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Prévia do material em texto

Gestão de 
Recursos Hídricos
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profº. Ms. Carlos Eduardo Martins 
Revisão Textual:
Profª. Esp. Kelciane da Rocha Campos 
Gestão de Recursos Hídricos
5
• Gestão de recursos hídricos: legislação e normatização
• O atual estado de coisas da gestão de recursos hídricos
• Histórico da gestão de recursos hídricos
• A água e a internacionalização da questão ambiental
• A política de gerenciamento de recursos hídricos do estado de São Paulo
• Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH
• Comitês de Bacias Hidrográficas – CBH
• Compartilhamento da gestão dos recursos hídricos
• Política Nacional de Recursos Hídricos
• Infrações e penalidade no âmbito da gestão dos recursos hídricos
 · O objetivo desta unidade é analisar os tratados e acordos internacionais, leis, 
normas e regulamentações nacionais sobre a gestão dos recursos hídricos.
Olá!
Nesta unidade, em que trataremos da gestão de recursos hídricos: legislação e normatização, 
você terá acesso a diversos recursos.
Fique atento(a) aos prazos das atividades que serão colocadas no ar.
Recorra sempre que possível às videoaulas e ao PowerPoint narrado para tirar eventuais 
dúvidas sobre o conteúdo textual.
Participe do fórum de discussão proposto para o tema.
E em seu tempo livre, pesquise as fontes do material complementar.
Além disso, procure pesquisar o máximo que puder sobre o tema “Gestão de recursos 
hídricos: legislação e normatização”. Há inúmeros conteúdos na internet que são bastante 
úteis para o seu estudo e para a sua formação profissional.
Bom estudo!
Gestão de recursos hídricos: legislação 
e normatização
6
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
Contextualização
Brasil vive um conflito por água a cada quatro dias
Rafael Barifouse – BBC. 05/02/2015
As disputas por recursos hídricos no Brasil atingiram um novo recorde 
histórico em 2013, segundo dados preliminares do levantamento anual feito 
pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), obtidos com exclusividade pela “BBC 
Brasil”.
Foram identificados 93 conflitos por água em 19 Estados, o maior desde 
2002, quando eles passaram a ser monitorados pelo órgão, que é ligado à 
Igreja Católica. Isso representa um conflito hídrico a cada quatro dias.
No ano passado, houve um aumento de 17% no número de disputas em 
relação a 2012. Foi o segundo ano seguido de intensificação dos conflitos. Em 
2012, houve 79 conflitos, um aumento de 16% em relação a 2011.
Apropriação
No ano passado, a Bahia foi o Estado que mais teve disputas deste tipo, 
num total de 21. Em segundo lugar, ficou o Rio de Janeiro, com sete disputas.
O Nordeste foi a região mais conflitante, com 37 casos registrados, seguido 
pelo Norte do país, com 27 casos.
De acordo com a CPT, muitas destas disputas ocorrem para evitar a 
apropriação de recursos hídricos por empresas, como mineradoras e fazendas, 
ou para impedir a construção de barragens ou açudes.
“Além da investida na Amazônia, com a construção de duas grandes 
hidrelétricas, de Belo Monte e Tapajós, o cerrado e a Mata Atlântica também 
têm sofrido com mais conflitos por causa de disputas de territórios entre 
comunidades pobres e grandes empresas de mineração e agricultores”, afirma 
Isolete Wichinieski, coordenadora nacional da CPT.
Preservação
Muitas das disputas também ocorrem por ações de resistência, em geral 
coletivas, para garantir a preservação da fonte de água.
“Hoje existe uma maior preocupação em preservar o meio ambiente, o que 
também gera mais embates”, afirma Wichinieski.
BARIFOUSE, Rafael. Brasil vive um conflito por água a cada quatro dias. In: Uol notícias. Disponível em: 
<http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/bbc/2015/02/05/brasil-vive-um-conflito-por-agua-a-cada-quatro-dias.htm>. Acesso em: 
14 mar. 2015.
7
Gestão de recursos hídricos: legislação e normatização
No Brasil, o âmbito legal tem, cada vez mais, conduzido o trato da temática “recursos hídricos” 
no sentido da gestão participativa, envolvendo cada vez mais não só as instituições ou organismos 
governamentais em todos os seus níveis de poder, como a sociedade civil organizada. Esse 
modelo tem como vantagem o fato de permitir maior divisão das responsabilidades, e também o 
fato de dar maior disciplinamento às atividades humanas que dependem da água para existirem.
Nesta unidade, veremos como o amadurecimento jurídico-político estendeu-se para a gestão 
participativa dos recursos hídricos nas várias esferas de poder e de participação pública.
O atual estado de coisas da gestão de recursos hídricos
Pode-se dizer que a gestão dos recursos hídricos no Brasil deve-se a um conjunto de 
fatores jurídico-políticos tornados sistemáticos a partir das décadas de 1970 e 1980, muito 
embora haja, de forma difusa, na legislação brasileira, tentativas anteriores de legislar sobre 
a água. Nesse período, as preocupações nacionais e internacionais convergiram no sentido 
de enxergar as pressões sobre a água como uma ameaça à sua perenidade e qualidade física, 
química e biológica.
As respostas políticas vieram com a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA1, em 
1981, e com a Constituição Federal2 de 1988. Ambas deram início ao processo que levou à 
institucionalização da proteção ao meio ambiente em geral e às águas de forma mais difusa. 
Tais instrumentos foram corroborados e voltados para o tema “recursos hídricos” pela entrada 
em vigor da Lei nº 9.433/1997, ou “Lei das Águas”3, que dispôs sobre a Política Nacional 
de Recursos Hídricos - PNRH e sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos - SINGREH.
O SINGREH constitui-se pela articulação organizacional ligada ao gerenciamento dos 
recursos hídricos em todos os níveis de poder. Essa articulação visou estabelecer a harmonia, 
a homogeneização e a corresponsabilidade nos procedimentos de gestão das águas em todo 
o território nacional.
Outro marco de grande relevância para a gestão de recursos hídricos no Brasil foi a 
criação da Lei nº 9.984/20004, que dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas 
– ANA, entidade federal que passou a ser responsável pela implementação da PNRH e pela 
coordenação do SINGREH.
Ainda que entendamos que a gestão de recursos hídricos seja considerada uma prática 
recente, ao longo da história houve alguns episódios que, de forma isolada, podem ser 
considerados como antecedentes da PNRH.
1 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm Acesso em: 10 mar. 2015.
2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Acesso em: 10 mar. 2015.
3 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm Acesso em: 10 mar. 2015.
4 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9984.htm Acesso em: 10 mar. 2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9984.htm
8
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
Histórico da gestão de recursos hídricos
O primeiro indício de gestão de recursos hídricos aparece no artigo 5º, inciso XIX, alínea 
“j” - dispositivos constitucionais de cunho ambiental dispondo que “compete privativamente à 
União”, da Constituição Federal de 19345, [...] “legislar sobre [...] j) bens do domínio federal, 
riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia hidrelétrica, florestas, caça e pesca 
e a sua exploração”.
No documento supracitado, propôs-se a regulamentação federal do uso dos recursos 
hídricos, tendo-se em vista o aumento da demanda, principalmente por energia elétrica e 
água para uso industrial. 
No artigo 119 da Constituição de 1934, definiu-se que o aproveitamento industrial das 
águas e da energia hidráulica dependeria de autorização ou concessão federal. Tal princípio 
denota as primeiras tomadas de decisão no sentido do disciplinamento do uso dos recursos 
hídricos no Brasil, que iniciava uma fasede industrialização-urbanização cada vez mais intensa.
Como decorrência do contexto supracitado, o aumento da demanda por água levou a efeito 
a edição do Decreto Federal 24.643 de 19346, que ficou conhecido como “Código de Águas”. 
O documento dispôs sobre:
 · Os tipos de água em: águas públicas de uso comum, águas comuns e águas particulares;
 · Critérios de aproveitamento da água;
 · A contaminação dos corpos hídricos;
 · O aproveitamento industrial das águas.
Faz-se necessário especificar aqui os tipos de água e suas particularidades. Esse dispositivo 
legal pode ser considerado o primeiro conjunto de normas a estabelecer as características dos 
corpos d’água com vistas ao seu aproveitamento, já disciplinado no artigo 119 da Constituição 
do mesmo ano.
Segundo o “Código de Águas”, a classificação das águas obedecia à seguinte especificação:
 · Águas públicas de uso comum: os mares territoriais, incluindo golfos, baías, enseadas e 
portos; as águas interiores correntes ou dormentes, navegáveis ou flutuáveis; as águas 
correntes ou braços de quaisquer correntes públicas, que, desembocando em outra, 
tornam-na navegável ou flutuável; e as fontes e reservatórios públicos.
 · Águas públicas eram as águas navegáveis ou flutuáveis de domínio da União, dos Estados 
e dos Municípios, eram separadas da seguinte forma: 
• Águas municipais: as que estavam contidas dentro dos limites dos municípios;
• Águas estaduais: as que serviam de limites entre municípios;
• Águas nacionais ou da União: as águas marítimas, as águas situadas nos antigos 
 territórios federais e as que servissem de limites entre unidades da federação ou 
 passassem de uma para a outra.
 · Águas comuns: águas correntes não navegáveis, nem flutuáveis, consideradas como 
“bens comuns” a todos os brasileiros.
5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm Acesso em: 10 mar. 2015.
6 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm Acesso em: 10 mar. 2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm
9
Em menor número, ocorriam ainda as águas denominadas de particulares. Nessa categoria, 
estavam as águas contidas em áreas particulares não consideradas comuns ou públicas.
A tipificação relacionada acima evidencia uma tentativa de discriminar as águas segundo 
seus aspectos potenciais e, nesse sentido, corroborar o disciplinamento em relação ao uso que 
se fizessem delas, já previsto na Constituição mencionada. Afinal, os sinais de crescimento 
populacional e intensificação econômica já eram claros e isso requeria um mínimo de 
planejamento, ainda que este fosse excessivamente voltado às finalidades econômicas das águas.
Posteriormente ao lançamento do Código de Águas e da tipificação destas em função dos 
seus aspectos potenciais, definiram-se também a estrutura organizacional e suas competências 
na gestão das águas determinada até então. A estrutura organizacional foi definida para 
respeitar as hierarquias, ou federalismo, dos níveis político-administrativos internos ao país.
Sendo assim, as águas de domínio da União passaram a ser geridas pelo Departamento 
Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE. O mesmo documento criou o Departamento 
Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, para gerir os recursos hídricos especificamente 
situados no semiárido nordestino.
As águas de domínio dos estados passaram a ser gerenciadas por órgãos seccionais 
encarregados de conceder/autorizar a derivação e o aproveitamento energético das águas 
dentro dos limites das respectivas unidades da federação.
Posteriormente, como consequência das iniciativas de reforço das premissas federalistas e 
restrições às particularidades locais, a Constituição Federal de 19467 ampliou o exercício do 
poder da União sobre as águas. Tal documento, que substituiu o de 1937, criado durante o 
governo de Getúlio Vargas, é considerado como um instrumento de retomada da democracia, 
ofuscada pelo modo ditatorial como Vargas governou o Brasil (1930 a 1945). No artigo 34 
do documento em questão, lê-se:
[...] os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos do seu domínio ou 
que banhem mais de um Estado, sirvam de limite com outros países ou se 
estendam a território estrangeiro, e bem assim as ilhas fluviais e lacustres nas 
zonas limítrofes com outros países.
Em complemento a essa iniciativa, o artigo 35 subordinou à União “os lagos e rios em 
terrenos do seu domínio e os que têm nascente e foz no território estadual”.
A análise atenta dos dispositivos constitucionais supracitados já indicava que a gestão dos 
recursos hídricos deveria respeitar a delimitação das bacias hidrográficas ao nível regional, um 
pressuposto que, como veremos mais adiante, é adotado como determinante na gestão das 
águas no presente.
Coincidentemente ao período de industrialização/urbanização brasileira, têm início as 
preocupações com as questões sanitárias, especificamente com relação à qualidade das águas 
para o consumo humano e com as águas residuais das atividades econômicas. Nesse sentido, o 
decreto-lei nº 2.0598, de 1940, que altera Código de Águas de 1934, estabeleceu no artigo 271:
corromper ou poluir água potável de uso comum ou particular, tornando-a 
imprópria para o consumo ou nociva à saúde. Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) 
anos. Se o crime é culposo – pena: detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
7 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm Acesso em: 11 mar. 2015.
8 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del2059.htm Acesso em: 11 mar. 2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del2059.htm
10
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
O que o trecho assinalado acima ressalta é a primeira iniciativa de penalização 
à degradação das águas ao nível federal. O teor do texto reflete as preocupações com 
eventuais consequências à saúde das populações urbanas. Se a base conceitual do Código 
de Águas foram as preocupações em garantir o uso rural da água, agora, sem dúvida 
nenhuma, pesava o desastroso histórico de epidemias pregressas que afetaram diversos 
outros adensamentos humanos. A partir de então, essa será a premissa básica da gestão 
das águas no Brasil.
Mais recentemente, a Constituição Federal de 1988 eliminou as ambiguidades anteriores 
e passou a considerar todas as águas como públicas, tendo como princípio norteador que 
os recursos hídricos, incluindo os subterrâneos, são bens da União de uso comum do povo9. 
Por outro lado, é nítida a pressão exercida pelas organizações internacionais pela adoção no 
Brasil de políticas de proteção dos recursos hídricos.
A água e a internacionalização da questão ambiental
A partir da década de 1950, o tema meio ambiente alcançou a esfera internacional, além 
dos organismos supranacionais como a ONU, por exemplo. As convenções da ONU sobre 
meio ambiente começaram a dedicar parte das suas pautas ao debate das causas da degradação 
das águas, além de propor mecanismos de gestão destas para os países membros.
O marco mais representativo desse processo de ascensão das questões ambientais no 
âmbito político-jurídico foi a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
- PNUMA, durante a Conferência de Estocolmo10, na Suécia, em 1972. Essa conferência foi 
subsequente à Convenção sobre as Zonas Úmidas de Importância Internacional, realizada na 
cidade de Ramsar11, no Irã, em 1971. Nesse encontro, os representantes de diversas nações 
trataram sobre a proteção dos mananciais como forma de garantia das reservas de água doce 
e também dos habitats de espécies aquáticas.
Posteriormente, tanto a Conferência das Nações Unidas sobre Água ocorrida em 1977 
em Mar Del Plata, quanto a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento12 de 1992, conhecida como Rio-92, debruçaram-sesobre a problemática 
da água, gerando diversas iniciativas voltadas à diminuição da degradação e à proteção de tal 
recurso. Daí por diante, coube aos estados nacionais determinar em suas políticas internas os 
mecanismos de gerenciamento das águas.
No caso do Brasil, a PNRH abarcou todos os mecanismos para a implementação da 
gestão dos recursos hídricos em todas as escalas político-administrativas dentro das fronteiras 
nacionais. A PNRH é, em grande parte, inspirada em um modelo que já havia sido implantado 
de forma pioneira no Estado de São Paulo.
9 A Constituição Federal, artigo 20, inciso III, define que são bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu 
 domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele 
 provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.
10 Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc Acesso em: 11 mar. 2015.
11 Disponível em: http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-aquatica/zonas-umidas-convencao-de-ramsar Acesso em: 11 mar. 2015.
12 Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/conferencia_das_nacoes_unidas_sobre_meio_ambiente_e_desenvolvimento_-_eco-92.html Acesso em: 
 11 mar. 2015.
http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc
http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-aquatica/zonas-umidas-convencao-de-ramsar
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/conferencia_das_nacoes_unidas_sobre_meio_ambiente_e_desenvolvimento_-_eco-92.html
11
A política de gerenciamento de recursos hídricos do estado 
de São Paulo
A gestão dos recursos hídricos teve início no Estado de São Paulo com a promulgação 
da Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991, denominada “Lei de Águas Paulista”13, que 
estabelece as normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos – PERH, bem 
como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH. O modelo 
paulista de gestão de recursos hídricos apresenta o seguinte funcionamento:
 · Gerenciamento descentralizado, participativo e integrado, sem dissociação dos aspectos 
quantitativos e qualitativos e das fases meteórica, superficial e subterrânea do ciclo 
hidrológico;
 · Adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento e 
gerenciamento;
 · Reconhecimento do recurso hídrico como um bem público, de valor econômico, cuja 
utilização deve ser cobrada, observados os aspectos de quantidade, qualidade e as 
peculiaridades das bacias hidrográficas;
 · Rateio do custo das obras de aproveitamento múltiplo de interesse comum ou coletivo 
entre os beneficiados;
 · Combate e prevenção das causas e dos efeitos adversos da poluição, das inundações, 
das estiagens, da erosão do solo e do assoreamento dos corpos d’água;
 · Compensação aos municípios afetados por áreas inundadas resultantes da implantação 
de reservatório e por restrições impostas pelas leis de proteção de recursos hídricos;
 · Compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o desenvolvimento 
regional e com a proteção do meio ambiente.
Tais princípios supracitados passaram, desde então, a orientar as ações do poder executivo 
estadual no sentido de alcançar os seguintes objetivos:
 · Utilização racional dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, assegurando o uso 
prioritário para o abastecimento das populações;
 · Maximização dos benefícios econômicos e sociais resultantes do aproveitamento múltiplo 
dos recursos hídricos;
 · Proteção das águas contra ações que possam comprometer o seu uso atual e futuro;
 · Defesa contra eventos hidrológicos críticos que ofereçam riscos à saúde e à segurança 
públicas assim como prejuízos econômicos e sociais;
 · Desenvolvimento do transporte hidroviário e seu aproveitamento econômico;
 · Desenvolvimento de programas permanentes de conservação e proteção das águas 
subterrâneas contra poluição e superexploração;
 · Prevenção da erosão do solo nas áreas urbanas e rurais, com vistas à proteção contra a 
poluição física e o assoreamento dos corpos d’água.
13 Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/agua_sub/arquivos/Lei_Estadual_7663_91.pdf Acesso em: 11 mar. 2015.
http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/agua_sub/arquivos/Lei_Estadual_7663_91.pdf
12
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
Mantendo a coerência com o que previa a Política Nacional do Meio Ambiente14 com 
relação ao licenciamento ambiental, a “Lei de Águas Paulista” prevê que empreendimento 
que demande
[...] a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, a execução 
de obras ou serviços que alterem seu regime, qualidade ou quantidade 
dependerá de prévia manifestação, autorização ou licença dos órgãos e 
entidades competentes.
Acrescentando-se ao exposto acima, o disciplinamento quanto ao uso dos recursos hídricos 
foi estabelecido a partir da instituição das regras determinadas pelo cadastramento e pela 
outorga do direito de uso para as atividades de:
 · Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo 
final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
 · Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo 
produtivo;
 · Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, 
tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
 · Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
 · Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em 
um corpo de água.
Em consonância com a Resolução CONAMA, o sistema de cobrança pelo uso dos recursos 
hídricos obedece aos seguintes instrumentos:
 · Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH;
 · Planos de Bacias Hidrográficas;
 · Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo;
 · Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas.
O Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH, que determina 
a situação organizacional da “Lei das Águas Paulista”, visa a execução da Política 
Estadual de Recursos Hídricos e a formulação, atualização e aplicação do Plano Estadual 
de Recursos Hídricos, congregando órgãos estaduais e municipais e a sociedade civil. 
São componentes do corpo de coordenação e de integração participativa os organismos 
relacionados em seguida.
14 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm Acesso em: 09 mar. 2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
13
Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH
É um organismo de nível central, constituído por: secretários de estado, ou seus representantes, 
cujas atividades se relacionem com o gerenciamento ou uso dos recursos hídricos, a proteção 
do meio ambiente, o planejamento estratégico e a gestão financeira do estado; representantes 
dos municípios contidos nas bacias hidrográficas, eleitos entre seus pares; representantes de 
universidades, institutos de ensino superior e de pesquisa, do Ministério Público e da sociedade 
civil organizada.
A competência do CRH consiste em:
 · Discutir e aprovar propostas de projetos de Lei referentes ao Plano Estadual de Recursos 
Hídricos, assim como as que devam ser incluídas nos projetos de Lei sobre o plano 
plurianual, as diretrizes orçamentárias e orçamento anual do estado;
 · Aprovar o relatório sobre a “Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo”;
 · Exercer funções normativas e deliberativas relativas à formulação, implantação e 
acompanhamento da Política Estadual de Recursos Hídricos;
 · Estabelecer critérios e normas relativas ao rateio, entre os beneficiados, dos custos das 
obras de uso múltiplo dos recursos hídricos ou de interesse comum ou coletivo;
 · Estabelecer diretrizes para a formulação de programas anuais e plurianuais de aplicação 
de recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO;
 · Efetuar o enquadramento de corpos d’água em classesde uso preponderante, com base 
nas propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH, compatibilizando-as em 
relação às repercussões interbacias e arbitrando os eventuais conflitos decorrentes;
 · Decidir, originariamente, os conflitos entre os Comitês de Bacias Hidrográficas, com 
recurso ao Chefe do Poder Executivo, em último grau, conforme dispuser o regulamento.
14
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
Comitês de Bacias Hidrográficas – CBH
Organismos com atuação em unidades hidrográficas estabelecidas pelo Plano Estadual 
de Recursos Hídricos, sendo compostos por: representantes da Secretaria de Estado ou de 
órgãos e entidades da administração direta e indireta, cujas atividades se relacionem com 
o gerenciamento ou uso de recursos hídricos, proteção ao meio ambiente, planejamento 
estratégico e gestão financeira do estado, com atuação na bacia hidrográfica correspondente; 
representantes dos municípios contidos na bacia hidrográfica correspondente; representantes 
de entidades da sociedade civil, sediadas na bacia hidrográfica, respeitado o limite máximo de 
um terço do número total de votos, por universidades, institutos de ensino superior e entidades 
de pesquisa e desenvolvimento tecnológico; usuários das águas, representados por entidades 
associativas; associações especializadas em recursos hídricos, entidades de classe e associações 
comunitárias, e outras associações não governamentais.
As competências dos Comitês de Bacias Hidrográficas compreendem:
 · Aprovar a proposta da bacia hidrográfica, para integrar o Plano Estadual de Recursos 
Hídricos e suas atualizações;
 · Aprovar a proposta de programas anuais e plurianuais de aplicação de recursos 
financeiros em serviços e obras de interesse para o gerenciamento dos recursos hídricos, 
em particular os referidos no Artigo 4.º desta Lei, quando relacionados com recursos 
hídricos;
 · Aprovar a proposta do plano de utilização, conservação, proteção e recuperação dos 
recursos hídricos da bacia hidrográfica, em especial o enquadramento dos corpos d’água 
em classes de uso preponderantes, com o apoio de audiências públicas;
 · Promover entendimento, cooperação e eventual conciliação entre os usuários dos 
recursos hídricos;
 · Promover estudos, divulgação e debates, dos programas prioritários de serviços e obras 
a serem realizados no interesse da coletividade;
 · Apreciar, até 31 de março de cada ano, relatório sobre a Situação dos Recursos Hídricos 
da Bacia Hidrográfica.
Do ponto de vista organizacional, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH e os 
Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH, devem contar com o apoio do Comitê Coordenador 
do Plano Estadual de Recursos Hídricos – CORHI, que tem as seguintes atribuições:
 · Coordenar a elaboração periódica do Plano Estadual de Recursos Hídricos, incorporando 
as propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas - CBH, e submetendo-as ao Conselho 
Estadual de Recursos Hídricos – CRH;
 · Coordenar a elaboração de relatórios anuais sobre a situação dos recursos hídricos do 
Estado de São Paulo, de forma discriminada por bacia hidrográfica;
 · Promover a integração entre os componentes do SIGRH, a articulação com os demais 
sistemas do estado em matéria correlata, com o setor privado e a sociedade civil;
 · Promover a articulação com o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos 
Hídricos, com os estados vizinhos e com os Municípios do Estado de São Paulo.
15
Nas bacias hidrográficas, onde os problemas relacionados aos recursos hídricos assim o 
justificarem, por decisão do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e aprovação do Conselho 
de Recursos Hídricos, poderá ser criada a Agência de Bacias: entidade jurídica, com estrutura 
administrativa e financeira própria.
Segundo a “Lei das Águas Paulista”, as agências de bacias seriam criadas apenas a partir do 
início da cobrança pelo uso dos recursos hídricos e teriam sua vinculação ao Estado e organização 
administrativa, além de sua personalidade jurídica, disciplinadas na lei que autorizar sua criação.
O papel da Agência de Bacias é o de exercer as funções de secretaria executiva do Comitê 
de Bacia Hidrográfica, tendo como atribuições:
 · Elaborar periodicamente o plano de bacia hidrográfica, submetendo-o aos Comitês 
de Bacia, encaminhando-o posteriormente ao CORHI, como proposta para integrar o 
Plano Estadual de Recursos Hídricos;
 · Elaborar os relatórios anuais sobre a “Situação dos Recursos Hídricos da Bacia 
Hidrográfica”, submetendo-o ao Comitê de Bacia, encaminhando-o posteriormente, 
como proposta, ao CORHI;
 · Gerenciar os recursos financeiros do FEHIDRO pertinentes à bacia hidrográfica, gerados 
pela cobrança pelo uso da água e os outros definidos no Artigo 36, em conformidade 
do CRH e ouvido o CORHI;
 · Promover, na bacia hidrográfica, a articulação entre os componentes do SIGRH, com os 
outros sistemas do Estado, com o setor produtivo e a sociedade civil.
Compartilhamento da gestão dos recursos hídricos
Desde a criação da “Lei das Águas Paulista”, o poder público estadual busca incentivar a 
formação de agrupamentos intermunicipais nas bacias ou regiões hidrográficas críticas, onde 
o gerenciamento dos recursos hídricos deve obedecer a diretrizes e objetivos específicos de 
maneira colaborativa.
A gestão dos recursos hídricos pode ser efetuada pela municipalidade nos casos em que as 
bacias hidrográficas e ou aquíferos subterrâneos se situem exclusivamente dentro dos limites 
municipais.
Igualmente ao incentivo à participação dos municípios, o poder público estadual busca 
fomentar a organização de associações de usuários, a fim de que estas possam exercer o papel 
de auxílio no gerenciamento dos recursos hídricos e na implantação, operação e manutenção 
de obras e serviços necessários à infraestrutura para tal ação.
Levando-se em conta a demanda técnica para a gestão dos recursos hídricos, o poder 
público estadual estabelece parcerias com universidades, institutos de ensino superior e 
com entidades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, buscando, com isso, capacitar 
pessoas, eliminar ambiguidades metodológicas, aperfeiçoar técnicas e inovar procedimentos 
administrativos e operacionais.
16
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
Para permitir a implementação das operações necessárias à implantação da gestão dos 
recursos hídricos no Estado de São Paulo, prevista na Política Estadual de Recursos Hídricos, 
o poder público criou o Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO, uma ferramenta de 
suporte financeiro com recursos provenientes:
 · Do estado e dos municípios participantes;
 · De transferências da União e ou de estados vizinhos e que tenham interesse comum na 
gestão dos recursos hídricos de bacias específicas;
 · De eventuais compensações financeiras recebidas pelo estado, decorrentes de 
aproveitamentos hidroenergéticos em seu território, como as oriundas de exploração de 
petróleo, gás natural e outros recursos minerais;
 · De empréstimos nacionais e internacionais e recursos provenientes da ajuda e cooperação 
internacional e de acordos intergovernamentais;
 · De retorno das operações de crédito contratadas, com órgãos e entidades da administração 
direta e indireta do estado e dos municípios, consórcios intermunicipais, concessionárias 
de serviços públicos e empresas privadas;
 · De fruto de operações de crédito e rendas provenientes da aplicação de seus recursos;
 · De receitas oriundas de aplicações de multas cobradas dos infratores da legislação 
de águas;
 · De produtos dos rateios de custos referentes a obras de aproveitamento múltiplo, de 
interesse comum ou coletivo;
 · De doações de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras 
ou multinacionais e recursos eventuais.
Independentemente do valor necessário, a aplicação de recursos do FEHIDRO tem 
sua orientação definida no Plano Estadual de Recursos Hídricos, combinado com o Plano 
Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e com o orçamento anual do Estado deSão 
Paulo. Em observância aos princípios da lei, os recursos financeiros arrecadados devem ser 
aplicados apenas na bacia hidrográfica que demandaram o levantamento dos recursos. Todo 
esse aparato colocado em operação no âmbito estadual serviu de base para a criação do 
sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, bem como às outras unidades da 
federação. Em obediência à proposta inicial deste material teórico, abordaremos apenas a 
política nacional.
17
Política Nacional de Recursos Hídricos
Em 08 de janeiro de 1997, foi promulgada a Lei nº 9.433, denominada “Lei das Águas”, 
que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, além de criar o Sistema Nacional 
de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SNGRH, regulamentando também o inciso XIX do 
art. 21 da Constituição Federal15, e alterando o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 
199016, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 198917.
A “Lei das Águas”, promulgada e implementada pelo Poder Executivo Federal, tem seis 
premissas ou fundamentos básicos ou, ainda, os chamados princípios de Dublin:
 · A água é um bem de domínio público;
 · A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
 · Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e 
a dessedentação18 de animais;
 · A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
 · A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional 
de Recursos Hídricos - PNRH e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos – SINGREH;
 · A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do 
Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Como se pode observar nos itens anteriores, a PNRH é bastante similar em seus princípios 
ao modelo paulista. A “Lei das Águas” apresenta três objetivos gerais:
 · Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões 
de qualidade adequados aos respectivos usos;
 · A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, 
com vistas ao desenvolvimento sustentável;
 · A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou 
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
De modo geral, a lei foi prevista para funcionar de forma integrada aos outros aspectos 
do meio ambiente, bem como aos projetos de desenvolvimento regional e às múltiplas 
particularidades encontradas nas diversas regiões do país. Da mesma forma como ocorre no 
modelo paulista, a implementação da “Lei das Águas” ocorre por meio de um conjunto de 
instrumentos, a saber:
 · Os Planos de Recursos Hídricos (PRH) – podem ocorrer nas esferas nacional, 
estadual ou por bacia hidrográfica. Nos dois primeiros casos, trata-se de estratégias de 
estabelecimento de diretrizes gerais sobre os recursos hídricos nacionais e estaduais; o 
último é um instrumento de ação local quanto à conservação, recuperação e ou utilização 
dos recursos hídricos da bacia em questão.
15 “[...] instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; [...]”. Disponível 
 em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 09 mar. 2015.
16 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8001.htm Acesso em: 09 mar. 2015.
17 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7990.htm Acesso em: 09 mar. 2015.
18 Matar a sede.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8001.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7990.htm
18
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
 · O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da 
água – consiste em propor parâmetros de qualidade das águas ou, se for o caso, indicar 
metas para serem alcançadas para a qualidade da água de uma bacia compativelmente 
ao uso que será feito dela.
 · A outorga19 dos direitos de uso (por prazo não excedente a trinta e cinco anos, mas 
renovável) de recursos hídricos – instrumento no qual o poder público autoriza o uso 
das águas por tempo determinado e segundo condições pré-estabelecidas, permitindo o 
acesso à água, mas assegurando o controle quantitativo e qualitativo do uso.
 · A cobrança pelo uso de recursos hídricos – instrumento que permite reconhecer a 
água como bem econômico, dando ao usuário uma indicação de seu real valor; busca 
incentivar a racionalização do uso da água; deve ser a fonte de recursos financeiros para 
o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos 
hídricos. Os recebimentos pela cobrança pelo uso da água deverão ser investidos em 
projetos na própria bacia hidrográfica da arrecadação.
 · O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (SIRH) – Trata-se do sistema de 
coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos 
e fatores intervenientes em sua gestão.
Além dos instrumentos supracitados e a fim de padronizar, descentralizar e dividir 
responsabilidades, a “Lei das Águas” criou o SINGREH, encarregado de:
 · Coordenar a gestão integrada das águas;
 · Arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
 · Implementar a PNRH;
 · Planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos;
 · Promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
São integrantes do SINGREH:
 · Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH;
 · Agência Nacional de Águas - ANA;
 · Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos – CERH e do Distrito Federal - DF;
 · Comitês de Bacia Hidrográfica - CBH;
 · Órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas 
competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; e as
 · Agências de Água.
19 Estão sujeitas a outorga as seguintes ações: derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo 
 final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou 
 insumo de processo produtivo; lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, 
 com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; outros usos que alterem o regime, 
 a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
 Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: o uso de recursos hídricos para a satisfação das 
 necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; as derivações, captações e lançamentos considerados 
 insignificantes; as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
19
Aqui vale uma menção ao importante papel designado ao CNRH, constituído por: 
representantes dos Ministérios e das Secretarias da Presidência da República com atuação 
no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos CERH; 
representantes dos usuários dos recursos hídricos; e representantes das organizações civis de 
recursos hídricos.
O CNRH tem as seguintes atribuições:
 · Promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos 
nacional, regional, estaduais e dos setores usuários;
 · Arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre CERH;
 · Deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões 
extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados;
 · Deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos CERH ou pelos CBH;
 · Analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à PNRH;
 · Estabelecer diretrizes complementares para implementação da PNRH, aplicação de seus 
instrumentos e atuação do SINGREH;
 · Aprovar propostas deinstituição dos CBH e estabelecer critérios gerais para a elaboração 
de seus regimentos;
 · Acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar 
as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
 · Estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para 
a cobrança por seu uso;
 · Zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens - PNSB;
 · Estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus instrumentos e 
atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens - SNISB;
 · Apreciar o Relatório de Segurança de Barragens - RSB, fazendo, se necessário, 
recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao 
Congresso Nacional.
Igualmente ao que foi instituído na “Lei de Águas Paulista”, a PNRH também previu a criação 
dos CBH, os quais devem/podem atuar em três dimensões territoriais hidrográficas, a saber:
 · A totalidade de uma bacia hidrográfica;
 · Sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário 
desse tributário; ou
 · Grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
Essa amplitude espacial se deve ao fato de os limites político-administrativos não coincidirem 
com os limites naturais das bacias hidrográficas, obrigando os poderes a terem de se desdobrar 
para gerirem os recursos hídricos que lhe digam respeito, com as seguintes competências:
 · Promovem o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articulam a atuação 
das entidades intervenientes;
 · Arbitram, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
20
Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
 · Aprovam o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
 · Acompanham a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerem as 
providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
 · Propõem ao CNRH e aos CERH as acumulações, derivações, captações e lançamentos 
de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de 
uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes;
 · Estabelecem os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerem os 
valores a serem cobrados;
 · Estabelecem critérios e promovem o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de 
interesse comum ou coletivo.
A composição dos CBH é constituída pelos seguintes membros: representante da União20; 
representantes dos estados e do DF cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em 
suas respectivas áreas de atuação; representantes dos municípios situados, no todo ou em 
parte, em sua área de atuação; usuários das águas de sua área de atuação; entidades civis de 
recursos hídricos com atuação na mesma bacia.
Infrações e penalidade no âmbito da gestão dos recursos hídricos
A PNRH considera como infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais 
ou subterrâneos:
 · Derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga 
de direito de uso;
 · Iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a 
utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no 
regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades 
competentes;
 · Utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os 
mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;
 · Perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;
 · Fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos 
medidos;
 · Infringir normas estabelecidas no regulamento da Lei e nos regulamentos administrativos, 
compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades 
competentes;
 · Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de 
suas funções.
20 Nos casos de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um 
 representante do Ministério das Relações Exteriores. Nos casos de bacias hidrográficas cujos territórios abranjam terras indígenas, os 
 comitês devem incluir representantes da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União e das comunidades 
 indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.
21
Para corresponder às infrações supracitadas, a PNRH considera as seguintes penalidades 
com rigor determinado a critério da autoridade competente de recursos hídricos (federal, 
estadual ou municipal):
 · Advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das 
irregularidades;
 · Multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) 
a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
 · Embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras 
necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento 
de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;
 · Embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no 
seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos artigos 58 e 59 
do Código de Águas21 ou tamponar os poços de extração de água subterrânea.
Como você pode observar, na atualidade, o Brasil dispõe de uma trama legal de gestão 
de recursos hídricos bastante abrangente. Ao longo do período posterior à implantação da 
gestão de recursos hídricos em São Paulo, além do próprio governo federal, diversos estados 
têm implementado suas próprias políticas, indicando que a preocupação com a água vem 
crescendo cada vez mais e deve, em pouco tempo, abranger todo o território nacional.
21 Art. 58. A administração pública respectiva, por sua própria força e autoridade, poderá repor incontinente no seu antigo estado, as águas 
 públicas, bem como o seu leito e margem, ocupados por particulares, ou mesmo pelos Estados ou municípios:
a) quando essa ocupação resultar da violação de qualquer lei, regulamento ou ato da administração;
b) quando o exigir o interesse público, mesmo que seja legal, a ocupação, mediante indenização, se esta não tiver sido expressamente 
 excluída por lei.
 Parágrafo único. Essa faculdade cabe à União, ainda no caso do art. 40, nº II, sempre que a ocupação redundar em prejuízo da navegação 
 que sirva, efetivamente, ao comércio.
 Art. 59. Se julgar conveniente recorrer ao juízo, a administração pode fazê-lo tanto no juízo petitório como no juízo possessório.
 Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D24643.htm#art58 Acesso em: 08 mar. 2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D24643.htm#art58
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Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
Material Complementar
Sites:
Legislação federal sobre recursos hídricos. Disponível em: 
http://www.secid.ma.gov.br/files/2014/09/Politica-Nacional-de-Recursos-Hidricos.pdf Acesso em: 07 mai. 2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm Acesso em: 07 mai. 2015.
Histórico da legislação de águas no Brasil. Disponível em:
http://www.cetesb.sp.gov.br/agua/Águas-Superficiais/38-Historico-da-Legislação-Hídrica-no-Brasil Acesso em: 07 mai. 2015.
Aspectos jurídicos da legislação ambiental brasileira. Disponíveis em:
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2576 Acesso em: 07 mai. 2015.
Leitura:
Política de recursos hídricos do Estado de São Paulo. Disponível em:
http://www.daee.sp.gov.br/legislacao/arquivos/748/LEI_76631991.pdf Acesso em: 07 mai. 2015.
http://www.secid.ma.gov.br/files/2014/09/Politica-Nacional-de-Recursos-Hidricos.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm
http://www.cetesb.sp.gov.br/agua/%C3%81guas-Superficiais/38-Historico-da-Legisla%C3%A7%C3%A3o-H%C3%ADdrica-no-Brasil
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2576
http://www.daee.sp.gov.br/legislacao/arquivos/748/LEI_76631991.pdf23
Referências
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em: http://www.bvsde.paho.org/sde/ops-sde/bvsde.shtml Acesso em: 14 mar. 2015.
CASTRO, T. A. S. Modelo de gestão de recursos hídricos. Editora Multifoco: São Paulo, 
2013.
FERREIRA, M. J. G. e ANDRADE, A. M. Modelagem de políticas públicas para atendimento 
energético a comunidades isoladas. Anais 4º Encontro de Energia no Meio Rural - 
UNICAMP. Campinas, 2002. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/pdf/agrener/
n4v2/094.pdf Acesso em: 14 mar. 2015.
FREITAS, M. A. S. A regulação dos recursos hídricos. Editora Marcos Freitas: São Paulo, 
2009.
MARTINS, R. C. e VALENCIO, N. F. Uso e gestão dos recursos hídricos no Brasil. Vol. 
2. Editora RIMA: São Carlos, 2004.
OLIVEIRA, C. M. Resolução de conflitos em recursos hídricos. Editora Celso Maran: 
São Carlos, 2013.
PINTO, N. L. S.; HOLTZ, A. C. T.; MARTINS, J. A.; GOMID, F. L. S. Hidrologia básica. 
Editora Edgard Blucher: São Paulo, 1976.
POLETO, C. Bacias hidrográficas e recursos hídricos. Editora Interciência: São Paulo, 
2014.
TUNDISI, J. G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. Recursos hídricos no século XXI. Editora 
Oficina de Textos: São Paulo, 2011.
YOSHIDA, C. Y. M. Recursos hídricos. Vol. 1. Editora ALINEA: Campinas, 2008.
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Unidade: Gestão de Recursos Hídricos
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