Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Universidade FUMEC Faculdade de Ciências Empresariais Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento PRESSUPOSTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM MODELO DE MATURIDADE PARA GESTAO DA INOVAÇÃO Helen Karoline Martins Lucas Torres Belo Horizonte - MG 2015 2 3 HELEN KAROLINE MARTINS LUCAS TORRES PRESSUPOSTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM MODELO DE MATURIDADE PARA GESTAO DA INOVAÇÃO Belo Horizonte - MG 2015 Projeto de dissertação submetido ao Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento da Universidade FUMEC como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento. Área de concentração: Gestão de Sistemas de Informação e do Conhecimento. Linha de pesquisa: Gestão do conhecimento. Orientador: Dr. Fenando Silva Parreiras 4 5 RESUMO Um modelo de maturidade para a gestão da inovação é uma ferramenta de avaliação que contribui para explorar as vantagens e desvantagens de processos de inovação organizacional. A gestão da inovação é um mecanismo importante para o sucesso organizacional, principalmente para gerar vantagem competitiva. Assim, este estudo tem como objetivo desenvolver um modelo de maturidade para a gestão da inovação, que será realizado por meio da utilização de vários métodos científicos. É importante que o modelo de maturidade seja desenvolvido de forma transparente utilizando as bases de conhecimento atuais em gestão da inovação nas organizações. Portanto, inicialmente foi realizada uma revisão sistemática da literatura, a fim de identificar as dimensões e características de um modelo de maturidade em gestão da inovação. Palavras-chave: Modelo de Maturidade. Gestão da Inovação. Características e dimensões. 6 7 ABSTRACT A maturity model for managing innovation is an assessment tool that helps to explore the advantages and disadvantages of organizational innovation processes. Innovation management is an important mechanism for organizational success, mainly to generate competitive advantage. This study aims to develop a model of maturity for the management of innovation, which will be held through the use of various scientific methods. It is important that the maturity model is developed in a transparent manner using current knowledge bases for managing innovation in organizations. So it was initially performed a systematic review of the literature in order to identify the dimensions and characteristics of a maturity model for managing innovation. Keywords: Maturity Model. Innovation Management. Features and dimensions. 8 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Ciclo de Vida para o desenvolvimento de um modelo de Maturidade ..................... 29 Figura 2- Octógono da Inovação .............................................................................................. 26 Figura 3- Processo de Triagem dos Artigos ............................................................................. 37 Figura 4 - Categorias e classificações para modelos de maturidade ........................................ 38 Figura 5- Ciclo de vida para o desenvolvimento de um modelo de maturidade ...................... 38 Figura 6- tipo de modelo de maturidade em desenvolvimento ................................................ 39 Figura 7- Octógono da inovação .............................................................................................. 39 Figura 8 -Tipo de Inovação ...................................................................................................... 39 Figura 9- Distribuição geográfica dos artigos de modelo de maturidade ou mensuração da gestão de inovação por ano de publicação. .............................................................................. 40 Figura 10- Artigos de modelos de maturidade e avaliação em gestão da inovação publicado ao longo dos anos .......................................................................................................................... 41 Figura 11- Número de artigos por estrutura e características de um modelo de maturidade combinado com tipo de artigo. (As bolhas somam números maiores que os mostrados nos gráficos de barras, porque um artigo pode conter mais do que um conceito). ......................... 43 Figura 12- Numero de artigos por conteúdo da pesquisa ........................................................ 45 Figura 13- Número de artigos por método de pesquisa e projeto de pesquisa combinado com conteúdo da investigação. (As bolhas somam números maiores que os mostrados nos gráficos de barras, porque um artigo pode conter mais do que um conceito). ....................................... 47 Figura 14- Número de artigos por realização de etapas do ciclo de vida para o desenvolvimento de um modelo. .......................................................................................................................... 49 Figura 15- Número de artigos por tipo de inovação e dimensões da gestão da inovação combinado com o tipo de modelo. ........................................................................................... 51 Figura 16- Número de artigos por tipo de inovação. ................................................................ 52 10 11 LISTA DE TABELAS Tabela 1-Tipos de Modelos de Maturidade .............................................................................. 29 Tabela 2- Fases do ciclo de vida para o desenvolvimento de um modelo de maturidade ........ 30 Tabela 3-Principais características dos modelos de maturidade .............................................. 31 Tabela 4- Conteúdo da investigação de um modelo de maturidade ......................................... 32 Tabela 5- Desenho da pesquisa para um modelo de maturidade .............................................. 32 Tabela 6- Método de pesquisa de um modelo de maturidade .................................................. 32 Tabela 7- Estrutura do Artigo ................................................................................................... 33 Tabela 8- Dimensões do Octógono da Inovação ...................................................................... 27 Tabela 9- Tipos de Inovação .................................................................................................... 24 Tabela 10-Questões de pesquisa para a revisão sistemática da literatura. ................................ 34 Tabela 11-Termos de Busca ..................................................................................................... 35 Tabela 12- Critérios de inclusão e exclusão ............................................................................. 36 12 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15 1.1 Problema de pesquisa ................................................................................................... 18 1.2 Justificativa ....................................................................................................................18 1.3 Objetivos ........................................................................................................................ 19 1.3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 19 1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 19 1.4 Aderência ao Programa e Interdisciplinaridade ........................................................ 19 2 TRABALHOS RELACIONADOS .................................................................................... 21 3 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA ............................................................. 22 3.1 Fundamentos ................................................................................................................. 22 3.1.1 Inovação ................................................................................................................... 22 3.1.2 Gestão da Inovação .................................................................................................. 24 3.1.3 Modelo de Maturidade ............................................................................................. 27 3.2 Planejamento da revisão sistemática da literatura .................................................... 33 3.2.1 Questões de pesquisa ................................................................................................ 33 3.2.2 Estratégias de Pesquisa............................................................................................. 34 3.2.3 Triagem dos artigos .................................................................................................. 36 3.2.4 Classificação............................................................................................................. 37 2.3 Resultados e discussões ................................................................................................. 40 2.3.1 Q1. Quais são os modelos de maturidade existentes para gestão da inovação e seus atributos? ........................................................................................................................... 42 2.3.2 Q2. Quais são os métodos, desenhos e contribuições mais comumente utilizados para o desenvolvimento de um modelo? ........................................................................... 44 2.3.3 Q3. Quais são os tipos de modelo, tipos de inovação e dimensões da gestão da inovação evidenciados? ..................................................................................................... 50 4 METODOLÓGIA ................................................................................................................ 53 4.1 Processo e desenvolvimento do modelo de maturidade em gestão da inovação ...... 54 5 CRONOGRAMA ................................................................................................................. 56 REFERENCIAS ..................................................................................................................... 57 APENDICE A – Lista de artigos da revisão de literatura .................................................. 64 14 15 1 INTRODUÇÃO Para o meio empresarial, a inovação deve ser entendida não apenas como uma oportunidade de crescimento, sobrevivência ou rentabilidade, mas como uma possibilidade de demudar o mercado e a sociedade (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007). A eficiência e eficácia em inovar vem sendo aperfeiçoada ao longo dos anos e está intimamente relacionada com a capacidade de gerenciamento e estratégia da empresa. As empresas precisam compreender que a inovação depende do empenho organizacional dos atores e cenários do ambiente externo e consiste em um processo que pode ser desenvolvido e melhorado continuamente, necessitando de um gerenciamento de forma integrada. A atual conjuntura econômica pede por inovação e empreendedorismo (BESSANT; TIDD, 2009), "[...] empreendedorismo não trata apenas de pequenas empresas e novos empreendimentos. Não aborda apenas a criação de novos produtos ou serviços, mas, sim, inovações em todos os âmbitos do negócio" (CHIAVENATO, 2007, p. 261). A inovação propicia o desenvolvimento de novos produtos ou aperfeiçoamento dos produtos existentes, assim como a melhorias nas estruturas organizacionais, fatores estes que podem gerar vantagem competitiva para as organizações e representar a possibilidade de sobrevivência e sucesso frente ao mercado (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2002). A gestão da inovação representa um mecanismo importante para o sucesso empresarial, por gerar vantagem competitiva para as organizações e (ZHIRONG, 2003; XIANG-YANG, et al. 2007; CARPINETTI; GEROLAMO; GALDÁMEZ 2007; MA; LOU, 2012) por contribuir positivamente para a qualidade de vida da sociedade (CARPINETTI; GEROLAMO; GALDÁMEZ 2007). A gestão da inovação é um sistema complexo (XIANG-YANG, et al. 2007) e consiste na capacidade de dirigir e controlar de forma organizadas os processos inovativos (ORTT; VAN DER DUIN, 2008). Ainda segundo Dreijer, (2002) representa um conjunto de atividades gerenciais estratégicas e operacionais que visam controlar os processos inovativos. Envolve uma série de capacidades dinâmicas presentes nas temáticas da estratégia, cultura, processos, produto, serviços, tecnologia, rede de informações, pessoas e estrutura (MA; LUO, 2012). “O processo de inovação é em si um processo organizacional, quando não interorganizacional, e como tal pode se beneficiar ou não do modo como as empresas envolvidas estão estruturadas, das técnicas de gestão que praticam e das estratégias que adotam” (BARBIERI, 2003). 16 As organizações costumam focar mais na parte técnica da inovação do que na gestão da inovação propriamente dita. Entretanto a gestão da inovação é importante por contribuir com a modernização da organização e impulsionar a sua competitividade (MA; LUO, 2012). Para Birkinshaw, Hamel, Mol, (2008) a gestão da inovação permite a inserção de novidades em uma organização e consiste em uma forma de promover mudanças organizacionais. Os autores ainda definem a gestão da inovação como sendo uma nova invenção, a implementação de uma prática de gestão, de processo, estrutura ou técnica com a finalidade de atender as metas e objetivos organizacionais. A gestão da inovação abrange toda a organização, nos seus mais diversos níveis e pode propiciar a organização alcançar seus objetivos, sendo este uns dos principais motivos que levam as organizações investirem no processo de inovação. Entretanto não são todos os processos de gestão da inovação que são bem-sucedidos. Os colaboradores responsáveis pela gestão da inovação são importantes para o desenvolvimento deste processo e devem estar preparados e capacitados, mantendo o foco na dinâmica contextual da organização (BIRKINSHAW; HAMEL; MOL, 2008). A inovação representa um grande desafio para as organizações, geram incertezas e ambiguidade, entretanto é provável que o seu impacto seja de amplo alcance, propiciando oportunidades e vantagens (BIRKINSHAW; HAMEL; MOL, 2008; BESSANT; TIDD, 2009) Na atualidade, a sobrevivência das empresas é menor do que se comparado ao ciclo vida do ser humano e para as pequenas empresas essa realidade é ainda pior (BESSANT; TIDD, 2009), portanto a capacidade de inovar pode propiciar vantagem competitiva frente aos concorrentes, representar a permanência no mercado e o alcance dos objetivos estratégicos (GIBSON; SKARZYNSKI, 2008). Observa-se que empresas sobreviventes do século estão sempre investindo na capacidade de inovar de forma continua como a 3M, P&G. Philips, Siemens, Corning, Rolls Royce e Reuters (BESSANT; TIDD, 2009). Diversas empresas são levadas ao fracasso por ignorarem a necessidadede mudança. É imprescindível para o sucesso organizacional que os gestores estejam atentos as inovações, aos processos inovativos e analisando constantemente o mercado concorrente. Diferentes recursos estão disponíveis no mercado para que os gestores possam se manter atualizados, analisar os cenários, oportunidades, ameaças que venham a promover vantagens para a organização. A inovação deve ser direcionada as estratégias organizacionais e podem ser pequenas alterações ou transformações radicais (BESSANT; TIDD, 2009). Atualmente diversas empresas estão buscando melhorar o gerenciamento dos processos inovativos. Cada empresa precisa encontrar a solução mais apropriada à sua 17 realidade. Algumas empresas desenvolvem seus próprios métodos e mecanismos para inovação, sendo que a eficiência da gestão da inovação consiste na proeza da organização em repetir o feito. Portanto as empresas podem construir e desenvolver sua capacidade de gerar inovações (BESSANT; TIDD, 2009). Alguns estudiosos demonstram a importância da inovação para as organizações. A maiorias dos líderes e executivos já consideram a inovação uma de suas principais prioridades e indispensável para o sucesso organizacional (ANDREW et al., 2010; RIGBY; BILODEAU, 2013; SCHERER; CARLOMAGNO, 2009). Ao longo dos últimos anos, inúmeras pesquisas realizadas por empresas de consultoria concluíram que a maioria dos executivos afirmam que a inovação é prioridade máxima em suas empresas, entretanto reconhecem que a abordagem é geralmente informal e ainda enfatizam a falta de confiança para tomar decisões sobre inovação (RIGBY; BILODEAU, 2013). O The Boston Consulting Group afirma que a maioria dos executivos estão insatisfeitos com o retorno alcançado a partir da inovação. Andrew et al., (2010) em sua pesquisa demonstra que das empresas que estão realizando investimentos em inovação apenas 59% estão obtendo o retorno esperado. Um dos problemas geradores desse baixo retorno consiste na seleção das métricas de gerenciamento que não estão permitindo apoiar adequadamente a gestão da inovação nas organizações (ANDREW et al., 2010; FENG; NA, 2009; RIGBY; BILODEAU, 2013). De acordo com Scherer; Carlomagno, (2009) diversos estudos evidenciam que “as empresas não estão adotando práticas consistentes de inovação, não preparam seus líderes e não possuem maneiras de medir e orientar o processo de inovação” (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009 p.4). A maioria dos gerentes acabam utilizando a intuição e as experiências vivenciadas em atividades de gestão da inovação, sem possuírem qualquer apoio (FENG; NA, 2009). Mediante esta situação descobrir um mecanismo para melhorar a capacidade da gestão da inovação nas organizações se tornou foco do universo acadêmico (MA; LOU, 2012). Um modelo de maturidade da gestão da inovação bem desenvolvido e fundamentado irá fornecer subsídios para que a organização possa avaliar o seu estado atual identificando seus pontos fortes propondo um conjunto de melhorias necessárias no que tange a capacidades de inovar. Os modelos de maturidade são desenvolvidos baseados nas melhores práticas ou em práticas comuns e consistem em um instrumento para avaliar a maturidade das organizações, com o intuito de possibilitar o desenvolvimento e aperfeiçoamento das mesmas (AHERN; CLOUSE; TURNER, 2004; CRAWFORD, 2006). Em diversos segmentos, um grande número de modelo de maturidade tem sido proposto, no entanto uma análise revela que grande parte 18 desses modelos apresentam deficiência comuns tais como a falta de fundamentação teórica, documentação inadequada e especialmente deficiências quanto as exigências metodológicas (BIBEROGLU; HADDAD, 2002; LAHRMANN et al, 2010; RABER; WINTER; WORTMANN, 2012; WENDLER, 2012). 1.1 Problema de pesquisa A lacuna de um instrumento de maturidade devidamente fundamentado que permita com que as organizações possam avaliar a gestão da inovação, dificulta a obtenção de dados objetivos que demonstrem a evolução da organização, levando a alocação ineficiente de recursos, criando barreiras à defesa de projetos inovativos junto a alta administração e dificultando a capacidade de prover informações que possibilitem a tomada de decisões operacionais e estratégicas (ADAMS; BESSANT; PHELPS, 2006; ORTT; VAN DER DUIN, 2008). Esta pesquisa pretende responder a seguinte questão: Quais são as dimensões e características de um modelo de maturidade para gestão da inovação? 1.2 Justificativa A utilização de métricas de performance é um fator importante (LINDER, 2006; GANGULY et al, 2010; KOHLBACHER; GRÜNWALD, 2011). De acordo com Ortt, Van Der Duin, (2008) existem várias alternativas para promover a inovação e o sistema de informação tem a função de prover informações que auxiliem na tomada de decisões. Poucas empresas apresentam um processo estruturado e formal de gestão da inovação (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009). Nessa percepção, torna-se interessante desenvolver um instrumento que represente um meio organizado que possa assessorar as organizações na eficiência e eficácia da gestão, possibilitando a melhoria consecutiva de fenômenos complexos, multifacetados (AHERN; CLOUSE; TURNER, 2004; CRAWFORD, 2006) e que permita mensurar os investimentos realizados para potencializar a capacidade de inovar das organizações. Um conceito que é capaz de fornecer suporte holístico para um projeto de transformação para a gestão e que permita a realizar uma avaliação é o modelo de maturidade, 19 que com sucesso veem sendo amplamente utilizado em outros aspectos e temáticas nas organizações (FRASER, P; MOULTRIE, J; GREGORY, 2002; HAKES, 1986). Portanto um modelo de maturidade bem difundido e aceito é uma importante ferramenta para documentar e orientar as organizações, fornecendo subsídios que possibilitem a tomada de decisões operacionais e estratégicas. Nesse sentido, o presente trabalho se justifica, mediante a necessidade de elaborar um instrumento que possibilite avaliar a maturidade da gestão da inovação nas organizações, vislumbrando proporcionar a organização subsídios para apoiar a melhoria continua dos fenômenos e uma gestão eficaz. 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo geral Pressupor um modelo de maturidade em gestão da inovação. 1.3.2 Objetivos específicos OBJ1 Identificar as características de um modelo de maturidade OBJ2 Identificar modelos existentes na gestão da inovação OBJ3 Classificar as diversas abordagens existentes de modelo de maturidade em gestão da inovação OBJ4 Propor o modelo de maturidade estabelecendo o objeto de avaliação da maturidade, dimensões, níveis, princípio de maturidade e avaliação. OBJ5 Aferir o nível de maturidade em uma organização 1.4 Aderência ao Programa e Interdisciplinaridade Programa de pós-graduação da FUMEC em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento está direcionada ao desenvolvimento científico para o mercado profissional. O curso consiste em uma abordagem interdisciplinar pertinente a nossa realidade. A interdisciplinaridade tem demonstrado como uma importante estratégia para romper as 20 barreiras que fragmentam o conhecimento (GARRUTTI; DOS SANTOS, 2004). A interdisciplinaridade permite a correlação com diversas áreas e tem o propósito de promover uma interação entre as partes (BONATTO, 2015). O conhecimento está acoplado a inovação a medida o conhecimento possibilita a criação e a inovação. (TID; BESSANT; PAVITT, 2008). O processo de gestão do conhecimento possui alta influência sobre a inovação. “A inovação é um processo de gestão do conhecimento, envolvendo a criação, integração, partilha e aplicação de conhecimento” (XIANG-YANG, et al. 2007 p.1503). “A gestão da inovação desempenha um papel orientador e harmoniza no processo de inovação do conhecimento” (FENG, NA, 2009 p. N/a). A relação entre conhecimento e inovação érelevante e aderente a linha de pesquisa de gestão do conhecimento, uma vez que a inovação não existe sem o conhecimento. 21 2 TRABALHOS RELACIONADOS Para o desenvolvimento de um modelo de maturidade em gestão da inovação, uma série de trabalhos devem ser investigados com o intuito de obter um profundo embasamento teórico afim de diminuir as incertezas. Becker, Knackstedt, Pöppelbuß, (2009) enfatizam que o desenvolvimento de modelos de maturidade devem empregar uma variedade de métodos de pesquisa, carecendo ser bem fundamentado e sintonizado. É importante ressaltar que o campo da gestão da inovação é amplo e necessita de compreensão, investigação e aprofundamento em todas as suas dimensões. Mediante a um universo de informações que envolvem a realização desta pesquisa relacionamos os trabalhos essenciais para a realização do estudo. Wendler, (2012), estabelece as categorias dos modelos de maturidade e termos de busca importantes que contribuíram para realização da revisão sistemática. De Bruin et al., (2005) define um ciclo de vida para o desenvolvimento de um modelo de maturidade e suas respectivas recomendações, este ciclo de vida foi utilizado para classificar os artigos da revisão sistemática e também serão utilizados para o desenvolvimento do novo modelo de maturidade em gestão da inovação. Raber, Winter, Wortmann, (2012) estabelecem as principais características de um modelo de maturidade que compõem parte das classificações utilizadas na revisão sistemática e ainda utilizam o algoritmo de Rasch o mesmo que será utilizado por este trabalho para determinar a dificuldade de uma capacidade, assim como Lahrmann, G. et al. (2011), que também aborda o algoritmo no seu trabalho. Becker, Knackstedt, Pöppelbuß, (2009) propõem um processo para o desenvolvimento adequado de um modelo de maturidade, apresentado todas as etapas que devem ser seguidas e suas respectivas recomendações, que serão utilizadas pra direcionar o correto desenvolvimento do novo modelo. ORTT; VAN DER DUIN, (2008) abordam a evolução da gestão da informação contribuindo para a fundamentação deste trabalho. Scherer, Carlomagno, (2009) desenvolveram o octógono da inovação que abarca oito dimensões da gestão da inovação, que possivelmente serão utilizados como dimensões do novo modelo de maturidade. Cormican, O'sullivan, (2004) estabelecem os fatores críticos de sucesso para a gestão da inovação de produtos e apresentam um modelo de auditoria para processos de inovação este trabalho será utilizado para a elaboração de um questionário para identificar os princípios de maturidade do novo modelo, assim como Boly et al., (2014) apresenta um modelo da capacidade da inovação este trabalho e também será utilizado para os desenvolvimento do questionário. A princípio todos estes artigos serão utilizados para o desenvolvimento do novo modelo de maturidade 22 3 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Para identificar os aspectos conceituais e aplicações modelo de maturidade em gestão da inovação, será realizada uma revisão sistemática da literatura seguindo as diretrizes propostas por Kitchenham (2004). Uma revisão sistemática da literatura é definida “como um meio de identificar, avaliar e interpretar todas as pesquisas relevantes disponíveis para uma determinada questão de pesquisa, área temática, assunto ou fenômeno de interesse” (KITCHENHAM, 2004, p.1). É um importante método para a estruturação de um amplo campo de informações, identificando os conteúdos, métodos e tendências das publicações (WENDLER, 2012). Esse capítulo é composto por 2 seções. A primeira seção consiste em um estudo primário que de acordo com o autor deve ser realizado individualmente e contribui com informações importantes para a revisão sistemática. Posteriormente um estudo secundário será realizado nas seções subsequentes, divididos em três momentos sendo: planejamento, realização e resultados da revisão. Os estudos secundários representam uma revisão sistemática efetivada por meio de procedimentos (KITCHENHAM, 2004). Para a realização do estudo primário será seguida uma lista de recomendação citada por Kitchenham, (2004). O objetivo da realização do estudo primário será de conhecer, identificar e obter conhecimento do tema proposto. A pesquisa será realizada em livros e artigos científicos e demais fontes que forem relevantes e de comprovação cientifica. Será incluído na pesquisa temas relevantes para o estudo tais como, modelo de maturidade, gestão da inovação e inovação, considerando os artigos publicados em inglês. É possível que seja realizado uma mescla de um estudo com o outro afim de obter mais qualidade para o estudo. 3.1 Fundamentos Nesta seção serão analisados conceitos fundamentais para a realização do trabalho: Modelo de maturidade, gestão da inovação e inovação. 3.1.1 Inovação Atualmente, a facilidade do acesso a informação está tornando o mercado cada vez mais competitivo. Este cenário, exige que as pessoas e organizações sejam mais criativas e 23 inovadoras com o intuito de atender as necessidades e os desejos sociais. A capacidade de fazer ou tornar algo diferente pode levar as pessoas ou organizações alcançarem sucesso inimagináveis, com proporções gigantescas. Empreendedores e colaboradores que possuem a capacidade de fazer diferente estão se tornando valiosos para o mercado de trabalho, entretanto as organizações mesmo reconhecendo, enfatizando e primando pela inovação estão realizando pouco investimentos para promover inovação (TERRA, 2007). Pesquisas comprovam que a inovação pode contribuir significativamente para que organizações possam gerar vantagem competitiva, aumentar os ganhos financeiro e o desempenho mercadológico. A inovação como vantagem competitiva deve propiciar a empresa melhorias positivas e mensuráveis. A vantagem competitiva propiciada pela inovação com o tempo pode perder seu potencial à medida que as outras organizações começam a imitar, por isso é importante que as organizações estejam sempre inovando, afim de manter sua vantagem competitiva frente aos concorrentes (TIDD, BESSANT, PAVITT, 2008) Uma inovação advém de um produto (bem ou serviço) melhorado ou novo, de um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, nas organizações do local de trabalho, ou nas relações internas (MANUAL DE OSLO, 2005). Scoott Anthony, (2012) define inovação como, “algo diferente que exerce impacto”, onde impacto é percebido como algo passível de ser avaliado, defendendo que a inovação não consiste apenas na capacidade de ter ideias mas também da capacidade em tornar essa ideia real. É relevante ressaltar que mesmo com uma infinidade de definições, na percepção do autor existe uma ausência de uma definição que seja mais clara e coerente para o termo (SCOTT ANTHONY, 2012). De acordo com Scherer; Carlomagnom (2009) diversas pesquisas estão demonstrando que a inovação é fundamental para a sustentabilidade e o crescimento organizacional, entretanto poucos possuem a habilidade ou capacidade de gerenciar o processo de inovação ou de serem inovadores (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009). “Os executivos sabem da imperiosa necessidade de adotar inovação como estratégia, mas reconhecem faltar a eles o conhecimento das ferramentas e instrumentos que permitam colocar a teoria em prática”. (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009, p.4). Poucas empresas são consideradas inovadoras em decorrência da dificuldade encontrada para promover inovação. Existem uma série de fatores que dificultam esse processo tais como os riscos, erros, tempo, custo, valorizar as pessoas, permitir mudanças, dentre tantos outro podem ser um empecilho para que as organizações possam realmente se tornar inovadoras. Par inovar as organizações precisam ter persistência, resiliência,habilidade, 24 criatividade é uma trajetória árdua, com resultado que demandam tempo, mas que realmente podem trazer ganhos inimagináveis para as organizações que conseguem se tornar inovadoras (TERRA et al., 2007; SCHERER, CARLOMAGNO, 2009) Tabela 1- Tipos de Inovação Tipos Características Inovação do produto Disponibiliza produtos/serviços novos ou aperfeiçoados. Inovação do processo São processos novos ou significantemente melhorados em produção, logística de bens ou serviços. Inovação do marketing É a implementação de novos ou melhorados métodos de marketing, envolvendo a distribuição, produto, dentre outras. Inovação organizacional Consiste na implementação de novos métodos organizacionais. Normalmente nos comandos altos de uma organização como a gerência. Fonte: (MANUAL DE OSLO, 2005) 3.1.2 Gestão da Inovação Após períodos de guerra, a inovação foi considerada essencial para a sobrevivência econômica e tecnológica das nações e empresas o que despertou o interesse para o uso generalizado e aumento das investigações cientificas em gestão da inovação. Profissionalmente a gestão da inovação foi efetivada no final do século XIX e foi evoluindo ao longo dos anos, propiciando o desenvolvimento de diferentes tipos de processos de inovação (NIOSI, 1999). A gestão da inovação consiste na capacidade de gerenciar e organizar os processos de inovação (ORTT; VAN DER DUIN, 2008). Ortt, Van Der Duin, (2008) relatam em seus estudos os períodos de evolução da gestão da dividindo em quatro períodos, o autor não evidencia o quinto período descrito nos estudos de Ambos Rothwell (1994) e Amidon Rogers (1996) por considerarem uma continuidade do quarto período. No primeiro período ocorreu entre o pós-guerra até meados de 1960, neste tempo pouca atenção é dada ao processo de inovação. O segundo período entre meados de 1960 e 1970 onde a inovação passa a ser considerada mais importantes do que o progresso tecnológico. As organizações começam a investir em pesquisas. O terceiro período de 1970 a 1990 os projetos de inovação são alinhados com a estratégia corporativa e a inovação é centrada nos produtos e processos. O quarto período compreende os anos de 1990 a 2000 as organizações percebem a importância estratégica das tecnologias, das alianças estratégicas e das redes externas. Adotam uma estrutura baseada em equipes e projetos. A inovação passa a ser realizada, por meio de 25 alianças, paralela e integrada. A gestão da inovação promove a ligação entre pesquisas e gerenciamento de pesquisas externas. As desvantagens ocorrem porque o processo de inovação está se torando muito complexo e por isso cada vez mais gerenciável (ORTT; VAN DER DUIN, 2008). Novos períodos vão surgindo para sanar as desvantagens apresentadas nas gerações anteriores. Ortt; Van Der Duin, (2008) concluem a partir do panorama histórico que as organizações aderem de acordo com o momento evidenciado um conjunto diferente de melhores práticas. Com o tempo essas práticas evoluem de acordo com os diferentes contextos econômicos e sociais e contribuem para aperfeiçoar a gestão da inovação. Os gestores da inovação se preocupam mais frequentemente em gerir o processo de inovação de acordo com o seu contexto específico (ORTT; VAN DER DUIN, 2008). Mas é importante ressaltar que ações moldadas e fragmentadas podem levar a organização ao fracasso (GIBSON; SKARZSYNSKI, 2008; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008), e mesmo que as organizações estejam realizando devidamente todo o processo para gerar inovação o insucesso também pode ocorrer (BIRKINSHAW; HAMEL; MOL, 2008; TERRA et al., 2007; SCHERER; CARLOMAGNO, 2009). A gestão da inovação representa a melhor estratégia para manter as empresas modernizadas e competitivas (FENG, NA, 2009; MA, LOU, 2012). Existem uma serie de capacidades que envolvem a gestão da inovação e que se fazem presentes em áreas e processos da organização, tais como estratégia, cultura de inovação, processos, produtos, serviços, tecnologias, capacidade intelectual, estrutura organizacional e parceiros (MA, LOU, 2012). O problema é que não existe uma ferramenta eficaz que forneça subsídios as atividades de gestão da inovação eficazmente. Contudo grande parte dos gerentes acabam realizando ações baseados em suas intuições e experiências (FENG, NA, 2009). A gestão da inovação “segue um processo estruturado, de definição de estratégias, de estabelecimento de prioridades, de avaliação de ideias, gestão de projetos e monitoramento de resultado” (SHERER; CARLOMAGNO, 2009, p. 8) e sua indução deve ser realizada utilizando métodos e ferramentas especificas. A gestão da inovação deve possuir todos os recursos necessários para que seja possível efetivar a realização do seu principal objetivo que é a inovação (SHERER; CARLOMAGNO, 2009). Não é suficiente apenas almejar que a inovação aconteça, é preciso que as organizações gerenciem este processo, e para isso é importante compreender o que se pretende gerenciar, estabelecer os mecanismos e condições necessárias, estipular estratégias e identificar o foco do processo, pois a gestão da inovação é uma atividade dinâmica (BESSANT; TIDD, 2009). 26 Um novo paradigma da gestão da inovação foi evidenciado por Xu et al. (2007), conhecida como “gestão da inovação total” é definida como a reinvenção da rede de valor da gestão da inovação e compreende estratégia, tecnologia, estrutura, processos, cultura e pessoas em todos os níveis de uma organização, seu objetivo consiste gerencia os processos gerando valor e vantagem competitiva. De acordo com Zhirong, (2003) a gestão da inovação total se difere da gestão da inovação tradicional por ser mais sistêmica abrangendo as áreas de interesse enquanto a gestão tradicional possui o foco no produto. No contexto da inovação é possível evidenciar um conjunto de elementos e dimensões que se adequadamente gerenciados, configurados e planejados pelas organizações contribui significativamente para a eficiência e eficácia do potencial inovador (SCHERER E CARLOMAGNO, 2009). Scherer, Carlomagno, (2009) desenvolveram uma ferramenta definida como Octógono da Inovação que contribui para identificar as práticas e políticas que auxiliam a gestão da inovação expondo os pontos fundamentais. A ferramenta é estruturada em oito dimensões e foi desenvolvida inspirada por estudos de casos de sucesso e da revisão das principais teorias sobre gestão da inovação. As oitos dimensões devem ser consideradas em uma visão holística e não podem ser segmentadas. São eles: Figura 1- Octógono da Inovação Fonte: (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009) 27 Tabela 2- Dimensões do Octógono da Inovação Dimensões Práticas e Politicas Características Estratégia Estabelecer metas e objetivos para gerenciar as iniciativas inovadoras A inovação é a estratégia. A definição de como a empresa pretende usar a inovação como instrumento estratégico é o início de tudo. Um direcionamento coerente e amplo pode ser ainda mais forte na catálise de oportunidades de inovação. A adoção de objetivos e metas para gerenciar as iniciativas inovadoras tem alto potencial inovador. Cultura Inferir um ambiente propicio para a inovação Algo difuso e intangível. Refere-se às normas aceitas por todos, às crenças e aos valores comuns que dão forma ao comportamento das pessoas na organização. A estrutura, artefatos e processos fazem parte da cultura. Estrutura Propiciar uma estrutura flexível, permitindo e estimulando a criatividade e a inovação. A estrutura deve ser no nível mais horizontal favorecendo e estimulando a interação. Podem ser uma estrutura apenas em P&D, um grupo, por projetos ou envolvendo toda a organização. Processo Gerar novas ideias, como as avalia, experimenta e seleciona em quais investir. As empresas que utilizam ferramentas de gestão de projetos, queavaliam sistematicamente as iniciativas de potencial inovador e que têm um processo estruturado de transformação de ideias em inovações podem otimizar seus investimentos em inovação. Pessoas Preparar as pessoas e fomentar a diversidade. Envolve incentivos e reconhecimento da equipe ou do indivíduo. A criatividade vem da justaposição de ideias, de conhecimentos contraditórios, da diversidade de perspectivas, dos valores e das experiências. Financiamento Captar e gerar investimentos e financiamentos para a inovação. Indicam a relevância dada pela alta gestão para as atividades de desenvolvimento de novos produtos, processos, serviços e negócios. Liderança Evangelizar e apoiar sua equipe para a inovação São considerados tanto os líderes formais como os líderes informais. O desafio da inovação é fazer com que todos os líderes sejam facilitadores do fluxo de ideias e do conhecimento e transformação da realidade da empresa. Por isso a estratégia deve ser entendida e praticada por todos. Capacidade de influenciar outras pessoas. Envolvimento das lideranças com a visão maior da empresa. Líderes de uma organização inovadora devem ser pessoas desafiadoras, que sejam capazes de assumir riscos, respaldados pela alta gestão. Relacionamento Promover o relacionamento em redes é fundamental para gerar inovação. As atividades de inovação não devem se restringir a um pequeno grupo, ou exclusivamente ao departamento de P&D, nem que devam ser realizadas de forma total e exclusiva dentro da empresa. O que se busca hoje é a inovação aberta, a inovação em rede, a gestão de uma cadeia de inovação. Fonte: (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009) 3.1.3 Modelo de Maturidade O modelo de maturidade foi proposto inicialmente na década de 70 desde então vem sendo amplamente aceito e utilizado em diversos nichos (RABER; WINTER; WORTMANN, 2012). O modelo de maturidade consiste em um instrumento que permite mensurar o grau de evolução em determinados domínios (DE BRUIN et al., 2005; PAULK et al., 1993; BECKER; 28 KNACKSTEDT; PÖPPELBUß, 2009) e contribui sistematicamente para direcionar o desenvolvimento, (PAULK et al., 1993; BECKER; KNACKSTEDT; PÖPPELBUß; 2009) posicionamento e as transformações organizacionais (BECKER; KNACKSTEDT; PÖPPELBUß; 2009). Modelos de maturidade foram desenvolvidos para auxiliar as organizações a identificar formas de reduzir os custos, melhorar a qualidade e reduzir o tempo dos processos, propiciando assim a obtenção de vantagens competitivas (DE BRUIN et al. 2005). Paulk et al., (1993), ressalta que as organizações maduras possuem alta capacidade de gerenciamento, comunicação e seus processos são ágeis e consistentes ao contrário das organizações imaturas. Um modelo de maturidade consiste em um conjunto de elementos que expõem em diferentes níveis as características dos processos (PULLEN, 2007; BECKER; KNACKSTEDT, PÖPPELBUß, 2009). É Importante não pular os níveis do modelo sem que as etapas anteriores tenham sido realizadas, pois os modelos de maturidade fornecem um direcionamento para as organizações, propiciam identificar, analisar e avaliar determinados segmentos e ainda podem servir como referencial para uma implementação sistemática, direcionando a organização para melhorias, garantindo qualidade e evitando transtornos (AMARATUNGA, SARSHAR, BALDRY, 2002; WENDLER, 2012). Wandler, (2012) enfatiza em seus estudos que nos últimos anos dois tipos de modelos estão sendo desenvolvido, um sob a perspectiva potencial e outro sob abordagem do ciclo de vida. A maioria dos modelos desenvolvidos são referentes perspectiva potencial, sendo este um modelo que apresenta uma via de desenvolvimento, com os níveis de maturidade estabelecidos, suas delimitações, sendo que seu principal diferencial é focar principalmente nas melhorias. Quanto aos modelos com abordagens relativas ao ciclo de vida apresentam os estágios de maturidade bem definido, ambos tipos são basicamente a mesma coisa o que difere é que no modelo sob a perspectiva potencial o usuário decidi qual é o nível e os requisitos mais adequado para a sua realidade, diferente do ciclo de vida onde todas as etapas devem ser cumpridas (WENDLER, 2012). Raber, Winter, Wortmann, (2012), utilizam nomes diferentes para definir a mesma situação, eles consideram estas características como princípios da maturidade divididos em um modelo continuo ou completo. O modelo continuo é referente a perspectiva potencial e o completo equipare-se ao ciclo de vida. A escala de Likert é a mais utilizada para o desenvolvimento de um modelo de maturidade, sendo composta de cinco níveis, com o 5 representando a mais alta capacidade. A maioria dos modelos de maturidade desenvolvidos fornecem apenas um meio para posicionar 29 a unidade selecionada numa escala pré-definida, ou seja do tipo descritivo (DE BRUIN et al. 2005). Tabela 3-Tipos de Modelos de Maturidade Tipos Características Descritivo A aplicação deste modelo apenas permite identificar o nível que a organização se encontra. Não apresenta formas de melhorias da maturidade e não tem relações com o desempenho. É utilizado para avaliar o presente, a real situação da organização. Prescritivo O foco deste modelo é direcionado para o desempenho dos negócios, indica a forma para alcançar os próximos níveis de maturidade, propicia vantagens ao negócio ao estabelecer um roteiro para melhorias. Comparativo Consiste em um processo de busca das melhores práticas permite o todos os setores ou regiões. Um modelo desta natureza seria capaz de comparar as práticas semelhantes nas organizações, a fim de obter referência de maturidade dentro de indústrias diferentes. O modelo comparativo reconhecerá que níveis similares de maturidade de todos os setores podem não se traduzir em níveis semelhantes de valor do negócio. Embora este tipo de modelo seja ser visto como diferente, eles realmente representam fases evolutivas do ciclo de vida de um modelo. Para utilizar um modelo comparativo ele deve ser aplicado numa grande variedade de organizações, a fim de atingir os dados suficientes para que a comparação seja válida. Fonte: (DE BRUIN et al. 2005) O autor estabelece o ciclo de vida para o desenvolvimento de um modelo de maturidade em seis fases (DE BRUIN et al. 2005). Figura 2- Ciclo de Vida para o desenvolvimento de um modelo de Maturidade (DE BRUIN et al. 2005). Este modelo é genérico e permitem a criação e a evolução de um modelo mais simples o descritivo para o prescritivo, assim como para o modelo comparativo. É importante obedecer sequencia estabelecida do processo de desenvolvimento, a interação entre as fases é permitida (DE BRUIN et al. 2005). 30 Tabela 4- Fases do ciclo de vida para o desenvolvimento de um modelo de maturidade Fases Descrição Fase 1 - escopo Momento para determinar o âmbito de aplicação do modelo desejado e seu limite. A combinação de decisões de escopo vai influenciar todas as fases restantes. É importante manter o foco no modelo, momento de definir o que difere o seu modelo dos demais. Pode ser feita uma revisão da literatura para responder este questionamento. Definir o que irá contribuir para o desenvolvimento do modelo. Fase 2 - Design Momento de realizar o enquadramento proposto, ou seja, determinar um design ou arquitetura para o modelo que constitui a base para o desenvolvimento e aplicação. É importante identificar quais as contribuições do modelo para a organização, como o modelo pode ser aplicado a diferentes estruturas organizacionais, quais recursos são necessários para aplicar do modelo. É importante desenvolver um modelo equilibrado, não sendo simplista demais ou muito complexo. Fase 3 - Preencher Uma vez que o escopo e design do modelo são acordados, o conteúdo do modelo deve ser decidido. Nesta fase, énecessário identificar o que o Modelo de maturidade ira medir e como isso será feito. A meta é atingir componentes de domínio e subcomponentes que são mutuamente exclusivos e coletivamente exaustivas. Em um domínio maduro a identificação dos componentes de domínio pode ser alcançada através de uma extensa revisão da literatura. A presença de um rico fluxo de literatura e modelos testados reduz as preocupações. Uma vez uma lista inicial foi desenvolvida entrevistas são usadas para validar ainda mais a priori constrói um e aumentar a lista de fatores críticos de sucesso já estabelecido mutuamente exclusivas e coletivamente exaustivas. Confirmação de componentes selecionados a partir de múltiplas fontes de prova melhora a extensibilidade dos resultados do modelo de maturidade final. Fase 4 Teste Após o preenchido do modelo, o mesmo deve ser deve ser testado para a relevância e rigor. É importante testar os constructos, os instrumentos de validade, confiabilidade e generalização do modelo. A validade do construto e a validade do conteúdo pode ser realizada durante a fase 3 usando ferramentas tais como grupos focais e entrevistas. O modelo de maturidade precisa ser considerado completo e precisos de acordo com a sua abrangência. Métodos complementares podem ser selecionados para preencher o modelo e atingir a maturidade. A validade do conteúdo pode ser alcançada por meio de uma extensa revisão da literatura e dos domínios cobertos. Após a realização desta validação inicial um teste piloto de confiabilidade entre avaliadores pode ser iniciado a fim de melhorar a convergência de opiniões de que os objetivos do projeto desejados foram alcançados. O modelo pode ser construído a partir da aplicação de estudos de caso, pesquisas que incorporam e entrevistas, realizadas em organizações de diferentes setores. Ferramentas como protocolos de estudo de caso, a inclusão de medidas quantitativas também colabora para a validade do modelo. Fase 5 - Implantar Nesta fase o modelo deve ser disponibilizado para utilização e para se verificar a extensão da generalização do modelo. Esta etapa é importante para adequar a normalização e a aceitação global do modelo Fase 6 - Manter Obter os recursos necessários para manter o crescimento e uso do modelo. A manutenção da pertinência de um modelo será assegurada apenas pela manutenção do modelo ao longo do tempo. Fonte: (DE BRUIN et al. 2005). Os modelos de maturidade podem ser construídos apresentando duas características, do topo para baixo ou de baixo para cima. O modelo do topo para baixo, os níveis são no sentido decrescente, ou seja, do nível maior para o menor e para o seu desenvolvimento primeiramente é estabelecido os níveis de maturidade e em seguida definição das características e as diferentes dimensões, esta característica vem sendo pouco apresentadas nos modelos de maturidade. O modelo de baixo para cima, é construído em uma escala crescente e vem sendo amplamente utilizado e caracteriza por definir primeiro as dimensões e características para posteriormente atribuí-los aos níveis de maturidade (DE BRUIN et al. 2005; WENDLER, 2012). 31 É importante conhecer quais são as características relevantes para o desenvolvimento de um modelo de maturidade, sendo assim em seus estudos Raber, Winter, Wortmann (2012), enfatizam as características mais importantes para o desenvolvimento de um modelo de maturidade. Tabela 5-Principais características dos modelos de maturidade Características Descrição Objeto de avaliação de maturidade Permitir a avaliação da maturidade de uma variedade objetos diferentes. Na maioria das vezes os objetos avaliados são tecnologias / sistemas, os processos, as pessoas / força de trabalho e de gestão de recursos como projeto ou gestão do conhecimento. Dimensão São áreas de capacidade específicas que descrevem diferentes aspectos do objeto de avaliação de maturidade. Dimensões devem ser de preferência exaustivas e distintas. Cada dimensão de um modelo de maturidade é especificada por uma série de características (práticas, as medidas ou ações) em cada nível. Níveis São arquetípicos da maturidade do objeto que é avaliado. Cada nível deve ter um conjunto de características distintas (práticas, as medidas ou ações por dimensão) que são empiricamente testáveis. Princípio da Maturidade Modelos de Maturidade podem ser contínuos ou completos. Enquanto os modelos contínuos permitem uma pontuação de características em diferentes níveis, o modelo completo exige que todos os elementos de um nível distinto sejam alcançados. Por isso, um modelo de maturidade contínuo pode ser determinado por um ranking maturidade como quer o (ponderada) soma das pontuações individuais ou os níveis individuais em diferentes dimensões. Em contraste, o modelo completo especifica claramente um conjunto de metas e práticas fundamentais que precisam ser implementadas a fim de chegar a um determinado nível. Avaliação A avaliação da maturidade pode ser realizada por métodos qualitativos (por exemplo, entrevistas) ou abordagens quantitativas (por exemplo, questionários com escala Likert). Fonte: (RABER, WINTER, WORTMANN, 2012). Wendler (2012) estabelece categorias para classificar um modelo de maturidade, para estre trabalho será considerado o conteúdo da investigação, os métodos de pesquisa, modelo de maturidade desenvolvidos /utilizados, desenho da pesquisa e estrutura. As categorias são representadas nas tabelas 4, 5, 6 e 7: 32 Tabela 6- Tipo de contribuição de um modelo de maturidade Tipo Descrição Conceito, construção, Representa um conceito de desenvolvimento ou construção de um modelo. Descrição Artigos onde os modelos de maturidade existentes são descritos para fins de apresentação, como método aplicável ou instrumento. Mapeamento/ Comparação Artigos onde os modelos de maturidade existentes são comparados e mapeado para o outro ou outros conceitos relacionados. Avaliação Artigos que avalia a maturidade das indústrias, organizações, etc. é avaliada (não a avaliação, em termos de validação do próprio modelo), Transferência Artigos onde um modelo de maturidade existente é aplicado a outro domínio ou campo de pesquisa, sem alterar o modelo ou desenvolver um novo, Estudo empírico Artigos onde um estudo empírico (qualitativo, quantitativa, e misturou-se) foi conduzida para desenvolver, aplicar ou validar modelos de maturidade, para avaliações, ou outro fin. Reflexão teórica Artigos implicações teóricas onde modelos de maturidade são discutidos; por exemplo, teorias aplicáveis, abordagens de mensuração, benefícios teóricos. Fonte: (WENDLER, 2012) Tabela 7- Desenho da pesquisa para um modelo de maturidade Tipo Descrição Empírico qualitativo Estudo empírico com abordagem qualitativa, inclui a descrição do desenvolvimento do modelo. Empírico quantitativo Estudo empírico com abordagem quantitativa, inclui a descrição do desenvolvimento do modelo. Conceitual Artigo onde o modelo de maturidade desenvolvido, suas estruturas e assim por diante são baseados em teorias ausentes na literatura. Orientada para design A utilidade, qualidade e eficácia de um artefato de criação deve ser rigorosamente demonstrado e os métodos de avaliação bem executados Outros Artigos com características diferentes das citadas. Fonte: (WENDLER, 2012) Para os métodos de pesquisa Wendler (2012) baseou-se nos estudos de Palvia et al. (2004), o que proporcionou identificar os principais métodos utilizados em uma pesquisa e assim definiu a estrutura dos métodos empregados para classificar os artigos. Tabela 8- Método de pesquisa para o modelo de maturidade Método de pesquisa Estudo de caso, pesquisa ação Survey Entrevista, grupo focal, estudo delphi, discussão, O desenvolvimento do conceito Revisão da literaturaOutros Nenhum método aplicado Fonte: (WENDLER, 2012) 33 A estrutura de um artigo também foi apresentada por Wendler (2012). Esta estrutura permite identificar o principal objetivo do artigo analisado. Tabela 9- Estrutura do Artigo de um modelo de maturidade Tipo Descrição Desenvolve um modelo O principal objetivo de desenvolver ou construir um novo modelo de maturidade. Aplicação de um modelo Principal objetivo é a aplicação de um modelo de maturidade em algum domínio. Validação de um modelo O objetivo é validar um modelo de maturidade desenvolvido Meta-artigos Discorrem sobre o tema modelo de maturidade em algum aspecto, por exemplo, revisões de literatura, modelos de processos para o desenvolvimento de modelos de maturidade, ou outro teórico considerações. Fonte: (WENDLER, 2012) 3.2 Planejamento da revisão sistemática da literatura Para alcançar os objetivos do presente trabalho é importante a realização de uma revisão de literatura com o intuito de identificar, compreender e comparar as literaturas existentes, afim de obter uma fundamentação relevante e identificar a melhor estratégia para propor um novo modelo de maturidade em gestão da inovação. De acordo com as melhores práticas, quando possível, o novo modelo de maturidade deve ser constituído do aperfeiçoamento de outros modelos (DE BRUIN et al. 2005; BECKER; KNACKSTEDT, PÖPPELBUß, 2009). O exaustivo fluxo de informações e modelos já testados reduzem as incertezas (DE BRUIN et al. 2005). 3.2.1 Questões de pesquisa As questões de pesquisa foram identificadas para atender o propósito deste estudo. O principal objetivo das perguntas é propiciar por meio da literatura uma maior compreensão do contexto presentes no desenvolvimento de um modelo relacionado a gestão da inovação. A abaixo expõem as questões, sua correlata identificação e relação como o estudo. 34 Tabela 10-Questões de pesquisa para a revisão sistemática da literatura. Id Questões Q1 Quais são os modelos de maturidade existentes para gestão da inovação e seus atributos? O objetivo desta pergunta é identificar quais são os modelos de maturidade para a gestão da inovação e seus atributos. Esta questão de pesquisa considera as características, o projeto de pesquisa e tipo de artigo. Os resultados para esta questão de pesquisa pode ajudar a compreender os modelos de maturidade que existem para a gestão da inovação e seus atributos, Q2 Quais estratégias e recursos são necessários para estruturar um modelo de maturidade para a gestão da inovação? Esta pergunta tem como objetivo identificar quais estratégias e recursos são utilizados em uma pesquisa de modelos de maturidade ou mensuração da gestão da inovação. Esta questão de pesquisa considera cinco facetas (projeto de pesquisa, método de pesquisa, conteúdo, ciclo de vida e estrutura da pesquisa). Os resultados para esta questão de pesquisa pode ajudar a entender como os artigos foram conduzidos e ainda fornece orientações para melhorar a sua robustez científica. Q3 Quais são os tipos de modelo, tipos de inovação e dimensões do octógono evidenciados? O objetivo desta pergunta é identificar quais são os tipos de modelos, tipos de inovação e dimensões da gestão da inovação que estão sendo mais evidenciados nos artigos. Esta questão de pesquisa considera três lados (tipos de modelos, tipos de inovação e dimensões da gestão da inovação). Os resultados para esta questão de pesquisa contribuem para identificar o que está sendo mais explorado no âmbito da gestão da inovação. 3.2.2 Estratégias de Pesquisa Como estratégia para realizar esta pesquisa, no primeiro momento foram definidos os termos para realizar busca nas bases de dados. A segunda etapa consistiu na seleção das bibliotecas digitais. Em sequência foram definidos os critérios de inclusão e exclusão dos documentos relevantes para a pesquisa. 3.2.2.1 Termos para Pesquisa A pesquisa foi realizada no final do mês de março de 2015. O termo de busca foi baseado nos estudos de Wendler, (2012) e Edison, Bin Ali, Torkar (2013). Um termo de busca comparável entre as bases foi definido para garantir a consistência da pesquisa, observando a possibilidade de combinações e inserção de critérios de seleção como título, abstract e palavras chaves. A sequência genérica de pesquisas com a combinação de palavras chave objetiva encontrar estudos que corroborem pra a responder as questões propostas. 35 Tabela 11-Termos de Busca TITLE-ABSTR-KEY("innovation management" AND (evaluate* OR measure* OR assess* OR metric* OR indicator* OR maturity* OR capability* OR performance*)) 3.2.2.2 Recuperação de Dados Os bancos de dados digitais escolhidas para recuperação de dados foram: IEEE Xplore Science Direct Springer Emerald wiley online ACM Digital Ebsco Os bancos de dados definidos asseguram a cobertura dos domínios de investigação mais importantes na área de tecnologia, gestão e negócios, dos últimos anos. O processo de recuperação de dados consiste na execução de pesquisa usando os termos propostos em cada uma das bibliotecas digitais selecionadas. A ferramenta de gerenciamento de referências Zotero foi utilizada para armazenar os arquivos, com suas respectivas informações. 3.2.2.3 Critérios de Seleção Critérios de inclusão e exclusão foram utilizados para selecionar os artigos relevantes para o estudo. 36 Tabela 12- Critérios de inclusão e exclusão Inclusão Exclusão Serão incluídos na pesquisa artigos científicos publicados em conferencias e jornais. Estudos que não abordam sobre modelos de maturidade ou mensuração da gestão da inovação. Serão incluídos somente artigos científicos disponíveis nas bases de dados IEEE Xplore; Science Direct; Springer link; Wiley Library Online; Emerald; ACM; Ebsco Livros, teses, editoriais, prefácios, resumos de artigos, entrevistas, notícias, comentários, correspondência, debates, comentários, cartas do leitor, resumos de tutoriais, workshops, painéis, dissertações, sessão de pôsteres e publicações em outros idiomas que não inglês e português. Adotaremos os estudos publicados em inglês e português. Documentos que exigirem pagamento para ter acesso. Para cada base serão utilizados critérios diferentes de acordo com as possibilidades disponíveis na ferramenta. Documentos corrompidos ou indisponíveis nas bases de dados. Serão considerados para o estudo artigos científicos que abordarem sobre modelo de maturidade ou mensuração da gestão da inovação. Documentos duplicados e ou redundantes 3.2.3 Triagem dos artigos A pesquisa foi realizada metodicamente para melhorar o rigor e sua validade. Assim, os parágrafos seguintes descrevem as etapas realizadas de procura, seleção da literatura e análise dos documentos. A investigação foi realizada nas bases por meio da ferramenta de busca avançada e dos campos de códigos que estavam disponíveis nos diferentes bancos de dados. Na (fase 1) foram inseridos os termos nas bases resultando em um total 904 documentos. Em seguida (fase 2), foram aplicados em cada base os critérios de exclusão (tabela 12), resultando em 472 artigos para serem analisados. Na (fase 3) o título, resumo e as figuras dos artigos foram lidos e analisados resultando em 68 artigos. Os 68 artigos foram lidos em sua totalidade e separados em três níveis de relevância (Fase 4). A relevância 1 representa os artigos que abordam de sobre modelos de maturidade para gestão da inovação, sendo encontrado 2 artigos. No segundo nível foram incluídos os artigos que evidenciam de alguma forma mensuração da gestão da inovação, resultando em 26 artigos. No terceiro nível foram colocados os artigos que não exploram em seu contexto modelo de maturidade ou mensuração da gestão da inovação, sendoexcluídos. Portanto esta analise resultou em um total de 28 artigos relevantes para o estudo. A próxima etapa consiste na definição dos critérios de classificação e extração dos dados dos artigos. 37 Figura 3- Processo de Triagem dos Artigos 3.2.4 Classificação Para a estruturar e analisar os artigos selecionados, um esquema de classificação foi desenvolvido. Os 28 artigos selecionados foram integralmente lidos, analisados e classificados de acordo com as categorias definidas. As classificações propostas neste trabalho foram adaptadas e baseadas nos trabalhos de Wendler, (2012); De Bruin, et al. (2005); Scherer, Carlomagno, (2009); Manual De Oslo, (2005). Durante a extração de dados, estudos foram classificados segundo sua: estrutura, projeto de pesquisa, método, conteúdo, ciclo de vida, tipo do modelo, características, dimensões, tipo de inovação e domínio de aplicação. Os artigos foram classificados nestas categorias de acordo com suas tendências, considera-se a possibilidade do artigo se enquadrar em duas ou mais classificações. As categorias de classificações utilizadas para pesquisa são apresentadas abaixo, assim como seus respectivos autores. 38 Os artigos serão classificados nas categorias propostas por Wendler (2012) quanto ao projeto de pesquisa, métodos e conteúdos estabelecidos podem ser observados na figura 4, 5, 6 e 7. Figura 4 - Categorias e classificações para modelos de maturidade Fonte: (WENDLER, 2012). As informações do ciclo de vida definidos por de Bruin (2005) podem ser visualizados na tabela 2. Esta classificação será útil para identificar quais fases do ciclo de vida são abordadas nos artigos de um modelo de maturidade ou mensuração da gestão da inovação. Figura 5- Ciclo de vida para o desenvolvimento de um modelo de maturidade Fonte: (DE BRUIN, et al. 2005) 39 A descrição do tipo de modelo de maturidade pode ser observada na tabela 1. Figura 6- tipo de modelo de maturidade em desenvolvimento Fonte: (DE BRUIN, et al. 2005). Octógono da Gestão da Inovação e os tipos de inovação são utilizados para classificar os artigos quanto a sua abordagem. As informações correspondentes ao octógono esta disponíveis na tabela 8 e a descrição do tipo de inovação na tabela 9. Figura 7- Octógono da inovação Fonte: (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009) Figura 8 -Tipo de Inovação Fonte: (MANUAL DE OSLO, 2005). A descrição do tipo de inovação encontra-se disponível na tabela 8. A fundamentação teórica deste trabalho aborda as questões relevantes para a construção deste do processo de classificação. Os artigos identificados serão lidos e classificados para obtenção de informações pertinentes para o estudo. Esse processo de classificação permite explorar os artigos em sua profundidade, sendo fonte geradora de informações e conhecimento. 40 2.3 Resultados e discussões Esta seção descreve os resultados e as discussões da extração dos dados das atividades de classificação dos 28 artigos selecionados para a pesquisa. Os resultados são representados em uma visão gráfica e são organizados por questões de pesquisa. Inicialmente o ano de publicação dos artigos foi considerado com intuito de identificar a evolução nas investigações quanto modelo maturidade ou modelos de mensuração da gestão da inovação. A (Figura 9) demonstra o número de artigos publicados por ano e as respectivas regiões de origem. Ressalto que neste estudo não houve critério de seleção de artigos por ano, sendo considerando todos os artigos publicados e que apresentaram em seu resumo o tema em questão. Figura 9- Distribuição geográfica dos artigos de modelo de maturidade ou mensuração da gestão de inovação por ano de publicação. Por meio dos dados apresentados é possível perceber uma considerável dispersão de publicações por diferentes partes do mundo. A China e Irlanda são as que possuem maior número de publicações com uma representação de 3 (10,71%) cada, e juntas representam 6 (21,42%) de todas as publicações. Mesmo a China estando entre as que mais publicaram artigos 41 sobre o assunto, esta pesquisa demonstra que ocidente tem maior representatividade com 25 ou seja, (89,29%) de todas as publicações. Mesmo apresentando oscilação entre os anos de 2009 a 2014, conforme apresentado na figura 10, o número de artigos publicados em 5 anos, ou seja, 16 (57,14%) superam as publicações dos anos anteriores o que evidencia um crescente interesse dos pesquisadores pelo tema nos últimos anos. Na figura 4 é possível perceber esta acentuação quanto ao número de publicações. Figura 10- Artigos de modelos de maturidade e avaliação em gestão da inovação publicado ao longo dos anos O ascendente número de publicações referente ao tema abordado é convergente com o interesse do mercado para a gestão da inovação, ou seja, as empresas estão evidenciando a necessidade de obter mecanismos que possam contribuir para o crescimento e desenvolvimento da organização, o que desperta o interesse dos pesquisadores em diversas partes do mundo para que alguma forma, seja desenvolvido mecanismos que auxiliem o mercado e consequentemente a sociedade. Diversos autores afirmam a existência desta necessidade, tais como Scherer, Carlomagno, (2009), Feng, Na, (2009), Rigby; Bilodeau, (2013) e Andrew et al., (2010), assim como os autores Zhirong, (2003), Xiang-Yang, et al. (2007), Carpinetti; Gerolamo; Galdámez (2007) Ma, Lou, (2012) que reconhecem e evidenciam a importância da inovação para as organizações assim como Carpinetti, Gerolamo, Galdámez (2007) para a sociedade. O ano de 42 2015 não foi contemplado por representar o ano corrente, podendo receber publicações no decorrer de seus meses. 2.3.1 Q1. Quais são os modelos de maturidade existentes para gestão da inovação e seus atributos? Esta pergunta tem o intuito de identificar quais são os modelos de maturidade existentes para gestão da inovação e seus respectivos atributos. Inicialmente os 28 artigos foram categorizados quanto ao tipo de artigo, estrutura e características apresentadas. Quanto ao tipo de artigo encontrado 2 (7,14%) são um modelo de maturidade para a gestão da inovação e 26 (92,86%) abordam a mensuração da gestão da inovação. Os dois modelos de maturidade encontrados foram desenvolvidos na China por Jing (2007) e o outro no Chile por Serpell, Alvarez (2014), ambos os modelos são adaptações do Modelo de Maturidade em Capacitação - Integração (CMMI). Segundo Becker; Knackstedt; Pöppelbuß, (2009) quando possível um novo modelo de maturidade deve ser composto de outros modelos melhorados. Já os artigos de mensuração da gestão da inovação foram incluídos nesta pesquisa com o intuito de suprir a carência de modelos de maturidade para a área de gestão da inovação e estes artigos foram categorizados dentro das classificações existentes para modelos de maturidade por apresentarem semelhanças. Os 28 artigos foram analisados quanto a sua estrutura onde 3 (10,71%) correspondem a validação de um modelo, 1 (3,57%) refere-se a aplicação de um modelo em uma organização, o desenvolvimento de um modelo diz respeito a 20 (71,43%) e meta-artigos representam 4 (14,29%). Quanto as características presentes em um modelo de maturidade, os 28 (100%) artigos apresentam objeto de avaliação e dimensões, 2 (7,14%) apresentam níveis de maturidade, 2 (7,14%) possuem princípios de maturidade e 21 (75%) possuem mecanismos de avaliação. 43 Figura 11- Número de artigos por estrutura e características de um modelo de maturidade combinado com tipo de artigo. Analisando a relação entre estrutura e tipo de artigo, observa-se que os 2 (7,14%) modelos de maturidade correspondem ao desenvolvimento de um modelo de maturidade para a gestão da inovação. Por outro lado, os modelos que apresentavamem seu contexto formas de mensurar a gestão da inovação ficaram distribuídos quanto a sua estrutura, sedo que 2 (7,14%) artigos objetivam validar um modelo previamente desenvolvido, 2 (7,14%) artigos correspondem a aplicação de um modelo em uma organização, 20 (71,43%) artigos são referentes ao desenvolvimento de um modelo, 4 (14,29%) artigos representam meta-artigo. Nesta análise, percebe-se que o número de modelos de maturidade é incipiente e há maior foco dos pesquisadores em uma atividade ainda primaria, menos complexa que é a capacidade inicial de se medir a gestão da inovação, voltada principalmente para a sua quantificação, com o intuito de auxiliar na difusão de seus benefícios junto a alta administração das organizações. Entretanto é importante ressaltar que o desenvolvimento de um modelo de maturidade emprega uma variedade de procedimentos multimetodológicos que necessitam ser bem fundamentados e sintonizados (BECKER; KNACKSTEDT; PÖPPELBUß, 2009), devem 44 ainda ser constituído de características especificas e essenciais, para a sua validade, efetividade e apresentação (RABER, WINTER, WORTMANN, 2012). Portanto a relação entre características e tipo de modelo esboçados os 2 (7,14%) modelos de maturidade apresentam todas as características necessárias para uma modelo de maturidade, que corresponde ao objeto de avaliação, dimensões, níveis, princípio de maturidade e avaliação. Já os 26 artigos que abordam a mensuração da gestão da inovação todos apresentam objeto de avaliação e dimensões, entretanto não possuem níveis ou princípios de um modelo de maturidade e 21 (80,77%) são referentes a métodos para avaliar. Observa-se que mesmo não apresentando todas as características de um modelo de maturidade os artigos de avaliação convergem para um modelo de maturidade. Contudo um modelo de mensuração pode ser considerado como um ponto de partida para o desenvolvimento de um modelo de maturidade. 2.3.2 Q2. Quais são os métodos, desenhos e contribuições mais comumente utilizados para o desenvolvimento de um modelo? Esta questão tem como objetivo identificar quais são as estratégias e recursos necessários para estruturar um modelo de maturidade para a gestão da inovação. Quanto ao conteúdo revelado, os 28 artigos puderam ser classificados em oito conceitos diferentes (Figura 12), podendo ser classificado em uma ou mais conceitos simultaneamente. O conceito com maior predominância caracteriza-se por reflexão teórica e estudo empírico presentes em igual valor em 27 (96,43%) artigos. Seguido por avaliação contemplado 21 (75%), conceito/construção em 17 (60,71%). O conteúdo do tipo descrição foi evidenciado em 12 (42,86%) artigos e o conceito de transferência com uma representatividade de 6 (21, 82%). De todos os artigos o conceito de mapeamento/comparação foi percebido em 5 (17,86%). 45 Figura 12- Numero de artigos por conteúdo da pesquisa Os modelos de maturidade e de mensuração da gestão da inovação apresentam em sua maioria uma reflexão teórica, estudos empíricos, conceito/construção e avaliação. Nos dois artigos que evidenciam um modelo de maturidade em gestão da inovação, o estudo de caso, o conceito/construção e a avaliação é percebido em apenas um deles, ambos os modelos são derivados da transferência de um modelo de um outro domínio. Do total de 28 artigos analisados, 24 (85,71%) representam um projeto de pesquisa do tipo empírico quantitativo (Figura 13). O uso de estudo empírico com abordagem qualitativa representa 3 (10,71%) artigos. Apenas 1 (3,57%) artigo foi baseado em teorias ausentes na literatura representando o desenho do tipo conceitual. Nenhum artigo apresentou um design orientado, ou seja, não demonstrou rigorosamente os métodos de avaliação, utilidade, qualidade e eficácia do artefato. Nota-se que para a categoria desenho que a maioria dos artigos são empíricos quantitativos. Com essas informações é possível dizer que no âmbito da mensuração da gestão da inovação existe uma preocupação por parte dos pesquisadores para que os dados sejam comprovados matematicamente, talvez com intuito de reduzir as incertezas das organizações quanto ao uso de um instrumento que possa mensurar a gestão da inovação. Entretanto mesmo a categoria desenho sendo em sua maioria quantitativa, no âmbito da investigação as pesquisas são conduzidas muitas vezes de forma qualitativas. Fato é que uma análise quantitativa contribui significativamente para atestar sua validade cientifica. Entretanto Gerhardt, Silveira, (2009) enfatizam que uma pesquisa que realiza as duas abordagens possui mais capacidade de obter informações do que quando separadas. Como para desenvolver um modelo de maturidade 46 se faz necessário aprofundar as investigações (BECKER; KNACKSTEDT; PÖPPELBUß, 2009), portanto caso seja necessário o pesquisador pode utilizar pesquisas quantiqualitativas. Observa-se que nenhum dos artigos analisados apresentam rigor para montar um modelo seja de maturidade ou de mensuração. Entretanto é importante ressaltar que o projeto de pesquisa com o mais alto grau de abstração é fundamental e oferece a arquitetura para o modelo de maturidade. Todos os princípios e premissas para o desenvolvimento de um modelo de maturidade, assim como a utilidade, qualidade e eficácia do artefato, devem ser avaliadas de forma iterativa. O modelo precisa ser documentado em detalhes, assim como as partes envolvidas, os métodos aplicados, e os resultados (BECKER; KNACKSTEDT; PÖPPELBUß, 2009). O rigor é essencial para comprovar a confiabilidade e eficácia visando reduzir as incertezas e aumentar a credibilidade dos modelos de maturidade para organizações. Na figura 13 da relação entre o desenho da pesquisa e o tipo de contribuição, do universo de 24 artigos empíricos quantitativos todos fazem evidenciam ser um estudo empírico e apresentam uma reflexão teórica, 19 (79,517%) realizaram a avaliação do modelo em indústrias, organizações ou equiparado. Mais metade destes artigos, 14 (58,33%) com este projeto de pesquisa utilizou um conteúdo o tipo conceito, construção. Do total, 5 (20,83%) apresentaram conteúdo classificado como mapeamento/comparação, utilizando modelos existente para comparação e mapeamento de conceitos relacionados, igual volume promoveu a transferência de conteúdo, aplicando um modelo já existente a outro domínio ou campo de pesquisa, sem modificar ou desenvolver um novo modelo. O conteúdo do tipo descrição foi utilizado em 10 (41,66%) artigos. Averígua-se que metade destes artigos apresentam um conceito de construção ou desenvolvimento de um modelo sendo que alguns modelos desenvolvidos foram baseados em outros modelos. Becker, Knackstedt, Pöppelbuß, (2009) enfatizam que a comparação global com outros estudos é necessária para uma determinação fundamentada do projeto de pesquisa. As estratégias básicas mais importantes a serem pesquisadas são: um modelo completamente novo, uma adaptação de modelos já existentes, a combinação de vários modelos para a construção de um novo, transferência da estrutura ou do conteúdo para modelos existentes ou novos. Nota-se ainda que quase a totalidade dos artigos que evidenciaram construção e desenvolvimento foram avaliados, ou seja, aplicados em seu domínio, o que reduz as incertezas, aumentam a credibilidade e confiança do modelo. O artigo com projeto de pesquisa do tipo conceitual utilizou um conteúdo de investigação classificado unicamente como conceito, construção. Como discutido anteriormente o projeto de pesquisa do tipo conceitual não é o mais adequado para o 47 desenvolvimento de um modelo de maturidade pela ausência de embasamento teórico adequado, esta informação também pode ser observada pelo baixo número deste desenho encontrado nas pesquisas. Todos os artigos empíricos qualitativos apresentaram uma reflexão teórica, 2 artigos contribuem
Compartilhar