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Drenagem urbana: conceito e objetivos Apresentação O sistema de drenagem urbana, também conhecido como manejo das águas pluviais, é composto por inúmeras infraestruturas, que têm como objetivo solucionar problemas relacionados ao escoamento das águas superficiais. Nesse sentido, as enchentes são os problemas mais citados. Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordados os conceitos e objetivos vinculados à drenagem urbana. Tais intervenções são de suma importância para o aumento da qualidade de vida e do meio natural, em ambiente tão alterado como o dos centros urbanos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar drenagem urbana e gestão de drenagem urbana.• Reconhecer os objetivos de um sistema de drenagem urbana.• Justificar a necessidade dos projetos vinculados com drenagem urbana.• Infográfico O sistema de drenagem urbana tem por objetivo principal melhorar a qualidade de vida urbana e o meio ambiente, evitando riscos ambientais. Conteúdo do livro A drenagem urbana é um assunto intimamente relacionado ao planejamento urbano, além de envolver outras áreas interdisciplinares do conhecimento. O planejamento da ocupação de qualquer espaço urbano deve ser pensado de forma a apresentar soluções seguras para o escoamento das águas pluviais, principalmente em locais intensamente impermeabilizados. Esse capítulo apresenta os principais conceitos da drenagem urbana e discorre sobre os aspectos relacionados a sua gestão. Além disso, apresentam-se os principais objetivos dos sistemas de drenagem bem como a importância e a necessidade de dimensionamentos adequados dos projetos vinculados com a drenagem das águas pluviais urbanas. SISTEMA DE DRENAGEM URBANA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Conceituar drenagem urbana e gestão de drenagem urbana. > Reconhecer os objetivos de um sistema de drenagem urbana. > Justificar a necessidade dos projetos vinculados com drenagem urbana. Introdução A drenagem urbana pode envolver diversos segmentos profissionais, como administração, direito, engenharia, arquitetura, geologia, biologia, entre outros. É importante que o profissional reconheça essas interfaces e as relacione aos diferentes aspectos de planejamento e gestão das cidades. Nesse sentido, é fundamental ter os conhecimentos teóricos sobre o tema, para que o profissional possa interagir e entender os conceitos de drenagem que comumente são empregados em projetos que envolvem o escoamento de águas pluviais em meios urbanos. Neste capítulo, você vai ver os conceitos relativos à drenagem urbana e os principais aspectos da gestão das águas pluviais em meios intensamente urbanizados. Além disso, vai reconhecer os objetivos essenciais de um sistema de drenagem urbana. Por fim, vai estudar a necessidade dos projetos vinculados à drenagem urbana para o planejamento das cidades. Drenagem urbana: conceito e objetivos Thiago Boeno Patricio Luiz Urbanização, inundações e drenagem urbana O processo de urbanização é um fenômeno que tem como principal carac- terística a mudança de aspectos rurais de uma determinada localidade para aspectos urbanos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 84,72% da população brasileira vive em áreas urbanas, enquanto 15,28% vive em áreas rurais (PEREIRA, 2016). O processo de urbanização, quando não tem um planejamento adequado durante a sua implantação, tende a provocar uma série de impactos ao meio ambiente. Esses impactos ocorrem, sobretudo, devido a alterações do meio físico natural, afetando o equilíbrio hidrológico nas bacias hidrográficas. A partir da impermeabilização de superfícies e da redução da cobertura vegetal, ocorre a redução drástica da capacidade de armazenamento natural do solo, gerando riscos de alagamentos e inundações em épocas que ocorrem chuvas mais intensas. Além do aumento de alagamentos e inundações, Tucci (2012) cita que processos de urbanização mal planejados geram a deterioração da qualidade da água nos rios e a perda de qualidade de vida da população. Dessa forma, a urbanização muda os fluxos naturais dos recursos hídricos, alterando os seguintes aspectos principais nas bacias hidrográficas (YAZAKI; MONTENEGRO; COSTA, 2018, p. 32). � O escoamento superficial aumenta, pois passa a receber a contribuição do volume de água que infiltrava no solo, que era retido pela vegetação e que se acumulava nas depressões naturais. � As galerias de águas pluviais aceleram a velocidade de escoamento, reduzindo o tempo de deslocamento (ou tempo de concentração) das ondas de cheias. As vazões máximas aumentam e seus picos são an- tecipados. Têm-se, então, vazões maiores em tempos mais curtos. � Com a redução da infiltração, o nível do aquífero subsuperficial (lençol freático) decresce por falta de alimentação. A adução hídrica dos cursos de água por meio do escoamento subterrâneo reduz, diminuindo as vazões de tempo seco. Enquanto as vazões máximas aumentam, as vazões mínimas diminuem. � Com a redução da cobertura natural e, consequentemente, da evapo- transpiração, diminui o aporte de água para a atmosfera. Em decorrência disso, a umidade do ar diminui e a temperatura aumenta. Drenagem urbana: conceito e objetivos2 Todas essas alterações do sistema natural podem acarretar alagamentos e inundações nas cidades, principalmente quando existe uma ineficiência no sistema de drenagem urbana. A inundação ocorre quando as águas dos rios, riachos e galerias pluviais saem do leito de escoamento, por causa da falta de capacidade de transporte de um desses sistemas, e ocupa áreas que a população utiliza para moradia, transporte (ruas, rodovias, calçadas), recreação, comércio, indústria, etc. (TUCCI, 2003). Tucci (2003) ainda salienta que os eventos de inundações podem ocorrer devido ao comportamento natural dos rios ou serem ampliados por causa de alterações produzidas pelo homem na urbanização, como a impermeabilização das superfícies e a canalização dos rios. As inundações ocorrem quando o escoamento atinge níveis superiores ao leito menor, atingindo o leito maior, que é identificado como limite da área de inundação (Figura 1). Os impactos resultantes da inundação ocorrem quando as áreas limites são ocupadas pela população (áreas ribeirinhas). Figura 1. Características dos leitos dos rios. Fonte: Adaptada de Tucci (2008). Limite de área de inundação Leito menor Nível mínimo Dessa forma, em uma concepção tradicional, a drenagem urbana é toda infraestrutura que possibilita uma condução controlada das águas de chuva nos meios urbanos. Assim, a drenagem urbana corresponde às atividades de manejo das águas pluviais, sendo parte do saneamento básico brasileiro e englobando toda a infraestrutura e instalação operacional responsável pela drenagem das águas da chuva (BRASIL, 2020). A ocorrência de intensas precipitações em cidades altamente impermeabilizadas tende a acumular água no meio urbano, sendo necessário escoar esse volume para algum local adequado. Se a cidade não tem um bom sistema de drenagem, a água da chuva vai acumular nas ruas e certamente vai causar transtornos. Drenagem urbana: conceito e objetivos 3 Os sistemas de drenagem são classificados como microdrenagem e ma- crodrenagem. A microdrenagem é definida pelo sistema de condutos pluviais ou canais nos loteamentos ou na rede primária urbana. São estruturas pro- jetadas na escala micro a nível do terreno, como os sistemas de drenagem nos lotes e pavimentos, as guias e sarjetas, as bocas de lobo, as trincheiras, as valas, etc. Esse tipo de drenagem envolve o atendimento de precipitações com risco moderado (TUCCI, 2003). A Figura 2 mostra exemplos de estruturas de microdrenagem. Figura 2. Exemplos de estruturas para microdrenagem urbana: (a) boca de lobo; (b) trincheira para drenagem pluvial. Fonte: (a) ungvar/Shutterstock.com; (b) Bespaliy/Shutterstock.com. A B A macrodrenagem é composta por sistemas coletoresde diferentes sis- temas de microdrenagem, sendo consideradas como medidas estruturais para o ambiente urbano. Como exemplos, é possível citar as canalizações, os barramentos, os diques de contenção, as grandes galerias de águas pluviais, as bacias de amortecimento, os reservatórios de águas, etc. Os projetos que envolvem macrodrenagem devem ser dimensionados para acomodar preci- pitações superiores às da microdrenagem, considerando os riscos potenciais (TUCCI, 2003). A Figura 3 mostra exemplos de estruturas de macrodrenagem. Na Figura 3a, há uma tubulação para drenagem em vias de construção. Esse tipo de tubulação, geralmente feita de concreto, é instalado nas vias públicas para receber as águas provenientes das estruturas de microdrenagem para posterior deságue nos corpos hídricos (Figura 3b). Drenagem urbana: conceito e objetivos4 Figura 3. Exemplos de estruturas para macrodrenagem urbana: (a) tubulação de drenagem; (b) deságue nos corpos hídricos; (c) canal; (d) estrutura de galeria em construção. Fonte: (a) kaninw/Shutterstock.com; (b) Neophuket/Shutterstock.com; (c) Russamee/Shutterstock. com; (d) Ricardo de Paula Ferreira/Shutterstock.com. A C D B O sistema de drenagem deve ser projetado e executado separada- mente à rede de esgoto. As ligações clandestinas de esgotamento sanitário diretamente à rede de drenagem trazem uma série de prejuízos para a população e o meio ambiente, sendo um dos maiores problemas encontrados atualmente nas cidades brasileiras. Gestão integrada da drenagem urbana Todo planejamento ou gerenciamento de drenagem urbana envolve neces- sariamente um problema de alocação de espaço. De acordo com Tucci (2012), a gestão das ações dentro do ambiente urbano pode ser definida de acordo com a relação de dependência da água. Isso é definido por meio da bacia Drenagem urbana: conceito e objetivos 5 hidrográfica ou da jurisdição administrativa da cidade, do estado ou da nação. A tendência da gestão dos recursos hídricos tem sido realizada por meio da bacia hidrográfica. No entanto, a gestão do uso do solo é realizada pelo município ou pelo grupo de municípios de uma região metropolitana. No espaço da bacia hidrográfica, os planos de bacia são instrumentos definidos pela Política Nacional de Recursos Hídricos (PNHR) e pelos planos dos recursos hídricos (BRASIL, 1997). No espaço do município, o instrumento principal de gestão da drenagem urbana é o Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU). O PDDU é o conjunto de diretrizes que determinam a gestão do sistema de drenagem, cujo objetivo é minimizar o impacto ambiental no escoamento das águas pluviais (PINTO; PINHEIRO, 2006). Dessa forma, de acordo com a principal lei diretriz do saneamento básico no Brasil (Lei nº 11.445/2007) (BRASIL, 2007), consideram-se serviços públicos de manejo das águas pluviais urbanas aqueles constituídos obrigatoriamente pelas atividades de drenagem urbana, transporte de águas pluviais urbanas, detenção ou retenção de águas pluviais urbanas para amortecimento de vazões de cheias e tratamento e disposição final de águas pluviais urbanas. O conceito de saneamento básico é amplo e inclui uma série de atividades. De acordo com a Lei nº 11.445/2007 (BRASIL, 2007), o sane- amento básico é definido como um conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. De acordo com Tucci (2012, p. 11), a estrutura da gestão das águas urbanas tem como base os seguintes grupos de componentes (Figura 4). � Planejamento urbano: disciplina o uso do solo da cidade com base nas necessidades dos seus componentes de infraestrutura. � Serviços de saneamento: abastecimento de água, esgotamento sani- tário, resíduos sólidos e drenagem urbana. � Metas dos serviços: conservação do meio ambiente urbano e da quali- dade de vida. Aqui estão incluídas a redução de cheias e a eliminação de doenças de veiculação hídrica. Drenagem urbana: conceito e objetivos6 � Institucional: baseia-se em gerenciamento de serviços, legislação, capacitação e monitoramento de forma geral. Figura 4. Concepção estratégica da gestão integrada das águas urbanas. Fonte: Adaptada de Tucci (2012). Planejamento urbano Institucional: legislação e gestão Metas: qualidade de vida e meio ambiente Drenagem Saneamento Resíduos sólidos EsgotoÁgua Finalidades dos sistemas de drenagem urbana Todos os projetos de alteração do espaço urbano devem sempre considerar as condições hidrológicas locais. Em um país territorialmente tão grande quanto o Brasil, as características pluviais são muito diferentes em cada região, e isso interfere diretamente nos dimensionamentos dos sistemas de drenagem. Via de regra, toda intervenção urbana deve ser projetada de forma a não aumentar as cheias naturais dos rios e os alagamentos urbanos, permitindo que as águas pluviais sejam corretamente conduzidas para locais adequados do sistema de drenagem. Além disso, deve-se ter cuidado com intervenções no meio ambiente que provoquem aumento ou transferência de enchentes para outros locais (tanto à montante quanto à jusante). Em uma abordagem mais tradicional da enge- nharia sanitária, a drenagem urbana consiste simplesmente em transportar de forma técnica os excessos pluviais por meio de canais e tubulações enterradas. Entretanto, atualmente, opta-se por uma abordagem mais ambientalista, considerando a manutenção e a recuperação do meio ambiente, de forma a torná-lo saudável e sustentável. Drenagem urbana: conceito e objetivos 7 Assim, o processo de urbanização tende a impermeabilizar o solo e a acelerar o escoamento por condutos e canais, gerando os impactos a seguir (TUCCI, 2012, p. 17). � Aumento da vazão máxima e sua frequência das inundações. � Aumento da velocidade do escoamento, resultando em erosão do solo e produção de sedimentos para o sistema de drenagem. � Aumento dos resíduos sólidos que escoam para o sistema de condu- tos. Os sólidos produzem entupimento e reduzem a capacidade de escoamento de condutos e canais, produzindo maiores inundações. � Deterioração da qualidade da água pluvial em razão da lavagem das superfícies urbanas. Esses impactos demonstram a complexidade das abordagens necessá- rias para o atendimento da drenagem urbana nas cidades. A instalação e manutenção da drenagem urbana nos municípios inclui aspectos técnicos sanitários, ecológicos, legais, econômicos, de engenharia e de gestão dos espaços urbanos. Veja na Figura 5 a tendência da ocupação e o impacto da urbanização no espaço de uma bacia hidrográfica. Geralmente, a tendência da urbanização é de ocorrer no sentido de jusante para montante, na macrodrenagem urbana, em razão das características de relevo. Quando um loteamento é projetado, é necessário que o projeto con- sidere a futura urbanização, de forma que a drenagem pluvial seja eficiente para drenar a água do loteamento. Quando o poder público não controla essa urbanização ou não amplia a capacidade da macrodrenagem, a ocorrência das enchentes aumenta. Figura 5. Tendência da ocupação e impacto da urbanização no espaço de uma bacia hidrográfica. Fonte: Tucci (2012, p. 21). Drenagem urbana: conceito e objetivos8 Na Figura 5, é possível observar o processo de urbanização em escala de bacia hidrográfica vista por cima (desenho em planta) e o perfil A-A’, demonstrando a variação do nível (∆s) de um rio devido à urbanização a montante. As consequências da falta de planejamento e regulamentação são sentidas em, praticamente, todas as cidades de médio e grande porte do Brasil. Depois que o espaço está todo ocupado, as soluções disponíveis são extremamente caras, como canalizações, diques com bombeamentos, reversões e barragens, entre outras. Nesse sentido, para que a drenagem tenha sua finalidade atingida, podem ser adotadas medidas de controle de inundações. Elas podemser classificadas em medidas estruturais e não estruturais (PARANÁ, 2002). � Medidas estruturais: modificam o sistema, buscando reduzir o risco de enchentes pela implantação de obras para conter, reter ou melhorar a condução dos escoamentos. Essas medidas envolvem a construção de barragens, diques, canalizações, reflorestamento, etc. � Medidas não estruturais: quando são propostas ações de convivência com as enchentes ou são estabelecidas diretrizes para reversão ou minimização do problema. Essas medidas envolvem o zoneamento de áreas de inundações associado ao Plano Diretor Urbano, previsão de cheia, seguro de inundação, legislações diversas, etc. No entanto, de acordo com Tucci (2012), não se deve reduzir o controle da drenagem urbana a um receituário de medidas estruturais e não estruturais. Todas as medidas de controle devem integrar-se ao planejamento ambiental do meio urbano, deixando de ser apenas um problema de engenharia e de planejamento administrativo. A Lei nº 14.026 atualizou o marco legal do saneamento básico (Lei nº 11.445/2007) em julho de 2020 (BRASIL, 2020). O novo marco legal trouxe uma série de alterações para atingir a universalização do acesso ao saneamento no Brasil. O novo marco estabelece a disponibilidade, nas áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas pluviais e tratamento, limpeza e fiscalização preventiva das redes. Esses serviços devem ser adequa- dos à saúde pública, à proteção do meio ambiente e à segurança da vida e do patrimônio público e privado. Drenagem urbana: conceito e objetivos 9 Importância da drenagem no contexto urbano A partir do conhecimento da topografia local, é possível ter indicações pro- váveis do caminho percorrido pela água da chuva sobre as superfícies da bacia hidrográfica. No meio urbano, o percurso de enxurradas em ocasiões de chuvas fortes pode se comportar seguindo a topografia e o traçado das ruas, obedecendo as mudanças de declividade, direção e seção. Atualmente, para os municípios receberem investimentos federais para a construção de mecanismos estruturais e não estruturais para a drenagem urbana, é necessário que eles criem PDDUs em consonância com os Planos Municipais de Saneamento. O PDDU visa a planejar a distribuição da água no território urbano a partir do zoneamento de áreas de inundações, a fim de controlar as ocupações das áreas de riscos de inundações e enchentes. Além disso, o PDDU deve apontar soluções em drenagem urbana para evitar ou minimizar os riscos provenientes de uma chuva intensa. Dessa forma, as diretrizes de projetos de drenagem devem compreender cálculos e conceitos adequados de drenagem pluvial, obedecendo a critérios técnicos de reconhecidas formulações teóricas. Atualmente, muitos PDDUs têm utilizado modelos matemáticos de simulação que possibilitam reproduzir ondas de cheias sob diversas condições nas bacias hidrográficas (TUCCI, 2012). Além disso, é importante que o PDDU considere elementos de gestão pública em sua formulação. Como exemplo de PDDU, podemos citar o de Porto Alegre (RS), com- posto por quatro eixos principais (MOTA, 2013). � Fundamentos do plano: trata da regulamentação proposta e das diretrizes adotadas para o desenvolvimento do plano. � Manual de drenagem urbana: estabelece critérios de planejamento, controle e projeto. � Revisão do sistema de proteção de inundação de Porto Alegre: trata da re- visão hidrológica do funcionamento do sistema de diques e estações de bombas da cidade. � Planos de controle de drenagem de seis bacias hidrográficas: contempla, principalmente, o levantamento de dados e informações sobre uso do solo, legislação, rede de drenagem, diagnóstico da situação atual, plano de ações com a delimitação da área urbana futura, análise de medidas estruturais e não estruturais e processo de divulgação e discussão com a comunidade. Drenagem urbana: conceito e objetivos10 Alagamentos em área urbana O principal objetivo de um plano de drenagem urbana e manejo de águas pluviais é criar mecanismos de gestão para a bacia hidrográfica, o zoneamento urbano e as estruturas de macro e microdrenagem. Essa gestão deve estar baseada em um planejamento prévio que vise a evitar perdas econômicas e a melhorar as condições de saneamento e a qualidade do meio ambiente da cidade. O PDDU de Porto Alegre teve como principais produtos os seguintes (MOTA, 2013, p. 4). � Regulamentação dos novos empreendimentos: feita por meio de um decreto municipal que estabelece critérios para o desenvolvimento da drenagem urbana para as novas obras na cidade. Essa regulamentação tem o objetivo de evitar impactos indesejáveis gerados por esses novos empreendimentos, como drenagem inadequada e impermeabilização excessiva dos lotes. � Plano de controle estrutural e não estrutural: estabelece alternativas de controle estrutural (por exemplo, obras de macro e microdrenagem) e não estrutural (educação ambiental, coleta de lixo, varrição das ruas, etc.) para controlar os impactos em cada bacia, reduzindo os riscos de inundação nela. � Manual de drenagem urbana: documento que orienta a implementação de projetos de drenagem na cidade. Na Figura 6, é possível ver o antes e depois da implantação das ações do PDDU em uma avenida de Porto Alegre. A drenagem urbana, quando corretamente planejada, evita perdas eco- nômicas e uma série de transtornos à população e ao poder público, além de melhorar a qualidade do meio ambiente urbano. Drenagem urbana: conceito e objetivos 11 Figura 6. Antes e depois da implantação de ações do PDDU em uma avenida de Porto Alegre. Fonte: Mota (2013, p. 4). Referências BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos... Brasília, DF: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l9433.htm. Acesso em: 11 set. 2021. BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico... Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 11 set. 2021. Drenagem urbana: conceito e objetivos12 BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco legal do saneamento básico e altera a Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas... Brasília, DF: Presidência da República, 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm. Acesso em: 11 set. 2021. MOTA, É. (coord.). Iniciativas inspiradoras: Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto Alegre/RS. São Paulo: ABCP, 2013. Disponível em: https://www.solucoesparacidades. com.br/wp-content/uploads/2013/07/AF_Inic%20Insp03_pl%20drenagem_web.pdf. Acesso em: 11 set. 2021. PARANÁ. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa). Manual de drenagem urbana: Região Metropolitana de Curitiba- PR. Curitiba: Suderhsa, 2002. [versão 1.0 - dez. 2002]. Disponível em: http://www.iat.pr.gov.br/sites/agua-terra/ar- quivos_restritos/files/documento/2020-07/mdu_versao01.pdf. Acesso em: 11 set. 2021. PEREIRA, C. A. (coord.). Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indi- cadores 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/livros/liv98887.pdf. Acesso em: 11 set. 2021. PINTO, L. H.; PINHEIRO, S. A. Orientações básicas para drenagem urbana. Belo Horizonte: Feam, 2006. Disponível em: http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Cartilha%20 Drenagem.pdf. Acesso em: 11 set. 2021. TUCCI, C. E. M. Águas urbanas. Estudos Avançados, v. 22, n. 63, p. 97-112, 2008. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10295/11943.Acesso em: 11 set. 2021. TUCCI, C. E. M. Gestão da drenagem urbana. Brasília, DF: Cepal: Ipea, 2012. (Textos para Discussão Cepal - Ipea, n. 48). TUCCI, C. E. M. Inundações e drenagem urbana. In: TUCCI, C. E. M.; BERTONI, J. C. (org.). 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Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/25afbbf8acd9cb7185e3b1485efb6966 Exercícios 1) Drenagem urbana pode ser entendida como: A) um conjunto de técnicas aplicadas em área urbana que visa otimizar o escoamento das águas pluviais. B) um conjunto de melhoramentos públicos aplicados em área rurais que visa otimizar o escoamento das águas pluviais. C) um conjunto de melhoramentos públicos aplicados em área urbana que visa otimizar o escoamento das águas pluviais. D) um conjunto de melhoramentos públicos aplicados em área urbana que visa otimizar o escoamento das águas subterrâneas. E) um conjunto de normas aplicadas nas áreas urbanas que visa otimizar o escoamento das águas pluviais. 2) São temas que poderiam justificar a elaboração de projetos de drenagem urbana, EXCETO: A) processo erosivo. B) alagamentos. C) manutenção dos equipamentos. D) migração lateral de canais lóticos naturais. E) desmatamento em margem de rio, Área de Preservação Permanente (APP). 3) Marque a opção que NÃO expressa um objetivo que pode estar relacionado em projetos de sistema de drenagem urbana: A) aumentar a impermeabilidade dos solos. B) preservar a biodiversidade. C) preservar os padrões de drenagem natural. D) aumentar a permeabilidade dos solos. E) realizar a manutenção dos equipamentos de drenagem urbana. 4) São fotografias que ilustram algum equipamento dos sistemas de drenagem urbana, EXCETO: A) B) C) D) E) 5) Marque a alternativa que coloca corretamente o conceito de gestão de drenagem urbana. A) Compreende o conjunto de infraestrutura com respeito ao escoamento das águas pluviais em áreas urbanas. B) Compreende a administração de um conjunto de técnicas, ações e infraestrutura com respeito ao escoamento das águas pluviais em áreas urbanas. C) Compreende a administração de infraestruturas com respeito ao escoamento das águas pluviais em áreas urbanas. D) Compreende a administração de um conjunto de técnicas, ações e infraestrutura com respeito ao escoamento das águas oceânicas em áreas costeiras. E) Compreende um conjunto de técnicas com respeito ao escoamento das águas pluviais em áreas urbanas. Na prática Imagine-se assumindo um cargo público no Departamento de Esgotos Pluviais de seu município. Seu chefe apresenta a você o departamento e discorre a respeito do assunto. Destaca que o serviço realizado nesse departamento garante gerenciamento e melhoramentos da infraestrutura de drenagem da cidade. Ele então apresenta a você sua mesa, entregando-lhe a primeira pasta, como são chamados os projetos em andamento do setor. Você abre a pasta e analisa os documentos que tratam do gerenciamento da limpeza periódica de uma bacia de retenção. Você corretamente procede à vistoria e detecta entupimento nas galerias mais superficiais do sistema. Facilmente, liga o fato à falta de limpeza periódica dos resíduos maiores. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: GESTÃO DA DRENAGEM URBANA NO BRASIL: DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A NECESSIDADE DA DRENAGEM URBANA Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. DIRETRIZES BÁSICAS PARA PROJETOS DE DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://periodicos.ufba.br/index.php/gesta/article/view/7105/4877 https://www.youtube.com/embed/l8NmPkOId7w https://docplayer.com.br/9521956-Diretrizes-basicas-para-projetos-de-drenagem-urbana-no-municipio-de-sao-paulo-lilian-satiko-murata-juan-urzua-menares.html
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