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Abandono Afetivo no Direito de Família Brasileiro. Embora o direito brasileiro, não possua um instituto específico que corresponda exatamente ao conceito de "abandono afetivo", o tema tem sido objeto de discussões e litígios significativos no âmbito do Direito de Família. O abandono afetivo é um termo frequentemente utilizado na discussão jurídica e social para descrever situações em que um dos genitores não cumpre adequadamente suas obrigações afetivas e emocionais em relação à criança ou ao adolescente, causando-lhes danos psicológicos. O abandono afetivo encontra seu fundamento na Constituição Federal de 1988, o artigo 226 da Carta Mágna reconhece a família como base da sociedade e estabelece princípios como a dignidade da pessoa humana e a paternidade responsável. Além disso, o artigo 227 da Constituição determina que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente o direito à convivência familiar e comunitária, incluindo o respeito à sua dignidade e afetividade. Outro fundamento relevante para o abandono afetivo é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que estabelece a prioridade absoluta na proteção integral dos direitos da criança e do adolescente podendo a negligência afetiva ser vista como uma forma de violação desses direitos. Paulo Lôbo, em seu livro "Direito Civil - Famílias", defende a ideia de que a afetividade deve ser valorizada nas relações familiares e que a negligência emocional pode ser tão prejudicial quanto a negligência material. Ele destaca a importância de equilibrar a responsabilidade parental com o afeto. Ainda de acordo com o autor a assistência moral à criança ou ao adolescente também se torna um dever jurídico, com o instituto da paternidade, que se perfaz após o nascimento. Inserido no campo do Direito de Família, aborda as relações emocionais entre genitores e filhos, tal assunto tem repercussões significativas, pois destaca a necessidade de considerar não apenas as obrigações materiais dos genitores, mas também seu dever de proporcionar um ambiente emocionalmente saudável para o desenvolvimento da criança ou do adolescente. O objeto do abandono afetivo pode ser relacionado à proteção dos direitos emocionais das crianças e dos adolescentes, reconhecendo que a negligência emocional pode ser tão prejudicial quanto a negligência física ou material. Assim, o abandono afetivo busca garantir que os genitores e responsáveis cumpram não apenas suas obrigações financeiras, mas também proporcionem um ambiente emocionalmente saudável para o desenvolvimento das crianças, contribuindo para sua formação psicológica e emocional de maneira positiva. As partes envolvidas geralmente incluem o genitor acusado de abandono afetivo, a criança ou adolescente afetado e, em alguns casos, o genitor que busca medidas corretivas. Frequentemente tratado por meio de ações judiciais que podem buscar medidas como indenização por danos morais, regulamentação de visitas ou guarda compartilhada. O regime jurídico do abandono afetivo baseia-se em princípios Constitucionais, do Direito de Família, do Direito Civil e do ECA, analisado pelos tribunais de acordo com o caso concreto. O abandono afetivo se diferencia de outros institutos, como a pensão alimentícia, por exemplo, por não se limitar apenas à obrigação financeira. Ele lida especificamente com questões emocionais e psicológicas. Não há um fundamento legal específico que determine sua natureza jurídica o que tem sido objeto de debate na doutrina, sem um consenso absoluto. Por não haver restrição legal para a aplicação das regras de responsabilidade civil no âmbito das relações familiares, tendo em vista que os artigos 186 e 927 do Código Civil tratam do tema de forma ampla e irrestrita, alguns o veem como uma questão de responsabilidade civil. Já outros, argumentam que envolve direitos da personalidade. O abandono afetivo não está diretamente regulamentado por leis específicas, sendo abordado com base nas normas do Direito de Família e do Direito Civil. As decisões judiciais têm desempenhado um papel crucial na definição de como o abandono afetivo é tratado na prática. O instituto evoluiu ao longo do tempo, acompanhando mudanças nos valores sociais e no reconhecimento da importância da afetividade nas relações familiares. Apesar de não existirem súmulas específicas, tribunais têm proferido decisões relevantes que estabelecem precedentes em casos individuais, reconhecendo a importância da afetividade nas relações familiares. Além disso, a doutrina tem contribuído para a discussão do abandono afetivo destacando a necessidade de proteção dos direitos emocionais das crianças e adolescentes, mesmo em meio a divergências doutrinárias. Embora careça de uma definição legal específica, é uma questão de grande importância no Direito de Família brasileiro. Ele reflete a evolução das concepções sociais sobre a afetividade nas relações familiares e destaca a necessidade de proteger os direitos emocionais das crianças e dos adolescentes. Sua abordagem, embora complexa, é fundamental para equilibrar as obrigações parentais.
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