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AGENTES-BIOLÓGICOS

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1 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 
2 AGENTES BIOLÓGICOS QUE CONTAMINAM AMBIENTES 
OCUPACIONAIS ........................................................................................ 4 
2.1 Classificação dos agentes biológicos ............................................ 7 
3 ATIVIDADES QUE EXPÕE O HOMEM A AGENTES BIOLÓGICOS 10 
3.1 Trabalho na área da saúde ......................................................... 11 
3.2 Trabalho na coleta de lixo ........................................................... 16 
3.3 Trabalho com animais e produtos de origem animal ................... 19 
3.4 Trabalho em estações de tratamento de esgoto ......................... 22 
3.5 Trabalho em cemitérios ............................................................... 25 
4 BIOSSEGURANÇA ........................................................................... 28 
4.1 Riscos e Prevenção .................................................................... 31 
4.2 Classificação de risco para agentes biológicos ........................... 34 
4.3 Contenção biológica – Biocontenção .......................................... 35 
4.4 Proteção biológica – Bioproteção ................................................ 37 
4.5 A higienização das mãos ............................................................ 38 
4.6 Limpeza do ambiente .................................................................. 42 
5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 45 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão 
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 AGENTES BIOLÓGICOS QUE CONTAMINAM AMBIENTES 
OCUPACIONAIS 
Silva e Souza (2013) comentam que ao longo da evolução humana, ficou 
cada vez mais claro o papel desempenhado pelos microrganismos no 
estabelecimento dos seres vivos no planeta Terra: são responsáveis por alterações 
climáticas que possibilitaram o desenvolvimento de formas de vidas mais complexas 
e diversas. As autoras (2013) afirmam ainda que hoje se sabe que os 
microrganismos são os grandes recicladores de matéria orgânica, sendo 
responsáveis pela ciclagem de elementos vitais para os seres vivos, como o N, S, 
P, Fe, entre outros. 
Com o desenvolvimento da Microbiologia, ficou estabelecido que 
aproximadamente 99% dos microrganismos desempenham um papel 
benéfico ou inócuo para a vida dos seres vivos no planeta, entretanto, em 
torno de 1% são considerados patogênicos ou com potencial para provocar 
as mais diversas doenças. Para a história humana, isso representou a 
morte de milhões de pessoas ao longo dos séculos devido a doenças 
provocadas por Microrganismos, como a peste negra, febres tifóides, gripe 
espanhola, cólera, síndrome HIV, toxiinfecções diversas e generalizadas, 
entre outros (SILVA & SOUZA, 2013). 
 
 
Fonte: http://ngsgenomica.com.br 
 
5 
 
O ambiente ocupacional em que os trabalhadores realizam atividades pode 
trazer diversos tipos de riscos. Um desses tipos de riscos é o risco biológico, que é 
considerado quando podem existir substâncias como vírus, bactérias, parasitas, 
fungos, ácaros e protozoários no ambiente. Os trabalhadores que entram em 
contato com esses tipos de agentes podem causar um grande número de doenças, 
e as indústrias com maiores riscos biológicos são a indústria de alimentos, hospitais, 
limpeza e laboratórios. (EPSSO, 2019). 
As formas e funções dos microrganismos que causam esses riscos são 
diferentes, mas são semelhantes na estrutura celular. Portanto, eles são divididos 
em dois grupos: procariotos (bactérias) e eucariotos (algas, fungos e protozoários). 
Os vírus são organismos livres de células e, portanto, não atendem a essa 
característica. (EPSSO, 2019) 
No caso das bactérias, diversas doenças podem ser associadas à sua 
presença, lembrando sempre que é necessário que a atmosfera seja propícia para 
sua reprodução. Segundo EPSSO (2019), as Bacterioses, que são as doenças 
causadas por este tipo de organismo, mais comuns são: Bronquite, doenças 
sexualmente transmissíveis, diarreia, cólera, difteria, disenteria, laringite, faringite, 
infecções estomacais, meningite, pneumonia, salmonela, sinusite, tuberculose e 
tétano. 
Os vírus, por sua vez, são estruturas proteicas que possuem DNA e RNA, 
atuando como parasitas, afetando microrganismos, plantas e animais. São 
responsáveis pelas conhecidas “viroses”, tais como: Resfriado Comum, Caxumba, 
Raiva, Rubéola, Sarampo, Hepatites, Dengue, Poliomielite, Febre amarela, Varicela 
ou Catapora, Varíola, Meningite viral, Mononucleose Infecciosa, Herpes, 
Condiloma, Hantavirose, DSTs e AIDS (EPSSO, 2019). 
Já os fungos são os causadores das micoses, sendo as mais comuns: a 
candidíase e a dermafitose. Existem diversos tipos de fungos, e os mais comuns 
são classificados como cogumelos, mofo e dimorfismos. As principais doenças 
causadas por fungos são: Onicomicos (fungos nas unhas), candidíase (vagina, boca 
e garganta), mucormicose (pulmões, sistema gastrointestinal, pele e cérebro), 
 
6 
 
peniciliose, pneumocistose (doenças respiratórias), sinusite fúngica (aspergilose), 
rinossinusite, meningite fúngica e histoplasmose (EPSSO, 2019). 
Os vermes são os responsáveis pela causa das doenças conhecidas como 
verminoses. Este tipo de parasita tem simetria bilateral e formato alongado e 
achatado, variando de tamanho entre milímetros e muitos centímetros. As 
verminoses mais comuns, são: Ascaridíase; Teníase; Oxiuríase; Tricuríase; 
Ancilostomíase (conhecida como amarelão); Esquistossomose. 
Os protozoários são parasitas unicelulares, que possuem apenas uma 
célula, e são comumente transmitidos através de insetos que agem como 
hospedeiros. Embora não possam ser reconhecidos a olho nu, são maiores e mais 
desenvolvidos do que as bactérias, e por isso, seu tratamento é mais intenso 
(EPSSO, 2019). As doenças mais comuns transmitidas por protozoários, são: 
Leishmaniose, doença de Chagas, toxoplasmose, amebíase, malária, giardíase. 
Os ácaros transmitem as acaríases, que muitas vezes passam 
despercebidos e podem ser inofensivos para muitas pessoas. No entanto, há muitas 
pessoas que sofrem de alergia provocadas por estes aracnídeos e seus dejetos, 
que acabam afetando o sistema imunológico da pessoa e acarretando em outros 
tipos de doenças indiretamente causadas por eles (EPSSO, 2019). Rinite, asma, 
dermatites, conjuntivites, escabiose, sarna, blefarite, são algumas doenças 
desencadeadas por ácaros. 
No artigo da EPSSO (2019) encontramos um resumo das medidas básicas 
de prevenção contra o que foi exposto acima: 
A prevenção de riscos biológicos se dá através de diferentes formas, 
dependendo do tipo de ambiente e qual microrganismo é encontrado nele. 
Em todos os tipos de ambientes ocupacionais que apresentam riscos 
biológicos, principalmente onde circulam muitos pacientes infectadospor 
diferentes tipos de parasitas, é muito importante o uso dos Equipamentos 
de Proteção Individual e Coletiva, além da constante limpeza profunda dos 
ambientes com produtos que eliminam riscos. Algumas medidas como 
lavar as mãos, desinfetar-se com álcool, higiene pessoal e do ambiente 
também são essenciais para a prevenção e controle de doenças 
ocasionadas por agentes biológicos. 
 
7 
 
2.1 Classificação dos agentes biológicos 
Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas foram 
classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de Biossegurança em 
Saúde (CBS). Os critérios de classificação baseiam-se nos seguintes aspectos, tais 
como: virulência, modo de transmissão, estabilidade do medicamento, 
concentração e volume, fonte de substâncias potencialmente infecciosas, 
disponibilidade de medidas preventivas eficazes, disponibilidade de tratamento 
eficaz, dose infecciosa, tipo de teste e fatores referentes ao trabalhador (PENNA et 
al., 2010). 
Vejamos a seguir as informações fornecidas pelo Ministério da Saúde 
(2017) sobre os principais aspectos dos agentes biológicos. 
 
 Natureza do Agente Biológico – organismos ou moléculas com 
potencial ação biológica infecciosa sobre o homem, animais, plantas 
ou o meio ambiente em geral, incluindo vírus, bactérias, archaea, 
fungos, protozoários, parasitos, ou entidades acelulares como 
prions, RNA ou DNA (RNAi, ácidos nucleicos infecciosos, aptâmeros, 
genes e elementos genéticos sintéticos, etc) e partículas virais 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Virulência – é a capacidade patogênica de um agente biológico, 
medida pelo seu poder de aderir, invadir, multiplicar e disseminar em 
determinados sítos de infecção e tecidos do hospedeiro, 
considerando os índices de morbi-mortalidade que ele produz. A 
virulência pode ser avaliada por meio dos coeficientes de 
mortalidade e de gravidade. O coeficiente de mortalidade indica o 
percentual de casos da doença que são mortais, e o coeficiente de 
gravidade, o percentual dos casos considerados graves 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
8 
 
 
 Modo de transmissão – é o percurso feito pelo agente biológico a 
partir da fonte de exposição até o hospedeiro. O conhecimento do 
modo de transmissão do agente biológico é de fundamental 
importância para a aplicação de medidas que visem conter a 
disseminação do patógeno (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Estabilidade – é a capacidade de manutenção do potencial 
infeccioso de um agente biológico no meio ambiente, inclusive em 
condições adversas tais como a exposição à luz, à radiação 
ultravioleta, à temperatura, à umidade relativa e aos agentes 
químicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Concentração e volume – a concentração está relacionada à 
quantidade de agentes biológicos por unidade de volume. Assim, 
quanto maior a concentração, maior o risco. O volume do agente 
biológico também é importante, pois na maioria dos casos os fatores 
de risco aumentam proporcionalmente ao aumento do volume 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Origem do agente biológico potencialmente patogênico – deve 
ser considerada a origem do hospedeiro do agente biológico 
(humano ou animal), como também a localização geográfica (áreas 
endêmicas) e o vetor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes – estas incluem 
profilaxia por vacinação, agentes antimicrobianos, antissoros e 
imunoglobulinas. Inclui ainda, a adoção de medidas sanitárias, 
controle de vetores e medidas de quarentena em movimentos 
 
9 
 
transfronteiriços. Quando essas medidas estão disponíveis, o risco é 
reduzido (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Disponibilidade de tratamento eficaz – tratamento capaz de prover 
a contenção do agravamento e a cura da doença causada pela 
exposição ao agente biológico. Inclui a utilização de antissoros, 
vacinas pós-exposição e medicamentos terapêuticos específicos. 
Deve ser considerada a possibilidade de ocorrência de resistência a 
antimicrobianos entre os agentes biológicos envolvidos 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Dose infectante – consiste no número mínimo de agentes biológicos 
necessários para causar doença. Varia de acordo com a virulência 
do agente biológico e a susceptibilidade do indivíduo à infecção 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). 
 
 Manipulação do agente biológico – a manipulação pode 
potencializar o risco, como por exemplo, em procedimentos para 
multiplicação, sonicação, liofilização e centrifugação. Além disto, 
deve-se destacar que nos procedimentos de manipulação 
envolvendo a inoculação experimental em animais, os riscos irão 
variar de acordo com as espécies e protocolos utilizados. Deve ser 
considerado ainda risco de infecções latentes que são mais comuns 
em animais capturados na natureza (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2017). 
 
 Eliminação do agente biológico – o conhecimento das vias de 
eliminação do agente é importante para a adoção de medidas de 
contingenciamento. A eliminação por excreções ou secreções de 
agentes biológicos pelos organismos infectados, em especial, 
 
10 
 
aqueles transmitidos por via respiratória, podem exigir medidas 
adicionais de contenção. As pessoas que lidam com animais 
experimentalmente infectados com agentes biológicos patogênicos 
apresentam um risco maior de exposição devido à possibilidade de 
mordidas, arranhões e inalação de aerossóis (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2017). 
 
 
3 ATIVIDADES QUE EXPÕE O HOMEM A AGENTES BIOLÓGICOS 
De acordo com Dias et al. (2015), os riscos biológicos ocorrem por meio de 
microrganismos que, em contato com o homem, podem provocar inúmeras 
doenças. Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o 
caso das indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), 
laboratórios, dentre outras. 
O risco biológico para a Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança 
(SOBES) é assim definido: 
"Riscos biológicos podem ser capitulados como doenças do trabalho, 
desde que estabelecido nexo causal, que incluem infecções agudas e 
crônicas, parasitoses e reações alérgicas ou intoxicações provocadas por 
plantas e animais. Muitas destas doenças são zoonoses, isto é, têm origem 
no contato com animais. Um grande número de plantas e animais produz 
substâncias que são irritantes, tóxicas ou alérgicas. As poeiras advindas 
dos locais onde ficam plantas e animais carreiam vários tipos de materiais 
alergênicos, incluindo ácaros, pêlos, fezes ressecadas em pó, pólen, 
serragem, esporos de fungos e outros sensibilizantes." 
Já a American Conference of Governmental Industrial 
Hygienists (ACGIH) destaca que contaminantes de origem biológica veiculados 
pelo ar incluem bioaerossóis e compostos orgânicos voláteis liberados por estes 
organismos. Os bioaerossóis incluem microorganismos e fragmentos, toxinas e 
resíduos particulados de seres vivos. Enquanto que a Occupational Safety and 
 
11 
 
Health Administration (OSHA) define como agentes biológicos: materiais naturais 
ou orgânicos, tais como terra, argila; materiais de origem vegetal (feno, palha, 
algodão etc.); substâncias de origem animal (lã, pelo, etc.); alimentos; poeiras 
orgânicas (farinha, partículas de descamação e poeiras de papel); resíduos, águas 
residuais; sangue e outros fluidos corporais que poderão estar expostos a agentes 
biológicos. Esses alérgenos respiratórios são substâncias biológicas e químicas que 
podem induzir doenças respiratórias alérgicas em humanos. Entre os 
sensibilizantes de origem animal relacionados ao esquema, podem estar proteínas 
urinárias e epitélio animal, bolores, ácaros e certos tipos de aparas de madeira. 
3.1 Trabalho na área da saúde 
A área da saúde é uma área que muitas vezes pode apresentar riscos para 
o trabalhador. A preocupação com esses riscos vem crescendo nos últimos anos, 
devido ao aumento do conhecimento sobre contaminações microbiológicas,além 
da descoberta da AIDS e da hepatite e dos seus métodos de transmissão. Com 
isso, foram sendo criadas novas normas e métodos de regulamentação no sentido 
de proteger a saúde do trabalhador (FRANÇA, 2018). 
Desde a descoberta de Pasteur sobre os microrganismos, quando ele 
elaborou a teoria microbiana das doenças em 1862, começou-se a ter uma 
preocupação sobre os cuidados que as pessoas deveriam ter em ambientes 
hospitalares, visto que sua teoria postulava que as doenças tinham origem na 
transmissão de microrganismos. Entretanto, o conceito de biossegurança só 
começou a ser abordado na década de 1970, com o surgimento da engenharia 
genética. Na época, foi realizado um experimento pioneiro na área, em que foi 
inserido um gene da produção de insulina na bactéria E. coli. Devido à repercussão 
que esse experimento causou, foi realizada a Conferência de Asilomar, na 
Califórnia, para debater os riscos da engenharia genética e a segurança dos 
laboratórios, quando também foi debatida a necessidade de contenção para 
diminuir os riscos aos trabalhadores (FRANÇA, 2018). 
 
12 
 
A partir dessa conferência, a comunidade científica foi alertada para a 
importância da biossegurança no uso dessas técnicas e se viu a necessidade de 
criar normas de biossegurança, bem como legislações e regulamentações para tais 
atividades. Nessa época, foi detectada uma série de doenças, como tuberculose e 
hepatite B, em profissionais da saúde na Inglaterra e na Dinamarca, reforçando 
ainda mais a importância da biossegurança. Devido ao aumento da circulação de 
pessoas e mercadorias com o advento da globalização e da possibilidade do uso 
de armas biológicas, como vírus e bactérias em atentados terroristas, a 
preocupação com a biossegurança vem crescendo cada vez mais e passando as 
barreiras de laboratórios e hospitais. Em 1981, com o surgimento da aids e o 
primeiro registro de contágio acidental em um profissional da saúde, surgiu, 
novamente, uma maior preocupação com a biossegurança. Assim, em 1987, foram 
estabelecidas as precauções universais, recomendadas pelo Centers for Disease 
Control and Prevention (CDC), de modo a difundir medidas que devem ser tomadas 
para evitar o contágio pelos vírus do HIV e da hepatite B (FRANÇA, 2018). 
No Brasil, a primeira legislação sobre biossegurança surgiu com a 
Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Saúde, em 1988, quando foram aprovadas 
normas em pesquisa e saúde (BRASIL, 1988). Entretanto, somente em 1995 essa 
resolução foi formatada legalmente, com a Lei nº 8.974 e o Decreto de Lei nº 1.752. 
Essa lei diz respeito à minimização de riscos em relação a OGMs e à promoção da 
saúde no ambiente de trabalho, no meio ambiente e na comunidade. Com essa lei, 
foi criada a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que trata da 
saúde do trabalhador, bem como do meio ambiente e da biotecnologia. Com isso, 
o Brasil mostrou uma preocupação com a segurança dos laboratórios e com a saúde 
dos trabalhadores, os quais apresentam uma maior exposição a agentes químicos 
e biológicos (FRANÇA, 2018). 
No dia 19 de fevereiro de 2002 foi criada a Comissão de Biossegurança em 
Saúde (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o objetivo de 
definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das ações de 
 
13 
 
biossegurança, procurando sempre o melhor entendimento entre o Ministério da 
Saúde e as instituições que lidam com o tema (BRASIL, 2006b). 
 
 
Fonte: https://www.imexmedicalgroup.com.br 
Os agentes biológicos apresentam um risco real ou potencial para o homem 
e para o meio ambiente, por esta razão, é fundamental pensar uma estrutura que 
se adapte à prevenção dos riscos eminentes (WAISSMAN & CASTRO, 1996). 
As manipulações de agentes microbianos muitas vezes patogênicos pelos 
trabalhadores de laboratório, por exemplo, fazem da natureza do seu trabalho um 
perigo ocupacional. Para Coico e Lunn (2005), uma melhor compreensão dos riscos 
associados a manipulações desses agentes que podem ser transmitidos por 
diversas rotas tem facilitado a aplicação de práticas de biossegurança apropriadas. 
Os tipos de risco se dividem em biológicos, bioquímicos, químicos, físicos, 
acidentais e ergonômicos. 
Destacamos que a biossegurança é um conjunto de normas técnicas e 
equipamentos que visam à prevenção da exposição dos profissionais da saúde, dos 
laboratórios e do meio ambiente a agentes químicos e biológicos. 
Os princípios gerais da biossegurança envolvem: 
 Análise de riscos; 
 
14 
 
 Uso de equipamentos de segurança; 
 Técnicas e práticas de laboratório; 
 Estrutura física dos ambientes de trabalho; 
 Descarte apropriado de resíduos; 
 Gestão administrativa dos locais de trabalho em saúde. 
A partir da identificação dos riscos apresentados no local de trabalho, 
pode-se analisar as medidas de biossegurança cabíveis. Entre essas 
medidas, os equipamentos de segurança agem como barreiras primárias 
de contenção de microrganismos, promovendo uma barreira entre o 
profissional e o paciente, visando à proteção de ambos. Esses 
equipamentos são classificados como equipamentos de proteção 
individual (EPI) e coletiva (EPC). Os EPIs visam à proteção da saúde do 
trabalhador e sua utilização é indicada durante o atendimento aos 
pacientes, enquanto o profissional estiver em seu local de trabalho. Alguns 
exemplos de EPIs são: luvas, jalecos, máscaras, toucas, lençóis 
descartáveis, propé e óculos de proteção. No caso dos EPCs, temos 
esterilizadores, estufas, autoclaves, kit de primeiros socorros, extintor de 
incêndio, material para descarte, incluindo caixas amarelas para 
perfurocortantes, capelas de exaustão química, entre outros (FRANÇA, 
2018). 
O princípio de técnicas e práticas de laboratório diz respeito ao treinamento 
que os profissionais daquele local devem receber em relação às técnicas de 
biossegurança. De acordo com o Manual de Orientação para Instalação e 
Funcionamento de Institutos de Beleza sem Responsabilidade Médica do estado de 
São Paulo, todo estabelecimento deve possuir um Manual de Rotinas e 
Procedimentos, o qual deve abordar as rotinas de trabalho e as recomendações 
sobre as atividades executadas. Nesse sentido, é recomendado que o manual 
aborde questões como a higienização dos ambientes, as recomendações sobre os 
produtos utilizados e as orientações sobre os processos de esterilização que devem 
ser feitos. 
No caso da estrutura física do local de trabalho, devem ser seguidas uma 
série de normas sobre o ambiente de trabalho, em que a estrutura do 
estabelecimento deve ser elaborada com a participação de especialistas, de forma 
a garantir a segurança dos trabalhadores e dos pacientes. A Anvisa possui um 
manual com diversas recomendações sobre a estrutura de um local de serviços de 
 
15 
 
estética, que abordam as instalações elétricas e sanitárias, bem como as 
instalações de água e esgoto e as normas sobre os diversos ambientes no local. 
O descarte de resíduos é de extrema importância quando se trata de 
produtos químicos e materiais biológicos que podem contaminar o meio ambiente. 
Assim, o descarte apropriado deve seguir normas com bases científicas, técnicas, 
normativas e legais no sentido de minimizar o risco de contaminação local e do meio 
ambiente, bem como no sentido de diminuir a produção de resíduos. 
No Brasil, devido às condições precárias do gerenciamento de resíduos, 
são causados diversos problemas, como contaminação da água, do solo e da 
atmosfera, que acabam afetando a saúde da população e dos profissionais de 
saúde. Os resíduos gerados pelo serviço em saúde devem ser devidamente 
encaminhados, coletados e transportados até o local de finalização, respeitando a 
classificação adequada de acordo com a Anvisa e com o Conama, em que o uso de 
latas de lixos e sacos plásticos apropriados são imprescindíveis. Dessa forma, o 
estabelecimento deve apresentar um Plano deGerenciamento dos Resíduos dos 
Serviços de Saúde (PGRSS), o qual deve incluir medidas de separação, 
armazenamento, identificação, transporte, coleta, entre outras (FRANÇA, 2018). 
França (2018) comenta ainda que a gestão administrativa dos locais de 
saúde é fundamental para que os princípios citados acima sejam cumpridos. Esse 
setor é responsável pelo levantamento dos agentes químicos e biológicos 
manipulados no estabelecimento, bem como das rotinas e técnicas utilizadas, do 
gerenciamento de resíduos e da infraestrutura do local. A gestão administrativa 
também deve identificar os riscos que o serviço apresenta e avaliar o nível de 
contenção e as ações de biossegurança que devem ser realizadas. 
Sangioni e colaboradores (2013) defendem que nesses locais, as práticas 
gerenciais e a organização das atividades são focos importantes de análise no 
estabelecimento de um programa de biossegurança. Em cada laboratório, por 
exemplo, é necessário realizar um levantamento detalhado dos agentes biológicos 
manipulados, das rotinas e das tecnologias empregadas, da infraestrutura 
disponível. Além disso, é imprescindível identificar os principais riscos e avaliar o 
 
16 
 
nível de contenção que definirá as ações de biossegurança específicas a serem 
adotadas e que devem estar aliadas a um plano de educação continuada em 
biossegurança (HIRATA & MANCINI FILHO, 2002). 
3.2 Trabalho na coleta de lixo 
O coletor de lixo é muito exposto aos riscos devido ao constante contato 
com os resíduos. Pois os agentes biológicos presentes nos resíduos sólidos são 
responsáveis pela transmissão direta e indireta de doenças infectocontagiosas 
como leptospirose, difteria, tifo (febre murina), entre outros (DIAS et al., 2015). 
Dias e colaboradores (2015), afirmam que os microrganismos patogênicos 
estão presentes nos resíduos sólidos municipais, principalmente, em lenços de 
papel, curativos, fraldas descartáveis, papel higiênico, absorventes, agulhas e 
seringas descartáveis, preservativos e resíduos de serviços de saúde misturados 
aos resíduos comuns. 
 
 
Fonte: https://www.jornalvs.com.br 
 
17 
 
Pelo fato de o trabalho de coleta de lixo urbano ser realizado a céu aberto, 
os trabalhadores encontram-se submetidos a variações meteorológicas diversas, 
como radiação solar, frio, umidade, chuvas intensas, ventos, além de estar mais 
susceptíveis a acidentes, como atropelamentos, quedas (por serem obrigados a 
subir e descer do caminhão coletor em movimento), ataques de animais soltos nas 
ruas, além de ruído (tanto do trânsito quanto do caminhão de coleta), vibrações, o 
odor fétido do lixo e a exposição à poeira durante a execução da limpeza das ruas 
(MARTINS, 2003). 
Além desses diversos riscos, ainda há a exposição a agentes biológicos, 
que faz com que o trabalho de coleta do lixo urbano seja considerado insalubre, 
proporcionando a estes profissionais o direito ao adicional de insalubridade de grau 
máximo. Balestra e Valinote (2015) comentam que a situação piora quando chuvas 
intensas surpreendem os profissionais responsáveis pela limpeza urbana, pois os 
parasitas e roedores tendem a sair dos ninhos e esgotos, contaminando o ambiente 
de trabalho desses profissionais e a proximidade com o lixo muitas vezes coloca o 
trabalhador em contato direto com toxinas, bactérias e vírus. 
Agentes nocivos de natureza biológica contidos no lixo doméstico são 
constituídos pelos microrganismos patogênicos presentes em lenços de 
papel, materiais de curativos, papel higiênico, absorventes, preservativos, 
fraldas descartáveis, agulhas e seringas contaminadas, produtos 
deteriorados e ainda os resíduos de clínicas, farmácias e laboratórios que 
são adicionados ao lixo domiciliar (FERREIRA & ANJOS, 2001). 
Segundo Cussiol (2005), estes resíduos atraem macro e microrganismos 
que se abrigam e se alimentam de resíduos de natureza biológica e excrementos, 
alguns proliferam em águas paradas depositadas em pneus e em outros recipientes 
descartados. 
Microrganismos patogênicos, como bactérias, fungos e vírus, associam-se 
aos resíduos sólidos e penetram no corpo humano sob duas formas. Por via direta 
ao contato com a pele e as mucosas e pela inalação ou ingestão de alimentos ou 
água contaminada, e por via indireta pela contaminação do ar, água e solo. Estes 
 
18 
 
agentes são transmissores de doenças respiratórias, epidérmicas, intestinais e 
outras lesivas ou até fatais (CUSSIOL, 2005). 
O contato com os microrganismos do lixo ocorre de diversas maneiras, 
através da pele e mucosas dos olhos, nariz e boca, pela inalação e ingestão desses 
agentes, e ainda por lesões na pele provocadas por materiais perfuro-cortantes 
contidos no lixo, bem como pela mordida de animais (MADRUGA, 2002; LAZZARI 
& REIS, 2011). 
Espécies de vetores como moscas, baratas, ratos, mosquitos, cães, aves, 
suínos, equinos e bovinos, desempenham função de reservatórios capazes de 
transmitir doenças (CUSSIOL, 2005). 
O conteúdo do lixo doméstico é composto por substâncias orgânicas em 
processo de decomposição e constitui habitat preferido de baratas, ratos e algumas 
espécies de moscas. São vetores que abrigam agentes patogênicos causadores de 
doenças contagiosas e são transmitidas ao homem pelo contato com excrementos 
e mordidas desses agentes (CUSSIOL, 2005). 
Os agentes patogênicos são responsáveis por doenças apresentadas em 
coletores como as do trato intestinal, hepatites, infecções agudas e 
crônicas, parasitoses, reações alérgicas e tóxicas e dermatites nas mãos 
e nos pés. As lesões provocadas por mordidas de animais constituem 
portas de entrada para patógenos como o clostridium tetani, e o vírus RNA 
da família Rhabdoviridae, causadores do tétano e da raiva humana, 
respectivamente (SILVEIRA, 2009). 
Fischer e Guimarães (2002) enfatizam que conhecer previamente os riscos 
ocupacionais no ambiente de trabalho e como estes são percebidos pelos 
trabalhadores é fundamental para o sucesso de ações que visem à prevenção e 
controle de acidentes. A percepção de risco dos trabalhadores os prepara para 
utilizar acidentes inesperados para se protegerem e trabalharem com mais 
segurança, e também para utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs) 
como preventivos. 
Uma vez que os coletores de lixo estão tão expostos aos mais diversos 
riscos ocupacionais, a segurança no trabalho é de grande importância para a 
 
19 
 
diminuição das doenças ocupacionais minimizando os acidentes na rotina diária 
desta função, identificando e tomando medidas preventivas, visando a saúde e 
segurança dos coletores de lixo (LUCENA e BAKKE, 2018). 
3.3 Trabalho com animais e produtos de origem animal 
A saúde do homem pode ser afetada pelo contato com os animais, podendo 
compartilhar doenças infecciosas com os mesmos. De acordo com Miller (1981), a 
forma de transmissão de doenças entre homem e animais pode derivar de quatro 
tipos de inter-relações: 
 Zoonoses: enfermidades transmissíveis de vertebrados ao homem e 
a outros animais; 
 Zooantroponoses: enfermidades transmitidas dos vertebrados ao 
homem; 
 Antropozoonoses: doença transmitida do homem a outros animais; 
 Enfermidades transmitidas ao homem pelo meio ambiente (sendo os 
animais a fonte de contaminação ambiental). 
 
A probabilidade de transmissão de zoonoses é condicionada por diversos 
fatores, tais como: tempo em que o animal está infectado, tempo de incubação, 
estabilidade do agente ao se expor ao ambiente, densidade da população de 
colônias, manejo dos animais, virulência e via de transmissão (FERNANDES & 
FURLANETO, 2004). 
Avaliados e identificados os riscos potenciais, torna-se fácil o papel do 
médico do trabalho que, juntamente com o veterinário e zootecnologista, 
podo implementar medidas higiênicas para controle dos mesmos, sempre 
privilegiando a fonte de contaminação, agregando ao Programa de 
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) um programade 
vigilância à saúde, com procedimentos operacionais normalizados, 
treinamento dos empregados, inspeção e cumprimento das normas de 
segurança, além de controles ambientais e cuidados em relação a 
equipamentos de proteção (FERNANDES & FURLANETO, 2004). 
 
20 
 
 
 
Fonte: https://carneosso.reporterbrasil.org.br 
Os estabelecimentos de produção de produtos de origem animal são 
unidades industriais compostas por ambientes que podem propiciar aos 
trabalhadores a exposição a diferentes tipos de riscos, os quais podem acarretar 
agravos à saúde. Marra e colaboradores (2013) fazem um comentário sobre as 
atividades em matadouros-frigoríficos, que demandam do trabalhador atenção nas 
operações, que são em sua maioria manuais, rotineiras, fixas e pouco variáveis, em 
um intenso processo de produção, podendo gerar danos e acidentes, quando 
medidas preventivas não são adotadas. Isso significa que analisar os riscos do 
trabalho nestes locais, para melhor compreender a inter-relação entre o trabalho, o 
processo saúde/doença do trabalhador e os fatores que o determinam, exigem a 
participação da Biossegurança como propositora de conhecimentos e formuladora 
de ações preventivas (MARRA et al., 2013). 
 
21 
 
Os matadouros-frigoríficos são locais úmidos, com um nível amplificado de 
ruído, onde há uma alternância de temperaturas altas e baixas. As operações de 
abate ocorrem de forma sequencial, na qual a velocidade de trabalho é determinada 
pelo número de animais que devem ser abatidos por intervalo de tempo. A análise 
da rotina de trabalho nestes estabelecimentos demonstra a complexidade dos 
riscos a que estão sujeitos os trabalhadores durante sua jornada de trabalho, em 
todas as etapas do fluxograma de abate, desde a recepção dos animais até a 
expedição dos produtos (MARRA et al., 2013). Além disso, durante todo o processo 
de abate os trabalhadores estão em contato direto com: sangue, vísceras, fezes, 
urina, secreções vaginais ou uterinas, restos placentários, líquidos e fetos de 
animais; e por esta razão, o risco biológico se torna uma das maiores preocupações, 
considerando a abrangência rotineira da exposição e o caráter zoonótico das 
doenças que podem afetar os animais (MARRA et al., 2013). 
Marra e colaboradores (2013) afirmam que dentre as inúmeras doenças que 
afetam os profissionais que trabalham com animais (tratadores, proprietários, 
médicos veterinários) e/ou com produtos de origem animal (matadouros, frigoríficos, 
laboratoristas), a brucelose é a doença ocupacional com maior incidência. 
Os autores Acha e Szyfres (2003) mencionam uma epidemia ocorrida num 
frigorífico no Uruguai em meados de 1976, acometendo um total de 310, dos 630 
operários e de inspeção sanitária e, ao final, estabeleceram como as maiores fontes 
de contágio, os aerossóis contaminados, ocasionados pela manipulação de 
placentas e de líquido amniótico. Além disto, determinaram que estes profissionais 
estão entre os mais susceptíveis a contrair ocupacionalmente a febre Q. 
Outros autores, como Sahani et al. (2001) e Chew et al. (2000) relatam 
surtos de encefalite e de pneumonia ocorridas na Malásia nos anos de 1998 e 1999, 
onde houve o contágio de pessoas, cães e gatos por carne de suínos infectados. 
Entre as pessoas afetadas haviam cinco trabalhadores de matadouros. 
Para Biffa e colaboradores (2010) os trabalhadores dos estabelecimentos 
de produção de produtos de origem animal estão entre as classes profissionais mais 
 
22 
 
susceptíveis à doença, pela exposição aos aerossóis provenientes de bovinos 
infectados. 
Segundo alguns estudos, há uma estimativa de que aproximadamente 3% 
dos casos de tuberculose e 17,2% de linfadenite cervical em humanos são devidos 
ao M. bovis. Já a lepstospirose é a doença ocupacional perigosa que afeta certa 
parte dos profissionais de matadouros e médicos veterinários (OLA et al., 2008). 
3.4 Trabalho em estações de tratamento de esgoto 
As plantas de tratamento de esgoto têm por objetivo eliminar a maior 
quantidade possível de contaminantes sólidos, líquidos e gasosos, dentro das 
possibilidades técnicas e econômicas. O processo apresenta muitas variações mas 
fundamenta-se principalmente em sedimentação, coagulação, condensação, 
desinfecção, aeração, filtração e tratamento de lodos (DIONÍSIO, 2006). 
Segundo Dionísio (2006), os riscos para os trabalhadores variam de acordo 
com a planta de tratamento e com os produtos químicos utilizados em cada um 
deles, mas podem ser divididos em físicos, químicos, ergonômicos, biológicos e de 
acidentes; e para prevenir ou reduzir os impactos sobre a saúde do trabalhador é 
necessário identificar, avaliar e controlar os riscos. 
Os riscos biológicos vêm principalmente da exposição a dejetos humanos e 
microrganismos presentes em outras espécies animais. Quando o processo de 
aeração é usado para tratar resíduos, esses microrganismos podem se dispersar 
no ar e se tornar uma fonte de poluição. Quando o esgoto transborda, as situações 
de risco podem ser responsáveis por uma proporção maior. 
O processo convencional de tratamento de esgotos produz sólidos durante 
a sedimentação primária e no tratamento biológico. Estes sólidos contêm 
vários produtos orgânicos e inorgânicos tais como a biomassa produzida 
pela conversão biológica de compostos orgânicos, escumas, óleos e 
graxas, nutrientes (N e P), metais pesados, compostos orgânicos 
sintéticos, patógenos, etc. Os sólidos são posteriormente estabilizados 
para reduzir a matéria orgânica, eliminar odores ofensivos e baixar o nível 
de patógenos (HONGA et al. 2004). 
 
23 
 
Os principais microrganismos presentes no esgoto são fungos, bactérias e 
vírus que podem causar enfermidades agudas ou crônicas. Dentre as enfermidades 
agudas predominam as doenças infecciosas diarréicas, hepáticas e respiratórias. 
As crônicas são representadas principalmente pela asma brônquica e pela alveolite 
alérgica (DIONÍSIO, 2006). 
De acordo com Gray (1989), a maioria das bactérias presentes no esgoto é 
originária das fezes humanas ainda que poucas delas, como a Leptospira spp., 
sejam provenientes da urina do rato de esgoto. Fezes humanas contêm 25 a 33% 
do peso seco de bactérias, sendo a maioria morta. 
A degradação das substâncias orgânicas nas estações de tratamento de 
esgotos é resultante da atividade de bactérias heterotróficas aeróbias e anaeróbias 
e fungos heterotróficos. Gray (1989) investigou comunidades microbianas em 
diferentes estações de tratamentos de esgoto e encontrou comunidades diferentes 
de bactérias e fungos em todos os tipos de tratamento de esgoto aeróbio e 
anaeróbio. 
Trabalhadores das estações de tratamento de esgotos são potencialmente 
expostos a uma grande variedade de poluentes que podem ser agentes 
químicos específicos (H2S, compostos orgânicos voláteis, químicos 
industriais tais como PCBs, metais pesados, etc.), agentes infecciosos e 
parasitas (vírus da hepatite A, Leptospira e Helicobacter, Ascaris e Giardia, 
etc.) e agentes biológicos não infecciosos (endotoxinas e micotoxinas). 
Além disso, esses trabalhadores podem desenvolver problemas 
respiratórios, gastro-intestinais, gripes e outros sintomas, que podem ser 
associados à exposição a microrganismos não infecciosos e toxinas 
microbianas específicas (HAYS, 1977). 
 
 
24 
 
 
Fonte: https://omunicipioblumenau.com.br 
Existem vários efeitos para a saúde entre os trabalhadores expostos a 
bioaerossóis em estações de tratamento de esgoto. Isso inclui sinusite, infecções 
de ouvido recorrentes ou sintomas de gripe. (BURGE, 1990). Os sintomas 
respiratórios e as desordens gastrointestinais podem ocorrer após a exposição a 
longo prazo (MAHAR et al., 1999). 
Nessas condições, Dionísio (2006) faz as seguintes recomendações: 
 As empresas devem propiciar condições adequadas para cuidados 
rigorosos com a higiene pessoal, incluindo banho ao término da 
jornada de trabalho, fornecimento deuniformes para troca diária, 
com higienização a cargo da empresa, pois nesses serviços deverão 
ser entendidos como equipamento de proteção individual – EPI, além 
da disponibilização de vestiários dotados de armários individuais de 
 
25 
 
compartimento duplo, com sistemas isolados para recepção da 
roupa suja e uso de roupas limpas. 
 Para trabalhos executados em logradouros públicos garantir 
condições mínimas de conforto para satisfazer necessidades 
fisiológicas, por exemplo com a instalação de unidades de apoio 
móveis ou não. 
 Elaborar protocolo de imunização, com prévia avaliação sorológica 
dos trabalhadores com possibilidade de exposição aos vírus das 
hepatites, ou outras doenças passíveis de proteção por meio de 
vacinação, aprovada pela autoridade competente. 
 Promover adequado acompanhamento médico, incluindo a 
realização de exames parasitológicos e microbiológicos de fezes, 
sorologia para leptospirose e hepatites, etc. por ocasião das 
avaliações médicas. 
 Adotar medidas de proteção coletiva contra quedas em tanques de 
tratamento de esgoto (guarda corpo). Quando for tecnicamente 
comprovada a impossibilidade de adoção de proteção coletiva, 
utilizar-se-á sistema adequado de proteção individual. 
 Proteção respiratória e ocular para aerodispersóides de material 
orgânico proveniente dos reatores aerados. 
3.5 Trabalho em cemitérios 
As atividades cemiteriais são realizadas por profissionais que são 
nomeados pela Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) do Ministério do 
Trabalho e Emprego (MTE), de sepultador ou coveiro, que auxiliam nos serviços 
funerários, constroem, preparam, limpam, abrem e fecham sepulturas, realizam 
sepultamento, exumam e cremam cadáveres, trasladam corpos e despojos, 
desenvolvem atividades de conservação da área cemiterial e manutenção de 
 
26 
 
máquinas e ferramentas de trabalho, zelam pela segurança do cemitério (SOUZA 
et al., 2019). 
 
 
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br 
Jacques (2012) comenta que dentre todas as profissões indispensáveis 
para a vida em sociedade, uma que não se destaca, mas que tem importância são 
as dos Coveiros, também conhecidos como Sepultadores ou agentes de apoio 
(JACQUES, 2012). 
O coveiro é indivíduo que abre covas nos cemitérios e enterra os mortos, 
a vulgar designação na qual são conhecidos estes profissionais. Todavia, 
eles desempenham mais funções, o que engloba muitas tarefas distintas, 
como, por exemplo, translado de corpos, exumações e despojos. Além de 
realizar melhorias nas construções e ajudar na conservação do cemitério 
(JACQUES, 2012). 
Do ponto de vista científico, há um desconhecimento por parte da população 
sobre a influência ambiental que os cadáveres têm quando dispostos em um 
cemitério (ANJOS, 2013). No entanto, podemos afirmar que um cemitério em muito 
se assemelha com um aterro sanitário, visto que em ambos são enterrados 
 
27 
 
materiais orgânicos e inorgânicos. Existe, porém, um agravante: a matéria orgânica 
enterrada no cemitério tem a possibilidade de carregar consigo bactérias e vírus 
que foram à causa da morte do indivíduo, podendo colocar em risco o meio 
ambiente e a saúde pública. 
Souza e colaboradores (2019) lembram que agentes biológicos estão 
presentes nas atividades que envolvem o contato permanente com os corpos muitas 
vezes em fases avançadas de decomposição, dependendo da causa mortis pode 
ocorrer antes mesmo do sepultamento o extravasamento de líquidos decorrentes 
do processo de putrefação, denominado como necrochorume, que pode estar 
contaminado com vírus, bactérias e microrganismos patogênicos. O contato 
biológico também está presente na exumação do cadáver, que pode ser 
determinada pela polícia ou pelo judiciário, cinco anos para adultos e três anos para 
bebês. 
Os microrganismos podem se propagar num raio de 400 metros além 
cemitério e são responsáveis por doenças de veiculação hídrica. Devido a 
esses riscos o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), dispõe 
na Resolução 335/2003 algumas normas a serem seguidas para 
adequação destes (PÊGAS et al., 2009). 
É em virtude de tudo isso que a saúde do trabalhador coveiro, mas não só 
deste, mas também a dos agentes funerários, é muitas vezes colocada em risco. 
Encontramos na literatura antiga, como em Ramazzani (1700), por exemplo, que os 
coveiros eram acometidos de diversas doenças e complicações: morte repentina, 
magreza/síndromes consumptivas, edemas/tromboses e doenças pulmonares 
obstrutivas. 
É dos coveiros a responsabilidade por todas as atividades realizadas após 
a morte, estando em contato permanente com os corpos, mesmo após o 
sepultamento nas atividades de exumação. De acordo com Souza e colaboradores 
(2019), a falta de monitoramento e gestão pode contribuir com surgimento de vários 
riscos e doenças ocupacionais aos trabalhadores que mantem o contato habitual e 
permanente com os agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho. 
 
 
28 
 
4 BIOSSEGURANÇA 
A biossegurança é atualmente um dos temas mais discutidos na 
comunidade científica. De acordo com a Lei nº 11105, em 24 de março de 2005, o 
governo brasileiro aprovou a "Lei de Biossegurança", que envolve a manipulação 
de organismos geneticamente modificados (OGM) e a pesquisa com células-tronco 
embrionárias, a segurança e a proteção das atividades laboratoriais no ensino Ou 
na prática moderna em laboratórios de pesquisa, produção e outros aspectos, a 
importância do pessoal e do meio ambiente é muito importante (VALLE, 2003). 
 
 
https://www.lp.com.br 
Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, 
minimização ou eliminação dos riscos inerentes às atividades de pesquisa, 
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços. Estes 
riscos podem comprometer a saúde do homem e animais, o meio ambiente ou a 
qualidade dos trabalhos desenvolvidos (TEIXEIRA; VALLE, 1996). Há ainda outros 
conceitos para a biossegurança, como o que está relacionado à prevenção de 
acidentes em ambientes ocupacionais, incluindo o conjunto de medidas técnicas, 
 
29 
 
administrativas, educacionais, médicas e psicológicas (COSTA, 1996). O tema 
abrange ainda a segurança no uso de técnicas de engenharia genética e as 
possibilidades de controles capazes de definir segurança e risco para o ambiente e 
para a saúde humana, associados à liberação no ambiente dos organismos 
geneticamente modificados (OGMs) (ALBUQUERQUE, 2001). 
A Biossegurança pode ser definida como um conjunto de ações voltadas 
para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às 
atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento, tecnologia e 
prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a 
preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados 
(CTBIO/FIOCRUZ 2000). 
O maior interesse das pessoas na biossegurança se reflete no número 
crescente de regulamentações nacionais e internacionais que controlam os 
procedimentos biotecnológicos. São várias as recomendações de biossegurança, 
que sugerem a redução dos riscos enfrentados pelos trabalhadores e a prevenção 
da poluição ambiental (HAMBLETON et al., 1992). 
Diretrizes de biossegurança combinam controles de engenharia, políticas 
de gestão, práticas e procedimentos de trabalho e intervenções médicas (COICO; 
LUNN, 2005). Cabe salientar que os princípios, guias e recomendações são 
basicamente os mesmos para patógenos naturais e geneticamente modificados 
(KIMMAN et al., 2008). 
Na década de 70, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993) a definia 
como "práticas preventivas para o trabalho com agentes patogênicos para o 
homem". O foco de atenção voltava-se para a saúde do trabalhador frente aos riscos 
biológicos no ambiente ocupacional (RODRIGUES, 2010). 
Para Rodrigues (2010), o conceito de Biossegurança vem sendo ampliado 
com base em análise mais detalhada do que vem a constituir 'risco'. Segundo oautor (2010), a década de 1970 surgiram os primeiros manuais da Organização 
Mundial de Saúde a respeito do tema, tratando de práticas preventivas no trabalho 
de laboratório com agentes patogênicos para os seres humanos. A partir da 
observação da prevalência de outros riscos físicos, químicos, e ergonômicos 
 
30 
 
presentes nas práticas laboratoriais submetidas também a riscos biológicos, esse 
conjunto de questões passou a ser enfocado, dentro de uma visão analítica e 
preventiva global, dando outra qualidade aos manuais elaborados na década de 
1980. 
Do ponto de vista do direito, da tecnologia e da ética, o avanço da tecnologia 
moderna apresenta novos desafios para a humanidade. Nessa perspectiva, a 
biossegurança está intimamente relacionada à proteção da biodiversidade e à 
saúde dos trabalhadores, devendo ser combinada com esses dois métodos 
temáticos para formar um novo paradigma. De acordo com Minayo (1998), a 
conformidade com a legislação constitui a principal garantia que uma organização 
possui para o desenvolvimento e o gerenciamento de suas atividades de forma 
consciente e responsável. 
Segundo a pesquisadora Sheila Sotelino da Rocha (2004), 
No Brasil, as condições sociais e ambientais acabam propiciando o 
surgimento, ressurgimento, e/ou a amplificação de diversos patógenos, em 
especial aqueles considerados nosologicamente associados às chamadas 
doenças exóticas. Essas condições são reflexos da deterioração 
ambiental, da destruição de ecossistemas, da intensificação da mobilidade 
espacial e ocupacional através das migrações, da extensão da pobreza 
nas grandes cidades e seu agravamento em regiões tradicionalmente 
endêmicas para muitas patologias, da precariedade dos sistemas de 
saúde, com limitada capacidade de diagnóstico e, principalmente, pela 
dificuldade de acesso das populações à informação. Esse perfil aumenta 
a responsabilidade de seus governantes na definição de políticas de 
impacto voltadas à prevenção, ao controle de doenças, com especial 
enfoque para as questões de Biossegurança, uma vez que esta trata de 
medidas necessárias à proteção dos indivíduos e do meio ambiente. 
É preciso afirmar ainda que a Biossegurança é uma área do conhecimento 
relativamente nova e desafiadora e vem sendo vista como uma ciência emergente 
revelando preocupações que se estendem desde as boas práticas laboratoriais às 
questões mais abrangentes, como a biodiversidade, a biotecnologia, a bioética, 
apontando, em um enfoque transdisciplinar, para a necessidade de serem tomadas 
medidas destinadas ao conhecimento e controle dos riscos que o trabalho científico 
pode aportar ao ambiente e a vida. 
 
31 
 
4.1 Riscos e Prevenção 
No campo da engenharia, o tema risco ganhou espaço correspondente, 
principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi necessário estimar 
os danos relacionados ao manuseio de explosivos, oxidantes, materiais radioativos 
e outros materiais perigosos. Já no campo da biomedicina, por meio do uso de 
novas tecnologias e novos procedimentos médicos, as pessoas têm percebido a 
necessidade de análises que possibilitem mensurar os possíveis riscos de seu uso. 
(CARDOSO, 2001). 
Para Rocha (2004), a inter-relação entre os conceitos de risco e de 
segurança articulados pela ciência e sua historicidade tem sua relevância justificada 
quando observadas as práticas por eles produzidas, reproduzidas e multiplicadas, 
que geram de acordo com suas características temporais e espaciais, novos 
conhecimentos e práticas. 
“Não há risco sem que antes se formule uma noção de segurança e vice-
versa. Não se pode perceber o contraponto entre os dois conceitos sem 
que, antes se construa uma situação concreta ou hipotética. Em ambos os 
casos, as noções se estabelecem, seja pelo conhecimento, pela razão, ou 
pelo senso comum” (CARDOSO,2001, p. 28). 
A compreensão do que constitui um risco depende de processos distintos e 
distintos, pois cada risco irá estabelecer as suas características e apresentá-las com 
graus variados de intensidade ou severidade de acordo com condições que sejam 
mais ou menos propícias à sua verificação. 
Podemos citar a questão da AIDS como um típico exemplo disso. Os riscos 
relacionados a doenças só foram reconhecidos como problema de saúde pública 
depois de passarem por muitas dificuldades, e seu reconhecimento supera as 
evidências de sua gravidade e magnitude. 
Essa importante observação nos leva a uma redefinição do conceito de 
risco baseado nas análises que indicam que estas ocorrências não dependem 
unicamente das inquietudes que eles suscitam, nem dos apelos de alertas que eles 
inspiram, mais que isso, torna-se fundamental que a comunidade científica, as 
 
32 
 
esferas administrativas e políticas, assim como a mídia e as empresas, assumam 
perspectivas públicas de investigação, controle e políticas de contenção no sentido 
de estabelecer a validade do risco enquanto questão social (ROCHA, 2004). 
Segundo Rocha (2004), outro aspecto importantíssimo a ser considerado 
refere-se à atuação dos indivíduos, dos grupos e das populações que são afetadas 
por um determinado sentimento de perigo ou por indicativos que configuram uma 
situação real de risco, definindo com clareza o potencial de vítimas. 
A fim de legitimar e possibilitar o reconhecimento daquilo que constitui risco 
ao trabalhador, em 8 de junho de 1978 o Ministério do Trabalho do Brasil publicou 
a Portaria nº 3.214, que em sua Norma Regulamentadora nº 5 (NR- 5) classifica os 
riscos no ambiente laboral em: 
 Riscos de Acidente.
 Riscos Ergonômicos.
 Riscos Físicos.
 Riscos Químicos.
 Riscos Biológicos.
 
No caso de exposição diária a agentes de risco (geralmente de natureza 
desconhecida), do ponto de vista das instalações, dinâmica de trabalho e qualidade 
dos recursos humanos, o espaço de trabalho deve ser totalmente coordenado para 
permitir a eliminação ou minimização de riscos aos profissionais e ao meio 
ambiente. 
A avaliação cuidadosa dos riscos é uma etapa extremamente importante na 
definição e determinação de medidas e ações para minimizar os riscos e envolve 
uma série de etapas destinadas a obter informações que possam ser monitoradas. 
Rocha (2004) defende que sempre que uma atividade apresenta a 
possibilidade de prejudicar a saúde humana e/ou o meio ambiente, uma postura 
cautelosa deve ser adotada antecipadamente mesmo que a extensão total do 
possível dano ainda não tenha sido determinada cientificamente. 
 
33 
 
O Princípio da Precaução, proposto formalmente na Conferência das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida 
como Cúpula da Terra ou ECO-92, realizada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, 
foi definido em 14 de junho de 1992 como: 
A garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual 
do conhecimento, não podem ser ainda identificados. Este Princípio afirma 
que a ausência da certeza científica formal, a existência de um risco de um 
dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam 
prever este dano (ECO – 92, apud GOLDIM,2003). 
A prevenção é um dos principais objetivos da biossegurança, 
especialmente no que se refere à prevenção de doenças.Neste espaço, a 
biossegurança não abre mão do conhecimento em outras áreas do conhecimento 
científico como a epidemiologia, o que comprova a óbvia diferença entre elas, 
especialmente É usado para investigar, monitorar e controlar as chamadas doenças 
emergentes e reemergentes (ROCHA, 2004). 
No que diz respeito à prevenção, a ideia de eliminar naturalmente todas as 
doenças infecciosas contribuiu para que as ações de prevenção e controle fossem 
subestimadas na agenda prioritária de saúde no passado, o que evidentemente 
ocasionou perdas de desenvolvimento. Possui capacidade de resposta 
governamental suficiente e perdeu a oportunidade de tomar decisões sobre 
medidas que podem ter um impacto positivonesta área (BRASIL, 2002). 
Os diversos fatores de risco contidos no processo de trabalho dos 
laboratórios de saúde pública indicam que operações seguras devem ser realizadas 
no manuseio de insumos e tecnologias, o que requer profissionais qualificados nas 
mais diversas áreas da biossegurança, o que requer uma perspectiva 
multidisciplinar. 
Rocha (2004) lembra que ao longo da história as propostas baseadas no 
valor da prevenção buscaram sempre como suporte as estratégias educacionais, 
visando consolidar a corresponsabilidade entre sociedade, instituições e governos, 
tentando estimular a construção de ações que pudessem fortalecer a perspectiva 
 
34 
 
da cidadania, sendo a escola um lócus privilegiado para a implantação das ideias e 
das ações preventivas. 
4.2 Classificação de risco para agentes biológicos 
Os agentes biológicos foram classificados em classes de 1 a 4, incluindo 
também a classe de risco especial (BRASIL, 2006): 
 
 Classe de risco 1 - Agentes biológicos que oferecem baixo risco 
individual e para a coletividade, descritos na literatura como não 
patogênicos para as pessoas ou animais adultos sadios. Exemplos: 
Lactobacillus sp., Bacillus (Brasil, 2006a) 
 
 Classe de risco 2 - Agentes biológicos que oferecem moderado 
risco individual e limitado risco para a comunidade, que provocam 
infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação 
na comunidade e de disseminação no meio ambiente seja limitado, 
e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes 
(Brasil, 2006a) 
 
 Classe de risco 3 - Agentes biológicos que oferecem alto risco 
individual e moderado risco para a comunidade, que possuem 
capacidade de transmissão por via respiratória e que causam 
patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais 
existem usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. 
Representam risco se disseminados na comunidade e no meio 
ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa (Brasil, 2006a) 
 
 Classe de risco 4 - Agentes biológicos que oferecem alto risco 
individual e para a comunidade, com grande poder de 
 
35 
 
transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão 
desconhecida. Nem sempre está disponível um tratamento eficaz ou 
medidas de prevenção contra esses agentes. Causam doenças 
humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de 
disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui 
principalmente os vírus (Brasil, 2006a). 
 
 Classe de risco especial - Agentes biológicos que oferecem alto 
risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio 
ambiente de doença animal não existente no país e que, embora não 
sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, 
podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de 
alimentos. Alguns exemplos: Vírus da cólera suína, Vírus da doença 
de Borna, Vírus da doença de New Castle (amostras asiáticas), Vírus 
da doença de Teschen, Vírus da doença de Wesselbron, Vírus da 
influenza A aviária (amostras de epizootias), Vírus da peste aviária, 
Vírus da peste bovina (Brasil, 2006a). 
 
Em função desses e outros fatores específicos, as classificações existentes 
nos vários países apresentam algumas variações, embora coincidam em relação à 
grande maioria dos agentes. 
4.3 Contenção biológica – Biocontenção 
Segundo as Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Agentes 
Biológicos do Ministério da Saúde (2010), o termo contenção é usado para 
“descrever os procedimentos de biossegurança utilizados na manipulação de 
agentes biológicos de acordo com a sua classificação de risco. O objetivo da 
contenção é prevenir, reduzir ou eliminar a exposição de profissionais, de usuários 
 
36 
 
do sistema de saúde, da população em geral e do ambiente aos agentes 
potencialmente perigosos”. 
Ainda segundo as Diretrizes Gerais do Ministério da Saúde, a contenção se 
dá em dois níveis: contenção primária e contenção secundária. 
A contenção primária visa proteger profissionais e usuários de fatores 
perigosos por meio do uso de equipamentos de proteção individual e coletiva, 
aplicação de práticas laboratoriais seguras e imunização. 
Além das técnicas microbiológicas de segurança, as barreiras primárias 
(equipamentos de segurança e equipamentos de proteção individual e 
coletiva) e barreiras secundárias (facilidades de salvaguardas) são agora 
consideradas como elementos vitais de medidas de contenção (KIMMAN 
et al., 2008). 
O equipamento de proteção individual, denominado EPI, é utilizado para 
minimizar os riscos ocupacionais e evitar acidentes no laboratório. A utilização de 
equipamentos de proteção coletiva (EPC) visa minimizar os riscos enfrentados 
pelos trabalhadores e reduzir as consequências em caso de acidente. Exemplos: 
lava-olhos, chuveiro, extintor de incêndio e abrigo biológico (TEIXEIRA; VALLE, 
1996). 
As medidas de contenção secundária são para proteger o meio ambiente 
de fatores de risco, incluindo medidas e práticas relacionadas à proteção pessoal; 
uso de equipamentos de segurança pessoal / coletiva; práticas baseadas no nível 
de risco do agente manipulado e se as instalações e infraestrutura do local de 
trabalho adequado (BRASIL SCTIE/MS, 2010). 
A avaliação de risco dos agentes biológicos a serem manipulados irá definir 
as medidas de contenção a serem adotadas e o nível de biossegurança adequado. 
O chamado nível de biossegurança recomendado para agentes biológicos é a 
condição sob a qual esses agentes biológicos podem ser manuseados com 
segurança. A pessoa responsável pela implementação de políticas internas de 
biossegurança em uma organização que lida com fatores de risco biológico é o 
diretor ou presidente da pessoa. O diretor ou presidente é também o responsável 
pela aprovação de normas e procedimentos internos, e pela promoção da 
 
37 
 
conscientização e treinamento de todos os profissionais envolvidos (BRASIL 
SCTIE/MS, 2010). 
4.4 Proteção biológica – Bioproteção 
Além do termo Biossegurança, utiliza-se frequentemente na literatura o 
conceito de Bioseguridade (“biosecurity”), muitas vezes de maneira similar, apesar 
de serem conceitos diferentes. A bioproteção inclui medidas de controle que vão 
além das barreiras laboratoriais. A biossegurança inclui todas as precauções 
tomadas para prevenir a infecção de organismos patogênicos e / ou toxinas e sua 
liberação no meio ambiente. No Brasil, entretanto, o termo “biosecurity” traduz-se 
como Bioproteção. De acordo com a portaria normativa N° 585 de 07 de Março de 
2013, do Ministério da Defesa, o termo bioproteção é definido como: Bioproteção 
(“biosecurity”): “conjunto de ações que visam a minimizar o risco do uso indevido, 
roubo e/ou a liberação intencional de material com potencial risco à saúde humana, 
animal e vegetal” (COELHO; DÍEZ, 2015). 
As palavras biossegurança (“biosafety”) e bioproteção (“biosecurity”) têm 
conceitos diferentes, portanto, além de proteger os seres humanos e o meio 
ambiente de agentes biológicos perigosos, eles também incluem questões como a 
proliferação de armas biológicas de destruição em massa. As questões relativas à 
biossegurança e à bioproteção devem ser consideradas de forma interdisciplinar, e 
ter como base acordos multilaterais contra a proliferação de armas biológicas e 
relativos à saúde pública e a proteção do ambiente (BIELECKA; MOHAMMADI, 
2014). 
Biossegurança refere-se a princípios, tecnologias e práticas de contenção 
usadas para prevenir a exposição acidental a patógenos e toxinas ou liberação 
acidental no meio ambiente. Esta não é apenas uma exigência pessoal, mas 
também um esforço coletivo para garantir a biossegurança e um ambiente limpo e 
seguro. Em contrapartida, o conceito de bioproteção é mais complexo. Segundo a 
Organização Mundial as Saúde (OMS), o termo se refere a mecanismos para 
 
38 
 
estabelecer e manter a segurança e vigilância demicrorganismos patogênicos, 
toxinas e outros recursos relevantes. A bioproteção trata da proteção, controle e 
responsabilidade por materiais biológicos dentro do laboratório, a fim de impedir o 
acesso não autorizado, perda, roubo, uso indevido, desvio ou libertação intencional. 
Enquanto biossegurança protege as pessoas de patógenos, biomoléculas ou 
produtos químicos, a bioproteção protege tais materiais de pessoas. Portanto, são 
conceitos diferentes, esses conceitos se somam, mas dependendo do método, 
pode haver conflitos. Por exemplo, durante o transporte de patógenos, a 
biossegurança recomenda uma rotulagem clara dos materiais; no entanto, do ponto 
de vista da proteção biológica, rotular os materiais durante o transporte pode 
aumentar o risco de utilização indevida e roubo (KUMAR, 2015). 
4.5 A higienização das mãos 
A higienização das mãos é considerada o método mais importante na 
redução da transmissão de doenças infectocontagiosas. Em 1846, o médico 
húngaro Ignaz Philip Semmelweis relacionou a incidência de febre em mulheres que 
recentemente haviam dado à luz com os cuidados médicos que elas recebiam. Ao 
observar que os médicos saíam das salas de autopsia e iam diretamente para as 
salas de parto, sem higienizar as mãos, Semmelweis identificou que esses mesmos 
médicos tinham um odor desagradável nas mãos. Então, Semmelweis inferiu que a 
alta incidência de febre era causada por partículas cadavéricas, as quais eram 
transmitidas das salas de autopsia para a ala de obstetrícia pelas mãos de 
estudantes e médicos. Posteriormente, ele insistiu que todos os estudantes e os 
médicos higienizassem suas mãos com uma solução clorada antes e depois de 
qualquer procedimento. Para a surpresa de todos, no mês seguinte, a taxa de 
infecção e mortalidade caiu de 12,2% para apenas 1,2%, demonstrando a 
importância da limpeza das mãos na prevenção de doenças infectocontagiosas 
(STAPENHORST, 2018). 
 
39 
 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) caracteriza a 
higienização das mãos como “medida individual mais simples e menos dispendiosa 
para prevenir a propagação de infecções relacionadas à assistência na saúde” 
(BRASIL, 2007, documento on-line). 
Mesmo que o ambiente aparente estar limpo a olho nu, vários 
microrganismos podem estar presentes, os quais podem ser potencialmente 
patogênicos, independentemente da quantidade de material contaminado. A 
adesão de técnicas de Biossegurança e a realização de procedimentos seguros e 
adequados é fundamental para a manutenção da saúde dos indivíduos em 
ambientes ocupacionais. 
A higienização das mãos tem duas finalidades, aponta Stapenhorst (2018): 
(1) remoção de sujeira, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e microbiota 
da pele, interrompendo a transmissão de infecções relacionadas ao contato direto; 
(2) prevenção e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. 
Para a correta higienização das mãos, a escolha do produto utilizado deve 
se basear no local de trabalho e no procedimento que será realizado. O uso de água 
e sabão é indicado quando as mãos estiverem visivelmente sujas, ao iniciar o 
trabalho, após ir ao banheiro, antes e depois das refeições, antes de preparar 
alimentos, antes da manipulação de medicações e também antes de fazer uso de 
soluções alcoólicas. No entanto, o uso de preparações alcoólicas é indicado quando 
as mãos não estiverem visivelmente sujas (STAPENHORST, 2018). 
Os detergentes que associam antissépticos são indicados para a realização 
da higienização antisséptica das mãos e da degermação da pele (aumento da 
fricção mecânica pelo uso de escovas específicas para esse método). 
Apesar de todas as informações disponíveis na literatura que demonstram 
a eficácia da higienização das mãos, ainda há enorme resistência dos profissionais 
da saúde em adotar essa técnica como um método primordial para a redução de 
transmissões de infecções. 
A disponibilidade dos insumos necessários para a realização do 
procedimento é crucial para aumentar a adesão dos profissionais. Como insumos, 
 
40 
 
podemos citar a pia de fácil acesso, os dispensadores de sabonetes ou 
antissépticos, o papel toalha, a lixeira para descarte e por último, mas não menos 
importante, a água. 
A eficácia da higienização das mãos depende da duração e da técnica 
utilizada, portanto, não se esqueça de concluir todas as etapas que serão descritas 
a seguir. Se a técnica não for aplicada passo a passo por esquecimento ou pressa, 
a técnica se tornará inadequada, e o principal erro no processo de higienização das 
mãos está relacionado à falta de sabão e atrito incorreto das áreas que devem ser 
limpas (STAPENHORST, 2018). 
Antes de iniciar a técnica de higienização das mãos, você deve remover 
anéis, pulseiras e relógio, tendo em vista que esses objetos são reservatórios de 
microrganismos. A duração total do procedimento é de, aproximadamente, 60 
segundos. 
Vejamos abaixo, passo a passo, como é a técnica de higienização das 
mãos, segundo vemos em Stapenhorst (2018): 
1. Sem encostar na pia, abra a torneira e molhe suas mãos; 
2. Aplique sobre a palma da mão uma quantidade suficiente de 
sabonete (preferencialmente líquido) para cobrir todas as superfícies 
das mãos; 
3. Ensaboe as palmas das mãos, friccionando-as entre si; 
4. Esfregue a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda, 
entrelaçando os dedos, e vice-versa; 
5. Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais; 
6. Esfregue o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão 
oposta, segurando os dedos, com movimento de vai e vem e vice-
versa; 
7. Esfregue o polegar direito com o auxílio da palma da mão esquerda 
com movimentos circulares e repita o mesmo procedimento com o 
polegar esquerdo; 
 
41 
 
8. Friccione as pontas dos dedos e as unhas da mão esquerda na 
palma da mão direita, fechada em formato de concha, e faça 
movimentos circulares, após, repita o mesmo procedimento com as 
pontas dos dedos e as unhas da mão direita; 
9. Esfregue os punhos, utilizando movimentos circulares; 
10. Enxague as mãos, removendo o excesso de sabonete, mas tome 
cuidado para que as mãos ensaboadas não entrem em contato com 
a torneira, para tanto, tente ativar a torneira com o cotovelo; caso a 
torneira necessite de contato direto para o fechamento, utilize papel 
tolha para fechar água; 
11. Seque as mãos com papel toalha descartável. 
 
Ao utilizar soluções alcoólicas, o passo a passo é praticamente igual, exceto 
a última etapa, visto que você deve continuar friccionando suas mãos até elas 
secarem, em vez de fazer uso de papel toalha. A degermação da pele Ações para 
o controle de infecções 9 é um procedimento mais intenso, com duração de, 
aproximadamente, 3 a 5 minutos e a higienização é realizada nas mãos, nos 
antebraços e nos cotovelos. O produto antisséptico deve ser espalhado das mãos 
até os cotovelos e, fazendo uso de uma escova específica para essa técnica, utilize 
as cerdas para limpar sob as unhas e, posteriormente, friccione a escova nas mãos, 
nos espaços interdigitais e no antebraço, por, no mínimo, 3 a 5 minutos, sempre 
com as mãos elevadas acima do cotovelo (STAPENHORST, 2018). 
Para realizar o enxague do produto, deixe a água corrente cair no sentido 
das mãos para os cotovelos e não utilize as mãos para fechar a torneira. Nesse 
procedimento, você deve secar suas mãos em tolhas ou compressas estéreis, com 
movimentos de compressão, começando pelas mãos e seguindo pelo antebraço até 
os cotovelos. 
 
42 
 
4.6 Limpeza do ambiente 
A higiene do ambiente é considerada, pela ANVISA, como um dos critérios 
mínimos para o funcionamento e a qualidade no ambiente de trabalho, pois este é 
um ambiente coletivo, onde várias pessoas, com hábitos e costumes diferentes, 
convivem, portanto, é necessário adotar procedimentos de higienização, visando à 
redução dos riscos. 
Várias soluções químicaspodem ser utilizadas para a limpeza ou a 
desinfecção do ambiente (Quadro 1). Os detergentes são soluções sintéticas que 
reduzem a tensão superficial, atuando como um agente diluente que é capaz de 
alterar a membrana celular dos microrganismos. As soluções desinfetantes são 
classificadas como agentes químicos germicidas, ou seja, são capazes de eliminar 
total ou parcialmente os microrganismos presentes no ambiente. É importante 
lembrar que as soluções desinfectantes têm eficácia máxima quando ficam em 
contato direto com a superfície durante um período de 10 a 30 minutos. É sempre 
importante relembrar que essas soluções não podem ser chamadas de 
esterilizantes, pois não são capazes de eliminar os esporos e também não são 
efetivas contra algumas espécies de vírus (STAPENHORST, 2018). 
A realização da limpeza do ambiente, desde bancadas até mesmo o chão, 
deve ser realizada seguindo os princípios simples preconizados pelas Normas de 
Biossegurança. É importante sempre realizar a limpeza no sentido da área mais 
limpa em direção à mais suja ou da área menos contaminada para a mais 
contaminada, sempre de cima para baixo, no mesmo sentido e mesma direção, ou 
seja, se você começar pelo lado esquerdo da área, passe o pano com o produto de 
trás para frente e refaça o mesmo movimento na área adjacente àquela que foi 
higienizada. Jamais utilize movimentos de vai e vem ou circulares durante a 
higienização das bancas, pois esses movimentos espalham sujidade 
(STAPENHORST, 2018). 
Os processos de limpeza de superfícies em serviços de saúde envolvem a 
limpeza concorrente (diária) e a limpeza terminal. A limpeza terminal é, 
 
43 
 
principalmente, utilizada em ambientes hospitalares e Unidades de Pronto 
Atendimento (UPAs), pois é realizada com máquinas de lavar piso e com produtos 
químicos mais fortes. O serviço de saúde que mais faz uso desse tipo de limpeza 
são os hospitais e as UPAs (STAPENHORST, 2018). 
A limpeza concorrente é aquela que deve ser realizada diariamente, com a 
finalidade de limpar e organizar o ambiente de trabalho, repor os insumos de 
consumo diário e separar e organizar os materiais que serão processados para a 
esterilização. A limpeza concorrente deve ser realizada em todas as superfícies 
horizontais de móveis e equipamentos, portas, maçanetas, piso e instalações 
sanitárias. 
A limpeza dos pisos deve ser realizada diariamente e sempre que 
necessário, varrendo, primeiramente, os resíduos existentes. Utilize um pano 
embebido em água e sabão e sempre faça uso de dois baldes com água: um 
contendo água limpa e o produto e o outro com água apenas para o enxague do 
pano, removendo, dessa forma, o excesso de sujidade. Posteriormente, o produto 
desinfetante, geralmente hipoclorito, deve ser aplicado em toda a superfície do piso, 
fazendo uso de um pano limpo (STAPENHORST, 2018). 
As bancadas devem ser higienizadas várias vezes ao dia, ao iniciar o turno 
de trabalho, entre um paciente e outro e no final do dia. A limpeza profunda das 
bancas também é feita com o uso de água e sabão, seguido pela aplicação de 
produto desinfetante, tal como uma solução alcoólica 70% ou hipoclorito de sódio 
1%. A maca e a mesa auxiliar utilizadas durante determinados procedimentos 
também devem ser devidamente desinfetadas, no início do turno de trabalho, entre 
um paciente e outro e no fim do dia. Essa desinfecção pode ser realizada com a 
aplicação de solução alcoólica 70%, utilizando compressa estéril ou gaze, sempre 
do local mais contaminado para o menos contaminado (STAPENHORST, 2018). 
Por fim, para contextualizar todas as informações abordadas nesse 
capítulo, recomenda-se que todo estabelecimento elabore e deixe disponível para 
todos os funcionários um Manual de Rotinas e Procedimentos. Dessa forma, todos 
os procedimentos de limpeza, esterilização e outras recomendações estarão 
 
44 
 
padronizados e descritos passo a passo, melhorando a qualidade do serviço 
prestado e reduzindo os riscos de Biossegurança associados aos procedimentos 
estéticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
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