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8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 1/90 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 2/90 Dados Internacionais dc Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Gomide, Paula Inez Cunha. Pais presentes, pais ausentes : regras e limites/ Paula Incz Cun ha Gom ide. - Petrópolis, RJ : Vozes, 2004. ISBN 85.326.2947-4 1. Educação de crianças 2. Família - Aspectos morais e éticos 3. Pais e filhos I. Título. 03-6077 CDD-649.1 --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------— ------------------------------------------------------------------ * índices para catálogo sistemático: 1. Educação de crianças : Vida familiar 649.1 INDEX BOOKS GROUPS Este manual foi disponibilizado em sua versão digital a fim de proporcionar acesso à pessoas com deficiência visual, possibilitando a leitura por meio de aplicativos TTS (Text to Speech), que convertem texto em voz humana. Para dispositivos móveis recomendamos Voxdox (www.voxdox.net). LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.(Legislação de Direitos Autorais) Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: I – a reprodução: d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9610-19- fevereiro-1998-365399-normaatualizada-pl.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9610-19-fevereiro-1998-365399-normaatualizada-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9610-19-fevereiro-1998-365399-normaatualizada-pl.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9610-19-fevereiro-1998-365399-normaatualizada-pl.html 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 3/90 ^ 'aula/ c(íimAu' céjGfnidey ^ a l s / p a e & e n te s / , p a i s / a u s e n t e a e/ ÍLmites/ 3a Edição A EDITORA VOZES Petrópolis 2004 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 4/90 © 2004, Editora Vozes Ltda. Rua Frei Luís, 100 25689-900 Petrópolis, RJ Internet: http://www.vozes.com.br Brasil Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Editoração e org. literária: Ana Kronemberger Ilustrações: Ademir V. da Paixão ISBN 85.326.2947-4 Este livro foi co m po sto e im presso pela E dito ra Vozes Ltda. INDEX BOOKS GROUPS http://www.vozes.com.br/ http://www.vozes.com.br/ 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 5/90 fÁgmAecimeii tas- éAas' meus' pÃJva& crVinícúiS' & 3(ámwpar- taitumeni a' matcmidtido/ w melAai' d& indas* as minima expvuüticùts. INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 6/90 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 7/90 S u m Á / u o / Introdução, 9 1. A importância das regras, 13 2. O humor instável, 26 3. A punição física, 33 4. A supervrisão estrcssante, 41 5. A monitoria positiva, 50 6. A negligência, 67 7. O modelo moral, 76 Conclusão, 85 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 8/90 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 9/90 In trodução A famíl ia ainda é o lugar privilegiado para a pro moção da educação infantil. Embora a cscola, os clu bes, os companheiros e a televisão exerçam grande influencia na formação da criança, os valores morais e os padrões d e conduta são adquiridos essencial mente através do convívio familiar. Quando a família deixa d e transmitir estes valores adequadamente, osdemais veículos formativos ocupam seu papel. Nes tes casos, a função educativa, que deveria ser apenas secundária, muitas vezes passa a ser a principal na formação dos valores da criança. Este livro se propõe a auxiliar pais e educadores na difícil tarefa de educar crianças. Até meados do sé- culo passado, as regras estabelecidas por nossos ante passados para a cducação de filhos eram inquestioná veis. Os pais puniam e castigavam como um direito legítimo de educador. Era dever dos educadores cor rigir, mesm o que com rigor físico, as rebeldias infan tis. Aqueles que não corrigissem seus rebentos seriam 9 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 10/90 questionados pela sociedade e até culpabilizados pe las desordens por eles cometidas. A revolução de costumes dos anos 50 trouxe con sigo uma série de questionamentos quanto à maneira de educar crianças. A severidade habitual de costu mes foi confrontada inicialmente através da liberda de sexual e em seguida pela flexibilização das regras na educação das crianças. Os novos pais, pós-revolu- ção sexual, também se rebelaram quanto às regras rí gidas de educação de filhos. Passaram a conceder mais, repudiaram a punição física, quiseram se tor nar mais amigos dos filhos. Começaram a utilizar o diálogo como fonte de educação. Porém, essa nova maneira de educar trouxe conse qüências inesperadas. Os filhos ficaram desobedien tes, não respeitando seus pais e professores, muitas ve zes deixando de estudar, não querendo assumir com promissos profissionais, tornando-se rebeldes c, por via de conseqüência, alvo fácil de grupos desviantes. Qual seria o problema com essa forma de educar? As regras punitivas e rígidas utilizadas pelas gerações passadas eram mais aversivas que as atuais? Conver sar é a melhor maneira de se resolver situações de conflito? Ser amigo do filho é melhor do que ser um pai autoritário e distante? INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 11/90 É verdade que os métodos utilizados pela geração passada para educar eram mais rigorosos. É igual mente verdade que o diálogo é a melhor maneira dese resolver conflitos e também é preferível um pai amigo do que um pai distante e autoritário.No en tanto, os pais modernos, para conquistar este novo tipo de relacionamento, abriram mão, muitas vezes, do seu papel de educadores. Deixaram de estabelecer regras, esqueceram que os pais são o modelo moral para seus filhos, passaram a usar a conversa de forma punitiva (horas de sermão e de ameaças) e não como um a forma de reflexão. Romperam com a punição e se tornaram permissivos. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 12/90 Neste livro discutiremos os principais pontos que devem ser enfrentados pelos pais, se quiserem levar a cabo uma educação promissora. Quais os principais erros e como eles podem ser corrigidos. Com o estabelecer um relacionamento amoroso com o filho sem perder a autoridade. E, por fim, como inibir o desenvolvimento de comportamentos an ti-sociais a partir da maneira de educar. Esperamos que ao final da leitura deste livro você esteja se sentindo mais seguro a respeito das decisões que tiver de tomar. O contato com alternativas ade quadas para educar, sem punição física, pode dei xá-lo mais confiante na escolha da sua maneira de li dar com o relacionamento infantil e educar. Pais presentes, pais ausentes e um livro que pretende apenas contribuir com algumas ideias para a educa ção de crianças e adolescentes, sem ser uma proposta literária. Se pudermos colher bons frutos por esta se mente plantada, estaremos plenamente satisfeitas como psicóloga e pesquisadora que somos. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 13/90 A im portância das regras O s pais e educadores estão sempre se questionando sobre as regras. Devemos fazer regras em nossa casa, nas salas de nula ou em outros ambientes? Quais re gras precisam ser estabelecidas? Como elas devem üe! feilns? Quais os castigos que podem ser usados? E os qiu- não devem ser aplicados? O que acontece se não fizermos regras? O que acontece quando não cumprimos as regras por nós estabelecidas? Adianta ameaçar? Podemos premiar o bom comportamento? Enfim, são muitas as questões que nos preocupam como educadores. Em primeiro lugar, devemos considerar a impor tância de estabelecer regras em nossa relação com nossos filhos ou alunos. Sim, devemos estabelecer regras. Elas devem ser criadas para permitir um rela cionamento adequado entre os membros da família,respeitoso em relação aos valores e hábitos daqueles INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 14/90 em linhas gerais, buscar o estabelecimento de pou cas regras, que sejam flexíveis e realmente possam ser cumpridas. Os pais não devem estabelecer regras excessivas, rí gidas e difíceis de serem cumpridas. Quando os pais ou professores criam muitas regras, os filhos ou alu nos, por saturação, deixam de prestar atenção a gran de parte delas, ignorando-as e burlando-as. Quando as regras são difíceis de serem cumpridas, porque são muito rígidas, a chance de que sejam desrespeitadas aumenta, e a possibilidade de os pais ou professores permitirem seu descumprimento é grande. Rara mente uma criança atinge os critérios rígidos estabe lecidos pelos pais ou professores nas primeiras tenta tivas. Portanto, a chance de fracasso e muito grande, gerando desapontamento para ambas as partes. E mais vantajoso para todos que se inicie gradualmente a implantação de uma regra nova. Vejamos. Se uma mãe deseja que o filho junte os brinquedos da sala, ela poderá iniciar o treinamento da seguinte forma: no princípio ela irá ajudá-lo mos trando como fazer, elogiando o seu desempenho e in- centivando-o a colocar os brinquedos 110 lugar certo. Estes primeiros passos devem ser dados muito cedo, quando a criança ainda é pequena, entre dois ou tres INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 15/90 locá-la sobre o brinquedo apreendendo-o. N está mo mento a mãe deve dizer, sorrindo, que está contente, que ele (a) está indo muito bem. Gradualmente, a mãe deve deixar de ajudar a guardar os brinquedos, apenas orientando e elogiando o filho ao final da tarefa, até que o comportamento esteja bem estabelecido. Desta forma a criança aprende a regra, passo a passo, e se sente capaz de executar o pedido da mãe. Por outro lado, se a mãe diz “arrume seu quarto, junte os brinquedos, faça a tarefa, penteie os cabelos, corte as unhas” etc., para uma criança que não executa nenhuma destas atividades, a chance de fracasso é enorme. Diante de muitas tarefas para as quais não foi preparado convenientemente o filho procura se es quivar de todas ou tenta manipular a mãe emocional mente. Esta manipulação tem o objetivo de provocar pena no educador, facilitando o desrespeito à regra es tabelecida. Em geral, para se livrar da “chorominga- ção” os pais descumprem as regras, “esquecem” que deram uma ordem e deixam a criança “em paz”. Tomem os o exemplo contrário às cenas âos quadri- nhos. A mãe estabelece uma regra - “chegar às 10 ho ras” mas o filho resiste em cumpri-la. Ela, então, estabelece um castigo: “não ver tevê por uma sema na”. O filho por sua vez não cumpre o castigo e con tinua assistindo à tevê. A mãe “tenta” fazê-lo cumprir INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 16/90 o castigo, mandando desligar a tevê, porém, na se gunda tentativa, desiste. Inicialmente, e preciso ava liar se a regra estava adequada. Se for um dia de se mana, parece adequado que os pais dete rminem que o filho esteja em casa às 10 horas, porém, se essa situ ação ocorrer aos sábados e o filho for adolescente, esse horário se mostrará irreal. Logo, esta e uma regra rígida e que dificilmente será cumprida. Nos finais de semana os pais devem ser mais flexíveis e, caso fi quem preocupados, o que é natural, podem organi zar formas para ir buscar os filhos nas festas (fazer ro dízio entre pais, por exemplo). O segundo ponto a ser analisado no exemplo aci ma diz respeito ao castigo estabelecido. Quando a mãe fixou o castigo, não pensou se teria condições de “fazer cumprir” o que determinara, ou seja, ela con seguiria manter a tevê desligada? Ela teria persistên cia para desligar o aparelho tantas vezes quantas ele o ligasse? Ela estaria em casa para controlar o cumpri mento do castigo? Ela ficaria com pena da criança e resolveria encerrar o castigo? Caso os pais não te nham meios de controlar o cumprimento do castigo, ele não deve ser estabelecido. Deve-se escolher um casti go possível de ser cumprido e, principalmente, que os pais consigam controlar. Se os pais estabelecem i ã it ( ã i j fé i d fi INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 17/90 nal de ano, ficar sem ir aa playground por um mês, nunca mais falar com o namoradinho etc.), este cas tigo acaba se tornando uma ameaça, que dificilmente será executada, A ameaça se dá quando sinalizamos um castigo que tanto os pais como os filhos sabem que não será cumprido. A ameaça não controla o comportamento, ou seja, ela não é capaz de mudar ou de enfraqueccro comportamento indesejado. Ela Apenas torna a relação entrepais e filhos aversiva, de- a gradável, irritante e desgastante. | Quando os pais descumprem, sucessivamente, as regras por eles estabelecidas, ensinam aos filhos três atitudes indesejáveis: (í) que as regras não são para serem cumpridas; (2) que a autoridade (pais ou pro fessores) pode ser desrespeitada; alem de (3) ensinar a manipulação emocional. Esta aprendizagem terá sérias conseqüências para as atitudes futuras da cri ança ou do adolescente. Aprender que as regras po dem ser descumpridas leva os jovens a não aceitarem normas sociais. Placas, avisos ou informações pre sentes em rodovias, escolas ou instituições podem ser desconsiderados, pois não têm significado algum. As autoridades que formulam as regras - pais, pro fessores, dirigentes etc, - não merecem respeito visto que não foram capazes de fazer valer o cumprimento das regras Por fim eles aprendem a manipular emo INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 18/90 cionalmente os educadores: fazem chantagem, cho ram, mostram “caras arrependidas” ou, ainda pior, ficam agressivos e, com esta atitude, conseguem in terromper o castigo, gerando culpa nos educadores. Ainda se, sistematicamente, os pais relaxam no cumprimento das regras ao mesmo tempo em que ensinam aos filhos o desrespeito às regras e à autori dade, desenvolvem nas crianças e adolescentes inse gurança sobre o que é certo ou errado, sobre valores morais ou éticos, sobre respeito aos direitos huma nos e às pessoas, Estas crianças não aprendem, com seus pais, a respeitar as instituições e as pessoas, porisso, são “malcriadas” com as professoras, instrutoras ou colegas. Elas não aprendem que as regras devem ser estabelecidas com justiça e, logo, não sabem ava liar se uma determinada regra está adequada a uma dada situação devendo, portanto, ser cumprida. Esse tipo de prática tem efeitos desastrosos. Infe lizmente, são encontrados muitos jovens com com portamento anti-social, cujos pais criam regras para dcscumpri-las sistematicamente e que usam a ameaça como prática educativa. Os pais e professores amea çam, mesmo que estejam conscientes de que a amea ça não funciona. Talvez acreditem que falando, amea çando, estejam cumprindo, ao menos cm parte, seu l d d d i l d INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 19/90 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 20/90 Mas é importante que observem como a ameaça é ineficaz. Os filhos e alunos não obedecem por causa da ameaça; eles só vão obedecer se souberem que a ameaça será seguida pelo castigo prometido. Só as sim eles irão relacionar o “comportamento inade quado” com o “castigo”, e então, para se livrar da pu nição, mudam o comportamento indesejável. O castigo nunca deve produzir privação de necessi dades básicas (alimento, sono, carinho) ou produzir dor. É recomendável, por exemplo, que este determi ne a retirada de “algum tipo de lazer” por um período curto de tempo, como ficar sem ver tevê ou jogar vi- deogame por um ou dois dias, ficar sem comer doces etc. Privar a criança de carinho é um grave erro. A cri ança deve ter segurança do amor paterno ou materno sempre, mesmo quando está sendo castigada. Os pais devem estabelecer o castigo (retirada de um privile gio) sem demonstrar raiva ou ódio. O comportamen to indesejado deve ser punido e não a criança. Quan do mostramos ódio, estamos informando à criança que a reprovamos como ser - a totalidade de sua es sência - e não ao seu comportamento. Este fato é ex tremamente importante, pois perturba a criança de modo que ela não sabe o que fazer para atender ao que os pais desejam dela. se ela é errada, como mudar? A INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 21/90 que os pais esperam dela. Dar informações dúbias, confusas, gera atitudes instáveis nas crianças. Se ao aplicarmos um castigo usamos frases como “você vai ficar no quarto porque não quero ver sua cara, odeio você, você só faz coisas erradas, preferia que não tives se nascido”, os pais não estão tentando corrigir o com portamento indesejado e sim estão despejando seu ódio sobre o filho. O filho recebe o ódio e não sabe o que fazer para atender às expectativas dos pais. Todo çie está errado. Como mudar? ( )utra questão importante é sobre o tem po entre a ocorrência do comportamento indesejado e a apli- ( ação do castigo. O castigo não deve ser aplicado após ter passado muito tempo; é importante que seja apli- <ado em seguida ao comportamento indesejável ter ocorrido. Não funciona dizer que a criança não vai ganhar a bicicleta no Natal, quando ela tirou uma nota baixa em abril. Mesmo porque, provavelmente, no Natal, também os pais já se esqueceram do castigo ou nãp desejam estragar a festa de todos fazendo cumprir uma determinação tão inadequada. Quando uma situação como essa ocorre - filhos com notas baixas os pais devem tomar as provi dências desde o início do ano. Estabelecer horários de estudo, contratar professores particulares, acom INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 22/90 um ambiente favorável para que todos da família fa çam suas tarefas é uma excelente alternativa. O pai pode sentar-se perto do filho para ler seu jornal ou fazer sua contabilidade, a mãe para ler sua revista, fa zer tricô ou corrigir provas da escola e as crianças para fazerem suas tarefas, Este momento, de uma ou duas horas após o jantar, por exemplo, cria hábitos de estudos duradouros nas crianças e desenvolve habili dades de estudo eficientes. As crianças aprendem que estudar é uma tarefa de todos e agradável. Em algumas ocasiões, os pais tentam “corrigir” o comportamento dos filhos impondo-lhes um castigo ou obrigando-os a cumprir um a tarefa estabelecida e sc surpreendem quando estes respondem de manei- / ra agressiva. E possível que certas mães recuem dian te da agressividade do filho, preferindo não enfrentar aquela situação desagradável, por medo ou por não saberem que atitude tomar. Este recuo fortalece o comportamento agressivo do filho e leva-o a pensar que agir agressivamente poderá ser uma forma de obter o que deseja. Os pais e professores devem evitar mostrar medo ou insegurança diante do comporta mento agressivo de uma criança ou adolescente po r que esta é a principal forma de aprendizagem de comportamento violento. Caso as mães ou professo ras sintam que são mais fracas que seus filhos ou alu INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 23/90 fronto. Devem procurar identificar formas criativas para dar as instruções e aplicar as regras. O comportamento aprendido nesse confronto com os pais é facilmente generalizado para outras si tuações. A criança passa a agredir verbal ou fisica mente colegas, inspetores, professores. Nestas cir cunstâncias rotula-se a criança de mau-elemento, delinqüente, marginal, violento etc. Ao ser rotulada na escola e no bairro, a criança passa a se sentir des confortável naqueles ambientes e procura se integrar cm gruposou “gangues”, onde recebem aprovação pelos seus comportamentos violentos e pela sua ousadia, coragem, inteligência, criatividade. Desta for ma a criança deixa a escola, afasta-se do convívio fa miliar e passa a pertencer ao grupo da “rua”. Alguns pais acreditam que todas as regras devem ser conversadas e discutidas com as crianças e, por assim pensarem, transformam suas casas em cons tantes assembléias. No entanto, mesmo concordan do que muitas situações devam ser discutidas com os filhos para que democraticamente as decisões sejam tomadas, os pais devem saber distinguir entre o que deve ser colocado em discussão democrática e o que deve ser resolvido pelo adulto responsável pelo bem- estar da criança. Escovar os dentes após as refeições e antes de dormir, por exemplo, não é uma atividade INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 24/90 negociável e que possa ficar na dependência de uma decisão da criança. A mãe, no entanto, não precisa impor a regra de forma agressiva, poderá dizer para a criança: “escove seus dentes e dcite-sc que contarei uma historinha para voce”. Desta forma ela estará in centivando-a a escovar os dentes e tornando uma ta refa “possivelmente aborrecida” em uma tarefa com um final feliz. Elogiar os dentes limpos, sem cáries, o bom hálito etc. fazem parte da aprendizagem da tarefa de escovar os dentes e, com o passar do tempo, a pró pria criança passa a ter orgulho de seus bons dentes e compreende a importância de manter sua higiene. Se os pais dão salgadinhos, sorvetes, chocolates ou mamadeira para as crianças a qualquer hora, de vem estar cientes de que não estão desenvolvendo bons hábitos alimentares em seus filhos. Se os pediatras aconselham uma criança a comer frutas, legu mes, verduras e proteínas para seu pleno desenvolvi mento, os pais devem verificar o que estão fazendo para incentivar seus filhos a adquirirem o hábito de ingerir estes alimentos. A melhor maneira é oferecer o alimento desde cedo - como sopinhas de verduras com caldo de carne e papinhas de frutas - para que as crianças se habituem com os diversos sabores. Se a criança rejeita um sabor, deve-sc oferecer outro si milar na próxima refeição junto com um alimento INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 25/90 roso para a criança e não uma hora de estresse para ambos, mãe e filho. O modelo representado pelos pais, geralmente, é um bom incentivo para as crianças. Elas procuram imitar seus pais em tudo o que fa zem, inclusive naquilo que comem. Em resumo, os pais devem sim estabelecer regras. Estas devem ser poucas, progressivas e possíveis de se rem cumpridas. Precisam ser aplicadas logo após ocomportamento inadequado ter ocorrido. O castigo nunca deve provocar dor ou privação de necessidades básicas. Jamais usar a retirada do carinho, do afeto como castigo. A ameaça é ineficaz e gera um relacio namento irritadiço. As crianças que são “educadas” com regras frouxas tornam-se adolescentes que não respeitam as regras na escola e demais instituições, não respeitam os professores e demais autoridades e aprendem que a manipulação emocional e a agressivi dade são “boas” formas para se resolver problemas e enfrentar tentativas de estabelecimento de regras. Fi nalmente, quando se sentem rejeitadas, estas crianças - ou adolescentes - afastam-se, gradualmente, da es cola e da família sendo atraídos para grupos marginais, onde encontram reforço para seus comportamentos desviantes e valorização de sua agressividade. 25 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 26/90 O humor instável Ohumor dos pais ou professores pode ter efeitos sobre a educação dos filhos ou alunos? Analisaremos neste capítulo com o isto ocorre; quais as conseqüên cias desta maneira de educar; e, ainda, o que os filhos aprendem quando recebem castigos em função do hum or dos pais, seja ele positivo (alegria), seja nega tivo (raiva). Evidentemente, devemos reconhecer, inicialmen te, que nosso hum or altera nossa disposição para agir, Não é fácil corrigir um filho quando estamos alegres, rindo, nos divertindo. C orrigir, fazer cumprir regras, dar limites, enfim educar pode, em certas ocasiões, perturbar nosso estado emocional positivo. O que dizer então das influências dos estados emocionais negativos? C om o ficam as mães e professoras duran te o período de tensão pré-m enstrual? E os pais, após uma discussão no trabalho ou no trânsito? Enfim, são muitas as situações que alteram o nosso humor, 26 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 27/90 para melhor ou para pior. Como este estado de h u mor afeta nossa tarefa educativa? Como afeta nos sos filhos? g u a n d o aplicamos ou não uma punição em fun ção de nosso estado de humor e não em função de um mau comportamento, estamos ensinando a dis criminar nosso humor e não a reconhecer o mau com portamento executado/À criança aprende que quando o pai está bravo, mal-humorado, o castigo será seve ro. Nestas circunstâncias, se puder, foge de casa, se esconde, esperando que o humor melhore. Por ou tro lado, ela percebe que, quando o pai está alegre, ele não irá castigá-la, tenha feito o que for. Possivelmen te, ele irá até brincar a respeito do mal feito. Discriminar o estado de hum or dos pais não aju da a criança a aprender valores e nem o que é certo ou errado. Crianças e adolescentes que vivem sob esse tipo de prática educativa não sabem reconhecer quais os comportamentos desejados pelos pais. Sabem ape nas que o hum or de seus pais varia e que precisam se livrar dos momentos ruins. Quando os pais castigam sob efeito de forte em o ção, muita raiva, por exemplo, em geral, se arrepen dem assim que a raiva passa. Nesses casos, é comum pedirem desculpas ao filho sentindo pena da criança INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 28/90 neste mom ento, chantagear emocionalmente os pais é vantajoso. A aprendizagem se dá cm virtude das emoções envolvidas e não dos maus ou bons com portamentos que desejamos ensinar. Quando um dos pais perceber que tem se des controlado seguidas vezes ao tentar educar seu filho, deve procurar um serviço de Aconselhamento de Pais. Um profissional poderá ajudá-lo a melhor per ceber suas dificuldades e orientá-lo nesses aspectos. Muitas vezes uma orientação não e suficiente para resolver este tipo de dificuldade e, então, o profissio nal poderá aconselhar o cliente a fazer terapia. Se o pai ou a mãe é violento com o filho porque perde o controle, e depois se arrepende, é sinal que alguma situação emocional importante está provocando esta reação. Uma terapia poderá ajudar esses pais a resol verem tais problemas e trazer harmonia para a famí lia, principalmente evitar que o filho sofra com o de sequilíbrio dos pais. Duran te o processo educativo é fundamental que a criança saiba exatamente o que desejamos dela. Aqueles comportamentos julgados pelo casal que devem ser incentivados, apoiados, elogiados, preci sam receber esta conseqüência sempre; assim como aqueles que devem ser recriminados, evitados, extin INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 29/90 29 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 30/90 Os pais não devem m udar de idéia sobre o que é cer to ou errado durante o processo educativo; isto con funde a criança e a deixa desobediente. Se ela não sabe se aquele comportam ento e errado ou certo, porque ora lhe e dito que pode, ora que não pode, ela deixa de obedecer. Com o já foi dito no capítulo ante rior, poucas regras devem ser selecionadas durante as várias etapas educativas. O que desejamos que nossos filhos aprendam? T cr horários para estudar? Estudar e obter boas notas? Ter horário para ver teve? Alimen tar-se de forma saudável? Tomar banho todos os dias? Escovar os dentes após as refeições? Enfim, re solvido o que é importante, naquela etapa do de senvolvimento infantil, devem-se deixar as demais questões de lado, ou seja, os outros assuntos podem ser tratados de forma flexível. Da mesma maneira devemos selecionar aquilo que realmente ó impor tante que os nossos filhos não façam. Gazear aulas, agredir o irmão, mentir, comer salgadinhos antes das refeições etc. No decorrer do desenvolvimento da criança, novas regras surgirão em função das variadas necessidades infantis e juvenis. As regras já in terna lizadas deverão ser substituídas por novas regras, apropriadas ã nova situação. Estamos habituados a pensar e acreditar que ape i d d i l i i d INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 31/90 responsáveis pelo desenvolvimento de comporta mento anti-social nos filhos. Mas o modelo agressi vo em qualquer caso certamente tem influência no comportamento dos filhos. O ditado filho de peixe, pei- xinho é tem sua verdade. Se o pai reage de forma agressiva, violenta, diante dos problemas familiares, e sua reação tem o efeito desejado (impede que a es posa cobre algo dele, afasta os filhos que solicitam sua atenção, intimida etc.) a criança aprende a se com portar desta maneira, por imitação. N o futuro, quan do estiver em uma situação-problema, poderá usar a agressividade como forma de enfrentar a questão. Por outro lado, se o modelo dado pelos pais for o de conversar sobre as dificuldades ou problemas familia res, incluindo aí as desobediências das crianças, a imitação será a de usar o diálogo como maneira de solucionar dificuldades. Os castigos podem e devem ser apresentados às crianças de uma forma pacífica. O alerta que se pretende neste capítulo refere-se ao fato de que o humor , ou melhor, a variação de hu mor, durante as interações educativas, tem prejuízos relevantes para a educação das crianças e adolescen tes. Sem aprender valores, pois estes são passados de forma confusa e instável, os filhos crescem tateando o ambiente para descobrir o certo e o errado. Este INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 32/90 nal nas crianças deixando-as ansiosas e agressivas, em função das frustrações decorrentes de não saber o que fazer para agradar aos pais. Essa instabilidade emocional tem também como conseqüência a perda da autoridade paterna. Os fi lhos percebem a instabilidade e aprendem que os pais não tem segurança em seus valores e propósitos educativos. Passam a rejeitar orientações vindas dos pais e não os reconhecem como modelos morais adequados. Esse modo de educar é nocivo ao desenvolvi mento saudável da criança, mas pode ser corrigido. Identificar que se está educando em função das va riações do hu m or e não em benefício dos comporta mentos adequadosjá e um primeiro passo. Se for ne cessário, os pais devem procurar ajuda para modifi car estas atitudes e as mudanças virão cm favor de toda a família. As crianças agradecerão para sempre. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 33/90 3 A p u n iç ã o fís ic a B ater ou não bater, eis a questão. Qual o limite en tre dar palmadas, bater e espancar? Esta pergunta vem sendo feita pelos pais. A prática da palmada e milenar mas, atualmente, os estudiosos vêm conde nando com veemência o seu uso. Existem conse qüências negativas para crianças que apanham? Bater é sempre prejudicial? Até que ponto? Bater e um comportamento agressivo dos pais para com os filhos ou é um procedimento educativo, disciplinar? Na grande maioria das vezes os pais ba tem com raiva c, naquele momento, o que menos importa e o caráter educativo do meio disciplinar uti lizado. Se, ao bater, o pai ou mãe demonstra raiva, diz palavrões, agride verbalmente o filho, humilhando-o, a criança irá aprender que ela é errada e não o seu comportamento. Esta prática atinge o ser da criança e não o comportamento que estamos querendo m od i INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 34/90 com portamento errado pode ser modificado, porem “a criança errada”, como pode ser modificada? Dizer à criança, quando está sendo castigada com raiva, queela e burra, idiota, uma peste, capeta etc. gera a intro- jeção, a assimilação, a incorporação destes valores. Isso diminui sua auto-estima e a torna insegura. Os pesquisadores tem demonstrado que crianças e adolescentes com baixa auto-estima procuram as drogas e grupos delinqüentes, onde, mediante atos anti-sociais, infratores, proibidos, conseguem me lhorar sua auto-estima. Isso acontece porque este tipo de atitude, de alguma forma, necessita de coragem, valentia, criatividade ou inteligência para seu desem penho. Todos estes valores são reforçados pelo grupo. Os pais, sem saber desta séria conseqüência negativa, em contraposição, continuam a diminuir a auto-esti ma de seus filhos pela humilhação ou agressão. A maioria das pessoas reconhece que crianças es pancadas serão adultos problemáticos. As pesquisas mostram que 95% dos adolescentes infratores foram espancados na infância. Seus pais ou padrastos usa ram ferramentas ou objetos para bater, provocando sérias lesões em seu corpo, além de usarem o espan camento como meio mais freqüente para “corrigir” os maus comportamentos. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 35/90 Os pais pensam que ensinaram à criança, por meio da surra, pois, naquele momento, apenas na quele mom ento, o comportamento cessa. N o entan to, os estudiosos da punição já demonstraram, a partir de pesquisas, que o comportamento reprimido reapa rece assim que a criança estiver fora do alcance dos pais ou daquele que a puniu. A punição, geralmente, só é capaz de controlar o mau comportamento diante daquele que pune. A criança não aprende que não é para fazer alguma coisa; aprende que não e para fazer tal coisa diante dos pais. Longe deles ela continuará fazendo. E quando não mais tiver medo dos pais, irá enfrentá-los ou fugir de casa. H tis pais ficnm confusos, decepcionados, pois, aíinal, fizeram tudo para educar, foram enérgicos, surraram. E assim mesmo “aqueles ingratos” não aprenderam. Muitosatribuem esta ineficácia educa cional aos genes dos antepassados “do outro cônju ge”, naturalmente. A mãe diz: “ele não aprende por que sofre dos nervos, igualzinho ao avô do meu ma rido”; o pai rebate dizendo: *ele e assim nervoso, não obedece, porque puxou o irmão de minha mulher, que vive internado”. Crianças que apanham com muita freqüência ou com violência podem se tornar apáticas medrosas INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 36/90 do” em seu comportamento, porque a surra atinge o seu ser e não o seu mau comportamento. Ela procura estar parada, quieta, sem ação, assim, talvez, tenha al guma chance de evitar a surra. Seus pais provocam medo e não respeito. Os professores devem suspeitar que uma criança é espancada quando observarem alunos com baixa responsividade. Alunos que não se interessam por atividades agradáveis, que sorriem pouco, que não mantêm contato visual, podem ser crianças espancadas. Nestes casos, é preciso investi gar e denunciar aos Conselhos Tutelares. A criança não pode se defender da agressão, e preciso ajudá-la. U m bebê não pode apanhar, em hipótese alguma. se uma mãe se descontrola e bate em seu bebê deve imediatamente ser encaminhada a um serviço psico lógico especializado. Os bebês choram porque têmfome, sono, estão sujos, precisando carinho, estão desconfortáveis ou têm dor. São necessidades bioló gicas básicas do ser humano, que, ao serem atendi das, farão cessar o choro. Os pais precisam conhecer o bebê para atender suas necessidades o mais rapida mente possível. Observar o bebê, investigar, compa rar suas reações, apalpá-lo, pode ajudar a descobrir o que aflige o bebê. E as palmadas? Um a palmada na mão ou no b um INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 37/90 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 38/90 uma e não for acompanhada de raiva, nem de pala vrões. Deve ser acompanhada da palavra “não” mais a informação clara do que está sendo proibido. Por exemplo, “não coloque a mão no fogo”, “não ponha o dedo na tomada”, “não faça birra” (quando a crian ça se atirou no chão do supermercado porque queria o chocolate que a mãe não comprou). É fundamental que os pais estejam prontos para reafirmar seu afeto e amor aos filhos nessas circunstâncias. A maioria das vezes basta segurar com “mais energia” no braço da criança impedindo-a do movi mento, ou levantando-a do chão. Isto é suficiente para que ela perceba a autoridade dos pais e obedeça. Neste momento os pais devem repetir apenas a ins trução sem longos discursos e longas explicações, que podem atrapalhar a aprendizagem. Aqueles pais que falam muito e agem pouco não obtêm bons re sultados no controle de birras e desobediências. É fundamental lembrar aos pais que o seu comporta mento educativo deve ser coerente, consistente. Ati tudes vacilantes como num dia dizer não, 110 outro “deixar pra Já” pro duzem a criança desobediente. Ela fica sempre 11a expectativa de ser o dia do “sim”. Jamais se bate no rosto de um filho. Bater no rosto é humilhante não é educativo Os modelos veicula INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 39/90 tem na cara dos filhos quando estão discutindo re presentam um péssimo exemplo. N o reino animal, entre os primatas, observa-se uma fêmea de macaco-aranha, por exemplo, dan do uns tapas ou empurrões em seu filhote macho, quando este tenta mamar. Isto ocorre quando ela está ensinando o filhote a se alimentar de frutas e que o leite não está mais disponível. O filhote macho é mais resistente que a fêmea a esta aprendizagem e in siste. Muitas vezes se observa uma reação “mais rigo rosa” da mãe às investidas do filhote. Porém, essas ações maternas não são mediadas pela raiva. As mães não apresentam faces e posturas típicas de raiva ao educ ar seu filhote. Não se observa na natureza mães espancando seus filhotes para ensinar-lhes o que quer que seja. Esse poderia ser o grande segredo da educação. O equilíbrio entre aplicar as regras e manter-se afetivo. Mostrar ao filho que sempre está disponível para o afeto. Jamais dizer a um filho que “não o ama mais” ou “que preferia que ele não tivesse nascido”. São frases capazes de gerar sérios problemas para a crian ça, problemas cjiie vão desde a depressão ou apatia até o uso de drogas e delinqüência. Quando a criança re cebe, daqueles que deveriam protegê-la, rejeição ou INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 40/90 tativas de futuro ficam comprometidas, prejudica das. N ão tem motivação para executar tarefas um pou co mais complexas. Sem auto-segurança a criança não consegue fazer boas escolhas, perde oportunidades de receber elo gios, incentivos. Fica à margem dos benefícios que podem ser oferecidos pelo grupo social a que perten ce. Sem estímulo para estudar, por exemplo, irá tirar notas baixas, não será elogiada pela professora, recebe rá críticas na escola e em casa. Seu desempenho sofrí vel irá combinar com os valores que lhe foram atribuí dos: “burro”, “idiota” etc. Sua auto-irnagem passa a ser a de um “ser inferior”, “ser mau”. Esta auto-ima- gem leva o adolescente a buscar a rua, apoiar-se cm grupos marginais, a usar drogas, a cometer atos infra- cionais. Todos estes comportamentos são selecionados pelo adolescente porque estão de acordo com sua au- to-imagem negativa. Pessoas más fazem coisas ruins. O cuidado na seleção dos procedimentos puniti vos na educação de nossos filhos faz a grande dife rença entre crianças saudáveis, seguras, criativas e crianças amedrontadas, inseguras, indisciplinadas. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 41/90 è Á s u p e w í s ã u e s t i v s x a n t e y s 4 supervisão estressante se caracteriza pela exage rada vigilância ou fiscalização dos pais em relação aos filhos e pela alta freqüência de instruções repetitivas. Telefonar a cada hora para o filho para verificar se ele está mesmo na casa do amigo ou no shopping, ir até o quarto para ouvir a conversa dele com os amigos, es cutar telefonemas, ler o diário, repetir insistentemen te para que ele arrume o quarto ou guarde os brinque dos, dizer todos os dias que não estudou e que não irá passar de ano, falar várias vezes ao dia para ele parar de abrir a geladeira, reclamar sobre como ele a enlou quece, deixando você exausta de tanto arrumar ou consertar as “porcarias” que ele faz etc. são situações que revelam a supervisão estressante. Inicialmente, esse tipo de procedimento educati vo demonstra quão ineficaz está sendo a educação li d l i El ã fi filh d i INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 42/90 fiscalizar porque, caso contrário, ele fará algo errado. E preciso evitar problemas. Os filhos percebem a desconfiança dos pais e passam a tentar burlar a fisca lização: mentem, desligamo telefone celular, fingem que não ouviram a ordem, ocultam seus objetos pes soais, conversam baixinho, se escondem etc. Os pais por sua vez ficam cada vez mais fiscalizadores, bra vos, irados com as dificuldades criadas pelos filhos que os impedem de atingir plenamente seus objeti vos. Este tipo de relacionamento gera muitas discus sões e agressões verbais. Os filhos ficam irritados e agressivos, pois querem ter liberdade e privacidade e se sentem prejudicados pela falta de confiança dos pais; e os pais raivosos e im potentes diante das d i ficuldades encontradas para evitar que problemas maiores ocorram, por não fiscalizarem e controla rem seus filhos. Os pais acreditam que repetindo várias vezes as ordens “arrume a cama”, “estude”, “chegue cedo”, por um passe de mágica o filho irá obedecer, ou en tão, apesar de reconhecerem que não serão obedeci dos, mantêm este comportamento porque sentem que, ao menos, estão cumprindo a sua obrigação. Os pais tambem acreditam que o filho não obedece por que é desobediente —a mãe está cansada de orientar e INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 43/90 tação para pais reccbem inúmeros casais que chegam com a seguinte queixa: “já fiz de tudo, ele não obede ce mesmo. Não sei mais o que fazer”. Os pais, prin cipalmente as mães, que fazem a supervisão estres- sante, geralmente, são pessoas ansiosas e mostram extremo cansaço e frustração com a tarefa educativa. Sentem que se esforçam e não obtêm bons resulta dos. “Cuidam muito” e os “ingratos” continuam tra zendo problemas. Eles não correspondem a toda atenção a eles dispensada. As mães dizem: “me sacri fico por ele, e nem ao menos reconhece”. E importante salientar que pais que se utilizam desse tipo de supervisão para educar os filhos pen sam que são dedicados e que estão fazendo o melhor possível. Q ue se sacrificam pelos filhos, que mere cem retribuição, que estão perdendo o melhor de sua Vvida para educá-los. Infelizmente, na opinião destes pais, os filhos não valorizam seus esforços. Os filhos, por sua vez, não sentem que estão sen do cuidados, amados. Sentem que os pais não con fiam neles, que os fiscalizam, que invadem a sua pri vacidade e que precisam fazer de tudo para garantir sua independência, sua singularidade. Desenvolvem extrema criatividade buscando proteger seus segre dos Tornam-se agressivos porque em algumas situa INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 44/90 mãe, para evitar que o “clima” de tensão entre a famí- lfa seja exacerbado interrompe a reclamação, o filho fica feliz e percebe que, quando fica agressivo, se “li vra” da reclamação. Repetir as ordens muitas vezes cria uma saturação de informações que faz com que a criança passe a se lecionar aquilo que realmente a interessa. Em verda de, ela não ouve a instrução como algo que deva ser cumprido; ela ouve como uma ladainha que é dita todos os dias, que não tem conseqüência alguma. Os pais que fazem a supervisão estressante não estabele cem as regras, apenas repetem ordens. De maneira que os filhos não obedecem porque não há conse qüência para a desobediência, como já foi explicado 110 capítulo sobre “a importância das regras”. Muitas vezes, os pais perdem o controle emocio nal - j á falaram, falaram e nada aconteceu e acabam batendo ou dando um castigo severo. Aí, logo que a raiva passa, se arrependem e liberam a criança do cas tigo. Como também já foi explicado no capítulo so bre “o hum or”; este procedimento cria apenas inse gurança e não estabelece o certo e o errado. Em outros casos de supervisão estressante, os pais perguntam exaustivamente para os filhos com quem estavam o que falavam cheiram suas roupas revis INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 45/90 dos filhos. Na realidade, estes pais não estão se inte ressando, de veraade, pelos filhos. Estão fiscalizan do, investigando, mas não estão educando. A des confiança é um mau mediador para a educação. Já o afeto é um excelente mediador para a aprendizagem. As pesquisas mostram que as crianças aprendem muito m elhor quando há afeto entre elas e os educa dores, já não retêm a aprendizagem quando os en volvidos são hostis ou indiferentes. A relação entre os pais e os filhos e extremamente irritadiça e hostil quando o cotidiano familiar é media do pela supervisão estressante. Os pais cobram e os fi lhos se justificam. O tom, na comunicação verbal, e sempre agressivo. O sentimento de ambos é o de frus tração. Os filhos sentem que jamais serão compreen didos e os pais que jamais serão obedecidos. Não e fácil alterar essa situação, pois os sentimen tos negativos de raiva, rancor, frustração estão medi ando as relações desta tamília. O primeiro passo é re conhecer e identificar cm que situação se está u ti lizando a supervisão estressante. Depois, entender que este tipo de disciplina não é capaz de obter resul tados positivos, ao contrário, gera estresse na relação familiar e não ensina as regras que estão sendo cons tantemente verbalizadas Em seguida os pais devem INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 46/90 algumas regras e estabelecer conseqüências para o seu não cumprimento, como foi explicado no capí tulo 1. Por exemplo, se não arrumar os brinquedos espalhados não recebe a semanada. Estas regras de vem ser discutidas com as crianças antes, e o casal precisa estar de acordo entre si. As regras devem ser introduzidas pouco a pouco, para que os filhos pos sam cumpri-las e entendê-las. Simultaneamente, é preciso parar de fazer a supervisão estressante. Esta é a parte mais difícil. Controlar-se e acreditar que os fi lhos irão cumprir as regras é a parte mais difícil desta mudança de atitude. É importante que os pais estejam de acordo sobre a regra e suas conseqüências. Nada pior para a educa ção infantil que a mãe estabelecer o castigo e o' pai não cumprir, ou vice-versa. O casal deve conversar sobre estas regras antes. Caso não cheguem a um acordo, procurem ajuda de alguém de confiança e credibilidade. Às vezes, a opinião de uma tercèira pessoa, não envolvida com as questões familiares, pode ser de muita ajuda. Porém, cuidado para não fa zer de um amijjo um consultório psicológico. se os pais perceberem que a procura por ajuda se tornou muito freqüente é melhor buscar um profissional, que certamente poderá ajudar sem se sentir explora INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 47/90 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 48/90 Os pais precisam confiar, abandonar as ameaças: “olhe bem, estou confiando em você, caso não cum pra o combinado vocc vai ver so”. Este tipo de verba lização interfere negativamente no cumprimen to da nova regra estabelecida. É preciso mostrar confiança, acreditar verdadeiramente no outro, mostrar afeto, mostrar que está esperando o melhor do filho. Estas mudanças surpreendem o filho e o fazem experi mentar uma nova maneira de agir. Quando o filhoagir de acordo com as novas regras, os pais devem elogiar, mostrar que ficaram satisfeitos. N unca dizer: “isto é sua obrigação, não pense que fez algo extraor dinário”. Em verdade, se o filho cumpriu a regra, ele fez sim algo extraordinário, fez algo que nunca havia feito antes. Os pais também fizeram algo extraordinário, es tabeleceram uma regra, suas conseqüências, e confi aram que o filho seria capaz de cumpri-la. A família está de parabéns. Todos foram capazes de mudar de atitude e devem reconhecer que serão mais felizes com este novo procedimento. Alguns pais que acreditam que, quando os filhos tiram boas notas, arrumam os quartos, levam o ca chorrinho para passear, “não fizeram mais que a obri INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 49/90 tn ui to bom. Todos gostam. Por que privar seu filho deste benefício? Sejamos generosos na utilização de elogios, de agrados, de carinhos e sejamos econômi cos quanto a críticas, condutas implicantes, reclama ções, xingamentos. Imaginar que estamos “comprando” nossos filhos com elogios e um ledo engano. Quando a mãe faz uma comida gostosa e recebe um elogio da família, certamente ela pensa que mereceu aquele elogio e a tarefa (ficar na cozinha toda a manhã) ficou mais “leve”. Se a família disser para a mãe “você não fez mais que a sua obrigação” certamente isto a deixará magoada ou furiosa. O mesmo acontece com o filho que tirou um a boa tuna na escola; se receber um elo gio ficará feliz, se sentirá amado e terá mais chance de repetir a “proeza” no futuro. Essa forma de agir pode ser experimentada por todos os educadores que terão a oportunidade de ob servar seus rápidos e eficientes efeitos. Os pais serão mais felizes e os filhos também. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 50/90 1. s 4 m&mfcydw ptx&itÀAjLã/ r r l esmo as pessoas mais carrancudas e mal-humo radas são sensíveis ao sorriso de um bebê. Nosso co ração se enternece, nossas pupilas se dilatam e senti mos imediata vontade de sorrir, de acariciar ou de brincar. Sentimentos positivos são despertados pelo sorriso e gracinhas que um bebê é capaz de fazer. Estas reações são naturais e biológicas na espécie hu mana. Isto significa dizer que todos nós nascemos com a capacidade de nos enternecer diante de um bebê, e conseqüentemente, de cuidar dele. Quando esta tendência natural deixa de ocorrer é porque algo de ruim, de anormal, aconteceu na vida desta pessoa,impedindo-a de demonstrar seus afetos genuínos. Se estivermos prontos biologicamente para reagir positivamente ao sorriso do bebê é porque necessita mos desta interação prazerosa para o nosso desenvolvimento saudável. Quando sorrimos para uma cri INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 51/90 criança percebe nossa comunicação e reage a ela. T o dos os bebês sabem distinguir expressões de raiva, de medo, de tristeza, de alegria, de nojo, de espanto e de desprezo. São chamadas as emoções básicas. Os be bês aprendem com nossas expressões e são capazes de imitá-las1. Da mesma forma que nos aproximamos do sorri so, nos afastamos do rosto raivoso. A criança aprende a sentir medo de objetos ou animais pela observação das expressões de medo da mãe; as crianças, filhas de mies medrosas, são muito mais medrosas que as fi lhas de mães que expressam pouco medo. Evidente mente, existem situações naturais que provocam o medo, estas situações sequer precisam ser ensinadas. U m ruído estridente produz o choro instantâneo no bebê, produz uma aceleração dos batimentos cardía cos do adulto, colocando-o em estado de alerta. São estímulos capazes de produzir medo pela sua nature za aversiva. Quando uma situação similar a esta ocor rer, a mãe deve segurar o bebê no colo, abraçá-lo e tentar acalmá-lo com palavras tranquilizadoras, asse gurando sua presença, dizendo “tudo bem, mamãe está aqui, já vai passar” etc. Isto é, normalmente, sufi ciente para acalmar a criança. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 52/90 Os contatos de pele, abraçar, fazer carinho, ficar de mãos dadas, dar beijinhos são fortes inibidores do de senvolvimento do comportamento agressivo2. Estasrelações afetivas permitem o estabelecimento de uma relação agradável entre os membros da família, facili tando, inclusive, a superação das divergências, Toda família tem suas divergências. São raras aquelas que vivem em perfeita harmonia. O que se busca são for mas apropriadas de lidar com elas e, sobretudo, supe rá-las. As relações afetivas positivas fornecem um ex celente caminho para este difícil desafio. Os pais são os principais mediadores entre a cri ança e o mundo. A criança aprende sobre o mundo pelos olhos dos pais, de suas reações, de suas expe riências. São os pais que ensinam as crianças a serem seguras, a terem boa auto-estima, a resolverem pro blemas. Ensinar a criança, desde tenra idade, a solu cionar problemas é um excelente caminho para de senvolver a sua segurança, in ib in do, conseqüente mente, o aparecimento de distúrbios sérios como adepressão infantil. Quando uma criança ou adoles cente acredita que nada do que possa fazer alterará seu mundo, pode entrar em depressão. A depressão é a representação deste fracasso imaginado e sentido, INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 53/90 dc que não é capaz de mudar o meio, de que não con segue se fazer com preender, de não se sentir amada. Dc forma que dem on strar para seu filho que ele é im portante, amado, capaz, faz parte das obrigações daqueles pais que desejam criar e cuidar de crianças felizes e bem adaptadas. Com o se revela real interes se pela criança? Existem diversas formas para se de monstrar este interesse. Os pais devem escolher o seu próprio modo de agir, aquele que mais se adapta ao seu estilo. Se a família tem o hábito de fazer ao menos uma refeição conjunta diariamente, este pode ser o melhor m om ento para se perguntar como foi o dia das crianças, para se colocar disponível para resol ver alguma dificuldade de relacionamento ou para valorizar as conquistas obtidas pelos integrantes da família. Este é o mom ento de elogiar “efusivam ente” as boas notas, de aceitar reclamações sobre professo res etc. O s pais devem dem onstrar que o dia das cri anças é tão importante quanto o seu próprio. Não devem usar estes horários, quando a família está reu nida, para dar bronca, fazer queixas e “vomitar” suas desavenças. As broncas devem sempre^acontecer em particular e os elogios publicamente. A vantagem de se dar broncas particularmente é que são evitados os constrangimentos naturais provocados pela presença de outros, como irmãos que aproveitam a situação INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 54/90 para “tirar um sarro”, prejudicando o entendimento, a reflexão e o posterior arrependimento do ato. O entendimento, reflexão e a autocrítica são os principais passos para a reparação de um mau com portamento. Os paisdevem expor seu pensamento e, em seguida, dar um tempo para que o filho fale sobre o assunto. Juntos podem encontrar a maneira de re parar o dano ou de acertar os termos do castigo, caso este seja necessário. Quando a reflexão e o arrepen dimento são sinceros, normalmente, não é necessá ria a administração de qualquer tipo de castigo. Os pais devem estar seguros de que não estão sendo ma nipulados emocionalmente. Suspeita-se de m anipu lação quando existe reincidência do fato. O real arre pendimento deve ser suficiente para que o filho evi te comportar-se de maneira inadequada no futuro. Quando ele está manipulando, mostra arrependi mento, faz “ar” de tristeza, inibe a bronca dos pais e consegue se livrar da punição; no entanto, em segui da repete o mesmo ato.' Um adolescente que se excedeu na bebida em uma festa, entrou em “coma alcoólica” e foi parar no hospital deve ser atendido pelos pais, na primeira vez cm que isto acontece, com preocupação e seriedade. Uma conversa sincera deve ocorrer em que os peri INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 55/90 dos; em seguida, os pais devem ouvir o filho, incenti vando-o a fazer a autocrítica, ou seja, como ele pode rá evitar isto no futuro, com o ele se sentiu nesta situ ação (vergonha, culpa, pena de si mesmo, tristeza, no início euforia, depois sentiu-se mal, enjoado etc.). Fazer o filho reconhecer o erro é a melhor maneira de promover a aprendizagem de bons comporta mentos. Nestas situações os pais devem falar “um pouco” sobre os valores morais da família e da socie dade. D ar a bronca sem perm itir a reflexão e a auto crítica não produz mudança de comportamento. Se este fato (embebedar-se) se repetir várias vezes os pais devem procurar a ajuda de um profissional. Não é normal um adolescente beber exageradamente duas ou três vezes po r semana. E preciso tomar providên cias urgentes. Investigar o possível “alcoolismo” do filho. Todas as medidas terapêuticas devem ser to madas o mais rapidamente possível para que os me lhores resultados sejam obtidos. Muitas vezes os pais não procuram os profissio nais especializados esperando que o problema “por si só” se resolva. Sentem vergonha, culpa, imaginam-se responsáveis e não querem se expor, e evitam discu tir, fora da família, o problema. Este é um grave erro. Os problemas devem ser resolvidos quando ainda são pequenos. Lembrem -se do dito popular “é de pe- INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 56/90 queno que se torcc o pepino”. Identificar os proble mas, reconhecer que não sabe resolvê-los, procurar ajuda especializada é sinal de maturidade e responsa bilidade, e não de fraqueza ou de fracasso. A vida moderna, que profissionalizou a mulher, trouxe algumas questões importantes para a educa ção dos filhos. 0 'cuidad o com os filhos é responsabi lidade do casal. Certos casais, por força de suas pro fissões, passam o dia no trabalho, justificando assim a sua ausência no acompanhamento dos filhos. Mui tos delegam esta importante função às babás ou avós. Seria possível mostrar interesse, afeto, atenção pelos filhos a distância? O telefone está aí à disposição de pais ocupados para exercer esta função conciliatória.Conversas rápidas ou longas podem ser feitas du ra n te o dia ou à noite (no caso de uma viagem) para que este contato positivo se instale na relação familiar. “Tudo bem com você? Como foi seu dia na escola? Já saiu a nota de português? Acertou aquele ‘problc- minha’ com o colega da escola? E a festa estava boa?” etc. - são formas de se iniciar uma conversa telefôni ca. Demonstram interesse e permitem o acompa nhamento positivo. Os pais precisam saber perfeitamente a distinção entre mostrar interesse e fiscalizar. A supervisão es- tressante foi discutida no capítulo 4. Interrogar o filho 56 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 57/90 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 58/90 sobre seu dia na escola ou sobre a fcstinha da noite an terior não é mostrar interesse. Revelar interesse é estar disponível para ouvir aquilo que o filho gostaria de re latar, vibrando com suas conquistas e colocando-se à disposição para resolver os problemas que surgirem. As principais pesquisas da área de educação infan til têm demonstrado que em famílias nas quais os pais acompanham de forma positiva as atividades das crianças e adolescentes não são encontrados usuários de drogas e indivíduos com comportamentos an ti-sociais. Os pesquisadores estão apontando para este tipo de educação como o mais eficaz na prevenção dos mais freqüentes problemas que surgem na ado lescência, como o uso de álcool ou drogas, baixo de sempenho escolar, abandono da escola ou com porta mentos agressivos cm geral. Por que este estilo de educar é tão determinante para se evitar problemas? Primeiramente, o acompa nhamento e interesse positivo informam à criança que ela é amada. Este é o passo inicial para a constru ção de uma pessoa segura e feliz. Em segundo lugar, a atenção dos pais voltada para aspectos positivos do comportamento da criança inibe o desenvolvimento dos aspectos negativos, pois a criança sabe o que fazer para atender às expectativas dos pais; não precisa fa zer “coisas erradas” para receber “atenção suficien- 55 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 59/90 te”, para se sentir feliz. Em terceiro lugar, a relação estabelecida entre pais e filhos é de confiança. Os fi lhos podem errar sem provocar um desapontamento nos pais; sabem que terão oportunidade para refletir e fazer a autocrítica, sem que isto represente um fra casso. Descobrem tambcm que quando acertam são elogiados. Em quarto lugar, aprendem a elogiar e re conhecer o esforço dos outros, pois seus esforços fo ram reconhecidos. A empatia é uma das característi cas mais importantes e evoluídas do comportamento humano. Os homens que têm empatia são capazes de se colocar no lugar do outro, evitando precon ceitos, segregações, discriminações e injustiças. Emqu into lugar, com este estilo parental, podemos per mitir o amadurecimento apropriado das emoções. Ao ouvir os relatos de nossos filhos, percebemos suas tristezas, alegrias, mágoas, raivas etc. Nestas situa ções, juntos, podemos encontrar formas de lidarcom as emoções negativas e compartilhar as emoções positivas. Nada mais desagradável do que pessoas que não sabem compartilhar sentimentos, não vi bram com o sucesso de amigos ou não sabem dar aquele “ombro amigo” nas horas de tristeza. Nada há de errado em se dar pequenos presentes ou até mesmo presentes significativos para os filhos mediante a conquista de objetivos. Os pais devem sa- j 59 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 60/90 ber diferenciar este procedimento de uma chantagem emocional. Neste caso dão presentes por culpa, por se acharem responsáveis pela infelicidade ou insucesso do filho e tentam compensareste desequilíbrio lhes dando tudo o que pedem. Isto é chantagem e deve ser seriamente evitado. Quando um filho se esforça, estu dando 12 a 14 horas por dia, para passar no vestibular e passa, nada há de errado em se presentear o novo ca louro. Este adolescente fez um real esforço para atin gir um objetivo e não devemos encarar o fato como “sua obrigação”. Devemos vibrar e presentear, caso os pais tenham condição. As crianças pequenas também podem ser presenteadas, e principalmente elogiadas, pela realização de tarefas que representem conquistas.Por exemplo, para levar ao dentista uma criança que tem pavor do consultório odontológico, os pais, por uma “negociação”, podem combinar que irão, após o tratamento, ao “parquinho da Mônica”. Este procedi mento pode ser considerado perfeitamente educativo e apropriado, desde que acompanhado de uma expli cação simples da necessidade do atendimento odon tológico. Crianças que não comem verduras ou frutas podem ter assegurado pelos pais que receberão “seu doce preferido” após a^ingestão destes alimentos. Fa zendo deste modo garantimos a ingestão dos alimen tos necessários à boa nutrição infantil. Lembrem-se 60 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 61/90 de que os doces seriam ingeridos de qualquer forma. Os educadores estão apenas utilizando o gosto por es tas guloseimas para obter bons resultados na alimen tação de suas crianças. As reações contrárias a esses procedimentos ad- v vêm de maus usos dos presentes nas relações familia res. Justamente o mau uso é freqüente porque o pro cedimento é muito eficaz. É totalmente condenável que um pai prometa um presente para um filho mentir para a mãe tornando-o cúmplice de um adul tério; ou que uma mãe prometa aumento de mesada para o filho se ele ficar em casa fazendo companhia a ela. São chantagens que nada têm de educativas e não representam evolução na vida da criança, apenas es tão servindo para beneficiar pais manipuladores. Mães e pais modernos têm confun dido interes se e acompanhamento positivo quando procuram se tornar os únicos amigos íntimos de seus filhos. Os fi lhos precisam criar repertórios sociais apropriados mediante o convívio com outros de sua idade. Q uan do os pais ocupam este papel estão inibindo o estabe lecimento destas novas e positivas relações. Por meio destes contatos fora da família eles poderão checar e discutir seus valores, reafirmar suas convicções e tra zer suas dúvidas para conversar com os pais. O s pais devefti estar disponíveis para atender às questões rc- INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 62/90 lativas à sexualidade dos filhos, mas não precisam en trar em detalhes íntimos da vida amorosa ou sexual dos adolescentes. Os amigos adolescentes podem o u vir sem julgar, já os pais não. De maneira que, pen sando que estão favorecendo o desenvolvimento da personalidade do filho, por estar sempre junto dele, estas experiências podem estar sendo totalmente di rigidas pelos pais, inibindo o desenvolvimento da pró pria identidade do adolescente. Com o na maioria das vezes os temperamentos e as habilidades dos filhos não são iguais aos dos pais, essa identificação exa gerada tem altas chances de criar problemas para a identidade-do filho. A criança, por imitação ou por estar sendo constantemente estimulada a agir como os pais, deseja fortemente corresponder a esta expec tativa, porém, em geral, não tem as habilidades ne cessárias para tal, pois ainda está se desenvolvendo. Permitam que seus filhos tenham suas próprias ex periências e confiem que o investimento que vocês fizeram, lhes dando amor e atenção, os tornarão pes soas sadias e capazes de escolher corretamente. Não basta dizer simplesmente que se importa, que ama, que cuida; é preciso que se demonstrem, simultaneamente, estes afetos. Demonstrar o inte resse significa acompanhar a criança ou adolescentes em atividades significativas para^eles. Perguntem se INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 63/90 cies gostariam que vocês os acompanhassem. Ir ao shopping com o filho no sábado à tarde não parece ser uma boa idéia para demonstrar acompanhamento, porém, assistir à apresentação de balé da filha inici ante configura-se um ato de interesse e amor. Muitas vezes os pais acham aborrecido ir a certos compromissos estabelecidos pela escola. Porém, na maioria d^s vezes a sua presença é fundamental. Cer ta vez, a escola de meu filho convocou os pais para uma reunião às três da tarde, sem dizer o assunto. Eu estava com uma série de compromissos considera dos inadiáveis na universidade. Porém, dez minu tos antes da reunião tive um ímpeto e larguei o que esta va fazendo e fui correndo para a escola. Lá chegando, fiquei estarrecida com o trauma que eu poderia ter causado a meu filho de seis anos de idade. Todas as crianças tinham uma rosa na mão para entregar às suas mães e eu “quase” faltei por não saber do que se tratava. Teria deixado meu filho com uma rosa na mão sem ter a mãe para entregar. A escola queria fa zer um a surpresa: era véspera do dia das mães. Quase fomos todos negativamente surpreendidos. A educação moderna mudou muito em relação à antiga. Os pais conversam cm lugar de dar castigos. Os pais conversam em lugar de dar limites. Os pais convçrsam em lugar de bater. Hoje em dia os pais 63 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 64/90 conversam. Mas o que será que tanto pais como filhos estão entendendo por conversar? Infelizmente, parte deste “conversar” está sendo entendida como “dar broncas”. Quando uma criança ouve “vamos conver sar”, ela imediatamente sabe que vai ouvir “um belo sermão”. Na escola a mesma coisa está ocorrendo. A professora diz para o aluno que se não se comportar irá “conversar com a diretora ou orientadora”. O alu no se prepara para receber uma bronca ou uma advertência. De forma que, nos dias de hoje, conversar é si nônimo de reprimenda, de bronca, de sermão. Os pais acreditam que não se deve bater ou castigar e, portanto, “conversam”. Acabam não estabelecendo li mites e regras de boa convivência. Perdem o controle na educação de seus filhos. E o pior, o conversar ade quado, aquele conversar em que existe uma troca de idéias, em que há interação, em que se compartilham * sentimentos, não tem espaço na relação familiar. Todo o espaço está ocupado pela supervisão estressante e pela conversa “tipo bronca”. Os pais pensam que estão cumprindo sua tarefa educativa e, no entanto, sen- tem-se extremamente frustrados com os resultados obtidos. Os filhos são desobediente, mal-educados, indisciplinados, tem baixo desempenho escolar. De que está adiantando tanta conversa? Alguns terapeutas relatam que seus pequenos cli entes quando convidados a conversar se recusam fe- 64 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 65/90 ( liando bem a boca. Nada de conversar, demonstram eles. Conversar é ruim. Os pais e educadores podem reagir e se apropriar da forma correta de conversar. O conversar que estamos defendendo neste texto é aque le em quese estabelece uma troca, uma interação de idéias e sentimentos, em todos os momentos. Como dizem os padres nas cerimônias de casamento: na ale gria e na tristeza. Conversar de forma descontraída, interessando-se pelo assunto do filho, oferecendo sua opinião, ouvindo a dele. N em sempre os assuntos entre pais e filhos po dem ser discutidos e a decisão tomada por consenso. Os pais não devem ter medo de tomar decisões que contrariem a opinião dos filhos. O que é preciso ser descoberto são quais assuntos podem ser liberados para que os filhos aprendam com suas próprias expe riências e quais deles são da obrigação de somente os pais tomarem a decisão. Por exemplo, fazer ou não tatuagem pode ser um assunto que traga divergências na família. Os pais podem e devem dar sua opinião, caso não mudem a idéia do filho podem permitir a experiência. Já se o filho quiser abandonar a escola para “curtir”, certamente os pais não podetn concor dar exdevem procurar toda a ajuda necessária para evitar este desfecho. Os prejuízos para a criança serão grandes e, neste caso, somente os pais têm a visão 65 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 66/90 completa das conseqüências futuras e cabe a eles a dccisão, mesmo contra a opinião da criança ou do adolescente. Em síntese, acompanhar de forma positiva o cres cimento e desenvolvimento de uma criança ou ado lescente e lhes mostrar real interesse, tanto por suas atividades, como por seus sentimentos. Significa, por meio do elogio e de atitudes, demonstrar para o filho que ele é amado e e importante. Conversar sig nifica falar e ouvir. Conversar significa compartilhar sentimentos e idéias. A verdadeira essência do diálo go, para Sponville3, está cm construir sobre o argu mento do outro e não em desvalorizá-lo. à 3. Cf. Pequeno tratado das grandes virtudes, de André Comte-Sponvil le, publicado pe la M artin s Fonte s, 1997. I 66 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 67/90 A n e g l i g ê n c i a N o início do século XX os cientistas ainda discu tiam sobre o que era mais importante para o desen volvimento do bebê: o alimento materno ou o calor materno. Alguns argumentavam que o bebê se ligava à sua mãe porque era esta que o amamentava e, por tanto, supria sua necessidade básica - a fome. Outros defendiam a tese de que o vínculo com a mãe ocorria porque ela mantinha o bebê em seus braços e o aque cia. Um pesquisador chamado Harlow realizou um famoso experimento com macacos que é bastante ilustrativo desta questão. Ele criou um filhote ór fão em uma sala onde existiam duas “mães”, uma de pano e outra de arame. Eram bonecas que imitavam as formas de uma fêmea, sendo que urna era revesti da de um tecido aveludado e fofo e a outra era toda de arame. Na mãe de arame o pesquisador pendurou uma mamadeira com leite morno. O cientista obser vou que o filhote passava a maior parte do tempo 67 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 68/90 abraçado à mãe de pano. Em algumas ocasiões, pro vavelmente quando sentia fome, dirigia-se à mãe de arame bebia o conteúdo da mamadeira e voltava para a mãe de pano. Ocasionalmente I Iarlow produzia barulhos estridentes na sala para observar o compor tamento do filhote. O orfaozinho corria e se abraçava à mãe de pano. Em outra ocasião o pesquisador levou o filhote para uma sala onde se encontravam outros filhotes, não órfãos, brincando. Nesta sala havia fru tas, cordas penduradas, escadas etc. O órfao não se aproximou dos demais, não explorou o ambiente e quando “provocado” pelos outros para brincar iniciou uma luta, que precisou ser interrompida pelos pes quisadores. O filhote órfao constantemente apresen tava comportamentos autodestrutivos, batendo a ca beça na parede e mordendo as mãos. Quando vemos este relato imediatamente nos vêm à memória cenas de documentários ou de^ re portagens em que se viam denúncias sobre os “rrial- tratos” sofridos por crianças institucionalizadas. Har- low conseguiu mostrar que o “calor” materno é tanto ou mais importante que o “alimento” materno. Po rém, mostrou também que é preciso muito mais que “calor” materno. Esta mãe de pano, que não reagia, nao acariciava, não mantinha contato visual, não emitia sons, não mostrava o certo e o errado, era uma mãe negligente. 68 / INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 69/90 A negligência é caracterizada pela desatenção, pela ausência, pelo descaso, pela omissão ou, simplesmen te, pela falta de amor. Estamos dedicando um capítu lo especialmente a este tópico porque a negligência de pais ou daqueles que deveriam cuidar, como ba bás ou atendentes de crcche ou abrigos, e extrema mente prejudicial à criança. A negligência é conside rada um dos principais fatores, senão o principal, a desencadear comportamentos anti-sociais nas crian ças, ç está muito associada à história de vida de usuá rios de álcool e outras drogas e de adolescentes com comportamento infrator. N o experimento d e Harlow acima descrito fica fácil identificar a negligência; porém, na maioria das vezes, ela ocorre de uma forma mais sutil. Sequer os envolvidos percebem que estão negligenciando seus filhos. Via de regra, a negligência ocorre em famílias com pais muito ocupados, executivos que viajam muito, chegam cm casa tarde, cansados, sem disposi ção para manter um bom contato com seus filhos. Ou, então, ocorrcm com mães que têm problemas conjugais, são depressivas, vivem em seu próprio m un do, não conseguem estabelece^ um diálogo ou prestar atenção às necessidades do filho. Em famílias de baixa renda, cujas mães trabalham o d^a todo e voltam à noite para casa cansadas, irrita 69 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 70/90 das, doentes, famintas ou com frio e encontram seus filhos, que foram cuidados pela vizinha ou filha mais velha, chorando, reclamando, pedindo, encontramos, com freqüência, um ambiente negligente. Essas mães, normalmente sem companheiros, esgotaram, ao lon go do dia, sua energia e não conseguem atender às necessidades de seus filhos. Os filhos crescem sem que as mães saibam o que eles pensam, sentem ou gostam. A falta de interação, de vínculo afetivo posi tivo, de demonstração de interesse gera a situação de negligência. Uma cena clássica no cinema americano é explo rada tradicionalmente pelos diretores para demonstrar negligência, abandono ou desinteresse de pais executi vos ou muito ocupados. A cena apresenta o filho insis tindo com o pai para que ele assista ao final do jogo de futebol; na seqüência, 6 visto o pai envolvido com ati vidades intransferíveis, e, cm seguida, o filho, triste, olhando para um lugar vazio na arquibancada. Em fil mes nos quais o diretor quer apresentar um final feliz, o pai chega “atrasado e esbaforido”, e o filho abre um largo sorriso de felicidade. Certa feita, perguntaram a várias crianças sua definição de amor e uma delas res pondeu: “amor é quando estamos apresentando um recital de piano e olhamos na plateia e nosso pai está sorrindo; só ele está sorrindo”. 70 , INDEXBOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 71/90 71 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 72/90 A negligência pode se dar em vários níveis, desde os mais graves, como descritos acima, até os mais le ves. Os psicólogos ou pedagogos têm dificuldade em identificar uma situação de negligência familiar, pois os vestígios não são muito evidentes cm curto prazo. Às vezes a família presenteia demais a criança, fala dela com preocupação, coloca muitas pessoas a seu serviço, como babá, motorista, cozinheira, professo ra particular, professor de música etc., e o profissio nal não consegue visualizar o descncadeador do pro blema. Todos estes cuidados podem ser totalmente adequados; no entanto, podem ser, também, insufi cientes, caso venham sem a atenção, o afeto, o olhar carinhoso, o abraço, o real interesse de que tanto fa lamos no capítulo anterior. Se os cuidados citados acima forem feitos por pais desatentos, distantes e desinteressados, estaremos caracterizando uma situa ção de negligência. Vejam como é difícil identificar a negligência. Certa vez, fui visitar uma instituição e a responsável pelo berçário, de maneira orgulhosa, disse-me: “veja, professora, como nossas crianças são boazinhas”. Eram cerca de vinte crianças em seus berços, que não bal buciavam, não sorriam e não ergueram seus braci- nhos para mim quando entrei na sala. Fiquei sem fôlego e me controlei pedindo para ver o banho. A INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 73/90 atendente dava banho em uma delas, sem falar, sem cantar, sem sorrir, sem olhar nos olhos. Parecia um pacotinho que estava sendo lavado, embrulhado e guardado. O motivo de minha visita era a existência de um a denúncia de um nú m ero excessivo de cri anças com “retardamento mental” nessa instituição. Não era de admirar. Tudo era feito para se obter este resultado. Ausência total de estimulação e de afeto. Negligência. Os responsáveis acreditavam que esta vam fazendo um bom trabalho. O melhor possível. E muito maior do que se imagina o número de bebês que vivem em famílias negligentes. Poucos sa bem que os efeitos causados pela negligência são tão severos quanto aqueles gerados pelo espancamen to. Crianças negligenciadas e espancadas tornam-se adolescentes e adultos infratores, usuários de drogas, agressivos, enfim, com uma série de condutas an ti-sociais que inviabilizam a sua adaptação à socieda de. A negligência impede o desenvolvimento da au- to-estima, que é o principal antídoto ao aparecimen to do comportamento anti-social. A criança negli genciada é insegura, seu olhar não tem brilho. Por não ter recebido o afeto que alimentaria seu ser, ela é frágil. Pesquisadores encontram crianças negligen ciadas se comportando áe forma apática ou agressiva, mas nunca de forma equilibrada. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 74/90 Mães depressivas, que demonstram desinteresse pelo que está ocorrendo a sua volta, nem apoiam e nem punem seus filhos. Em virtude de suas limita ções desconsideram as necessidades dos filhos deixando-os buscar no seu círculo familiar estendido ou nas relações de amizade as respostas para suas in quietações. Infelizmente, pesquisas recentes demons traram que os pais não suprem as falhas educativas apresentadas por mães depressivas: eles atuam da mesma forma que elas, ou seja, de forma negligente. A criança desamparada pelo pai e pela mãe procura parentes, empregados, vizinhos e amigos para intera gir. Algumas vezes consegue compartilhar sua vida cm outra esfera social, mas, muitas vezes, vítima da negligência dos pais, crcsce sem amparo e sem aten ção. O uso de drogas ou álcool, o comportamento vio lento ou a prostituição são formas encontradas pelos adolescentes negligenciados para reagir ao sofrimen to causado por esta rejeição. A criança negligenciada cresce acreditando que e má, por isso ninguém gosta dela. Seus comporta mentos agressivos são desenvolvidos a partir desta crença. “Sou má, então faço o mal.” Cxrta vez, aten dendo a um garoto muito agressivo que estava inter no por furto no Educandário São Francisco, ouvi dele a seguinte história: “Minha mãe me jogou em \ 74 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 75/90 um tanque de lavar roupa porque eu sou o capeta. Mae é boa. Se ela me jogou fora é porque sou mau. Por isso, bato nos outros”. Muitos casos foram relatados pela literatura e por meio de filmes de crianças que viveram em isola mento. Foram trancadas em quartos, porões ou amar radas em árvores. Esses casos extremos de negligência são os responsáveis pelo desenvolvimento de psico- patas e serial killers (matadores em série). Evidente mente que, em casos como estes, cm que se encon tram crianças sendo torturadas, uma avaliação espe cializada da sanidade psicológica dos pais deve ur gentemente ser feita, e a criança encaminhada a um serviço de proteção à infância. São casos que incluem os requisitos juríd icos necessários para a cassação do pátrio poder. O Art. 395 do Código Civil determina que “Perderá por ato judicial o pátrio poder o pai ou mãe que: 1) Castigar imoderadamente o filho; 2) O deixar em abandono; e 3) Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes”. Como foi dito no capítulo anterior, cuidar de seu bebê, alimentá-lo, brincar corri ele, acarinhá-lo são atos naturais na espécie humana. Somos feitos para isto. s e não cu idarm os de nossos bebês de forma cai/inhosa é porque sérios problemas psicológicos ocorreram em nossas vidas. E preciso tratá-los ur gentemente. 75 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 76/90 Q uando se aprende com o erro, errar deixa dc ser uma experiência ruim e passa a ser uma situação a mais que nos ajuda a crescer. As situações que podem, num primeiro momento, parecer desesperadoras, seolhadas do ponto de vista educativo senão capazes de fornecer vários elementos que permitirão aos pais e fi lhos refletirem sobre valores morais. Diante de falhas consideradas graves pela família, como bater ou furtar o carro do pai, gazear aulas ou ainda reprovar o ano es colar, muitas vezes os educadores passam direto para a punição ou permanecem dando as famosas “broncas” sem ajudar a criança 011 adolescente a refletir sobre o ato cometido. A autocrítica é essencial para a mudan ça comportamental. Permitir que o filho enxergue as conseqüências negativas do seu ato, que reflita sobre elas e perceba como evitá-las no futuro são proce dimentos indispensáveis no processo de amadureci mento desejado. Sempre que possível, os pais devem INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 77/90 encontrar formas para a recuperação do dano causado pelo ato inadequado: pagar o prejuízo com a mesada, fazer tarefas extrasna casa, pedir desculpas etc. Estes procedimentos permitem a introjcção de valores m o rais e desenvolvem a empatia. As crianças precisam experienciar situações em que os atos inadequados são apontados e suas conseqüências. Quando os maus comportamentos são seguidos por longas broncas ecaras feias, o adolescente aprende que deve apenas “deixar passar” aquele mau momento, pois logo tudo voltará ao normal. Dizer com clareza quais os perigos do uso de dro gas e de comportamentos sexuais de risco e mostrar os exemplos desastrosos que ocorrem diariamente à sua volta são formas apropriadas de incutir valores. Os pais devem fornecer leituras, filmes ou outro tipo de material educativo sobre comportamentos de risco; precisam conversar francamente sobre o assunto. Porem, e fundamental que os exemplos sejam com patíveis com os ensinamentos. A famosa frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” não repre senta a conduta de um bom educador, aliás, funciona exatamente ao contrário. O filho, provavelmente, se guirá o modelo do pai e não as suas palavras. Não funcionará como exemplo educativo “puxar aquele íiiminho com os amigos no sábado à noite” e depois talar contra as drogas. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 78/90 Quando dizemos “tal pai tal filho”, estamos nos referindo a uma forma de aprendizagem, a de apren der segundo o modelo. Os filhos copiam o modelo fornecido por seus pais porque gostam deles e os ad miram. Este processo acontece mediante a observa ção. As crianças podem observar o pai resolvendo um conflito com o vizinho. Por exemplo, o vizinho jogou lixo no quintal da sua casa. O pai vai à casa do vizinho e explica o transtorno que esta sua atitude está causando visto que o vizinho poderia colocar o lixo em um latão na porta da casa e evitar problemas para todos. Caso o vizinho diga que foi a empregada ou suas crianças que fizeram isto, o pai pede que ele oriente sua família para que todos possam viver cm harmonia. Geralmente esta conduta pode ser sufici ente, pois o vizinho perceberá na atitude do pai que a sua disposição é a de resolver de forma harmoniosa o problema. N o entanto, se a atitude for a de xingar o vizinho ou jogar lixo também na sua casa, certamen te o conflito se estenderá por muitos meses, até de sembocar em um possível fmal violento. O filho aprenderá a se comportar de acordo com o modelo e os valores fornecidos pelos seus pais, ou ele aprende que a “negociação” é uma forma para resolver pro blemas ou ele aprende que o certo é “olho por olho, dente por den te”. S 78 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 79/90 A aprendizagem das condutas no trânsito e um excelente exemplo da imitação do modelo. Pais que gritam, esbravejam, fazem sinais obscenos para os outros motoristas estão ensinando às crianças como se comportar em situações semelhantes no futuro, ou seja, de forma agressiva. É importante lembrar que a literatura sobre agressão é vasta e esclarecedora sobre este ponto. Violência gera violência. O ciclo da violência é comprovado cientificamente. As brigas no trânsito são causadas por pessoas desequilibradas cm situação de estresse que aprenderam a reagir de forma violenta a provocações intencionais ou não. Muitas vezes o outro e apenas um “barbeiro” e não um mau elemento que está intencionalmente que rendo prejudicá-lo. Lembre-se que são valores morais que estão sen do passados aos seus filhos. Agir corri senso de justi ça, respeitando o direito dos outros, colocando-se no lugar do outro para tentar entender suas razões, é uma excelente forma de evitar conflitos. A empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro para entender os sentimentos ou as razões dele, é um dos atributos mais importantes do cidadão civilizado. H preciso sriar situações para que os filhos aprendam e desenvolvam a empatia. Quando a criança quer to dos os brinquedos para si, deixando seu irmãozinho INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 80/90 sem brincar, deve-se conversar com cia no sentido de fazê-la se colocar no lugar do outro: “Você gosta ria que ele pegasse todos os brinquedos e deixasse você sem nenhum?”; ou então: “Vamos dividir os brinquedos para que os dois possam brincar, além do mais, brincar jun tos pode ser muito legal”. O mesmo procedimento pode ser adotado em relação aos senti mentos. Se a criança cm um acesso de raiva joga os pratos da mãe no chão quebrando-os, a mãe deve di zer-lhe: “Você gostaria que eu jogasse seus br inque dos preferidos no chão e os quebrasse?” Em seguida, a mãe deve fazê-la reparar o dano: “Agora junte estes cacos com cuidado para não se cortar e coloque-os no lixo e perceba como você me deixou triste por fi car sem os meus pratos”. A mãe pode fazer a criança pedir desculpas, para completar a autocrítica. As famílias desconhecem os efeitos nocivos que filmes e programas violentos podem causar para o desenvolvimento de seus filhos. Pesquisas4dos últi mos trinta anos são contundentes em demonstrar que as crianças e os adolescentes que vêem muitos filmes violentos apresentam mais comportamentos agressivos que aqueles que vêem poucos ou não as- 4. O s adol escent es e a mídi a: impa cto psi cológico , de Victor Strasburger, pu blicação da Artm ed, 1999; e/1 cri ança ca ri ol ênci a na mídi a, d e Ulia Cnrlsson e Cecília von Feilitsen (orgs.), da Cortez, 1999. 80 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 81/90 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 82/90 sistetn a programas violentos. Esse efeito da violência na tevê é muito mais acentuado em crianças que são negligenciadas e deixadas aos cuidados da “babá tele visão”. Isto ocorre porque as mães permitem que o u tros personagens ocupem o seu lugar fornecendo m o delos e valores a seus filhos, muitos deles, contrários aos seus desejos. Se personagens famosos da tele visão valorizam a maternidade independente, as fãs podem acreditar que esta é uma conduta aceitável pela sociedade e copiar o modelo. Se os pais deixa ram um espaço vazio, para este valor ser introjetado pela adolescente, provavelmente, as conseqüências serão negativas, como, por exemplo, a vinda de neti- nhos independentes. O que causaria um sério pro blema para as famílias que não escolheram esta for ma de geração de descendentes. Os programas veiculados pelas emissoras de tevê, cm grande parte, são violentos ou de apelo sexual. Nestes casos, cabe aos pais fazerem junto com os fi lhos a reflexão sobre tais programas salientando os maus exemplos e formas alternativas para resolução de problemas. Em geral, os filmes e as novelas apre sentam soluções violentas para resolução de conflitos, pais e filhos que se desentendem acabam se esbofete ando, patrões e empregados acabam em àocos e faca das após uma discussão, vizinhos se matam por causa 82 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf83/90 de uma divisa. Os educadores devem mostrar solu ções civilizadas para resolver os embates, tais como negociação, intermediação por amigos, ou ate mesmo o uso do sistema judiciário quando for o caso. A apreciação do trabalho é um valor moral que cabe à família desenvolver. Os filhos aprendem a va lorizar a atividade profissional a partir da relação que seus pais têm com o seu trabalho. Eles observam a maneira como os pais se referem ao patrão, à empre sa, aos colegas, enfim a toda rede de relações que en volvem esta atividade. Se na maioria das vezes o pai está xingando o patrão, desvalorizando a atividadeque faz e criticando os colegas, o modelo passado é de desrespeito e certamente a imagem formada é ne gativa. Por que desenvolver interesse por uma ativi dade tão aversiva, pensa o filho, melhor procurar ou tra maneira para viver. Quando cobrado a trabalhar, está despreparado psicologicamente para enfrentar os desafios da nova situação, pois para ele trabalhar e muito ruim e deve ser evitado a qualquer custo. Respeitar a sua profissão mostrando-se orgulho so dela é o melhor caminho para desenvolver o inte resse e a vocação futura dos filhos. Eles se espelham nos pais e buscam seu próprio caminho sabendo que i serão apt>iados em suas iniciativas, pois observaram em casa este mesmo trajeto. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 84/90 Valores como honestidade, senso de justiça, solida riedade, amizade, respeito ao próximo, respeito às leis, empatia, enfim, todos aqueles que formam um cidadão devem ser foco da educação. As crianças precisam ter oportunidade para expcrienciar estes valores. Ler livros que contenham “a moral da estória”, como “devagar se vai ao longe” - estória que se refere a uma corrida entre uma tartaruga e uma lebre, em que a tartaruga vence porque anda o percurso todo sem parar, enquanto a le bre corre, corre e acaba dormindo metros antes de al cançar a linha de chegada - ajuda os pais a apresentarem valores morais a seus filhos. As conseqüências de se estar atento ao desenvolvi mento de valores morais são que se observa claramen te um aumento da auto-estima, dos comportamentos pró-sociais (aqueles relativos à colaboração, ao apoio, à solidariedade etc.), do autoconccito em crianças e adolescentes que convivem com pais com esta condu ta; além disso, os filhos admiram valores dos pais e aprendem a fazer julgamentos morais apropriados e, finalmente, segundo as pesquisas recentes sobre ori entação de pais e filhos, a valorização de padrões mo rais de conduta é, junto com a monitoria positiva, a melhor maneira de se evitar o desenvolvimento de comportamentos infratores, anti-sociais, delinqüen tes e, principalmente, o uso de drogas. 8 4 INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 85/90 Conclusão T odas as formas de relacionamento com os filhos mostradas aqui podem ajudar pais e educadores a con seguirem melhores resultados diante do desafio de educar. A importância das regras, a monitoria adequada e o modelo moral são as formas positivas de se relacio nar com os filhos. Procurando desenvolver estas ha bilidades certamente a família irá conseguir um esti lo mais harmonioso de convivência, de forma que os comportamentos inadequados e anti-sociais e o uso de drogas serão evitados. O humor instável e a super visão estressante não educam, mas sim promovem interações familiares hostis. Já a punição física e a ne gligência representam falhas educativas sérias, que têm conseqüências desastrosas pira o desenvolvimen to do ser humano. se um dos pais, por algum motivo alcoolismo ou depressão - está agindo assim, os de mais integrantes da família devem procurar auxílioespecializado para seu tratamento. Soluções casei INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 86/90 ras não são suficientemente boas para produzir mu danças em situações como estas. Ser mãe é padecer no paraíso, diz o ditado popular.Hoje em dia pais e mães padecem juntos “no paraí so”. Ver os filhos crescendo, tornando-se adultos in teressados, responsáveis, cursando a faculdade, tra balhando, permanecendo amigos da família é o so nho de cada um de nós. Quando este sonho se con-j cretiza conquistamos a glória suprema. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 87/90 INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 88/90 Pais presentes, pais ausentes procura mostrar as conseqüências negativas de determinadas práticas educativas. Salienta as formas apropriadas de relacionamento entre pais e filhos que permitem que crianças e jovens cresçam saudáveis, bem como traz algumas alternativas e reflexões para tornar esta tarefa mais fácil e agradável. Contribuir com a tarefa educativa é o objetivo fundamental deste livro. Educar passou a ser um instrumento poderoso nas mãos de cidadãos, que poderão se tornar capazes de alterar o rumo da civilização moderna, reorientando-a para uma convivência pacífica e construtiva. Devemos enfrentar o desafio de transformar o mundo em um lugar agradável onde a confiança no se r humano tenha id t b l id INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 89/90 Adolescência da ÜFPR e estuda os determinantes do comportamento anti-social. Sua tese de doutorado defendida no Departamento de Psicologia Experimental da USP, sob orientação do Dr. César Ades, em 1990, analisou um programa de inserção do adolescente infrator ao meio social. Este trabalho acadêmico transformou- se em um livro publicado pela Editora Juruá, em Curitiba, denominado Menor infrator a caminho de um novo tempo, que está na segunda edição. A autora coordena um projeto de extensão universitária onde oferece treinamento a educadores sociais de instituições que cuidam de crianças e adolescentes de risco. O projeto também prepara alunos de psicologia para darem palestras em comunidades carentes e escolas sobre práticas disciplinares que aumentam ou diminuem o desenvolvimento de comportamentos anti-sociais. Atualmente Paula Gomide desenvolve pesquisas que buscam investigara relação entre os estilos parentais e o desenvolvimento de comportamentos anti-sociais em crianças e adolescentes. O livro Pais presentes, pais ausentes é fruto deste trabalho. INDEX BOOKS GROUPS 8/20/2019 Gomide, P. I. C. (2004). Pais presentes, pais ausentes - regras e limites.pdf http://slidepdf.com/reader/full/gomide-p-i-c-2004-pais-presentes-pais-ausentes-regras-e-limitespdf 90/90 Este livro procura responder a várias perguntas, tais como: Devemos es tabe lecer regras em nossa casa, nas salas de aula ou em outros ambientes? O humor dos pais ou professores pode ter efeitos sobre a educação dos filhos ou alunos? Bater nos filhos é um comportamento agressivo dos pais ou um procedimento disciplinar? A vigilância exagerada é benéfica ou denota falta de confiança? A negligência combina com auto-estima? Respondendo a es tase outras perguntas mais, a autora privilegia o' convívio familiar como fonte dos valores morais e dos padrões de conduta. INDEX BOOKS GROUPS