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FACON 
FACULDADE DE 
CONCHAS 
 
 
 
 
 
Conteudista Profª. Mª. Rita de Cássia Toffanelli 
Prates 
 
 
Disciplina: Fundamentos da Educação 
 
Unidade: 1 
 
 
 
 
 
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Material Didático 
Conteudista Profª. Mª. Rita de Cássia Toffanelli 
Prates 
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/6344515342415489 
 
Ementa: Estudo e análise dos fundamentos políticos, econômicos, sociais e culturais da relação 
educação e sociedade. Desenvolvimento do processo histórico educacional e a formação das 
tendências pedagógicas que contribuíram para as bases sociais e filosóficas da escola como 
instituição cultural e social. A educação contemporânea no Brasil. 
 
Objetivo: 
Compreender que a educação é um processo de teorização e reflexão articulado às necessidades 
sociais, portanto, passível de ser composto de transformações e contradições. 
 
Bibliografia Básica: 
ARANHA, Maria L. de A.. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil. 3ª ed. São Paulo: 
Moderna, 2008. 
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. 3ª ed. São 
Paulo: Cortez, 2009. 
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. 1ª ed. São Paulo: Unesp, 1999. 
GAUTHIER, Clermont; TARDIF, Maurice. A Pedagogia: teorias e práticas da Antiguidade aos 
nossos dias. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. 
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. Trad. Artur M. Parreira. 4ª ed. São 
Paulo: Martins Fontes, 2001. 
MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação: da antiguidade aos nossos dias. Trad. 
Gaetano Lo Monaco. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 1996. 
 
Bibliografia Complementar: 
GADOTTI, MOACIR. Pedagogia da Terra. 5ª ed. São Paulo: Fundação Peiropolis, 2000. 
GHIRALDELI JUNIOR, Paulo. História da Educação Brasileira. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2006. 
HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 21º ed. Rio de Janeiro: LTC, 1986. 
LOPES, Eliana M. T.; FARIA FILHO, Luiz Mendes; VEIGA, Cynthia G.. 500 Anos de Educação no 
Brasil. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 
PALMER, Joy A.. 50 grandes educadores modernos: de Piaget a Paulo Freire. 1ª ed. São Paulo: 
Contexto, 2006. 
PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. História da Educação. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1995. 
 
http://lattes.cnpq.br/6344515342415489
 
 
 
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ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1986. 
ROUSSEAU, Jean Jacques. Emílio ou Da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 
SACRISTÁN, Gimeno. A educação que ainda é possível: ensaios sobre uma cultura para educação. 
1ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. v.1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 1 
Objetivo: 
Compreender o ideal educativo da Antiguidade à Idade Média e refletir sobre 
fundamentos e processos de construção e produção de conhecimento. 
 
Introdução 
Qual é o nosso papel dentro de uma comunidade, grupo ou uma sociedade? 
Poderíamos descrever linhas e mais linhas e não responderíamos superficialmente nem 
substancialmente a essa incerteza. E, para essa constatação, existe uma lógica exata: a 
nossa existência no presente mantém uma relação com o passado e o futuro. 
Apoiada na gênese da percepção e entendimento do valor e da grandeza da 
relação dos conhecimentos produzidos séculos atrás e os da sociedade contemporânea, 
Bittencourt (2009) afirma: 
Na sociedade contemporânea, as rápidas transformações no mundo 
do trabalho, o avanço tecnológico configurando a sociedade virtual e 
os meios de informação e comunicação incidem fortemente na escola, 
aumentando os desafios para torná-la uma conquista democrática 
efetiva. [...] o desafio é educar as crianças e os jovens, propiciando-
lhes um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico, 
de modo que adquiram condições para enfrentar as exigências do 
mundo contemporâneo (BITTENCOURT, 2009, p. 14). 
 Devemos, portanto, refletir sobre a perspectiva da educação como compromisso 
político. Como desenvolver uma escola efetivamente democrática? Uma instituição que 
atende às necessidades e anseios da sociedade? 
 
ANTIGUIDADE 
 Avançando na análise dessa relação, deparamos com a Grécia antiga, o berço da 
cultura ocidental, envolta com seus períodos. O primeiro tempo é chamado de Período 
Pré-Homérico ou Idade de Bronze (XX a.C. a XII a.C.). Esse período se caracterizou pela 
ocupação de povos indo-europeus na ilha de Creta e na região de Hélade possibilitando 
a incursão de uma nova cultura. Os aqueus, eólios, jônios e dórios foram os principais 
formadores dos helenos. O segundo período denominado Homérico (XII a.C a VIII a.C) 
foi marcado com essa insígnia devido as obras, Ilíada e Odisseia. Foi o período que deu 
início a ruralização e a comunidade gentílica. O terceiro tempo destacado por período 
 
 
 
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Arcaico (VIII a.C. a VI a.C.) houve a invenção da moeda após o desdobramento do 
comércio. O próximo período, o Clássico (V a.C. a IV a.C.), o ápice da civilização grega. A 
magnificente eclosão das artes, literatura e a filosofia foram os alicerces para a herança 
cultural do mundo ocidental. E por último, o período Helenístico (III a.C. a II a.C.), o 
tempo que Felipe II invadiu o território grego e dominou a Grécia sucedendo a fusão das 
culturas ocidental e oriental, a Greco-romana. 
 E a educação dos meninos gregos? O que era importante os homens gregos 
saberem? 
 Para responder a essas indagações iniciaremos, nossos estudos, na época de 
Homero (800 a.C. – 701 a.C.), o homem e o poeta épico, que possivelmente tenha sido 
o autor dos dois maiores poemas épicos, Ilíada e de Odisseia. O mentor que mantinha 
próximo o homem dos deuses e que educou os jovens guerreiros, como era notada na 
Rapsódia XII da Ilíada: 
Que cada homem afie bem a sua espada e ajuste o seu escudo. Que 
cada um alimente bem os seus velozes cavalos. Que cada um cuide 
bem de seu carro e reflita bem sobre a guerra, que durante todo dia 
possamos experimentarmo-nos na terrível luta. Eis que não haverá 
interrupção para descanso, nem mesmo por um pouco, até que 
chegue a noite e separe a fúria dos homens. A correia dos homens 
cobrir-se-á de suor sobre o seu peito, a correia do seu escudo protetor, 
e sua mão conservar-se-á sobre a lança e seu cavalo cobrir-se-á de 
suor, arrastando o bem polido carro. Seja, porém quem for que eu veja 
desejoso permanecer longe da batalha, junto aos recurvados navios, 
não haverá para ele a esperança de escapar dos cães e das aves de 
rapina (HOMERO apud SOUZA, 2005, p. 26). 
 Os poemas recitados e cantados em praças públicas mostravam aos homens 
quais eram os ideais da educação: honrar os deuses e se prepararem para a guerra. 
 A partir dessa reflexão, Aranha (2006) acrescenta que, para os homens gregos, 
“ter sido escolhido pelos deuses é sinal de valor e em nada desmerece a virtude, que 
para os gregos significa força, excelência e superioridade, alvo supremo do herói. Trata-
se da virtude do guerreiro bom e belo” (ARANHA, 2006, p. 58). 
 A educação, nessa ótica, tinha o desejo de formar jovens para o manuseio das 
armas de guerra. Os saberes do período mítico foram transferidos aos homens pela 
imitação de grandes exemplos, os exemplos heroicos. A virtude e o heroísmo 
juntamente com a arte de ouvir, ler e decorar os versos das epopeias homéricas. 
 
 
 
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Figura 1: Detalhe de um sarcófago da primeira metade do século II (Paris, Louvre).Fonte: Disponível em http://www.ricardocosta.com/artigo/educacao-na-idade-media-busca-da-sabedoria-como-
caminho-para-felicidade-al-farabi-e-ramon. In: Dimensões - Revista de História da UFES 15. Dossiê História, Educação 
e Cidadania. Vitória: EDUFES, 2003, p. 99-115. Acesso em: ago. 2015. 
 
 
 Um menino declama um dever de Retórica diante de seu pai (não do mestre). 
Tanto os seus dois dedos da mão direita quanto sua postura corporal (inclusive a perna 
direita levemente inclinada para trás) compõe a eloquência; o papiro na mão esquerda 
é o símbolo de sua cultura, de sua dignidade social. O estudo na Antiguidade existia para 
adornar o espírito e instruir o estudante nas belas letras. Em Roma não havia utilitarismo 
na Educação. Ver VEYNE, Paul. “O Império Romano”. In: VEYNE, Paul (org.). História da 
Vida Privada I. Do Império Romano ao Ano Mil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, 
p. 33. 
 No detalhe, do desenho encontrado no século II, é possível perceber a 
importância que era dada à educação do menino grego, a própria Paidéia, um preceito 
de educação e formação ética da cultura grega, que abarcava tópicos como gramática, 
retórica, matemática, música, história e filosofia, “um ideal de formação constante no 
mundo grego” (ARANHA, 2006, p. 62). Por muito tempo a educação dos gregos se 
pautou no ideal do nobre guerreiro e da excelência moral. A influência das epopeias, na 
educação, perdurou até o período Clássico. 
 
 
 
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 Duas pólis, cidades-estados, foram eleitas para definirem a educação da Grécia, 
Atenas – o berço da democracia e Esparta – a pólis das artes da guerra. 
 Dessas acepções, podemos ressaltar que: 
As duas deram vida a dois ideais de educação: um baseado no 
conformismo e no estatismo, outro na concepção de Paideia, de formação 
humana, livre e nutrida de experiências diversas, sociais, mas também 
culturais e antropológicas (CAMBI, 1999, p. 82). 
 Também sobre a importância da Paideia, do século V a.C., o filósofo alemão 
Werner Jaeger (2001) fez a seguinte consideração na Introdução da sua obra Paideia: 
Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, 
cultura, tradição, literatura ou educação: nenhuma delas, porém coincide 
realmente com o que os gregos entendiam por Paideia. Cada um daqueles 
termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global e, para 
abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos 
de uma só vez (JAEGER, 2001, s.p.). 
 A educação, no entanto, atendia apenas um quinto da população. Essa 
prerrogativa estava centrada em homens livres. Atenas era representada por, 
aproximadamente, meio milhão de habitantes, dos quais trezentos mil eram escravos. 
Os escravos, as mulheres e os estrangeiros eram os excluídos dessa formação. Algumas 
características eram peculiares na educação do menino grego. Como a formação era 
custeada pelo Estado, todos os adultos podiam ser professores e todo menino tinha um 
tutor escolhido sob a égide da afinidade entre ambos. 
 Em Atenas, a formação era destinada a concepção de participação dos destinos 
da pólis. A educação, dos meninos, se iniciava aos 7 anos para as primeiras lições de 
alfabetização, musical e educação física. Os métodos utilizados na alfabetização se 
davam por silabação, repetição e memorização. Para os cálculos, os meninos utilizavam 
o ábaco. A educação musical compreendia tocar flauta, cítara e lira, bem como o canto 
e a declamação das poesias. Na educação física, os meninos treinavam os exercícios de 
corrida, salto, lançamento de disco, de dardo e luta e se preparavam para as 
competições. Aos 13 anos, os meninos mais favorecidos seguiam seus estudos com a 
introdução da matemática, geometria e astronomia. Contudo, aos menos favorecidos a 
opção, por necessidades, consistia em procurar um ofício. Dos 16 aos 18 anos, 
ampliavam-se os estudos com a filosofia e literatura. A preocupação com a formação 
integral era notória. “(...) a educação não visa exclusivamente a formação de indivíduos, 
 
 
 
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mas também a de cidadãos responsáveis no seio da comunidade” (GAUTHIER e TARDIF, 
2010, p. 48). 
 Em Esparta, a formação do jovem grego, valorizava a formação militar de jeito 
que "os cuidados com o corpo começavam com uma política de eugenia (...) que 
recomendava fortalecer as mulheres para gerarem filhos robustos e sadios, bem como 
abandonar as crianças deficientes ou frágeis demais” (ARANHA, 2006, p. 64). Para 
fortalecer as mulheres, com o objetivo de gerar filhos perfeitos, era permitido às 
mulheres, atividades desportivas e competições. O sistema de educação se pautava no 
rigoroso treinamento militar. O treinamento era válido para os homens e mulheres. 
 Os jovens, meninos e meninas, eram submetidos às provas de resistência e 
obediência. Os meninos eram afastados de suas mães para enfrentar o calor, frio e a 
falta de alimentos para provar ser um bom soldado. Suportavam um ano inteiro de 
provas físicas e sobrevivência. Não apreciavam os debates e os discursos longos, mas 
eram ímpares e grandiosos no manejo das lanças, espadas e escudos, ou melhor, na arte 
da guerra. Quando completavam 17 anos, o soldado espartano passava por uma prova 
final: a kriptia. Os meninos gregos tinham a missão de capturar o maior número de 
escravos escondidos. Aquele que fosse o vencedor, o sobrevivente da seleção, estava 
apto para integrar o exército e recebia um lote de terras. 
 Os sofistas, eruditos, filósofos e sábios educadores, tinham como proposta levar, 
aos meninos gregos, a arte do bem falar. Grande influência na educação grega. Os 
profissionais do saber surgiram por volta do século IV a.C. e permaneceram no período 
helênico e no Império. “Ensinavam a arte de persuasão, do convencimento, do discurso, 
que seria bem aproveitada na praça pública (ágora), sede da assembleia democrática 
(...) foram os criadores da educação intelectual” (ARANHA, 2006, p. 69). 
 Revisitando o trabalho de Gauthier e Tardif (2010) sobre o assunto, deparo com 
uma afirmativa que vem ao encontro das afirmações apresentadas: 
Os sofistas são os inventores da retórica, da eloquência, da arte 
oratória que vão ter um papel fundamental posteriormente, pois o 
saber-fazer e o bem-falar continuarão a ser, até o século XX, os sinais 
mais tangíveis de uma boa educação e de uma vasta cultura. Os 
sofistas estão, pois na origem daquilo que se chama cultura literária, a 
grande cultura, baseada na ideia de que o saber não é somente um 
conteúdo de verdade, mas também uma forma que possui uma beleza 
intrínseca (GAUTHIER e TARDIF, 2010, p. 48). 
 
 
 
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 Em sequência, os autores complementam que os sofistas defendiam a 
democracia, o progresso e a mobilidade social. Contudo, Jaeger (2001, p. 336) afirma 
que “(...) já desde o começo a finalidade do movimento educacional comandado pelos 
sofistas não era a educação do povo, mas a dos chefes. No fundo não era senão uma 
nova forma da educação dos nobres” (JAEGER, 2001, p. 339). Os nobres exercitavam a 
educação dos sofistas, o poder de convencimento, nas assembleias, o espaço de 
decisões políticas. 
 Em decorrência dos tempos, Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.), filósofo ateniense do 
período Clássico da Grécia antiga, objetando os sofistas declama o princípio da 
sabedoria: só sei que nada sei. Usava como método de ensino com os gregos, a 
maiêutica. A maiêutica era quando se mostrava ignorante e conduzia os ouvintes a 
procurar as suas próprias verdades, levando-os a descobrir que as verdades são, para 
eles, muitas vezes vazias e sem fundamento algum. 
O objetivo da maiêutica é levar as pessoas a se serviremda sua própria 
razão e a serem capazes de descobrir a verdade por si mesmas. Na 
verdade, Sócrates acredita que a verdade existe, que ela pode ser 
objeto de uma verdadeira definição (...) e que todo homem pode 
descobri-la em si, graças à sua atividade intelectual (GAUTHIER e 
TARDIF, 2010, p. 52). 
 Sócrates se despede do seu discípulo Platão. É condenado à morte em 339 a.C. 
em função de suas ideias contraditórias às da sociedade grega. Incutia, na sua educação 
com os jovens atenienses, as razões para a sua certeza, o que fez com que a sociedade 
se indispusesse com Sócrates. Sócrates defendia que a forma que estava imposta as 
tradições, as crenças e os costumes não estavam colaborando com a formação do 
homem cidadão grego e o seu desenvolvimento intelectual. 
 Para Platão (428 a.C. – 348 a.C.), filósofo e matemático do período Clássico, a 
educação para ele, era abarcada no período de 50 anos. Após essa trajetória, o cidadão 
estava apto para atuar nas decisões em assembleias sobre a gestão do estado. Construiu 
a Academia de Platão, a qual os integrantes optavam pela sua formação, de acordo com 
suas aptidões e habilidades. A Academia permitia, aos alunos, avançar de estágio e 
prosseguir em seus estudos. 
 O filósofo Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), o preceptor de Alexandre – o grande, 
nasceu em Estagira, uma pequena cidade no nordeste da Grécia. Foi discípulo de Platão. 
Permaneceu na Academia por 20 anos e posteriormente fundou a sua própria escola em 
 
 
 
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Atenas, o Liceu. Aristóteles acreditava que para o homem só seria feliz se fosse inserido 
com respeito à cidade-estado e é na educação que o homem encontrava essa 
oportunidade, a de legislar. 
 Derivam daqui algumas considerações gerais, segundo Gauthier e Tardif (2010): 
De Sócrates a Aristóteles, passando por Platão, a atividade educativa 
deixa progressivamente de corresponder a um estrito modelo de 
comunicação e de interações verbais entre os educadores e os 
educados, para tornar-se modelo cognitivo de aprendizagem. A ênfase 
não se faz mais sobre a discussão ou diálogo, mas sobre o 
conhecimento; não se faz mais sobre a relação verbal entre o educador 
e do educado com um saber objetivo, consistente, universal, 
independente deles mesmos e de suas opiniões variáveis (GAUTHIER e 
TARDIF, 2010, p. 57). 
Para Aristóteles o ser humano possui a “capacidade de pensar e, portanto, sua 
perfeição encontra-se no exercício dessa atividade (ARANHA, 2006, p. 75). Notava-se, 
portanto, o valor, na metodologia de Aristóteles, a repetição e imitação, “segundo o 
qual a criança se educa repetindo os atos de vida dos adultos (ibid). 
 A tríade áurea de filósofos clássicos Sócrates, Platão e Aristóteles, estava 
formada. As bases, ideias, posturas e comportamentos desses pensadores foram fontes 
de inspirações para outros filósofos. 
 O Império romano se desmorona. Não foi uma causa, mas várias. Desde 
corrupção dentro do governo e gastos assombrosos ao despreparo militar instaurado 
naquela época, passando pela peste Cipriano, que perdurou durante duas décadas, 
afetando cidades como Alexandria no Egito e Roma, na Itália extinguindo uma 
significativa parcela da população. Os cidadãos gregos entenderam todos os sinais de 
perigo como castigo dos deuses permitindo assim, que o povo admitisse novas crenças 
e rituais anunciando o fim do período histórico conhecido como Antiguidade e o início 
da Idade Média. 
 
IDADE MÉDIA 
A Idade Média envolve um período de 1.000 anos, desde a queda do Império Romano 
(476 d.C.) até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1456). 
Figura 2: Nossa Senhora no trono com o Menino. 
 
 
 
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Fonte: National Gallery of Art, Washington D.C., Andrew W. Mellon Collection. Retábulo provavelmente pintado em 
Constantinopla em 1280. Disponível em: www.obrasdarte.com. Acesso em: ago.2015. 
 
 O início da Idade Média foi assinalado pela transição do regime de produção 
escravista para o regime feudal. O Feudalismo foi um modo de produção social e político 
baseado nas relações servis, ou melhor, o regime de servidão, o qual o trabalhador rural 
é o servo do senhor da terra. Tem sua origem na decadência do Império Romano. 
 Do século V ao XV ocorreram extremas modificações na política, na cultura, na 
economia e na educação. A igreja assume uma função respeitável nos séculos seguintes. 
 Também sobre a importância das transformações, Manacorda (1996) diz com 
muita adequação: 
No início do século VI verificam-se fenômenos políticos significativos. 
De um lado, alguns reinos romanos-bárbaros já se implantavam 
firmemente em territórios do Império Ocidente, onde a única 
autoridade política autenticamente romana é a Igreja e especialmente 
o papado; de um lado o Império do Oriente conserva ainda a sua 
unidade e a sua força, o que lhe permitirá tentar a reconquista do 
Ocidente. Esses três centros de poder, tão diferentes entre si, se 
enfrentarão numa complexa luta militar (MANACORDA, 1996, p. 111). 
 A sociedade feudal era dividida em estatamentos, em que não se passava de uma 
camada para outra, ou seja, ninguém mudava de posição social. Na base da pirâmide 
estavam os camponeses que serviam aos senhores. Na camada superior estavam os 
 
 
 
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cavaleiros, os soldados, os que ofereciam proteção aos senhores da terra. A nobreza 
vinha em seguida sendo representada pelos senhores feudais. Acima o clero, a Igreja, os 
padres e bispos. Essas camadas superiores tinham poderes hereditários, passavam de 
pai para filho. 
 Na idade Média prevalecia uma sociedade estática e monoteísta, rompendo a 
crença em vários Deuses da sociedade grega, embora os filósofos clássicos tivessem 
refletido sobre um deus único. Cada integrante da sociedade acreditava que Deus tinha 
determinado o seu lugar na pirâmide, fosse camponês, senhores, cavaleiros, nobres ou 
religiosos. 
 
 No dizer de Aranha (2006) explicita os pressupostos: 
Segundo o ideário medieval, a sociedade dividida aparentemente se 
orientava para fins comuns: alguns rezam para obter a salvação de 
todos, outros combatem para todos defender, e a maioria trabalha 
para o sustento de todos (ARANHA, 2006, p. 111). 
Sendo assim, o objetivo da educação não era o de ensinar aos camponeses as 
primeiras letras e sim, levá-los ao caminho do cristianismo ocorrendo assim, o gradual 
desaparecimento da escola clássica para a formação da escola cristã. 
 É necessário, pois, analisar de acordo com Gauthier e Tardif (2010) que recorre 
a Durkheim para esclarecer “que se nesse momento, a Igreja não se encontrasse ali, a 
cultura humana teria acabado, e não se sabe o que ocorreria com a civilização” 
(DURKHEIM apud GAUTHIER e TARDIF, 2010, p. 72). 
 E a educação? E a Escola na Idade Média? Como era pensada a formação dos 
homens? 
 A Igreja, responsável pela transmissão cultural, criou três tipos de escolas, 
monacais, episcopais e presbiterais. 
 A respeito da origem das escolas, Gauthier e Tardif (2010) asseguram: 
Elas não nasceram apenas da necessidade de substituir a escola antiga 
que desparecera, mas também (...) do desejo de criar um novo gênero 
de cultura, fundada unicamente no estudo dos textos sagrados (RICHÉ 
apud GAUTHIER e TARDIF, 2010, apud p. 72). 
 
 
 
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 Os autores Gauthier e Tardif (2010) acrescentam que as concepções da escola 
na Antiguidade são distintas da escola na Idade Média: 
QUADRO 1: QUADRO COMPARATIVO DAS CONCEPÇÕES DA ESCOLA DA ANTIGUIDADE E DA IDADE 
MÉDIA 
Antiguidade Idade Média 
 Diversidade deobjetivos. 
Não há fim único. 
 Quer se dotar o indivíduo de 
conhecimentos, de habilidades que 
podem se adquirir separadamente 
(belo corpo, belo espírito, belo 
orador, belo músico). 
 Unidade de objetivos. 
Direção moral precisa: cristianizar. 
 Quer-se agir sobre a personalidade em 
profundidade, formar uma certa 
atitude da alma, converter 
(convertere): voltar-se para Deus e 
desviar-se das coisas terrestres). 
 Tenta se colocar a alma: o mais 
profundamente possível. 
 Mestres diferentes sem ligação entre 
si (gramatista, pedótriba, citaredo, 
retor). 
 Essas disciplinas se ignoram 
mutuamente. Cada mestre persegue 
o seu objetivo. 
 Ensino com conteúdos heterogêneos. 
 Dispersão. 
 Mestres diferentes unidos 
(compartilhando o mesmo objetivo). 
 Cada mestre ensina na sua área, 
participando do objetivo comum. 
 Ensino com conteúdo homogêneo 
(unidade de ensino). 
 Concentração. 
 Em lugares diferentes 
Contatos ocasionais mestre-aluno. 
 Alunos temporários. 
 
 Em mesmo lugar 
Contatos estreitos, contínuos e 
permanentes (convictos). 
 Alunos permanentes 
 A Antiguidade teve mestres  A idade Média teve a escola: “um meio 
organizado”. 
FONTE: GAUTHIER E TARDIF, 2010, P. 76. 
 
 Embora a idade Média assumiu a criação de escolas não percebemos um 
investimento nos métodos de ensino. Pelo contrário, não foi percebida qualquer 
“atividade educativa, enfocado nem tanto como fornecedor de saber, mas como gestor 
e mediador de aprendizagem” (BITTENCOURT, 2009, p. 89). 
 A pedagogia da Idade Média foi caracterizada por dois tempos: a Patrística e a 
Escolástica. A primeira abrangeu do século II ao século VII. Período que vai dos Apóstolos 
até Santo Isidoro de Sevilha (560-536), no Ocidente e até a morte de São João 
Damasceno (675-749), no Oriente. 
 
 
 
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 Os “Santos Padres”, como estiveram sendo chamados, foram os responsáveis 
por traçar os caminhos da fé, moral, disciplina, dogmas, entre outros conceitos que 
formularam a fé católica. 
 A Escolástica, último período do pensamento cristão. Foi o movimento 
intelectual entre os séculos XII a XV e surge da necessidade de compreender a fé. 
 Os maiores representantes do movimento intelectual Escolástica são: Agostinho 
de Hipona, nascido no norte da África no fim do século IV, e Tomás de Aquino, nascido 
na Itália do século XIII. Outros nomes da escolástica são: Anselmo de Cantuária, Alberto 
Magno, Robert Grosseteste, Roger Bacon, Boaventura de Bagnoreggio, Pedro Abelardo, 
Bernardo de Claraval, João Escoto Erígena, John Duns Scot, Jean Buridan, Nicole Oresme. 
 A chave do pensamento escolástico é a harmonização da razão e fé. Assim 
sendo, não foi possível identificar, na Idade Média, os pedagogos. 
 Os reais interesses eram movidos pela interpretação dos livros sagrados. 
 Chegamos assim, a um período histórico que Aranha (2006) define a educação: 
A educação surgia como um instrumento para um fim maior, a 
salvação da alma e da vida eterna. Predominava, portanto, a visão 
teocêntrica, a de Deus como fundamento de toda a ação pedagógica 
e finalidade da formação do cristão (ARANHA, 2006, p. 117). 
 No conjunto não podemos definir que a educação, no período medieval, assumiu 
um caráter retrógrado e contraditório às necessidades da sociedade. A compreensão 
das várias dimensões que percorreram esses mil anos tem sido, entretanto, objeto de 
debates constantes entre os estudiosos.

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