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História da América

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HISTÓRIA DA AMÉRICA 
APRESENTAÇÃO 
 
#CURRÍCULO LATTES# 
 
Professor Esp. Paulino Augusto Peres 
 
● Graduado em História pela UNESPAR (Universidade Estadual do Paraná) 
campus de Paranavaí/PR. 
● Especialista em Didática e Tecnologia na Educação pela FATECIE (Faculdade de 
Ciências e Tecnologia do Norte do Paraná). 
● Mestrando em Ensino Profissionalizante de História pela UNESPAR - Campo 
Mourão/PR. 
● Professor na Escola Fatecie Max (séries finais do Ensino Fundamental). 
● Professor no Colégio Fatecie Premium (Ensino Médio). 
● Professor na UniFatecie no curso de Ciências Contábeis. 
● Link currículo Lattes: 
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DVyTWA 
 
Graduado em história pela UNESPAR (Universidade Estadual do Paraná) campus de 
Paranavaí. Especialista em Didática e tecnologia na Educação pela FATECIE 
(Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná). É mestrando na UNESPAR 
de Campo Mourão e pesquisador nas áreas de ensino, tecnologia e história. Atualmente 
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é professor do Ensino Superior nas áreas de filosofia e sociologia e também de história 
e sociologia no Ensino Básico. 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Seja muito bem-vindo(a)! 
Sejam bem-vindos ao nosso curso de Históriada América. A partir de agora 
iniciamos uma jornada em busca de nossas experiências históricas e algumas 
explicações para o que ocorreu no continente americano, sobretudo na América Latina, 
além de compreender alguns aspectos deste continente nos dias de hoje e claro, olhar 
para um horizonte futurístico e depositar nele nossa aprendizagem como uma forma de 
expectativa. 
Nosso resgate histórico inicia com a América pré-colombiana e sua importância 
para o continente. Compreender que a mesma não foi descartada através das invasões 
europeias, mas sim, de maneira compulsória, incorporada aos novos elementos culturais 
eurocentristas. Dar destaque para as populações tribais que aqui viviam e também as 
civilizações como incas, maias e astecas. 
Também resgataremos fatos sobre o processo de colonização após a conquista 
do continente. Entender como esse processo ocorreu, quem foram os colonizadores e 
quais métodos de conquista utilizaram e como colonizaram esses territórios. Neste tópico 
será destacado toda a crueldade da colonização, como também a eurocentrização do 
continente americano com seus valores que consideravam mais evoluídos. 
O choque cultural foi o resultado imediato da conquista e colonização das 
Américas onde as culturas indígena e europeia se estranharam e se admiraram para 
logo depois entrarem em confronto. A cultura das américas foi praticamente destruída 
por ser considerada algo demoníaco para a religiosidade cristã. 
A escravização nas américas também tem importância na compreensão da 
reconstrução do continente, pois o africano retirado de suas terras foi trazido para cá, 
contra sua vontade para trabalhar e ser a base da reconstrução. Sua força produtiva e 
sangue foram os grandes pilares da colonização da América. 
Uma vez colonizada a américa latina passa a resistir de diversas formas à 
colonização e inicia em vários momentos movimentos de resistência e lutas por 
libertação. Na América do Sul se destacou a liderança de Simón Bolívar, no México a de 
Emiliano Zapata e Pancho Villa, em Cuba a dos irmãos Castro e do argentino Ernesto 
“Che” Guevara e na Nicarágua a de Augusto Cesar Sandino. Esses personagens foram 
cruciais para a libertação de seus países, ou de uma metrópole marcada pelo pacto 
colonial ou por uma potência imperialista. 
Nos Estados Unidos vemos uma importância para os rumos de todo o continente 
americano desde sua emancipação. A independência dos estados é o start para toda a 
influência que teria na América Latina. O imperialismo estadunidense gerou conflitos, 
invasões, dependência econômica e ressentimentos até hoje não resolvidos. Até mesmo 
intervenções militares diretas foram utilizadas como método de dominação por parte dos 
americanos, sendo a última em 1989. A partir dessa data, com o objetivo de diminuir as 
tensões no continente, os Estados Unidos voltam sua atenção para o mundo, quando se 
torna a única superpotência mundial com a desintegração da União Soviética em 1991. 
Após os Estados Unidos voltarem suas atenções para outros lugares no mundo, 
sobretudo aqueles que perderam o apoio da URSS, a América continuava lutando contra 
o imperialismo americano exercido de forma indireta. Personagens como Hugo Chávez 
surgem criticando os políticos de seus país e os acusando de estarem alinhados aos 
interesses estadunidenses e transformando o conceito de bolivariano para se encaixar 
em sua narrativa. Os venezuelanos apoiaram Chavez e levaram seus ideais anti-
imperialistas ao poder. Uma vez no poder, aos poucos, Chávez e seu sucessor, Maduro, 
passaram a criar leis que aumentavam seus poderes, colocando a Venezuela em um 
estado de quase ditadura. 
As ditaduras foram comuns na América Latina durante a Guerra Fria. Vários 
governos de direita forma instalados com apoio estadunidense com medo da suposta 
“ameaça vermelha”. Nesse processo, dezenas de milhares de pessoas foram presas, 
torturadas e assassinadas no continente. Somente após o fim dessas ditaduras o 
continente pode, finalmente, correr atrás de seu próprio futuro sem as intervenções 
imperialistas diretas e dando oportunidade a outras concepções ideológicas de existirem. 
Após trinta anos desde o fim da última intervenção militar americana na América, 
o continente sofre uma nova onda totalitarista: a extrema-direita. Essa onda chegou ao 
poder nas duas maiores potências do continente e possui um discurso, considerado por 
pesquisadores, ameaçador à democracia. Mas, mesmo diante da atual ameaça, as 
forças democráticas se movimentam e através da lei lutam para que não ocorra novas 
ditaduras no continente americano. 
 
 
● Na unidade I “As várias américas: o processo de colonização” vamos resgatar 
fatos históricos sobre a América pré-colombiana, como povos tribais, incas, maias 
e astecas para depois conhecer o processo de colonização das américas, o 
choque cultural entre esses dois povos, indígenas e europeus para finalmente 
compreender que a base econômica da colonização foi a mão de obra 
escravizada africana. 
● Já na unidade II “O processo de independência latinoamericana" você irá saber 
mais sobre os fatos e líderes de alguns processo de independência e revolução, 
como Simón Bolívar, Emiliano Zapata e Pancho Villa, Fidel Castro e Che Guevara, 
como também de Augusto Cesar Sandino. 
● Na sequência, na unidade III “A declaração de independência dos Estados 
Unidos: ordem mundial e grande potência” falaremos a respeito da independência 
dos EUA, o exercício de poder imperialista sobre a América Latina, as 
intervenções militares e como expandiu seu poder da América para o mundo. 
● Em nossa unidade IV "América Latinae a busca pela autonomia, vamos 
finalizar o conteúdo dessa disciplina com alguns exemplo latinoamericanos na 
busca por se desvincular do poderio norte americano, como a ascensão de 
Chávez na Venezuela, o fim das ditaduras militares e como esses alguns desses 
países ficaram após suas redemocratização e as novas ameaças à democracia 
regional, sobretudo com golpes, tentativas de golpes e surgimento do fenômeno 
político da extrema-direita. 
 
 
Muito obrigado e bom estudo! 
 
 
 
UNIDADE I 
AS VÁRIAS AMÉRICAS: O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO 
Professor Especialista Paulino Peres 
 
 
Plano de Estudo: 
● América pré-colombiana; 
● O processo de colonização; 
● O choque cultural; 
● A escravização nas américas. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Compreender como era o continente americano antes da conquista europeia; 
● Entender como ocorreu a colonização nas américas; 
● Estabelecer a importância da cultura regional americana e como ela foi colocada 
como contraste da cultura europeia; 
● Compreender a base econômica das colônias nas américas e como ocorreu a 
substituição da mão de obra indígena para africana. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nosso resgate histórico inicia com a América pré-colombiana e sua importância 
para o continente. Compreender que a mesma não foi descartada através das invasões 
europeias, mas sim, de maneira compulsória, incorporada aos novos elementos culturais 
eurocentristas. Dar destaque para as populações tribais que aqui viviam e também as 
civilizações como incas, maias e astecas. 
Também resgataremos fatos sobre o processo de colonização após a conquista 
do continente. Entender como esse processo ocorreu, quem foram os colonizadores e 
quais métodos de conquista utilizaram e como colonizaram esses territórios. Neste tópico 
será destacado toda a crueldade da colonização, como também a eurocentrização do 
continente americano com seus valores que consideravam mais evoluídos. 
O choque cultural foi o resultado imediato da conquista e colonização das 
Américas onde as culturas indígena e europeia se estranharam e se admiraram para 
logo depois entrarem em confronto. A cultura das américas foi praticamente destruída 
por ser considerada algo demoníaco para a religiosidade cristã. 
A escravização nasaméricas também tem importância na compreensão da 
reconstrução do continente, pois o africano retirado de suas terras foi trazido para cá, 
contra sua vontade para trabalhar e ser a base da reconstrução. Sua força produtiva e 
sangue foram os grandes pilares da colonização da América. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA 
 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/machu-picchu-peru-southa-america-unesco-
389136313 
 
A América passou a ser conhecida pelos europeus apenas a partir de 1492, 
quando o navegador italiano, Cristóvão Colombo (1451-1506), à serviço dos espanhóis, 
chega equivocadamente na América Central à caminho das Índias Orientais. A chegada 
de Colombo não representa de forma alguma o início da história das Américas. Nesse 
continente já existiam cerca de 50 milhões de pessoas que foram chamadas, também de 
forma equivocada, de índios, por Colombo, uma vez que o navegador acreditava ter 
chegado nas Índias, hoje, entretanto chamamos esses vários povos genericamente de 
indígenas. 
Milhares de grupos indígenas viviam aqui à época, cada um deles com sua forma 
de falar, pensar e agir, tinham cultura distintas, com idiomas diferentes e religiosidade 
própria, desta forma a forma correta de se dirigir a esses povos seria chamando pelo 
nomes que eles mesmos se chamam: terena, apache, guarani, kaingang, etc. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/machu-picchu-peru-southa-america-unesco-389136313
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Os primeiros povoadores do continente americano viviam ou como caçadores e 
coletores ou ainda em cidades grandes que faziam parte de impérios fortes como os 
incas, maias e astecas. Isto é, grandes civilizações criadas e geridas por indígenas do 
continente e que surpreenderam os conquistadores europeus. 
Nesta América pré-colombiana, portanto, houve diversas formas de sociedade: 
caçadores e coletores; economia de subsistência; e agricultoras. Os caçadores e 
coletores eram numerosos, existiam desde a Argentina, com os indígenas patagões até 
a Groenlândia, com os esquimós. Não desenvolveram a técnica da agricultura, portanto, 
para sobreviver, a caça, a pesca e a coleta de frutas, folhas e raízes era fundamental. 
Quando os recursos naturais para sua sobrevivência acabavam se deslocavam para 
outras regiões, portanto, esses grupos humanos eram nômades. 
Os agrupamentos humanos que viviam da economia de subsistência, como os 
tupi-guarani, que hoje habitam o atual território brasileiro, paralelamente caçavam e 
colhiam, mas também produziam agricultura. Essas comunidades plantavam para o 
sustento da tribo, sem realizar trocas/comércio com outras tribos. Vários grupos 
indígenas da América do Norte também realizavam a economia de subsistência. 
Já os agrupamentos agrícolas produziam excedentes de sua produção. Os 
astecas, maias e incas, por exemplo, ao desenvolver grandes civilizações, tinham como 
base o sedentarismo proporcionado pelo domínio da agricultura, e uma vez fixados em 
determinado lugar, expandiram o território, conquistaram outros povos e a produção que 
excedia era comercializada com a população. Tecnologias foram desenvolvidas para 
esse fim, como canais de irrigação, chinampas (ilhas artificiais) e o plantio em terraços. 
Outro traço importante é que esses povos também podem ser distribuídos em dois 
grupos: os igualitários e os hierarquizados. Os igualitários eram caçadores e coletores e 
compartilhavam tarefas e os alimentos obtidos. Alguns grupos agricultores também eram 
igualitários, mas isso não acontecia a todos os grupos agricultores. Os grupos igualitários 
eram menores e, por isso, a identificação e elo entre eles era muito forte. As decisões 
eram tomadas de forma coletiva ou por algum chefe com apoio dos demais. 
Nas sociedades hierarquizadas, a agricultura com a produção de excedentes 
sempre se fez presente, pois o excedente pode ser concentrado nas mãos de alguns 
criando os que tinham mais que outros e assim, essas sociedades formaram hierarquias 
 
políticas. Com a agricultura também possibilitou o sedentarismo, logo criaram cidades 
feitas de pedra, onde a administração da cidade foi dada às pessoas mais altas da 
hierarquia, sendo assim, essas sociedades se tornaram desiguais política e 
economicamente. 
Entre as sociedades hierarquizadas temos os incas, maias e astecas. Eram 
controladas por um Estado que administrava a cobrança dos impostos e o serviço 
público. Eram desiguais tendo nobres ricos, que normalmente eram líderes de antigas 
tribos ou familiares do imperador. E, apesar das cidades, continuavam existindo 
pequenas aldeias que trabalhavam com agricultura, artesanato e comércio. Parte da 
produção dos camponeses era usada para pagar os impostos ao Estado que o devolvia 
em forma de obras públicas, como a construção de estradas, canais de irrigação, pontes, 
armazéns, etc. 
Os astecas, que viviam onde hoje é o México, na América do Norte, às margens 
do lago Texcoco, criaram a cidade de Tenochtitlán, que se tornaria sua capital. Conforme 
iam crescendo foram estabelecendo alianças políticas com os grupos vizinhos. Os 
astecas aos poucos passaram a anexar os seus vizinhos ao seu território e iniciaram a 
formação de um império que com o uso da força conquistaram e submeteram outros 
povos. O governo asteca era centralizado na figura do imperador e os povos 
conquistados tinham que pagar tributos e escravizados à Tenochtitlán. 
As cidades Astecas impressionavam pela sua estrutura, eram grandes, 
organizadas, limpas, pavimentadas e ainda possuíam grandes monumentos que 
celebravam as divindades astecas, como os templos em formato de pirâmide e ainda 
palácios e espaçosas praças. Os espanhóis ao chegarem em Tenochtitlán escreveram 
seu fascínio sobre aquela cidade, inclusive pelo seu incrível tamanho e por seus 
surpreendentes 200 mil habitantes. Nessa época, poucas cidades europeias tinham essa 
população. 
Os astecas eram politeístas e seus deuses eram associados a elementos da 
natureza e alguns poderiam ser antropomorfos (meios humanos, meio animal). 
Quetzalcóatl era o deus mais importante para eles e era representado como um pássaro 
serpente e humano, sendo o deus da vida. Tlaloc era o deus da chuva, Xiuhtecuhtli era 
o deus do fogo, ou seja, os elementos eram representados por divindades, o que é 
 
comum em religiões politeístas. Alguns deuses astecas estavam presentes em outros 
povos e foram absorvidos devido ao caráter expansionista dos astecas. As trocas 
culturais são comuns entre povos que mantêm proximidade. Inclusive o deus 
Quetzalcóatl para os maias era chamado de Kulkulkán. Os astecas acreditavam que os 
deuses poderiam se irritar com os humanos e para aplacar a ira dos deuses realizavam 
rituais de sacrifícios humanos. 
Os astecas ainda desenvolveram seu próprio sistema de escrita pictográfica, onde 
utilizam pequenos desenhos, figuras, que representavam os sons e registravam seus 
escritos em argila. Tinham domínio de matemática e engenharia, o que os proporcionou 
a construção de templos e pirâmides grandiosas. O conhecimento sobre astronomia era 
tão vasto a ponto de preverem os próximos eclipses e tinham um calendário baseado no 
desenvolvimento das atividades agrícolas com 365 dias. Apesar deste vasto 
conhecimento, somente um pequeno grupo tinha acesso a ele. 
Os maias, por sua vez, também possuíam um grande domínio sobre os astros. 
Possuíam também calendário próprio com 365 dias o que os auxiliava com a agricultura 
e na previsão de eclipses, assim como os astecas. Possuíam também escrita própria e 
que também era pictográfica. Sua escrita era registrada em murais, templos, 
monumentos, placas de pedra, madeira ou louça e seus registros destacavam feitos dos 
líderes maias. Poucas pessoas tinham acesso à escrita. 
Esse povo se organizou em diversas cidades independentes,na região da 
América Central, mas que possuíam a mesma tradição, por isso se identificavam como 
um povo. Apesar da identificação, essas cidades independentes sempre estavam em 
conflito umas com as outras. 
A cidade de Tikal se destacou entre 800 a.C. a 200 a.C., pois exercia domínio 
sobre as demais cidades, vilas e povoados. Com cerca de 50 mil habitantes, Tikal foi a 
maior das cidades maias e possuíam uma estrutura urbana com templos, praças e 
palácios pensados esteticamente. A cidade contava com reservatórios de água para os 
períodos de escassez, eram feitos nos buracos de pedreiras, captavam a água da chuva 
e era distribuído quando as chuvas cessavam. Além da captação da chuva, para driblar 
os períodos de estiagem, realizam o plantio em terraços, construíram canais de irrigação 
e praticavam a agricultura intensiva de espécies variadas. 
 
A religiosidade maia era politeísta, assim como a asteca e também realizavam 
sacrifícios humanos para deixar as divindades felizes. Os deuses eram associados aos 
fenômenos naturais, como Kulkulkán, deus do vento, Huracán, deus da tempestade, 
Kinich Ahau, deus do sol, etc. Seus rituais religiosos também utilizava o transe como 
prática sagrada para ter contato com as divindades, para o transe utilizavam cigarros 
narcóticos e bebidas alucinógenas. Esses rituais eram restritos a sacerdotes e a outros 
membros da elite maia. 
A sociedade maia era estratificada, tendo o soberano no topo da pirâmide social, 
seguido pela corte real formada por guerreiros, sacerdotes e funcionários da 
administração. Em seguida estavam os nobres, que eram pessoas de famílias 
importantes. Depois os artesãos, mercadores e camponeses e por fim, os escravizados, 
que eram prisioneiros de guerra ou escravizados por dívidas. 
Na América do Sul, os quéchuas se instalaram na região da cordilheiras dos 
Andes. Iniciaram um processo de alianças com povos vizinhos que viviam na região. 
Com o tempo, os quéchuas se destacaram e passaram a exercer dominação sobre os 
demais povos e criaram um grande império, chamado de império Inca, tendo como 
capital a cidade de Cuzco, que acreditavam ser o “umbigo do mundo”. 
Os primeiros agrupamentos quéchuas eram tribais. Haviam várias vilas chamadas 
de ayllus e cada ayllu era comanda por um líder chamado kuraka. Dentro das ayllus 
viviam sob o sistema de reciprocidade, onde a troca de favores era a base das relações 
sociais e da organização das ayllus. Os chefes das ayllus ofereciam ajuda às pessoas 
que deveriam retribuir em forma de tributos e/ou alianças militares através de 
casamentos, etc. 
Conforme o poder dos quéchuas crescia, dominavam outros territórios, e assim o 
império expandiu seu território de forma rápida e ampla, fazendo com que o imperador, 
chamado de Sapa Inca, construísse uma máquina estatal eficiente. O Império passou a 
ser chamado pelos espanhóis de Inca, devido ao título do imperador, Sapa Inca. 
Estradas, pontes e cidades foram construídas de forma calculada para melhor 
administração do império. Até mesmo um eficiente sistema de correios existia entre o 
povo quéchua. Como o império ia desde o sul da Argentina e Chile até Equador e 
Colômbia, precisavam criar algum método de envio de mensagens. O povo quéchua, ao 
 
contrário de maias e astecas, não desenvolveu escrita, o que dificultava o envio de 
mensagens. Então, treinaram pessoas para se tornarem corredoras, que corriam até 
30km por dia para enviar uma mensagem oral. Eles ouviam a mensagem, a 
memorizavam, corriam até 30km e a passavam para o próximo mensageiro que iria 
repetir a ação até a mensagem chegar no local de destino. A mensagem, de voz em voz, 
de corredor em corredor chegava a percorrer até 300 km por dia. O que mesmo assim 
era pouco, pois do sul ao norte do Império Inca eram centenas de km. 
Tudo entre os incas parecia superlativo, o território com mais de 2 mil km², mais 
de 14 milhões de habitantes, com cidades a três mil metros de altitude. Tudo isso muito 
bem organizado pela máquina pública incaica. E isso sendo um império bem mais jovem 
que os asteca e maia. 
O império se desenvolveu em uma região montanhosa com poucos fatores 
favoráveis à agricultura, entretanto, os camponeses desenvolveram a técnica de plantio 
em terraços, construindo um tipo de degrau nas montanhas, cada degrau era terraço que 
era separado para a produção agrícola. Também desenvolveram canais de irrigação e 
sistema de drenagem, além de conhecerem a técnica da adubagem para fertilizar a terra. 
Como não utilizavam a escrita desenvolveram um sistema de registro de impostos 
chamado de quipo. Era um objeto composto de diversos cordões, cores e nós, com 
cordões de tamanhos diferentes. Por meio da combinação desses fatores registravam a 
quantidade de habitantes nas diferentes regiões, registravam os impostos arrecadados, 
etc. O uso do quipo ainda é um mistério para os pesquisadores, tamanha sua 
complexidade. 
A sociedade era hierarquizada, no topo da sociedade estava o Sapa Inca e sua 
esposa, que tinha o título de Coya. O Sapa Inca poderia ter diversas esposas, fruto da 
prática da reciprocidade, onde cada esposa era fruto de aliança política com os povos 
anexados ao império. Mas somente uma tinha o título de Coya. Logo abaixo do imperador 
e sua esposa estavam os sacerdotes, mamaconas (mulheres virgens, próximas ao Sapa 
Inca e Coya, responsáveis pela dedicação e serviço nos templos), chefes militares, 
governadores de província e administradores locais. Os governadores de províncias 
eram escolhidos pelo próprio Sapa Inca. Existiam quatro províncias, ou suyo, no idioma 
quéchua e assim o nome quéchua do Império Inca era tahuantisuyo, o império das quatro 
 
partes. Os administradores locais eram os kurakas das ayllus, ou seja, os chefes das 
vilas. Abaixo de governadores, mamaconas, sacerdotes, chefes militares e 
administradores de locais, se posicionavam os funcionários públicos, soldados, artesãos 
e comerciantes e na posição social menos privilegiadas estavam as famílias rurais. Na 
sociedade inca não existiam escravos. 
A religiosidade inca era politeísta. Viracocha era a grande divindade criadora do 
universo, mas a divindade mais venerada era Apu Inti, ou apenas Inti, o deus sol. É do 
nome de Apu Inti que deriva o título do Imperador, Sapa Inca, ou apenas Inca, sendo o 
imperador considerado o filho do deus sol, ou seja, o Inca era filho de Inti. 
Apesar de não desenvolverem escrita, devido a juventude de seu império, os incas 
tinham uma excelente engenharia, podendo construir cidades até mesmo nas mais altas 
montanhas como a cidade de Machu Picchu. Tinham uma técnica de corte e encaixe de 
pedras imensas para a construção de templos, palácios e muralhas que usavam como 
liga apenas a força da gravidade. Tinham conhecimento sobre medicina e astronomia. E 
o quipo, alguns historiadores acreditam que poderia continuar se desenvolvendo e se 
tornaria uma forma de escrita se os incas não tivessem sido invadidos pelos espanhóis. 
No início do século XVI os espanhóis descobriram a existência dessas civilizações 
e em busca de riquezas invadiram o território da América e após décadas de guerras 
todas elas foram tomadas. Os espanhóis tinham uma tecnologia bélica mais avançada e 
aproveitaram as disputas internas nesses território, fazendo alianças com um dos lados, 
o que favoreceu sua vitória. Incas, Maias e Astecas caíram, mas ainda hoje sua cultura 
permanece no cotidiano de do México, países da América Central e América do Sul. 
Os demais povos do continente que construíram cidades e viviam alguns como 
caçadores e coletores e outros como agricultores, tão pouco tiveram como resistir aos 
povos europeus que dominaram o território do continente do norte ao sul. Os 
portugueses invadiram o território onde hoje é o Brasil, os espanhóis o território que vai 
desde Chile e Argentina, passa pela América Central e chega até o México. França eInglaterra ocupam a América do Norte e algumas ilhas do caribe. Os grupos indígenas 
residentes resistiram e ainda resistem até hoje. Seu território foi ocupado, seu povo foi 
massacrado, seus deuses destruídos, sua cultura aniquilada. Muitos dos artefatos 
arqueológicos foram destruídos em um processo de catequização jesuíta e, por isso, 
 
muito sobre esses povos se perdeu. Mas, de forma alguma suas culturas foram 
esquecidas. 
 
 
 
 
2 O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO 
 
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1373681444 
 
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma 
de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, 
assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo 
de agora os achávamos como os de lá. 
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a 
aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. 
Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta 
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. 
(CORTESÃO: 1943, p. 7). 
 
O relato acima é da famosa carta de Pero Vaz de Caminha (1450-1500) quando 
esteve em território brasileiro junto a Cabral (1467-1520) no momento do descobrimento 
em abril de 1500. Alguns pontos chamam a atenção no trecho, pois além da boa 
impressão com os aspectos naturais, Caminha destaca um fator econômico e outro 
cultural: ouro e indígenas. 
Todo o processo de colonização envolverá esses fatores. Pois, quando os 
europeus chegaram à América estavam à caminho das índias, em busca de novas rotas 
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comerciais para conseguirem fortalecer suas economias. Após descobrirem que a terra 
encontrada por Colombo (1451-1506) não eram as índias orientais, mas sim um território 
novo, investiram seus esforços neste lado do planeta até que descobriram que aqui 
existia um gigantesco território, e não apenas as 25 léguas previstas por Caminha, que 
poderia muito bem possuir metais preciosos, além de indígenas que poderiam servir 
como mão de obra e novos cristãos. 
Ao chegarem nos territórios de astecas, maias e incas, logo a Coroa espanhola 
declarou guerra a esses povos. O ouro e a prata entre eles eram abundantes. Os 
espanhóis com canhões e espadas de aço se tornaram invencíveis para os nativos que 
lutavam com espadas de bronze, muito mais frágeis. Os cavalos davam aos invasores 
maior velocidade. As doenças da Europa começaram a matar a população local. Os 
povos indígenas dominados por astecas e incas aproveitaram a invasão para se aliar 
aos invasores em busca da liberdade de seu povo. Mais tarde, esses grupos seriam 
traídos pelo governo espanhol e também seriam dominados. 
A Igreja católica demonstrou interesse na colonização desde o início, mas esse 
interesse aumentou com a Reforma Protestante de 1517, onde a Igreja perdeu cerca de 
40% de seus fiéis na Europa para as igrejas protestantes. No Concílio de Trento 
decidiram, entre outras coisas, que enviaram a Companhia de Jesus às Américas em 
busca de novos fiéis. Muito se discute sobre esse período com discussões teológicas 
sobre a população indígena possuir ou não alma, poder ou não ser escravizada. O caso 
mais emblemático é o embate teológico entre os padres Sepúlveda (1489-1573) e Las 
Casas (1474-1866). 
O fato é que alguns membros da Igreja quando encontravam escritos astecas e 
maias os queimava acreditando se tratar de escritos do demônio. Também, muitos se 
sentiam respaldados por falas como a de Sepúlveda que defendia a escravidão dos 
nativos (CARRÈRE: 2003, p. 18). Assim, reis de Portugal, Espanha, Inglaterra e França 
perseguiram, aprisionaram, escravizaram e assassinaram milhões de nativos. A Igreja, 
tanto católica quanto anglicana, apesar de oficialmente se posicionar contra a 
escravização dos povos nativos, não se movia muito para barrar a prática. O frei 
espanhol Bartolomé de Las Casas foi um exemplo de um membro da Igreja Católica que 
destoava do tom de dominação a esses povos (CARRÈRE: 2003, p. 21). 
 
A citação de Caminha ainda revela sua decepção em relação a fatores 
econômicos importantes, pois não encontrou ouro na Ilha de Vera Cruz (primeiro nome 
dado ao Brasil pelos portugueses). Portugueses e indígenas não falavam o mesmo 
idioma, então através de gestos, Caminha perguntava sobre ouro e prata. Ao perceber 
que eles não tinham tais metais, concluiu que aquela terra seria mais importante para a 
Igreja Católica que poderia converter os gentios à fé cristã. 
Diante da decepção inicial com o novo território, os portugueses continuaram 
investindo nas índias orientais. Por 32 anos Portugal não se estabeleceu no território 
onde hoje é o Brasil nem para criar vilar nem para plantar, apenas parava por aqui para 
buscar pau-brasil durante sua jornada até as índias. Esse período entre 1500 e 1532 é 
chamado de pré-colonial. 
A decisão de Portugal de fazer destas terras uma colônia, surgiu quando ao 
realizar expedições de reconhecimento, encontraram invasores holandeses, ingleses e 
franceses, desta forma, para não perderem o território, decidiram se instalar 
definitivamente. 
Além desse motivo, Portugal via seus concorrentes cada vez tendo mais lucros 
com as especiarias das índias e que tinham perdido a exclusividade do comércio 
marítimo com o oriente. Viram a emergência de conquistar novas fontes de lucro e a 
colonização se mostrou uma atividade com grandes possibilidades, uma vez que já 
haviam percebido que estas terras não eram uma ilha. Assim, em 1932 surgiu a primeira 
vila portuguesa no Brasil, a Vila de São Vicente, próximo onde hoje é Santos. 
O Rei de Portugal estabeleceu no Brasil uma estratégia de colonização em 
parceria com a nobreza portuguesa. As capitanias hereditárias eram grandes faixas de 
terra divididas em 1534 entre os fidalgos portugueses. O nome capitania hereditária era 
assim chamada pois aos donatários da terra recebiam o título de capitão e, apesar de 
não serem os donos, pois não podiam vender essas terras, eles poderiam cobrar 
impostos e distribuir parte delas a outros nobres. As terras da capitania distribuídas eram 
chamadas de sesmarias. Os donatários tinham amplos poderes sobre suas capitanias e 
entre suas obrigações estavam proteger, investir nessas terras e pagar impostos à Coroa 
portuguesa 
 
As capitanias se mostraram um fracasso. Os donatários não conseguiam investir 
o suficiente nas capitanias e não as tornavam atrativas para outros nobres. A nobreza 
portuguesa não queria sair de Portugal para viver em uma colônia que não lhes oferecia 
nada. 
Uma prática recorrente entre os donatários foi a de entrar em guerra contra os 
povos nativos, o que gerou mortes de indígenas e portugueses e fragilizou ainda mais a 
débil colonização. 
Apenas duas capitanias tiveram êxito nesse período, São Vicente e Pernambuco. 
Nos dois casos, os donatários conseguiram realizar alianças com os povos indígenas o 
que trouxe a eles mais tranquilidade para se preocuparem com o investimento em 
engenhos para a produção de cana-de-açúcar. O açúcar era muito rentável, sendo na 
época um produto de muito valor. O lucro da colônia com o açúcar logo se tornou uma 
monocultura que duraria mais de 200 anos. 
O fracasso da maior parte das capitanias fez o governo português mudar de 
estratégia e assim criou o governo-geral no Brasil. Esse governador-geral era nomeado 
pelo Rei. Em 1549 Tomé de Souza (1503-1579) assumiu como o primeiro governador-
geral do Brasil. Mais de 1000 pessoas vieram com ele para o Brasil, entre eles 120 
funcionários públicos. O governo-geral demonstrava como Portugal desistiu de sua 
aliança com a nobreza para colonizaressa colônia e a substituiu pela administração 
estatal. É nesse período que o Brasil tem sua primeira capital, Salvador. 
O território era enorme, então existiam administrações locais que auxiliavam a 
capital, eram as câmaras municipais, também chamadas de câmara dos homens bons, 
que funcionavam como prefeituras. Para ser um homem bom, para ser um representante 
da câmara, deveria ser nobre sem laços genealógicos com negros ou judeus. 
A colonização de exploração foi a marca da colonização portuguesa e espanhola. 
Após a destruição do astecas por Hernán Cortés (1485-1547) em 1521 e a dos incas por 
Francisco Pizarro (1476-1541) em 1533 os espanhóis organizaram a administração de 
seus territórios dominados na América. Mas já desde 1503 a Espanha já havia criado a 
Casa de Contratação para manter o monopólio das atividades comerciais que vinham 
das américas. Em 1520 criaram o Conselho das Índias para auxiliar na tomada de 
decisões sobre a colônia. Nesse período ainda muitos chamavam a América de Índias 
 
ou Novo Mundo. E só mudou de nome graças à descoberta do navegador Américo 
Vespúcio (1451-1512) de que essas terras não faziam parte do leste da Ásia. 
Como o território espanhol no Novo Mundo era extenso o dividiram em regiões 
administrativas chamadas de vice-reinos: Peru, Nova Espanha, Nova Granada e Rio da 
Prata. Seus líderes administrativos eram os vice-reis, membros da nobreza da Espanha. 
Ainda assim os vice-reinos continuavam grandes territorialmente, então existiam as 
capitanias gerais da Venezuela, Chile, Cuba e Guatemala. 
Aos vice-reis cabia a administração política e econômica das colônias, aos 
capitães gerais, o controle militar e ainda existiam os cabildos, que consistiam em um 
tipo de conselho municipal que regulamentava serviços que iam desde cobrança de 
impostos a aplicação de leis. 
Na economia os espanhóis mesclaram características espanholas e nativas. Com 
a mita, as autoridades indígenas enviavam alguns membros de suas comunidades para 
trabalharem para os espanhóis durante alguns meses. 
Com a encomienda se estabelecia a prestação de trabalho dos indígenas para 
pagamento de impostos. Esses cobradores de tributos eram os encomenderos que 
também ficavam com a responsabilidade da catequização dos povos nativos. 
Comercializavam tecidos, algodão, açúcar, milho, tabaco, cacau, índigo, batata, 
etc. A mais lucrativa era a produção de açúcar, que assim como no Brasil e Estados 
Unidos dependia do trabalho escravo. 
Ao contrário de Espanha e Portugal, a Inglaterra estabeleceu em suas Treze 
Colônias na América do Norte um sistema de colonização baseado na ocupação. Os 
anglo saxões que ocuparam as Treze Colônias eram, em sua maioria, puritanos que 
fugiam da perseguição religiosa na Inglaterra, portanto eram pequenos burgueses sem 
laços com a nobreza inglesa. Diferente do que aconteceu com Portugal e Espanha que 
trouxeram membros da nobreza e distribuíram terras a eles. 
Os puritanos eram calvinistas e acreditavam que a salvação era fruto da 
predestinação divina, isto é, acreditavam que os salvos eram escolhidos por deus, desde 
os seus nascimentos. Acreditavam ainda que a marca da salvação predestinada por 
deus era a riqueza material, e como esses puritanos não eram nobres na Inglaterra e 
não possuíam grandes terras, restava a eles trabalharem com o comércio e, desta forma, 
 
esse forma de ser calvinista os incentivou a desenvolverem a economia das Treze 
Colônias. Essa ética calvinista os impulsionou a trabalhar cada vez mais e mais para 
conseguirem enriquecer e morrer com a certeza que iriam para o paraíso. Esta forma de 
pensar a salvação calvinista seria um motor para a economia das colônias inglesas no 
território americano. 
A colonização das Treze Colônias foi marcada por duas formas distintas. Ao norte, 
com clima mais frio, sem um clima favorável para a agricultura, se desenvolveu uma 
economia comercial, com diversas cidades e pequenas propriedades de terra, com mão 
de obra livre assalariada. Já nas colônias do Sul, com clima mais quente e adequado 
para a agricultura, surgiu uma economia latifundiária, com grandes proprietários de terras 
que usavam o trabalho escravizado. 
Essa separação colonial entre norte e sul ainda têm consequências nos Estados 
Unidos de hoje, onde no sul as pessoas são mais conservadoras, com maior número de 
pessoas com preconceito racial, e no norte existem pessoas menos conservadoras e 
mais combativas contra o preconceito racial. 
A ocupação inglesa na América aconteceu com vários embates com portugueses 
e espanhóis, que já haviam recebido esses territórios do papa em 1496 no Tratado de 
Tordesilhas. Os ingleses então contrataram piratas, chamados de corsários para atacar 
e saquear as terras portuguesas e espanholas, mas somente no século XVII os ingleses 
conseguiram se estabelecer na América fundando a Nova Inglaterra. 
O grande marco para a colonização da Nova Inglaterra foi a chegada de 
calvinistas em 1620 a bordo do navio Mayflower. Queriam exercer sua liberdade religiosa 
e ao chegarem ali, esses calvinistas puritanos, afirmaram ter chegado na “terra 
prometida”. Foram chamados de pais peregrinos. 
A ocupação dos Estados Unidos é recheada de mitos que supervalorizam os 
colonizadores, mas essa história é marcada pela violência contra os nativos e, nesse 
aspecto, nada se diferencia de Portugal e Espanha. A população indígena foi dizimada. 
Usaram armas de fogo, alimentaram seu etnocentrismo e impuseram sua cultura através 
da evangelização dos nativos. Apesar da resistência dos nativos, não tinham como 
vencer os invasores com armas bem menos tecnológicas. 
 
As colônias contavam com bastante liberdade econômica, o que era incomum 
para o momento histórico. O Brasil, por exemplo, podia comercializar apenas com 
Portugal. As Treze Colônias mantinham um grande comércio com as Antilhas e África, o 
que enriqueceu os colonos. Escravizados, melaço, rum, trigo, tecido e peixes eram os 
principais produtos. As coisas só iriam mudar quando a Inglaterra, após uma guerra de 
sete anos com a França, precisando de mais riquezas para recuperar sua economia, 
decide limitar a liberdade econômica e aumentar os impostos dos colonos. 
Apesar das características particulares, as colonizações portuguesa, espanhola e 
inglesa foram traumáticas para os povos nativos, que viram seu território sendo invadido, 
destruído tomado e seus irmãos sendo assassinados de diversas formas, sua cultura 
aniquilada e substituída pela dos invasores e ainda tiveram que conviver com a 
informação equívoca que este território foi descoberto, como se quem morasse aqui nada 
fosse. 
A colonização da América acelerou o processo de construção de uma civilização 
na América, mas civilizações também já existiam nesse continente, como astecas, maias 
e incas. Não saberemos quais rumos os vários povos que viviam aqui tomariam, pois a 
história de seus agrupamentos humanos e civilizações foi interrompida de forma abrupta. 
 
 
 
 
 
3 O CHOQUE CULTURAL 
 
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O Descobrimento da América. O próprio termo correntemente usado para a 
chegada de Colombo à América, “descobrimento” demonstra o que é o choque cultural 
entre europeus e ameríndios. Descobrimento, choque, cultura, são conceitos 
controversos quando se trata da discussão dos encontros culturais entre povos da 
Europa e nativos da América. 
A historiografia contemporânea costuma evitar o termo “descobrimento”, pois não 
se descobre uma terra habitada. Somente poderíamos nomear descobrimento caso o 
território estivesse desabitado. O território americano já estava habitado por populações 
indígenas e civilizações como incas, maias e astecas, portanto, estes povos nativos são 
os verdadeiros descobridores da América. A postura do europeu de se autoconsiderar o 
descobridoré fruto de uma postura imperialista, que considera os outros como 
inexistentes, estranhos, desconhecidos. 
O encontro entre essa duas culturas desde o início foi marcado pelo 
estranhamento, pois a cultura europeia, como milhares anos de história, se deparava 
com uma outra cultura que mesclava civilizações com escrita desenvolvida e registros 
histórico a outras que ainda não haviam se sedentarizado, constituído cidades e 
desenvolvido escrita. E, até mesmo o povo que aqui morava foi confundido com outro 
povo, o da índia, por isso Colombo e seus marinheiros os chamaram de índios. 
Ao dar aos nativos destas terras o nome “índio”, independente de ser um equívoco 
ou não, mostra como esses povos foram generalizados como um só. Desprezaram suas 
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diferenças étnicas, seus idiomas, seus costumes e religiões. O termo “índio” auxiliava no 
tratamento genérico destes povos e no desprezo de suas culturas. 
O próprio objetivo da colonização também representa diversos choques entre 
essas duas culturas. A economia europeia mesclava um feudalismo em crise com uma 
atividade comercial crescente. Quando se instalaram nas américas procuraram nestas 
terras formas de explorar as riquezas naturais, como madeira, minérios preciosos e terra 
fértil para o plantio. Para parte da população nativa essas atividades econômicas não 
faziam sentido, pois viviam como caçadores e coletores, não viam nada de valor no ouro 
e tão pouco se consideravam proprietários da terra, muitas tribos nem mesmo tinham em 
seus idioma os termos “meu” e “seu”. 
Um caso famoso das diferenças culturais entre europeus e nativos é a carta do 
cacique Seattle (1786-1866) ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce (1804-
1869). O presidente teria feito uma oferta de compra de parte das terras dos povos 
suquamish e duwamish ao qual Seattle teria respondido: 
 
É possível comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal Idéia é estranha para 
nós. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como podem comprá-
los? Cada pedaço desta terra é sagrada para o meu povo. Cada ramo brilhante 
de um pinheiro, cada areia da prata, cada bruma nas densas florestas, cada 
clareira e cada inseto a zumbir são sagrados na memória do meu povo. A seiva 
que corre através das árvores carrega as memórias do homem vermelho [...]. 
Somos parte da terra e ela é parte de nós [...], Deste modo, quando o grande 
Chefe manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós [...]. 
Consideraremos sua oferta de comprar nossa terra. Mas não será fácil, pois esta 
terra é sagrada para nós. (CATANI, 1988, p. 6). 
A terra para os povos nativos era algo que fazia parte do próprio povo, ao 
contrário dos europeus, que viam a terra como mercadoria, ideia fortalecida por esses 
países pelo feudalismo que perdurou por centenas de anos no velho continente. Os 
indígenas mantinham uma relação afetiva com a terra que lhes proporcionava sua 
subsistência. Consideram a terra como a terra mãe e que está, como mãe afetuosa, 
fornece alimentos para sobrevivência e por isso estão sempre dispostos a lutar por ela. 
Os nativos construíram sua própria forma de passar o conhecimento sobre a terra de 
geração a geração. A religiosidade indígena também está ligada à adoração à mãe terra, 
assim suas próprias identidades estão ligadas à terra. 
 
Além disso, é importante lembrar que tanto europeus quanto nativos das 
Américas eram diferentes. Não podemos homogeneizar a cultura europeia acreditando 
que eram todos iguais. Portugueses e espanhóis, apesar de vizinhos, católicos e 
monárquicos, não compartilhavam diversos costumes, práticas, leis, idioma, etc. Apesar 
destas diferenças ambos colonizaram a América com práticas semelhantes que envolvia 
o genocídio humano e cultural indígena. 
Os invasores chegaram a essas terras para explorar e não para catequizar. A 
catequização dos indígenas foi o segundo passo da colonização e também foi marcada 
pela violência, sobretudo cultural. Conforme já citado no tópico anterior: “Nela, até agora, 
não pudemos saber que haja ouro, nem prata [...]. Porém o melhor fruto, que nela se 
pode fazer, me parece que será salvar esta gente.” (CORTESÃO: 1943, p. 7). Essa frase 
de Caminha em 1500 nas terras onde hoje é o Brasil apresenta a prioridade colonizadora: 
a busca por riquezas. 
Os relatos são inúmeros da violência colonizadora e o que, durante muito tempo, 
justificou a violência foi a crença que o indígena não tinha alma e portanto não era 
humano. Até mesmo a humanidade foi rejeitada a esses povos, e quem decidiu se eles 
tinham ou não alma foi papa Paulo III (1468-1549) em 1537, que após longas disputas 
sobre o tema, escreveu uma bula papal com o objetivo de encerrar a discussão. O 
intrigante é que precisou o principal líder religioso cristão escrever um documento 
afirmando a humanidade dos nativos para que muitos pudessem concordar. Hoje nos 
soa absurdo pensar que a humanidade indígena foi decidida com uma assinatura. 
Os europeus não compreendiam a forma com que os nativos desdenharam 
aquilo que era valioso para eles. O ouro e a prata não eram valorizados pela maioria dos 
povos. A madeira como o pau-brasil não tinha muita importância para o modo de vida 
desses agrupamentos. Eles, ainda no período pré-colonial no Brasil, preferiram espelhos, 
tecidos e álcool, no qual acreditavam ser água que pegava fogo. Para os indígenas as 
riquezas naturais da terra era presente da mãe terra para os humanos. Viviam em 
sintonia com ela e não viam como fonte de riquezas extraordinárias, como viam os 
europeus. O igualitarismo era a prática social dos nativos e não a acumulação, como 
acontecia com os europeus. 
 
Com a certeza de que essas terras eram demasiadamente abundantes e 
valiosas, espanhóis e portugueses se instalaram aqui e logo, iniciaram também o 
processo de catequização desses povos. Os responsáveis foram os padres da 
Companhia de Jesus. Esses missionários aprenderam os idiomas nativos, não porque 
os valorizavam, mas para que pudessem ensinar a eles a fé cristã. 
Assim que iam aprendendo os idiomas, iniciavam o processo de catequização 
que envolvia também ensinar o português para os indígenas, no caso da colonização 
brasileira. A língua portuguesa era considerada a língua cristã, por isso o empenho no 
ensino da língua. Desta forma, a cultura indígena, era considerada inferior por não ser 
cristã. 
Da mesma forma, evidentemente, as divindades indígenas foram fortemente 
atacadas e associadas a demônios. O choque cultural dessas informações dadas aos 
indígenas também trouxe consequências psicológicas, pois muitos ao se depararem com 
a figura do diabo, inicialmente não entendiam, depois assimilam e se amedrontavam. As 
diversas etnias indígenas não possuíam uma ideia de diabo, não tinham a ideia de um 
personagem representante do mal. Acreditam que as divindades poderiam ser 
responsáveis pelo bem e o mal e por isso tentavam aplacar sua ira através de sacrifícios 
e oferendas. Portanto, a ideia de diabo despertou um novo temor desses povos. 
A ideia de inferno foi a que mais assustou os integrantes dessas etnias. A crença 
em um lugar de punição em fogo, onde todos aqueles que não seguissem o verdadeiro 
deus, Jesus, pudessem ser punidos eternamente, era aterrorizante. Os indígenas se 
converteram com medo do lugar de punição eterna. Mas mesmo convertidos, o termo 
deste lugar permanecia a tal ponto que muitos deles se deprimiram e alguns cometiam 
suicídio. 
Definitivamente os europeus não compreenderam os componentes culturais dos 
povos ameríndios. Até mesmo as escritas maias e astecas foram incendiadas, pois 
acreditaram ser rituais demoníacos escritos ali. 
A relação entre esses povos envolveu, incompreensão, etnocentrismo,xenofobia e ignorância. Quase não se dava espaço para entendimentos entre eles. Os 
indígenas resistiram à colonização também com violência. Capturavam os invasores e 
os matavam. A reação indígena foi marcada por violência tão grande quanto a dos 
 
europeus. O que os diferencia não é a violência física, mas sim, a posição em que esses 
dois povos estavam, um era o invasor, o outro o invadido. Um possuía a fé “correta”, o 
outro a “demoníaca”. Um tinha pistolas e canhões, o outro, no máximo, espadas de 
bronze. Foi uma luta desleal e saiu vencedor o que possuíam a maior tecnologia de 
guerra. O conquistador impôs sua cultura, fé e idiomas, o outro teve seu território, crença 
e língua tirados de si. 
É impossível ver a história da colonização sem se atentar às diferenças étnicas 
e choques culturais, desde atitudes inocentes, como as dos indígenas tocando a pele 
dos europeus pensando que estavam doentes, pois estavam pálidos ou ainda pensando 
que as caravelas eram montanhas flutuantes até o catapultamento de corpos infectados 
com gripe para dentro das tribos para a infecção e morte dos nativos. Tudo isso 
representa como o choque cultural é antes de mais nada, intolerante. 
Hoje, após cerca de 200 anos que a maioria das colônias conseguiram sua 
independência, os povos nativos ainda sofrem com o preconceito étnico. A alcunha de 
preguiçoso ainda os persegue. A crença esdrúxula que os indígenas que mantêm contato 
com os povos das cidades deixa de ser índio é grande. A rejeição à identidade dos povos 
reduzindo-os a índios ainda é comum. A invasão de terras e assasinato de índios ainda 
persiste. O genocídio indígena nunca deixou de acontecer. 
 
4 A ESCRAVIZAÇÃO NAS AMÉRICAS 
 
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Quem vir na escuridade da noite aquelas fornalhas tremendas perpetuamente 
ardentes, o ruído das rodas, das cadeias, da gente toda da cor da mesma noite, 
trabalhando vivamente, e gemendo tudo ao mesmo tempo sem momento de 
tréguas, nem de descanso; quem vir enfim toda a máquina e aparato confuso e 
estrondoso daquela Babilônia, não poderá duvidar, ainda que tenha visto Etnas 
e Vesúvios, que é uma semelhança de inferno. (SCHWARCZ; STARLING: 2015, 
p. 83). 
 
“Gente toda da mesma cor da noite” (SCHWARCZ; STARLING: 2015, p. 83) 
afirma o Padre Antônio Vieira (1608-1697) sobre o trabalho dos escravizados africanos 
nas fornalhas dentro dos engenhos de açúcar “naquelas fornalhas perpetuamente 
ardentes”. A paritr desse treco de Vieira podemos comprender a escravidão no Brasil. 
Portanto, a análise da escravidão no Brasil parte da investigação da esconomia brasileira 
entre os séculos XVI e XIX. 
Para ocupar o território, portugueses e espanhóis deveriam estabelecer atividades 
econômicas lucrativas para que o interesse dos investidores se voltasse para as 
Américas. O açúcar foi a atividade escolhida pelos portugueses para a colônia brasileira. 
O açúcar foi produzido na colônia e exportado para a europa, pois era valorizado 
no mercado europeu; possuía um solo apropriado para o cultivo da cana-de-açúcar; e os 
portugueses já tinham experiência com o plantio da cana nas ilhas Açores, Cabo Verde 
e Madeira. 
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Com as condições necessárias, iniciou, entre os anos 1540 e 1560 a estrutura da 
produção do açúcar, sobretudo nas regiões onde hoje estão Bahia e Pernambuco e ali 
se instalaram os engenhos no Brasil. O engenho era uma grande roda usada para moer 
cana e fabricar açúcar. Com o tempo a importância do engenho era tanta que o nome 
passou a ser usado para todo o complexo produtivo que envolvia o açúcar, desde o 
plantio até a senzala, onde ficavam os trabalhadores escravizados vindos da África. 
Os africanos eram comprados ou capturados na África e trazidos para as américas 
para exercerem o trabalho escravo. No continente africano já existia escravidão, mas 
esta não era motivada por fatores raciais. Os escravizados dentro da África eram, na 
maioria das vezes, prisioneiros de guerra, alguns poucos, pessoas endividadas. Quem 
inaugura a escravidão etnica são portugueses e espanhóis. 
Os primeiros africanos foram trazidos para o Novo Mundo, como era chamada a 
América, ainda no século XVI. Portugal e Espanha tentaram escravizar os indígenas, 
mas aos poucos iam desistindo dessa ideia, pois os nativos, ao conhecer o território e 
como sobreviver nele, escapavam e dificilmente eram encontrados. Além da resistência 
indígena ser motivada pelo choque cultural. Os indígenas não entendiam porque os 
portugueses se estendiam horas em atividades produtivas, pois aos indígenas o trabalho 
era voltado unicamente para sua subsistência diária, isto é, trabalhava-se no momento 
em que tinham que caçar, coletar ou pescar. 
Os indígenas foram escravizados durante muito tempo e somente no século XVII 
a prática foi proibida no país. Os reis europeus não seguiram a bula papal que proibia 
escravização desses povos e continuaram o que chamaram de Guerra Justa, pois, ao 
escravizarem os nativos realizavam o processo de catequização. 
Os padres jesuítas eram avessos à escravidão dos indígenas no Brasil e fugiam 
com o máximo de nativos possíveis para o interior do país e ali fundavam suas missões. 
Muitas dessas missões eram invadidas e os indígenas capturados e escravizados. 
Os reis perceberam que a tentativa de escravização dos povos ameríndios gerava 
mais prejuízo que lucro e iniciaram o comércio de escravizados com a África. Iam até os 
portos africanos, nos mercados de escravos, compravam a “peça” e traziam ao novo 
continente dentro dos navios negreiros, também chamados de tumbeiros. 
 
Ao chamar o africano de “peça” fica perceptível a negação da humanidade 
daquele povo. Eram reduzidos à condição de mercadoria. O ser humano na escravidão 
é objetificado, tratado como um simples objeto usado para fins particulares. Essa lógica 
de desumanização do humano foi responsável pela escravidão, assassinatos, violência 
sexual, etc., durante 350 anos nas américas. 
A citação do Padre Antônio Vieira presente no início desta discussão mostra como 
o trabalho nas fornalhas era desgastante. Durante a época da colheita trabalhavam até 
16 horas por dia sem espaço para descanso e não somente nas fornalhas, mas também 
em todas as outras atividades do engenho. A fornalha era o lugar onde o trabalho era 
mais árduo, devido à exposição a alta temperatura por horas a fio. 
A expectativa de vida de um escravizado nos engenhos era de 25 anos. A vida de 
um trabalhador escravizado só existia para esse fim. Além da liberdade de ir e vir, 
também era-lhes tirado o direito a escolhas, a amar, a viver. Famílias eram separadas 
no mercado de escravos para servir a algum senhor em um continente desconhecido. 
Desde os tumbeiros o sofrimento era apresentado aos escravos. Dentro dos 
navios eram colocados em porões e transportados em um local escuro aos montes com 
pouco espaço. Um lugar ideal para a transmissão de doenças. Muitos morriam infectados 
por alguma doença. Pelo menos um terço dos africanos transportados nos tumbeiros 
morria antes de chegar ao seu destino. 
Na colônia experimentam a humilhação de serem tratados como peças, como 
mercadorias no mercado de escravos. Ao serem vendidos, alguns viviam a violência de 
serem separados de seus maridos, esposas e filhos. Uma vez estabelecidos em seus 
lugares de trabalho, que poderia ser um engenho ou nas cidades, presenciaram todos 
os dias violências diversas que poderiam ser violência física, verbal, sexual e moral. 
Era muito comum entre os senhores o estupro de escravas, inclusive muitas delas 
engravidavam de seus senhores. A criança nasceria e viveria como uma escravizada 
também. Surgiria como fruto dessa violência as chamadas “mulatas”. Gilberto Freyre 
(2006) escreveu que a beleza da mulher mulatase tornou objeto de inveja da mulher 
branca que investiu esforços para minimizar a mulher mulata, escravas ou livres, 
afirmando que eram tomadas pela perversão sexual e assim surge frases estereotipadas 
 
e preconceituosas como “a cor do pecado”. “A mulher branca é para casar. A preta para 
trabalhar. A mulata pra fuder.” (FREIRE, 2006, p. 122). 
No Brasil os senhores de engenho perceberam rapidamente que o excesso de 
violência física estimulava a revolta e fugas dos cativos. Assim, logo adotaram uma forma 
que envolvia menos violência física e a substituíram por outras formas de violência, como 
prisões e humilhações. Isso não tornou a escravidão no Brasil menos violenta, apenas 
mudou a forma de violentar. 
A senzala se tornou símbolo da vida escrava. Ali era a moradia dos escravizados. 
Não tinham casa para se abrigar e eram obrigados a morar em lugares fechados, escuros 
e dormiam todos acorrentados no chão de terra. Muitas senzalas estavam embaixo das 
casas grandes, outras separadas em prédios vizinhos. 
Na América espanhola a escravidão se assemelha em muitos pontos à do Brasil, 
mas ao contrário dos portugueses, a principal atividade econômica nas colonias da 
Espanha era a mineração, isto porque, desde o início da colonização espanhola 
encontraram ouro, coisa que os portugueses demorariam duas centenas de anos para 
encontrar. 
Bartolomé de Las Casas (1484-1566), frei espanhol, realizou discussões 
teológicas importantes com o padre Juan Ginés de Sepúlveda (1489-1573), em defesa 
dos indígenas, mas ao defendê-los chegou a sugerir que substituíssem os indígenas por 
africanos no trabalho escravo. Apesar da quantidade de escravizados pela Espanha ser 
menor que a de Portugal, também tinham as mesmas preocupações, inclusive com as 
fugas. Também tinham métodos semelhantes de controle, isto é, o uso da violência. 
Nos Estados Unidos, ao contrário de Portugal e Espanha, estimulavam a união 
entre os escravizados para que gerassem filhos e pudessem diminuir sua dependência 
do tráfico negreiro. Os escravizados eram concentrados no Sul, uma vez que no Norte 
usavam o trabalho livre assalariado. 
No Sul das Treze Colônias inglesas na América do Norte prosperou o trabalho 
escravo, pois o clima era quente e mais adequado para o plantio. Com uma economia 
baseada em grandes latifúndios, a força de trabalho escolhida logo foi a escravizada. Os 
africanos, como nos demais territórios do continente, sofriam todo tipo de violência. 
 
A França, apesar de ter poucas colônias nas américas, também utilizou o trabalho 
escravo. O caso mais conhecido é o do Haiti, que de tanto lucro dava aos franceses foi 
chamada de “pérola das Antilhas”. A prática escravista no Haiti que além dos castigos 
físicos também expunha os escravizados até mesmo a humilhações públicas, como a 
permissão para que visitantes atirassem laranjas nos cativos. 
No fim do século XVIII o país tinha uma população de cerca de 490 mil pessoas, 
sendo 40 mil franceses e 450 mil cativos. Em 1791 iniciou a Revolução Haitiana em que 
os escravizados se rebelaram contra os franceses. Aos poucos os cativos que ouviam 
da rebelião se rebelavam também e em poucas semanas já eram mais de 100 mil 
escravos rebelados contra a França. Isso acontecia enquanto a França passava pela 
Revolução Francesa, um processo revolucionário que colocava a burguesia no poder 
com ideais iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade. Os escravos lutavam pelo 
fim da escravidão e os negros libertos por direitos iguais com os brancos. Com a 
Revolução Haitiana, o Haiti se tornou o primeiro país da américas a libertar seus 
escravos. 
O ato de rejeitar a escravidão e lutar por seus direitos não foi exclusivo do Haiti. 
O africano escravizado nunca aceitou essa condição para si. Pelo contrário, até a 
abolição da escravidão nos territórios americanos, esses cativos lutaram de diversas 
formas para alcançar sua liberdade. A resistência dos africanos e de seus descendentes 
que nasceram na condição de escravos eram diversas. Uns queimaram as plantações, 
como forma de frear o trabalho interminável e gerar prejuízos aos seus senhores. Outros, 
boicotaram a produção através da quebra do engenho. A fuga era uma das maneiras 
mais comuns de resistir à escravidão. Esses cativos fugidos procuravam vilas formadas 
por escravos em fuga para se protegerem, eram as concentrações quilombolas. Também 
resistiam revidando a violência dos capatazes, que seguravam o chicote, com mais 
violência. É nesse contexto de resistência que os escravizados no Brasil criaram a 
capoeira, um tipo de luta que surgiu nos engenhos para revidar a agressão física que 
sofriam. Em alguns casos, a resistência chegava a extremos como o suicídio, pois para 
alguns a morte era menos infeliz que a vida de escravo. 
Toda a história da escravização de africanos nas américa é marcada por muito 
sangue e sofrimento. A dominação branca com o uso da escravidão terminou no século 
 
XIX, sendo o Brasil o último país do mundo a abolir a escravidão. Entretanto, mesmo 
libertos continuaram sendo segregados no continente. Nos Estados Unidos criaram leis 
que separavam a população branca da afroamericana. No Brasil, apesar das leis não 
citarem a exclusão da população preta do país, elas os excluíam de outras formas. 
Durante a República Velha do Brasil (1889 - 1930) não havia direito ao voto para 
analfabetos, assim, os escravizados que haviam se libertado em 1888, com a Lei Áurea, 
não podiam votar e os poucos escolarizados tinham que submeter ao voto aberto com 
pistoleiros dos fazendeiros próximos às urnas sofrendo intimidação para que votassem 
em quem o coronel ordenou. 
Hoje, Brasil, países de colonização espanhola e Estados Unidos convivem com o 
legado da escravização, o racismo estrutural e o racismo institucional. As práticas 
racistas presentes em piadas e brincadeiras, aparentemente inocentes, nos apresentam 
como este sentimento racial ainda está presente em toda a estrutura social. Muitas 
empresas, escolas, igrejas e outras instituições ainda resistem ao penteado estilo black 
e às manifestações religiosas de matriz africana, demonstrando que o racismo 
institucional também permanece. Para além disso, muitas conquistas legais contra o 
racismo foram alcançadas nas américas. A escravidão nunca deveria ter acontecido, 
mas ocorreu, e uma vez que é impossível apagar essa marca da história é necessário 
comprendê-la e lutar pela erradição de seu maior legado: o racismo. 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O choque cultural entre ameríndios e europeus se deu desde o momento em que os 
indígenas avistaram as caravelas ao longe no horizonte e conforme chegavam perto 
imaginavam ser montanhas flutuantes. A pele pálida dos europeus os fez imaginar que 
estavam doentes e os cavalos os fez crer que eram bestas de duas cabeças. Já os 
europeus se impressionaram com a nudez dos indígenas, também com suas peles 
vermelhas e repleta de pinturas e as aves falantes, os papagaios, creram ser fruto de 
algum tipo de feitiçaria. O choque cultural no primeiro momento foi marcado pelo 
espanto, pela estranheza natural quando se vê algo jamais visto. Europeu e tupis foram 
pacíficos uns com os outros na costa brasileira em abril de 1500. Mas o choque cultural, 
infelizmente, não se limitou a atos pacíficos. 
 
IGLÉSIAS, F. Encontro de duas culturas: América e Europa. Estudos Avançados, 
Sevilha, v. 6, n. 14, p. 23-37, 1992. 
 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
“Quando o europeu chegou 
Debaixo duma bruta chuva 
Vestiu o índio 
Que pena! 
Fosse uma manhã de sol 
O índio tinha despido 
O português” 
 
ANDRADE. Oswald de. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1972. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Durante a análise da primeira unidade verificamos que o continente americano 
possuía uma enorme riqueza cultural distribuída entre grupos tribais e civilizações.Povos, línguas, nações se desenvolveram aqui com suas próprias formas de agir e 
pensar. As civilizações ora construíram cidades-Estado, ora impérios centralizados, 
estruturas de poder que existiam em outras partes do mundo, portanto, esses povos 
possuíam semelhanças com europeus. As cidades grandes e organizadas eram bem 
planejadas. O domínio de matemática, engenharia e astronomia era vasto. As formas de 
driblar as dificuldades de sobrevivência eram criativas e iam desde as chinampas 
mexicas (astecas) até os terraços nas montanhas incas. Aqui apresentamos a 
grandiosidade da América pré-colombiana. 
Quando os europeus chegaram na América iniciaram o seu processo de 
colonização. Espanha e Portugal adotaram formas diferentes de colonização, com 
estruturas hierárquicas diferentes, porém, ambas desenvolveram colônias de exploração 
que levaram as riquezas de suas colônias para a Europa durante trezentos anos. Já a 
Inglaterra, nas Treze Colônias, sem encontrar riquezas naturais, decidiu construir uma 
colônia de ocupação colonizada por religiosos fugidos da Inglaterra e esse modelo de 
colonização auxiliou os Estados Unidos a se desenvolverem mais rapidamente que as 
colônias de exploração. Em outras palavras, vimos que o passado colonial das américas 
ainda influencia o presente dos países que aqui estão. 
Ainda verificamos nessa unidade que a colonização não foi pacífica, mas sim, 
marcada por mortes, doenças, guerras, genocídios, etc. O estranhamento entre 
ameríndios e europeus foi pacífico durante o primeiro contato para logo após ser 
marcado por guerras de conquistas europeias que, além de dizimar a população, 
também dizimou a sua cultura. O amplo arsenal cultural indígenas foi destruído porque 
os padres católicos acreditavam ser coisas do demônio. Portanto, percebemos que hoje 
existem poucos indígenas no continente e pouco sabemos de suas culturas porque no 
passado os mesmos foram massacrados durante a colonização. 
 
A colonização foi sustentada através da mão de obra escravizada, primeiro a dos 
indígenas e depois a dos africanos. O indígena foi substituído, gradativamente, pelos 
africanos porque conheciam o território e tinham maiores possibilidades de fugirem e 
dificilmente eram recapturados. Os africanos também eram estranhos no continente, tal 
qual os europeus, e mais facilmente eram capturados quando fugiam. O africano no 
Brasil, além de sofrer com o trabalho compulsório foi submetido aos mais variados tipos 
de maus tratos, físicos e psicológicos. Desta forma, verificamos que a construção da 
América só foi possível graças ao trabalho escravizado de indígenas e africanos. 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
MATTOSO. K. M. Q. Ser escravo no Brasil: séculos XVI-XIX. Curitiba: Editora Vozes, 
2016. 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
● Título: As veias abertas da América Latina 
● Autor: Eduardo Galeano. 
● Editora: L&PM. 
● Sinopse: Remontando a 1970, sua primeira edição, atualizada em 1977, quando 
a maioria dos países do continente padecia facinorosas ditaduras, este livro 
tornou-se um 'clássico libertário', um inventário da dependência e da vassalagem 
de que a América Latina tem sido vítima, desde que nela aportaram os europeus 
no final do século XV. No começo, espanhóis e portugueses. Depois vieram 
ingleses, holandeses, franceses, modernamente os norte-americanos, e o 
ancestral cenário permanece - a mesma submissão, a mesma miséria, a mesma 
espoliação. 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
● Título: Apocalypto 
● Ano: 2006. 
● Sinopse: No fim da civilização maia, sacrifícios humanos se tornam cada vez 
mais frequentes, na tentativa de aplacar a ira dos deuses. Um jovem guerreiro é 
capturado e, num ímpeto de bravura, empreende uma incrível fuga para salvar a 
mulher grávida e o filho. 
● Link: https://www.youtube.com/watch?v=YhCByMDkBEE 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BELLOTTO, M. L; CORRÊA, A. M. M. América Latina de colonização espanhola. São 
Paulo: Hucitec, 1979. 
 
CARRIÈRE, J. A controvérsia. São Paulo: Companhia das letras, 2003. 
 
CATANI. A. M. Preservação do meio ambiente: manifesto do Chefe Seattle ao 
presidente dos Estados Unidos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 
v. 28, p. 58, março, 1988. Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/rae/a/3ZcqSvxprWvNf5J5vCnW6Jb/?lang=pt. Acesso em: 02 ago. 
2021. 
 
CORTESÃO, J. A carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 
1943. 
 
FLAMARION. C. América pré-colombiana. São Paulo: Brasiliense, 1981. 
 
FREYRE. G. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Global, 2006. 
 
SCHWARCZ L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2015. 
 
UNIDADE II 
OS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA LATINOAMERICANAS 
Professor Especialista Paulino Peres 
 
 
Plano de Estudo: 
● A importância de Simón Bolívar para a independência da América Latina; 
● Revolução Mexicana; 
● Revolução Cubana; 
● Revolução Sandinista. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
● Conhecer a figura de Simón Bolívar e sua importância para a independência da 
América Latina; 
● Compreender os antecedentes e o processo da Revolução no México; 
● Entender como era Cuba antes da Revolução e como ocorreu o processo 
revolucionário e sua opção pelo socialismo; 
● Compreender a Nicarágua pré revolução, conhecer a importância de Sandino e 
entender o processo revolucionário. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Uma vez colonizada a América latina passa a resistir de diversas formas à 
colonização e inicia em vários momentos movimentos de resistência e lutas por 
libertação. Nesta unidade estudaremos um pouco sobre essas lutas. 
Na América do Sul se destacou a liderança de Simón Bolívar (1783-1830) e o 
surgimento do fenômeno político chamado bolivarianismo, que nada tem a ver com 
esquerda ou direita, mas sim, um movimento de libertação. O surgimento de alguns 
países da América do Sul se deu graças a essa liderança, como Venezuela, Colômbia, 
Equador e Peru. 
Também estudaremos a revolução do México onde lideranças como Emiliano 
Zapata (1879-1919) e Pancho Villa (1878-1923) se destacaram na luta contra um 
governo local ligado às elites que tratava com indiferença a fome do povo. Os 
descontentamentos da população do campo e cidade se uniram e lançaram as bases da 
Revolução Mexicana. 
 Em Cuba, também houve muita pobreza a políticos ligados às elites locais e aos 
Estados Unidos. A pobreza levou o povo a se unir à guerra de guerrilha liderada por Fidel 
Castro (1926-2016) e Ernesto Guevara (1928-1967) o que fortaleceu os guerrilheiros e 
abriu as portas para a Revolução Cubana que tornaria Cuba um país socialista. 
Outro país que também sofreu muito com a intervenção estadunidense foi a 
Nicarágua onde a figura de Augusto César Sandino (1895-1934) se tornou mitológica, 
pois mesmo após décadas de sua morte, seu nome foi e ainda é utilizado politicamente 
no país como sinônimo de libertação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 A IMPORTÂNCIA DE SIMÓN BOLÍVAR PARA A INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA 
LATINA 
 
 
Imagem do Tópico: 
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A história da América Latina se confunde com a história de Simon Bolívar (1783-
1830). Influenciado pelos ideais iluministas foi um defensor da descolonização das 
américas. Lutou contra os espanhóis e é responsável pela independência de Colômbia, 
Equador, Venezuela, Bolívia e Peru. Como um dos libertadores da América, seu nome é 
um dos grandes nas lutas pela independência no continente. 
As ideias iluministas de liberdade se espalharam da Europa para o mundo, 
sobretudo em regiões como a América, onde a colonização tirava a liberdade política e 
econômica dos territórios sob domínio europeu, além de liberdades individuais dos mais 
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