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IGUALDADE E DIFERENÇAS: • Os psicólogos que estudam a personalidade estão interessados tanto nos atributos que caracterizam todas as pessoas quanto nas diferenças individuais, aquelas constelações de qualidades que tornam cada pessoa única. • A unidade de análise é o indivíduo total e não o processo de percepção ou de aprendizagem. O que interessa é o indivíduo que percebe, que aprende e como esses processos relacionam-se entre si e com todos os outros. NO SENSO COMUM A palavra Personalidade exerce fascínio sobre os leigos e é usada de diferentes maneiras: • Para designar habilidades sociais (Ana é uma pessoa que toma decisões rápidas) • Para se referir a uma impressão marcante de alguém (João é muito inteligente); • Para se referir a estrelas da mídia (Na festa do Oscar estarão presentes muitas personalidades). PERSONALIDADE • Os psicólogos têm ideias semelhantes sobre a personalidade (maneiras distintas pelas quais a pessoa se comporta), o mesmo objeto de estudo (o comportamento humano) e, de um modo geral, as mesmas metas (descrever, compreender e prever o comportamento). • Todos têm personalidade e a sua vai ajudar a determinar os limites do sucesso, felicidade e realização na sua vida. Não é exagero afirmar que sua personalidade é um de seus patrimônios mais importantes. • Pode limitar ou expandir suas opções e escolhas. É complexa e não se resume a definir alguém como maravilhosa ou antipática. BREVE HISTÓRICO • Algumas das raízes da Psicologia da personalidade podem ser remontadas ao teatro. Teofrasto, discípulo de Aristóteles, é um dos primeiros criadores conhecidos de esquetes de personagens (descrição resumida de um tipo de indivíduo). • Os atores romanos e gregos antigos usavam máscaras para mostrar que estavam interpretando personagens diferentes, e não eles mesmos. • Na época de Shakespeare, as máscaras praticamente deixaram de ser usadas, mas havia um tremendo encantamento pelos papéis que as pessoas representavam. • Como Shakespeare afirmou, o mundo inteiro é um palco e todos os homens e mulheres são meramente atores. PERSONALIDADE • Psicologia: marco inicial no final do século XIX, com a fundação do laboratório em Leipzig, na Alemanha, por Wundt. • O método de estudo era o mesmo das ciências naturais, o experimental. • Nesse método não havia espaço significativo para um tópico tão complexo e multidimensional como a personalidade. 1 BREVE HISTÓRICO • No início do século XX Freud publicou seu Livro A interpretação dos sonhos, em 1900, o que já apontava sua atenção às mudanças científicas no que se refere ao estudo da personalidade. • Somente no final da década de 1930 o estudo da teoria moderna da personalidade foi formalizado e sistematizado na psicologia (marcadamente norte-americana), principalmente com o trabalho de Gordon Allport (Personality: A psychological Interpretation). Esse é considerado o marco do início formal do estudo da personalidade. • Allport devotou sua atenção a singularidade e a distinção do indivíduo. Procurou identificar a organização subjacente à singularidade de cada pessoa. PERSONALIDADE • Depois disso, outros livros, revistas, jornais, cursos e pesquisas começaram a surgir. Os psicólogos acadêmicos começaram a crer que era possível desenvolver um estudo científico da personalidade. • De 1930 até hoje surgiu uma variedade de abordagens para o estudo da personalidade, ou seja além das behavioristas e das psicanalíticas, surgiram as cognitivas (que lida com atividades mentais conscientes); as humanistas (que enfatizam as forças humanas, virtudes, aspirações e realização de potencial); e a dos traços (defende que grande parte de nossa personalidade é herdada). CAMPO DE ESTUDO • O comportamento na medida em que ele é referente a uma pessoa. • O Psicólogo da personalidade tem interesse em compreender o comportamento na medida em que esse comportamento é representativo dessa pessoa. Ou seja, é compreender a pessoa através da compreensão de seu comportamento. • O objetivo: é estabelecer os meios que possibilitem conhecer uma pessoa. • Cada pessoa é única, por mais que seja parecida com alguém, ela é unicamente ela. • Apesar de única, ela não é uma única “coisa”, ela é um conjunto de “coisas” que a tornam um ser único. • Portanto uma pessoa é única e complexa na sua totalidade e deve ser conhecida na sua singularidade. • Assim, a Psicologia da personalidade visa alcançar a compreensão do que é típico e próprio do indivíduo, que faz sê-lo como é, e que o torna distinto de todos os demais. PERSONALIDADE • Fundamentalmente a Psicologia da Personalidade levanta a seguinte questão: O que significa ser uma pessoa? • Em outras palavras: Quão únicos somos como indivíduos? • Os psicólogos da personalidade respondem a essa pergunta observando “como” e “porquê” os indivíduos se comportam de maneiras distintas. • Os psicólogos da personalidade concentram-se nos pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas. • A Psicologia da Personalidade, então, pode ser definida como o estudo científico das forças psicológicas que tornam as pessoas únicas. 2 • A personalidade tem alguns aspectos que reunidos ajudam a compreender a natureza complexa do indivíduo: • A personalidade não corresponde a uma justaposição de peças, mas sim representa uma organização. • A personalidade não se encontra em local específico. Ela é ativa e representa um processo dinâmico no interior do indivíduo. CONCEITOS DE PERSONALIDADE • É a organização do equipamento comportamental singular que cada indivíduo adquiriu sob as condições especiais do seu desenvolvimento (LUNDIN, 1978) • Representa as propriedades estruturais e dinâmicas de um indivíduo, tais como se refletem em respostas características a determinadas situações (PERVIN, 1978) • É a organização dinâmica, dentro do indivíduo, daqueles sistemas psicofísicos que determinam seus ajustamentos particulares a seu ambiente (ALLPORT, 1974). • É a resultante psicofísica da interação da hereditariedade com o meio, manifestada através do comportamento, cujas características são peculiares a cada pessoa (D’ANDREA, 1972) • É uma construção científica, elaborada pelo psicólogo, com a finalidade de definir, no nível da teoria científica, a maneira de ser e de funcionar que caracteriza a pessoa (NUTTIN, 1969). TRAÇOS DE PERSONALIDADE • Refere-se a uma característica duradoura da personalidade da pessoa. A organização dos traços é o que torna uma pessoa única. • É um característica que distingue uma pessoa de outra e que a leva a se comportar de maneira mais ou menos coerente. • O traço pode variar de pouco a muito (pouco sociável; muito confiante). • As vezes um traço de personalidade é tão acentuado que estabelece o “tom” característico do comportamento de uma pessoa. Por exemplo: a ambição de Hitler ou de Napoleão; a humildade de São Francisco. • Os traços são frequentemente considerados as unidades subjacentes da personalidade. Pelo fato de se supor que os traços permaneçam constantes e determinam o comportamento, espera-se que as pessoas se comportem de forma coerente em diferentes momentos. (ex de traços: tímido, inteligente, esportivo). SUBJETIVIDADE • Forma como eu aprendo tudo que me chega. Como absorvo, como sou afetado. Subjetividade refere-se ao processo pelo qual algo se torna constitutivo e pertencente ao indivíduo; ocorrendo de tal forma que esse pertencimento se torna único, singular. Subjetividade se refere ao processo de apropriação da realidade objetiva, sendo processo básico para a constituição e compreensão do psiquismo. Inconscientes Cognitivo Forças do ego Traços Biológico Condicionantes 3 IDENTIDADE • É aquilo que reconheço como sendo características minhas. É aquilo com o que me identifico como sujeito. As características próprias. Consciência de si próprio, do lugar que se ocupa no mundo. É uma qualidade idêntica. É o reconhecimento de que o indivíduo é o próprio. É o conjuntode caracteres particulares. É a consciência que uma pessoa tem dela própria e que a torna diferente das outras. Remete a autenticidade. É o conjunto de elementos que determinam que tal indivíduo é único e irreplicável. ALTERIDADE • Expressa a qualidade ou estado do que é outro ou do que é diferente. Parte do pressuposto de que todo indivíduo social é interdependente dos demais sujeitos de seu contexto social, isto é, o mundo individual só existe diante do contraste com o mundo do outro. O eu na sua forma individual só pode existir através de um contato com o outro. A interação entre o eu, interior e particular a cada um, e o outro, além de mim, é o que denominamos de alteridade. Esse processo de diferenciação é parte também da construção da identidade do sujeito, que se constitui a partir da distinção entre o que eu sou e o que eu não sou. Ou seja, há impossibilidade da existência do eu-individual sem o conflito com o diferente, o estranho, o outro. TEMPERAMENTO • É a tendência herdada do indivíduo para reagir ao meio de maneira peculiar. Os indivíduos têm uma quantidade de energia vital, maior ou menor, que dará a tonalidade de seus comportamentos (mais calmo ou mais agitado). • Assim, desde o nascimento, entre as pessoas verificam-se diferentes limiares de sensibilidade frente aos estímulos internos ou externos, diferenças no “tom” afetivo predominante, variações no ritmo, intensidade e periodicidade dos fenômenos. CARÁTER • É o conjunto de formas comportamentais mais elaboradas e determinadas pela influência ambientais, sociais e culturais, que a pessoa usa para adaptar-se ao meio. Ao contrário do temperamento, o caráter é predominantemente volitivo e intencional. • É usado para designar aspectos morais. Está relacionado a reações afetivas ou a marca pessoal de alguém PERSONALIDADE • É um processo resultante de relações entre as condições objetivas e subjetivas do indivíduo, que, inserido numa sociedade (e essa é a condição fundamental), singulariza- se e diferencia-se ao ponto de ser único. A personalidade é um “produto da atividade individual condicionada pela totalidade social ESTRUTURA E DINÂMICA DA PERSONALIDADE • Por estrutura entende-se a disposição que as partes assumem formando um sistema ou totalidade. Entre as partes há uma interação caracterizando uma dinâmica. • A estrutura e a dinâmica são correlatas. O conhecimento das características estruturais permite perceber a dinâmica e reconhecer a dinâmica permite inferir possíveis estruturas. • O termo dinâmica da personalidade refere-se aos mecanismos pelos quais a personalidade se expressa, enfocando muitas vezes as motivações que orientam os comportamentos. 4 • A dinâmica fornece o caminho para compreender o desenvolvimento e as mudanças da personalidade. Inclui adaptação ou ajustamento dos indivíduos às exigências da vida e por isso tem implicações para a saúde mental. ABORDAGEM NÃO CIENTÍFICA DA PERSONALIDADE • Estabelecer distinções entre indivíduos faz parte da natureza das pessoas na vida cotidiana. Essas crenças cotidianas são chamadas de teorias implícitas da personalidade. • Nestas partimos do pressuposto de que certos fenômenos por nós notados vêm acompanhados de outras características da personalidade, mesmo que não tenhamos oportunidade de observá-las • Por exemplo, achamos alguém atraente e já supomos que seja calorosa e confiável; vemos uma pessoa forte e bonita e não achamos que tem doença. • Essa teoria implícita da personalidade é perceptível no julgamento que fazemos das pessoas. ABORDAGEM CIENTÍFICA • A Psicologia da Personalidade, assim como a psicologia geral, testar suas afirmações sobre as pessoas por meio do método científico. • O método científico requer observações sistemáticas e uma disposição para modificar a compreensão em função dessas observações. • Uma teoria é um instrumento conceitual que permite compreender alguns fenômenos específicos. Inclui conceitos (construtos teóricos) e afirmações sobre como eles estão relacionados (proposições teóricas). AVALIAÇÃO DA PERSONALIDADE • As técnicas de avaliação diferem quanto ao nível de objetividade ou subjetividade. As melhores técnicas de avaliação seguem os seguintes princípios: • Confiabilidade: envolve a consistência de respostas a um método de avaliação. • Validade: Refere-se ao fato de o método de avaliação medir ou não o que se pretende. Se a proposta é avaliar a personalidade, está de fato avaliando? MÉTODOS DE AVALIAÇÃO • Inventários de Personalidade: técnica de avaliação da personalidade na qual os sujeitos do estudo respondem a perguntas sobre os seus comportamentos e sensações. (Minnesota Multiphasic Personality Inventory – MMPI: 567 frases afirmativas para se colocar V ou F). • Testes projetivos: um meio de avaliação da personalidade em que os sujeitos projetam suas necessidades pessoais, medos e valores nas interpretações ou na descrição de um estímulo ambíguo. (Rorschach; TAT). • Entrevistas clínicas: Pode-se obter informações valiosas conversando com quem estiver sendo avaliado. Pode-se investigar uma vasta gama de comportamentos e sensações, além de observar aparência, conduta, expressões faciais, etc. PESQUISA • Idiográfica: estudo intensivo de uma quantidade relativamente pequena de pessoas (até mesmo uma única pessoa) utilizando uma série de técnicas de avaliação. Os 5 objetivos são terapêuticos, no qual o conhecimento adquirido sobre a pessoa é utilizado para ajudar o tratamento; e o outro é ter compreensão geral da personalidade humana. - A descrição é feita mais por palavras, como por exemplo em estudos de caso. • Nomotética: estudo das diferenças estatísticas entre grandes grupos de pessoas. Objetiva obter dados que possam ser generalizados para uma quantidade maior de pessoas. - As pessoas são comparadas entre si, ou seja, estuda as características da personalidade de um grupo de pessoas e as compara entre si. - Essa abordagem é mais mensurável e cada pessoa recebe um escore para indicar quanto do traço ela possui (por exemplo 10 para extroversão; 3 para timidez) ALGUNS MÉTODOS DE PESQUISA • Clínico (estudo de caso): histórico detalhado de uma pessoa que contém dados de fontes variadas. Porém este método perde em objetividade científica. • Experimental: um experimento é uma técnica para determinar o efeito de uma ou mais variáveis ou eventos sobre o comportamento. FATORES QUE INFLUENCIAM A PERSONALIDADE Genética; Desenvolvimento; Sócio-culturais. TEORIAS • Uma teoria da personalidade seria, então, a organização cuidadosa do conjunto total de conhecimentos sobre o comportamento, suficientemente compreensiva para abranger e predizer a conduta humana, ou boa parte dela. • A conduta humana é, no entanto, reconhecidamente complexa. Esta parece ser a principal razão para a existência de tantas teorias da personalidade. • O comportamento não é determinado por um único fator e sim por muitos, e de natureza diversa. • Diante de tão amplo e complexo campo de investigação, diferentes grupos de estudiosos enfatizaram espécies diferentes de observações, diferentes aspectos do comportamento o que, inevitavelmente, se refletiu em diferentes espécies de teorias da personalidade. • Além desta, outra razão pode ser o fato dos teóricos da personalidade usarem instrumentos diversos em seus estudos, diferentes fontes para obter seus dados, o que também, se traduz em diferentes teorias da personalidade. • Assim, apesar de entenderem “personalidade” mais ou menos da mesma maneira, os estudiosos diferem quanto ao aspecto ou tipo de comportamento enfocado e quanto à forma de estudá-lo. • Poder-se-ia concluir com Peck e Whitlow (1976, p. 13): “não existe portanto, uma teoria da personalidade, no sentido de que uma teoria abrange todos os aspectos do comportamento humano, mas existem muitas teorias cuja principal área de interesse se situa no domínio da personalidade”. 6