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EBOOK GEOTECNIA EM FOCO MECÂNICA DOS SOLOS NA PRÁTICA TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA APLICAR OS CONHECIMENTOS DA MECÂNICA DOS SOLOS NA PRÁTICA EBOOK para alunos e profissionais da engenharia civil @profedu.geotec Eduardo Bittencourt Eduardo de Castro Bittencourt geotecemfoco@gmail.com QUEM SOU EU? Olá, meu nome é Eduardo de Castro Bittencourt e sou engenheiro civil mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente sou professor no Instituto Federal de Goiás no curso de Edificações. Percebi na minha vida como professor de engenharia civil que alunos e profissionais da engenharia têm grandes dificuldades em conseguir aplicar na prática os conhecimentos adquiridos na disciplina de mecânica dos solos. Por conta disto resolvi criar este EBOOK. E se você conseguiu acesso a esse material é porque você quer ampliar seus conhecimentos na geotecnia e ter sucesso na sua graduação e vida profissional. Então bons estudos e espero que goste deste material que preparei especialmente para você. Ao longo da minha vida como estudante de engenharia civil e agora como professor de disciplinas de geotecnia, percebo que uma das grandes dificuldades dos alunos na disciplina de mecânica dos solos e profissionais é saber como aplicar na prática o conhecimento adquirido, isto é, como utilizar aquilo que foi aprendido em sala e laboratório em obras da engenharia civil. Lembro de anos atrás, como aluno eu sempre ficava curioso e perguntava para meu professor em como aplicar os conteúdos de mecânica dos solos em obras da engenharia. Em uma dessas indagações, meu professor e orientador de TCC Cleber Decarli me convidou para realizar um artigo científico sobre fundações para o maior congresso brasileiro na área de mecânica dos solos em 2014: o Congresso Brasileiro de Mecânica dos solos e Engenharia Geotécnica (COBRAMSEG), realizado em Goiânia-GO. O artigo que produzimos foi em fundações, mas sem os conhecimentos de mecânica dos solos eu não seria capaz de produzir este trabalho, daí um exemplo da importância da mecânica dos solos para a prática. Quer saber mais detalhes deste artigo? No tópico “resistência do solo” que está neste EBOOK irei abordar mais sobre ele. Foi aí um dos pontos mais importante na minha graduação para eu me apaixonar na área de geotecnia e buscar ser mestre ramo da engenharia civil, pois a partir deste artigo comecei a aprender muito sobre como podemos aplicar nossos conhecimentos no campo. Então, você aluno ou profissional que quer aprender como aplicar na prática os conhecimentos que adquiriu ou ainda vai adquirir na disciplina de mecânica dos solos, este EBOOK é para você. Nenhum outro EBOOK de estudo em geotecnia é tão prático como este para você ampliar seus conhecimentos em aplicações na prática. E O MELHOR DE TUDO: É GRATUITO! ENTÃO APROVEITE ESTA OPORTUNIDADE. Mas não é somente este material que eu ofereço de forma gratuita para você estudante ou profissional de engenharia civil. No meu canal do YOUTUBE têm diversas videoaulas para auxiliar você no seu aprendizado e conseguir a aprovação na disciplina de mecânica dos solos ou aplicar na profissão. Neste EBOOK “Geotecnia em foco – Mecânica dos solos na prática”, irei explicar para você como os seguintes assuntos são utilizados em obras da engenharia civil: Origem do solo (constituição mineralógica); Caracterização dos solos (granulometria e limites de Atterberg); Prospecção do subsolo (Sondagem SPT); Compactação do solo; Tensões no solo; Permeabilidade do solo; Adensamento do solo; Resistência do solo; Solos colapsíveis e expansíveis; Nos próximos itens eu irei explanar sobre cada tópico citado acima, demonstrando como a teoria é aplicada na prática. I. ORIGEM DO SOLO Para iniciar o estudo da mecânica dos solos, um ponto importante que deve ser abordado para melhor entendimento do comportamento mecânico de uma massa de solo é que ela é constituída por um sistema trifásico: solo, água e ar. Assim, o estudo do comportamento do solo nos âmbitos de permeabilidade, resistência e adensamento sempre terão como ponto de partida a análise da interação solo-água-ar. No que tange a origem do solo, destaca-se a interação entre o solo originário da decomposição de uma determinada rocha e a variação de umidade. Porque a depender do tipo de rocha de origem, o solo pode ou não apresentar um comportamento problemático perante variações de umidade ao longo do ano. Como boa parte do território brasileiro é composto por clima tropical, caracterizado por duas estações bem definidas: inverno(seco) e verão(chuvoso), a variação de umidade que o solo sofre no Brasil é comum. O comportamento do solo é norteado pelas partículas finas que o compõe. Assim, o entendimento da composição de material fino é essencial a uma análise eficiente do solo. O solo pode ter duas origens: Solo residual: aquele que permaneceu no local em que a rocha lhe deu origem; Solo transportado: aquele que sofreu ação dos agentes transportadores (água, ar, vento, gravidade). Destaca-se que os solos residuais possuem na zona mais próxima à superfície uma maior quantidade de argila, em vista dos intemperismos agirem de forma mais intensa nessa região. Sabe-se que o solo geralmente é constituído por partículas de diversos tamanhos, sendo que nos laboratórios normalmente separam-se as partículas em duas frações: uma fina, composta por partículas de silte e argila que passam na peneira de 0,075mm (peneira nº 200) e a fração grossa, composta por areia e pedregulho. Já a ABNT NBR 6502/1995 – Rochas e solos, cita que as dimensões constituintes dos solos são: Areia grossa: grãos com diâmetros compreendidos entre 0,6mm e 2,0mm; Areia média: grãos com diâmetros compreendidos entre 0,2mm e 0,6mm; Areia fina: grãos com diâmetros entre 0,06mm e 0,2mm; Silte: solo de granulação fina composto por partículas com diâmetro compreendido entre 0,06mm e 0,002mm; Argila: solo de granulação fina composto por partículas com dimensão inferiores a 0,002mm. Após você ter um entendimento geral sobre a origem do solo e o tamanho das partículas que o compõem, vamos para a parte prática: COMO VOCÊ ALUNO OU PROFISSIONAL DE ENGENHARIA CIVIL APLICA ESTE CONHECIMENTO NA PRÁTICA? Como eu citei anteriormente, o solo advém da decomposição da rocha, e, a constituição mineralógica do solo depende do tipo de rocha que ele foi originado. Entre os muitos minerais que existem nas rochas, um merece atenção especial: o feldspato. O mineral feldspato, muito presente em rochas ígneas, quando decompostas originam partículas denominadas argilominerais. Estes materiais argilosos possuem três tipos de estruturas que apresentam comportamentos distintos quando em contato com a água: caulinita, ilita e montmorilonita. Este último argilomineral “montorilonita”, também denominado como esmectita, apresenta um comportamento peculiar em comparação com os outros dois minerais, visto que ele tem uma sensibilidade muito maior em contato com a água. Sem entrar em grandes detalhes na sua estrutura, este material tem um comportamento bem distinto das areias e siltes. Na Figura 1 abaixo é apresentada uma estrutura em grande escala de argilomineral produzida por alunos da minha disciplina de mecânica dos solos 1 no ano de 2018/2, onde eles explicaram a estrutura e o comportamento dos três argilominerais perante a variação de umidade. Figura 1 – Explicação da estrutura dos argilominerais. A composição mineralógica deste solo faz com que as partículas possuam um comportamento bastante diferente em relação à areia e silte em regiões que existem variações significativas de umidade; comportamento este que pode ser prejudicial para a estrutura de uma edificação, e, diante desta informação, eu faço um questionamento para você: COMO VERIFICAR SE UM SOLO PODE SER PREJUDICIAL POR CONTA DESTE ARGILOMINERAL? Estaresposta eu irei responder no próximo item: “Caracterização dos solos (granulometria e limites de Atterberg); II. CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS (GRANULOMETRIA E LIMITES DE ATTERBERG). Como eu citei no item anterior, você aluno(a) ou profissional irá entender como aplicar os conhecimentos do assunto “origem do solo” neste tópico de caracterização dos solos. O primeiro ponto que você deve estar atento é que esses conhecimentos não são isolados, mas sim um estudo contínuo, em que após o entendimento de um determinado dado, parte-se para outro tópico para finalizar a análise. Pois bem, feito o estudo da origem do solo, você agora tem suporte para entender como se procede a caracterização do solo e sua importância na prática. Como eu disse no item de origem do solo, diferentes tipos de solo possuem comportamento distintos perante variações de umidade, podendo ou não ser prejudicial para uma edificação; e que o material fino norteia o comportamento mecânico do solo. Sem entrar em maiores detalhes nestes argilominerais que não é o foco deste EBOOK, sua estrutura, superfície específica e imperfeições na composição mineralógica (substituição isomórfica) fazem a montmorilonita ter uma grande capacidade de absorção de água. E por conta desta característica, solos com a presença deste argilomineral podem apresentar fenômenos de expansão em eventuais mudanças da umidade local. Esta expansão que um tipo de solo sofre por conta da presença do argilomineral montmorilonita pode ser verificada a partir de métodos diretos e indiretos. Os métodos diretos serão abordados no último item deste EBOOK em “solos colapsíveis e expansíveis”. Já os métodos indiretos podem ser analisados a partir da caracterização do solo. Através da caracterização do solo podem ser realizadas diversas verificações, entre elas, se um solo tem características expansíveis ou colapsíveis. Tais análises são realizadas por meio dos limites de Atterberg e granulometria do material. Dentre os métodos, temos o de Skempton (1953) que verifica se uma argila é inativa, normal ou ativa a depender da relação entre o índice de plasticidade (IP) do material (IP = LL – LP) e sua granulometria (% de material fino no solo). Outro critério é o de Seed et al. (1962), que verifica a expansão de um solo, isto é, qual faixa de potencial de expansão ele se encontra, podendo ser desde baixa até muito alta. Para este método, pode ser citado o trabalho de Silva (2003), que verificou a ocorrência de solos expansíveis no estado de Pernambuco. Enquanto escrevo este EBOOK para você eu estou produzindo um artigo para o COBRAMSEG 2020 juntamente com 3 alunos da tuma de mecânica dos solos de graduação em engenharia civil 2018/2. A artigo irá verificar se na região de Luzimangues, estado do Tocantins, possui solo com características expansíveis; enquanto que em Goiás Velho estou iniciando estudos com outros estudantes da turma de edificações para realização destas análise nesta cidade. A Figura 2 ilustra o ensaio de granulometria sendo realizado pelos alunos no Tocantins. Figura 2 - ensaio de granulometria sendo realizado. Caso você queira saber maiores detalhes na realização dos ensaios de Limites de Atterberg, confira no nosso canal do YOUTUBE uma videoaula explicando todos os detalhes destes ensaios, demonstrando também como interpretar os resultados. III. PROSPECÇÃO DO SOBSOLO (SONDAGEM SPT) Um dos estudo mais importantes para o projeto de uma fundação é a etapa de prospecção do solo por meio da sondagem SPT. Esta fase nos fornecerá dados do solo que são fundamentais para que você consiga projetar uma fundação direta (sapata) ou profunda (estaca). Exemplo desta aplicação foi na minha pesquisa de mestrado. O meu estudo foi voltado para análise de uma fundação por estacas no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na cidade de Natal-RN. Este projeto de fundações era composto por 153 estacas e todas elas foram projetadas a partir dos resultados de SPT. Na Figura 3 a seguir é ilustrado um furo sendo executado para concretagem de uma estaca nesta obra. O Standard Penetration Test (SPT) é a forma mais econômica e conhecida para investigação geotécnica. No Brasil tal ensaio é normatizado pela NBR 6484/2001 - Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Figura 3 - Estaca sendo executada (Bittencourt, 2018). A sua execução basicamente é realizada a partir da cravação de uma haste no solo e a resistência do solo é medida a partir da quantidade de golpes para que seja cravado cada 30 cm no solo. Na representação do resultado do ensaio de SPT geralmente são demonstrados o número de golpes para penetrar os 30 cm iniciais e finais de cada metro, além do nível da água e os estados de compacidade e consistência do solo, medidos a partir da resistência a penetração. A Figura 3 a seguir demonstra a tabela presente na NBR 6484/2001, que designa o tipo de solo a partir do índice de resistência à penetração. Figura 3 - Tabela dos estados de compacidade e de consistência. (NBR 6484/2001). Pois bem, saindo da teoria vamos ao seguinte questionamento: COMO O SPT PODE SER APLICADO EM PROJETO DE FUNDAÇÃO? Existem diversas formulações em todo o mundo para determinação da capacidade de carga de uma estaca a partir do SPT. No Brasil as principais são Aoki e Velloso (1975), Décourt e Quaresma (1978) e Teixeira (1996) . Esta análise da verificação da capacidade de carga de uma estaca é foco de estudo de inúmeros artigos científicos, TCCs, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Dois artigos científicos que produzi com meu orientador de mestrado Osvaldo de Freitas Neto tem como objetivo verificar a capacidade de carga de fundações em estacas nas cidades de Natal-RN e Recífe-PE. Caso tenha interesse na leitura destes trabalhos, apresentados em forma de artigo no COBRAMSEG (2018) em Salvador-BA, com títulos “Variabilidade dos métodos de previsão de capacidade de carga de fundações profundas em solo arenoso da região de Natal” e ”Análise do comportamento de Prova de Carga Estática em estaca mista (metálica e concreto) executada em Recife-PE”, mande um email para este gmail: geotecemfoco@gmail.com que eu disponibilizo. Nas Figuras 4 e 5 abaixo são apresentadas as PCEs executadas nos dois solos de estudo para dar suporte para o artigo das fundações de Natal-RN e Recífe- PE, respectivamente. Figura 4 - PCE executada em Natal-RN (Bittencourt,2018) Figura 5 - PCE executada em Recífe-PE (Bittencourt, 2018) Dentro deste tópico de estudo é importante frisar que nenhum método de determinação da capacidade de carga da fundação é melhor que o outro. É necessário verificar para cada região se um determinado método tem boa aplicabilidade para o solo local ou não. Nesses dois artigos por exemplo, foi observado que na região de Recife o método de Aoki e Velloso teve melhor aplicabilidade entre os métodos estudados, enquanto que para Natal foi o que teve maior divergência com os resultados das previsões de capacidade de carga por meio das provas de carga (PCE) realizadas no local. IV. COMPACTAÇÃO DO SOLO A compactação do solo tem como objetivo melhorar suas características no que tange permeabilidade, resistência e compressibilidade. Mas a pergunta que deve ser feita neste tópico é: QUAL O NÍVEL DE UMIDADE VAI CONFERIR PARA O SOLO AS MELHORES CARACTERÍSTICAS? Esta pergunta tem resposta variável de solo para solo, pois cada tipo de solo possui um nível de umidade para que ao ser compactado apresente as melhores características, daí a importância da realização do ensaio de compactação do solo: verificar a umidade em que ele possua maior densidade seca. Existem diversas formas de realização do ensaio de compactação do solo, as quaissão normatizadas pela NBR 7182/1986 – Ensaio de compactação, em que possui auxílio da NBR 6457/1986 – Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Caso queira saber mais detalhes sobre o ensaio de compactação, confira uma videoaula que preparei para você no meu canal “Aula compactação dos solos” em que eu explico sobre a influencia da umidade na compactação do solo, as energias de compactação, procedimentos de realização do ensaio e interpretação da curva de compactação. Agora vamos direto ao resultado do ensaio, que é a curva de compactação do solo. Você aluno ou profissional da engenharia civil provavelmente deve ter feito este ensaio e visto um resultado de compactação com uma curva similar a da Figura 6 a seguir: Figura 6 – Curva compactação do solo. Observa-se na Figura 6 que a curva possui um formato aproximadamente parabólico, em que na região ascendente da curva é denominada “ramo seco” e no trecho descendente “ramo úmido; e que o ponto de maior interesse é o ponto máximo da curva, onde temos uma umidade denominada “umidade ótima” e o “peso específico aparente seco máximo”. Em relação a resistência ao cisalhamento do solo, observa-se na bibliografia que no ramo úmido o solo apresenta melhores características, já para compressibilidade, observa-se que o ramo úmido apresenta melhores características, por ter menores índices de vazios. Por fim, em termos de permeabilidade, o ponto de melhor característica é o ponto ótimo da curva. A partir disto, conclui-se que o ponto ótimo da curva não confere as melhores características do solo nestes três âmbitos, mas sim aquele que nos fornece melhor equilíbrio entre as características de resistência, compressibilidade e permeabilidade. Saindo um pouco da parte teórica e partindo para a parte prática de compactação dos solos, devemos fazer o seguinte questionamento: COMO VOCÊ APLICA OS CONHECIMENTOS DE COMPACTAÇÃO DO SOLO EM CAMPO? Grande maioria das obras geotécnicas necessitam de uma etapa de compactação, como por exemplo em estradas, viadutos, aterros e barragens. Nas Figuras 7 e 8 abaixo são ilustrados exemplos de aplicações da compactação. Figura 7 – Curva compactação do solo. Figura 8 – Compactação de aterro para viaduto. Para estas obras geotécnicas, na etapa de compactação os profissionais encarregados buscarão manter a umidade o mais próximo do ponto ótimo, para que o solo tenha as melhores características após ser compactado, possuindo maior densidade seca. V. TENSÕES NO SOLO As tensões no solo podem ser aquelas ocasionadas pelo peso próprio do solo ou de alguma estrutura que se apoia sobre ele. Em ambos os casos é importante mensurar a magnitude destas tensões pois elas são importantes para o projeto geotécnico que está sendo realizado. O foco deste tópico será para o primeiro tipo de tensão (peso próprio), e, para mensuração desta tensão, também denominada “tensão geoestática”, basta apenas multiplicar os valores do peso específico do material pela profundidade que se deseja calcular a tensão. Desta forma, observa-se que é relativamente simples a determinação da tensão geoestática, contudo, você aluno ou profissional deve fazer o seguinte questionamento: COMO ESSA TENSÃO PODE SER APLICADA EM ALGUM PROJETO GEOTÉCNICO? Existem diversas aplicações, mas aqui eu irei abordar duas: fundações diretas (sapata) e estrutura de contenção (muro de arrimo). Para o caso de fundações diretas, as tensões geoestáticas entram nas formulações para verificação da capacidade de carga da infraestrutura, como por exemplo na formulação de Terzaghi e Peck (1967) para ruptura geral, denominado “q”: Para execução de muro de arrimo, as tensões geoestáticas fazem parte da análise de estabilidade da estrutura de contenção. As análises a serem feitas são 4: segurança contra o tombamento, segurança contra o deslizamento, capacidade de carga da fundação (que pode ser feita por meio da formulação de Terzagui e Peck ) citada anteriormente, e por fim, segurança contra a ruptura global. VI. PERMEABILIDADE DO SOLO O estudo da permeabilidade do solo é um dos pilares da engenharia geotécnica, ao lado do adensamento e resistência que serão abordados nos itens seguintes. Analisar a permeabilidade do solo é de grande importância, visto que a água é um dos principais agentes que levam a desestabilização de uma estrutura, sendo fundamental em estudos de drenagem, recalques, rebaixamento do nível da água, etc. O fator que norteia o nível de facilidade em que a água percola no interior do solo é o coeficiente de permeabilidade “k”, também denominada condutividade hidráulica. Sua determinação em laboratório se dá por meio de dois métodos: permeâmetro de carga constante ou de carga variável. A escolha do método depende basicamente do tipo de solo a ser analisado. Para solos arenosos, que possuem maiores valores coeficiente de permeabilidade é recomendável o ensaio com permeâmetro de carga constante; enquanto que para solos argilosos, com menores condutividades hidráulicas, o uso do permeâmetro de carga variável é mais recomendado. Sem entrar em detalhes na realização destes ensaios, pois o foco deste EBOOK é a aplicabilidade dos conhecimentos da geotecnia em campo, eu faço a seguinte pergunta para você estudante ou profissional: COMO PODEMOS APLICAR O ESTUDO DA PERMEABILIDADE NUMA OBRA GEOTÉCNICA? Pois bem, existem inúmeros tipos de aplicações da permeabilidade do solo em obras geotécnicas, e eu irei abordar sobre dois exemplos para você. O primeiro se refere a dimensionamento de filtros de barragens de terra. Neste caso, os filtros da barragem são dimensionados a partir da capacidade de drenagem do solo. Para determinação da largura (B) dos filtros vertical e horizontal, ilustrados nas Figura 9 e 10 abaixo, se faz necessário determinar o coeficiente de permeabilidade do material, podendo lançar mão das seguintes equações: Destaca-se que para estes dois dimensionamentos deve se ter atenção especial aos fatores de segurança, visto que a determinação da permeabilidade na prática é de difícil mensuração. além de uma barragem tender a ser um grande empreendimento; e que o filtro horizontal deve possuir elevada permeabilidade, necessitando assim empregar o “filtro sanduiche”, como demonstrado na Figura 10. A segunda forma de aplicação da permeabilidade em campo se refere a lagoas de infiltração/detenção. Atualmente diversas cidades no Brasil e no mundo sofrem com problemas de inundações, assim, as lagoas de infiltração servem como uma forma de mitigar este problema. Figura 9 – Dimensionamento de filtro vertical de uma barragem de terra. (Massad, 2010) Figura 10 – Dimensionamento de filtro horizontal de uma barragem de terra (Massad, 2010). O crescimento contínuo das cidades com a urbanização faz com que o solo da região reduza sua capacidade de infiltração, dessa forma, estas lagoas têm a função de captar as águas pluviais e em seguida filtrar para o solo de forma que reduza problemas de inundação na cidade. Para esta aplicação pode ser citado o TCC de Guedes (2017) em que fui convidado pelo seu orientador e meu professor de mestrado Fagner França a fazer parte da banca. Neste trabalho, Guedes (2017) analisou uma lagoa de infiltração do campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na cidade de Natal-RN, em que a Figura 11 ilustra esta lagoa. Para maiores detalhes sobre aplicação da permeabilidade em campo, assista a videoaula "Aula Permeabilidade dos solos - Aplicações em obras geotécnicas" que está no meu canal do YOUTUBE. VII. ADENSAMENTO DO SOLO O tópico adensamento do solo estuda como ocorre o efeito de redução dos vazios (recalques) do solo ao longo do tempo diante da expulsão do excessode poropressao (água) no nos vazios da massa de solo. Este estudo se faz muito importante, principalmente em solos moles compressíveis. As deformações que ocorrem no solo podem ser de duas formas: aquelas que acontecem rapidamente após a aplicação de uma carga, observadas em solo arenosos; e as que ocorrem lentamente, comum em solos argilosos. Os ensaios para estudo destas deformações podem ser através do ensaio de compressão axial ou compressão edométrica. Fique ligado que uma abordagem mais específica sobre os ensaios será feita futuramente no meu canal do YOUTUBE (Eduardo Bittencourt) e instagram (@profedu.geotec). Figura 11 – Lagoa de infiltração na UFRN (Guedes, 2017). A partir disso vem a primeira e muito importante informação sobre a aplicação na prática desde tópico: se constrói sobre o solo mole somente depois dele ter se consolidado, caso contrário, problemas de recalques e eventuais ruínas têm grandes chances de ocorrerem nas construções. A consolidação total do solo mole após a aplicação de um carregamento pode durar de meses a anos, assim, a previsão do tempo para a ocorrência destas deformações é um dos focos do estudo do adensamento do solo. Aliado a isso, temos a mensuração dos recalques totais ao final da consolidação. Feita esta discussão inicial, vamos para o seguinte questionamento: COMO PODEMOS APLICAR O CONHECIMENTO DO ADENSAMENTO DO SOLO NA PRÁTICA? Uma das formas de aplicação é a verificação de quanto tempo é necessário para que os recalques ocorram, para que assim sejas possível ser executada uma obra sobre o aterro. Para que se possa mensurar o tempo dos recalques totais que um solo irá sofrer é preciso que se calcule o coeficiente de adensamento "cv". Este coeficiente reflete a velocidade em que o solo irá recalcar, de modo que quanto maior o coeficiente de permeabilidade, maior será o coeficiente de adensamento, tendo assim uma relação diretamente proporcional. A equação para determinação deste coeficiente está representada a seguir: Assim, após calcular este coeficiente, a duração (tempo) para ocorrência dos recalques totais poderá ser mensurada, a partir da equação abaixo. Este tempo é importante pois ele irá nortear a execução da estrutura sobre este solo compressível, pois como citado anteriormente, somente após a ocorrência total dos recalques ela poderá ser viabilizada. Ademais, em situações que se observa um tempo muito longo para ocorrência dos recalques totais do solo, podemos lançar mão de técnicas para aceleração dos recalques ou estabilização como por exemplo: substituição total do solo mole, drenos verticais, sobrecarga temporária, colunas de brita, construção em etapas, entre outros. VIII. RESISTÊNCIA DO SOLO Neste tópico iremos tratar sobre como se dá a resistência do solo, os ensaios para determinação da resistência e como podemos aplicar na prática estes conhecimentos. O primeiro ponto que deve ser destacado é que em linhas gerais, o solo sempre entra em ruptura por meio do cisalhamento das partículas, mas, o que isto quer dizer? Significa que as forças que mantêm as partículas sem que elas deslizam umas sobre as outras são vencidas por uma força (carregamento) externa, a qual superando este limite de resistência, faz com que ocorra desta forma o cisalhamento da massa de solo. A partir disto eu faço uma pergunta para você: QUAIS SÃO OS ELEMENTOS QUE CONFEREM RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SOLO? Dois são os fatores que conferem esta resistência ao solo: o atrito entre as partículas ou “ângulo de atrito” e a coesão entre as partículas do solo. Como sabemos, o solo apresenta uma grande heterogeneidade e muitos podem apresentar maiores ângulo de atrito e outros menores, da mesma forma que alguns conferem maiores coesões que outros. Mas, em linhas gerais, os solos arenosos são aqueles que apresentam maiores ângulos de atrito, enquanto que os argilosos possuem maiores coesões. E DE QUE FORMA PODEMOS DETERMINAR O ÂNGULO DE ATRITO E COESÃO DE UM SOLO? Temos dois métodos para mensurar o ângulo de atrito e coesão. O primeiro é a partir de correlações com resultados do ensaio de SPT, ensaio o qual abordamos no item 3 deste EBOOK, e o segundo método é a partir de ensaios de laboratório. Em relação a determinação do ângulo de atrito e coesão por meio de correlações, existem inúmeras formulações em todo o mundo, mas a nível nacional, os mais utilizados para determinação do ângulo de atrito são os de Godoy (1983) e Teixeira ( 1996), com equações apresentadas abaixo: φ = 28° + 0,4𝑁𝑠𝑝𝑡 (𝐺𝑜𝑑𝑜𝑦, 1983) φ = 20𝑁𝑠𝑝𝑡 + 15°(Teixeira, 1996) Já para determinação da coesão, a formulação mais empregada no Brasil é a de Godoy (1983). Sua equação está demonstrada a seguir: 𝑐 = 10𝑁𝑠𝑝𝑡(𝐺𝑜𝑑𝑜𝑦, 1983) Sobre os métodos a partir do SPT é importante destacar que eles podem apresentar baixa confiabilidade. Assim, a depender da magnitude do empreendimento é mais aconselhável a determinação por meio dos ensaios de laboratório, que apresentam maior fidelidade com valores de campo. Os ensaios de laboratório para determinação dos parâmetros de resistência do solo são ensaio de cisalhamento direto e ensaio triaxial. O primeiro possui como vantagens ter execução mais simples e prático, além de ser mais econômico. Um exemplo da preparação de um ensaio de cisalhamento que eu realizei durante meu mestrado está ilustrado na Figura 12 a seguir. Figura 12 – Preparação do ensaio de cisalhamento direto. No entanto, as desvantagens são a impossibilidade de medições da pressão neutra em vista do não controle das condições de drenagem. Isto faz com que ele tenha algumas restrições em casos que é importante a mensuração da pressão neutra. Outro ponto negativo deste ensaio é que ele impõe um plano de ruptura no solo. Mas o que isto quer dizer? Significa que durante o ensaio um plano horizontal é imposto como o plano de ruptura do solo, em que a resistência vai ser medida para aquele plano, como demonstrado na Figura 13 a seguir. Figura 13 – caixa de cisalhamento direto com plano de ruptura imposto. (Pinto, 2006) Contudo, podemos inferir que o solo pode vir a apresentar outros planos que possuem maiores ou até menores resistências. Assim, os parâmetros de resistência do solo poderão ser subestimados ou superestimados. Já o ensaio triaxial é mais versátil que o de cisalhamento direto. Tem como maior vantagem a possibilidade de realizar o controle de drenagem, além de poder medir a pressão neutra. Assim, diversas simulações do comportamento do solo podem ser feitas, tendo desta forma maior abrangência de aplicação que o ensaio de cisalhamento direto. Além disto, possibilita a determinação dos parâmetros de deformabilidade do solo. Destaca-se também que neste ensaio o plano de ruptura não é imposto, possuindo assim maior confiabilidade na determinação dos parâmetros de resistência. Quanto aos pontos negativos do ensaio triaxial destaca-se sua realização, a qual é mais complexa e demorada. Agora, saindo da parte teórica, vamos para a prática. COMO PODEMOS APLICAR OS CONHECIMENTOS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SOLO EM CAMPO? Muitas são as aplicações dos parâmetros de resistência do solo em obras geotécnicas, neste EBOOK iremos abordar sobre duas. A primeira é para determinação da capacidade de carga de fundação direta. Nesta situação, os parâmetros de resistência ângulo de atrito e coesão são essenciais para mensuração da capacidade de carga do sistema de fundação. Na ruptura geral, já citada neste EBOOK, temos a coesão “c” e os fatores de capacidade de carga Nc, Nq e Ny dependem do ângulo de atrito do solo. É neste tipo de aplicação que continua a história que eu lhe contei sobre meu professor me chamar para produzir um artigo científico. O título do trabalho é “Adição de Solo Cimento paraMelhoria da Resistência da Camada para Maior Economia na Fundação”. Caso tenha interesse neste trabalho na íntegra, me mande um email solicitando para profedu.geotec@gmail.com. Nós analisamos se uma mistura de solo-cimento poderia fornecer maiores capacidade de carga a partir de uma fundação sobre este solo melhorado, observando o possível aumento do ângulo de atrito e coesão do solo. Após realização de uma série de ensaios de cisalhamento direto, verificamos que o ângulo de atrito e coesão do solo aumentaram com a adição de cimento no solo, de forma que uma redução das dimensões da sapata e consequente economia numa fundação sobre este solo-cimento seria possível. Outra situação em que os parâmetros de resistência do solo se aplicam na prática é para estruturas de contenção como estaca-prancha. Neste caso, para verificação da estabilidade do sistema de contenção faz-se necessário a determinação do ângulo de atrito e coesão do solo. IX. SOLOS COLAPSÍVEIS E EXPANSÍVEIS Alguns solos possuem comportamentos peculiares, em vista da sua composição e estrutura. Consequentemente, eles devem ter uma atenção especial quando se busca realizar uma obra geotécnica em que eles são presentes no local do empreendimento. Os solos colapsíveis e expansíveis se enquadram nestes solos que possuem comportamento peculiar e, caso o engenheiro responsável não ter os devidos cuidados, a obra pode vir apresentar patologias as quais podem ser desde pequenas rachaduras e trincas até ruína total. Solos colapsíveis são assim chamados pois sua estrutura interna entra em colapso ao ser saturado, sob o mesmo nível de carregamento. Isto faz com que este solo tenha elevados recalques. Sua estrutura quando não saturada apresenta grande resistência devido o efeito de capilaridade, a qual é completamente perdida com a saturação da massa de solo. Já os solos expansíveis apresentam em sua estrutura um argilomineral chamado montomorilonita. Este tipo de solo já foi inclusive citado nos itens “Origem do solo” e “Caracterização dos solos” e como já abordado: este argilomineral possui elevada capacidade de retenção de água, podendo sofrer expansão ou redução do seu volume ao ter aumento ou diminuição da umidade do solo, respectivamente. Essa parte é a teoria para estes dois tipos de solo, mas eu faço uma pergunta para você: COMO VERIFICAR SE UM SOLO PODE APRESENTAR UMA DESTAS CARACTERÍSTICAS? Para identificação dos dois tipos de solo temos os métodos diretos e os métodos indiretos. Os métodos indiretos para verificar se um solo apresenta características colapsíveis são através dos índices físicos e limites de Aterberg, métodos estes já abordados no item “caracterização do solo”; enquanto que os diretos são por meio da medida de potencial de colapso, verificada a partir do ensaio de adensamento (ensaio de laboratório) ou expansocolapsômetro (ensaio de campo). A Figura 14 ilustra a realização de um ensaio em campo com o expansocolapsômetro por Louro et al. (2016). O título do artigo é "Utilização de expansocolapsômetro na determinação de colapso no solo de Rendonópolis- MT". Neste trabalho, os autores verificaram se um solo na cidade de Rondonópolis-MT apresentava características colapsíveis. Já para o solo expansível, os métodos indiretos são embasados pela granulometria, índices físicos e limites de Atterberg, e os métodos diretos são feitos por meio do ensaio de adensamento. Para maiores detalhes nestas formas de verificações destes solos, confira a minha videoaula “aula solo colapsível e expansível – como verificar estacas características” no meu canal do YOUTUBE.. Figura 14 – Expansocolapsômetro. Louro et al. (2016) E AÍ, GOSTOU DESTE EBOOK? Espero que ele tenha ajudado você nos seus estudos. Meu objetivo como professor sempre foi buscar ampliar o conhecimento das pessoas. Mas não vamos parar nossa relação por aqui, no meu INSTAGRAM "@profedu.geotec" sempre publico novos conteúdos que podem ajudar você. Muitos alunos inclusive já pediram auxílio por direct e eu sempre estarei disposto a ajudar. Então sempre que precisar diga sua dúvida para mim que eu irie procurar lhe ajudar da melhor forma possível No instagram eu também informo quando novas videoaulas serão lançadas no meu canal do YOUTUBE sobre diversos assuntos geotécnicos. Então fique ligado no meu canal que toda semana lanço novas aulas que também podem ajudar você. Então é isso... Grande abraço e te aguardo nas redes sociais.
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