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AULA 10 - A CONSTRUÇÃO DOS ESTADOS-NACIONAIS - NOVOS DESAFIOS

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HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SÉCULO XX
A CONSTRUÇÃO DOS ESTADOS-NACIONAIS: 
NOVOS DESAFIOS
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Examinar como a África foi afetada por seu processo histórico.
2- Analisar as crises e os caminhos ensaiados nas últimas quatro décadas.
3- Discutir o papel da África no mundo e sua visão a ser pensada na sala de aula.
Em 1839, os escravos que saíram da atual Serra Leoa estavam sendo levados (ilegalmente) para Cuba, quando se
revoltaram e tomaram o navio. A embarcação ficou a deriva por alguns dias, até que foi interceptada pelos
ingleses, que faziam o policiamento das águas do Atlântico, para que o tráfico da carne não ocorresse. Como
estavam próximos da costa estadunidense, toda a tripulação foi levada para os Estados Unidos, e lá, começou
uma implacável batalha jurídica para decidir qual seria o destino daqueles africanos escravizados. A história
verídica é muito interessante e vale a pena ser conhecida mais a fundo. Mas, no que diz respeito ao estudo da
história da África no século XX, o que ocorreu no La Amistad aponta as principais mudanças que o tráfico sofreu
no século XIX e suas consequências.
Premissa
Caro aluno, esta aula não pode ser um fim. Os estudos de História da África ainda carecem de dedicação e
principalmente o entendimento da sociedade brasileira de sua vinculação com a história social, cultural e política
do continente.
Se quisermos pensar no bom e velho caminho das origens, é certo que teremos que pensar sobre a quantidade,
as marcas da tradição africana em nossa sociedade.
Antes de avançarmos, clique no link e leia este breve texto: deRepresentações e imprecisões didáticas
Anderson Ribeiro Oliva:
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon351/docs/a10_t03.pdf
Precisamos nos perguntar sobre o motivo de tão pouco interesse
Um brasileiro sonha em ir a Europa, a maioria que teve estudo conhece Platão, mas quantos de nós já lemos
sobre os escritores contemporâneos africanos?
Quantos de nós conhecemos de fato a sociedade e as dinâmicas que marcam a África hoje?
Imaginamos somente bebês famélicos, violência, e armas... Por quê?
Temos que pensar que o mundo viveu, nas décadas de 1960 até 1980, um forte quadro de tensão mundial.
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Pense em sua cidade hoje, na criminalidade; pense no quanto você já viu de armas pesadas, para guerra.
O planeta viu uma escalada das armas em todos os níveis, tornando-se um comércio que se alimenta dos
conflitos e da guerra.
Atenção
É a mesma sociedade que tem orgulho da criação de um fuzil, uma arma das mais fatais, com a ideia de uma arma
popular!
Difusão da violência
A violência está difundida, em morros, favelas, periferias. Cria-se um modelo em que é estimulado o conflito por
algum motivo, seja ele qual for.
Homens muito poderosos vivem deste sistema que se retroalimenta e faz vítimas no Rio de Janeiro, em São
Paulo, em Nova York e na África.
Estamos diante de um novo mundo, não há dúvida
Medimos uma sociedade pelos princípios apresentados, e vemos todo mundo mergulhar e buscar este mesmo
processo.
É acidental?
Não, somos frutos de disputas de conglomerados econômicos que objetivam lutar, se manter.
Atenção
Repare, não estamos tratando de teorias da conspiração, mas de realidades, empresas que determinam os
preços, estimulam carestias, mantêm e dirigem governos.
Vivemos neste momento a chamada Primavera Árabe
com movimentos que não podemos deixar de observar vinculados à África.
Egito e Líbia, entre outros, estão abrindo mão de seus governos ditatoriais, vivendo híbridos de poderes difíceis
(muçulmanos tradicionais, grupos políticos-militares) e uma massa nova com a velocidade da informação,
buscam a democracia e as reformas políticas e sociais.
Saiba mais
As terras africanas sofreram muito (como as brasileiras), pelas práticas etnocentristas;
sociedades ganharam funções em uma ordem mundial onde sua cultura já não importava, mas
o seu desenvolvimento de ordem tecnológica; o novo fetiche mundial é a busca.
- -4
Clique no link e leia a primavera do mundo árabe-sunita: o islã árabe-sunita entre o wahhabismo conservador e
o espírito crítico, entre a política do petróleo e a independência econômica: http://estaciodocente.webaula.com.
br/cursos/gon351/docs/a10_t06.pdf
Inserção de outras culturas no continente africano
A cultura e a sociedade africana foram ocidentalizadas e não devem ser pensadas como na busca de um retorno,
um purismo, as sociedades são dinâmicas e desta forma, hoje a África vive um paradoxo.
As independências, como no caso do Congo são emblemáticas. Os Estados Unidos entendiam que a posição
estratégica militar garantia sua preponderância na estrutura política.
O modelo de governo que foi conservado por essa nova forma de imperialismo pode ser bem entendida
se considerarmos que Mobutu tinha uma fortuna estimada em 700 milhões de dólares, em bancos
europeus, em 1997.
Mas Mobutu não foi o único imperador mantido pelas potências europeias que em seu modelo constituía um
sistema no qual consolidava uma pequena elite local e pela relação simbiótica com esta elite, mandando-os
estudar nos seus principais centros, conservando o suporte de empresas estrangeiras e o apoio do governo,
garantindo proteção contra as massas mais pobres.
Em troca deste apoio eram dadas armas, inserção em um mercado negro que garantia sua perpetuação.
No âmbito da Guerra Fria, então, estes quadros são exaltados.
Vejamos o exemplo de Roberto Mugabe
Segundo relatos dos jornais, em seu aniversário de 85 anos foram consumidas 8 mil lagostas, 3 mil patos, 8 mil
caixas de chocolate Ferrero Rocher, além de 5 mil garrafas de uísque.
E o país?
O país? Zimbábue que hoje tem 94% da população sem emprego formal; surtos de epidemias, como AIDS e
cólera têm matado constantemente; e a inflação diária é de 98%.
Saiba mais
Quando falamos no governo de Mobutu (foto), e seus 30 anos à frente do governo da República
do Congo, presenciamos um chefe de Estado mantido pelo governo norte-americano, que
manteve, em torno de uma política de homicídios, o controle, a área para o investimento de
empresas norte-americanas, e a dinâmica de ser um fornecedor de cacau e café, interesses
diretos nas commodities americanas.
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Sua história, como a de muitos líderes, é iniciada contra a minoria branca colonialista, ainda na Rodésia, sendo
um dos fundadores da União Popular Africana do Zimbábue.
Buscando o nome do antigo reino da região, ao que tudo indica era rico e organizado. Mugabe se aproxima dos
interesses norte-americanos, assumindo, em 1980, como Primeiro Ministro e, posteriormente, como Presidente,
o grande problema é o sistema de controle e a manutenção de pequenos grupos como representantes do centro
de poder.
Reformas foram tentadas, mas seu poder, um misto de carismático e um forte tom policialesco, tem se mantido
no comando sobre uma falsa imagem de liderança.
Omar al-Bashir
Omar al-Bashir é um dos mais conhecidos, presentes na discussão da Primavera Árabe, sua carreira política
esteve envolvida nas disputas do Norte da África, seja das lutas de Egito e Israel, até os golpes militares que se
sucederam no Sudão.
A revista Time colocou-o na lista dos 5 ditadores mais cruéis do pós-Segunda Guerra Mundial.
Na sua apresentação, escreveu: “As suas guerras fizeram mais de 2,5 milhões de mortos (no Sul do Sudão e na
região do Darfur); mais de 7 milhões de deslocados forçados pelas suas táticas de terra queimada (só no Darfur
1500 aldeias foram reduzidas a cinzas)”.
“Alguns comentaristas chamam-lhe o diabo, disseram ao britânico The Observer, Julie Flint e Alex Wall, autores
de um livro sobre o Sudão nas últimas décadas. Mas isto é uma simplificação. Al-Bashir é um líder pragmático,
mas também um homem orgulhoso e teimoso que responde enraivecido a quem puser em causa a sua
dignidade.”
Outra consequência nefasta deste jogo de poderes que se estabelece na África são as tenebrosas guerras civis.
Ruanda e Burundi
Uma das lutas maisconhecidas da história da África se dá pela discussão sobre as etnias diversas presentes neste
espaço, os hutus e os tutsis.
Saiba mais
Em 1989, assume o poder ao lado de uma junta militar e inicia um governo de perseguição e
negação do Ocidente, valorizando elementos de um fundamentalismo, ainda que alguns
defendam que de fato seu governo atuava nos dois sentidos, negociando e buscando
constantemente se manter no poder.
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Os dois grupos, apesar de conviverem, não têm clareza de identificações étnicas e culturais.
Língua e aspectos físicos eram diversos e isso ainda foi mais confuso, pois os belgas, que dominavam a região,
entregaram o controle político, tutelado, para os tutsis, que compunham 15% da população.
São os tutsis que iniciam o processo de independência, estabelecendo um reino, controlando e mantendo a
estrutura de dominação, este processo gerou um movimento de revolta, iniciado em 1959 e acabando por
separar o país.
Leitura
A paz era, no entanto, uma realidade distante, uma vez que em 1963, tutsis exilados no Burundi organizaram um
exército e atacaram Ruanda, sendo massacrados pelos hutus.
A vingança, fruto deste quadro, levou a sucessivas disputas até que, em 1973, Juvénal Habyarimana, de etnia
hutu, chegou ao poder, estabelecendo um período de paz.
Em 1993, o governo de Ruanda, liderado pelos hutus, assinou um acordo de paz com a liderança tutsi, pelo qual
os refugiados poderiam voltar ao país e participar do governo.
Biafra
Este caso mostra um pouco do quadro que foi criado com partilhas desastradas e a reconstrução africana, tendo
que se reinventar em diversas regiões. O exemplo é o da Nigéria, na República de Biafra, que possui um enorme
número de etnias.
Em meados de 1966, os ibos, por golpe militar, alcançam o poder, provocando o aumento das disputas contra os
iorubás e os hauçás. Assim, (a instabilidade nigeriana, pela disputa do petróleo e dasas guerras começam 
etnias não era facilmente resolvida), os ibos foram massacrados onde eram minoria no país, gerando uma
migração no sentido Leste da Nigéria.
Os ibos – o grupo passa a lutar por sua independência (financiado pelos soviéticos) e a guerra civil foi declarada
até 1970, só sendo parada quando a OPEP estabelece um boicote que acaba por financiar a guerra entre as
etnias, gerando um tenso acordo de paz.
Saiba mais
Mas a situação, quando parecia próxima ao seu fim, viu os líderes morrerem em um acidente
aéreo e as disputas pelo poder retornaram, e o mundo ficou chocado com o quadro
apresentado pelas televisões dos campos de refugiados; mensura-se que 10% da população
estava nos chamados “campos de reagrupamento”. Outros 700 mil refugiados seguiram para as
fronteiras do país gerando sérios problemas para os vizinhos.
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Angola e Moçambique
Como já vimos, os portugueses foram um dos grupos que lutaram mais intensamente contra a independência de
suas colônias, gerando um desastre que não impactou somente a África, mas também Portugal.
O Movimento Popular Pela Libertação de Angola (MPLA)
Movimento de esquerda alçado ao poder, com José Eduardo dos Santos.
Entretanto, Jonas Savimbi, seu opositor de direita, não reconheceu o resultado, e a guerra civil recomeçou.
O trágico saldo da guerra civil de mais de 2 décadas é um país arrasado em toda a sua infraestrutura, afetado por
doenças que matam centenas de pessoas por dia e que se tornou o detentor do maior percentual mundial de
pessoas mutiladas por minas terrestres. Além de mutilar as minas dificultam a prática da agricultura.
Com a morte de Jonas Savimbi durante um combate, em abril de 2002, seu grupo foi finalmente desarticulado,
abrindo caminho para um processo de paz mais duradouro.
Consequentemente, Angola é um dos países mais pobres do mundo, em que cerca de 60% da população é
analfabeta e somente 40% fala o português, língua oficial do país.
O caso de Moçambique, outra ex-colônia portuguesa, não difere muito do angolano. Em 1975, Moçambique
conseguiu a independência, a (FRELIMO), de orientação marxista,Frente de Libertação de Moçambique
chegou ao poder com um sistema de partido único, e o seu líder, Samora Machel, tornou-se presidente do país.
A FRELIMO, apoiada pelos governos socialistas, enfrentaria a (RENAMO),Resistência Nacional Moçambicana
que tinha como principais aliados os Estados Unidos e a África do Sul.
1992
Em 1992 a FRELIMO e a RENAMO assinaram o acordo de paz, dando esperança de dias melhores para os
moçambicanos.
1994
Em 1994, foram realizadas eleições pluripartidárias, e a FRELIMO saiu vitoriosa por meio da eleição de Joaquim
Alberto Chissano. A RENAMO permaneceu como a segunda força política do país, optando pelo caminho das
armas.
1999
Fique ligado
Em Angola, o movimento contra a colônia acaba por ser um dos principais palcos africanos da
Guerra Fria. Os grupos locais buscaram aproximar-se do apoio de cubanos e angolanos, contra
os grupos liberais, apoiados pelos americanos.
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1999
Em 1999, Chissano foi reeleito, apesar das denúncias de fraudes, feitas pela oposição, que não foram
comprovadas.
A África do século XXI
A Guerra Fria chegou ao fim, as democracias começam a se consolidar, ainda que fruto de lutas como as que
estamos vendo agora, a África, apesar de sua estabilidade e de suas diferenças, tem sido redescoberta pelo
mundo, seu papel hoje ainda está vinculado a figura das commodities.
O Brasil, explora petróleo em Angola, detectando uma melhoria dos índices econômicos. A fome, a doença, a falta
de estrutura ainda é uma leitura visível, no entanto áreas como Marrocos e África do Sul têm transformado o
cotidiano em uma luta de integração social e valorização de modelos que dialoguem com a democracia.
No Marrocos, novos conjuntos de lei, que diminuem o papel do rei e na África do Sul um conjunto de eleições
onde os distúrbios e as dificuldades são reduzidos, apoiaram uma nova África na estrutura, na ordem mundial.
Recentemente foi realizado um novo congresso africano, comemorando os 50 anos da União Africana, um dos
órgãos mais importantes da história recente do continente.
José Flávio Sombra Saraiva (foto) tem feito uma discussão sobre o papel da África, na política internacional, que
é de fato um exercício de reflexão diverso.
A África, que tradicionalmente foi chamada de Negra, apesar de entender a proposta, e apesar de ser a região
mais pobre do mundo hoje, tem tido crescimento econômico superior a 4% nos últimos 5 anos.
Há preocupação de que, na verdade, ainda estejamos sob os velhos prismas em que não estamos tratando de um
crescimento, uma transformação social, mas sim uma continuidade do modelo de commodities que criaram no
passado esta velha proposta.
Mas alguns indícios são animadores como, por exemplo, a redução, nos últimos 20 anos, de 13 para 5 os países
envolvidos em guerras, apesar do drama de Dafur.
Comentário
Quer saber mais? Vamos lá, estude, busque! É inegável que o espaço africano já aponta o crescimento das
democracias e um contínuo processo de estabilidade política, não com ditaduras eternas, mas com participações
populares, como nos casos de Quênia, África do Sul e Gana.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Percebeu como a África foi afetada por seu processo histórico;•
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• Percebeu como a África foi afetada por seu processo histórico;
• Conheceu as crises e os caminhos ensaiados nas últimas quatro décadas;
• Analisou o papel da África no mundo e sua visão a ser pensada na sala de aula.
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