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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA VIDEOAULA PROF. RODRIGO BOZZETTO LEI N° 9.605/98 - DISPÕE SOBRE AS SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS DERIVADAS DE CONDUTAS E ATIVIDADES LESIVAS AO MEIO AMBIENTE www.acasadoconcurseiro.com.br http://www.acasadoconcurseiro.com.br LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 3 Professor Rodrigo Bozzetto CCrriimmeess AAmmbbiieennttaaiiss LLeeii 99..660055//9988 Dispõe sobre as sanções ppeennaaiiss e aaddmmiinniissttrraattiivvaass derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. CCoonnssttiittuuiiççããoo FFeeddeerraall ddee 11998888.. CCaappííttuulloo VVII DDoo mmeeiioo aammbbiieennttee Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regul amento) III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO) (Regulamento) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 4 Professor Rodrigo Bozzetto VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (Regulamento) (Regulamento) § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS IINNIICCIIAAIISS • A Lei n° 9.605/98 é aplicável juntamente com outras leis que tratem do mesmo tema. Ou seja, outras leis podem tipificar crimes ambientais ou impor sanções administrativas. Além disso, aplica-se subsidiariamente o próprio Código Penal. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 5 Professor Rodrigo Bozzetto • Veja que segundo a Legislação brasileira, crime ambiental é qualquer ação prejudicial ou danosa, cometida contra os elementos que formam o ambiente, incluindo nestes a fauna e a flora, os recursos naturais da nação e seu patrimônio cultural. Entende-se que a saúde do meio ambiente é uma extensão do direito à vida propriamente dita, sendo que, atentar contra ela, fere as garantias mais fundamentais que o direito brasileiro defende. SSUUJJEEIITTOOSS AArrtt.. 22ºº QQuueemm, de qualquer forma, ccoonnccoorrrree para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. • Este art. 2º responde a seguinte pergunta: Quem poderá responder as penas cominadas na referida Lei? A responsabilidade penal da pessoa física vem delineada nesse artigo, com o leque de aplicação das penas bastante amplo, inclusive indicando nominalmente alguns personagens como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, os quais respondem caso se omitam diante da prática criminosa. AArrtt.. 33ºº As ppeessssooaass jjuurrííddiiccaass sseerrããoo rreessppoonnssaabbiilliizzaaddaass aaddmmiinniissttrraattiivvaa,, cciivviill ee ppeennaallmmeennttee conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. 6 Professor Rodrigo Bozzetto • Responsabilidade penal da pessoa jurídica (societas deliquere non potest). • Teorias da ficção e da Realidade. • AA rreessppoonnssaabbiilliiddaaddee ppeennaall das pessoas jurídicas é um dos temas mais debatidos no meio acadêmico. A Lei n° 9.605/98 realmente inovou ao responsabilizá-las penalmente, sem prejuízo da responsabilidade das pessoas naturais que tomaram as decisões que resultaram na lesão ao meio ambiente. Os Tribunais Superiores já decidiram de forma reiterada que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais iinnddeeppeennddeenntteemmeennttee da responsabilização da pessoa física que agia em seu nome. • NNÃÃOO SSEE EESSQQUUEEÇÇAA:: PPrriinnccííppiioo ddaa dduuppllaa iimmppuuttaaççããoo.. É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais, independentemente da responsabilização da pessoa física que agia em seu nome. STF já decidiu que não é necessária a dupla imputação. Ou seja, não é necessária a responsabilização da pessoa física, para que a jurídica seja responsabilizada. • RE 548.181/PR: Conforme orientação da Primeira Turma do STF, “O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação”. Diante dessa interpretação, o STJ modificou sua anterior orientação, demodo a entender que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. • RReessppoonnssaabbiilliiddaaddee cciivviill por danos ambientais: ocorre de forma objetiva, e é decorrente da assunção do risco da atividade, que, em gerando dano, aplica-se a responsabilidade mesmo que sem culpa, impondo-se o dever de recuperar e indenizar (abrandamento da carga probatória do nexo de causalidade). Portanto, quais são os requisitos para o reconhecimento da responsabilidade penal da pessoa jurídica? a) tteennhhaa ssiiddoo ppoorr ddeecciissããoo ddee sseeuu rreepprreesseennttaannttee lleeggaall oouu ccoonnttrraattuuaall; b) ee nnoo iinntteerreessssee oouu eemm bbeenneeffíícciioo ddaa ppeessssooaa jjuurrííddiiccaa. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 7 Professor Rodrigo Bozzetto QQUUEESSTTÃÃOO: (CESPE/ Juiz Federal da 2a Região/2017) Conforme entendimento do STF, a responsabilidade penal da pessoa jurídica por crimes ambientais subordina-se à simultânea persecução da pessoa física responsável pela conduta (princípio da dupla imputação) RReessppoossttaa:: eerrrraaddoo.. Segundo entendimento firmado pelo STF no RE 548181/PR, é admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. DDaa ddeessccoonnssiiddeerraaççããoo ddaa ppeerrssoonnaalliiddaaddee jjuurrííddiiccaa • A desconsideração da personalidade jurídica é um instrumento disponível ao magistrado. É possível, de forma pontual, afastar a personalidade de uma sociedade para atingir o patrimônio dos sócios. Isso ocorre nos casos de abuso da personalidade jurídica, e é muito comum, por exemplo, nos processos trabalhistas e na falência, quando se comprova que a pessoa jurídica foi criada apenas para “blindar” o patrimônio dos sócios. • Também é possível aplicar o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, quando for utilizada para dificultar o ressarcimento dos prejuízos causados. • Esse instituto também é chamado de “ddiissrreeggaarrdd ooff lleeggaall eennttiittyy”, e tem previsão legal um pouco mais detalhada no aarrtt.. 5500 ddoo CCóóddiiggoo CCiivviill.. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte , ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIAA.. 8 Professor Rodrigo Bozzetto Em regra, a competência para processar e julgar os delitos ambientais é da Justiça Estadual em razão de sua competência residual. Vale dizer, a competência apenas será da Justiça Federal quando presente uma das hipóteses taxativas delineadas no art. 109 da Constituição Federal. Houve cancelamento da Súmula 91 do STJ (“Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna”). E sedimentou-se o entendimento de que somente haverá a competência da Justiça Federal se forem atingidos bens, interesses específicos ou serviços da União, incluindo suas autarquias e empresas públicas, conforme o art. 109 da CF. DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDAA PPEENNAA → Princípio da individualização da pena – art. 5º, XLVI da CF. Note que ao lado das circunstâncias judiciais genéricas descritas no art. 59 do Código Penal, há ainda as do art. 6º da Lei para serem analisadas no momento da 1ª fase do cálculo trifásico da pena. AArrtt.. 66ºº Para iimmppoossiiççããoo e ggrraaddaaççããoo ddaa ppeennaalliiddaaddee, a autoridade competente observará: I - a ggrraavviiddaaddee ddoo ffaattoo, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; II - os aanntteecceeddeenntteess do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III- a ssiittuuaaççããoo eeccoonnôômmiiccaa do infrator, no caso de multa. • Veja que tal dispositivo estabelece que, na individualização da pena, devem ser observados certos critérios, utilizados como parâmetro para a gradação da penalidade a ser aplicada. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 9 Professor Rodrigo Bozzetto • Lembrar que o reincidente específico nesse tipo de crime (ambiental), tem sua pena aumentada. Para PESSOA FÍSICA. Art. 7º As ppeennaass rreessttrriittiivvaass ddee ddiirreeiittooss são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. • Este dispositivo é bastante importante para fins de prova. Para responder às questões, é necessário que você saiba quais circunstâncias podem motivar a aplicação de penas restritivas de direitos. • A interpretação do dispositivo deve ser no sentido de que a substituição deve ocorrer quando estiverem presentes as circunstâncias previstas nos incisos I e II simultaneamente. • O inciso I (requisito objetivo), entretanto, confere duas alternativas: crime culposo ou pena privativa de liberdade inferior a quatro anos. Além de uma dessas duas hipóteses, é necessário que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do condenado e os motivos e circunstâncias do crime evidenciem a suficiência da substituição como medida repressiva. • GRAVE ISSO: nos crimes ambientais, as penas restritivas de direitos substituem as privativas de liberdade quando: - Tratar-se de crime culposo; OU 10 Professor Rodrigo Bozzetto - For aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos. - A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime Art. 8º. As ppeennaass rreessttrriittiivvaass ddee ddiirreeiittooss (ddaass ppeessssooaass ffííssiiccaass) ssããoo: I - prestação de serviços à comunidade; (art. 9º) II - interdição temporária de direitos; (art. 10) III - suspensão total ou parcial de atividades; (art. 11) IV - prestação pecuniária; (art. 12) V - recolhimento domiciliar. (art. 13) AArrtt.. 99ºº AA pprreessttaaççããoo ddee sseerrvviiççooss à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível. AArrtt.. 1100.. AAss ppeennaass ddee iinntteerrddiiççããoo tteemmppoorráárriiaa ddee ddiirreeiittoo são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. AArrtt.. 1111.. AA ssuussppeennssããoo de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais. AArrtt.. 1122.. AA pprreessttaaççããoo ppeeccuunniiáárriiaa consiste no pagamento em dinheiroà vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator. AArrtt.. 1133.. OO rreeccoollhhiimmeennttoo ddoommiicciilliiaarr baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 11 Professor Rodrigo Bozzetto trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória. • PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE: Consiste na execução de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação. Caso haja dano a propriedade particular, pública ou tombada, pode haver também a sua restauração, se possível. As unidades de conservação são áreas especiais, criadas com o fim de conservar a preservar a flora e a fauna locais. • INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS: Estas penas, previstas especificamente na Lei n° 9.605/ 1998, são a proibição de contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos (crimes dolosos) ou de três anos (crimes culposos). Tome cuidado para não confundir esse rol com o do Código Penal, que é mais extenso e variado. • SUSPENSÃO TOTAL OU PARCIAL DE ATIVIDADES: Será aplicada quando as atividades não obedecerem às prescrições legais. • PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA: Pagamento à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator. • RECOLHIMENTO DOMICILIAR: O condenado deve, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido em sua residência nos dias e horários de folga, conforme estabelecido na sentença condenatória. Essa pena é de pouquíssima aplicabilidade prática, e as razões disso podem ser facilmente compreendidas quando percebemos que a própria lei utiliza a expressão “sem vigilância”. → FFiiqquuee aatteennttoo qquuee eessssee ccoonntteeúúddoo ddaass ppeennaass rreessttrriittiivvaass ccaaii mmuuiittoo eemm pprroovvaa!! →→ JJáá aass ppeennaass aapplliiccáávveeiiss ààss ppeessssooaass jjuurrííddiiccaass ssããoo: 12 Professor Rodrigo Bozzetto Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritivas de direitos; III - prestação de serviços à comunidade. OOuu sseejjaa:: • MMUULLTTAA • PPEENNAASS RREESSTTRRIITTIIVVAASS DDEE DDIIRREEIITTOOSS • PPRREESSTTAAÇÇÃÃOO DDEE SSEERRVVIIÇÇOOSS ÀÀ CCOOMMUUNNIIDDAADDEE Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos. Veja que as penas restritivas de direitos aplicáveis às pessoas jurídicas nnããoo ssããoo ssuubbssttiittuuttiivvaass, como as previstas no Código Penal (art. 44, do CP) e as previstas no art. 7º da LCA (aqui estamos falando de pena para a pessoa física), mas autônomas. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 13 Professor Rodrigo Bozzetto OOUU SSEEJJAA,, tteemmooss:: - Suspensão parcial ou total de atividades; - Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; - Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações por até 10 anos. (§ 3º) As ppeennaass ddee iinntteerrddiiççããoo tteemmppoorráárriiaa ddee ddiirreeiittoo são de 3 tipos (art. 10 da Lei no 9605/98): a) a proibição de o condenado contratar com o Poder Público; b) de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios; c) participar de licitações, pelo pprraazzoo de 55 aannooss, no caso de crimes dolosos, e de ttrrêêss aannooss, no de crimes culposos. Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. • PPRREESSTTAAÇÇÃÃOO DDEE SSEERRVVIIÇÇOOSS ÀÀ CCOOMMUUNNIIDDAADDEE (art. 23): → aqui também se trata de pena autônoma para a pessoa jurídica. • - Custeio de programas e de projetos ambientais; • - Execução de obras de recuperação de áreas degradadas; • - Manutenção de espaços públicos; • - Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 14 Professor Rodrigo Bozzetto Dando sequência, a Lei n° 9.605/1998 traz também circunstâncias agravantes e atenuantes, que devem ser consideradas no cálculo da pena do condenado. • CCIIRRCCUUNNSSTTÂÂNNCCIIAASS AATTEENNUUAANNTTEESS NNOOSS CCRRIIMMEESS AAMMBBIIEENNTTAAIISS –– AArrtt.. 1144.. • Baixo grau de instrução/escolaridade do agente; • Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; • AArrrreeppeennddiimmeennttoo do infrator manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; • Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. • CCIIRRCCUUNNSSTTÂÂNNCCIIAASS AAGGRRAAVVAANNTTEESS NNOOSS CCRRIIMMEESS AAMMBBIIEENNTTAAIISS ((AArrtt.. 1155)) • Reincidência nos crimes de natureza ambiental; • Ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, perm1ssao ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 15 Professor Rodrigo Bozzetto q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. Oriento você a ler algumas vezes essa lista para fins de memorização. PPeennaa ddee MMuullttaa.. • AArrtt.. 1188 A multaserá calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aauummeennttaaddaa aattéé ttrrêêss vveezzeess, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. • Os critérios do Código Penal para a aplicação da pena de multa estão previstos nos arts. 49 a 52. A regra geral é de que o cálculo da multa deve ser feito com base na unidade chamada de dia-multa. O juiz deve fixar o valor do dia-multa entre um trigésimo e cinco vezes o valor do salário mínimo. A quantia então deve ser fixada entre 10 e 360 ddiiaass-- mmuullttaa.. • A regra mais importante a ser lembrada por você certamente é a que diz respeito à possibilidade de majoração da multa. Muitas vezes os crimes ambientais são cometidos por grandes corporações, com grande poder econômico. Para essas grandes empresas, esse valor é muito pouco significativo. Por essa razão, a lei em estudo permite expressamente que, se a multa calculada for considerada ineficaz, ppooddeerráá sseerr aauummeennttaaddaa eemm aattéé ttrrêêss vveezzeess.. LLiiqquuiiddaaççããoo FFoorrççaaddaa.. O art. 24 da Lei n° 9.605/ 1998 prevê também a possibilidade de liquidação forçada de pessoa jurídica, nos casos em que ela tenha sido constituída ou utilizada preponderantemente para facilitar, ocultar ou permitir a prática de crime ambiental. Nos casos em que houver a liquidação forçada, o patrimônio da liquidanda será considerado instrumento do crime e perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. 16 Professor Rodrigo Bozzetto PPrriinnccííppiioo ddaa IInnssiiggnniiffiiccâânncciiaa.. É admissível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, a depender do caso concreto, segundo a jurisprudência do STJ e do STF. Contudo, aos delitos praticados contra a Administração Ambiental (arts. 66/69-A da Lei 9605/98) não há que se falar na adoção do princípio da insignificância, pois o bem jurídico protegido é a moralidade administrativa, mesmo raciocínio existente aos crimes contra a Administração Pública no Código Penal. Bom mencionar que parte significativa da doutrina é contrária ao seu cabimento, com base, principalmente, em três motivos: a) titularidade difusa do bem jurídico; b) importância fundamental do meio ambiente; e c) impossibilidade de aferir, consideradas as relações de dependência recíproca existentes no interior de um ecossistema, se o dano ambiental é, realmente, insignificante para o meio ambiente. • Requisitos para aplicação da insignificância: • Mínima ofensividade da conduta do agente • Ausência de periculosidade social da ação • Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento • Inexpressividade da lesão jurídica causada • VVeejjaa eennttããoo qquuee:: é possível utilizar esse princípio no âmbito ambiental. • SSTTJJ:: REsp 1685927/RJ – julg. 12/09/2019 “Processo penal e penal. Recurso especial. Pesca em época proibida. Apreensão de 250g de robalo e de petrechos proibidos na atividade de pesca. Aplicação do princípio da insignificância. Impossibilidade. Recurso provido.” DDAA AAÇÇÃÃOO EE DDOO PPRROOCCEESSSSOO PPEENNAALL • Nos crimes ambientais, a aaççããoo ppeennaall éé ppúúbblliiccaa iinnccoonnddiicciioonnaaddaa, ou seja, a persecução penal deve ser promovida pelo Poder Público, sem necessidade da intervenção ou requisição de qualquer outra pessoa (art. 26). TTRRAANNSSAAÇÇÃÃOO PPEENNAALL LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 17 Professor Rodrigo Bozzetto Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei n° 9.099, de 26 de setembro de 1995, ssoommeennttee ppooddeerráá sseerr ffoorrmmuullaaddaa ddeessddee qquuee tteennhhaa hhaavviiddoo aa pprréévviiaa ccoommppoossiiççããoo ddoo ddaannoo aammbbiieennttaall,, ddee qquuee ttrraattaa oo aarrtt.. 7744 ddaa mmeessmmaa lleeii,, ssaallvvoo eemm ccaassoo ddee ccoommpprroovvaaddaa iimmppoossssiibbiilliiddaaddee. • Possibilidade da aplicação de institutos da Lei 9.099/95 aos crimes ambientais: art. 76 e art. 89 (transação e suspensão condicional do processo) • LEMBRE QUE: infrações penais de menor potencial ofensivo são aquelas cuja pena máxima prevista é de até 2 anos, cumulada ou não com multa. • Esses crimes em regra são processados perante os Juizados Especiais Criminais por meio de um procedimento simplificado, em que é permitido ao Ministério Público propor em audiência preliminar a aplicação de pena restritiva de direitos ou de multa. Trata-se da ttrraannssaaççããoo ppeennaall. • No caso dos crimes ambientais, somente pode ser proposta a transação penal quando tiver havido a composição (ressarcimento) do dano ambiental causado. Obviamente a composição só será exigida quando puder ser realizada. Perceba que quando falamos em composição: - Recuperar: voltar ao estado anterior - Reparar: indenização → sursis processual - Compor: acordo de como será recuperado ou reparado → transação penal SSUUSSPPEENNSSÃÃOO CCOONNDDIICCIIOONNAALL DDAA PPEENNAA.. • A suspensão condicional da pena, ou sursis, pode ser aplicado, como regra geral, quando a pena privativa de liberdade à qual o agente foi condenado não for superior a 2 anos → Art. 77 do Código Penal. • Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a ttrrêêss aannooss. 18 Professor Rodrigo Bozzetto • Nos crimes ambientais, o sursis pode ser aplicado a penas privativas de liberdade de até 3 anos, enquanto a regra geral, do Código Penal é a aplicação do instituto a penas de até 2 anos. A ssuussppeennssããoo ccoonnddiicciioonnaall ddoo pprroocceessssoo apenas acarretará a extinção da punibilidade, constatada através de laudo próprio, salvo impossibilidade de reparação do dano devidamente comprovada nos autos (art. 28, I, da Lei no 9605/98). OObbsseerrvveemm qquuee aa rreeppaarraaççããoo ddoo ddaannoo éé uummaa ddaass ccoonnddiiççõõeess aa sseerreemm ccuummpprriiddaass dduurraannttee oo ppeerrííooddoo ddee pprroovvaa ddoo ssuurrssiiss pprroocceessssuuaall.. DDOOSS CCRRIIMMEESS CCOONNTTRRAA OO MMEEIIOO AAMMBBIIEENNTTEE • DDooss ccrriimmeess ccoonnttrraa aa ffaauunnaa:: aarrttss.. 2299 aa 3377 • DDooss ccrriimmeess ccoonnttrraa aa fflloorraa:: aarrttss.. 3388 aa 5533 • DDaa ppoolluuiiççããoo ee oouuttrrooss CCrriimmeess aammbbiieennttaaiiss:: aarrttss.. 5544 aa 6611 • DDooss ccrriimmeess ccoonnttrraa oo oorrddeennaammeennttoo uurrbbaannoo ee oo ppaattrriimmôônniioo ccuullttuurraall ((aarrttss.. 6622 aa 6655)) • DDooss ccrriimmeess ccoonnttrraa aa AAddmmiinniissttrraaççããoo AAmmbbiieennttaall ((aarrttss.. 6666 aa 6699)) CCaarroo aalluunnoo: são praticamente 40 artigos para estudo (29 ao 69)! Quando da leitura e estudo deles, foque nos detalhes, na pena de cada um deles, fazendo sempre o link com a parte geral do Código Penal. Então, ESPECIAL ATENÇÃO PARA: • PENA: reclusão/detenção/e/ou/multa • Possibilidade de transação penal, regime da pena, etc. • Figuras equiparadas • Se o delito é punido na modalidade culposa • Causas de aumento e diminuição de pena • Excludentes: vide art. 37 • Art. 79: aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal • Competência para julgamento: regra é a Justiça Estadual. Será da Justiça Federal nos casos e situações do art. 109 da CF. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 19 Professor Rodrigo Bozzetto FFaauunnaa. A fauna consiste no conjunto de animais, terrestres ouaquáticos, próprios de determinada região, que se dividem em: invertebrados, mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Os peixes estão incluídos na fauna aquática. FFlloorraa. A flora é o conjunto de plantas de uma determinada região ou período listadas por espécies e consideradas como um todo, incluídos os fungos, as bactérias do solo, os musgos, bromeliáceas, podendo ser encontrada nas matas, nos pântanos, no ambiente marinho, (flutuante ou fixa no fundo das águas). PPoolluuiiççããoo. Poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente, provocada por agentes de qualquer espécie, prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população que é atingida pelos efeitos da poluição. OOrrddeennaammeennttoo UUrrbbaannoo ee oo PPaattrriimmôônniioo CCuullttuurraall. Consiste no patrimônio histórico, cultural, artístico, arqueológico e paisagístico. AAddmmiinniissttrraaççããoo AAmmbbiieennttaall.. A Administração Ambiental é a Administração Pública com destinação específica de proteger o meio ambiente. CCRRIIMMEESS CCOONNTTRRAA AA FFAAUUNNAA CCoonnssiiddeerraaççõõeess iinniicciiaaiiss.. Caso o crime contra a fauna seja praticado em período de caça proibida, a pena será aumentada de metade. Entretanto, independentemente do período, se o caçador desenvolver a atividade profissionalmente, ou seja, com o intento de lucro, deve ser aplicada a segunda hipótese de aumento de pena (até o triplo). Os demais crimes contra a fauna são menos importantes para a sua prova. Basta uma boa lida nos tipos penais para que você acerte as questões. 20 Professor Rodrigo Bozzetto AArrtt.. 2299.. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1º IInnccoorrrree nnaass mmeessmmaass ppeennaass:: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. §§ 22ºº No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. → ppeerrddããoo jjuuddiicciiaall § 3° SSããoo eessppéécciimmeess ddaa ffaauunnaa ssiillvveessttrree todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. § 4º AA ppeennaa éé aauummeennttaaddaa ddee mmeettaaddee, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; II - em período proibido à caça; III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V - em unidade de conservação; VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa. § 5º A ppeennaa éé aauummeennttaaddaa aattéé oo ttrriipplloo, se o crime decorre do exercício de caça profissional. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 21 Professor Rodrigo Bozzetto § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. Objetividade Jurídica: A preservação da fauna e o equilíbrio ecológico. Sujeito ativo: É um crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa. QQuueessttããoo: (CESPE/ Procurador do Estado do Amazonas/2016) Cláudio, maior e capaz, caçou e matou espécie de fauna silvestre, sem a devida autorização da autoridade competente. Segundo o atual entendimento do STJ, a competência para julgar o referido crime será da justiça federal, independentemente de a ofensa ter atingido interesse direto e específico da União, de suas entidades autárquicas ou de empresas públicas federais, pois basta que os crimes sejam contra a fauna para atrair a competência do Poder Judiciário federal. RReessppoossttaa:: O item está errado. Como vimos, a competência para processar e julgar os crimes ambientais será da Justiça Estadual (competência residual). Somente será da competência da Justiça Federal se presente alguma situação delineada no art. 109 da Constituição Federal. QQuueessttããoo:: rreellaattiivvaa aaoo aarrtt.. 2255 ee ppaarráággrraaffoo ddaa LLeeii.. Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia - Edital nº 01 João praticou crime ambiental de maus-tratos contra animais silvestres, consistentes em cinco micos-leões-dourados encontrados machucados e desnutridos. Os animais foram devidamente apreendidos pela Autoridade Policial responsável pela operação, que lavrou o respectivo auto. Conforme dispõe a legislação de regência e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os animais serão Alternativas A libertados em seu habitat, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados ou abatidos imediatamente, mediante decisão discricionária da autoridade policial. B 22 Professor Rodrigo Bozzetto libertados em seu habitat, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados ou abatidos imediatamente, mediante decisão judicial, ouvidos previamente todos os policiais que participaram da operação. C entregues a fiel depositário que demonstre aptidão técnica para recebê-los, até que sejam libertados em seu habitat ou colocados em jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, sendo constitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais apreendidos em situação de maus-tratos. D prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados, de maneira que é constitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais apreendidos em situação de maus-tratos. E prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados, de maneira que é inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais apreendidos em situação de maus-tratos. → Vide essa decisão: É inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais apreendidos em situação de maus-tratos. STF. Plenário. ADPF 640 MC-Ref/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030). AArrtt.. 3300. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. • Empresa de venda de couro! Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. MMaauuss--ttrraattooss.. AArrtt.. 3322.. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ouexóticos: LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 23 Professor Rodrigo Bozzetto Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. FFoorrmmaa qquuaalliiffiiccaaddaa §§ 11ºº--AA Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no ccaappuutt deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda. (Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020) § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. AArrtt.. 3333.. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público; II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente; III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. • Empresa de lavagem industrial. AArrtt.. 3344.. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 24 Professor Rodrigo Bozzetto III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. AArrtt.. 3355.. Pescar mediante a utilização de: I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante; II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente: Pena - reclusão de um ano a cinco anos. Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. EEXXCCLLUUSSÃÃOO DDEE CCRRIIMMEE AArrtt.. 3377.. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; III – (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. DDooss ccrriimmeess ccoonnttrraa aa fflloorraa Nessa seção de crimes, oriento você a memorizar ao máximo os delitos, pois geralmente as questões envolvendo essa matéria são simples e diretas, cobrando as condutas típicas, bem como as penas cominadas. Os crimes contra a flora descritos na Lei 9605/98 rreevvooggaarraamm aass iinnffrraaççõõeess ppeennaaiiss ddeessccrriittaass nnaa LLeeii 44777711//6655 (Código Florestal, também conhecido como Lei de Proteção à Flora). LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 25 Professor Rodrigo Bozzetto DDEESSTTRRUUIIÇÇÃÃOO,, DDAANNOO OOUU UUTTIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDEE FFLLOORREESSTTAA DDEE PPRREESSEERRVVAAÇÇÃÃOO PPEERRMMAANNEENNTTEE ((aarrtt.. 3388 ddaa LLeeii nnoo 99660055//9988)) AArrtt.. 3388. DDeessttrruuiirr ou ddaanniiffiiccaarr floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. DDEESSTTRRUUIIÇÇÃÃOO,, DDAANNOO OOUU UUTTIILLIIZZAAÇÇÃÃOO DDEE VVEEGGEETTAAÇÇÃÃOO DDAA MMAATTAA AATTLLÂÂNNTTIICCAA ((AARRTT.. 3388--AA ddaa LLeeii nnoo 99660055//9988)) AArrtt.. 3388--AA.. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). AArrtt.. 3399. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. AArrtt.. 4400.. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000) § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000) § 3º Se o crime for ccuullppoossoo, a pena será reduzida à metade. 26 Professor Rodrigo Bozzetto Art. 40-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000) § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000) § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000) § 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000) AArrtt.. 4411.. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é ccuullppoossoo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. AArrtt.. 4422.. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. AArrtt.. 4444.. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. E agente que extrair areia de floresta de domínio público responderá pelo delito de furto (art. 155 do CP)? Esse aparente conflito de normas é solucionado pelo pprriinnccííppiioo ddaa eessppeecciiaalliiddaaddee. Vale dizer, o tipo penal em estudo é especial em relação ao delito de furto (art. 155 do CP). Assim, o agente responderá apenas pelo art. 44 da Lei no 9605/98. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 27 Professor Rodrigo Bozzetto AArrtt.. 4455.. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificadapor ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais: Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. AArrtt.. 4466.. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. SSuujjeeiittoo aattiivvoo: Trata-se de ccrriimmee pprróópprriioo, ou seja, somente pode ser praticado por comerciante ou industrial. AArrtt.. 4488. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. E pode ser questionada a seguinte pergunta sobre: para a configuração desse delito, a área em que a regeneração natural é impedida ou dificultada, precisa ser considerada como área de preservação permanente? Não, segundo posição firmada pelo Superior Tribunal de Justiça. DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL EE AAMMBBIIEENNTTAALL.. CCOONNFFIIGGUURRAAÇÇÃÃOO DDOO CCRRIIMMEE DDOO AARRTT.. 4488 DDAA LLEEII 99660055//11999988.. Isso porque o referido tipo penal descreve como conduta criminosa o simples fato de “impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação.” Precedente citado: REsp 849.423- SP, Quinta Turma, 28 Professor Rodrigo Bozzetto DJ 16/10/2006 (AgRg no REsp 1.498.059-RS, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE, julgado em 17/09/2015). AArrtt.. 4499. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. AArrtt.. 5500.. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. AArrtt.. 5500--AA. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) § 1o NNããoo éé ccrriimmee a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) § 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) OBS: veja que enquanto no art. 50 da Lei no 9.605/98 o agente visou proteger as florestas nativas ou plantadas que são objeto de especial preservação, no art. 50-A foram resguardadas as florestas nativas ou plantadas situadas em terras de domínio público ou devolutas. AArrtt.. 5511.. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 29 Professor Rodrigo Bozzetto AArrtt.. 5522.. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. AArrtt.. 5533. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se: I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático; II - o crime é cometido: a) no período de queda das sementes; b) no período de formação de vegetações; c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração; d) em época de seca ou inundação; e) durante a noite, em domingo ou feriado. (nessa situação não há aplicação da agravante descrita no art. 15, “h” e “i”, da Lei no 9605/98 para evitar o indevido bis in idem). DDaa ppoolluuiiççããoo ee oouuttrrooss ccrriimmeess aammbbiieennttaaiiss AArrtt.. 5544. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora : Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. • A Doutrina entende que a poluição sonora também está abrangida pela Lei dos Crimes Ambientais. Para comprovar a prática desse crime, o STJ entende que é imprescindível a realização de perícia. § lº Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 2º Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; 30 Professor Rodrigo Bozzetto III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena - reclusão, de um a cinco anos. • O crime de poluição conta com uma modalidade culposa, para a qual é cominada pena diferente. Esta culpa pode ocorrer em qualquer das três modalidades (negligência, imprudência, imperícia). • A pena será mais severa quando houver as consequências elencadas no §2o. Essas hipóteses estão relacionadas às situações em que a poluição cause danos mais severos ou permanentes. • Aquele que se omite quanto à adoção de medidas de precaução quando houver exigência da autoridade competente também incorre nas penas mais severas. AArrtt.. 5555.. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente. AArrtt.. 5566. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 12.305, de 2010) I - abandona os produtos ou substâncias referidos no ccaappuutt ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 31 Professor Rodrigo Bozzetto II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a penaé aumentada de um sexto a um terço. § 3º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Por ser um delito de perigo abstrato, o STJ firmou entendimento da desnecessidade de perícia para demonstrar a nocividade do produto ou da substância tóxica. AArrtt.. 5588.. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas: I - de uumm sseexxttoo aa uumm tteerrççoo, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral; II - de uumm tteerrççoo aattéé aa mmeettaaddee, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem; III - até o ddoobbrroo, se resultar a morte de outrem. Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave. AArrtt.. 6600.. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. AArrtt.. 6611. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. • A Doutrina se manifesta no sentido de que este dispositivo revogou o art. 259 do Código Penal, que tipificou a conduta de quem difunde “doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica”. 32 Professor Rodrigo Bozzetto • A diferença aqui é que o art. 259 do CP prevê em seu parágrafo único uma modalidade culposa, diferentemente da Lei dos Crimes Ambientais. Por isso devemos entender que o parágrafo único do art. 259 do CP não foi revogado pela Lei dos Crimes Ambientais. DDooss ccrriimmeess ccoonnttrraa oo oorrddeennaammeennttoo uurrbbaannoo ee oo ppaattrriimmôônniioo ccuullttuurraall Os bens jurídicos protegidos nestes crimes são o ordenamento urbano e o patrimônio cultural brasileiro. Este último é definido pela Constituição Federal nos seguintes termos: CF, art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individua/mente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científica s , artísticas e tecnológicas ; IV - as obras , objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico , artístico , arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. AArrtt.. 6622.. Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. AArrtt.. 6633.. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 33 Professor Rodrigo Bozzetto Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. AArrtt.. 6644.. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. AArrtt.. 6655.. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011) § 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011) § 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº 12.408, de 2011) • O tipo penal que diz respeito à pichação foi recentemente modificado, de forma que a manifestação artística por meio de grafite não é mais considerada crime, desde que haja consentimento do proprietário ou autorização do órgão competente, no caso de bens públicos. DDooss ccrriimmeess ccoonnttrraa aa AAddmmiinniissttrraaççããoo AAmmbbiieennttaall AArrtt.. 6666. Fazer o ffuunncciioonnáárriioo ppúúbblliiccoo afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental: 34 Professor Rodrigo Bozzetto Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. AArrtt.. 6677. Conceder o ffuunncciioonnáárriioo ppúúbblliiccoo licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. • AArrttss.. 6666 ee 6677 ssããoo ccrriimmeess pprróópprriiooss. Só podem ser praticados por quem tem conhecimento e que atua na área ambiental. AArrtt.. 6688. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa. AArrtt.. 6699. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. AArrtt.. 6699--AA.. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) § 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) DDaa iinnffrraaççããoo aaddmmiinniissttrraattiivvaa • Até agora vimos diversos tipos penais, com variadas descrições. Porém, a Lei n° 9.605/1998 trata também de infrações administrativas. Esses LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 35 Professor Rodrigo Bozzetto ilícitos são definidospela própria lei como sendo “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. • Os autos de infração ambiental podem ser lavrados pelos funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos. • As Capitanias dos Portos são órgãos integrantes da Marinha do Brasil. O SISNAMA foi instituído pela Lei n° 6.938/1981, e é constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. O órgão central do sistema é o Ministério do Meio Ambiente, e o órgão executor é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). • Essas pessoas têm a responsabilidade de apurar infrações, e se tiverem conhecimento do ocorrido e se omitirem nesse dever, serão consideradas corresponsáveis. AArrtt.. 7700.. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. § 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia. § 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade. § 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei. 36 Professor Rodrigo Bozzetto Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos: I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação; II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação; III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação. Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade; VIII - demolição de obra; IX - suspensão parcial ou total de atividades; X – (VETADO) XI - restritiva de direitos. § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe- ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas. § 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo. § 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo: LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 37 Professor Rodrigo Bozzetto I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná- las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. § 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. § 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo. § 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. § 8º As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos. Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado. DDAA CCOOOOPPEERRAAÇÇÃÃOO IINNTTEERRNNAACCIIOONNAALL PPAARRAA AA PPRREESSEERRVVAAÇÇÃÃOO DDOO MMEEIIOO AAMMBBIIEENNTTEE Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, 38 Professor Rodrigo Bozzetto a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para: I - produção de prova; II - exame de objetos e lugares; III - informações sobre pessoas e coisas; IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa; V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte. § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la. § 2º A solicitação deverá conter: I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante; II - o objeto e o motivo de sua formulação; III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante; IV - a especificação da assistência solicitada; V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso. Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países. QUESTÕES. Ano: 2021 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-PA Prova: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil De acordo com a Lei nº 9.605/1998 (crimes contra o meio ambiente), a pena mínima de reclusão prevista àquele que, dolosamente, provoca incêndio em mata ou floresta é de: Alternativas A um ano. B dois anos. (art. 41) C três anos. D quatro anos. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 39 Professor Rodrigo Bozzetto E cinco anos. Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PC-RN Prova: FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de Polícia Civil Substituto João, conhecido latifundiário do interior do Estado Alfa,com vontade livre e consciente, transformou em carvão madeira de lei,assim classificada por atodo poder público, para fins industriais, em desacordo com as determinações legais. Assim agindo, de acordo com a Lei nº 9.605/1998, João: Alternativas A praticou crime, cuja pena é de reclusão, de um a dois anos, e multa; (art. 45) B praticou crime, cuja pena é de detenção, de um a três anos, e multa; C não praticou crime, porque incide excludente de ilicitude, mas responde civil e administrativamente; D não praticou crime, por falta de tipicidade de sua conduta, mas responde por infração administrativa com sanção pecuniária de multa; E não praticou crime, porque a finalidade do ato foi para produção industrial, mas responde por infração administrativa com sanção pecuniária de multa. Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órgão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia I.R. foi acusado pela prática do crime descrito no art. 54 da Lei 9.605/98 (Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa). Narra a denúncia que I.R. teria, de forma dolosa, adredemente combinado com D.L., causado poluição na área da Reserva Indígena Tekohá Añetete, localizada em Diamante D’Oeste – PR. Considerando as informações apresentadas, assinale a alternativa correta. Alternativas A Ainda que I.R. tenha praticado crime de menor potencial ofensivo, é incabível a transação penal, visto que o crime foi praticado dentro de reserva indígena. B Por determinação expressa da lei, I.R. não poderá ser beneficiado pela suspensão condicional da pena. C Por se tratar de crime ocorrido dentro de reserva indígena, a ação penal resta condicionada à representação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). D Eventual sentença condenatória em desfavor de I.R. poderá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração. (art. 20) E 40 Professor Rodrigo Bozzetto I.R. poderá ser beneficiado com a suspensão condicional do processo, caso efetue a prévia composição do dano ambiental. Lembre: • TRANSAÇÃO PENAL - Está condicionada à PRÉVIA Composição do dano ambiental (art. 27) • SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - Extinguirá a punibilidade apenas DEPOIS da integral rEparação do dano ambiental (art. 28) • SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA: pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. (art. 16) • VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO: Sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração (art. 20) Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil Assinale a opção correta a respeito da disciplina legal dos crimes contra o meio ambiente. Alternativas A O recolhimento domiciliar é espécie de pena restritiva de direitos prevista na Lei de Crimes Ambientais. B O desmatamento é considerado crime se praticado em terras de domínio público ou devolutas e desde que a floresta seja nativa, salvo se o delito for praticado por necessidade de subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. (art. 50-A) C Verificada a ocorrência de infração penal ambiental que envolva animais, estes deverão ser obrigatoriamente libertados em seu habitat. (Art. 25, § 1º) D Não é cabível a suspensão condicional do processo ou o acordo de não persecução aos crimes ambientais, por expressa vedação legal. E Se o abate de animal for praticado para proteger lavouras de ação predatória, será cabível a redução da pena de um a dois terços, desde que a circunstância seja atestada pela autoridade competente. (art. 37 → é causa de exclusão da atipicidade.) \Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órgão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia Sobre os crimes contra o meio ambiente (Lei nº 9.605/1998), considere as seguintes afirmativas: LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA | RODRIGO BOZZETTO 41 Professor Rodrigo Bozzetto 1. Com relação aos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, não é possível ao infrator a realização de suspensão condicional do processo. 2. De acordo com o entendimento atual do STF, a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais, prevista no art. 3º da Lei nº 9.605/1998, fica condicionada à simultânea persecução penal de pessoa física (teoria da dupla imputação). 3. A prática de crime ambiental em domingos ou feriados constitui circunstância que agrava a pena, quando não constitui ou qualifica o crime. 4. De acordo com o STF, compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Assinale a alternativa correta. Alternativas A Somente a afirmativa 2 é verdadeira. B Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras C Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. D Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. E As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. Gabarito: A 42 Professor Rodrigo Bozzetto Gabarito: E Gabarito: D
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