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livro História Medieval IV

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HISTÓRIA MEDIEVAL 
Unidade 4
Feudalismo e 
cavalaria
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
DIRETORA EDITORIAL 
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
PROJETO GRÁFICO 
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA 
FÁBIO RONALDO DA SILVA
4 HISTÓRIA MEDIEVAL 
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Fábio Ronaldo da Silva
Olá. Pós-doutorando em História pelo PPGH/UFCG. 
Doutor em História pelo PPGH/UFPE. Mestre em História pelo 
PPGH/UFCG. Foi professor substituto do curso de Jornalismo 
da UEPB, professor do curso de Publicidade e Propaganda da 
Cesrei. Além de professor do curso de Comunicação Social das 
FIP e do curso de Produção em Audiovisual da Facisa/Cesed. 
Possui especialização em Programação Visual; graduação em 
Comunicação Social pela UEPB e História pela UFCG.É pesquisador 
co-líder do Grupo de Pesquisa/DGP-CNPq? História e Memória da 
Ciência e Tecnologia? Realiza pesquisa nas áreas de Comunicação 
e História, atuando principalmente nos seguintes temas: Estudos 
de gênero, sexualidades, velhices, imprensa homoerótica, 
homossexualidades, imagem, cinema, história oral, arquivo 
jornalístico, memória, novas tecnologias da informação. Sou 
apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência 
de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
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6 HISTÓRIA MEDIEVAL 
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O que foi o sistema feudal ........................................................ 9
Origens e desenvolvimento do sistema feudal .............................................. 9
Características principais do feudalismo....................................................... 15
Organização da terra e da economia feudal ................................................20
Cavalaria: um ideal de comportamento na sociedade 
medieval ................................................................................... 23
A ordem da cavalaria e a formação dos cavaleiros ..................................... 23
Código de honra dos cavaleiros e a ideologia da cavalaria ....................... 29
Influência da cavalaria na cultura e literatura medieval ............................. 33
Relações feudais entre senhores e vassalos......................... 37
As bases do vínculo feudal: homagems e juramentos de fidelidade ....... 37
Obrigações e privilégios dos senhores e vassalos ...................................... 42
As tensões e os conflitos nas relações feudais ............................................46
Declínio do sistema feudal durante a Idade Média ............. 51
Surgimento da burguesia e a ascensão das classes urbanas ................... 51
Impacto das revoluções tecnológicas na agricultura .................................. 57
Transformações políticas e a queda da autoridade feudal ....................... 60
SU
M
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7HISTÓRIA MEDIEVAL 
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Você sabia que a História Medieval é uma das áreas 
mais intrigantes do estudo histórico e, ao mesmo tempo, uma 
das mais mal compreendidas? Isso mesmo! O período medieval, 
frequentemente conhecido como Idade das Trevas, foi na verdade 
um período de grande inovação e transformação. Nesta unidade, 
vamos nos aprofundar em dois conceitos fundamentais da 
sociedade medieval: o feudalismo e a cavalaria. O feudalismo foi o 
sistema socioeconômico e político dominante na Europa Ocidental 
durante grande parte da Idade Média. Sua principal característica 
era a relação entre senhores e vassalos, baseada em trocas de 
terras por serviços militares. Esse sistema moldou a economia, a 
política e as relações sociais da época. A cavalaria, por sua vez, 
era uma ordem militar de elite, composta por cavaleiros que 
seguiam um rigoroso código de conduta. A ideologia da cavalaria 
influenciou profundamente a cultura e a literatura medievais, 
criando um ideal de comportamento valorizado na sociedade.
Nesta unidade, você vai aprender sobre as origens e o 
desenvolvimento do sistema feudal, suas principais características, 
a organização da terra e a economia feudal. Em seguida, 
exploraremos a ordem da cavalaria, a formação dos cavaleiros, o 
código de honra dos cavaleiros e a influência da cavalaria na cultura 
e na literatura medieval. Depois, analisaremos as relações feudais 
entre senhores e vassalos, as bases do vínculo feudal, as obrigações 
e os privilégios dos senhores e vassalos, bem como as tensões e 
conflitos nas relações feudais. Por fim, discutiremos o declínio do 
sistema feudal durante a Idade Média, abordando o surgimento 
da burguesia e a ascensão das classes urbanas, o impacto das 
revoluções tecnológicas na agricultura e as transformações políticas 
que levaram à queda da autoridade feudal.
Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar no universo 
da sociedade medieval, compreendendo melhor a complexidade e a 
diversidade desse período histórico tão fascinante. Vamos começar?
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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Compreender o sistema feudal e suas características, 
como o contrato de vassalagem e o dever de proteção 
mútua. 
2. Discernir sobre a importância da cavalaria como um 
ideal de comportamento e um código de conduta na 
sociedade medieval. 
3. Entender as relações feudais entre senhores e vassalos, 
bem como as obrigações e privilégios.
4. Discernir sobre as mudanças e o declínio do sistema 
feudal durante a Idade Média.
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O que foi o sistema feudal
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funcionava o sistema feudal 
e suas características, incluindo o contrato de 
vassalagem e o dever de proteção mútua. Isso será 
fundamental para o exercício de sua profissão, 
especialmente se você planeja trabalhar em 
áreas relacionadas à história, educação, ciências 
sociais, entre outras. As pessoas que tentaram 
analisar ou discutir o feudalismo sem a devida 
instrução tiveram problemas ao compreender 
as complexas relações de poder e economia que 
moldaram a sociedade medieval. Além disso, sem 
essa compreensão, é difícil entender as raízes e 
o impacto de muitos sistemas políticos e sociais 
modernos. E, então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Vamos lá. Avante!
Origens e desenvolvimento do 
sistema feudal
O feudalismo, uma das estruturas político-econômicas 
mais marcantes da Europa Medieval, tem suas raízes no período 
de transição entre a queda do Império Romano do Ocidente e a 
emergência de um novo sistema político e social. A descentralização 
política e a fragmentação do poder político foram fatores essenciais 
para o surgimento do feudalismo na Europa Medieval. O colapso 
do poder central romano em 476 d.C. deixou um vácuo político, 
com a ascensão de diversos pequenos reinos e líderes regionais.
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Imagem 4.1 – Feudalismo
 
Fonte: Freepik
Nesse contexto, as invasões bárbaras desempenharam 
um papel importante. Essas invasões levaram ao surgimento 
de pequenos territórios independentes, governados por líderes 
militares que se tornaram os primeiros senhores feudais. A 
necessidade de proteção contra invasões e a instabilidade política 
levou à formação de uma estrutura hierárquica e uma rede de 
alianças, com base na lealdade e serviço militar. Dessa forma, 
a fragmentação do poder político e a necessidade de proteção 
militar foram essenciais para o desenvolvimento das relações de 
vassalagem e senhorio.
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VOCÊ SABIA?
A formação do feudalismo também foi influenciadapelo declínio do sistema econômico romano 
e a emergência de uma economia agrária. A 
decadência do comércio e das cidades romanas 
contribuiu para a ascensão de uma economia 
agrária de subsistência, na qual a terra se tornou 
a principal fonte de poder e riqueza. A posse de 
terras tornou-se um símbolo de status e poder, e 
os senhores feudais concediam terras aos vassalos 
em troca de lealdade e serviços militares.
Portanto, as origens e o desenvolvimento do feudalismo 
na Europa Medieval foram fortemente influenciados pela queda 
do Império Romano do Ocidente, as invasões bárbaras e a 
mudança na economia agrária. O feudalismo surgiu como uma 
resposta à necessidade de proteção e estabilidade em um período 
de fragmentação política e econômica.
A estrutura social e política do feudalismo era marcada 
por uma rígida hierarquia de poder, com relações de vassalagem 
e fidelidade entre os diferentes níveis. A sociedade feudal era 
dividida em três ordens: 
1. aqueles que rezavam (o clero); 
2. aqueles que lutavam (a nobreza); e 
3. aqueles que trabalhavam (os servos e camponeses).
No topo da hierarquia estava o rei, que concedia terras 
e títulos a seus vassalos em troca de lealdade e serviço militar. 
Os vassalos, por sua vez, eram membros da nobreza, geralmente 
cavaleiros ou senhores feudais, que juravam fidelidade ao rei e 
o apoiavam em conflitos armados. A relação de vassalagem era 
formalizada em uma cerimônia conhecida como homenagem, na 
qual o vassalo jurava fidelidade ao senhor, estabelecendo uma 
relação de proteção mútua.
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Essas relações de vassalagem também existiam entre os 
próprios nobres. Os grandes senhores feudais concediam terras 
a vassalos de menor status, formando uma complexa rede de 
alianças e obrigações mútuas. Essas relações eram baseadas em 
deveres recíprocos de proteção e lealdade, e o controle sobre a 
terra era a principal fonte de poder e riqueza.
Os servos, que constituíam a grande maioria da população 
feudal, estavam ligados à terra e eram obrigados a prestar serviços 
agrícolas e pagamentos aos seus senhores em troca de proteção e 
um lugar para viver. Os servos não tinham direitos políticos e eram 
sujeitos a várias restrições e obrigações, incluindo a obrigação de 
trabalhar nas terras do senhor e pagar tributos.
Assim, a estrutura feudal era caracterizada por uma 
hierarquia de poder e relações de vassalagem e fidelidade, com a 
terra como principal fonte de riqueza e poder. As relações entre 
senhores e vassalos eram baseadas em deveres recíprocos de 
proteção e lealdade, e os servos estavam sujeitos a uma série de 
obrigações e restrições.
IMPORTANTE
O feudalismo surgiu no contexto de uma 
Europa fragmentada após a queda do Império 
Romano do Ocidente, quando a descentralização 
política e a insegurança deram origem a uma 
nova organização social e política baseada nas 
relações de vassalagem e fidelidade. A expansão 
do feudalismo na Europa foi impulsionada por 
diversos fatores, incluindo as invasões bárbaras, a 
migração de povos germânicos e a fragmentação 
política do continente.
A expansão do feudalismo também foi facilitada pela 
estrutura agrária da Europa Medieval, que favorecia a formação 
de grandes propriedades rurais conhecidas como feudos. Os 
senhores feudais, como observa Costa (2005), possuíam grande 
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autonomia e controle sobre suas terras, o que lhes permitia 
estabelecer relações de vassalagem com outros nobres e impor 
obrigações e restrições aos servos que viviam em seus domínios.
A expansão do feudalismo também se deu por meio das 
conquistas militares e das Cruzadas. As Cruzadas, por exemplo, 
que foram expedições militares organizadas pela Igreja Católica 
para recuperar a Terra Santa dos muçulmanos, contribuíram 
para a expansão do feudalismo no Oriente Médio e nas regiões 
conquistadas.
No entanto, o feudalismo também enfrentou desafios 
ao longo do tempo, como as revoltas de servos, a crescente 
centralização do poder real e o surgimento de cidades e de 
uma nova classe de comerciantes. Esses fatores, juntamente 
com as mudanças econômicas e sociais, contribuíram para a 
transformação e eventual declínio do feudalismo na Europa.
A relação entre senhores e servos é uma característica 
fundamental do feudalismo, definindo a dinâmica socioeconômica 
da Europa durante a Idade Média. A relação entre senhores e 
servos era uma relação desigual, baseada em obrigações mútuas, 
mas com uma clara subordinação dos servos aos senhores feudais.
Os servos eram camponeses que viviam e trabalhavam nas 
terras dos senhores feudais, a quem deviam serviços e tributos 
em troca de proteção e uso das terras para cultivo. Conforme 
destaca Le Goff (2003), essa relação era, em grande parte, uma 
continuação das relações de servidão e dependência que existiam 
no Império Romano.
No entanto, como aponta Duby (2019), a relação entre 
senhores e servos não era estática e sofria variações dependendo 
da região, da época e das circunstâncias locais. Apesar de ser uma 
relação desigual, nem sempre era uma relação de exploração 
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unilateral, já que os servos tinham direitos e obrigações recíprocas 
com os senhores.
Exemplo: Por exemplo, segundo Bloch (1987), os servos 
tinham o direito de cultivar suas próprias terras e de manter 
uma parte da produção para si mesmos. No entanto, 
também eram obrigados a prestar serviços agrícolas para 
os senhores, pagar tributos e cumprir outras obrigações, 
como a corveia, que consistia em trabalhar nas terras do 
senhor sem remuneração.
Apesar de serem considerados homens livres, os servos 
estavam ligados às terras e não podiam abandoná-las sem 
o consentimento do senhor. Essa restrição à mobilidade dos 
servos os mantinha presos ao sistema feudal e limitava suas 
oportunidades de ascensão social.
VOCÊ SABIA?
A economia manorial era uma das principais 
características do sistema feudal e representava 
uma forma particular de organização econômica, 
baseada na posse e exploração das terras por 
senhores feudais e na prestação de serviços 
e pagamento de tributos pelos servos. Essa 
economia era autárquica e voltada para o consumo 
local, sendo pouco orientada para o comércio.
O manor era uma unidade de produção agrícola que 
englobava o domínio senhorial, as terras cultivadas pelos servos 
e as terras comuns utilizadas por todos. O senhor feudal tinha 
o controle sobre essas terras e recebia tributos e serviços dos 
servos em troca do uso das terras. Essa organização econômica 
possibilitava a sobrevivência da população local, mas não favorecia 
o desenvolvimento econômico.
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A economia manorial também estava intimamente ligada 
à estrutura social do feudalismo. Como destaca Le Goff (2003), a 
relação entre senhores e servos era essencial para o funcionamento 
dessa economia, já que os servos eram responsáveis por cultivar 
as terras e prestar serviços aos senhores. A economia manorial 
refletia, assim, a hierarquia e as relações de poder existentes na 
sociedade feudal.
Apesar de sua importância para a sobrevivência da 
população local, a economia manorial tinha limitações significativas. 
Essa era autossuficiente e pouco orientada para o comércio, o 
que limitava o desenvolvimento econômico. Além disso, a relação 
desigual entre senhores e servos também contribuía para a 
estagnação econômica.
Características principais do 
feudalismo
O feudalismo, também conhecido como sistema feudal, 
foi uma forma de organização política, econômica e social que 
predominou na Europa durante a Idade Média. O feudalismo teve 
suas origens na Europa Ocidental no século IX e perdurou até o 
século XV, quando a crescente centralização do poder político, 
o desenvolvimento do comércio e a ascensão da burguesia 
começaram a minar a estrutura feudal.
Esse sistema surgiu no contexto das invasões bárbaras 
que marcaram o fim do Império Romano do Ocidente.As invasões 
levaram ao colapso da autoridade central romana e à fragmentação 
do poder político entre diversos líderes locais. Jacques Le Goff 
(2006) explica que as invasões também interromperam o comércio 
e a economia romana, dando origem a uma economia autárquica 
e baseada na agricultura.
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No entanto, como aponta Marc Bloch (1987), o feudalismo não 
foi simplesmente um ressurgimento das antigas práticas germânicas 
ou romanas, mas uma síntese das duas tradições. De fato, o feudalismo 
incorporou elementos das práticas germânicas, como a relação de 
vassalagem, e da organização romana, como a servidão.
Esse sistema proporcionou uma certa estabilidade e ordem 
à Europa Medieval, mas também era caracterizado por relações 
desiguais de poder e uma economia predominantemente rural 
e autossuficiente. As características do feudalismo variaram de 
região para região, mas, em geral, esse sistema era caracterizado 
pela descentralização política, pela relação senhorial-servil e pela 
economia manorial.
Uma das características marcantes do feudalismo foi a 
descentralização política, um sistema em que a autoridade política 
estava distribuída entre vários senhores feudais, que tinham 
autonomia em suas próprias terras.
A descentralização política ocorreu em parte devido ao 
colapso da autoridade central romana e às invasões bárbaras, 
como mencionamos anteriormente. Os líderes germânicos 
que invadiram o Império Romano do Ocidente estabeleceram 
reinos independentes e, muitas vezes, concediam terras a seus 
guerreiros e seguidores em troca de lealdade e serviços militares. 
Essa prática, conhecida como benefício, é uma das origens da 
relação feudal de vassalagem.
VOCÊ SABIA?
A vassalagem era uma relação hierárquica entre 
um suserano e um vassalo, em que o vassalo 
prometia fidelidade e serviços ao suserano em 
troca de proteção e um feudo, que era uma 
concessão de terra. O feudo não era propriedade 
do vassalo, mas um bem que ele podia usar e 
explorar em troca de seus serviços.
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Como explica Georges Duby (1987), essa relação de 
vassalagem se tornou a base da organização política feudal. Os 
vassalos, por sua vez, podiam ter seus próprios vassalos, criando uma 
rede complexa e hierárquica de relações de vassalagem. Isso levou à 
fragmentação do poder político e à autonomia dos senhores feudais 
em suas terras, o que é chamado de descentralização política.
No entanto, a descentralização política não significava que 
o rei não tinha poder. O rei era frequentemente um suserano 
de vários senhores feudais, e eles deviam fidelidade e serviços 
militares a ele. A relação entre os senhores feudais e o rei era 
complexa e variava de região para região.
A relação senhorial-servil foi um dos pilares do sistema 
feudal, fundamentada nas relações de trabalho e posse de terra 
entre os senhores feudais e os servos. Essa relação teve origens 
diversas, incluindo a necessidade de segurança dos camponeses 
em meio às constantes invasões e conflitos que caracterizaram a 
Idade Média.
A relação senhorial-servil foi uma característica do 
feudalismo europeu, mas variava de região para região, 
dependendo das tradições locais e das necessidades dos senhores 
e servos. A relação também evoluiu ao longo do tempo, à medida 
que as condições econômicas e políticas mudavam.
IMPORTANTE
A economia manorial, que desempenhou um papel 
crucial no sistema feudal europeu durante a Idade 
Média, era caracterizada por sua autossuficiência. 
Ao contrário da economia moderna, na qual a 
produção é destinada ao mercado externo e 
há uma divisão do trabalho em escala global, a 
economia manorial se concentrava na produção 
para consumo interno e era bastante autocontida.
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Em um feudo típico, o senhor feudal possuía terras que 
eram trabalhadas pelos servos. As terras eram divididas em três 
partes: terras do senhor, que eram diretamente cultivadas pelos 
servos como parte de seus deveres feudais; terras comuns, usadas 
por todos os habitantes do feudo para pastoreio de animais e coleta 
de lenha; e terras individuais, pequenas parcelas de terra que eram 
distribuídas aos servos para que cultivassem para si próprios.
A base da economia manorial era a agricultura. As terras do 
feudo eram cultivadas para produzir alimentos, e cada feudo tinha 
suas próprias oficinas artesanais para produzir bens necessários 
como ferramentas, roupas e móveis. Isso limitava a necessidade 
de comércio externo, pois a maioria das necessidades podia ser 
atendida dentro do feudo.
A autossuficiência da economia manorial tinha várias 
razões. Primeiro, as más condições das estradas e o risco de 
ataques de bandidos tornavam o transporte de mercadorias difícil 
e perigoso. Além disso, havia uma falta de moeda padronizada, o 
que dificultava as transações comerciais. Finalmente, a economia 
feudal era baseada em obrigações pessoais e direitos de 
propriedade, em vez de contratos comerciais impessoais.
Apesar de suas limitações, a economia manorial foi uma 
resposta adaptativa às circunstâncias da Europa Medieval e 
permitiu a sobrevivência de muitas comunidades durante um 
período em que o comércio a longa distância era difícil e arriscado.
VOCÊ SABIA?
A sociedade feudal era profundamente 
estratificada e hierarquizada, marcada por relações 
de dependência e desigualdades. Nesse contexto, 
a estrutura social era dividida em três ordens, 
também chamadas de “estamentos”: os “oratores” 
(aqueles que rezam), os “bellatores” (aqueles que 
lutam) e os “laboratores” (aqueles que trabalham) 
(Le Goff, 2003).
19HISTÓRIA MEDIEVAL 
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Os “oratores” eram representados pelo clero, que tinha 
como principal função a prática da religião, o estudo das escrituras 
sagradas e a difusão da doutrina cristã. O clero era fundamental 
para legitimar o poder dos nobres, pois eles eram os responsáveis 
por abençoar e consagrar os reis e senhores feudais. Além disso, 
os clérigos também desempenhavam um papel importante na 
administração dos feudos, uma vez que muitos bispos e abades 
eram senhores feudais.
Os “bellatores”, por sua vez, eram os nobres e cavaleiros, 
que tinham como principal função proteger o reino e defender o 
feudo de invasões e ataques externos. Eram eles que detinham 
o poder político e militar na sociedade feudal (Bloch, 1987). Os 
nobres eram proprietários de vastas terras e tinham uma relação 
de suserania com os vassalos, que em troca de proteção militar e 
jurídica, prestavam serviços e ofereciam lealdade ao senhor feudal.
Por fim, os “laboratores” eram os servos e camponeses, 
que representavam a classe trabalhadora da sociedade feudal. 
Eles eram responsáveis pela produção agrícola e artesanal nos 
feudos, e estavam submetidos a uma relação de dependência e 
servidão em relação ao senhor feudal. Os servos eram obrigados 
a pagar tributos e prestar serviços ao senhor, como a corveia e a 
talha (Poulin, 1999).
É importante ressaltar que, apesar das desigualdades e da 
rigidez da estrutura social feudal, houve algumas mudanças ao 
longo do tempo. A partir do século XII, com o desenvolvimento do 
comércio e das cidades, surgiu uma nova classe social: a burguesia, 
composta por comerciantes e artesãos, que passaram a ter um 
papel importante na economia e na política da Europa Medieval 
(Le Goff, 2003).
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Organização da terra e da 
economia feudal
A economia feudal era essencialmente baseada na 
agricultura e na produção agrícola, com uma ênfase no sistema 
manorial e na autossuficiência das terras. O comércio, contudo, 
desempenhava um papel limitado e secundário durante grande 
parte da Alta Idade Média (séculos V a XI). No entanto, o comércio 
começou a se expandir a partir do século XI, influenciando a 
economia feudal e contribuindo para a transição para uma 
economia mais orientada para o mercado.
Durante a Alta Idade Média, o comércio era restrito e 
limitadoa pequenas rotas regionais e a mercados locais. As longas 
rotas comerciais que conectavam diferentes regiões da Europa 
estavam, em grande parte, desativadas, e o comércio de longa 
distância era escasso. A fragmentação política e a insegurança 
das rotas comerciais contribuíram para essa situação. A economia 
feudal era dominada pela agricultura e pela produção agrícola 
dentro dos domínios senhoriais, com pouca necessidade de 
comércio externo. Como observa o historiador Georges Duby 
(1987), a economia feudal estava mais centrada na exploração da 
terra e na extração de excedentes agrícolas do que no comércio.
No entanto, a partir do século XI, o comércio começou a se 
expandir na Europa, particularmente nas regiões do Mediterrâneo 
e do norte da Europa. As cidades começaram a crescer, e as 
redes de comércio se tornaram mais extensas e interconectadas. 
O historiador Robert Lopez (1976) destaca o papel das feiras 
comerciais, que se tornaram importantes centros de comércio e 
troca na Europa Medieval. As feiras de Champagne, por exemplo, 
eram conhecidas por reunir comerciantes de várias regiões da 
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Europa e servir como um importante ponto de encontro para a 
troca de mercadorias.
A expansão do comércio também foi impulsionada por 
melhorias nas técnicas agrícolas e pelo aumento da produção 
agrícola, o que permitiu a produção de excedentes que podiam ser 
comercializados. Além disso, a estabilidade política e a segurança 
das rotas comerciais também contribuíram para a expansão do 
comércio. A economia feudal começou a se transformar em uma 
economia mais orientada para o mercado, com a expansão do 
comércio e a emergência de uma classe de comerciantes.
O comércio desempenhou um papel limitado e secundário 
durante grande parte da Alta Idade Média. No entanto, a partir 
do século XI, o comércio começou a se expandir, influenciando 
a economia feudal e contribuindo para a transição para uma 
economia mais orientada para o mercado.
22 HISTÓRIA MEDIEVAL 
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RESUMINDO
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve 
ter aprendido que o feudalismo foi um sistema social, 
político e econômico complexo que se desenvolveu 
na Europa após a queda do Império Romano do 
Ocidente e perdurou durante a Alta Idade Média. O 
feudalismo surgiu como uma resposta à necessidade 
de estabilidade e segurança em um período marcado 
por invasões bárbaras e fragmentação política. As 
principais características do feudalismo incluíram 
a descentralização política, a relação senhorial-
servil, a economia manorial e a autossuficiência, 
e a estratificação da sociedade. O contrato de 
vassalagem era um elemento fundamental do 
feudalismo, envolvendo um acordo de lealdade e 
proteção mútua entre um senhor e seu vassalo. A 
organização da terra e a economia feudal estavam 
intimamente ligadas ao sistema manorial, que era 
baseado na exploração agrícola e na autossuficiência 
das terras. O trabalho dos servos era essencial para 
a produção agrícola, e eles eram obrigados a prestar 
serviços ao senhor em troca de proteção e direito 
de uso da terra. A economia feudal também incluía 
o comércio, que começou a se expandir a partir do 
século XI, contribuindo para a transição para uma 
economia mais orientada para o mercado. Em 
resumo, o feudalismo foi um sistema complexo e 
multifacetado que moldou a sociedade, a política e 
a economia da Europa Medieval. Suas características 
distintas, como o contrato de vassalagem e o sistema 
manorial, refletiam as necessidades e desafios de um 
período marcado por instabilidade e fragmentação 
política. Ao longo do tempo, o feudalismo evoluiu e 
se transformou, influenciando o desenvolvimento da 
Europa e dando lugar a novas formas de organização 
social e econômica.
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Cavalaria: um ideal de 
comportamento na sociedade 
medieval
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funciona a cavalaria como um 
ideal de comportamento e um código de conduta 
na sociedade medieval. Isto será fundamental 
para o exercício de sua profissão. As pessoas 
que tentaram analisar as complexidades das 
relações sociais medievais sem a devida instrução 
tiveram problemas ao compreender a influência 
e o significado da cavalaria nesse período. 
Compreender a importância da cavalaria na 
sociedade medieval é crucial para entender 
a cultura e os valores da época, e como eles 
influenciaram a história europeia. E, então? 
Motivado para desenvolver esta competência? 
Vamos lá. Avante!
A ordem da cavalaria e a 
formação dos cavaleiros
A cavalaria na sociedade medieval desempenhou um papel 
crucial como classe militar e social. A origem da palavra “cavalaria” 
vem do latim “caballus”, que significa “cavalo”. Esse termo passou 
a representar os guerreiros montados, que eram de grande 
importância no campo de batalha, mas também eram membros 
de uma classe social distinta e tinham um papel fundamental na 
sociedade feudal.
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VOCÊ SABIA?
A cavalaria medieval emergiu como uma classe 
militar no século IX, durante o período das invasões 
vikings e sarracenas na Europa. Eram formados por 
homens de origem nobre que possuíam terras e 
recursos suficientes para manter e equipar um cavalo 
de guerra. A ascensão da cavalaria coincidiu com a 
consolidação do sistema feudal, em que a posse de 
terras e a capacidade de fornecer apoio militar eram 
essenciais para a estrutura social e política.
Além de serem guerreiros, os cavaleiros também eram 
detentores de terras e tinham responsabilidades sociais e políticas. 
Como senhores feudais, eles exerciam autoridade sobre as terras 
que possuíam e detinham poder sobre os servos e camponeses 
que trabalhavam nessas terras. Em troca de proteção e justiça, 
os cavaleiros recebiam renda e trabalho agrícola dos servos, 
o que lhes permitia sustentar seu estilo de vida e cumprir suas 
obrigações militares (Bloch, 1987).
Imagem 4.2 – Cavalaria medieval
 
Fonte: Freepik
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O conceito de cavalaria também evoluiu para um conjunto 
de ideais e códigos de conduta que os cavaleiros deveriam 
seguir. Esses ideais incluíam honra, lealdade, bravura e cortesia, 
e eram frequentemente enfatizados em histórias e romances da 
época. A cavalaria tornou-se não apenas uma classe militar, mas 
também um ideal social que influenciou a cultura e os valores da 
sociedade medieval.
A iniciação e formação dos cavaleiros na sociedade 
medieval eram processos complexos e rigorosos, envolvendo 
treinamento militar, habilidades sociais e a adesão a um código 
de conduta. Esses elementos contribuíram para moldar os futuros 
cavaleiros como protetores e líderes de suas comunidades.
IMPORTANTE
A jornada para se tornar um cavaleiro começava 
geralmente na infância. Aos sete anos, um jovem 
nobre era enviado para a casa de um senhor, onde 
começava a sua formação como pajem. Durante 
esse período, o jovem aprendia as habilidades 
básicas de combate, como o manuseio de armas 
e a equitação. Ele também era instruído em 
habilidades sociais e de etiqueta, como dança, 
música e poesia.
Aos quatorze anos, o jovem era promovido a escudeiro 
e começava a receber treinamento mais avançado em combate 
e táticas militares. Além disso, o escudeiro servia diretamente a 
um cavaleiro, acompanhando-o em campanhas militares, torneios 
e eventos sociais. Essa relação permitia ao escudeiro aprender 
com a experiência prática e observar de perto como um cavaleiro 
deveria se comportar (Gies, 1984).
Finalmente, após vários anos de treinamento e serviço 
como escudeiro, o jovem era considerado apto a se tornar um 
cavaleiro. A cerimônia de investidura, também conhecida como 
“dublagem”, era um rito de passagem importante, que incluía 
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um banho ritual, vigília de armas e a imposição das mãos por um 
sacerdote. Durante a cerimônia, o novo cavaleiro fazia votos de 
lealdade, coragem e honra, comprometendo-se a seguir o código 
de conduta da cavalaria (Jaegar, 2010).
A formação dos cavaleiros era, portanto, um processo 
contínuo e multifacetado, que buscava preparar esses 
guerreiros não apenas para o combate, mas também para as 
responsabilidades sociais e morais que acompanhavam a sua 
posição na sociedade medieval.
A cavalaria medieval não era apenas uma classe militar, 
mas também social, com uma série de expectativas e ideais que 
os cavaleiros deveriam seguir. Esses ideais eram frequentemente 
expressos na forma de códigos de conduta, que estabeleciam 
padrões de comportamento para os cavaleiros. O Código de 
Cavalaria é talvez o exemplo mais famoso desses códigos, mas 
havia muitos outros, todos enfatizando valores como coragem, 
honra, lealdade, cortesia e piedade.
DEFINIÇÃO
O conceito de cavalaria como um ideal de 
comportamento tem suas raízes na literatura e na 
cultura da época. A literatura medieval, especialmente 
a literatura arturiana, retratava os cavaleiros como 
heróis que defendiam os fracos, protegiam as 
donzelas e serviam a seus senhores com lealdade e 
bravura. A “Demanda do Santo Graal”, por exemplo, 
é uma narrativa que apresenta os cavaleiros da 
Távola Redonda em uma busca espiritual pelo cálice 
sagrado, mostrando o ideal de cavalaria como uma 
combinação de bravura e piedade.
O código de cavalaria estava profundamente enraizado na 
cultura da época e muitos cavaleiros o viam como uma extensão 
natural de suas responsabilidades militares e sociais. O historiador 
Maurice Keen (1984) argumenta que o código de cavalaria servia 
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para restringir e canalizar a agressão dos cavaleiros, transformando-
os em defensores da ordem e da justiça. Dessa forma, o código de 
cavalaria não era apenas um conjunto de regras a serem seguidas, 
mas um ideal de comportamento que ajudava a moldar a identidade 
dos cavaleiros e a definir sua função na sociedade.
Imagem 4.3 – Santo Graal
 
Fonte: Freepik
Os cavaleiros medievais também eram frequentemente 
associados a uma cultura de cortesia que enfatizava a deferência 
e o respeito pelos outros, especialmente as mulheres. Essa 
cultura de cortesia era evidente em torneios e justas, em que 
os cavaleiros exibiam suas habilidades de combate e cavalgada 
para impressionar as damas da corte. A cortesia também 
desempenhava um papel importante na poesia trovadoresca, que 
celebrava o amor cortês e a devoção dos cavaleiros às suas damas 
(Jaeger, 2010).
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O ideal de cavalaria e os códigos de conduta que o 
acompanhavam desempenharam um papel importante na 
formação da identidade e do comportamento dos cavaleiros 
medievais. Eles serviam como um guia para os cavaleiros, 
incentivando-os a seguir padrões elevados de conduta e a servir a 
seus senhores e à sociedade com honra e lealdade.
A religião desempenhou um papel crucial na cavalaria 
medieval, influenciando tanto os códigos de conduta quanto as 
cerimônias de iniciação dos cavaleiros. A cavalaria e a religião 
cristã estavam intrinsecamente ligadas, com muitos cavaleiros 
vendo a si mesmos como “soldados de Cristo” e defendendo os 
ideais cristãos por meio de suas ações.
Um aspecto importante dessa relação entre cavalaria e 
religião era a cerimônia de iniciação dos cavaleiros, conhecida 
como “dublagem”. Durante essa cerimônia, o aspirante a cavaleiro 
passava a noite em vigília na igreja, orando e refletindo sobre seus 
deveres e responsabilidades como cavaleiro. O rito de dublagem 
incluía a bênção das armas do cavaleiro e a unção com óleo 
sagrado, simbolizando a proteção divina e o compromisso do 
cavaleiro com os princípios cristãos.
IMPORTANTE
O Código de Cavalaria, que estabelecia as regras 
de conduta para os cavaleiros, também foi 
fortemente influenciado pela religião cristã. O 
código enfatizava valores como a lealdade, a honra, 
a bravura, a proteção dos fracos e o respeito às 
mulheres. Esses ideais refletiam os ensinamentos 
cristãos e eram vistos como a expressão máxima 
da virtude cavalheiresca.
Os cavaleiros também desempenharam um papel 
importante nas Cruzadas, uma série de expedições militares 
lançadas pelos cristãos europeus para retomar a Terra Santa 
dos muçulmanos. Muitos cavaleiros viram as Cruzadas como 
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uma oportunidade de demonstrar sua fé e devoção a Deus, e de 
cumprir sua obrigação como “soldados de Cristo”.
Assim, a religião desempenhou um papel fundamental 
na formação e prática da cavalaria medieval, influenciando tanto 
a conduta dos cavaleiros quanto suas cerimônias de iniciação. A 
cavalaria e a religião cristã estavam entrelaçadas de tal forma que 
era impossível separar uma da outra na sociedade medieval.
Código de honra dos cavaleiros e 
a ideologia da cavalaria
O código de honra dos cavaleiros é frequentemente 
idealizado como um conjunto rígido de regras que guiavam os 
cavaleiros medievais em suas ações e comportamentos. Mas a 
origem e o desenvolvimento desse código estão profundamente 
entrelaçados com os contextos social, político e religioso da Idade 
Média na Europa.
Nos primórdios da cavalaria, o papel do cavaleiro estava 
intrinsecamente ligado à guerra. Como destaca Le Goff (1989), 
o cavaleiro original era um guerreiro a cavalo, cujas principais 
funções eram lutar e proteger. A ideia de um “código” propriamente 
dito ainda estava em formação, sendo mais vinculada à valentia 
no campo de batalha do que a uma ética de conduta elaborada.
Contudo, com o passar dos séculos, especialmente entre 
os séculos XI e XIII, observa-se uma mudança significativa no papel 
dos cavaleiros, influenciada em grande parte pelos ideais cristãos. 
A Igreja, reconhecendo a inevitabilidade da natureza beligerante 
dos cavaleiros, procurou canalizar sua agressividade para causas 
mais nobres, como a defesa da Cristandade. Foi nesse contexto 
que emergiram as Cruzadas, as quais, foram fundamentais para 
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solidificar uma noção de cavalaria ligada ao sacrifício e à proteção 
dos fracos e indefesos.
Com a passagem do tempo, o código de honra começou 
a ser mais explicitamente delineado. A “Cavalaria”, como era 
entendida nesse período mais tardio, passou a abranger um 
conjunto de virtudes ideais – lealdade ao senhor feudal, proteção 
aos menos afortunados, bravura em batalha e cortesia nas relações 
interpessoais. Essas virtudes foram frequentemente celebradas 
e disseminadas por meio de literatura, como os romances de 
cavalaria, que glorificavam os feitos heroicos e a conduta virtuosa 
dos cavaleiros.
IMPORTANTE
O desenvolvimento do código de honra, porém, 
não foi uniforme em toda a Europa. Em diferentes 
regiões, nuances específicas foram adicionadas ou 
enfatizadas. A generosidade e a magnanimidade 
eram virtudes supremas, enquanto em outras, a 
lealdade e a devoção ao dever eram vistas como o 
ápice do comportamento cavalheiresco.
O código de honra dos cavaleiros evoluiu ao longo dos 
séculos, passando de um conjunto tácito de comportamentos 
associados à guerra para um código ético mais elaborado e 
interligado aos ideais religiosos e sociais da época medieval. Essa 
evolução reflete a complexidade e a riqueza da sociedade medieval 
e a importância central da figura do cavaleiro nesse contexto.
Uma das principais características do código de honra era 
a lealdade ao senhor feudal. O vassalo devia manter sua fidelidade 
ao seu senhor e respeitar suas obrigações de serviço militar e 
prestação de aconselhamento, sem causar nenhum dano a ele. 
Essa relação de lealdade e fidelidade entre senhor e vassalo era 
um dos pilares da sociedade feudal.
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Outra virtude fundamental do código de honra dos 
cavaleiros era a coragem. Os cavaleiros eram treinados desde 
jovenspara serem guerreiros destemidos e prontos para enfrentar 
qualquer adversidade no campo de batalha. A coragem era uma 
das virtudes mais valorizadas na sociedade feudal. Era esperado 
que os cavaleiros enfrentassem o inimigo sem hesitação, mesmo 
que isso significasse arriscar a própria vida.
Além da coragem, a proteção dos fracos e indefesos 
era outro valor essencial do código de honra dos cavaleiros. Os 
cavaleiros tinham a responsabilidade de proteger aqueles que 
eram vulneráveis, incluindo mulheres, crianças e os pobres. Esse 
ideal de proteção era influenciado pela doutrina cristã de caridade 
e compaixão para com os menos afortunados.
A justiça era mais uma das virtudes do código de honra 
dos cavaleiros. Os cavaleiros eram frequentemente chamados 
para resolver disputas e administrar a justiça em suas terras, 
atuando como juízes locais. A honra era também um valor central 
do código de honra dos cavaleiros. O cavaleiro que mantivesse 
sua honra intacta era respeitado por seus pares e pela sociedade 
como um todo.
O código de honra dos cavaleiros era um conjunto 
de valores e princípios que orientava o comportamento dos 
cavaleiros na sociedade feudal. Lealdade, coragem, proteção dos 
fracos, justiça e honra eram algumas das principais virtudes que 
compunham esse código, que desempenhou um papel crucial na 
formação da cultura e da sociedade medieval.
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VOCÊ SABIA?
O Código de honra dos cavaleiros, com suas regras 
rígidas e virtudes específicas, começou a declinar 
com as mudanças sociais e políticas na Europa 
durante a transição do período medieval para o 
período moderno. A ascensão do comércio e das 
cidades, a centralização do poder nas mãos dos 
reis, bem como o desenvolvimento de novas táticas 
militares e armamentos, como o uso da pólvora, 
foram fatores que contribuíram para o declínio do 
sistema feudal e, consequentemente, do papel dos 
cavaleiros na sociedade.
Contudo, o Código de honra dos cavaleiros não desapareceu 
completamente. A cavalaria medieval deixou um legado de virtudes 
cavalheirescas que ainda influencia nossa cultura moderna. Os 
ideais de honra, coragem, lealdade e proteção aos fracos, tão 
prezados pelos cavaleiros medievais, continuam presentes em 
várias formas de literatura, cinema e arte contemporâneos.
Hilário Franco Júnior (1992), aponta que o declínio do 
Código de honra dos cavaleiros deve ser entendido como parte 
de um processo de mudança social mais amplo, que transformou 
a organização política, econômica e social da Europa. O autor 
destaca a importância de perceber que os valores que norteavam 
a vida dos cavaleiros continuam a ressoar em nossa sociedade 
atual, mesmo que de formas diferentes.
É importante reconhecer o impacto duradouro da cavalaria 
medieval e do Código de Honra dos Cavaleiros em nossa cultura. 
Mesmo que esses valores e princípios tenham se transformado com 
o tempo, eles continuam a influenciar nossa forma de pensar e agir.
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Influência da cavalaria na cultura 
e literatura medieval
O Código de Honra dos Cavaleiros, que incluía virtudes 
como lealdade, coragem, proteção aos fracos e justiça, exerceu 
um impacto considerável na literatura e cultura medievais. Em 
particular, a literatura de cavalaria, uma das formas literárias 
mais populares da Idade Média, foi profundamente influenciada 
por esses valores. Nesse gênero, os heróis eram frequentemente 
cavaleiros que encarnavam as virtudes do Código de Honra em 
suas ações e decisões.
Exemplo: Um exemplo notável da influência do Código de 
honra dos cavaleiros na literatura é a lenda do Rei Artur e 
os Cavaleiros da Távola Redonda. Segundo essa lenda, o 
Rei Artur e seus cavaleiros eram um exemplo de justiça, 
bravura e honra, e estavam sempre prontos para proteger 
os mais fracos e desamparados. 
Na literatura ibérica, especialmente nos cantares de gesta e 
na poesia trovadoresca, também é possível encontrar a influência 
do Código de honra dos cavaleiros. O épico “Cantar de Mio Cid”, 
por exemplo, retrata o cavaleiro Rodrigo Díaz de Vivar, conhecido 
como “El Cid”, como um herói que exemplifica as virtudes da 
cavalaria. Por meio de suas façanhas militares, o personagem 
busca recuperar a honra perdida após ser injustamente acusado 
de traição.
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IMPORTANTE
A cultura popular também foi impactada pelo 
Código de honra dos cavaleiros. Torneios e 
justas, competições de cavalaria que se tornaram 
populares na Idade Média, eram eventos que 
exaltavam as virtudes da cavalaria, como bravura 
e honra. Além disso, durante a Idade Média, 
surgiram várias ordens de cavalaria, como a 
Ordem dos templários e a Ordem de Malta, que 
incorporavam os valores do Código de honra em 
suas regras e rituais.
O Código de honra dos cavaleiros teve uma influência 
considerável na literatura e cultura medievais, moldando a 
forma como os cavaleiros eram retratados em textos literários e 
influenciando a cultura popular da época.
A cavalaria medieval teve uma influência profunda na 
literatura da época, principalmente nos romances de cavalaria e 
nas obras que exaltavam os ideais e valores cavalheirescos. Os 
romances de cavalaria foram a forma literária predominante 
durante os séculos XII e XIII, e eles se desenvolveram juntamente 
com a ascensão da cavalaria como uma classe social importante.
As histórias de cavaleiros errantes em busca de aventuras, 
desafiando monstros, dragões e inimigos em nome da honra, 
lealdade e bravura, tornaram-se populares em toda a Europa. 
Além disso, as obras literárias retratavam os cavaleiros como 
modelos de virtude e honra, servindo como exemplos para a 
sociedade medieval.
A cavalaria medieval também teve uma relação estreita com 
o trovadorismo, um movimento literário e musical que surgiu no 
sul da França no século XII. O trovadorismo era caracterizado por 
canções líricas, conhecidas como cantigas, que eram compostas 
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e cantadas por trovadores e expressavam sentimentos como o 
amor cortês, a saudade, e a admiração pela nobreza.
A relação entre cavalaria e trovadorismo também 
é evidente na forma como os trovadores expressavam sua 
admiração pela nobreza e pelos ideais cavalheirescos. Em suas 
cantigas, os trovadores frequentemente exaltavam a bravura, a 
lealdade e a honra dos cavaleiros, e muitas vezes dedicavam suas 
canções a nobres e senhores feudais.
Essa relação entre a cavalaria e o trovadorismo também 
se manifestava nas cortes medievais, onde os trovadores eram 
frequentemente convidados a se apresentar em festas e torneios, 
eventos que eram importantes para a cultura cavalheiresca. Os 
torneios, em particular, eram ocasiões em que os cavaleiros 
podiam demonstrar sua habilidade em combate e competir pela 
honra e pelo amor de uma dama.
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RESUMINDO
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que A cavalaria foi uma 
ordem social e militar de grande importância 
na Europa Medieval. A formação dos cavaleiros 
envolvia um processo de iniciação que começava 
na infância e se estendia até a idade adulta. Os 
aspirantes a cavaleiros passavam por uma série de 
etapas de treinamento, incluindo servir como pajens 
e escudeiros, antes de finalmente serem armados 
cavaleiros em uma cerimônia especial. Esse 
treinamento abrangente não apenas os preparava 
para o combate, mas também os moldava como 
líderes exemplares e guardiões da justiça. O código 
de honra dos cavaleiros, que era um conjunto de 
valores e princípios que guiavam o comportamento 
dos cavaleiros. Esses valores incluíam lealdade, 
honra, coragem, cortesia e proteção aos fracos e 
indefesos. O código de honra desempenhava um 
papel fundamental na manutenção da ordem e da 
justiça na sociedade medieval,e era visto como um 
ideal a ser seguido por todos, independentemente 
de sua posição social. Os valores cavalheirescos 
encontraram expressão em várias formas de arte, 
incluindo a literatura trovadoresca e as lendas 
arturianas. Além disso, discutimos como os valores 
cavalheirescos continuam a ressoar na literatura 
moderna, refletindo a importância duradoura 
da cavalaria na cultura ocidental. Em resumo, a 
cavalaria desempenhou um papel significativo 
na formação da cultura e dos valores medievais, 
e sua influência continua a ser sentida até hoje. 
Esperamos que você tenha uma compreensão 
mais profunda da importância da cavalaria como 
um ideal de comportamento e um código de 
conduta na sociedade medieval.
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Relações feudais entre 
senhores e vassalos
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funcionavam as relações feudais 
entre senhores e vassalos, bem como as obrigações 
e privilégios que estas relações implicavam. 
Isto será fundamental para o exercício de sua 
profissão, especialmente se você deseja se tornar 
um historiador, professor de história, ou atuar 
em áreas relacionadas. As pessoas que tentaram 
analisar as dinâmicas sociais da Idade Média sem a 
devida instrução tiveram problemas ao interpretar 
as complexidades das relações feudais e as tensões 
que surgiam dentro desse sistema. Entender essas 
relações é crucial para compreender a história 
medieval, a evolução das estruturas sociais e políticas 
e os impactos dessas mudanças na sociedade 
atual. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá. Avante!
As bases do vínculo feudal: 
homagems e juramentos de 
fidelidade
A Idade Média foi marcada pelo sistema feudal, que 
se caracterizava por uma estrutura hierárquica e relações de 
dependência entre os indivíduos. A homagem e o juramento 
de fidelidade eram práticas fundamentais para a formação e 
manutenção desses vínculos, garantindo as obrigações e privilégios 
entre senhores e vassalos. Mas, o que realmente significavam 
esses conceitos?
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DEFINIÇÃO
A homagem, segundo Jacques Le Goff (1989), 
era uma cerimônia formal em que o vassalo se 
comprometia a servir o seu senhor, reconhecendo-o 
como seu protetor e líder. Mediante essa prática, 
o vassalo obtinha do senhor um feudo, uma terra 
para explorar e retirar seu sustento. O vassalo, 
por sua vez, prometia servir ao senhor, fosse 
militarmente ou com auxílio econômico. Esse ato 
também envolvia um reconhecimento mútuo dos 
deveres e direitos que cada parte tinha.
Já o juramento de fidelidade era um compromisso verbal, 
no qual o vassalo se comprometia a ser leal ao senhor, obedecer 
a suas ordens e defendê-lo em caso de ameaças. Esse juramento 
era feito após a homenagem, consolidando assim o vínculo entre 
senhor e vassalo. Era um contrato verbal e sagrado, que, uma vez 
quebrado, poderia acarretar graves consequências para o infrator.
IMPORTANTE
Essas práticas foram essenciais para estabelecer 
as relações de poder na sociedade feudal, 
proporcionando estabilidade e ordem na 
hierarquia social e política da época. Embora 
houvesse uma certa diversidade nas formas como 
essas cerimônias eram realizadas e os vínculos 
estabelecidos, a homenagem e o juramento de 
fidelidade representavam a formalização de um 
compromisso entre senhor e vassalo, tornando-se 
pilares fundamentais na organização feudal.
As definições de homenagem e juramento de fidelidade 
são, portanto, importantes para compreender a estrutura e as 
relações da sociedade feudal, que foram marcadas por uma rede 
complexa de deveres, privilégios e obrigações.
As cerimônias e ritos desempenhavam um papel 
fundamental na sociedade feudal, fortalecendo as relações de 
vassalagem e a hierarquia entre senhores e vassalos. As duas 
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principais cerimônias de consolidação dos vínculos feudais eram 
a homenagem e o juramento de fidelidade, ambas de extrema 
importância para a formação e manutenção dessas relações.
VOCÊ SABIA?
O historiador Marc Bloch, em sua obra “A sociedade 
feudal” (1987), argumenta que a cerimônia de 
homenagem simbolizava a dependência do 
vassalo em relação ao seu senhor. Durante a 
cerimônia, o vassalo ajoelhava-se diante do 
senhor, colocava as mãos nas do senhor e 
declarava-se vassalo, reconhecendo o senhor 
como seu protetor e líder. Em troca, o vassalo 
recebia um feudo para explorar. Esse rito de 
submissão e dependência reforçava a hierarquia 
social e as relações de poder no sistema feudal.
Após a homenagem, ocorria o juramento de fidelidade, 
que consistia em um compromisso verbal do vassalo em servir 
e defender o seu senhor, expressando lealdade e obediência. 
O juramento de fidelidade era uma cerimônia carregada de 
simbolismo, em que o vassalo colocava a mão sobre um objeto 
sagrado, como a Bíblia ou uma relíquia, e fazia um voto de 
fidelidade ao seu senhor. Esse rito, além de consolidar o vínculo 
feudal, também envolvia aspectos religiosos, conferindo um 
caráter sagrado à relação entre senhor e vassalo.
As cerimônias e ritos do feudalismo não eram meramente 
formais, mas serviam para reforçar a estrutura social e política da 
época. Esses ritos tinham um impacto significativo na vida cotidiana 
dos indivíduos e desempenhavam um papel importante na 
manutenção da ordem social e da estabilidade do sistema feudal.
No sistema feudal, a relação entre senhores e vassalos 
era estabelecida por meio de um contrato de vassalagem. Esse 
contrato, sacramentado durante a cerimônia de homenagem e 
juramento de fidelidade, definia as obrigações e os privilégios de 
40 HISTÓRIA MEDIEVAL 
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cada parte. As obrigações e privilégios tinham profundo impacto 
na organização social, política e econômica do período medieval.
IMPORTANTE
Em relação às obrigações, era esperado que o 
vassalo prestasse serviço militar ao seu senhor. 
Essa era a principal obrigação do vassalo para com 
o senhor feudal, e incluía a defesa do território do 
senhor, a participação em expedições militares e 
a proteção do senhor em caso de perigo. Além do 
serviço militar, o vassalo também era obrigado a 
prestar auxílio financeiro ao senhor em momentos 
específicos, como na ocasião do casamento da 
filha do senhor ou na concessão de um feudo ao 
filho do senhor. Também era comum a prestação 
de serviços judiciais, em que o vassalo auxiliava 
o senhor em questões legais e administrativas 
relacionadas ao feudo.
Por sua vez, o senhor tinha o dever de proteger o vassalo 
e seus bens. A proteção podia se dar tanto em termos militares 
quanto jurídicos. Além disso, o senhor devia conceder ao vassalo 
um feudo, que era uma extensão de terra com recursos para o 
sustento do vassalo e de sua família. O feudo permitia ao vassalo 
exercer seus direitos senhoriais, como a cobrança de taxas e a 
administração da justiça local.
Os privilégios do vassalo estavam intrinsecamente ligados 
às obrigações do senhor. Ao receber um feudo, o vassalo tinha 
direito a usufruir dos recursos da terra e a exercer sua autoridade 
sobre os servos e camponeses que viviam no feudo. Além disso, o 
vassalo tinha o privilégio de ser protegido pelo senhor em caso de 
conflitos ou ameaças externas.
É importante ressaltar que, apesar da aparente rigidez das 
relações de vassalagem, havia uma certa flexibilidade no sistema 
feudal. As obrigações e os privilégios podiam variar de acordo 
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com as circunstâncias e os acordos estabelecidos entre senhores 
e vassalos (Bloch, 1987).
NOTA
Portanto, a relação de vassalagem no sistema 
feudal envolvia uma complexa rede de obrigações 
e privilégios que desempenhavam um papel crucial 
na estruturação da sociedade medieval, os quais 
serão aprofundados no subtópico a seguir.
A relação de vassalagem entre senhores e vassalos 
desempenhou um papel crucial na estruturação da sociedade 
feudal europeia. Esse sistema de relações, comsuas obrigações 
mútuas e privilégios, teve um impacto significativo em vários 
aspectos da vida social, política e econômica.
Politicamente, a relação de vassalagem estabelecia uma 
rede de lealdades que ajudava a manter a ordem e a estabilidade 
no período medieval, caracterizado por uma fragmentação do poder 
político. O sistema de vassalagem, portanto, fornecia um mecanismo 
de segurança e proteção para os senhores e seus vassalos.
Economicamente, a relação de vassalagem era 
fundamental para o sistema de produção agrícola e a organização 
da terra. Os vassalos tinham a obrigação de cultivar e cuidar da 
terra que lhes era concedida pelo senhor. Em troca, o vassalo tinha 
o direito de usufruir dos produtos e recursos da terra, o que lhe 
proporcionava meios de subsistência. O sistema de vassalagem 
favoreceu a fixação dos habitantes no campo, a recuperação das 
terras e o aumento da produção agrícola.
Socialmente, o sistema de vassalagem reforçou a 
hierarquia social, a desigualdade e a estratificação social. Os 
senhores feudais, que detinham grande parte das terras, 
ocupavam o topo da hierarquia social, enquanto os vassalos, que 
recebiam terras em troca de serviços, ocupavam uma posição 
intermediária. Abaixo deles, estavam os servos e camponeses, 
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que eram subordinados aos senhores e vassalos e não tinham 
muitos direitos ou privilégios. O sistema de vassalagem contribuiu 
para a consolidação de uma sociedade rigidamente hierarquizada 
e desigual.
O sistema de vassalagem teve um impacto profundo na 
sociedade feudal, influenciando as relações políticas, econômicas 
e sociais. Embora proporcionasse proteção e estabilidade em um 
mundo inseguro, o sistema de vassalagem também reforçou a 
hierarquia social e a desigualdade.
Obrigações e privilégios dos 
senhores e vassalos
As relações de poder no sistema feudal eram altamente 
hierarquizadas e codificadas, sendo regidas por um complexo 
sistema de obrigações e privilégios, que influenciavam as relações 
entre senhores e vassalos. Os senhores feudais, em particular, 
desempenhavam um papel essencial na manutenção da estrutura 
social medieval, tendo uma série de obrigações e deveres para 
com seus vassalos.
Primeiramente, os senhores feudais tinham a 
responsabilidade de conceder terras, conhecidas como feudos, 
aos seus vassalos. Essa era uma prática comum e uma das 
principais características do sistema feudal. A terra era a principal 
fonte de riqueza na sociedade medieval e o acesso a ela era um 
fator determinante na manutenção do status social e político (Le 
Goff, 2003). Assim, os feudos concedidos aos vassalos não apenas 
garantiam o sustento desses, mas também reforçavam as relações 
de dependência e lealdade entre senhores e vassalos.
Além da concessão de terras, os senhores feudais também 
tinham a obrigação de proteger seus vassalos. Isso incluía a 
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proteção militar contra invasões, ataques de bandidos ou disputas 
com outros senhores. De acordo com Bloch (1987), os senhores 
feudais desempenhavam um papel crucial na defesa do reino, 
sendo responsáveis pela manutenção de tropas e pela construção 
de fortificações. Assim, os vassalos, em troca de sua lealdade e 
serviço militar, podiam contar com a proteção de seus senhores 
em tempos de guerra.
Outra obrigação dos senhores feudais era garantir a 
administração de justiça dentro de seus domínios. Os vassalos 
tinham o direito de recorrer aos seus senhores para resolver 
disputas e conflitos, e os senhores, por sua vez, eram responsáveis 
por administrar a justiça de acordo com as leis e costumes locais. 
A administração da justiça era uma das principais funções dos 
senhores feudais, sendo crucial para a manutenção da ordem e 
da estabilidade social.
As obrigações dos senhores feudais incluíam a concessão 
de terras, a proteção militar e a administração da justiça. Estas 
obrigações reforçavam as relações de dependência e lealdade 
entre senhores e vassalos, sendo fundamentais para a manutenção 
da estrutura social e política da sociedade medieval.
IMPORTANTE
Os privilégios dos senhores feudais eram resultado 
de sua posição na hierarquia social da época. 
Os senhores feudais eram em geral, nobres que 
possuíam grandes extensões de terra e tinham 
poder sobre os servos e vassalos que trabalhavam 
nessas terras. A historiadora Maria Helena da 
Cruz Coelho argumenta que, no sistema feudal, 
as relações entre senhores e vassalos eram 
profundamente hierárquicas e os privilégios dos 
senhores refletiam sua superioridade social.
Entre os privilégios dos senhores feudais, destacam-se o 
direito de cobrar impostos, como o “tallon”, uma taxa paga pelos 
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servos ao senhor em dinheiro ou em produtos agrícolas; e o 
direito de explorar economicamente as terras do feudo, incluindo 
a apropriação do excedente produzido pelos servos e vassalos. 
Segundo o historiador Georges Duby, a exploração das terras do 
feudo representava a principal fonte de riqueza dos senhores 
feudais, e o excedente era usado para manter o luxo da corte, 
financiar campanhas militares e pagar tributos ao rei (Duby, 2019).
Outro privilégio importante dos senhores feudais era o 
direito de administrar a justiça dentro de seus domínios. Conforme 
afirma o historiador Jacques Le Goff, os senhores feudais eram 
os principais responsáveis por resolver disputas e conflitos entre 
seus vassalos, aplicando as leis e costumes locais de acordo com 
sua própria interpretação (Le Goff, 2003).
Os privilégios dos senhores feudais eram resultado de 
sua posição na hierarquia social do sistema feudal e refletiam 
sua superioridade sobre os servos e vassalos. Esses privilégios 
eram expressos em direitos econômicos, políticos e judiciais, que 
permitiam aos senhores manter sua riqueza, poder e prestígio.
As obrigações e deveres dos vassalos são um ponto essencial 
no estudo das relações feudais entre senhores e vassalos. Em troca 
de proteção e um pedaço de terra para cultivar, os vassalos deviam 
servir seus senhores de várias maneiras, estabelecendo assim um 
sistema de reciprocidade que caracterizava a sociedade feudal.
VOCÊ SABIA?
Um dos principais deveres dos vassalos era o serviço 
militar. Segundo o historiador francês Marc Bloch, 
os vassalos tinham a obrigação de combater ao lado 
de seu senhor em caso de guerra, geralmente por 
um período determinado de tempo (Bloch, 1987). 
Esse serviço militar era uma parte fundamental do 
contrato feudal, já que os senhores dependiam de 
seus vassalos para proteger suas terras e manter a 
ordem em seus domínios.
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Além do serviço militar, os vassalos também tinham a 
obrigação de prestar assistência financeira a seus senhores em 
momentos de necessidade, como o pagamento de resgates ou 
dotes. Esse tipo de assistência, conhecida como “auxílios”, podia 
ser solicitada em situações específicas e geralmente envolvia o 
pagamento de uma quantia em dinheiro ou a entrega de bens.
Outra obrigação importante dos vassalos era a prestação de 
serviços não militares, como a administração de propriedades ou a 
supervisão de obras em terras do senhor. O historiador português 
Armando de Almeida Fernandes afirma que esses serviços não 
militares eram uma forma de os vassalos compensarem seus 
senhores pelo uso das terras e pela proteção que recebiam.
As obrigações e deveres dos vassalos incluíam o serviço 
militar, a prestação de auxílios financeiros e a realização de 
serviços não militares. Essas obrigações eram fundamentais 
para a manutenção do sistema feudal, já que asseguravam a 
reciprocidade nas relações entre senhores e vassalos e contribuíam 
para a estabilidade da sociedade medieval.
Assim como os senhores feudais possuíam certas 
obrigações para com seus vassalos, os vassalos também tinham 
privilégios que eram garantidos por seus senhores. Esses privilégios 
estavam associados aos deveres que os vassalostinham para com 
seus senhores, e eram garantidos em troca de lealdade e serviço.
Os vassalos gozavam de vários privilégios no contexto da 
sociedade feudal. Um dos principais privilégios era a concessão de 
terras, chamadas de feudos, que eram cedidas pelo senhor feudal 
a seu vassalo. Segundo Jacques Le Goff, a terra era a principal 
fonte de riqueza na sociedade feudal, e a posse de um feudo 
garantia ao vassalo um fluxo constante de renda e sustento. Dessa 
forma, a concessão de terras era um dos maiores privilégios que 
um vassalo poderia receber (Le Goff, 2003).
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Outro privilégio dos vassalos era a proteção que recebiam 
de seus senhores. Isso incluía proteção militar em caso de 
invasões ou conflitos, assim como proteção jurídica e política. 
Para o historiador Georges Duby, o papel dos senhores feudais 
era garantir a segurança de seus vassalos e suas terras.
VOCÊ SABIA?
Os vassalos também tinham o direito de participar 
das cortes e conselhos do senhor feudal, tendo 
uma voz na administração e na tomada de decisões 
relacionadas às terras e assuntos do senhorio. A 
participação em tais reuniões representava um 
reconhecimento da importância e posição do 
vassalo na sociedade feudal, e era uma maneira de 
afirmar seu status e influência.
Os privilégios dos vassalos na sociedade feudal estavam 
relacionados à posse de terras, proteção e participação na 
administração e tomada de decisões. Esses privilégios eram 
garantidos pelos senhores feudais em troca de lealdade e serviços.
As tensões e os conflitos nas 
relações feudais
Os conflitos surgiam quando um dos lados sentia que suas 
obrigações não estavam sendo devidamente recompensadas ou 
que seus direitos estavam sendo violados. Essas tensões eram 
exacerbadas por fatores como disputas territoriais, questões de 
sucessão, rivalidades entre senhores e vassalos e a própria natureza 
instável do sistema feudal. Portanto, as relações feudais, apesar 
de estarem baseadas em obrigações mútuas, nem sempre eram 
pacíficas, e os conflitos eram uma parte inerente desse sistema.
As causas dos conflitos entre senhores e vassalos eram 
variadas e muitas vezes complexas. Os fatores que levavam a essas 
disputas incluíam desentendimentos sobre obrigações e direitos, 
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disputas territoriais, rivalidades pessoais e políticas e questões 
de sucessão. A seguir, são detalhadas algumas das causas mais 
comuns de conflitos no contexto das relações feudais:
1. Ambiguidade das obrigações: O sistema feudal 
era caracterizado por um conjunto de obrigações 
mútuas entre senhores e vassalos. No entanto, as 
obrigações dos vassalos nem sempre eram claramente 
definidas, o que levava a interpretações divergentes 
e, consequentemente, a tensões. Em muitos casos, 
os vassalos achavam que estavam sendo explorados 
e que suas obrigações eram excessivas, enquanto os 
senhores acreditavam que os vassalos não estavam 
cumprindo adequadamente seus deveres.
2. Disputas territoriais: Em um sistema em que o poder 
estava intrinsecamente ligado à posse de terras, 
as disputas territoriais eram uma causa comum de 
conflitos entre senhores e vassalos. Essas disputas 
poderiam surgir devido a desentendimentos sobre 
a extensão das terras concedidas, fronteiras mal 
definidas ou reivindicações concorrentes de diferentes 
senhores ou vassalos.
3. Rivalidades políticas: As relações feudais não estavam 
isentas de intrigas políticas e rivalidades pessoais. 
Conflitos entre senhores e vassalos poderiam ser 
exacerbados por alianças políticas, disputas por 
influência e poder, e interesses divergentes.
4. Questões de sucessão: As questões de sucessão 
também eram uma causa comum de conflitos entre 
senhores e vassalos. Disputas poderiam surgir quando 
um senhor ou vassalo morria e havia incerteza sobre 
quem deveria herdar suas terras e títulos. Essas 
disputas poderiam levar a longos e amargos conflitos, 
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às vezes envolvendo várias gerações de uma mesma 
família (Bloch, 1987).
As relações feudais eram complexas e multifacetadas, e 
havia várias causas que poderiam levar a conflitos entre senhores e 
vassalos. Esses conflitos refletiam as tensões inerentes a um sistema 
baseado em obrigações mútuas e relações de poder desiguais.
Um tipo comum de conflito era o conflito territorial, que 
surgia de disputas sobre a posse e controle de terras. As terras 
eram a principal fonte de riqueza e poder no sistema feudal, e 
os senhores feudais buscavam constantemente expandir seus 
domínios. De acordo com Marc Bloch (1987), isso frequentemente 
levava a disputas territoriais entre senhores vizinhos, especialmente 
quando as fronteiras eram mal definidas ou as reivindicações de 
posse eram contestadas. Esses conflitos podiam envolver vassalos 
que eram convocados para lutar nas batalhas de seus senhores.
Outro tipo de conflito era o conflito de sucessão, que 
ocorria quando havia desacordo sobre quem deveria herdar as 
terras e títulos de um senhor falecido. As leis de sucessão variavam 
de acordo com a tradição local e as preferências do senhor. Em 
algumas regiões, o filho mais velho herdava tudo, enquanto 
em outras, os bens eram divididos entre todos os filhos. Estas 
diferentes práticas podiam levar a disputas entre irmãos e outros 
parentes, que recorriam a alianças políticas e manipulações para 
reivindicar seus direitos.
O conflito de obrigações também era uma fonte de 
tensões no sistema feudal. Senhores e vassalos tinham deveres 
mútuos, como a prestação de serviços militares, a realização de 
trabalhos agrícolas, o pagamento de tributos e a administração de 
justiça. Entretanto, as obrigações nem sempre eram claramente 
definidas, o que levava a desentendimentos e disputas sobre o 
cumprimento dos deveres.
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Os conflitos no sistema feudal podiam ser categorizados 
em diferentes tipos, dependendo dos motivos subjacentes e das 
consequências envolvidas. Esses conflitos eram uma característica 
inerente das relações de vassalagem, refletindo a complexidade 
e a instabilidade das relações sociais, políticas e econômicas na 
sociedade feudal.
A resolução de conflitos no contexto feudal era uma 
questão de vital importância, pois os conflitos frequentemente 
colocavam em risco a estabilidade política e social das regiões 
feudais, prejudicando o funcionamento do sistema. Era de 
interesse de todos os envolvidos buscar uma solução pacífica e 
negociada para os desentendimentos.
VOCÊ SABIA?
Um dos meios mais comuns de resolução de 
conflitos era a mediação. A Igreja Católica, como 
a principal instituição de poder na Europa feudal, 
desempenhava frequentemente o papel de 
mediadora nos conflitos entre senhores feudais. 
Os bispos e padres eram vistos como figuras 
imparciais, e suas decisões eram geralmente 
respeitadas por ambas as partes. Em alguns 
casos, a Igreja até excomungava aqueles que se 
recusavam a aceitar a resolução mediada.
Outra forma de resolução de conflitos era a realização de 
julgamentos. Esses julgamentos eram frequentemente realizados 
por cortes compostas por nobres locais, que ouviam as partes 
envolvidas e decidiam a respeito das disputas. Os julgamentos eram 
uma forma de resolução de conflitos que permitia que as partes 
envolvidas apresentassem suas argumentações e evidências, e a 
decisão era tomada com base em leis e costumes locais.
A resolução de conflitos no contexto feudal era um processo 
multifacetado que envolvia várias estratégias, incluindo mediação, 
julgamentos e alianças matrimoniais. O objetivo principal era buscar 
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uma solução pacífica e negociada para os desentendimentos, a fim 
de manter a estabilidade política e social das regiões feudais.
RESUMINDO
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumirtudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que as relações feudais 
eram complexas e marcadas por obrigações 
mútuas entre senhores e vassalos. Esses vínculos 
eram formalizados por meio de cerimônias 
de homagem e juramentos de fidelidade, que 
envolviam rituais simbólicos, como o beijo nas 
mãos e a troca de presentes. Esses rituais eram 
fundamentais para estabelecer as relações de 
dependência e lealdade entre as partes. Além 
disso, as relações feudais eram caracterizadas por 
obrigações e privilégios recíprocos. Os senhores 
feudais tinham o dever de proteger seus vassalos, 
enquanto os vassalos tinham a obrigação de servir 
e prestar homenagem a seus senhores. Essas 
obrigações incluíam o pagamento de impostos, a 
prestação de serviços militares e a manutenção 
da ordem nas terras feudais. No entanto, essas 
relações também eram marcadas por tensões 
e conflitos. As obrigações mútuas nem sempre 
eram cumpridas de forma justa, o que podia 
levar a disputas por poder e território. Além 
disso, a fragmentação do poder feudal e a falta 
de uma autoridade centralizada dificultavam a 
resolução de conflitos e a manutenção da ordem. 
Em suma, as relações feudais eram complexas e 
multifacetadas, envolvendo obrigações, privilégios, 
tensões e conflitos. Entender essas relações é 
fundamental para compreender a dinâmica social, 
política e econômica das sociedades feudais e as 
transformações que levaram ao surgimento dos 
estados nacionais modernos.
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Declínio do sistema feudal 
durante a Idade Média
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funcionaram as mudanças e o 
declínio do sistema feudal durante a Idade Média. 
Isto será fundamental para o exercício de sua 
profissão, especialmente se você se interessar por 
história, relações internacionais ou ciências sociais. 
As pessoas que tentaram discutir ou analisar o 
declínio do sistema feudal sem a devida instrução 
tiveram problemas ao identificar corretamente 
os fatores que influenciaram essa transição e 
compreender suas implicações. Portanto, é crucial 
que você compreenda os elementos que levaram 
ao enfraquecimento do sistema feudal e como ele 
finalmente deu lugar a novas formas de organização 
política e social. E, então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Vamos lá. Avante!
Surgimento da burguesia e a 
ascensão das classes urbanas
A burguesia na Idade Média surgiu em um período de 
transição da Europa, que deixou para trás a estrutura feudal e 
experimentou transformações econômicas, sociais e políticas. 
Durante a Idade Média, a sociedade europeia foi dominada por 
uma estrutura feudal, na qual a posse de terras determinava o 
poder e a riqueza. Nessa estrutura, a nobreza e o clero eram as 
classes dominantes, enquanto os camponeses formavam a grande 
maioria da população.
No entanto, a partir do século XI, a Europa começou a 
experimentar um renascimento comercial e urbano. As cidades 
se expandiram e se tornaram centros de comércio, artesanato 
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e produção. Foi nesse contexto que a burguesia, composta por 
comerciantes, artesãos e profissionais liberais, surgiu como uma 
nova classe social. Essa classe desempenhou um papel crucial 
na transição da sociedade feudal para uma sociedade mais 
comercial e urbana.
De acordo com José Antonio Maravall, em seu livro “A 
cultura do barroco” (1997), o surgimento da burguesia estava 
intimamente relacionado ao desenvolvimento das cidades e do 
comércio. Maravall argumenta que a burguesia foi uma classe 
social que emergiu em um período de crescimento econômico 
e urbano, e que desempenhou um papel fundamental na 
transformação da sociedade europeia. A burguesia, com seu 
espírito empreendedor e sua busca por riqueza, foi uma força 
motriz por trás das mudanças econômicas e sociais que ocorreram 
na Europa durante a Idade Média.
Imagem 4.4 – Burguesia
 
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Outro estudioso que analisou a ascensão da burguesia foi 
Fernand Braudel (1996). Braudel argumenta que a burguesia surgiu 
como resultado da expansão do comércio e da monetarização da 
economia. A burguesia se tornou uma classe economicamente 
poderosa e politicamente ativa, e desafiou a estrutura de poder 
feudal. De acordo com Braudel, a burguesia foi a classe social que 
mais contribuiu para a transição do feudalismo para o capitalismo.
Assim, o surgimento da burguesia e sua ascensão como 
uma classe economicamente influente e politicamente ativa foram 
cruciais para a transição da sociedade feudal para uma sociedade 
mais comercial e urbana. A burguesia desempenhou um papel 
importante na transformação da Europa durante a Idade Média, e 
seu impacto pode ser visto até hoje.
IMPORTANTE
O surgimento da burguesia na Idade Média foi um 
fenômeno complexo, vinculado ao desenvolvimento 
das cidades, do comércio e da produção. Em meio 
ao declínio do sistema feudal, surgiram as cidades, 
que se tornaram o centro de atividades econômicas, 
como o comércio e o artesanato. Esse renascimento 
urbano e comercial marcou a ascensão da burguesia 
como uma nova classe social, que teve um papel 
fundamental na transição para uma sociedade mais 
aberta e dinâmica.
Dentre os fatores que contribuíram para o surgimento da 
burguesia, podemos destacar o renascimento comercial e urbano 
que ocorreu a partir do século XI. As cidades europeias começaram 
a se expandir, e o comércio e a produção floresceram. Os burgueses 
eram inicialmente comerciantes, artesãos e profissionais liberais 
que se estabeleceram nas cidades e se envolveram em atividades 
comerciais e produtivas.
A ascensão da burguesia também foi impulsionada pela 
monetarização da economia. Os burgueses foram pioneiros na 
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utilização de moedas em transações comerciais, o que facilitou o 
comércio e a produção. A burguesia foi uma classe inovadora, que 
introduziu novas práticas comerciais e produtivas, contribuindo 
para a transformação da sociedade europeia.
Outro fator que contribuiu para o surgimento da 
burguesia foi o declínio do sistema feudal. Com a desintegração 
da estrutura feudal, a nobreza e o clero perderam parte de seu 
poder e influência. A burguesia, por sua vez, emergiu como uma 
classe economicamente poderosa e politicamente ativa, que 
desafiou a ordem feudal e promoveu mudanças sociais e políticas. 
A ascensão da burguesia foi um fator importante na transição da 
sociedade feudal para uma sociedade mais comercial e urbana.
O surgimento da burguesia na Idade Média foi um fenômeno 
complexo, vinculado ao renascimento comercial e urbano, à 
monetarização da economia e ao declínio do sistema feudal. A 
burguesia desempenhou um papel crucial na transformação 
da sociedade europeia, contribuindo para a transição para uma 
sociedade mais aberta e dinâmica.
A reconfiguração das estruturas socioeconômicas e 
políticas na Idade Média não se limitou apenas à emergência da 
burguesia. Paralelamente, testemunhamos a ascensão das classes 
urbanas, fenômeno esse intrinsecamente ligado ao crescimento 
dos centros urbanos e ao renascimento comercial.
VOCÊ SABIA?
O florescimento das cidades, segundo Le Goff 
(2003), foi um elemento chave na Idade Média, pois 
se transformaram em núcleos de resistência contra 
o feudalismo, gerando novas formas de produção 
e relações de trabalho. As antigas cidades romanas 
começaram a se recuperar e novas cidades 
surgiram, principalmente ao redor dos castelos, 
mosteiros e ao longo das rotas comerciais.
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Nesse cenário, os mercadores e artesãos começaram a 
ter um papel proeminente. Os artesãos, agrupados em guildas, 
desenvolveram técnicas e padrões que contribuíram para a 
especialização do trabalho e a produção em maior escala. As 
guildas, além de regulamentarem a produção e a venda de 
mercadorias, também funcionavam como uma forma de proteção 
e representação dos interesses de seus membros.

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