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Fundamentos Históricos e Introdução ao Estudo do Direito (AULA COMPLETA)

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Fundamentos Históricos e 
Introdução ao Estudo do 
Direito 
UNIDADE 1 - Antiguidade e Direito Não-Europeu 
Introdução 
 
O presente texto trata das noções sobre o Direito Hebraico, Hindu, Chinês e Japonês. Todos esses sistemas 
jurídicos possuem características únicas e se desenvolveram conjuntamente a suas sociedades. No entanto, é 
possível ressaltar importantes semelhanças entre eles. Primeiro ressalta-se que todos foram fortemente 
marcados por expressões teológicas. Conforme veremos, isso significa dizer que a religião, embora 
diferentes, possuía papel elementar dentro do ordenamento jurídico. 
Além disso, em todos os sistemas jurídicos citados havia uma forte aproximação entre a moral e a política. A 
presença da religião, aproximava a moral do cotidiano das pessoas, havia um rigor maior entre o certo e 
errado, justo e injusto, fundamentado nos dogmas religiosos que definiam as normas sociais, políticas e 
jurídicas. 
Essas duas características possibilitaram a criação de sistemas jurídicos dogmáticos, os quais estabelecem 
preceitos normativos que são seguidos da mesma maneira que os dogmas religiosos. 
 
 
 
Vamos estudar sobre o direito hebraico, hindu, 
chinês e o japonês? 
 
O Direito Hebraico, Hindu, Chinês e o Japonês são expressões do Direito na Antiguidade Oriental. Nos 
quatro casos, houve um esforço para a organização de um sistema jurídico robusto que fosse capaz de lidar 
com as dinâmicas de suas sociedades. Embora distintos, todos esses sistemas jurídicos apresentam algumas 
peculiaridades, como o centralismo da religião nas disposições políticas e jurídicas. Em razão disso, há uma 
proximidade da ética e moral religiosa com os outros ramos sociais. No entanto, cada sistema possui sua 
particularidade, as quais veremos a seguir. 
O Direito Hebraico é definido como: 
"o conjunto de regras e preceitos religiosos que se alicerça no dogma monoteísta arvorado pelos antigos 
israelitas, povo de origem semita que outrora habitou a terra bíblica de Canaã" (PALMA, 2022, p.154). 
Trata-se, portanto, de um Direito tido pelos hebreus como de inspiração divina, situado no campo dos 
Direitos sagrados. A principal fonte do Direito Hebraico é o Antigo Testamento (Tanak), composto pelo 
Pentateuco (Torah), pelos livros dos profetas (Neebin) e pelos demais escritos (Ketubin). 
No Direito Hindu, a religião hinduísta possuía valor fundamental, sendo formas dissociáveis o direito e a 
religião. Ademais, na Índia reinava um sistema de castas sociais, o qual também era refletido no Direito, de 
modo que havia um conjunto de regras específicas a serem seguidas, conforme a condição social. Esse 
conjunto de regras que regulava a virtude é chamado de dharma. O dharma é encontrado nos vedas e nos 
livros que sistematizaram regras jurídicas e costumes, sendo que o mais importante era o Código de Manu. 
Por outro lado, o Direito Chinês é constituído, a partir de dois conceitos principais: “li” (礼) e “fa” (法). O 
“li” é um conceito abstrato, oriundo da filosofia confuciana, e pode ser traduzido tanto por “ritual” quanto 
por “costumes”, “moral” ou “regras de bom comportamento”. Nessa perspectiva, haveria maior valor na 
educação que na punição, de modo que o “li” seria condutor para a boa convivência. Já o “fa” expressa 
“pena”, “regra” ou “modelo punitivo”. A disputa entre as concepções do “li” e do “fa” representa a disputa 
entre um modelo de justiça mais valorativo e um mais legalista. Enquanto o “li” era uma decorrência 
da tradição, o “fa” era fruto da imposição estatal. A disputa entre essas visões terminou com a prevalência 
do “li”, dada a forte influência das ideias de Confúcio sobre a sociedade chinesa. 
https://www.conib.org.br/glossario/tora/
O Direito Japonês, por sua vez, foi fortemente influenciado pelo confucionismo e pelo Direito Chinês. No 
entanto, duas obras antigas da literatura japonesa, o Koiji (680 a.C.) e o Nihonshoki (720 a.C.), que tratam 
da história da nação, apesar de recheadas de elementos lendários e mitológicos, contém informações que 
revelam a presença de um sistema jurídico próprio do Japão. Desses livros, percebeu-se a presença de um 
código de ética para altos funcionários do Império que contém normas de caráter penal e também de uma 
moderna legislação administrativa. 
 
As peculiaridades do direito hebraico, hindu, 
chinês e o japonês 
 
O Direito da Antiguidade oriental apresenta como característica fundamental a presença da teologia em suas 
elaborações. No Direito Hindu, ressalta-se a presença do hinduísmo e dos seus dogmas, como que 
praticamente indissociáveis. No Direito Hebraico, os mandamentos dos Torá inspiravam os códigos juristas 
e eram seguidos, por terem força de lei. No Direito Chinês e Japonês também se percebe a forte presença do 
confucionismo que teve papel mais relevante no extremo oriente. Dessa forma, os códigos criados eram 
expressões dos dogmas religiosos da época. 
Nesse sentido afirma Palma (2019, p.132, grifo nosso) 
Os indianos, como outros tantos povos, valeram-se de lendas, da tradição e cosmogonia para explicar as 
origens de suas leis. Assim, o personagem Manu não é propriamente um legislador, a quem devamos aferir 
alguma historicidade, mas uma espécie de ser mitológico. O direito, desse modo, assume ares sagrados, 
sendo os brâmanes, a casta composta por sacerdotes, os intermediários diretos dessa revelação. 
Também no Direito Hebraico percebe-se tamanha aproximação da religião e do direito, quando o que seria a 
codificação mais importante são os “Dez Mandamentos”, traduzidas enquanto leis para a sociedade e 
alcançaram a aceitação geral das comunidades judaica e cristã. Nesse sentido, demonstra Palma (2019, 
p.150): 
"assim, os textos sagrados ora fazem referência direta a Deus, como o autor da Lei Maior, ora a Moisés, 
como espécie de guia que comunica ao povo o caminho a seguir”. 
Sob todos os ângulos possíveis, Direito e sagrado se fundem como um todo. 
Por outro lado, o Direito Chinês, apesar de fortemente influenciado pelo confucionismo, adotava uma 
concepção do direito sem caráter divino. Isso não significa dizer que não havia influências teológicas em seu 
sistema jurídico, mas que não acontecia como no caso do Direito Hindu ou Hebraico em que a religião e o 
direito eram indissociáives. É o que explica Palma (2019, p. 209) 
A explicação pode ser encontrada nas palavras de Losano: “Na China, o direito tinha uma posição 
subsidiária em relação à ética confuciana, que via nas leis um sinal de corrupção moral, porque elas 
obrigavam o homem a comportamentos que este deveria ter por convicção interna. Por volta do século III 
a.C. a Escola confuciana se contrapôs a dos legistas, assim chamados por considerarem que nas leis claras e 
nas punições severas estava o fundamento de uma ordenada continuidade do império. Depois da alternância 
no predomínio de uma escola e de outra, o direito chinês inspirou-se numa posição conciliatória, destinada a 
perdurar até a introdução do direito ocidental no século XIX” 
Nesse sentido, o Direito Japonês, também influenciado por Confúcio, não possuía um direito vinculado ao 
divino diretamente. Porém, era perceptível em seus códigos a presença do “tom conciliatório”, marca do 
confucionismo. Somente na Era Meiji, com a modernização do país e as aproximações com o Ocidente, o 
Japão passou a um processo de codificação do Direito, pautado no sistema romano-germânico. 
 
Vamos conhecer o direito hebraico, hindu, chinês e 
o japonês na prática 
 
Conforme vimos até aqui, os sistemas jurídicos estudados da Antiguidade oriental apresentam entre si uma 
grande característica que é uma forte influência no campo teológico. No entanto, resta saber como tal 
influência e tais ordenamentos disciplinavam as matérias jurídicas. Em outras palavras, como era o Direito 
Civil Hindu? Chinês? E o Direito Penal Japonês? Passemos agora, portanto, a analisar esses aspectos de 
cada sistemajurídico. 
O Direito Hebreu desenvolveu diversas leis de cunho civilista, tendo em vista a importância dos contratos e 
negócios jurídicos entre particulares na época. Havia inclusive a previsão de garantia real como o penhor. 
Ademais, também havia previsão de que certos bens seriam impenhoráveis, desde que vinculados à 
sobrevivência individual, especialmente os utilizados na agricultura. 
Não tomarás em penhor ambas as mós, nem mesmo a mó de cima, pois se penhoraria assim a vida (Dt 
24:6). 
Se emprestares alguma coisa a teu próximo não invadirás a casa para te garantires com algum penhor. 
Ficarás do lado de fora, e o homem, a quem emprestaste, te trará fora o penhor (Dt 24:10-11). 
Por outro lado, o Código Manu, pelo Direito Hindu, previa um senso de administração de justiça, com a 
presença da “A Corte de Justiça”, uma instância superior, onde cabia ao rei julgar. 
Agora, no que se refere ao Direito Penal Hebreu ressalta-se a individualidade da pena: 
O maior desenvolvimento do Direito Penal israelita, no entanto, repousava no princípio da individualidade 
da pena, o que sem dúvida significava uma vantagem para a época na qual o presente conjunto de leis 
encontrava-se inserido: 
“Os pais não serão mortos pela culpa dos filhos, nem os filhos pela culpa dos pais. Cada qual morrerá pelo 
seu pecado (Dt 24:16)." (PALMA, 2019, p.169) 
No âmbito penal, o Direito Hindu, bem como o Direito Chinês, destaca-se a presença de penas cruéis e 
degradantes. No Chinês, por exemplo, eram previstas penas tais como a empalação, as marcas a ferro em 
brasa, os açoites e até mesmo a castração. Enquanto no Hindu, vejamos a seguir dois exemplos: 
Que o rei lhe faça derramar óleo fervendo na boca e na orelha se ele tiver a imprudência de dar conselhos 
aos Brâmanes relativamente ao seu dever (art. 269)173. 
|Se ele levantou a mão ou um bastão sobre o superior, deve ter a mão cortada; se em um movimento de 
cólera lhe deu um pontapé, que seu pé seja cortado (art. 277)174. 
Quanto ao Direito Japonês, também havia a presença de penas severas, a peculiaridade, é que havia 
uma divisão entre os delitos leves e graves, para a aplicação de sua respectiva pena: 
Interessante notar no estudo em questão que Shotoku previa em sua legislação “penas reeducativas para os 
delitos leves”, apesar de que àqueles que cometem os chamados “delitos graves” estavam reservadas 
punições extremamente rigorosas, a fim de que tal severidade contribuísse para “educar os 
demais”"(PALMA, 2019, p.215) 
 
Introdução 
 
O presente texto trata sobre a Grécia e sua importância para a filosofia política, ressaltando o importante 
papel de suas cidades mais famosas, Esparta e Atenas. 
A Grécia Clássica é considerada a base da cultura ocidental moderna e o berço da civilização ocidental. A 
cultura grega conseguiu explorar e progredir em muitos campos da ciência, matemática, filosofia, política e 
conhecimento em geral, deixando um precioso legado. 
Registra-se como exemplo a Filosofia Grega, com destaque à Sócrates, Platão e Aristóteles que 
revolucionaram a maneira de pensar, por meio da superação dos mitos e o surgimento das explicações aos 
fatos, a partir de elaborações racionais. 
Nesse mesmo sentido, também na Grécia surgiram as primeiras codificações que dissociavam a religião e o 
direito e compartilhava entre as pessoas noções de cidadania, de igualdade, de democracia, valores que 
persistiram ao longo dos séculos. 
 
Vamos estudar sobre a Grécia antiga? 
 
A civilização grega se desenvolveu na região oriental do mar mediterrâneo, ocupando o extremo 
da península dos Balcãs. Nessa região, floresceram algumas importantes cidades-estados, como as 
civilizações cretense e micênica, que desde 2.000 a.C. tiveram uma destacada organização política, social e 
cultural. 
Um elemento imprescindível no estudo da Grécia Antiga é o surgimento das pólis. As pólis surgiram por 
volta do século VIII a.C. e eram as cidades-estados na Grécia. Nas pólis os cidadãos discutiam questões 
administrativas e políticas, nos espaços denominados Ágoras, que nada mais eram que praças públicas 
abertas à participação de todos os cidadãos. 
É exatamente nesse ambiente, nas Ágoras, que ocorre o aparecimento da filosofia grega, onde havia debates 
políticos, filosóficos, decisões sobre guerras, etc. Ressalta-se, entretanto, que os espaços de discussão, 
sobretudo da filosofia, eram ocupados apenas por homens, tendo em vista que na Grécia Antiga, os cidadãos 
eram exclusivamente os homens livres, não compondo tal setor os escravos, os estrangeiros, as mulheres e 
as crianças. 
No mais, a filosofia grega obteve papel fundamental, pois tratou de interrogar e refletir sobre as questões da 
natureza e humanas, buscando sentido a suas provocações. Filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles 
foram a base para a estruturação do conhecimento e do pensamento ocidental. 
Ademais, cada pólis era independente e possuía suas particularidades. Apesar disso, todas compartilhavam o 
mesmo idioma, as mesmas crenças e os mesmos preceitos culturais. 
Em cada pólis, o poder era exercido pelo rei que era considerado como de origem divina. No ponto mais alto 
das pólis ficavam as Acrópoles, locais onde se erguiam templos e palácios. As pólis mais importantes 
foram Esparta e Atenas, cada uma com modelos administrativos diferentes e que influenciaram a política das 
demais cidades. 
Esparta era uma comunidade grega tradicional. Estava localizada em Lacônia, região ao sul de Peloponeso, 
habitada no século XII a.C. pelos aqueus e dórios, que ali criaram um Estado militar, mas oligárquico e 
conservador, para poder conservar seu território e dominar outros povos. Em sua organização social, apenas 
os soldados-cidadãos, conhecidos como hoplitas, possuíam direitos políticos, somente 
os latifundiários poderiam ser hoplitas e os escravos pertenciam à pólis. 
O outro modelo mais comum de pólis era o de Atenas. Fundada em homenagem à Palas Atena, deusa da 
sabedoria e da justiça, foi uma cidade de um povo pacífico, dedicada, sobretudo, a atividades comerciais de 
seus produtos agrícolas, em forma de matéria prima ou manufaturada. A sua localização litorânea facilitava 
as trocas e a manutenção das relações comerciais. 
Em Atenas havia maior mobilidade social, o que causava maiores problemas de estabilidade política. Sob 
o governo de Clístenes, todo cidadão ateniense tinha direitos políticos, podendo ser eleito ou se eleger. Eram 
considerados cidadãos os homens maiores de 21 anos, nascidos livres e que tivessem terminado o 
treinamento militar. 
 
As peculiaridades da Grécia antiga, sua filosofia e 
os entraves entre Atenas e Esparta 
 
A Grécia Antiga foi uma civilização fundamental para o desenvolvimento do Ocidente. Nela, surge o que 
seria a primeira grande expressão da filosofia ocidental, por meio de filósofos como Sócrates e Aristóteles. 
Aliás, tal filosofia somente surgiu em razão da organização social grega, que proporcionava as discussões 
públicas em praças, chamadas Ágora, onde era possível debater e refletir sobre o mundo. Nesse viés, é 
inegável os avanços da cultura grega para o ocidente. 
Para os pensadores gregos, a fonte do direito é o nomos, que se traduz geralmente por lei. É o nomos o meio 
de limitar o poder das autoridades, já que a liberdade política consiste em não ter que obedecer senão à lei. 
Como consequência, os gregos fizeram poucas leis no sentido moderno do termo, visto que nomos significa 
tanto lei como costume. É na filosofia que está a principal contribuição dos gregos para a cultura ocidental, 
principalmente com Sócrates, Platão e Aristóteles. (MACIEL, 2019, p.135) 
Os primeiros filósofos, chamados de pré-socráticos, questionavam acerca da formação do meio natural, 
estabelecendo preocupações científicas. Tales de Mileto, Heráclito, Parmênides e os sofistas foram filósofos 
pré-socráticos. Ainda conectadoscom as ideias dos mitos que buscavam explicações dos cosmos, os 
filósofos pré-socráticos propunham também explicações sobre a natureza que os rodeava. 
Já em um segundo momento da filosofia grega, a preocupação passa a ser mais com a natureza humana. 
Nesse contexto, surge a filosofia platônica e a figura de Sócrates. O que se conhece sobre Sócrates é por 
meio dos escritos de seu discípulo Platão. O Ateniense foi o responsável por sistematizar a ontologia e 
estudou sobre a origem do homem, da alma e do conhecimento. Estabeleceu o conceito do ser humano como 
ser racional, possuidor de uma alma, em busca da virtude, que seria o conjunto de atributos que leva o 
homem à excelência, em oposição ao vício. Estudava a metafísica, fundamentando a existência do mundo 
entre o mundo sensível e o mundo inteligível. Apenas por meio da razão era possível acessar as verdades do 
mundo. 
A importância da filosofia grega era crucial para os debates na Ágora, onde os cidadãos governavam por 
meio de uma democracia direta. Ressalta-se o caráter democrático, tendo em vista que apenas os homens 
livres que podiam participar desses debates, excluindo as mulheres, crianças, escravos e estrangeiros. 
No entanto, ainda assim, é perceptível a importância da racionalidade e do discurso político para os gregos. 
Nesse sentido: 
Os atenienses acreditavam que um homem que não se interessasse pela política deveria ser considerado não 
um cidadão pacato, mas um cidadão inútil. Com tempo disponível, os cidadãos se voltavam por inteiro à 
coisa pública, discutindo os temas relevantes na Ágora, uma espécie de praça em que se juntavam para o 
exercício do poder político. Deliberando com ardor acerca das questões de Estado, as assembleias tinham o 
mesmo papel do parlamento nos tempos modernos, com a diferença de caracterizarem-se como uma 
democracia direta. Observe-se que não há participação popular na tomada de decisões. (MACIEL, 2019, 
p.137) 
E Esparta? Diferentemente de Atenas, Esparta era uma aristocracia, governada por dois reis que estavam 
submetidos à 
“Assembleia do Povo, chamada em Esparta de Apella, ou do Conselho de Anciãos, a Gerúsia, composta por 
vinte e oito gerontes com idade igual ou superior a sessenta anos e por dois reis” (PALMA, 2019, p. 256). 
 
 
 
Grécia antiga: a organização de Atenas e Esparta 
na prática 
 
Conforme vimos até aqui, a Grécia Antiga traçou grandes influências para as futuras gerações ocidentais, 
sobretudo, em relação a sua organização política social e ao surgimento de uma filosofia ocidental. 
Passemos agora a estudar sobre como era a organização das cidades Atenas e Esparta na prática. 
Atenas foi uma das cidades mais importantes da Antiguidade. A civilização ocidental tem sua origem na 
Grécia Antiga, especificamente na pólis ateniense. Podemos apontar alguns motivos que levaram ao 
surgimento da democracia em Atenas. Tratava-se de uma cidade de comerciantes, aberta a trocas sociais e 
culturais, o que favorecia a existência de um ambiente propício para o florescimento de novas ideias. 
Por ser uma cidade de comerciantes, mais pacífica, a estrutura social ateniense exigia um ambiente de 
estabilidade para que os negócios se desenvolvessem de forma satisfatória. Nesse sentido, a cidade 
valorizava a cultura, as letras e as artes, atraindo filósofos e pensadores de todas as pólis gregas, de forma 
que a erudição da elite acabava sendo transmitida e replicada pelo modo de vida de toda a população. 
Os valores da democracia ateniense estavam baseados na participação dos cidadãos, com isonomia, 
igualdade do direito de fala e do direito de decidir. O mérito conferia acesso aos postos mais distintos e a 
pobreza não impedia que um cidadão fosse ouvido e prestasse serviços à pólis. 
A democracia ateniense não surgiu do nada. Foi fruto de lutas e conquistas dos atenienses, que se revoltaram 
contra a oligarquia e o governo familiar, que privilegiava apenas uma pequena parte da sociedade e 
explorava os agricultores. Com Drácon, houve o estabelecimento de leis rígidas que transferiram o poder 
político dessa oligarquia ao Estado. Com Sólon e Clístenes, o povo se tornou protagonista e responsável 
pelas decisões que regeriam a vida em comunidade. Democracia é uma palavra de origem grega que 
significa exatamente o exercício do poder pelo povo. 
Por outro lado, Esparta era uma cidade militar, governada por reis e pela aristocracia. Diferente de Atenas, 
onde foi o berço da filosofia e da democracia grega, Esparta priorizava o combate e seu poderio militar. Para 
tanto, necessitava de uma pólis pautada em hierarquias e disciplina. 
Os espartanos eram mestres no cultivo das tradições cívicas e amavam a pátria com fervor. Dedicavam-se 
até a morte ao combate e tinham repugnância aos covardes e desertores. Eram xenófobos por excelência, 
pois se julgavam “iguais entre si”, mas “superiores a qualquer outro povo da Hélade”. Usavam cabelos 
compridos e bem forjados apetrechos de guerra. Uma longa capa vermelha tocava-lhes o calcanhar. O 
escudo e o elmo que protegiam, além da cabeça, os maxilares, provocava pavor nos adversários.(PALMA, 
2019, p.272) 
As diferenças entre as duas cidades eram tão marcantes que inclusive foram objeto da Guerra do 
Peloponeso pela disputa da hegemonia da Grécia. A hostilidade entre as duas importantes cidades gregas foi 
o palco desse combate, mas os atritos entre as cidades de Atenas e Corinto, que era aliada de Esparta, foram 
o gatilho para o começo de tudo. 
 
Introdução 
 
O presente texto pretende abordar os temas relacionados ao Direito Romano, bem como a evolução história 
de Roma e seus momentos expressivos. Nesse sentido, a expressão “Direito Romano” designa o 
ordenamento jurídico que regeu os cidadãos de Roma e os povos dominados pelo Império. Esse conjunto de 
normas possui origem na própria formação de Roma, em 753 a.C. e se estendeu pelo menos até o século VI 
d.C. 
No decorrer da história, o Direito Romano foi adquirindo características diferentes, alterando-se e evoluindo 
com o tempo, da mesma forma como a sociedade se alterava. Nesse sentido, é possível a história do direito 
romano em três períodos: pré-clássico ou arcaico, clássico e pós-clássico. 
 
Vamos estudar sobre o direito romano? 
 
A expressão “Direito Romano” designa o ordenamento jurídico que regeu os cidadãos de Roma e os povos 
dominados pelo Império. Esse conjunto de normas possui origem na própria formação de Roma, em 753 
a.C. e se estendeu pelo menos até o século VI d.C., quando o Imperador Justiniano consolidou as leis no 
chamado Corpus Iuris Civilis. 
Portanto, estudar o Direito Romano é estudar um ordenamento jurídico desenvolvido ao longo de mais de 
1.300 anos. É importante ter em mente, portanto, que o Direito Romano não teve sempre as mesmas 
características, alterando-se com o tempo, da mesma forma como a sociedade se alterava. 
Nesse sentido, a história do direito romano é uma história de 22 séculos, com início no século VII a.C. e fim 
no século V d.C., com a queda do Império Romano do Ocidente, remanescendo até o século XV apenas 
Império Bizantino. (MACIEL, 2019) 
A definição do Direito Romano melhor compreendida a partir da compreensão de suas noções fundamentais 
e suas fontes. As fontes do Direito Romano, assim como ele, sofreram inúmeras mudanças, logo não 
permaneceram as mesmas ao longo da História. 
Como já sabemos, a história de Roma pode ser dividida em três grandes períodos: Realeza, República e 
Império. O Império é dividido em Alto e Baixo Império. Os mais de treze séculos de evolução do Direito 
Romano podem ser divididos em período pré-clássico, clássico e pós-clássico. 
Na República Romana teve a magistratura como um de seus elementos básicos, além do Senado e do povo, 
que se representava por meio de comícios. Os magistrados eram representantes do Estado, com direitos, 
obrigações e poder executivo, subordinadosà autoridade do Senado. O Senado gozava de amplos poderes, 
entre os quais se encontrava o direito de aprovar leis, apresentadas pelos Comícios, a administração das 
contas públicas e o manejo da política externa. O Senado poderia, inclusive, suspender os Cônsules. 
O período arcaico do direito romano vai da fundação de Roma até aproximadamente o ano 300 a.C. É um 
período de evolução da escrita, de forma que poucos textos escritos chegaram até nós. O direito nesse 
período era primitivo, baseado em uma estrutura econômica rural e familiar. Do período pré-clássico, o mais 
famoso texto jurídico é A Lei das Doze Tábuas. 
Já no período clássico, começaram a surgir algumas sistematizações do direito nacional romano. Múcio, 
Cévola e Sabino buscaram organizar o ordenamento jurídico já existente. No período do imperador Adriano, 
o jurista Juliano sistematizou leis existentes criando o Digesto de Juliano. Há, assim, a superação do 
costume como fonte principal do direito, por outras fontes como o edito do Pretor e os pareceres dos 
jurisconsultos. 
Por fim, no período pós-clássico foi produzido o Código Teodosiano de 438 d.C., uma das mais famosas 
compilações de constituições imperiais, servindo de inspiração para Justiniano. Também é desse período o 
Edito de Constantino, importantíssimo para a evolução do cristianismo, que influenciou bastante a evolução 
do direito romano. 
 
 
 
 
As peculiaridades da história do direito romano 
 
Roma, uma das mais importantes civilizações para o Ocidente, pode ter seu estudo dividido em três grandes 
momentos: Realeza, República e Império. Cada qual representa um momento político específico de Roma, 
bem como seus institutos jurídicos e o funcionamento de suas respectivas instituições. 
A Realeza trata do primeiro momento histórico de Roma, marcada por uma população que compartilha o 
latim, como idioma comum, habitavam aldeias. Prevalecia a presença de grandes famílias patriarcais. Os 
chefes dessas famílias reuniam-se ainda numa espécie arcaica do que seria o senado romano. 
Na Realeza os sete reis foram: Rômulo; Numa Pompílio; Túlio Hostílio; Tarquínio Prisco, o Antigo; Sérvio 
Túlio; e Tarquínio, o Soberbo. A sociedade no período estava dividida em três classes sociais, os patrícios, 
os plebeus e os escravos. 
A República inaugura um novo momento e uma nova organização social, marcada pelas figuras do Senado e 
do Magistrado. O Senado fiscalizava, controlava a justiça, as finanças públicas, as questões religiosas e 
dirigia a política externa, incluindo a militar, extremamente central, em um contexto de expansão 
territorial. 
O magistrado romano, por sua vez, não se referia ao que hoje conhecemos como um juiz. Na verdade, era 
uma espécie de órgão da cidade e um titular do poder. Nesse sentido, o magistrado detinha cargos 
importantes e cargos públicos, como o pretor e o cônsul, exercendo, desse modo, imortante papel na vida 
política e jurídica da cidade romana. (MACIEL, 2019) 
Também no período da República que foram desenvolvidas um dos mais importantes registros legislativos 
do período romano, a Lei da Doze Tábuas. Também se ressalta que na República existiam figurar políticas 
muito relevantes para a instauração e consolidação de uma prática jurídica coerente, como o pretor, 
magistrado que se encarregava da distribuição da justiça; juízes, designados por estes; o jurisconsulto, 
eminente conhecedor das leis, e, finalmente, o advogado (PALMA, 2019). 
A etapa do Império Romano se dividiu em duas grandes fases. A primeira, denominada Principado, ocorreu 
entre 27 a.C. até 280 d.C. A segunda, chamada de Dominato, durou até a queda de Roma pelos bárbaros em 
565 d.C. O Império manteve a estrutura política da República, concentrando, contudo, o poder político e 
religioso nas mãos do Imperador. O Império, em seu auge, estendia-se desde o oceano Atlântico até o rio 
Eufrates, na Mesopotâmia. 
O período do Principado ou Alto Império teve como governadores célebres Otaviano, Tibério, Calígula, 
Cláudio e Nero. Sob o governo de Tibério, os romanos teriam crucificado a Jesus Cristo na Palestina. O 
despotismo de Nero provocou uma rebelião do exército e o fim do Império. Vespasiano, responsável por 
depor o Imperador que pôs fogo em Roma, foi proclamado imperador pelo Senado, sendo sucedido por Tito 
e Domiciano, que governaram entre 70 e 96 d.C 
 
O direito romano na prática 
 
Agora, passemos a estudar brevemente sobre os principais documentos do Direito Romano, desenvolvidos 
ao longo da sua história, em cada um de seus momentos. 
O Corpo de Direito Civil é a compilação dos livros jurídicos romanos, feita em Constantinopla, pelo 
imperador bizantino Justiniano, no século VI d.C. O Corpus Iuris Civilis é a expressão máxima do Direito 
Romano escrito. Nesse período, o Direito Romano já era essencialmente escrito e foi o mais desenvolvido da 
Antiguidade. A compilação foi feita para evitar problemas de aplicação e estudo das leis, já que as normas 
foram produzidas de forma progressiva e ao longo das décadas. A compilação abrangia a essência de todo o 
direito dos Romanos. É composto por quatro partes: Institutas, Digesto, Código e Novelas. 
Institutas ou Institutiones era um manual para estudantes de Direito. O Digesto ou Digesta ou Pandectas, é 
uma compilação de uma das principais fontes da época áurea do Direito Romano, a jurisprudência clássica. 
O Códex ou Código era uma compilação das Constituições Imperiais, exemplos de outras fontes do Direito 
Romano. As Novelas ou Novellae é a compilação das constituições produzidas durante o governo de 
Justiniano. 
Ademais, ressalta-se a presença de distinção ao acesso aos códigos romanos nos períodos da Realeza. 
Apenas os cidadãos romanos gozavam do direito dos romanos, do ius civile. Os estrangeiros, os peregrini, 
estavam submetidos apenas ao ius gentium, o direito comum a todos os homens. 
Nesse contexto, também se destaca a figura dos plebiscitos, os quais se referiam, inicialmente, a previsões 
normativas dirigidas aos plebeus. Como se sabe, as leis não eram as mesmas para todos, tendo em vista que 
cada parcela da sociedade recebia uma determinação legislativa distinta. O plebiscito, portanto, referia-se 
aos atos legislativos destinados exclusivamente aos plebeus. No entanto, os plebeus se revoltaram contra 
essa distinção legal e obtiveram como resultado a Lex Hortênsia, de 287 a.C que determinava que as normas 
aprovadas em plebiscitos fossem assimiladas às leges e passassem a obrigar todos os cidadãos. (MACIEL, 
2019) 
Outro importante ato normativo que merece destaque são as Leis das XII Tábuas. Antes, os magistrados 
julgavam conforme suas próprias tradições e costumes, que não eram ao menos escritos e somente 
conhecidos por eles. Diante disso, os plebeus apresentaram suas reivindicações contra o arbítrio de das 
decisões dos magistrados e pela redução a termo dos costumes e fontes usadas nos julgamentos. Com efeito, 
ocorreu uma aplicação direta do que, hoje chamamos do princípio da legalidade. 
A Lei das XII Tábuas buscou abarcar uma diversidade de temas para regular a prática jurídica nas cidades 
romanas, dentre eles a solidariedade familiar é abolida, mas a autoridade do chefe é mantida; a igualdade 
jurídica é reconhecida teoricamente; são proibidas as guerras privadas; é instituído um processo penal; a 
terra, mesmo a das gentes, tornou-se alienável; é reconhecido o direito de testar; vários direitos de 
vizinhança, como cortar o galho das árvores se a sombra invadisse a propriedade vizinha, colher os frutos 
das árvores vizinhas que chegassem ao seu quintal etc. (MACIEL, 2019). 
 
Introdução 
 
O presente texto aborda sobre os temas do Direito Romano Clássico e Pós-Clássico. A Época Clássica é 
compreendida do século II a.C até o final do século III a.C. e retrata um Direito essencialmente laico, 
individualista, sem vinculação entre o direito privado eo direito público, priorizando, sobretudo, a 
autonomia privada dos cidadãos, junto com a liberdade contratual. 
Por outro lado, o período do Direito Romano Pós-Clássico, que tem início com Diocleciano e desenvolve-se 
até o império de Justianiano I, também chamado de baixo império, representou um período de decadência 
política e intelectual e grandes crises econômicas, bem como uma maior presença do cristianismo que 
afetam diretamente as formas do sistema jurídico antecedentes. 
 
 
 
 
 
 
Vamos estudar sobre o direito romano clássico e 
pós-clássico? 
 
O Direito Romano sofreu inúmeras transformações ao longo dos séculos. Aqui, estudaremos dois grandes 
momentos do Direito Romano: o Clássico e o Pós-Clássico, com suas peculiaridades e características 
principais. 
O Direito Romano Clássico é mercado pela presença da autonomia privada, dando maior liberdade aos 
cidadãos de realizarem seus contratos e negócios entre si. 
O direito privado romano agora possui caráter essencialmente laico e individualista, com distanciamento 
entre o direito privado e o direito público. Se de um lado, do ponto de vista político, diminuía sem cessar a 
liberdade dos cidadãos, do outro lado, no direito privado ela só aumentava, cada vez com mais autonomia 
para contratar. (MACIEL, 2019, p.186) 
Outra característica marcante do período Clássico é a crescente codificação dos códigos romanos, tendo em 
vista que os costumes perderam espaço e foram substituídos pela legislação, pelos editos do Pretor e pelos 
escritos dos Jurisconsultos. 
Ademais, ressalta-se a presença do processo formular que significou uma simplificação dos processos, 
promovendo resoluções mais céleres e simplificadas das controvérsias jurídicas. 
O Direito Romano no período Pós-Clássico ou também Baixo Império (ou Dominato) compreende o 
período entre 284, marcado pela morte de Diocleciano, e 565, que datou o falecimento de Justiniano. 
Diferentemente do apogeu que havia se alcançado com o Principado (sobretudo em termos econômicos), 
o Baixo Império se caracterizou pela decadência política e intelectual, bem como pela regressão 
econômica (MACIEL; AGUIAR, 2019). Há também uma grande influência do cristianismo, o que vai afetar 
o Direito. 
Durante o Dominato, as constituições imperiais se estabelecem enquanto fonte atuante de criação organizada 
do direito (ALVES, 2016). Os costumes, por sua vez, seguem como preenchedores de lacunas de tais 
constituições. 
O período foi marcado por editos de Constantino e de Teodósio, imperadores que tornaram o Cristianismo 
religião tolerada e que, posteriormente, passou a ser cultuada oficialmente pelo estado romano. 
Nesse sentido, a religião cristã trouxe uma nova concepção para o direito – até então indubitavelmente 
pagão (ALVES, 2016) - e as relações entre o indivíduo e o Estado. No âmbito familiar, deu interpretação 
distinta às leis antigas, proibindo-se a venda e morte de filhos. O pátrio poder começa a sofrer modificações 
a partir do aparecimento da figura do Estado (com a fundação da pólis) perdendo seus poderes 
discricionários. Nesse sentido ainda, a prole passou a ser tratada enquanto objetivo primordial da instituição 
família. 
Em termos de operacionalidade do direito e de instituições, destacam-se, no período Pós-Clássico, 
a valorização dos juristas, a centralização dos poderes de julgamento em único órgão, a conservação das 
obras dos jurisconsultos romanos do período Clássico. 
Justiniano, condutor do Império Bizantino, observando que o trabalho da jurisprudência do período em que 
governava se tornara precarizado, buscou valorizar os antepassados, recuperando os escritos jurídicos do 
período Clássico do Direito Romano (MACIEL; AGUIAR, 2019). Nesse trilhar, foi constituído o Corpus 
Iuris Civilis, principal compilação do Direito Romano. 
 
As peculiaridades da Grécia antiga, sua filosofia e 
os entraves entre Atenas e Esparta 
 
O Direito Romano Clássico e Pós-Clássico apresenta características marcantes que os fazem representar 
momentos diversos e muito importantes na evolução do Direito Romano. Para tanto, também é importante 
compreender os períodos políticos que permeiam esses momentos. 
Se, no período da Realeza, os costumes eram fontes do direito por excelência, durante o Império e no 
período Clássico, sua força se perde. Alguns juristas Clássicos como Gaio e Papiniano sequer incluem os 
costumes na relação das fontes do direito (ALVES, 2016), por os considerarem meros fatos. 
Entretanto, na produção jurídica em geral da época clássica, verificava-se que, para a existência do costume, 
era necessário que sua prática fosse observada por longo tempo (sem, contudo, se estabelecer um limite 
mínimo). Nesse sentido, o costume praeter legem (que preenche lacuna da lei) era obrigatório (ALVES, 
2016). 
Por outro lado, de extrema relevância foram as constituições imperiais (constitutiones), a partir do poder que 
o imperador absorveu das magistraturas republicanas. Essas constituições se dividiam em quatro tipos: 
i) editos (edicta), que eram normas gerais aplicáveis a todo o império, em geral; 
ii) mandatos (mandata), instruções que o Princeps Senatus (presidente do Senado) transmitia aos 
funcionários imperiais, especialmente aos governadores e funcionários das províncias; 
iii) rescritos (rescripta), respostas sobre questões jurídicas dadas pelo imperador a particulares, 
especialmente a funcionários ou magistrados; iv) decretos (decreta), sentenças dadas pelo imperador (em 
primeira instância ou grau recursal), que se tornavam precedentes. 
A jurisprudência dividia-se entre as escolas dos Proculeianos (inovadores) e Sabinianos (conservadores), 
embora os critérios de distinção entre ambas não sejam muito bem definidos pelos romanistas (ALVES, 
2016). 
Destacaram-se enquanto juristas do período Clássico Sálvio Juliano, Papiniano, Paulo, Gaio e Ulpiano. 
Esses e os demais juristas Clássicos escreveram monografias, livros destinados ao ensino, livros de consultas 
e respostas sobre casos concretos, enciclopédias (digesta). 
É também nesse período Clássico do direito romano que se observa também uma divisão dicotômica 
entre ius civile (direito próprio dos cidadãos de Roma) e ius gentium (comuns a Roma e demais povos). 
Por outro lado, o período Pós-Clássico foi decadência política e intelectual, crises econômicas, fortes 
influências do cristianismo e pelo protagonismo de Justiniano na codificação de todo o Direito Romano. 
Justiniano foi responsável pela codificação do Corpus Iuris Civilis, estruturado em quatro seções: i) 
o Codex ou Código de Justiniano, que se tratava do conjunto de constituições imperiais vigentes desde a 
época de Adriano, visando substituir o Código Teodosiano, de 438 (que era dividido em dezesseis livros, e 
continha o texto integral de todas as constituições imperiais romanas até então); ii) o Digesto 
(Digesta ou Pandectas), composto por cerca de cinquenta livros, que seria a doutrina desenvolvida por 
jurisconsultos, destacando-se Ulpiano, Gaio, Papiniano, Paulo e Modestino; iii) Instituições (Institutiones), 
composto de quatro livros, que dedicava-se à forma de ensinar o direito, em um caráter mais didático; iv) 
as Novelas (Novellae ou leis novas), novas constituições imperiais editadas a partir de 534. 
Sem dúvidas, o Corpus Iuris Civilis se consolidou como fundamental para o renascimento do Direito 
Romano, sobretudo em países como França, Alemanha, Espanha e Portugal (PALMA, 2019), possibilitando 
os estudos sobre as instituições jurídicas clássicas. 
 
Direito romano clássico e pós-clássico: exemplos 
 
No Direito Romano Clássico, podemos citar uma série de fontes jurídicas, como o costume, a legislação, as 
Constituições Imperiais, a jurisprudência e o processo formular. 
O costume, na realidade, entrou em desuso nesse período, em razão da forte codificação realizada pelos 
textos romanos, sendosubstituído pela legislação, edito do pretor e os escritos dos jurisconsultos. 
A legislação se dava por meio das constituições imperiais, dividida em quatro grupos: (i) os editos, que eram 
disposições aplicáveis a todo Império, com algumas exceções; (ii) os decretos: julgamentos feitos pelo 
Imperador ou por seu conselho que geravam precedentes para as instâncias inferiores; (iii) os reescritos: 
respostas dadas pelo Imperador ou seu conselho a um funcionário, magistrado ou particular; (iv) 
as instruções: dada pelo Imperador aos governadores da província, em matérias administrativas e fiscais. 
Com a decadência das assembleias, o Senado passou a ser o titular do poder de legislar. A propositura de 
uma lei, no entanto, mantinha-se privativa do Imperador. Desde 13 d.C. o Imperador podia legislar 
diretamente por edito. Paulatinamente o Imperador passou a ser o único legislador, sendo que nem todas as 
constituições imperiais tinham a mesma autoridade. (MACIEL, 2019, p.186, grifo nosso) 
Em relação à jurisprudência, refere-se ao que atualmente chamamos de doutrina: 
Era composta pelas obras dos jurisconsultos, homens muito experientes na prática do direito, quer enquanto 
davam consultas jurídicas, quer enquanto redigiam atos e orientavam as partes nos processos. Eram eles que 
resolviam as lacunas existentes no direito romano.(MACIEL, 2019, p.187) 
Por fim, merece destaque o processo formular, que simplificou a resolução das controvérsias jurídicas e 
significou uma maior simplicidade e menor formalismo. Como acontecia? As partes compareciam diante de 
um pretor (magistrado), o qual, em conformidade ao conflito apresentado, ditava uma "fórmula", que se 
refere aos termos jurídicos do conflito, sendo o conteúdo dessa fórmula a controvérsia apresentada e as 
possíveis deduções dessa controvérsia. Logo, pela primeira vez, há uma grande aproximação do que hoje é o 
dispositivo de uma sentença. Vejamos um exemplo da aplicação das fórmulas. 
Condenação: “O juiz condenará Numério Negídio a pagar a Aulo Agério dez mil sestércios; se não provar, 
absolverá Numério Negídio” 
Quanto ao Direito Romano Clássico, merece destaque o Corpus Juris Civilis, realizado no governo de 
Justiniano. A compilação pretendia unificar os códigos e criar um sistema unificado de poder e é dividida 
em quatro partes: Institutas (manual escolar), Digesto (compilação dos iura), Códex (compilação das leges) e 
Novelas (reunião das constituições promulgadas por Justiniano). 
Com efeito, o código é imenso e trata de diversas matérias, contudo, destacamos o papel da mulher dentro 
do casamento, conforme era previsto pelo código: 
A mulher, inserida dentro da família romana, também exercia seu papel na comunidade, mas estava 
juridicamente vinculada ao marido, que possuía o poder marital, chamado de manus. Sendo o poder 
doméstico romano, dentro de sua história, independentemente de qual fosse ele, pleno, este acontecia com o 
poder marital. O manus permitia o castigo e a repulsa à mulher, indo até o direito de vida e de morte. Esse 
direito foi bastante limitado pelo Censor durante a República, que em nome dos bons costumes não permitia 
ao pater familias a prática de certos abusos. Como consequência desse poder, da mesma forma que os 
filhos, a mulher não tinha capacidade patrimonial. O que ganhava era revertido para o pater familias. 
(MACIEL, 2019, p. 200, grifo nosso) 
 
Vamos estudar a evolução histórica e os 
fundamentos teóricos gerais do direito 
 
Como foi o surgimento do Direito nas diversas sociedades? 
O estudo do surgimento das instituições jurídicas e dos fenômenos jurídicos em diferentes culturas e 
dimensões sociais são de extrema importância para a contextualização do desenvolvimento do Direito atual. 
É um movimento no qual as diferentes formas do passado refletem e constroem o presente e o futuro 
jurídico, ao qual pertencemos. 
Nesse viés, estudaremos as mudanças históricas das diversas sociedades e seus códigos principais 
normativos e legais. 
1. O Direito ágrafos ou das sociedades antigas: não há codificações ou meios de escrita, constituído por normas 
de costumes, marcadas pelo seu teor sagrado e religioso 
2. O Direito oriental subdividido em Direito dos cuneiformes e Fenício, do Egito Antigo, dos hititas, dos persas, 
da Índia Antiga e dos hebreus, conforme diagrama a seguir. 
 
Imagem: Direito oriental. Fonte: Saraiva Educação 
#PraCegoVer: Diagrama de cinco blocos, nos quais se lê: 
Os Direito cuneiformes e Direito Fenício: escritos, penas de banimento e incesto, direito comercial. Código 
de Ur-Nammu, Código de Hamurábi 
O Direito no Egito Antigo: Leis, decretos e regulamentações. Faraó como última instância decisória. Penas 
severas como estrangulamento, fogueira, embalsamento em vida. 
O Direito hitita: Penas pecuniárias prevalecem sobre as penas corporais. Um dos primeiros tratados de paz 
assinados entre “Hatusilis” III e “Ramsés” II, em aproximadamente 1258 a.C 
O Direito persa: Desenvolvimento do direito da família e sucessões .Penas severas. Textos legais: “Matikan-
E-Hazar-Datastan”. 
O Direito da Índia Antiga: O Código de Manu, castas dominantes e privilegiadas Esboço de uma 
administração de justiça 
O Direito hebraico : Regras e preceitos religiosos Desenvolvimento de leis civilistas, voltadas aos negócios 
jurídicos. Utilização do penhor. 
3. Direito no extremo oriente: chinês, japonês, tibetiano e mongol, marcados pela filosofia mais articulada e 
escritos que abarcavam importantes discussões sobre os fenômenos jurídicos e suas regras sociais. 
Título 2: Vamos estudar a relação entre o Direito e a sociedade grega 
Subtítulo 1: Como foi o Direito na antiguidade grega? 
A Grécia representa um dos países mais importantes em relação ao estudo da filosofia e outros saberes. 
Dessa forma, também é imprescindível na evolução histórica do Direito e seus preceitos, atentar-se para as 
formas que se conformaram na Grécia Antiga. 
Nesse sentido, de acordo com Palma (2022, n. p.): 
O edifício onde foi erigida a cultura ocidental assenta seus alicerces sob inúmeras influências. Seus 
fundamentos mais remotos encontram nas movimentadas ruelas de Atenas seu berço primeiro. Sabe-se que o 
legado filosófico desenvolvido na Hélade redimensionou por completo a forma de o homem buscar, 
perquirir o conhecimento e conceber as coisas. Entre os pensadores mais célebres, tais como Sócrates, Platão 
e Aristóteles, o campo de discussão era extremamente vasto. Suas lições proporcionaram discussões sobre 
assuntos diversos, que envolviam desde a Política até o Direito. 
O Direito na antiguidade grega era preponderantemente consuetudinário, ritualístico, fundado no culto aos 
antepassados e desenvolvido no seio da própria família. Ademais, também foram os gregos que trouxeram a 
ideia do Direito Natural, a partir da existência de uma lei imutável e acima de todas as leis que regeriam a 
todos. Por fim, foram também os gregos que surgiram com a ideia do constitucionalismo, em razão das 
inúmeras participações política dos que eram considerados cidadãos. 
 
Estudo de caso 
 
A referência fundamental para os gregos desenvolverem a filosofia foi a natureza “physis”. Esta era vista 
como portadora de ordem (cosmos) que implicava a realização de fins imanentes (teleologia). A ordem da 
natureza fora transplantada para a cidade (ordem social), para a ação humana (ordem individual), e para o 
direito (ordenamento jurídico), formando o campo de reflexão filosófica denominada de razão prática. 
 
Imagem: Fluxograma. Fonte: Saraiva educação 
#PraCegoVer: Gráfico que ilustra a ética, a política e o direito como componentes da Razão prática. 
A natureza, para os gregos, se apresenta de forma ordenada, portando um modo de ser que lhe é própria. A 
natureza é o que é independente da vontade humana. Os fenômenos naturais obedecem ao princípio de 
causalidade. 
O direito, em específico, incorporoua noção de teleologia (teoria dos fins), digamos, de empréstimo da 
natureza. Porém, o direito não trata daquilo que é (ser), mas daquilo que pode vir a ser (dever ser). 
Infere-se que 
“o fogo arde da mesma maneira na Pérsia e na Grécia, mas o direito é sempre variável” (VILLEY, 2019, p. 
56). 
Logo, o direito atua e decide sobre situações móveis e contingentes, abordando fenômenos sociais 
produzidos, não pela causalidade natural, mas pela liberdade. 
É possível observar a teleologia não apenas na confecção da norma, como também na sua aplicação. Como 
lidar, então, com a teoria dos fins no direito? 
Vamos a um caso concreto. 
O artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – Decreto-Lei n. 4657, de 4 de setembro de 
1942, diz o seguinte: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
expectativas do bem-comum”. 
 
Imagem: Fluxograma. Fonte: Saraiva educação. 
#PraCegoVer: Gráfico que ilustra a ética, a política e o direito como componentes da Razão prática. 
Ao aplicar a lei, o juiz deve levar em consideração dois pressupostos teleológicos imanentes à própria 
norma: os fins sociais e o bem comum. A norma, no entanto, deixou explícito o que se entende por “fins 
sociais” ou “bem comum”? 
Coloque-se na posição do juiz. Com base no enunciado normativo, você conseguiria facilmente identificar 
os fins sociais e o bem comum? Faça a seguinte experiência. Coloque por escrito a definição de “fins 
socais”, explicitando-os, e, igualmente, a acepção de “bem comum”. 
Será que sua concepção de “fins sociais” e de “bem comum” encontraria aceitação social objetiva? Ou será 
que as definições construídas, por você, estariam respaldadas em suas percepções individuais? Neste caso, 
sua opinião deveria prevalecer em relação ao que os outros pensam a respeito? 
É admissível desconsiderar os “fins sociais” e o “bem comum” na aplicação da justiça? Mas, afinal, o que é, 
do ponto de vista objetivo, “fins sociais” e “bem comum”? 
Reflita 
Olá, estudante! A aplicação do Direito demanda um esforço dos magistrados, frente aos fins sociais e o bem 
comum. Portanto, lembre-se: por mais que exista um direito positivado, a sua interpretação e aplicação é 
essencial para suprir as lacunas. 
 
 
Resumo visual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 2 - Formação do Direito Moderno 
Introdução 
 
“Idade Média” é o termo utilizado para denominar o período compreendido entre o século V e o século 
XV na história da Europa. Esse momento histórico se inicia com o fim do Império Romano Ocidental, e terá 
seu efetivo fim na Modernidade, com a ascensão da burguesia, a implementação do empreendimento 
mercantilista e a cultura da renascença. 
Marcada pelo feudalismo, pela ação das Cruzadas e pela devastadora Peste Negra, a Idade Média apresentou 
uma série de percepções jurídicas diferentes ao longo dos seus dez séculos de duração, sendo influenciada 
pelo direito germânico, celta, canônico, romano e feudal, cada qual em maior ou menor grau. 
No presente texto, estudaremos sobre o Direito Feudal, Canônico e o Renascimen 
 
Vamos estudar sobre o direito feudal e canônico? 
 
O Direito Feudal e o Direito Canônico foram expressões jurídicas presentes na Idade Média, que traduziam 
as organizações sociais daquela época, bem como suas prioridades político-jurídicas. Destaca-se, de 
antemão, a forte presença da Igreja Católica que permeou o período medieval e foi evidente no Direito 
Canônico. 
A tradição jurídica propriamente feudal era baseada nos costumes e sabe-se que cada feudo tinha suas regras 
para possibilitar a convivência social. Os costumes que determinavam as relações sociais, contudo, 
eram direcionados pelos nobres, já que o poder se encontrava em suas mãos, e 
as tradições eram determinadas pelas origens desses nobres, podendo a influência ser germânica, celta ou 
latina. 
Assim, o Direito Feudal apresentava regras orais e escritas e algumas importantes compilações sobre essa 
tradição jurídica expressadas em documentos como “Usos e Costumes de Barcelona, a Carta de Pisa”, que 
remete ao ano de 1142, e o “Libri Feudorum de Milão”, de 1095 a 1130. 
Entre os mais importantes instrumentos jurídicos da época estavam os “contratos de homenagem”: 
um pacto que se estabelecia entre os senhores feudais e os vassalos. A solenidade desse “contrato” exigia 
que o vassalo assumisse o compromisso de, inclusive, lutar até a morte para defender o senhor e seus 
familiares, caso fosse necessário 
Desse modo, o Direito Feudal era constituído por uma pluralidade de concepções jurídicas, onde não havia 
uma hierarquia previamente definida, prevalecendo o direito eclesiástico (Direito baseado em concepções 
humanas e em “leis divinas”, em um contexto de descentralização e precariedade). Pluralidade jurídica que 
seria fundamental, posteriormente, para a formação dos Estados Modernos. 
O Direito Canônico diz respeito à tradição jurídica que respeita (como leis) o conjunto de cânones (isto é, 
regras adotadas pela Igreja) para governar e organizar socialmente a comunidade cristã e seus membros. 
Essa forma de Direito se confundiu com o Estado por diversas vezes durante a Idade Média. Seus cânones 
tinham força de lei mesmo para aqueles que não eram cristãos. Contudo, a Igreja jamais negou a existência 
de dois ordenamentos distintos: um Direito secular e um Direito cristão. 
O Direito Canônico apresentava como características, além de seu caráter religioso, seu caráter ecumênico, 
escrito e erudito, apresentando domínio por uma série de questões de Direito Privado, que se confundiam 
com os sacramentos da Igreja Católica, tal como a celebração do matrimônio. 
Os dois concílios que geraram os primeiros documentos que fomentariam a produção legislativa canônica 
são o Concílio de Niceia, que remete ao ano 325, e o Concílio de Constantinopla, de 381 d.C. 
A centralidade da Igreja Católica somente será contestada com o movimento da cultura renascentista, entre 
os séculos XIV e XVI, provocando uma forte mudança no pensamento medievo, por meio de um movimento 
cultural, artístico, científico, político e filosófico, que tinha como base o antropocentrismo. 
 
As peculiaridades do direito feudal, do direito 
canônico e o surgimento do renascentismo 
 
A intitulação do feudalismo tem sua origem na palavra “feudo”, derivada do latim e que se associa à ideia de 
propriedade. Essa palavra sintetiza de forma bastante eficiente os interesses que perpassam as relações 
sociais da época, já que uma das principais características desse momento histórico foi sua inflexível 
hierarquia social. 
Alguns autores identificam dois períodos feudais: o primeiro deles dura até meados do século XII, e diz 
respeito ao momento em que a sociedade feudal se organizava no âmbito rural e de forma estável, sendo o 
comércio atividade incipiente, a moeda ainda não era popularmente utilizada. O segundo período, por sua 
vez, correspondeu ao momento em que o comércio renasceu na sociedade feudal, havendo a difusão do uso 
da moeda e o crescimento da importância do comerciante em detrimento do produtor, o que transformou a 
organização social e econômica (MACIEL; AGUIAR, 2019). 
No segundo período feudal, portanto, a burguesia urbana ganha espaço e revoluciona a economia europeia. 
Contudo, de um ponto de vista social, o modo de produção econômica acaba acentuando a diferenciação dos 
grupos e classes, que se tornam cada vez mais fechados. 
De acordo com (PALMA, 2022), o regime feudal é constituído fundamentalmente na relação estabelecida 
entre um senhor feudal, da classe dos nobres, e de outro lado, um servo, que ocupa um lugar numa classe 
social inferior. Diante disso, o servo recebia de seu suserano o beneficium, ou seja, a posse do feudo para 
realizar suas atividades de subsistências, como o cultivo do solo de onde retirará a produção necessária para 
cumprir todas aquelas obrigaçõesinerentes à sua condição. 
O Direito Canônico, por sua vez, se pautava principalmente por seu caráter religioso, que diferenciava a lex 
aeterna e a lex humana. 
A lex humana se conserva em uma esfera própria, secular, diferentemente da lex divina, que era aeterna, 
sendo a Igreja Católica a entidade designada por Deus para acessar, interpretar e, consequentemente, 
preservar as leis (e a vontade) divina. 
Nesse sentido, a lei eterna é a fonte de inspiração da lei humana, da mesma forma que a natureza divina 
inspira a natureza humana, desse modo, percebe-se uma aproximação entre a natureza humana e a natureza 
divina, logo, a lei humana também é divina. (BITTAR, 2018) 
Ante essa noção, poderíamos entender que toda lei humana seria, também, divina. Contudo, é a imperfeição 
da criação que torna possível distinções entre as leis. Portanto, o Direito Canônico efetivaria a vontade 
divina, que somente nele restaria respeitada. Nesse sentido, Bittar (2018, p. 362) sintetiza o pensamento 
canônico: 
“a melhor forma de justiça é a ordem que se dá em Deus”. 
Lembrando que tal pensamento, centralizado na vontade divina e nos dogmas católicos, somente seria 
questionado e teria seu fim com o Renascimento, que surgiu na Itália no século XIV e se estendeu até o 
século XVII por toda a Europa. No renascimento, o ser humano seria colocado no centro da criação e não 
mais abaixo da divindade, de tal forma que seu valor e o do divino poderiam ser aproximados. 
Esse pensamento refletia o humanismo que foi a principal corrente filosófica da época, junto com 
o racionalismo, individualismo, classicismo e antropocentrismo. 
 
Direito romano clássico e pós-clássico: exemplos 
 
No Direito Feudal, percebeu-se a presença dos chamados contratos de homenagem, marcados por uma forte 
solenidade e respeito mútuo, tanto que raríssimas eram as vezes que tais contratos eram desfeitos. Os 
contratos de homenagem representavam um acordo entre o senhor feudal e seu futuro vassalo. Tal acordo 
somente era consolidado numa cerimônia chamada “homenagem”. 
Nesta cerimônia, ocorria uma espécie de juramento firmado, com a presença de diversas testemunhas e era 
sempre finalizado com a benção de um sacerdote amigo de um dos nobres suseranos. Ademais, registra-se 
que o vassalo, então, se colocava de joelhos na frente do seu suserano e lhe jurava a fidelidade até a morte, 
tal fidelidade referia-se a diversas questões, como de guerrear na defesa de seu senho e familiares, bem 
como de prover aquilo que for necessário para a subsistência de seu senhor. (PALMA 2022) 
Ressalta-se que em tal cerimonia estavam sempre presentes elementos solenetes que caracterizavam tal 
evento como uma espécie de ritual, na qual reinava um profundo sentimento de religiosidade. 
Em relação ao Direito Canônico, citamos o Decreto de Graciniano que representou um grande esforço, tal 
qual Justiniano para os Romanos, em compilar os textos, marcados por uma produção jurídica-normativa da 
tradição cristã. 
O monge Graciano fez um dos grandes feitos para o Direito Canônico em seu esforço de compilar os textos 
escritos até o momento sobre as relações jurídicas da Igreja, fontes de direito, nomeações e poderes do clero 
secular e regular, normas processuais nas causas eclesiásticas, crimes e sanções de natureza religiosa, 
disciplina jurídica dos sacramentos, incluindo aqui os casamentos, que era de competência do clero. O 
resultado de sua empreitada foi a reunião de quatro mil textos. 
Cita-se também o famoso Decreto de Graciano, o qual recebeu, ao lado dos cânones de uma série de 
concílios e de sínodos locais da Igreja, muitos outros textos de origem pontifícia, como os de Gregório 
Magno. Ademais, a importância do decreto ocorre, em virtude da presença de centenas de passagens 
extraídas dos escritos pastorais de importantes padres, como o caso do conhecido Santo Agostinho. Além 
disso, o decreto também abarcava os textos de direito secular, principalmente de direito romano. (PALMA, 
2022) 
Merece também destaque no Direito Feudal as formas consuetudinárias do Direto Germânico. Os 
germânicos organizavam-se em clãs e eram conhecidos como “bárbaros” e, com o passar do tempo, 
passaram a transcrever seus costumes, em parte, herança do Império Romano, em leis escritas. O resultado 
disso foram as Leges Barbarorum, que conforme afirma Palma (2022, p. 396): 
“um conjunto de leis e costumes germânicos reduzidos à forma escrita durante a Idade Média. As principais 
são a Lex Burgundionum e a Lex Romana Burgundionum, atribuídas ao rei Gundbald (500-516) e a seu filho 
Sigsmund (516-524)” 
 
Introdução 
 
O presente texto aborda o momento após o fim da Idade Média, em que o Direito sofrerá enormes 
mudanças, em razão das transformações operadas pelo absolutismo e suas teorias, bem como pelas fortes 
influências do iluminismo, decorrência direta do movimento cultural renascentista. 
Assim surge o Direito Moderno, que emerge das revoluções burguesas e das suas influências internacionais 
com a quebra do domínio religioso na política. 
Assim, com o surgimento do humanismo, desvincula-se o direito e a política dos mitos e predestinações da 
fé, passando-se a se defender que o homem é o verdadeiro condutor do seu próprio destino, dono de sua 
própria vontade e único dotado de razão para decidir o seu próprio futuro. 
 
O fim da idade média e surgimento do absolutismo 
 
Durante a Idade Média e seu contexto de poder descentralizado, o poder “divino” ficou representado muito 
mais fortemente pela instituição da Igreja Católica do que, de fato, por algum rei ou príncipe. Afinal, por 
mais que a própria Igreja admitisse que “todo poder emana de Deus”, era certo que o único Deus verdadeiro 
era representado secularmente, em primeiro lugar, pelo Papa e pelo Catolicismo. 
Assim foi que o poder real foi diminuído durante a Idade Média em razão do poder indireto da Igreja 
Católica, que influía – e muito – nas questões temporais e, até mesmo, monopolizava certos assuntos, tal 
como o matrimônio, por exemplo. Além disso, a descentralização do poder real durante o medievo também 
se deveu fortemente em razão 
“[...] dos senhores feudais, pelos usos e costumes regionais, pelos privilégios das cidades e corporações de 
artífices” (CICCO, 2017, p. 258). 
Assim sendo, no fim da Idade Média, ocorrem inúmeros episódios que levam à morte de nobres – para além 
da Peste, também, guerras como a dos Cem Anos, Duas Rosas, entre outras – e, frente ao catastrófico 
cenário de miséria que tinha lugar na Europa, a contestação do poder da Igreja torna-se ainda mais intensa. 
Nesse período ocorre, também, uma junção de interesses da realeza e da burguesia que conduziram a 
unificação dos Estados Modernos europeus. 
À burguesia interessava a unificação dos Estados em razão da crescente intenção capitalista que se formava 
com os empreendimentos Mercantilistas, e que fazia surgir a necessidade de criação de uma “moeda 
nacional” para facilitar o comércio. Além disso, o fim dos impostos feudais e uma reformulação das leis 
também eram fatores de interesse para os burgueses. 
Aos reis e à nobreza, era a invenção da pólvora que deixava o medo de destruição dos castelos medievais e, 
consequentemente, a perda do poder de governo, que levava à necessidade de formação do Estado Moderno, 
com uma nova forma de organização social. 
Foi frente a essa conveniente união de interesses, onde a Igreja Católica já não contribuía, que surgiram os 
primeiros Estados Modernos sob o regime mais característico do Renascimento: o absolutismo. 
A partir de então, constitui-se o Estado Moderno, entendido como um Estado-Nação unificado, e o rei passa 
a ser sua autoridade máxima, soberana e absoluta. A soberania do Estado Moderno passa a ser interpretada 
através da supremacia do poder do Estado, que nessa primeira fase absolutista, era representado pela figura 
do Rei Soberano.Com essa nova forma de organização política, surgiu-se a necessidade de teorias políticas que explicassem e 
legitimassem as formas de governo postas. Dessa forma, tornaram centrais as teorias dos contratos sociais 
que buscavam entender as condições que levaram as pessoas, inicialmente inseridas em um contexto 
primitivo do estado de natureza a passaram ao estado civil, por meio do firmamento de um pacto de 
dimensões coletivas. Dentre esses contratualistas destacamos Montesquieu que irá propor pela primeira vez 
a tripartição dos poderes. 
 
 
A origem do estado moderno absoluta e os 
contratos sociais 
 
Com o fim da Idade Média, surge uma nova organização política, marcada pela territorialidade e grupos 
independentes que iriam ser os Estados Modernos. A organização e composição dos Estados Modernos se dá 
por três principais elementos: o território e o povo, como elementos materiais; o governo, o poder, a 
autoridade ou o soberano, como elementos formais. Ainda para alguns autores, há a presença de um quarto 
elemento, chamado de finalidade. Os autores adeptos a essa corrente argumentam que a existência do Estado 
precede uma finalidade específica, a qual justifique sua existência (STRECK, 2019). 
O uso da nomenclatura “Estado” ocorreu com o filósofo Maquiavel, em seu livro “O Príncipe”, no qual 
apresentou uma das mais relevantes teorias contratualista para a história, nessa obra ele afirma que: “Todos 
os Estados, os domínios todos que existiram e existem sobre os homens, foram e são repúblicas ou 
principados”. 
Com efeito, o Estado Moderno representou uma descontinuidade histórica, tendo em vista que se deu através 
de uma grande concentração de poder nas mãos do soberano, que era expresso, sobretudo, mediante leis, 
aplicáveis a todo seu território. Ademais, contava também com um aparato coercitivo a fim de fazer cumprir 
tais leis, de modo que se impunha a todos a vontade do soberano, o rei. 
É nesse viés que os teóricos contratualistas buscam desenvolver teorias sobre a origem do estado moderno, 
cuidando de fundamentar o poder político como decorrência de um acordo social de vontades, que se 
incumbiu de promover a superação do estado de natureza, ou pré-político, e a instituição da sociedade 
política, ou civil. Assim, o estado civil funcionaria como uma ferramenta da racionalidade humana, para 
combater as típicas debilidades do estado primitivo, ora considerado hipótese lógica, ora fato histórico real 
(STRECK; BOLZAN DE MORAIS, 2019, p. 29). 
Cita-se entre os contratualistas Maquiavel, John Locke, Thomas Hobbes, Rousseau e Montesquieu. Os dois 
últimos foram fortemente inspirados pelas ideias do iluminismo francês, pela liberdade, fraternidade e 
igualdade e apresentavam teorias críticas à monarquia déspota. Rousseau, por exemplo, foi o primeiro a 
defender o voto, de modo que a vontade geral tivesse relevância na política. 
Somente com Montesquieu e sua obra “De L’Esprit des Lois” (1748) que surgiu a percepção da tripartição 
de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) de funções como “poderes” independentes entre si. A teoria 
do filósofo foi essencial para a construção do constitucionalismo atual, conferindo precedentes importantes 
para a organização do Estado e suas funções independentes e harmônicas. 
Nesse sentido, é possível vislumbrar a tripartição dos poderes, enquanto princípio organizativo e 
fundamental do Estado Moderno, que se tornou, ao longo dos anos, um dos pilares do constitucionalismo. 
Assim, foi obtida a maior proteção para o exercício dos direitos individuais, através da garantia da liberdade 
política, um passo fundamental para o desenvolvimento das teorias constitucionalistas que surgiriam 
depois. 
 
Os contratos sociais: exemplos 
 
Os contratualistas propunham teorias que explicassem a passagem do estado da natureza ao estado 
civilizatório moderno. Tais explicações poderiam referir-se ao um Estado Absolutista, como no caso de 
Maquiavel, ou a uma outra forma de estado ausente do despotismo monárquico, como em Rousseau e 
Montesquieu. 
Tem-se como exemplo, a teoria do contrato social de John Locke proposta para o Estado Inglês, a qual 
defendia a monarquia constitucional e representativa, que entrou em vigor após 1688 na Inglaterra. Para 
Locke, o Estado funcionava como garantidor da liberdade e da propriedade privada. 
Nesse sentido, para Locke haveria um convênio firmado no intuito de resguardar a emersão e generalização 
do conflito. Através dele, os indivíduos seriam capazes de oferecer seu consentimento para a instauração do 
estado civil e, posteriormente, para a formação do governo quando, então, se assume o princípio da maioria 
(STRECK, 2019) 
Um outro exemplo é o contrato social de Thomas Hobbes, também na Inglaterra, defendia a tese de que o 
Estado seria uma espécie de leviatã, que teria a função de evitar os conflitos e buscar a harmonia da 
sociedade. Nesse sentido, o Estado deveria representar um poder absoluto. Nesse sentido, até 1679 foi 
instaurado na Inglaterra uma monarquia absolutista forte. 
O pensamento contratualista buscou-se enveredar sobre a busca do surgimento dos Estados e as justificações 
em torno do seu poder político, através de um pacto social, que teria colocado fim ao estado de natureza, no 
qual não havia uma devida organização política. Assim, teria surgido o estado civil, como uma 
representação da racionalidade humana, que, para alguns, representa também o surgimento do homem 
civilizado. Logo, as teorias contratualistas consolidam-se como instrumentos de legitimação dos Estados, já 
existentes e a base sistemática de construção do sistema jurídico (STRECK, 2019). 
Montesquieu em sua obra “O espírito das leis” reconhece a possibilidade de três formas de governo: 
monarquia, república e despotismo, de modo que a monarquia se sustenta na honra, enquanto a república 
estaria assentada na virtude e por fim, o governo despótico no medo. Ainda, o autor acreditava que a 
monarquia seria a forma ideal. 
A grande contribuição de Montesquieu definitivamente ocorre a partir da propositura da tripartição 
dos poderes. Para ele, em cada Estado coexistem três poderes: o poder legislativo, o poder executivo (poder 
executivo das coisas que dependem do direito das gentes, segundo sua terminologia) e o poder judiciário 
(poder executivo das coisas que dependem do direito civil). 
Cada um dos poderes recebe determinadas atribuições, o poder legislativo é o responsável pela confecção 
das leis, já o poder executivo, ocupa-se o governante da paz e da guerra, envia e recebe embaixadores, 
estabelece a segurança e previne as invasões, por fim, o poder judiciário dá ao governante faculdade de 
punir os crimes ou julgar os dissídios da ordem civil (BONAVIDES, 2000). 
Montesquieu, ao lado de Rousseau e Voltaire, foi um dos grandes pensadores do iluminismo, tendo em vista 
que criticava o poder absoluto e a monarquia despótica, tendo como um dos pilares de sua teoria a busca 
pela liberdade política. Para o filósofo, a ideia básica de liberdade consistia na permissão de fazer tudo 
quanto permitem as leis. 
 
Introdução 
 
O Direito Moderno emerge das revoluções burguesas e das suas influências internacionais com a quebra do 
domínio religioso na política. Nesse momento, há uma importante mudança no pensamento humano que 
traduz a racionalidade e o distanciamento com a Igreja, sobretudo o cristianismo das esferas políticas, 
jurídicas dentro da organização dos Estados. 
Assim, com o surgimento do humanismo, desvincula-se o direito e a política dos mitos e predestinações da 
fé, passando-se a se defender que o homem é o verdadeiro condutor do seu próprio destino, dono de sua 
própria vontade e único dotado de razão para decidir o seu próprio futuro. 
 
 
Vamos estudar sobre a o common law e o civil law? 
 
O debate sobre as fontes do Direito e a influência de circunstâncias sociais e históricasremonta à tradição 
romanística (nações latino-germânicas) e à tradição anglo-americana (common law). 
Na tradição romanística, há uma relevância do processo legislativo, com atribuição de valor secundário às 
demais fontes. Na tradição anglo-americana, por outro lado, o Direito é consolidado por meio 
de precedentes judiciais que se baseiam na relevância dos usos e dos costumes pela jurisdição, em oposição 
à abstração pretensamente geral e genérica, típica dos processos legislativos.  
Embora não se possa conceber o Direito Romano como circunscrito em uma abstração racional típica do 
movimento codificador na modernidade, trata-se de um corpo jurídico que rompe com o Direito como objeto 
composto tão somente pelos usos e costumes. Por essa razão, marca o início do Direito Natural que servirá 
de substrato teórico à construção do Direito Positivo enquanto síntese universalizável da razão humana.  
Eduardo Bittar (2019) ressalta, também, que, no Direito Romano, os costumes, aos poucos, foram cedendo 
lugar à jurisdição ou ao direito jurisprudencial. Foi mediante a atividade dos juízes e dos pretores que os 
romanos construíram o jus civile, privativo dos romanos, e o jus gentium, de caráter mais amplo. Dessa 
forma, o direito próprio dos romanos (jus civile) foi se convertendo no Direito comum a romanos e 
estrangeiros: o Direito das gentes (jus gentium). Posteriormente, dada a influência da filosofia grega e 
estoica, a ideia de jus gentium se alargou em uma noção de valor universal que compõe o jus naturale, o 
Direito Natural.  
Mesmo na tradição anglo-americana, nenhum costume obriga enquanto não consagrado pelos tribunais. 
Nesse sentido, Soares (2019) expressa que, seja em países onde há o primado da lei (civil law) ou em países 
onde há o primado do precedente judicial (common law), normas editadas pelo Estado têm prevalência sobre 
as demais normas jurídicas consideradas no ordenamento.  
Nesse sentido, 
É preciso lembrar também que a Common Law apresenta alguns traços de distinção fundamental em 
comparação imediata com a Civil Law (o Sistema Romano-Germânico de Direito). Um dos mais evidentes, 
diga-se, desde pronto, consiste no reconhecimento da fonte do direito a alcançar maior primazia neste 
sistema: enquanto na Common Law ocorre a consagração do precedente judiciário, gerado pelo costume, em 
sua congênere supracitada prepondera, de modo quase absoluto, a lei. Por isso mesmo se diz que o Direito 
https://www.infoescola.com/direito/fontes-do-direito/
inglês é uma espécie de “judge made law” (“direito construído por juízes”). Isso não quer de modo algum 
dizer que “não existam leis escritas” no país. (PALMA, 2019, p. 480) 
Em linhas gerais, as diferenças entre os sistemas podem ser assim sintetizadas: 
 
 
As peculiaridades do direito feudal, do direito 
canônico e o surgimento do renascentismo 
 
O common law é um direito essencialmente jurisprudencial em longo desenvolvimento nos séculos, 
sobretudo, na Inglaterra. Inclusive, ressalta-se que o Direito Inglês não sofreu as influências das 
codificações, nem renovado pela crescente retomado ao Direito Romano. Pelo contrário, manteve uma 
continuidade histórica dentro da sequência de julgados que compõe o common law. 
Uma interessante característica do common law é o papel preponderante dos juízes, tendo em vista que são 
eles que elaboram as jurisprudências que serão posteriormente seguidas e usadas como fonte principais de 
Direito. É, pois, a característica fundamental do commom law ser um direito jurisprudência, de modo que a 
lei exerce um papel muito menos relevante, sendo resguardada ao momento de formação com os 
documentos constitucionais, entre outros. No entanto, no decorrer do desenvolvimento e da aplicação 
do commom law raramente é utilizada, sendo protagonizado pelas jurisprudências e juízes. 
Alguns elementos importantes do common law é o writ, equity, jury e precedente judiciário. O writ é uma 
forma de qualquer cidadão peticionar frente às autoridades. Com a proibição dos writs surgiram 
os equity também com a proposta de se recorrer diretamente ao rei, nesse processo, era decidido conforme a 
equidade. 
O jury, por sua vez, refere-se a presença de um júri no julgamento de diversos casos, inclusive da seara 
cível. Por fim, o precedente judiciário diz respeito aos casos julgados anteriormente que são frequentemente 
utilizados nas argumentações de defesa ou de denúncia. 
Quanto ao civil law trata do direito ocidental, regulado pela linguagem predominante escrita, intensa 
codificação e extremo formalismo. 
Miguel Reale (2002) esclarece que cada sistema é fruto de uma tradição social, cultural e histórica particular 
e, portanto, não se pode comparar civil law e common law qualitativamente fora do contexto em que cada 
sistema opera. Em primeiro lugar, é importante destacar que são dois sistemas jurídicos distinto e 
extremamente relevantes no mundo Ocidental, e que surgem, através de experencias culturais diferentes. 
Ademais, é pouco interessante as discussões acerca das hierarquias dos dois sistemas, tendo em vista que 
inexiste um sistema perfeito de Direito, já que o próprio Direito ideal é uma falácia. O Direito, na realidade, 
representa uma experiência história de seu povo. Essa experiência notadamente é diversa entre as inúmeras 
nações existentes, dessa forma, para alguns a aplicação dos usos e costumes torna-se mais relevante, por ser 
uma aspiração imediata de seu povo, enquanto para outros existe um maior incentivo às legislações e 
formalismos legalistas, em razão de convicções políticas e filosóficas compartilhadas. No entanto, o mais 
importante é que na atualidade ambos os sistemas dialogam entre si, de modo que os precedentes judiciais 
vêm ganhando relevância dentro dos sistemas civilistas e as normas legais ganham cada vez mais 
importância nos sistemas de common law. 
 
Common law e civil law pelo mundo 
 
O common law, como estudado, surgiu na Inglaterra por uma série de fatores, dentre eles a ausência das 
fortes influências do Direito Romano, que impões em grande parte do mundo o sistema germânico romano, 
bem como uma cultura de precedentes jurídicos já bem estabelecida. No entanto, o common law não se 
restringiu aos territórios ingleses, pelo contrário, conseguiu se espalhar para outros países, ganhando força e 
relevância assim como o civil law. 
A expansão do common law para outras partes do mundo ocorreu, sobretudo, em razão do programa de 
expansão colonial do Império Britânico que se intensifica, preponderantemente, no decorrer dos séculos 
XVIII e XIX. É por essa razão que países como os Estados Unidos da América, o Canadá, a Austrália, a 
Nova Zelândia, a Irlanda e Gales, além de outros mais, estão filiados à grande família de Direito 
da Common Law, tendo em vista que foram, em determinando momento, colônias da Inglaterra. 
Tanto o common law e o civil law produziram uma vasta tradição jurídica, atualmente vigente em vários 
países. Historicamente, o civil law corresponde a uma matriz latino-germânica do Direito, ao passo que 
o common law deriva da tradição anglo-americana. Atualmente, embora haja mútua influência entre os 
sistemas, pode-se identificar países em que um deles prevalece sobre o outro. 
Conforme exposto, o sistema civil law funda-se, precipuamente, na lei como fonte de Direito. O sistema 
de common law, por sua vez, prioriza as decisões judiciais. Os demais sistemas representados, conforme 
evidenciado no mapa, são minoritários e têm aplicação pontual e, por isso, não são o foco desse estudo. 
Apenas a título de curiosidade, cabe ressaltar que o customary law (direito consuetudinário) funda-se no 
costume como fonte de Direito. O muslim law (ou xaria, direito islâmico), por sua vez, busca nas Escrituras 
Sagradas do Islamismo a fonte do Direito. Por fim, os países representados como mixed systems são aqueles 
em que se verifica um ou mais

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