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Zoologia de Vertebrados unid II.LIVRO TEXTO

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Unidade II
5 RÉPTEIS DIAPSIDA – ARCHOSAURIA
5.1 Ordem Crocodilia
Essa ordem reúne alguns dos répteis mais famosos e com maior tamanho na atualidade. São 
representados pelos jacarés, crocodilos e outros animais semelhantes. Evolutivamente possuem uma 
importância muito grande pelas novidades adaptativas relacionadas ao sistema circulatório.
Figura 37 – Representação típica de um crocodiliano
5.1.1 Sistemática
Os crocodilianos atuais pertencem a três famílias: Alligatoridae, que reúne os aligátores, jacarés e caimans, 
grupo predominantemente do Novo Mundo e todos de água doce; Crocodylidae, que contém os crocodilos, 
com ampla distribuição e uma espécie de água salgada ou salobra; e Gavialidae, que possui os gaviais, com 
um único tipo encontrado na Índia e em Burma (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013). Atualmente entre 
23 e 25 espécies se distribuem pelas áreas tropicais, subtropicais e temperadas (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
5.1.2 História evolutiva
Os crocodilianos são parentes próximos das aves. Ambos os grupos são os únicos representantes dos 
arcossauros, cuja história se iniciou na Era Mesozoica, provavelmente no Período Triássico. Do mesmo 
grupo surgiram dinossauros, pterossauros e outras linhagens.
 Observação
O crânio de Purussaurus brasiliensis, encontrado na bacia amazônica 
em 1986, mede 1,5 m de comprimento, indicando que o corpo todo poderia 
chegar a 13 m de comprimento. 
Os representantes dessa época eram muito semelhantes aos atuais, tendo se mantido praticamente 
imutáveis ao longo de aproximadamente 200 milhões de anos. Entretanto, foram animais terrestres (não 
semiaquáticos como os atuais), pequenos (menos de 1 m) e alongados, tendo sido, ao que tudo indica, 
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predadores ativos (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013). O Período 
Cretáceo foi a época de maior desenvolvimento desse grupo, tendo existido crocodilianos com até 15 m 
de comprimento (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
 Saiba mais
Conheça mais sobre um crocodiliano primitivo apelidado de supercroc. Há 
muitas informações interessantes na literatura e também um documentário 
sobre ele. SUPERCROC. Dir. Simon Boyce. Eua: PlayArte, 2001. 96 minutos.
5.1.3 Morfologia
Os maiores crocodilianos são da espécie de água salgada e podem chegar a até 7 m de comprimento 
quando adultos. Na outra extremidade, há jacarés que não ultrapassam muito 1 m de comprimento quando 
adultos. São animais de crescimento rápido até que atinjam a maturidade e depois continuam crescendo 
até o fim da vida, só que de uma maneira bem lenta (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Uma característica comum a todos, e que difere dos demais répteis, é o crânio alongado, robusto e 
bem reforçado. Essa, inclusive, é uma estrutura importante para a diferenciação entre as três famílias 
de crocodilianos. Nos crocodilos o focinho é relativamente estreito, enquanto nos jacarés é, geralmente, 
mais largo. Outro detalhe diz respeito aos dentes, especialmente o quarto dente da maxila inferior. Nos 
crocodilos eles ficam visíveis quando o animal está com a boca fechada, pois se encaixam em uma pequena 
abertura da maxila superior. Contudo, nos jacarés esses dentes não ficam visíveis quando a boca está 
fechada. Os gaviais têm crânio singular, diferentes de todos os outros, com focinho repleto de dentes finos, 
mais longo e mais estreito, entre todas as espécies (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
A)
B) C) D)
Figura 38 – A) Crocodilianos. B) Jacaré. C) Crocodilo. D) Gavial
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No crânio cada dente está colocado em uma cavidade própria chamada alvéolo, formando uma 
dentição tecodonte. Essa mesma condição caracterizava os arcossauros da Era Mesozoica (HICKMAN 
JR.; ROBERTS; LARSON, 2013). Associada ao crânio existe uma musculatura potente que movimenta as 
maxilas. Como se pode verificar em documentários e demonstrações de manipulação de crocodilianos 
a mordida desses animais é muito poderosa e rápida, conseguindo manter a pressão quando a presa 
é abocanhada. Isso ocorre porque a musculatura associada a essa dinâmica é muito desenvolvida. No 
entanto, a abertura da boca envolve uma musculatura muito menor e, portanto, é fácil mantê‑la fechada 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Observa‑se, pela primeira vez no contexto evolutivo, a presença do palato secundário completo 
separando o caminho do ar (respiração) da cavidade bucal que pode conter alimento ou água. Assim, 
os crocodilianos são capazes de continuar respirando ainda que a boca contenha água e/ou alimento. 
Essa característica é compartilhada com os mamíferos. A fim de viabilizar a respiração enquanto se 
move ou permanece em repouso na água, os crocodilianos assumem a posição tradicional com o 
corpo mergulhado e apenas dois pontos do crânio (isto é, narinas e olhos) acima da superfície da água, 
(HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013). As narinas ficam em uma posição dorsal na extremidade 
anterior do crânio, e no gavial existe, ainda, uma diferenciação entre machos e fêmeas: nos primeiros 
são bem maiores e ficam em uma protuberância bem evidente.
Figura 39 – Crocodiliano em posição de repouso
As escamas permanecem durante toda a vida e crescem gradualmente para compensar o desgaste. 
Além disso, os animais apresentam placas ósseas (osteodermos), logo abaixo das escamas queratinizadas, 
o que lhes confere proteção (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Novidade importante é observada no sistema circulatório. Os crocodilianos possuem um coração 
dividido em quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos) e é chamado de coração tetracavitário. 
Uma diferença importante em relação aos corações do mesmo tipo nas aves e nos mamíferos é que 
nos crocodilianos existem duas artérias aortas, cada uma saindo de um ventrículo. A aorta que sai do 
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ventrículo direito tem fluxo de sangue venoso e irriga a parte posterior do corpo, especialmente as 
vísceras. A outra aorta tem fluxo de sangue arterial e irriga a região anterior do corpo, especialmente 
a cabeça. Entre elas existe uma ligação chamada forâmen de Panizza que permite o desvio de sangue 
oxigenado de uma aorta para outra em momentos em que o animal precisa de grande oxigenação 
do corpo todo, por exemplo, durante as movimentações para caça. Dessa maneira, os crocodilianos 
conseguem controlar sua circulação de acordo com a atividade que desempenham (HICKMAN JR.; 
ROBERTS; LARSON, 2013).
Aortas
Forâmen de 
Panizza
(IV)
Figura 40 – Esquema do coração tetracavitário tipicamente crocodiliano
No fundo da cavidade bucal a entrada para o esôfago é fechada por uma válvula importante, 
pois permite que o animal permaneça com água na cavidade bucal sem que ela entre no sistema 
digestório. Além disso, o animal pode ficar na água apenas com as narinas de fora e continuar 
respirando, uma vez que o caminho do ar não inclui a cavidade bucal (POUGH; JANIS; HEISER, 2009). 
Alguns são descritos como tendo um papo para armazenar alimento. É correto afirmar, no entanto, 
que possuem pedras de diferentes tamanhos, denominadas gastrólitos, no estômago, que ajudam na 
quebra e no desgaste do alimento.
Encéfalo
Narina
Língua
Esôfago
Traqueia Pulmão
Coração
Fígado
Pâncreas
Estômago
Intestino
Celoma
Reto Cloaca
Ureter
Testículo
RimAorta dorsal
MúsculosVértebra
Tubo 
nervosoPele
Músculos 
segmentares
Ducto 
deferente
Figura 41 – Detalhes da morfologia interna de crocodilianos
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5.1.4 Ecologia
Os crocodilianos estão sempre associados a ambientes aquáticos, sendo considerados, portanto, 
semiaquáticos. Essa característica é uma reversão, considerando‑se que os ancestrais anfíbios eram 
aquáticos. É, portanto, um hábito aquático secundário. A maioria das espécies é de água doce, vivendo em 
rios e lagos pelo mundo (crocodilo‑do‑nilo – Crocodylus niloticus), e também em ambientes marinhos ou 
estuarinos (Crocodylus porosus) (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013). Muitas, entretanto, realizam 
grandes deslocamentos por terra e podem, inclusive, correr ou galopar (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
 Observação
A expressão popular “lágrimas de crocodilo” é baseada em uma 
característica que os crocodilos marinhos têm, que é a eliminação do 
excesso de sal do seu corpo por meio de um fluido salgado que escorre 
pelos olhos vindo direto de glândulas de sal na cabeça. 
Figura 42 – Jacaré em ambiente típico, indicando seu hábito semiaquático
Mesmo os animais que chegam a mais de 5 m e 1.000 kg são muito rápidos e agressivos. Todos 
são carnívoros e predadores ativos de emboscada, se alimentando de animais de todos os tamanhos 
(bovinos, antílopes etc.). No entanto, jacarés costumam ser menos agressivos do que os crocodilos. 
O crânio típico dos gaviais indica um hábito alimentar piscívoro. Devido ao seu peso e porte grande 
dificilmente têm inimigos nos ambientes naturais (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
 Observação
Giro do crocodilo – os crocodilos mordem a presa e giram rapidamente 
ao longo de seu próprio eixo longitudinal, rompendo a porção que está 
sendo segura. 
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Todos são ovíparos, e as fêmeas geralmente depositam entre 20 e 50 ovos. Na época da reprodução 
as fêmeas constroem ninhos com folhas e galhos, ou mesmo no solo, e ficam por perto para proteger os 
ovos, em uma demonstração clara de cuidado parental. Apesar de todo o seu cuidado, qualquer descuido 
permite que mamíferos ou outros animais se alimentem de seus ovos. Até depois do nascimento os 
filhotes ainda estão vulneráveis à ação de predadores como aves, outros répteis, peixes e mamíferos. É 
relativamente comum a observação de cuidado parental nesta fase, quando a fêmea pega os filhotes 
com as mandíbulas e os carrega dentro da boca para a água, estimulando a natação e a exploração 
do ambiente. O cuidado com os filhotes vai até cerca de 2 ou 3 anos (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; 
HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013). Ao nascerem os filhotes já são capazes de obter seu próprio 
alimento e também se alimentam dos restos da alimentação dos pais (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Conforme apresentado para as tartarugas, a temperatura de incubação dos ovos é fundamental para 
a definição do sexo dos filhotes. Mas atenção, porque a relação com a temperatura é inversa em relação 
às tartarugas, ou seja, nos crocodilianos as temperaturas mais altas geram os machos, ao passo que as 
baixas geram fêmeas (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
A comunicação entre os crocodilianos é bem evidente e conhecida. Movimentos com a cabeça, 
a cauda e o dorso podem ser observados em diversas situações. Sons são produzidos para afugentar 
rivais, sobretudo durante a estação reprodutiva. Além disso, os filhotes produzem sons característicos 
no momento da eclosão, ainda dentro do ninho, atraindo a atenção da fêmea, que os ajuda a nascer 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
É relativamente comum nos documentários sobre vida selvagem observarmos crocodilianos com a 
boca aberta repousando em terra firme. Essa posição permite que pequenas aves realizem um serviço 
de limpeza dos dentes ao retirarem restos de comida da boca do animal, em uma associação ecológica 
bastante interessante (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Figura 43 – Associação ecológica entre crocodiliano e aves
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5.2 Ordens extintas
Os arcossáurios possuem um grande número de formas extintas, algumas das quais foram as 
dominantes em determinados momentos do passado. Entre elas, destaque para alguns dos seres mais 
fantásticos que já estiveram na superfície do planeta.
5.2.1 Sistemática
As formas extintas de Archosauria podem ser organizadas em três grandes grupos, a saber: 
Pterosauria, Ornithischia e Saurischia. Desses apenas os dois últimos serão subdivididos em categorias 
menores para satisfazer as necessidades de diferenciação morfológica e ecológica.
De acordo com Pough, Janis e Heiser (2009), a ordem Ornithischia contém três grupos:
• Thyreophora: dinossauros encouraçados. Formas quadrúpedes incluindo Stegosauria (com dupla 
fileira de placas, espinhos nas costas e cauda) e Ankylosauria (muito encouraçadas, algumas com 
caudas claviformes).
• Ornithopoda: bípedes, incluindo os dinossauros‑bico‑de‑pato.
• Marginocephalia: os Pachycephalosauria (dinossauros bípedes com crânios extremamente 
espessos) e os Ceratopsia (dinossauros quadrúpedes com cornos).
Por sua vez, a ordem Saurischia é tradicionalmente dividida em subordens Sauropodomorpha e 
Theropoda. Os primeiros eram formas principalmente herbívoras e quadrúpedes, ao passo que os demais, 
que incluem as aves atuais, foram carnívoros bípedes. Vale lembrar aqui uma discussão que já foi 
colocada em capítulos anteriores desse mesmo material e que será levada a cabo em breve. Trata‑se dos 
estudos cladísticos recentes que colocam as aves como um grupo de Saurischia, mais especificamente 
Theropoda, moderno e altamente derivado. Tal assunção faz que os répteis devam incluir as aves para 
serem validados como grupo monofilético (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
5.2.2 História evolutiva
Esses grupos contribuíram muito para a diversidade dos vertebrados. Se pensarmos em relação a 
todos os animais, o voo surgiu de maneira independente apenas quatro vezes ao longo de toda a história 
da vida. Uma delas foi nos insetos. Outra nos mamíferos quirópteros, ou seja, os morcegos. As outras 
duas ocorreram justamente nos arcossáurios, uma nas aves e outra nos pterossauros. Constitui, portanto, 
um caso de evolução paralela (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Os pterossauros não podem ser considerados dinossauros voadores. Há uma grande quantidade de 
semelhanças entre eles, uma vez que todos são répteis. Contudo há outra quantidade de características 
que são próprias de cada uma das espécies (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
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Um grande problema que atinge o conhecimento sobre todos esses grupos é o fato de seus 
representantes serem conhecidos apenas por meio de fósseis. O registro fossilífero é, reconhecidamente, 
incompleto (CARVALHO, 2011) e, portanto, incapaz de fornecer uma compreensão completa sobre a 
maioria dos seres vivos nessas condições. Grande parte da informação existente hoje em dia sobre esses 
grupos extintos advém de comparações e analogias com seres que vivem atualmente e que pertençam 
ao mesmo grupo taxonômico, a um grupo taxonômico próximo ou, ainda, que tenha hábitos de vida 
semelhantes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Além dos pterossauros, outro grupo importante de Archosauria é popularmente conhecido como 
dinossauros. Entretanto, sistematicamente, eles devemser tratados como dois grupos independentes, 
porém relacionados: os Ornithischia e os Saurischia. Eles representam irradiações independentes a partir 
de um ancestral comum bípede e se desenvolveram ao ponto de apresentarem especializações próprias 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Estudos detalhados têm revelado que no início da Era Mesozoica, quando os continentes ainda estavam 
ligados, os dinossauros do mundo eram muito similares. No Cretáceo, conforme se moviam e se separavam, as 
diferenças regionais nas faunas de dinossauro ficaram maiores, tornando o grupo mais diversificado. Ornithischia 
e Saurischia apresentavam modificações associadas na estrutura da pelve que constituem importante fonte de 
informação para diferenciar esses dois grandes grupos. Tais distinções indicam que os dois grupos se diferenciaram 
cedo na história evolutiva (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Uma das grandes controvérsias envolvendo dinossauros é a respeito de sua termorregulação. Os 
répteis são, por definição, animais ectotérmicos. Aliás, a ectotermia é uma característica ancestral na 
linhagem dos Archosauria e dos Crocodilia, e a endotermia observada nas Aves é característica derivada. 
Mas e os dinossauros? Afinal, eles estão na linhagem evolutiva das aves. (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; 
HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Essa discussão passa, em grande parte, pela correta definição de homeotermia, ectotermia e 
endotermia. Embora esse seja um assunto mais fisiológico, vale a pena ser tratado aqui. Homeotermia 
significa que a temperatura corporal de um organismo é razoavelmente estável. Endotermia e ectotermia 
são mecanismos de regulação da temperatura corporal. Na ectotermia significa que a fonte primária 
de calor para elevar a temperatura vem de fora do corpo, enquanto na endotermia a fonte primária de 
calor situa‑se dentro do corpo. Ambas podem produzir homeotermia (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
A diversidade dos dinossauros e o grande tamanho a que chegaram dificultam as conclusões sobre 
os seus mecanismos de termorregulação. Além disso, faltam animais atuais com características de 
tamanho e peso compatíveis com as dos dinossauros para comparação (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
5.2.3 Caracterização dos grupos
5.2.3.1 Ordem Pterosauria
Um dos grupos de arcossáurios mais conhecidos no mundo todo não possui nenhum representante 
atual. Todos os pterossauros estão extintos. Surgiram e tiveram seu auge na Era Mesozoica, particularmente 
do final do Período Triássico ao Cretáceo (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
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São conhecidos também como répteis voadores e, é bom que se diga, não são dinossauros, embora 
tenham vivido na mesma época e praticamente nos mesmos locais. Correspondem à linhagem de répteis 
que explorou o ambiente aéreo (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Sua morfologia foi bastante variável, e ainda há alguns pontos a serem esclarecidos pelos 
cientistas. Um grande obstáculo ao conhecimento desse grupo é o fato de seus membros estarem 
extintos e, portanto, serem conhecidos apenas através de fósseis. Havia espécies com pequeno 
porte, do tamanho de uma ave pequena, como observado no gênero Pterodactylus, até gigantes 
alados, como no gênero Quetzalcoatlus, com cerca de 13 m da ponta de uma asa a outra (POUGH; 
JANIS; HEISER, 2009).
Uma singularidade desse grupo, diretamente ligada ao seu hábito voador, é o par de asas 
correspondente aos membros anteriores. Em sua estrutura podemos notar o quarto dedo longo 
sustentando a fina pele que dá forma à asa e se fixa às laterais do corpo. Havia, certamente, uma variedade 
de formatos de asas que diferiam, sobretudo, na parte do corpo à qual estavam ligadas as membranas. 
Isso influenciava diretamente o tipo de voo. Embora a capacidade de voar seja evidente, a sua eficiência 
é motivo de grande debate científico. Muitos acreditam que tenham sido voadores ineficientes. Há 
estudos sugerindo que os pequenos Pterosauria foram voadores lentos como os morcegos. Contudo, 
os de grande porte parecem ter se especializado em planar como os urubus e abutres (POUGH; JANIS; 
HEISER, 2009).
Asa de réptil voador
Asa de ave
Asa de morcego
Figura 44 – Comparação entre as estruturas das asas em três diferentes grupos de vertebrados (Pterossauros, Aves e Morcegos)
Os primeiros representantes da família Rhamphorhynchoidea possuíam cauda longa com uma 
expansão na ponta que deveria ser útil na navegação. Essa característica foi perdida em outros grupos 
mais derivados (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
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Analogamente às aves, os ossos dos pterossauros são longos e ocos (pneumáticos), tendo a função 
de reduzir o peso com pouca perda de resistência. O osso esterno, que conecta as costelas ventralmente, 
já estava bem desenvolvido (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Provavelmente foram animais que se utilizavam bastante da visão, pois possuíam olhos grandes e 
grande desenvolvimento da parte do cérebro destinada à visão. Da mesma forma o cerebelo, relacionado 
ao equilíbrio e à coordenação dos movimentos, era grande em proporção às outras partes do encéfalo, 
assim como nas aves (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Muitos possuíam dentes afiados e crânio arredondado como aqueles encontrados atualmente em 
morcegos. Por outro lado, alguns possuíam estrutura em forma de bico muito semelhante ao das aves. 
A forma da boca e a presença, ou não, de dentes estão diretamente relacionadas ao hábito alimentar 
desses animais. Para alguns foi atribuída uma dieta à base de peixes ou pequenos vertebrados terrestres. 
Thallasodromeus sethi, um pterossauro do Cretáceo do Brasil, tinha maxilas alongadas sem dentes e um 
bico interno com lâminas afiadas na extremidade, muito similar aos bicos de aves peneiradoras (POUGH; 
JANIS; HEISER, 2009).
5.2.3.2 Dinossauros (ordens Saurischia e Ornithischia)
Esses dois grupos serão tratados em conjunto, uma vez que compartilham muitas características e 
boa parte de sua história evolutiva. Um importante passo evolutivo que atingiu ambos os grupos foi o 
deslocamento dos membros para debaixo do corpo, além de uma tendência generalizada de bipedalismo. 
Analisadas em conjunto, essas duas características levam a uma eficiência maior na locomoção. Merece 
destaque o fato de que todos os dinossauros foram animais terrestres. É certo que alguns podiam passar 
algum tempo na água caçando, mas nenhum era aquático, semiaquático ou voador (POUGH; JANIS; 
HEISER, 2009, HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Os ancestrais desse grupo possuíam deslocamento desajeitado, pois o úmero e o fêmur ficavam 
horizontalmente ao lado do corpo, com o cotovelo e o joelho dobrados em um ângulo reto. Essa postura 
deu origem a uma nova configuração na qual os membros foram mantidos verticalmente sob o corpo. 
Com essa nova configuração os dinossauros passaram a apresentar formas bípedes e quadrúpedes 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
 Saiba mais
Conheça mais sobre a história evolutiva dos dinossauros e a possibilidade 
de seu retorno por meio do livro:
DESALLE, R.; LINDLEY, D. Jurassic Park e o mundo perdido ou como fazer 
um dinossauro. São Paulo: Campus, 1998.
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Nos Saurischia quadrúpedes, tanto o púbis quanto o ísquio, tornaram‑se alongados, e o 
púbis foi girado para frente (cranialmente). O púbis dos Ornithischia primitivos não se projetava 
cranialmente, sendo o ílio alongado de modo cranial (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; 
ROBERTS; LARSON,2013).
Ílio
ÍlioPúbis
Púbis
Stegosaurus
9 m
Coelophysis
3 m
Ísquio
Ísquio
A) B)
Figura 45 – Representação da cintura pélvica em A) dinossauros saurísquios e B) ornitísquios
O desenvolvimento do bipedalismo foi importante para permitir a exploração de novas oportunidades 
ambientais. Um animal totalmente quadrúpede utiliza seus membros peitorais para caminhar. Em uma 
postura bípede os membros peitorais passam a ser menos exigidos para a locomoção e estão livres 
para atuar de outras maneiras, incluindo funções especializadas, como capturar presas. Além disso, os 
membros posteriores são consideravelmente mais longos que os anteriores. Essa característica vale para 
dinossauros bípedes e quadrúpedes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
 Observação
Os dinossauros quadrúpedes possuíam os membros posteriores mais 
longos que os anteriores, e acredita‑se que isso indique sua evolução a partir 
de ancestrais bípedes, tendo‑se tornado quadrúpedes secundariamente. 
5.2.3.3 Ordem Ornithischia
Os dinossauros Ornithischia eram herbívoros e se diversificaram bastante, bem mais do que os 
Saurischia. A maioria tinha maxilas e bicos córneos, em vez de dentes, na parte da frente da boca. Os 
Ornithischia maiores, no entanto, eram quadrúpedes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
A palavra Ornithischia significa “pelve de ave”. Tal nomenclatura se deve, justamente, à principal 
estrutura de diferenciação em relação aos dinossauros com pelve de lagarto, ou seja, os Saurischia. 
Ornithischia possui uma cintura pélvica complexa, na qual o osso ilíaco (ou apenas ílio) e o ísquio 
não mudam muito em relação ao outro grupo, mas o púbis tem a forma de uma barra estreita com 
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uma extremidade direcionada anteroposterior e paralelamente ao ísquio (HICKMAN JR.; ROBERTS; 
LARSON, 2013).
 Observação
Embora Ornithischia tenha a pelve semelhante à das aves atuais, as 
aves surgiram de um grupo de Saurischia. 
Apresentavam uma grande diversidade de tamanhos e formas, além de estruturas bem características 
dos grupos, como pele encouraçada com osteodermes bem‑desenvolvidos (Ankylosauria), fileira de placas 
e espinhos nas costas e na cauda (Stegosauria), extremidade da cauda aumentada com formato de clava 
(Ankylosauria), bico de pato (Hadrosauria) e crânios extremamente espessos (Pachycephalosauria) e com 
cornos (Ceratopsia) (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
A)
C)
B)
D)
Figura 46 – Representantes dos Ornithischia. A) Ankylosauria. B) Ceratopsia. C) Hadrosauria. D) Pachicephalosauria
A diversidade morfológica dos Ornithischia aponta na direção de grande diversidade de comportamento 
e ecologia, contando com interações sociais através de demonstrações visuais, vocalizações, disputas 
cabeça a cabeça, entre outras. Ovos fossilizados indicam o hábito de construção de ninhos, pelo menos 
para algumas espécies. Além disso, há inferências sobre cuidado parental a partir de uma preservação 
muito rara, onde fósseis de filhotes de Hadrosauria (Maiasaura) com quase 1 m de comprimento, ou seja, 
bem maiores que os recém‑nascidos, foram encontrados na mesma área, mostrando que o grupo havia 
permanecido unido depois da eclosão (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
5.2.3.4 Ordem Saurischia
Os estudos paleontológicos sobre o grupo permitem listar, pelo menos, dez caracteres derivados 
compartilhados pelos membros dessa ordem. O mais evidente deles é o alongamento de um pescoço móvel e 
com forma de “S”. Sendo as aves um grupo moderno e bem diferenciado de Saurischia, essa é a característica 
que as distingue dos demais amniotas atuais. Podem ser citados, ainda, como aspectos de Saurischia, algumas 
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modificações da mão, crânio e esqueleto pós‑craniano (POUGH; JANIS; HEISER, 2009). A cintura pélvica, por 
exemplo, é simples, trirradiada e muito parecida com a dos demais répteis. Um de seus ossos, o ílio, é grande 
e achatado lateralmente, conectando‑se a uma ou duas vértebras sacrais. Já o púbis e o ísquio se estendem, 
respectivamente, nos sentidos anterior e ventral (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Suas subdivisões, ou seja, subordens Sauropodomorpha (saurópodas) e Theropoda (terópodas) 
apresentam diferenças morfológicas e ecológicas bem evidentes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Os saurópodas incluem animais enormes, herbívoros e quadrúpedes. Foram os maiores vertebrados 
terrestres que já existiram, e o maior deles pode ter alcançado comprimento acima de 30 m e peso de 70.000 
kg (BALTER, 2015). Nesse grupo estão animais muito conhecidos do grande público, como Brachiosaurus, 
Apatosaurus e Diplodocus (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Figura 47 – Representação de um dinossauro Saurischia Sauropodomorpha
Na qualidade de maiores animais já existentes, os saurópodas dominaram a superfície do planeta no 
final do Período Jurássico e início do Cretáceo. Por serem muito pesados tinham características especiais que 
ajudavam a coluna vertebral a resistir aos esforços excessivos. As vértebras eram maciças, e os arcos neurais, 
bem‑desenvolvidos, com ligamentos fortes. A cabeça e a cauda eram mantidas em balanço em relação ao 
corpo. Os pés eram semelhantes aos dos elefantes, e o peso do corpo era sustentado principalmente pelos 
membros posteriores (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Figura 48 – Reconstituição do esqueleto de um grande saurópoda
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A cauda não é achatada lateralmente, sendo arredondada em sessão transversal e, em alguns casos, 
terminando em um longo e fino chicote. Atuava como contrapeso para o restante do corpo e, também, 
como arma defensiva (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Como um padrão dos dinossauros, os membros ficavam posicionados abaixo do corpo, eretos, algo muito 
parecido com o que ocorre nos elefantes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Embora sejam descritos como herbívoros, seus dentes apresentavam diferenças em relação aos dentes 
observados em herbívoros atuais. Não havia dentes achatados (chamados de molariformes) para triturar 
a matéria vegetal ingerida. Tudo indica que essa função era realizada por pedras existentes no estômago, 
os chamados gastrólitos, também presentes em aves e crocodilianos atuais. Contudo, provavelmente 
não foram exclusivamente herbívoros. Devem ter se aproveitado de todas as oportunidades de alimento 
disponíveis, inclusive carniça (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
A interpretação de sua morfologia indica que eles provavelmente ocupassem terrenos abertos, 
com vegetação abundante formada por herbáceas (por exemplo, samambaias e cicadáceas) e arbóreas 
(coníferas) (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Alguns estudiosos defendem que os saurópodas viviam com o pescoço ereto, ou, pelo menos, levantavam 
o pescoço para se alimentarem das folhas mais altas das árvores. Essa postura, entretanto, gera um problema 
para esses dinossauros gigantes, com pescoço longo. Como bombear sangue para a cabeça quando estavam 
com o pescoço levantado, uma vez que a distância em relação ao solo poderia chegar a 20 m e a 7 m acima do 
nível do coração? A resposta a esse problema parece acabar também com a postura sugerida para o animal. 
Para resolver o problema da circulação a cabeça deveria ficar no mesmo nível do coração, o que coloca esses 
animais com o pescoço esticado para a frente (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Rastros fossilizados interpretadoscomo de saurópodas indicam um possível comportamento em 
manada formada por 23 dinossauros organizados, com os jovens no meio, circundados pelos adultos. 
Talvez se comportassem assim para diminuir os riscos de ataque de seus predadores. Tinham como grandes 
inimigos e predadores os Saurischia Theropoda, que, muitas vezes, não se intimidavam nem com o tamanho 
desses pacatos saurópodas (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
A) B)
Figura 49 – Representantes dos Saurischia Theropoda. A) Tyrannosaurus. B) Deinonychus
Predador é uma boa definição para os terópodas. Havia três tipos fundamentais: predadores de 
grande porte (Ceratosauria, Allosauria e Tyrannosauria), predadores velozes que caçavam presas 
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pequenas (Ornithomimidae) e predadores velozes que atacavam presas maiores que o seu próprio corpo 
(Dromeosauria). Alguns dos maiores chegaram a ter 15 m de comprimento e 6 m de altura (POUGH; 
JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Seus representantes aumentaram muito de tamanho ao longo da Era Mesozoica, chegando a ter um 
tamanho equivalente ao de suas presas (Ornithischia). Todos foram carnívoros, e a predação foi o hábito 
alimentar mais difundido no grupo, embora carniceiros estivessem presentes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
As maiores espécies tinham uma grande diferença de tamanho dos membros anteriores (menores) em 
relação aos membros posteriores. Portanto, tinham pouca utilidade na hora da caçada. Provavelmente 
suas principais ferramentas de caça estivessem no crânio, podendo ser resumidas como: dentes que 
podiam chegar a 15 cm de comprimento e tinham forma de adaga e margens serrilhadas, poderosos 
músculos para mordida e grandes cavidades nasais revestidas por receptores químicos (POUGH; JANIS; 
HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
 Lembrete
Coprólito é o nome que se dá para fezes fossilizadas. Seu estudo indica 
o tipo de alimento ingerido pelo animal em sua última refeição. 
Embora os grandes terópodas sejam os mais lembrados e reconhecidos pelo grande público, também 
existiam as espécies pequenas. Normalmente tinham crânio pequeno, pescoço longo e maxilas sem 
dentes, recobertas por um bico córneo. Membros anteriores eram proporcionalmente mais longos do 
que aqueles observados em seus parentes terópodas de grande porte (POUGH; JANIS; HEISER, 2009). As 
patas posteriores eram fortes, com três dedos nos pés. Havia uma cauda longa e pesada servindo como 
contrapeso (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Muitos devem ter sido onívoros se alimentando do que estivesse disponível mais facilmente no 
ambiente. Viviam em bandos em regiões abertas (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Já foi esclarecido que os dinossauros foram exclusivamente terrestres. Contudo, deve‑se ter cuidado 
com as informações. Alguns dinossauros terópodas tinham o corpo coberto por penas, mas não eram 
capazes de voar, nem eram aves. Isso é possível porque essa estrutura não está ligada exclusivamente ao 
voo. Assim, as penas vieram antes das aves e do voo. Um grupo de dinossauros emplumados foi o dos 
dromeossauros, cujo gênero Velociraptor talvez seja seu representante mais conhecido, devido ao cinema. 
Supostamente as penas nesses animais tivessem a função de prover termorregulação, camuflagem, 
comportamentos de corte ou até mesmo para planar ou controlar saltos nas árvores (HICKMAN JR.; 
ROBERTS; LARSON, 2013).
5.2.3.5 Diapsida marinhos
Até recentemente o estilo de crânio Euryapsida era tido como característico de uma classe. Atualmente 
ele é considerado uma modificação do crânio Diapsida. Representa mais uma faceta interessantíssima dos 
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diapsida, que já apresentavam espécies voadoras (por exemplo, pterossauros e aves), terrestres (dinossauros), 
semiaquáticas (crocodilianos) e agora aquáticas marinhas. Vale ressaltar que esse hábito aquático é uma 
característica secundária, representando o retorno à agua que era típico do ancestral dos répteis. Foram 
habitantes das regiões litorâneas e mares rasos em algumas partes do mundo (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Correspondem a animais extintos conhecidos como ictiossauros, plesiossauros e Placodontia. Viveram 
na Era Mesozoica, com os dinossauros e pterossauros. Uma característica interessante é que alguns 
de seus membros demonstram convergência adaptativa com outros seres aquáticos, como tubarões 
(peixes) e golfinhos (mamíferos) (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Tubarão
Ictiossauro
Golfinho
Figura 50 – Convergência adaptativa envolvendo peixe, réptil e mamífero
Os Placodontia viveram no Triássico e foram especializados na predação de invertebrados. Tinham 
dentes maxilares grandes e achatados. Alguns possuíam uma forma corpórea convergente à das 
tartarugas, com um bico córneo e um corpo recoberto com osso (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Os Plesiosauria viveram do final do Triássico até o Cretáceo. Foram bastante diversificados, e os 
primeiros representantes tinham pescoço longo e cabeça proporcional em relação ao comprimento do 
corpo. Em uma etapa posterior da evolução do grupo surgiram duas linhagens bem típicas, uma com 
crânio longo e pescoço curto, e outra com crânio pequeno e pescoço longo. Seus membros tinham 
forma de nadadeiras e davam o impulso necessário ao animal na água. Como uma particularidade do 
grupo as narinas estavam no alto da cabeça, em frente aos olhos (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Por sua vez, os Ichthyosauria foram os tetrápodes aquáticos mais especializados durante a Era 
Mesozoica, assumindo uma forma de corpo bem hidrodinâmica, como a de alguns peixes ou golfinhos. 
No entanto, eles mantiveram os membros anteriores e posteriores, que tinham forma de eficientes 
remos (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
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Fósseis raros e muito bem‑preservados demonstram provável hábito vivíparo desses animais, uma 
vez que esqueletos de fetos são encontrados ainda no interior do corpo do adulto (POUGH; JANIS; 
HEISER, 2009).
Na maioria as cabeças eram grandes, com maxilas longas e finas, além de dentes muito agudos. 
Tinham olhos grandes sustentados por anéis ósseos. No Período Jurássico atingiram sua maior diversidade 
e, logo depois, no Cretáceo, já estavam representados por apenas um gênero, vindo a se extinguir antes 
do final da Era Mesozoica (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
6 CLASSE AVES
Atualmente, nenhum grupo de vertebrados explora tão bem o ambiente aéreo quanto as aves. Embora 
não sejam os únicos animais voadores, e nem mesmo os únicos vertebrados voadores, são os que apresentam 
maior variedade de tamanhos, formas, hábitos e, inclusive, exemplos interessantes de retorno à condição 
não voadora de seus ancestrais Saurischia. Além do voo, destacam‑se pela beleza e pelo colorido de suas 
penas, bem como pelos belos sons emitidos por algumas de suas espécies. Ornitologia é a área da biologia 
que estuda as aves, e ornitólogos são os profissionais que se dedicam ao seu estudo.
6.1 Sistemática
O grupo conta com aproximadamente 9.700 espécies viventes, perdendo apenas para os peixes em 
termos de diversidade entre as classes de vertebrados.
Como será visto em seguida, aves e répteis (dinossauros ou não) compartilham uma série de características 
anatômicas e fisiológicas que apontam claramente na direção de parentesco próximo entre os grupos. De fato, 
uma abordagem filogenética da classificação resultou no agrupamento de aves com dinossauros terópodes. 
Desse ponto de vista, os dinossauros não estão extintos,estando presentes hoje em dia como aves! Não 
se pode estudar esse grupo sem mencionar o debate sobre sua posição sistemática. Assim, tanto a classe 
Reptilia quando a ordem Saurischia serão consideradas parafiléticas se não julgarem o grupo Aves como seu 
integrante (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
As aves atuais pertencem à subclasse Neornithes, que é dividida em duas superordens:
• Paleognathae: ou aves ratitas são grandes aves não voadoras similares aos avestruzes e kiwis, 
que têm o esterno achatado com músculos peitorais pouco desenvolvidos.
• Neognathae: todas as demais aves, quase todas voadoras, que têm o esterno com quilha, onde se 
fixam poderosos músculos de voo.
Não podem ser chamados de pássaros porque esse é o nome que se refere a um grupo dentro de 
Aves, formado pelas chamadas aves canoras, que são aquelas que produzem sons melodiosos. Elas 
pertencem à ordem Passeriformes e são bastante diversificadas, correspondendo a mais da metade de 
todas as conhecidas. Portanto, “pássaros“ não é um sinônimo de Aves.
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 Lembrete
Independentemente do debate sistemático, o nome do grupo deve ser 
Aves (com s no final). 
6.2 História evolutiva
Conforme mencionado anteriormente, os Archosauria deram origem a duas irradiações independentes de 
animais voadores: pterossauros e aves. As duas ocorreram na Era Mesozoica, embora apenas as aves tenham 
sobrevivido à grande extinção que marcou o final dessa Era. Aves e Crocodilia são, hoje em dia, os únicos 
representantes dos Archosauria. Na verdade, Aves e Archosauria são tão semelhantes que, se as aves tivessem 
desaparecido no final da Era Mesozoica e fossem conhecidas hoje apenas por meio de fósseis, seriam consideradas 
apenas mais um grupo de Archosauria altamente especializado (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Uma peça‑chave quando se trata da origem e da evolução das aves chama‑se Archaeopteryx 
lithographica (significa “asa antiga inscrita sobre pedra”). Corresponde a um fóssil de cerca de 147 
milhões de anos, que retrata de maneira extremamente bem‑preservada detalhes anatômicos inéditos 
do que teria sido uma das primeiras (se não a primeira) ave a surgir. Foi encontrado na Alemanha em 
1861, em rochas que correspondem ao sedimento acumulado no fundo de um lago da Era Mesozoica. Em 
vida, o animal deve ter tido o tamanho de um pombo. Pequeno no tamanho, mas grande no significado 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Sua morfologia combina características típicas de aves modernas, como o crânio, com outros aspectos 
de seus ancestrais Saurischia, como os dentes ósseos presentes na região do bico. Além disso, seu esqueleto, 
de uma maneira geral, era reptiliano, com cauda óssea longa, dedos com garras e costelas abdominais. Assim, 
poderia ter sido considerado um dinossauro terópode. Contudo, as penas tinham o estilo moderno das usadas 
para o voo que são típicas das aves (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Figura 51 – Exemplar fossilizado de Archaeopteryx lithographica, uma das aves mais antigas conhecidas
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De fato, é grande a semelhança entre as aves e os répteis de uma maneira geral (chamados de répteis 
não aves, ou não aviários). Entre as características que evidenciam isso estão: o crânio que se conecta com 
a primeira vértebra cervical por uma pequena articulação óssea; possuem um único osso na orelha média, 
o estribo; a mandíbula é composta por cinco ou seis ossos; excretam seus resíduos nitrogenados na forma 
de ácido úrico; põem ovos semelhantes, com muito vitelo, e o embrião desenvolve‑se, inicialmente, por 
clivagem superficial. Soma‑se a essas semelhanças o fato de que aves e dinossauros terópodes possuem o 
pescoço longo em forma de S, a fúrcula (clavículas fusionadas) e os ossos lunares do punho, que permitem 
movimentos giratórios, posteriormente usados no voo. Assim, todas essas informações permitiram considerar 
as aves como dinossauros Saurischia Theropoda modificados (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Posteriormente foram encontrados fósseis de aves mais derivadas que Archaeopteryx, que registravam 
o desenvolvimento da quilha do esterno e da álula, a perda dos dentes e a fusão de ossos característica 
das aves modernas (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
6.3 Morfologia
Com raras exceções (talvez o pinguim seja uma, e o kiwi da Nova Zelândia, outra) não há dificuldades 
em reconhecermos uma ave. Isso porque durante os 150 milhões de anos de evolução elas mudaram 
pouco sua estrutura geral. Contudo, isso não as impediu de apresentarem uma grande diversidade de 
formas, sempre mantendo uma configuração básica estável. Isso talvez seja explicado pelo fato de que 
elas (bem, quase todas) sempre apresentam como proposta básica o voo (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; 
HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Sim, parece que tudo gira em torno do voo. Essa é uma tarefa difícil, tanto que poucos animais na 
história do planeta apresentaram tal movimentação. Para ocorrer dependem de metabolismo altamente 
eficiente e morfologia que faça esse metabolismo ser traduzido em movimento aéreo. Deve ter asas 
para sustentação e propulsão, forma aerodinâmica, estrutura leve formada por ossos ocos e resistentes, 
enfim, um conjunto de características externas e internas que, juntas, permitam o desenvolvimento do 
voo (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Mas que configuração é essa?
Do mesmo jeito que um avião, foguete ou mesmo um aviãozinho de papel devem apresentar algumas 
características para voar, as aves também precisam. Duas condições necessárias são uma grande potência e 
um peso pequeno. Deve‑se lembrar, entretanto, que o voo não é a única função necessária para a vida das 
aves. Dessa forma, ela deve combinar o voo com a termorregulação, a alimentação, a digestão, a excreção, 
a reprodução, entre tantas outras funções (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 
2013). A seguir serão apresentadas algumas das principais adaptações das aves ao voo.
• Penas
A única sinapomorfia das aves são as penas. Assim, podemos considerar que, se um animal tem 
penas, ele é uma ave, mas essa regra deve ser acompanhada de um aviso muito importante. Ela é 
válida para os dias de hoje, haja vista que no passado, mais especificamente na Era Mesozoica, alguns 
dinossauros Theropoda também apresentavam penas (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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Penas são estruturas muito leves, elásticas e resistentes. Normalmente correspondem a um eixo oco 
pequeno chamado cálamo, que surge de um folículo na pele, e sua continuação, que é a raque (ou raquis). 
É, portanto, uma estrutura dérmica e homóloga às escamas dos répteis. De lados opostos da raque saem as 
barbas, feixes arranjados de maneira paralela e muito próximos uns aos outros, formando uma superfície 
plana, ampla e entrelaçada, o vexilo. Podem existir várias centenas de barbas em um vexilo. Por sua vez, 
cada barba também é formada por estruturas menores chamadas bárbulas que, grosso modo, reproduzem 
a descrição acima da pena, pois possuem um eixo central de onde saem filamentos paralelos e entrelaçados 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Barba
Ráquis
RáquisCálamo
Bárbulas
Figura 52 – Estrutura básica de uma pena
As bárbulas de uma barba sobrepõem‑se às da barba vizinha, em um padrão de zigue‑zague, 
mantendo‑sejuntas com grande resistência por meio de pequenos ganchos. Para as aves, manter 
as penas intactas é questão de sobrevivência, e constantemente elas alisam as penas com os bicos 
para mantê‑las em ordem. Todas as aves possuem, ainda, a chamada glândula uropigiana, que secreta 
substância oleosa para impermeabilização e restauração das penas. Essa glândula fica próxima à cauda, 
e sua secreção é recolhida com o bico e distribuída pelas penas (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN 
JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Glândula uropigiana
Figura 53 – Localização da glândula uropigiana
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Unidade II
A coloração das aves está nas penas. Algumas têm apenas uma cor, enquanto outras possuem cores 
diferentes em várias partes do corpo. Penas vermelhas, laranja e amarelas são coloridas por pigmentos 
depositados nas bárbulas enquanto estão em formação. As cores preta, marrom, marrom‑avermelhada 
e cinza são de pigmento (melanina). Outras, como alguns azuis brilhantes, não dependem de pigmento, 
mas sim de partículas no interior das penas; essas são cores estruturais (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; 
HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
A) B)
Figura 54 – Variedade de coloração nas penas das aves. A) Periquito australiano. B) Pavão
Nem todas as penas são iguais. Elas têm estruturas diferentes de acordo com as funções que 
desempenham. As penas mais características são as de contorno (ou de cobertura) que recobrem e 
dão forma aerodinâmica ao corpo da ave. Uma variação delas são as penas de voo que se projetam 
para fora das asas e cauda aumentando a superfície dessas partes do corpo. Filoplumas são penas 
diferentes do padrão, pois possuem uma raque delgada com um tufo de barbas curtas na extremidade. 
São encontradas em partes específicas de algumas aves, como ao redor do bico, e não possuem função 
conhecida. As plumas são tufos macios, sem raque visível, que ficam sob as penas de contorno no peito 
e no abdome das aves aquáticas e em jovens de algumas espécies, servindo como isolante térmico e para 
manutenção da temperatura (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Após o desenvolvimento completo uma pena é uma estrutura morta e, portanto, precisa ser 
substituída periodicamente para que a ave se mantenha sempre em perfeitas condições, em um processo 
chamado de muda. As penas de voo das asas e da cauda são trocadas aos pares, uma de cada lado, para 
que o equilíbrio seja mantido (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
• Esqueleto
Quando o assunto é leveza corporal, o esqueleto desempenha papel extremamente importante. 
Os ossos das aves modernas são muito leves, delicados e contém cavidades internas (chamado 
ossos pneumáticos). Apesar da leveza, são resistentes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN 
JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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 Observação
O esqueleto de uma fragata, com 2,1 m de envergadura, pesa apenas 
114 g, ou seja, menos que o peso de todas as suas penas. 
O crânio das aves é leve e, na maioria das vezes, corresponde a uma só peça. Destaque para a caixa 
craniana e as órbitas que são amplas, acomodando um cérebro muito desenvolvido e olhos grandes 
extremamente importantes para a sobrevivência do animal (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN 
JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Órbita
Mandíbula
Metacarpiais
Cúbito
Rádio
Úmero
Escápula Pelve
Fêmur
Patela
Estemo
Quilha
Costela
Coracoide
Clavícula
(osso da sorte)
Vértebras 
cervicais Vértebras 
caudais
Vértebras torácicas
Processo uncinado
Tíbia‑tarso
Tarso‑metatarso
II
I
IV
III
III
IVII
Figura 55 – Esqueleto de ave
As aves modernas não possuem dentes. Em seu lugar existe um bico córneo (queratinizado) moldado 
ao redor dos ossos das maxilas. Os bicos, apesar de muito diversificados, também estão presentes em 
todas elas. Ele serve para a obtenção e manipulação de alimento (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN 
JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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Unidade II
Uma característica importante do esqueleto é a fusão entre as vértebras da coluna, exceto na região 
do pescoço. Sua extremidade posterior, reunindo as vértebras caudais, é chamada pigostilo, enquanto 
muitas das vértebras do tronco fundem‑se ao sinsacro. Essas vértebras fusionadas com a cintura pélvica 
formam uma estrutura firme, porém leve, para sustentar as pernas e proporcionar rigidez para o voo 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Sacro
Vértebras lombares
Cóccix
Figura 56 – Extremidade posterior da coluna vertebral
Classicamente, considera‑se que as aves paleógnatas não possuem a quilha (ou carena) no osso 
esterno, enquanto as neógnatas possuem tal estrutura. Contudo, há exceções. Existem várias aves 
neógnatas que não apresentam quilha. Essa estrutura possibilita a fixação de músculos de voo potentes. 
As clavículas unidas formam uma fúrcula elástica.
Todas as aves têm asas, que correspondem aos seus membros anteriores. Mas cuidado, toda ave tem 
asa, mas nem toda ave voa, isso porque asa não é sinônimo de voo. Claramente as asas correspondem a 
uma adaptação dos membros anteriores de um tetrápode, incluindo todos os seus principais elementos 
ósseos, ou seja, braço, antebraço, pulso e dedos. Por outro lado, todas têm membros posteriores adaptados 
para funções como andar, nadar e sustentar o corpo (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Os pés praticamente não têm musculatura, sendo formados por ossos, tendões e pele recoberta 
por escamas. Por isso apresentam uma aparência fina e delicada nas pernas. Essa estrutura possui um 
mecanismo interessante que é o fechamento automático dos dedos quando os pés tocam um galho ou 
uma superfície mais fina ou, ainda, são usados para a predação (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN 
JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Além disso, a incapacidade de voar surgiu, independentemente, em muitos grupos de aves, não 
sendo uma exclusividade das paleógnatas. Exemplos disso são os pinguins que usam suas asas para 
natação. No entanto, as não voadoras típicas são as paleógnatas, como avestruz, ema, casuar e emu. 
Todas vivem no solo e podem correr bastante para escapar de predadores (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; 
HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS
O corpo dessas aves não voadoras é bastante diferente do corpo das demais aves, sobretudo porque 
as estruturas típicas do voo foram perdidas ou reduzidas, ao passo que outras características puderam 
ser desenvolvidas. Assim, elas evoluíram para se tornarem grandes e pesadas (POUGH; JANIS; HEISER, 
2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Além de sua forma, seu tamanho também é muito variável, considerando extremos como o 
beija‑flor‑abelha (Mellisuga helenae), que pesa apenas 1,8 g, até as grandes avestruzes (Struthio 
camelus) com mais de 130 kg (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
 Observação
A avestruz pode alcançar velocidade de até́ 70 km/h, e afirma‑se 
que foram observadas velocidades de 96 km/h. 
As aves processam seu alimento rapidamente e são dotadas de um eficiente sistema digestório. O 
papo é uma bolsa existente no esôfago que armazena alimento e, em algumas espécies (por exemplo, 
pombas e papagaios), produz um líquido chamado leite do papo para alimentação dos filhotes logo 
após a eclosão. Como não possuem dentes, a digestão mecânica é feita pelamoela, também chamada 
de estômago mecânico, que possui placas duras em seu interior, além de pequenas pedras, que causam 
o desgaste dos alimentos por meio do atrito. Além da moela, o estômago apresenta outra câmara 
chamada proventrículo, que funciona como estômago químico. Cecos digestivos estão presentes em 
espécies herbívoras, servindo como câmaras de fermentação. A extremidade final do sistema digestório 
é a cloaca, que recebe também os ductos genitais e excretores. Algumas aves de rapina regurgitam 
pelotas formadas por material que não foi digerido, como ossos e pelos de suas presas (POUGH; JANIS; 
HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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Unidade II
Esôfago
Papo
Baço
Fígado
Cloaca
Cecos retais 
Intestino
Pâncreas
Moela
Pro‑ventrículo
Traqueia
Figura 57 – Sistema digestório de aves
Para que o metabolismo forneça a energia necessária e alimente a geração interna de calor 
(endotermia) é preciso um sistema de comunicação eficiente. Nesse aspecto, as aves estão equipadas 
com um sistema circulatório complexo e muito eficiente, que é semelhante ao que já foi apresentado 
para os crocodilianos e que também será visto para os mamíferos. O coração é tetracavitário, e o arco 
aórtico direito conduz à aorta dorsal. O sangue contém hemácias nucleadas e biconvexas (POUGH; 
JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS
Ventrículo esquerdo
Ventrículo direito
Átrio direito
Átrio esquerdo
Aorta
Figura 58 – Anatomia do coração das Aves
Os resíduos nitrogenados resultantes do metabolismo são eliminados na forma de ácido úrico por 
meio de uma substância branca e pastosa produzida por grandes rins metanéfricos. Ela segue pelos 
ureteres diretamente para a cloaca, pois não há bexiga. Os rins não são tão eficientes quanto os dos 
mamíferos. Isso representa um problema especialmente para aves que comem alimentos marinhos e 
acabam ingerindo uma quantidade muito grande de sal. Assim, os rins não conseguem eliminar todo 
o sal e precisam da ajuda de órgãos especializados nesse tipo de excreção, como as glândulas de sal 
localizadas na cabeça de aves marinhas. Elas excretam soluções altamente concentradas de cloreto de 
sódio que saem pelas narinas (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
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Unidade II
Veia
Encéfalo
Narina
Língua Vértebras
Tubo nervoso
Testículo
Costela
Asa Cecos (cortados)
Rim
Ureter
Glândula 
uropigiana
Ducto 
deferente
Cloaca
Pâncreas
Celoma
Vesícula biliar
Proventrículo
Pulmão
Aorta
Glote
Traqueia
Esôfago
Veia jugular
Artéria carótida
Siringe
Coração
Figura 59 – Anatomia interna das aves
A cópula ocorre por meio da união dos parceiros pela região da cloaca. A maioria dos machos não 
possui pênis ou outro órgão copulatório que possa ser introduzido na fêmea. Os patos, por exemplo, são 
uma exceção. Os testículos normalmente são muito pequenos e crescem quando se aproxima a época 
da reprodução (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Na maioria das fêmeas apenas o lado esquerdo do sistema reprodutor está desenvolvido. Os óvulos 
são liberados pelo ovário e vão até́ a parte final do oviduto, chamada infundíbulo. A fecundação ocorre 
na parte superior do oviduto. Ao longo do trajeto até a cloaca recebem a albumina (correspondente à 
clara do ovo), além da membrana da casca, da casca e dos pigmentos desta (POUGH; JANIS; HEISER, 
2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS
Epidídimo
Testículo Ovário
Oviduto
Útero
Canal 
deferente
Cloaca
Figura 60 – Sistema reprodutor simplificado de aves (macho e fêmea)
Parte do papel de fornecer energia para o corpo vem do sistema respiratório. O pulmão tem novidades 
importantes justamente para viabilizar o alto metabolismo exigido pelo voo. Os brônquios, em vez de 
terminarem em alvéolos de fundo cego, estão organizados como parabrônquios tubulares que permitem 
o fluxo contínuo do ar. Existem também os sacos aéreos (anteriores, posteriores e dentro de ossos) que 
servem de reservatório de ar fresco. Claramente, é o sistema respiratório mais eficiente de qualquer 
vertebrado terrestre (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Interclavicular
Traqueia Cervical
Abdominal
Torácico 
anterior
Torácico 
posterior
Figura 61 – Aspecto geral do sistema respiratório de aves
Na traqueia, próximo à bifurcação que marca o início dos brônquios, existe um órgão chamado 
siringe formado pelo tímpano e pelo pessulus. Embora não tenha função respiratória, ele é exclusivo das 
aves e permite que elas produzam os sons tão característicos do grupo, incluindo os melodiosos cantos 
dos pássaros (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
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Unidade II
Traqueia
Tímpano
Pessulus
Brônquios
Figura 62 – Estrutura da siringe
Obviamente, se as aves produzem sons, é porque podem ouvi‑los e interpretá‑los. Para isso precisam 
de um sistema nervoso e órgãos dos sentidos bem‑desenvolvidos (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; 
HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
O encéfalo das aves é compatível com as muitas funções que o animal tem de desempenhar no dia a dia, 
incluindo o voo, que é uma atividade muito complexa. Dependendo do nível e do tipo de atividades típico 
de cada espécie, algumas partes do cérebro se desenvolvem mais do que outras, especialmente nas partes 
destinadas à visão e à audição. Os hemisférios cerebrais e o cerebelo já estão bem desenvolvidos. O córtex 
cerebral, no entanto, é fino, sem sulcos e giros e pouco evoluído (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Algumas aves são consideradas relativamente inteligentes (corvos e papagaios etc.) e possuem hemisférios 
cerebrais maiores do que outras menos inteligentes (galinhas e pombos). Em relação aos répteis, seus parentes 
mais próximos, o cérebro das aves é bem maior. Usam bastante a visão e a audição. O ouvido já apresenta três 
regiões (isto é, orelhas externa, média e interna). Os olhos são semelhantes aos olhos lenticulares de outros 
animais, embora sejam proporcionalmente maiores e menos móveis do que, por exemplo, nos mamíferos. 
Possuem uma estrutura diferenciada chamada membrana nictitante que protege a parte da frente do globo 
ocular enquanto as pálpebras estão abertas. Ela é translúcida, de modo que não interfere muito na visão do 
animal, e ainda lhe confere proteção (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Membrana nictitante
Prega semilunar
HomemCoruja
Figura 63 – Comparação do olho de ave (coruja) com o olho de mamífero (homem), com destaque para a membrana nictitante
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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS
Estão na parte lateral da cabeça da maioria das aves, embora algumas tenham olhos frontais, como 
as corujas e outras aves de rapina. Portanto, a posição dos olhos depende do hábito de vida da ave. A 
falta de mobilidade dos olhos pode ser percebida quando observamos uma ave virando sua cabeça e seu 
pescoço para poder ver o ambiente ao redor. Já o olfato e o paladar são pouco desenvolvidos (POUGH; 
JANIS; HEISER, 2009;HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Membrana nictitante
Conduto auditivo
Narina
Bico epígnato
Figura 64 – Morfologia externa da cabeça das aves
A) B) 
Figura 65 – Diferença na posição dos olhos em A) aves herbívoras, em que são bem lateralizados, e B) predadoras, em que são mais frontais
6.4 Ecologia
Sua distribuição espacial é muito ampla, estando praticamente em todos os ambientes da Terra, 
desde as quentes e úmidas florestas tropicais, passando por desertos, montanhas, pradarias e até 
oceanos. A exemplo de morcegos, algumas vivem em cavernas de completa escuridão, enquanto outras 
são excelentes mergulhadoras (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Há, ainda, a possibilidade de migração realizada por muitas espécies, especialmente do hemisfério 
Norte. As migrações são eventos fantásticos que ocorrem duas vezes por ano (ida e volta). De uma maneira 
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Unidade II
geral as rotas por onde as aves viajam são bem‑estabelecidas, fixas e com sentido norte‑sul, uma vez que 
o principal objetivo é fugir dos rigorosos invernos. Há rotas com até 11.000 km (do Alasca à Nova Zelândia) 
que são feitas sem paradas, enquanto outras rotas até menores do que essas são feitas aos poucos, com 
paradas ao longo do trajeto (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Muitas aves usam pontos de referência na paisagem, como rios e litorais, enquanto outras simplesmente 
seguem uma rota aparentemente sem pontos de referência. Parece certo que a maioria das aves se orienta 
pela visão. No entanto, há experimentos que indicam a orientação pelo campo magnético da Terra e, até 
mesmo, pela posição do Sol e das estrelas. A maioria, sem dúvida, utiliza uma combinação de palpites 
ambientais e inatos para migrar (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Já foi demonstrado que o prolongamento dos dias, do final do inverno e do início da primavera, 
estimula o desenvolvimento das gônadas e o acúmulo de gordura, predispondo as aves à migração, 
além de outras mudanças fisiológicas e comportamentais, que levam a práticas de corte, acasalamento 
e cuidado com os filhotes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
As aves têm uma série de procedimentos, como a migração, em que demonstram serem animais 
muito sociais, frequentemente formando enormes colônias, para nidificar e criar os filhotes.
Figura 66 – Agrupamento de flamingos
A união com os seus semelhantes é vantajosa em vários aspectos, como proteção contra inimigos, 
maior facilidade de encontrar parceiros, menor oportunidade de uma ave desviar‑se durante a migração 
e até proteção contra temperaturas noturnas baixas (HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
No caso dos comportamentos sexuais, a monogamia (indivíduos com apenas um parceiro) é a 
abordagem mais comum entre as aves, podendo ser uma escolha para a vida toda ou apenas para 
um período mais curto que envolve a época reprodutiva. Um fato interessante e relacionado com a 
monogamia é que tanto o macho quanto a fêmea são igualmente competentes na maioria dos aspectos 
do cuidado parental. Exceto pelo fato da postura dos ovos, exclusiva das fêmeas, os machos podem ajudar 
nas tarefas de construção do ninho, aquecimento dos ovos (incubação), alimentação dos filhotes etc. 
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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS
No caso da poligamia (oposto da monogamia), a forma mais comum é um macho ter várias fêmeas 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Figura 67 – Demonstração de cuidado parental
A escolha dos parceiros passa por demonstrações de dominância, produção de sons específicos, 
movimentos ritmados, construção de ninhos com características específicas ou simplesmente cores 
mais brilhantes nas penas. Contudo, nem sempre o dimorfismo sexual é evidente. O que se observa, 
geralmente, são machos com penas modificadas ou mais coloridas do que as fêmeas, justamente porque 
são usadas nos comportamentos de corte. Casos típicos e fáceis de se observar são o do pavão e o do 
galo (POUGH; JANIS; HEISER, 2009).
Figura 68 – Evidência de dimorfismo sexual em galo, com o desenvolvimento de crista e barbelas
Os ovos gerados devem ser, na maioria dos casos, incubados por um ou ambos os pais em 
ninhos. Há os casos curiosos dos chamados parasitos de ninhos, como chupins e cucos europeus, 
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Unidade II
que não constroem seus ninhos e simplesmente põem seus ovos em ninhos alheios, escolhendo 
inclusive aqueles que pertencem a tipos menores. Assim, quando seus filhotes nascem eles já são 
maiores do que os da espécie adotiva e competem de maneira desleal pelo alimento (POUGH; 
JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Ao nascerem os filhotes não são sempre iguais. Há animais em que a cria nasce e em pouco tempo 
já é capaz de acompanhar os pais em suas tarefas diárias. Outros, por sua vez, nascem muito imaturos, 
sem penas e precisam ficar durante bastante tempo no ninho antes de adquirirem a forma e estrutura 
necessária para se aventurarem fora dele (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; 
LARSON, 2013).
Ao que tudo indica as primeiras aves foram carnívoras, explorando a abundância de insetos que já 
dominavam a superfície dos continentes. Atualmente esse hábito continua e se sofisticou, à medida que 
as aves conseguem se alimentar de muitos tipos de insetos, ainda que eles estejam escondidos no solo 
ou em árvores (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Figura 69 – Ave explorando alimento no interior do tronco de árvores
O hábito alimentar variou e passou a incluir outros alimentos de origem animal (por exemplo, vermes, 
moluscos, crustáceos, peixes, sapos, répteis, mamíferos, outras aves), além de néctar, frutos e sementes 
(POUGH; JANIS; HEISER, 2009; HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
Para dar suporte aos diferentes hábitos alimentares, o bico teve de sofrer modificações morfológicas 
e funcionais. Existem tipos generalizados, tais como o forte e pontiagudo bico do corvo, ou altamente 
especializados, como dos flamingos, dos beija‑flores, dos patos e de pica‑paus (HICKMAN JR.; ROBERTS; 
LARSON, 2013).
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A)
C)
B)
D)
Figura 70 – Exemplos de tipos diferentes de bico das aves. A) Flamingos. B) Beija‑flor. C) Pica‑pau. D) Pato
Já que o tema é alimento, vale lembrar a relação que existe entre massa corporal e taxa metabólica. 
Quanto menor a massa, maior a taxa metabólica e, portanto, maior a necessidade de alimento para 
sustentá‑la. Isso justifica o fato de as aves serem comedoras vorazes (POUGH; JANIS; HEISER, 2009; 
HICKMAN JR.; ROBERTS; LARSON, 2013).
 Observação
A taxa metabólica em repouso (oxigênio consumido por grama de 
massa corpórea) de um beija‑flor é 12 vezes a de um pombo e 25 a de uma 
galinha. Um beija‑flor de 3 g pode comer 100% de seu peso corpóreo em 
alimento por dia, e uma galinha doméstica de 1.880 g, 3,4% de seu peso. 
 Resumo
Um dos principais grupos de répteis é chamado de Archosauria. Alguns 
de seus representantes atuais são os crocodilos, os jacarés e os gaviais 
(ordem Crocodilia) que reúnem uma série de características primitivas 
do grupo que se mantém praticamente inalterada há milhões de anos. 
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Merece destaque seu hábito semiaquático. Em sua morfologia merecem 
destaque algumas características que fazem deles predadores eficientes, 
tais como crânio robusto e alongado, com maxilas poderosas, e um palato 
secundário que separa o caminho do ar do caminho do alimento, entre 
tantos outros. Possuem complexa comunicação e cuidado parental.
Outro grupo de arcossáurios é chamado de Aves. Nesse grupo pode 
ser notada uma característica que só vai se repetir nos mamíferos, 
a endotermia. Além dessa novidade podem ser observados outros 
importantes aspectos envolvidos com o hábito voador da maioria das 
aves. Entre eles podem ser mencionados asas, penas, ossos pneumáticos, 
sistemas respiratório e circulatório muito eficientes. O foco dessas 
características é reduzir o peso corpóreo e fornecer mais potência para o 
voo. São todas ovíparas.
Há quem considere as aves como dinossauros modernos. Isso ocorre 
pela semelhança com alguns grupos de dinossauros terópodes pequenos e 
bípedes, com penas, conforme demonstrado pelo ícone (mais antigo fóssil 
de ave conhecido) Archaeopteryx lithographica (Era Mesozoica).
Outra característica das aves é o bico. Não possui dentes; sua forma e seu 
tamanho estão diretamente relacionados com o tipo de alimento utilizado, 
uma vez que serve de mão e boca para as aves. Para o deslocamento e a 
alimentação, as aves geralmente possuem ótima visão e boa audição; tanto 
é verdade que elas também se comunicam por meio de sons.
Alguns grupos realizam migrações anuais em busca de locais mais 
quentes para passar o inverno, retornando ao local de origem ao final da 
estação. Para isso podem se guiar por informações visuais, químicas ou 
seguirem a orientação do campo magnético do planeta, ou das estrelas e 
do Sol.
Outro ponto de destaque é a respeito da comunicação e da interação 
social. Observamos aves formando grandes bandos para melhorar a 
sobrevivência ou a procriação. Além disso, o som emitido por elas pode 
servir para comunicação entre indivíduos da própria espécie, com outras 
aves ou até mesmo com diferentes animais. O comportamento de cuidado 
parental é constante.
 Exercícios
Questão 1. (UFMT, 2011) A diversidade faunística do pantanal mato‑grossense tem atraído para 
essa região central do Brasil inúmeros pesquisadores e turistas estrangeiros, interessados em observar 
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ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS
principalmente a nossa fauna crocodiliana. Assinale a alternativa em que todas as características são 
próprias de representantes desse ramo da zoologia.
A) Fecundação interna, respiração pulmonar, glândula mamária e homeotermia.
B) Respiração pulmonar, fecundação interna, ectotermia e corpo revestido de placas.
C) Glândula mucosa, fecundação externa, respiração cutânea e pecilotermia.
D) Homeotermia, fecundação interna, glândula uropigiana e respiração pulmonar.
E) Fecundação externa, pecilotermia, ovíparo e respiração pulmonar.
Alternativa correta: B.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: os crocodilianos são ectotérmicos. A homeotermia é característica de aves e mamíferos.
B) Alternativa correta.
Justificativa: os crocodilianos possuem escamas que permanecem durante toda a vida e crescem 
gradualmente para compensar o desgaste. Além disso, apresentam placas ósseas logo abaixo das 
escamas queratinizadas, o que lhes confere proteção.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a fecundação é interna e a respiração é pulmonar.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: as glândulas uropigianas pertencem às aves.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: são ectotérmicos, ou seja, a temperatura corporal desses animais varia de acordo com 
a temperatura ambiental.
Questão 2. Analise as afirmações:
I – As aves possuem habilidade para o voo em virtude, unicamente, da presença de asas.
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Unidade II
II – As penas protegem as aves, diminuem a perda de água e auxiliam no controle da temperatura 
corporal desses animais.
III – É no papo que o alimento das aves é triturado.
É(são) correta(s) a(s) alternativa(s):
A) Todas as alternativas.
B) Somente a I.
C) Somente a II.
D) Somente a III.
E) Nenhuma das alternativas.
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