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A Política Nacional de Recursos Hídricos Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem, será estudada a Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei número 9.433/1977. Essa Lei regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, no que tange ao sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, e é a base para a gestão dos recursos hídricos no país. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar os fundamentos, os objetivos e as diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos; • Relacionar os instrumentos para a gestão dos recursos hídricos no Brasil;• Reconhecer a bacia hidrográfica como a unidade para os planos de recursos hídricos.• Infográfico No infográfico a seguir, destacam-se alguns dos aspectos que serão discutidos nesta Unidade de Aprendizagem. Conteúdo do livro O trecho selecionado a seguir foi retirado do livro Meio ambiente e sustentabilidade e possibilitará o contato com o conhecimento específico da Política Nacional de Recursos Hídricos. Boa leitura! André Henrique Rosa Leonardo Fernandes Fraceto Viviane Moschini-Carlos Organizadores M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] / Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-407-0197-7 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini- Carlos, Viviane. CDU 502-022.316 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 378 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) Nesse ponto, percebe-se que a Gestão Ambiental pode ser realizada em diversos âmbitos administrativos, incluindo nestes as esferas públicas e privadas, bem como di- versas áreas físicas. O que determina o enfo- que de um processo de gestão é o aspecto determinante a ser analisado, seja ele um atributo físico, como o exemplo já citado de uma bacia hidrográfica, ou alternativamen- te, o aspecto determinante pode ser repre- sentado por uma atividade específica como uma empresa que produz celulose. Outro aspecto importante a ser ressal- tado é sobre como o exercício da Gestão Ambiental pode ser enfocado. Segundo Bitar e Ortega (1998), existem mecanismos pelos quais a gestão pode ser realizada, de- nominados Instrumentos de Gestão Am- biental, que podem ser divididos em dois grupos: a) Instrumentos de Gestão Ambiental de Re- giões Geográficas Delimitadas: engloban- do bacias hidrográficas, áreas metropo- litanas, zonas costeiras, etc. b) Instrumentos de Gestão Ambiental de Empreendimentos: englobando rodo- vias, minerações, hidroelétricas, aterros sanitários, indústrias, loteamentos, li- nhas de transmissão, etc. Concomitantemente ao desenvolvi- mento da própria experiência de planeja- mento e gestão, são criados alguns preceitos sobre como esses processos devem ocorrer, que podem ser representados por leis espe- cíficas, normas técnicas, diretrizes de con- duta, entre outras, formando um arcabouço de conhecimento acerca de cada área de de- senvolvimento, propiciando que o processo de planejamento e gestão se torne cada vez mais eficiente. Portanto, o presente capítulo aborda a Gestão Ambiental de duas formas: aquelas direcionadas ao gerenciamento territorial de áreas geográficas delimitadas e as aplica- das em empreendimentos e atividades so- cioeconômicas. GESTÃO AMBIENTAL TERRITORIAL Gestão ambiental dos recursos hídricos e das bacias hidrográficas A Gestão Ambiental dos Recursos Hídricos no Brasil tem em sua cronologia um marco importante dado pela Instituição da Políti- ca Nacional de Recursos Hídricos, Lei Fede- ral n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que criou o Sistema Nacional de Gerenciamen- to de Recursos Hídricos. Nessa Lei, alguns aspectos da gestão das águas foram muito inovadores. No arti- go 1, incisos V e VI, é estabelecido que, V – a bacia hidrográfica é a unidade terri- torial para implementação da Política Na- cional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Re- cursos Hídricos; VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participa- ção do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Portanto, é garantido, pela primeira vez, o tratamento de políticas vinculadas aos limites físicos dos recursos naturais, como é o caso das bacias hidrográficas, e não mais se considera apenas os limites ad- ministrativos, além de se definir a partici- pação de usuários e comunidades nos pro- cedimentos de gestão. Como mencionado anteriormente, dentro do processo de gestão, é de grande importância o planejamento, que, nesse ca- so, é representado pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos, que atualmente está em sua primeira etapa (2008-2011), com o de- Meio ambiente e sustentabilidade 379 talhamento e a consolidação de seus 13 pro- gramas e 33 subprogramas, elaborados em três instâncias: 1. Nacional: Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) 2. Estadual: Plano Estadual de Recursos Hídricos 3. Bacia hidrográfica: Plano de Bacia Hi- drográfica Para que possam ser contempladas todas as instâncias propostas, o Sistema Na- cional de Gerenciamento de Recursos Hí- dricos é integrado pelos seguintes órgãos: I – o Conselho Nacional de Recursos Hí- dricos; I-A. – a Agência Nacional de Águas; II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; III – os Comitês de Bacia Hidrográfica; IV – os órgãos dos poderes públicos fede- ral, estaduais, do Distrito Federal e munici- pais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; V – as Agências de Água. Com a participação direta de diversos segmentos da sociedade, desde sociedade civil, instituições de ensino e pesquisa, go- verno e setores usuários da água, o plano teve como objetivo: “estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e po- líticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de água, em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser a água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais, sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social” (MMA, 2011). O Plano definiu, ainda, as diretrizes para o uso racional da água e orientou polí- ticas públicas que tenham interação com a gestão de recursos hídricos. Como resultado, foram elaborados 4 volumes que fazem uma síntese do atual es- tado dos recursos hídricos no Brasil, mon- tam um prognóstico para 2020, estabele- cem diretrizes e, por fim, apresentam pro- gramas nacionais e metas como detalhado no Quadro 16.1. Gestão ambiental da zona costeira A Constituição Federal, no Artigo 225, pa- rágrafo 4º, estabelece que a Zona Costeira é um “patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condi- ções que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos re- cursos naturais”. A Lei Federal n. 7.661, de 16 de maio de 1988, instituiu o Plano Nacional de Ge- renciamento Costeiro (PNGC), como parte integrante da Política Nacional para os Re- cursos do Mar – PNRM e Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA. Segundo o artigo 2, parágrafo único da referida Lei, Zona Costeira é considera- do “o espaço geográfico de interação do ar, mar e da terra, incluindo seus recursos, reno- váveis ou não, abrangendo uma faixa ma- rítima e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano”. O Plano Nacional foi constituído para estabelecer diretrizes para a elaboração de zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira, com a prioridade de conservação e proteção dos seguintes bens: I – recursos naturais, renováveis e não re- nováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas flu- viais, estuarinos e lagunares, baías e ensea- das; praias; promontórios, costõese grutas marinhas; restingas e dunas; florestas lito- râneas, manguezais e pradarias submersas; II – sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de preservação permanente; 380 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) III – monumentos que integrem o patrimô- nio natural, histórico, paleontológico, espe- leológico, arqueológico, étnico, cultural e paisagístico. Portanto, o principal instrumento de Gerenciamento Ambiental Costeiro é o Zo- neamento Ambiental, sendo as áreas costei- ras divididas em grandes compartimentos, conforme suas potencialidades naturais e perspectivas de uso, tanto das porções con- tinentais como das marítimas (Bitar e Orte- ga, 1998). Machado (1995) ressalta, ainda, que o zoneamento costeiro deve contemplar os seguintes aspectos: urbanização, ocupação e uso do solo, subsolo e das águas; parcela- mento e remembramento do solo; sistema QUADRO 16.1 Síntese da situação atual dos recursos hídricos no Brasil CAPÍTULOS CONTEÚDO Apresenta quadro referencial do país em termos de qualidade e quantidade de águas superficiais e subterrâneas, bem como dos diversos usos e usuários da água. Aborda temas relacionados à polí- tica e ao modelo de gestão de recursos hídricos vigentes no Brasil e situações especiais de planejamento definidas pelo PNRH. Define três cenários prováveis sobre os recursos hídricos no Brasil para 2020. Estabelece orientações gerais para as tomadas de decisão no âmbito do Plano. Apresenta os programas, subprogramas e metas do PNRH, com marcos operacionais e indicadores de monitoramento e avaliação dos resultados alcançados em sua implementação. Reúne de forma sintética e objetiva, as informações apresentadas nos 4 volumes que compõem o Plano. Caracterizam as 12 regiões hidrográficas brasileiras sob aspectos ambientais, políticos, legal-institucionais, econômicos, demográfi- cos, socioculturais, científico-tecnológicos. Caracterizam os 5 setores usuários de recursos hídricos – saneamento, agropecuária, energia hidrelétrica, transporte hidroviário e indústria e turismo. Apresenta o detalhamento dos programas I a IV do PNRH. Apresenta o detalhamento dos programas V a VII do PNRH. Detalha este que é o Programa VIII do PNRH. Panorama e estado dos recursos hídricos do Brasil Águas para o futuro: Cenários para 2020 Diretrizes Programas nacionais e metas Síntese executiva do PNRH 12 cadernos regionais de recursos hídricos 5 cinco setoriais de recursos hídricos Programas de desenvolvimento da gestão integrada Programas de articulação intersetorial, interinstitu- cional e intra-institucional Programa nacional de águas subterrâneas Meio ambiente e sustentabilidade 381 viário e de transportes; sistema de produ- ção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico; turismo, re- creação e lazer, patrimônio natural, históri- co, étnico, cultural e paisagístico. Os procedimentos para operacionali- zação do PNGC foram definidos inicial- mente pela Resolução no 01, de 21 de no- vembro de 1990, da Comissão Interministe- rial para Recursos do Mar (CIRM), com o objetivo principal de “orientar a utilização racional dos recursos na zona costeira, de forma a contribuir para elevar a qualidade de vida de sua população e a proteção do seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural”. Em 13 de dezembro de 1997, foi insti- tuída a Resolução n. 05 pelo CIRM, a qual aprova o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro II (PNGC II). Essa revisão do Plano Nacional buscou consolidar os avan- ços obtidos para a continuidade das ações desenvolvidas pelo primeiro PNGC. A área de abrangência do PNGC II é a Zona Cos- teira, que se refere ao espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos ambientais, abrangendo as se- guintes faixas: n Faixa marítima: se estende mar afora distando 12 milhas marítimas das Li- nhas de Base estabelecidas de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, compreendendo a totalidade do Mar Territorial. n Faixa terrestre: faixa do continente for- mada pelos municípios que sofrem in- fluência dos fenômenos ocorrentes na Zona Costeira, que são: a) os municípios defrontantes com o mar, assim considerados em listagem dessa classe, estabelecida pelo Instituto Brasi- leiro de Geografia e Estatísticas (IBGE); b) os municípios não defrontantes com o mar que se localizam nas regiões metropolitanas litorâneas; c) os municípios contíguos às grandes cidades e às capitais estaduais litorâ- neas, que apresentem processo de co- nurbação; d) os municípios próximos ao litoral, até 50 km da linha de costa, que aloquem, em seu território, atividades ou infra- estruturas de grande impacto ambien- tal sobre a Zona Costeira, ou ecossiste- mas costeiros de alta relevância; e) os municípios estuarinos-lagunares, mesmo que não diretamente defron- tantes com o mar, dada a relevância desses ambientes para a dinâmica marítimo-litorânea; f) os municípios que, mesmo não de- frontantes com o mar, tenham todos os limites estabelecidos com os muni- cípios referidos nas alíneas anteriores. O PNGC II estabelece também uma relação de novos instrumentos de gestão ambiental, em complemento àqueles já pre- vistos na Política Nacional de Meio Am- biente. O Quadro 16.2 apresenta esses ins- trumentos e suas respectivas características. Já no Quadro 16.3 se relacionam as atribui- ções e competências sobre o PNGC confor- me o nível hierárquico do Poder Público. Gestão ambiental urbana A Gestão Ambiental Urbana é considerada em várias legislações, contudo, foi a Lei Fe- deral n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, que dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano, que abordou de forma mais deta- lhe os primeiros requisitos para que se pu- desse estabelecer um ordenamento mais adequado das áreas urbanas. No seu artigo 3o, a citada Lei estabelece que o parcelamento de solo para fins urba- nos somente poderá ocorrer em zonas urba- nas ou de expansão urbana definidas por Lei Municipal específica. Dispõe, ainda, que não será permitido o parcelamento do solo: Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor O vídeo a seguir apresenta uma contextualização relacionada com alguns aspectos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/b0bdf19f3e7b43d832cb90a7ec7c0a08 Exercícios 1) A administração das águas brasileiras é baseada na Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.433/97, e prediz que a gestão desse recurso deve ser feita: A) De forma centralizada, no Poder Público. B) De forma centralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. C) De forma descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. D) De forma descentralizada, apenas nas comunidades. E) De forma descentralizada e contar com a participação dos usuários e das comunidades. 2) São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, EXCETO: A) Os Planos de Recursos Hídricos. B) A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos. C) O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. D) O diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos. E) O enquadramento dos corpos de água em classes. 3) Compõem o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, EXCETO: A) O Departamento de Recursos Hídricos. B) O Conselho Nacional de Recursos Hídricos. C) Os Comitês de Bacia Hidrográfica. D) Os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal. E) As agências de água. 4) Os Planos de Recursos Hídricos são elaborados: A) Por bacia hidrográfica, por município, por estado e para o país. B) Por bacia hidrográfica,por estado e para o país. C) Apenas para o país. D) Apenas por bacia hidrográfica. E) Por estado e para o país. 5) A respeito das infrações às normas de utilização de recursos hídricos, marque a alternativa correta. A) Perfurar poços para extração de água subterrânea sem outorga é considerado uma infração. B) A infração às normas de utilização da água à que se refere a Política Nacional de Recursos Hídricos é focada apenas nas águas superficiais. C) A advertência e a multa são as penalidades previstas para as infrações às normas de utilização da água. D) Dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções não é considerado uma infração. E) Em caso de reincidência, a multa será aplicada em triplo. Na prática Você é professor de uma universidade, do curso de Gestão Ambiental. Está atuando na disciplina de Recursos Hídricos e, em aula, ministrando matéria a respeito da Política Nacional de Recursos Hídricos. Um aluno lhe pergunta quais são as maiores inovações da Lei que trata do assunto. Prontamente, você responde a favor de dois aspectos: Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Política Nacional dos Recursos Hídricos Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Ministério do meio ambiente: plano nacional de recursos hídricos Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos/plano-nacional-de-recursos-hidricos
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