 
A particularidade das técnicas não exclui a generalidade da Metodologia 
utilizada, sendo esta a razão pela qual uma boa parte dos autores de trabalhos 
de pesquisa optam por definir primeiramente as técnicas, para generalizar 
posteriormente, aproximando-se da noção de método, que consiste em uma 
sequência de regras adequadas para solucionar uma problematização científica. 
A base fundamental do método é o esforço de resolver problemas utilizando 
hipóteses possíveis de serem provadas por observações experimentais, 
estabelecendo respostas provisórias que se propõem a apresentar soluções 
para determinados problemas ou a elaborar explicações cientificamente 
coerentes. 
Formular hipóteses é um aspecto fundamental da elaboração da 
investigação científica, e eventualmente deve deixar de lado o viés criativo. No 
entanto, é neste momento que o pensamento criativo do investigador pode se 
tornar mais útil, utilizando-se de analogias ao buscar similaridades entre 
fenômenos correlacionados, tornando possível a formulação de uma ideia 
original, que será testada para que se confirme ou refute sua validade. 
 
Podemos assumir que as leis científicas se tratam de hipóteses 
generalizantes que passaram pelo crivo do teste, recebendo confirmação 
experimental de descrições de inter-relações e regularidades detectadas nos 
fenômenos estudados. 
As leis generalizantes acopladas a condições definidas, podem gerar 
explicações e previsões cientificamente embasadas, as quais se apoiam elas 
mesmas em leis gerais combinadas a circunstâncias determinadas que se ligam 
aos fatos estudados. Após seguir todo este processo, pode-se propor uma teoria 
científica, que consiste na interligação de regras, proposições hipotéticas, 
definições e conceitualizações relacionadas e coesas. As teorias proposições 
explicativas mais abrangentes e amplas que as leis que nela se integram, 
adequando-se à conjuntura e se sujeitando à reavaliação e remodelamento, 
admitindo substituições por outros enquadramentos teóricos que sejam mais 
adequados à realidade observada. 
A teoria científica inédita preocupa-se com objetos e mecanismos ainda 
pouco compreendidos. A teoria apresenta-se, então, como representação 
esquematizada e hipotética de algo que supomos real. No entanto, para garantir 
que essas representações sejam confiáveis, deve-se ter a objetividade como 
pressuposto de investigação e elaboração teórica, baseando-se na 
disponibilidade dos resultados através da publicação de hipóteses para que se 
submetam à avaliação crítica pela comunidade científica. As teorias devem ainda 
ser formuladas de modo a possibilitar os testes e confirmações experimentais, 
através da experimentação controlada e da possibilidade de repetição dos testes 
por outros cientistas da área. 
 
4. Pesquisa Científica e Conhecimento 
A curiosidade é o principal fator que rege o impulso investigativo nos seres 
humanos, sendo a pesquisa científica o meio mais confiável de se apropriar dos 
saberes, satisfazendo a curiosidade e as necessidades por vezes prementes do 
pesquisador e seu entorno. Sendo assim, a pesquisa se define como uma 
atividade de proveito conjuntural ou perene, inserindo-se em um campo de 
memória compartilhado, do qual podem sobressair linhas de pensamento 
específicas. É necessário que se ressalte a contextualização social da pesquisa, 
além do pertencimento do cientista a uma determinada sociedade, com sua visão 
 
de mundo específica, que determina interesses próprios os quais acabam por 
conferir à pesquisa um caráter também político. 
Não se pode realizar pesquisa fora do âmbito social, sendo impossível 
que esteja isolada da realidade conjuntural do pesquisador, sempre atrelada às 
suas ações, mas que pode e deve ser utilizada como ferramenta de elaboração 
aprofundada da investigação. Neste sentido, o senso comum pode ser 
eventualmente valorizado na proposição de problemas iniciais que possam ser 
posteriormente investigados por uma metodologia científica complexa. 
A investigação relacionada com os fenômenos do campo social, 
demonstra que esta área de conhecimento não deve ser abordada através da 
simples análise impessoal, visto ser impossível isolar as variáveis sociais que 
influenciam o exercício da ciência e a vida e visão de mundo dos cientistas em 
particular. Interrogando a memória teórica registrada nos anais científicos, 
podese 
elaborar os saberes adequados à realidade que se quer conhecer. A pesquisa 
muitas vezes revela conhecimentos de ordem específica, os quais sempre 
trazem inevitavelmente as características particulares do cientista, 
principalmente no que tange à sua filiação metafísica, com sua consequente 
visão de mundo, além de sua atuação social, sempre política, de uma forma ou 
de outra. Deste modo, devemos reconhecer que a pesquisa científica é sempre 
um ato político, sendo impossível diferenciar totalmente o objeto pesquisado em 
si, das abordagens e visões parciais dos pesquisadores. 
A pesquisa pressupõe um problema a ser resolvido, ou uma pergunta a 
ser respondida, sendo que o pressuposto do cientista sobre o que seja a Ciência,sempre vai influenciar tanto na escolha do objeto pesquisado como na 
abordagem investigativa. Ainda assim, a investigação científica não recomeça 
sempre do nada, mas se apoia sobre a memória científica acumulada para 
propor extensões do conhecimento sob outros pontos de vista. 
A partir dessas premissas, podemos observar que fazer pesquisa não 
envolve unicamente coletar dados, mas principalmente analisar esses dados sob 
a ótica de uma teoria e um método já formulados ou ainda por formular, 
demonstrando a inter-relação orgânica entre a questão que se formulou e o 
objeto pesquisado. 
As problematizações, em pesquisa científica, surgem normalmente sob a 
 
influência de um grupo determinado de teorias científicas que atuam como o 
alicerce de toda a investigação. Portanto, formular e resolver problemas 
científicos só poderá ser feito adequadamente pelo cientista que domina as 
teorias científicas vigentes em seu campo de conhecimentos. 
A necessidade da pesquisa científica costuma acompanhar a consciência 
que se tem de um determinado problema, cuja resolução nos impele a investigar. 
A pergunta feita, que acarreta a necessidade de uma solução, perfaz a base 
funcional da investigação, que nada mais é que averiguação metódica e 
minuciosa da realidade que se coloca ao observador, a fim de elaborar leis e 
princípios que se relacionem com um campo determinado de conhecimento. 
O ser humano se relaciona com seu meio a partir de sua memória de 
conhecimentos acumulados, sejam eles empíricos ou científicos. Assim, para 
conhecer para além da experiência imediata é necessária a sistematização das 
abordagens práticas experimentais da pesquisa. Sendo assim, não se pode 
chamar de pesquisa científica qualquer indagação empírica, ou relacionar 
pesquisa científica com trabalhos escolares determinados pelos docentes no 
ensino fundamental e médio, ou mesmo às enquetes de opinião, que ainda que 
possam funcionar como ferramentas metodológicas, não constituem a pesquisa 
científica em si. 
A pesquisa só existe realmente quando há um problema definido para ser 
examinado, avaliado e criticamente analisado, para que se possam propor 
soluções ou respostas viáveis. Sendo assim, o primeiro movimento da pesquisa 
científica deve ser o de definir e delimitar o objeto de estudo e o problema 
relacionado a ele em relação aos temas que se quer abordar. 
Esta delimitação é uma tendência humana, seja ela proveniente do senso 
comum ou das abordagens metodológicas científicas. Perante esta necessidade, 
são elaboradas maneiras diversas de conhecer e abordar a realidade. Desse 
modo, um dos grandes debates referentes ao modo de se proceder em uma 
investigação, ocorre devido à confusão entre os termos pesquisa, metodologia 
e procedimentos metodológicos, o que por vezes acarreta disputas superficiais 
e inúteis, como as que comparam a validade das abordagens qualitativas e 
quantitativas, as quais são normalmente complementares, deixando de lado 
questões mais básicas. 
Na realidade, este tipo de debate acaba contribuindo mais para 
 
obscurecer o tema pesquisado do que para o esclarecer. A crença na oposição 
entre as abordagens metodológicas, na realidade, demonstra uma falta de 
aprofundamento em relação aos saberes do tema pesquisado. 
Podemos dizer que o conflito entre tendências metodológicas não 
corresponde à realidade, visto que os problemas ocorrem muito mais em função 
da carência de fundamentação teórica por parte de muitos cientistas, que 
exploram seus temas superficialmente. Assim, as diferentes técnicas de 
pesquisa devem adequar a formulação do problema e a coleta de informações 
necessárias para a completude da investigação, sendo que o desprezo aos 
métodos quantitativos, principalmente nas ciências humanas, é totalmente 
contraproducente, visto que eles são não apenas úteis, mas indispensáveis a 
qualquer pesquisa científica séria. 
É necessário, assim, revisar as bases sobre as quais se apoiam os 
debates sobre as tendências metodológicas, os quais necessitam de uma 
orientação que ultrapasse o nível elementar de divergências sem sentido. 
O debate entre tendências metodológicas ultrapassa a discussão 
superficial, resgatando as questões básicas que se referem à produção dos 
saberes científicos, descartando a falsa dualidade técnica, que reduz a ação do 
cientista ao simples tecnicismo. Deve-se, ao contrário, analisar em profundidade 
os sujeitos que vão gerar o conhecimento científico e quais os beneficiários 
desse conhecimento. Explicitar a função da pesquisa e a postura do pesquisador 
frente ao problema proposto, pode ser mais importante do que simplesmente 
discutir as técnicas investigativas, para inserir a pesquisa na problemática social, 
política e filosófica presente naquele momento. 
 
 
 
5. Pressupostos Teóricos e Metodológicos da Pesquisa Científica 
Se a pesquisa científica reflete inevitavelmente a visão de mundo e as 
experiências pessoais do cientista, bem como os paradigmas metodológicos que 
segue, não é possível e nem saudável esperar uniformidade nas produções dos 
diversos pesquisadores. Encontraremos sempre e necessariamente paradigmas 
epistemológicos diversos. Vamos abordar dois desses paradigmas que muito 
influenciaram, e influenciam, a produção científica mundial: o paradigma 
positivista e o paradigma fenomenológico, os quais abrangem razoavelmente as 
correntes de pensamento que permeiam a ciência. Obviamente não 
pretendemos aqui fazer uma classificação exaustiva dessas correntes, mas 
apenas apresentar dois exemplos que podem demonstrar de que maneira as 
concepções filosóficas e metodológica prévias podem influenciar o trabalho do 
cientista. 
Se considerarmos a ciência como a sistematização que ocorre na relação 
de conhecimento entre um pesquisador e seu objeto de análise, tornase 
 
necessário explicitar o gradiente de relações entre estes dois polos da pesquisa 
científica. 
Abordar a questão da objetividade e da subjetividade da pesquisa é 
reconhecer sua dimensão política, sem, no entanto, enveredar pela limitação dos 
caminhos da ciência com base em visões estreitas e interesses parciais 
classistas, os quais desde sempre sufocaram a curiosidade e a sede de 
conhecimentos dos seres humanos. 
 
6. Paradigma Positivista 
Os séculos XVIII e XIX foram palco de mudanças radicais nas abordagens 
do conhecimento científico. O predomínio da burguesia mercantil e da 
industrialização determinaram uma reestruturação da visão de mundo e 
consequentemente das relações entre os seres humanos e os “objetos” do 
conhecimento. É neste quadro de reestruturação e consolidação da burguesia 
industrial no poder político que surge a visão positivista, a qual rapidamente 
alcançou sucesso por legitimar o Estado segundo os moldes do industrialismo. 
O Positivismo, no entanto, representou uma ruptura coma as concepções 
metafísicas prévias de base religiosa, rejeitando os paradigmas anteriores e 
lançando novas bases para a produção de conhecimentos. 
Augusto Comte, foi o principal difusor do Positivismo na França, rejeitando 
os preceitos metafísicos tradicionais e valorizando a experiência positiva e o 
“fato” estabelecido por uma “prova”, aplicando estes paradigmas mesmo para os 
estudos em ciências humanas, onde acabou por estabelecer uma polêmica 
espécie de “religião científica”. 
De acordo com Augusto Comte Segundo Comte, a certeza sensível, 
sistemática e metódica é que permite a correta avaliação dos fenômenos 
analisados. Estes fenômenos seriam regidos por “princípios” que permitiriam a 
interconexão dos fenômenos aleatoriamente observados, assim, a investigação 
deve se voltar para a determinação das leis de inter-relação entre os objetos 
observados, prevendo e controlando os fenômenos para que se possa construir 
a utópica “sociedade Positiva”. 
Assim, o modelo metafísico positivista procurava se embasar nas ciências 
naturaise no denominado “método empírico-analítico”, que teoricamente deve 
seguir os parâmetros de neutralidade do observador e objetividade da 
 
observação, excluindo os juízos de valor. 
O Positivismo, ao buscar a neutralidade e objetividade da pesquisa, acaba 
por utilizar técnicas de coleta, tratamento e análise de informações 
majoritariamente quantitativos, utilizando sistemas métricos minuciosos e 
cálculos de estatística. Há padronização da coleta de dados, com categorias 
fechadas que possibilitam a apresentação de informações de maneira objetiva, 
utilizando-se de gráficos, tabelas, perfis e outros recursos de tabulação de 
dados. O método positivista aborda seus temas definindo as variáveis e as 
facetas e funções dos objetos, utilizando o conceito de causa como base teórica. 
Esta relação de causa deve ser demonstrada no experimento, com a 
organização sistematizada dos dados observados, dando prioridade para as 
análises estatísticas e teóricas. 
A base da Ciência, para o Positivismo, passa a ser a determinação das 
causas dos fenômenos e a descrição explicativa dos fatos através de seus 
condicionantes e antecedentes, sendo que o próprio objeto que se mostra ao 
escrutínio do cientista, constitui toda a fonte do conhecimento. 
Ao estabelecer critérios e métodos rigorosos, o paradigma positivista 
busca a objetividade, em que os cientistas devem assumir uma posição de 
pretensa neutralidade, não permitindo, na medida do possível, que suas 
interpretações e valores sejam fatores determinantes no processo e resultados 
de sua pesquisa. O procedimento experimental e a análise estatística dos dados 
procuram apresentar uma racionalidade intrínseca, organizando 
sistematicamente as variáveis e determinando as causas finais de produção dos 
fatos, através do raciocínio hipotético-dedutivo, fundamentado na percepção 
sensorial e no registro metódico das observações empíricas, utilizando sempre 
que possível a demonstração matemática. 
 
7. Paradigma Fenomenológico 
O estudo dos “fenômenos”, ou aquilo que é possível apreender com a 
consciência, é designado como Fenomenologia. Trata-se de explorar as 
relações que conectam o fenômeno com o Eu para quem o fenômeno se 
apresenta, além de procurar detectar as relações dos fenômenos com seu 
próprio ser incognoscível. 
Nas pesquisas de abordagem fenomenológica, o pesquisador se baseia 
 
no entendimento dos fenômenos de acordo com suas diferentes manifestações, 
consciente de que sua abordagem é proveniente de de uma estrutura cognitiva 
determinada e procurando sempre explicitar seu pressupostos e paradigmas de 
trabalho, separando-os analiticamente dos mecanismos não aparentes que são 
a causa fundamental dos fenômenos. 
A assimilação do conhecimento é realizada a partir da internalização do 
significado dos fenômenos em um Eu sempre presente e distinto deste, ou seja, 
o fenômeno abordado em sua relação com o Eu. Fica impossível, assim, analisar 
os fenômenos de isoladamente, visto que só estão em condições de 
possibilidade quando vistos a partir de uma perspectiva de totalidade. O método 
fenomenológico baseia-se, assim, na interpretação como meio de apreender o 
significado do fenômeno, colocando-se na posição intermediária entre sujeito e 
objeto e considerando sempre a dualidade complementar eu/fenômeno. 
A fenomenologia coloca-se em posição crítica frente às abordagens 
experimentalistas/positivistas, desvalorizando a metodologia quantitativa e as 
proposições puramente técnicas, considerando que esta forma de abordagem 
não leva em conta as ideologias que se encontram na base dos fenômenos, visto 
que este não está nunca dissociado do Eu do pesquisador. Assim, a 
fenomenologia prioriza a explicitação dos pressupostos intrínsecos aos textos 
científicos, utilizando-se de abordagens não quantitativas, tais como entrevistas, 
narrações de vivências e análise de discurso. 
A Fenomenologia exalta o potencial interpretativo e reflexivo do 
pesquisador sobre o fenômeno analisado em sua pesquisa. Compreende os 
fenômenos em suas manifestações diversas, procurando deslindar seus 
mecanismos intrínsecos. O sujeito se torna, assim, um fator básico para a 
compreensão interpretativa do objeto, efetuada metodicamente na passagem da 
experiência fenomênica até o desvendamento dos mecanismos essenciais, 
efetuado pela explicitação dos fatores intrínsecos ao fenômeno. 
Deste modo, o método fenomenológico, em sua crítica às metodologias 
experimentalistas, coloca-se de modo alternativo na abordagem ao 
conhecimento, ancorando-se em uma visão existencialista do ser humano, visto 
como ser incompleto e relacionado ao todo, possuindo o dom da interpretação 
que explica o fenômeno, expondo sua essência. 
 
8. Validação de Trabalhos Científicos 
Estabelecer quando são válidos os resultados de uma pesquisa científica, 
é um procedimento que passa naturalmente pela precisão dos pressupostos 
teórico-metodológicos, os quais vão determinar a adequação da aplicação das 
diversas técnicas que compõem o repertório do cientista, previamente 
explicitado, para executar sua pesquisa. 
A ética é também um ponto fundamental como critério de validade de uma 
pesquisa, que não será reconhecida na medida em que extrapolar as regras e 
pressupostos morais implícitos na atividade científica. O controle metodológico 
deve sempre ser complementado pelo controle ético da pesquisa, sendo que os 
pesquisadores devem direcionar seus esforços no sentido da avaliação 
constante e retificação eventualmente necessária dos procedimentos normativos 
que regem toda pesquisa de cunho científico. 
As exigências que se associam ao processo normativo da pesquisa é que 
vão definir o enquadramento das ações do cientista, proporcionando legalidade 
e aval social para a execução da metodologia. Entretanto, deve-se ficar atento 
para que as normas não determinem o viés de observação do cientista, 
contaminando a descrição dos processos observados. Ou seja, ainda que a 
pesquisa não deva submeter seu aspecto interpretativo às exigências da norma, 
é necessário levar em conta que o conhecimento científico não deve adquirir 
caráter hermético e alienado, ficando restrito a um círculo fechado de 
“iniciados” acadêmicos que se reservam o direito de transgredir a normatividade 
funcional e utilitária da pesquisa, sendo que esta deve sempre se submeter ao 
crivo da normatividade social e ética através da transparência na apresentação 
dos fatos e na acessibilidade e reprodutibilidade dos resultados. 
Não há dúvida de que os limites éticos são um tanto tênues e 
convencionais, mas o controle ético deve ser sempre parte integrante da própria 
composição do projeto de pesquisa científica. Não se deve perder de vista, no 
entanto, que o processo de pesquisa pode ser prazeroso e artesanal, na medida 
em que incorpora sempre um componente lúdico de desafio e inovação, que 
pode ser apreciado pelo cientista dentro dos limites das convenções básicas de 
seu meio social e da regulamentação jurídica a que está sujeito. 
 
 
9. Ética em Pesquisa 
A pesquisa científica usualmente se constitui a partir de um problema ou 
uma pergunta, constituindo um processo de questionamento sistemático e de 
busca de respostas adequadas e satisfatórias que possam exercer algum 
sentido prático. Mas, além disso, a pesquisa consiste na aplicação de métodos 
específicos de investigação, utilizando procedimentos científicos para chegar a 
conclusões satisfatórias. Desse modo, atuar cientificamente sem avaliar se a 
questão pesquisada é relevante para a sociedade e a comunidade científica 
como um todo, é de fundamental importância para que o cientista não se 
transforme em simples desperdiçador de recursos, sem o comprometimento com 
a melhoria de seu entorno, possibilitando inovações que possuam interesse 
social e profissional. 
Rigor, ética, procedimentos metodológicos e matrizes teóricas específicas, 
sãoos critérios básicos de realização de uma pesquisa científica, normalmente 
desenvolvida por cientistas de diversas áreas do conhecimento, os quais tem 
interesse em investigar, de forma aprofundada e sistemática, assuntos que 
sejam relevantes para responder questões prementes ao contexto profissional 
das diversas áreas de atuação humana. É comum que as pesquisas científicas 
estejam ligadas a instituições acadêmicas, mas hoje em dia a pesquisa científica 
industrial representa também uma porção relevante da produção de 
conhecimento científico em nossa sociedade. 
A pesquisa científica pode pautar-se pelas demandas do cotidiano, sendo 
que suas conclusões poderão alterar rotinas profissionais, sugerindo 
modificações contextuais e de fluxo, seja em instituições acadêmicas ou 
industriais/comerciais. Ainda assim, não podemos descartar a necessidade da 
chamada “pesquisa básica”, a qual costuma investigar temas específicos que, 
muitas vezes, estão desvinculados de uma aplicabilidade prática imediata. 
O bom senso deve reger as escolhas do pesquisador quanto aos temas 
que irá pesquisar. Por vezes, uma questão aparentemente sem vínculo prático, 
acaba por desvendar questões que se colocam como ferramentas importantes 
no desenvolvimento de novas tecnologias e procedimentos, os quais podem ter 
influência profunda na dinâmica social, sem que estas consequências tenham 
sido previstas quando da realização da pesquisa. A investigação básica 
especulativa está no limite entre a funcionalidade e aplicabilidade social da 
 
ciência e apura especulação pessoa e alienada do cientista. Definir a relevância 
de um trabalho científico e adequá-lo às normas éticas vigentes deve ser fruto 
de aprofundada reflexão por parte do pesquisador, que deve sempre elaborar 
seus projetos através do diálogo com seus pares, estando permeável às opiniões 
e recomendações dos profissionais da área em que trabalha. 
 
 
Bibliografia – Literatura Complementar 
CERVO, Amado Luiz, BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 3. ed. 
São Paulo: Makron, 1985. 250 p. 
GAMBOA, S. A. S. A dialética na pesquisa em educação: elementos de contexto. 
IN: FAZENDA, I. (ORG.) Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: 
Cortez, 1989. 
GOMES, Alberto Albuquerque. Considerações sobre a Pesquisa Científica: em 
busca de caminhos para a pesquisa científica. Disponível em: 
http://www.fct.unesp.br/Home/Departamentos/Educacao/AlbertoGomes/aula_c 
o nsideracoes-sobre-a-pesquisa.pdf 
LUDKE, M. & ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São 
Paulo: E.P.U., 1986.

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