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DIREITO ADM 5

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DIREITO ADMINISTRATIVO 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Silvano Alves Alcantara 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Os contratos administrativos, como instituto jurídico firmado pela 
Administração Pública, recebem tratamento diferenciado em relação aos 
contratos privados. Enquanto nestes prevalecem, a rigor, em todas as 
circunstâncias, a vontade das partes, naqueles, existem situações em que não 
há necessidade da aquiescência do outro contratante (particular), pois o 
elemento volitivo da entidade administrativa figura-se como superior à mera 
deliberação em aceitar ou não. 
Pode-se assim dizer que as partes, no contrato administrativo, não se 
encontram em par de igualdade. O regime jurídico a que está sujeita a 
Administração Pública inflige sua conduta diferenciada. 
TEMA 1 – TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
Contrato é fonte de obrigação e deve conter alguns requisitos obrigatórios 
e legais, comuns a todos, que são as partes, o objeto e a manifestação de 
vontade. 
Contrato é um negócio jurídico, e, como tal, necessita que algumas 
condições estejam presentes para que possa ser considerado válido. Por isso, 
colhemos o que diz o nosso Código Civil, em seu art. 104: 
A validade do negócio jurídico requer: 
I – agente capaz; 
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III – forma prescrita ou não defesa em lei. 
Exigindo que o agente seja capaz, a legislação obriga que os contratantes 
não estejam em nenhuma das hipóteses de incapacidade absoluta ou relativa, 
previstas, respectivamente, nos arts. 3º e 4º do próprio CC. 
O objeto a ser contratado deve estar dentro da lei, é claro. Porém, mesmo 
que não esteja especificado em lei, não deve atentar à moral e aos bons 
costumes, como também à ordem pública. Também deve ser possível 
determiná-lo, seja por seu gênero, quantidade ou qualidade. 
Quanto à forma do contrato, deve ela estar dentro de uma previsão legal. 
Se não existir tal previsão, que ela não seja proibida legalmente. 
Essas convenções efetuadas entre as partes, chamadas de contratos, 
pelo menos em nosso ordenamento jurídico, devem ser, portanto, realizadas 
com base nas determinações legais e na vontade dos sujeitos. Os contratos têm 
 
 
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a prerrogativa de criar, regular, modificar ou extinguir relações jurídicas de cunho 
patrimonial. 
TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO 
O contrato administrativo tem várias características. Descrevemos abaixo 
algumas delas, para você possa conhecer um pouco mais sobre os contratos 
administrativos: 
 Forma: O contrato administrativo tem que obedecer à norma prescrita em 
lei (Lei n. 8.666/1993); 
 Contrato de adesão: Cláusulas fixadas unilateralmente pela 
Administração Pública; 
 Natureza "intuitu personae": As razões pessoais do contratado não são 
levadas em consideração na apuração da licitação e o contrato deve ser 
realizado por quem o assinou; 
 Presença de cláusulas exorbitantes: São prerrogativas da 
administração, ou seja, conferem certos privilégios à Administração 
Pública, que se distingue do particular contratado neste caso. Com as 
cláusulas exorbitantes, a administração pode modificar, rescindir o 
contrato de forma unilateral, fiscalizar, aplicar sanções, ocupar 
provisoriamente móveis e imóveis (art. 58) etc.; 
 Teoria da imprevisão: A teoria da imprevisão consiste no 
reconhecimento de que a ocorrência de eventos novos, imprevistos e 
imprevisíveis pelas partes autoriza a revisão do contrato, para seu 
ajustamento às circunstâncias supervenientes. É a moderna aplicação da 
velha cláusula rebus sic stantibus aos contratos administrativos, à 
semelhança do que ocorre nas avenças de Direito Privado, quando 
surgem fatos não cogitados pelos contratantes, criando ônus excessivo 
para uma das partes, com vantagem desmedida para a outra. Esse 
desequilíbrio retira a comutatividade do ajuste e impõe a revisão do 
contrato, para que se possibilite sua execução sem a ruína econômica do 
particular contratado. 
 
 
 
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TEMA 3 – DA CONCESSÃO 
É a delegação de sua prestação feita pelo poder concedente mediante 
licitação na modalidade concorrência à pessoa que demonstre capacidade para 
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado, de acordo com 
o art. 2°, II, da Lei n. 8.987/1995. 
Diz o mesmo diploma legal que o poder concedente será a União, os 
Estados-Membros, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se 
encontre o serviço público, assim, a titularidade continua sendo sua, só transfere 
a execução. 
Admite-se subconcessão, desde que autorizada, consiste na contratação 
feita pela concessionária para aquisição de serviços ou bens diretamente 
relacionados com o objeto da concessão, porém, os contratos de 
concessionárias com terceiros não envolvem o poder concedente. 
O poder concedente pode fiscalizar os serviços, bem como intervir na 
concessão se necessário. 
Existem situações nas quais deverá haver execução de obras para que a 
concessão seja implementada, assim deve o concessionário primeiro construir, 
conservar, reformar, ampliar ou melhorar determinada obra pública, por sua 
própria conta e risco. Em seguida passa a explorar o serviço por prazo 
determinado, suficientemente longo, para que obtenha a remuneração e a 
amortização de seu investimento. 
Tarifa é a fonte de renda das concessionárias, não é tributo, o seu valor 
inicial é estabelecido na proposta. 
 Formas de extinção: 
 Advento do termo contratual: Quando termina o prazo; 
 Encampação: Término do contrato antes do prazo, feito pelo poder 
público, de forma unilateral, por razões de interesse público. O 
concessionário faz jus à indenização; 
 Caducidade: Forma de extinção do contrato antes do prazo, pelo 
poder público, de forma unilateral, por descumprimento de cláusula 
contratual; 
 Rescisão: Forma de extinção do contrato, antes de encerrado o prazo, 
feita pelo concessionário por força do descumprimento de cláusulas 
contratuais pelo poder concedente. Deve ser por medida judicial e, 
 
 
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enquanto não transitar em julgado a sentença, o serviço deverá 
continuar sendo prestado; 
 Anulação: Extinção do contrato antes do término do prazo, por razões 
de ilegalidade; 
 Falência: Ou extinção do concessionário. 
TEMA 4 – DA PERMISSÃO 
É a delegação, a título precário, mediante licitação da prestação de 
serviços públicos feita pelo poder concedente, a pessoa que demonstre 
capacidade de desempenho por sua conta e risco, é a letra do art. 2°, IV, da Lei 
n. 8.987/1995. 
Algumas características: 
 Caráter mais precário; 
 Não exige autorização legislativa, em regra; 
 Licitação por qualquer modalidade; 
 Formalização por contrato de adesão; 
 Pode ser por prazo indeterminado; 
 Para pessoas jurídicas ou físicas. 
TEMA 5 – CONVÊNIOS ADMINISTRATIVOS 
Convênio administrativo é o acordo de vontades firmado entre dois 
partícipes (convenentes) que busca o alcance de um fim proposto comum, sendo 
que esse escopo deve estar devidamente consubstanciado na missão 
institucional de cada partícipe. 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2018, p. 337), define-se 
“convênio como forma de ajuste entre o Poder Público e entidades públicas ou 
privadas para a realização de objetivos de interesse comum, mediante mútua 
colaboração”. 
Difere do contrato, pois este é todo ajuste firmado entre entidades da 
Administração e terceiros (públicos ou particulares), possuindo como objeto a 
prestação/realização de interesses diversos e opostos. 
Em suma, pode-se concluir que convênio é a ferramenta jurídica para que 
os entes públicos, ou estes e entidades privadas, conjuguem esforços para 
 
 
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atingir um desiderato comum, os quais podem ser propriamente esforços ou 
recursos que cada um desses convenentes “depositem”, na busca do referido 
fim. 
Recorda-se que o Estatuto de Licitações expressa em seu art. 116 que,para a celebração do convênio, é imprescindível que haja a prévia aprovação do 
competente plano de trabalho proposto pela organização interessada, no qual 
deverá conter todos os requisitos expressos nos incisos do parágrafo 1° deste 
preceptivo legal. 
Insta mencionar, ainda, que “as parcelas dos convênios serão liberadas 
em estrita conformidade com o plano de aplicação aprovado”, salvo as exceções 
estipuladas nos incisos do parágrafo 3° do art. 116. 
Os convênios não prescindem de prévia licitação pública para a sua 
formalização. 
Aplicam-se, no que couber, às disposições prescritas na Lei de Licitações. 
Não se pode condicionar a aprovação de um convênio firmado pelo Poder 
Executivo ao Poder Legislativo. Qualquer norma neste sentido, seja estabelecida 
em Constituição Estadual ou Lei Orgânica, é inconstitucional. 
Como o convênio é um acordo de vontades entre dois partícipes, define o 
art. 116, da Lei n. 8.666/1993, que deverá haver a confecção de um Plano de 
Trabalho. 
O Plano de Trabalho nada mais é do que um projeto, no qual devem 
constar as informações basilares acerca do liame cooperativo, a ser firmado 
entre os convenentes. 
Conforme este artigo, neste plano deverá constar, no mínimo, as 
seguintes informações: 
 Identificação do objeto a ser executado; 
 Metas a serem atingidas; 
 Etapas ou fases de execução; 
 Plano de aplicação dos recursos financeiros; 
 Cronograma de desembolso; 
 Previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim, da conclusão 
das etapas ou fases programadas; 
 Se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação de 
que os recursos próprios para complementar a execução do objeto estão 
 
 
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devidamente assegurados, salvo se o custo total do empreendimento 
recair sobre a entidade ou órgão descentralizador. 
NA PRÁTICA 
Tratando-se da concessão de serviço público, será que pode acontecer 
de que em determinadas situações o Poder Público faça a retomada do serviço 
concedido pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de 
interesse público? Precisará de lei autorizativa específica e de prévio pagamento 
de indenização? 
FINALIZANDO 
Os temas dessa aula foram os contratos administrativos. 
Abordamos algumas de suas características mais importantes e pudemos 
trabalhar com a concessão e a permissão de serviços públicos, trazendo suas 
particularidades. 
Ao final, estudamos os convênios administrativos, trabalhando com as 
suas peculiaridades, deixando claro que diferem um pouco dos contratos. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso 
em: 22 abr. 2019. 
_____. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 22 jun. 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8
666cons.htm>. Acesso em: 22 abr. 2019. 
_____. Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 14 fev. 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L8987cons.htm>. Acesso em: 22 abr. 2019. 
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
ROCHA, C. L. A. Princípios constitucionais da administração pública. Belo 
Horizonte: Del Rey, 1994.

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