Domicílio

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IZABELLA FERREIRA REIS - 2024
DIREITO CIVIL - PARTE GERAL - DOMICÍLIO
1. Considerações iniciais
Inicialmente, o domicílio pode ser
definido como o local em que a pessoa
pode ser sujeito de direitos e deveres na
ordem privada, relacionando, dessa
forma, com outros conceitos como o de
residência e moradia.
Portanto, compreende-se por domicílio
o local em que a pessoa se situa,
permanecendo a maior parte do tempo
com ânimo definitivo. Assim, há dois
elementos: um subjetivo, formado pelo
ânimo de permanência; e outro objetivo,
constituído pelo estabelecimento da
pessoa.
Por outra via, a habitação ou moradia
é o local em que a pessoa é
eventualmente encontrada, sem o intuito
de ficar, por determinado lapso temporal.
Em sentido contrário, a residência
representa o lugar no qual alguém habita
com intenção de ali permanecer, mesmo
que dele se ausente por algum tempo.
Ademais, é de interesse do próprio
Estado a permanência do indivíduo em
um determinado local, visto que assim é
possível localizá-lo quanto às suas
obrigações fiscais, políticas, militares e
policiais.
Posto isso, verifica-se a necessidade
de compreender o domicílio no âmbito da
pessoa natural e jurídica.
2. Domicílio da Pessoa Natural
Em sentido amplo, o domicílio engloba
os seguintes conceitos:
a) residência: local em que a
pessoa se estabelece (elemento
objetivo) com o intuito de
permanência (elemento subjetivo);
b) habitação ou moradia: local em
que a pessoa eventualmente é
encontrada;
c) domicílio: significa qualquer local
em que a pessoa pode ser sujeito
de direitos e deveres na ordem
civil.
Esse último, por regra é o local de
residência da pessoa (art. 70, CC).
Eventualmente pode ser também o seu
local de trabalho (art. 72, CC). Desse
modo, o Código Civil consolida dois
domicílios para a pessoa natural: a
residência e o local do trabalho.
Ademais, em relação à origem, o
domicílio pode ser assim classificado:
a) voluntário: aquele fixado pela
vontade da pessoa, como
exercício da autonomia privada
(art. 70, CC);
b) necessário ou legal: é aquele
imposto pela lei, tendo em vista
regras específicas que constam no
Código Civil (art. 76), a saber: o
domicílio dos absolutamente e
relativamente incapazes é o
mesmo dos seus representantes;
o domicílio do servidor público do
servidor ou funcionário público é o
local em que exercer, com caráter
permanente, as suas funções; o
domicílio do militar é o do quartel
onde servir ou do comando a que
se encontrar subordinado; o
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domicílio do marítimo ou
marinheiro é o do local em que o
navio estiver matriculado; o
domicílio do preso é o local em
que o mesmo cumpre a sua pena;
c) contratual ou convencional: é
aquele previsto no art. 78 do CC,
pelo qual pode ser estabelecido
foro de eleição nos contratos.
Há ainda possibilidade de existir
pluralidade de domicílios, em que uma
pessoa possua mais de um domicílio,
residindo em um local e mantendo, por
exemplo, escritório ou consultório em
outro endereço, que é a situação
disciplinada nos arts. 71 e 72 do CC.
Ademais, existem casos de pessoas
que vivem de passagem por vários
locais, tendo domicílio incerto, como os
circenses, sendo que o art. 73 do CC
estabelece, para tanto, que é domicílio
da pessoa o lugar onde for encontrada.
Além disso, há também a possibilidade
de alteração do domicílio (art. 74, CC),
operando-se na transferência da
residência aliada à intenção manifesta de
o alterar. A prova da intenção resulta do
que declarar a pessoa às
municipalidades do lugar que deixa, e
para onde vai, ou, se tais declarações
não fizerem, da própria mudança, com as
circunstâncias que a determinaram.
Por fim, o agente diplomático do
Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar
extraterritorialidade sem designar onde
tem, no país, o seu domicílio, poderá ser
demandado no Distrito Federal ou no
último ponto do território brasileiro onde o
teve (art. 77, CC).
3. Domicílio da Pessoa Jurídica
As pessoas jurídicas de direito público
interno possuem domicílio especificado
no art. 75, do CC, a saber:
a) a União deverá promover as
ações na capital do Estado ou
Território em que tiver domicílio a
outra parte, e será demandada, à
escolha do autor, no Distrito
Federal, na capital do Estado em
que se deu o ato que deu origem à
demanda, ou em que se situe o
bem envolvido com a lide;
b) os domicílios dos Estados e
Territórios são as respectivas
capitais;
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c) os Municípios têm domicílio no
lugar onde funciona a sua
administração;
d) as pessoas jurídicas de direito
privado têm domicílio no lugar
onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações, ou
onde elegerem domicílio especial
nos seus estatutos.