Buscar

PSICODIAGNÓSTICO-INFANTIL-NO-ADULTO-E-IDOSO docx

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
PSICODIAGNÓSTICO INFANTIL, NO ADULTO E IDOSO 
1 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 
O PSICODIAGNÓSTICO ................................................................................... 6 
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E PSICODIAGNÓSTICO ................................... 7 
O PROCESSO DE PSICODIAGNÓSTICO INFANTIL ..................................... 10 
O IDOSO……………………………………………………………………..……… 14 
O PSICODIAGNÓSTICO EXIGE A APLICAÇÃO DE TESTES 
PSICOLÓGICOS? 
……………………………………………………………………..……….... 16 
O PSICODIAGNÓSTICO NECESSITA DE UMA TEORIA PSICOLÓGICA QUE 
O FUNDAMENTE……………………………………………………..…….. 20 
O PSICODIAGNÓSTICO É UMA INTERVENÇÃO………………………..….. 22 
REFERÊNCIAS…………………………….…………………………..……….... 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
A avaliação psicológica refere-se a métodos científicos que tem por 
objetivo a coleta de dados necessários para testar hipóteses clínicas, produzir 
diagnósticos com a finalidade de avaliar a personalidade humana, o 
pensamento, a aprendizagem e comportamento individual ou em grupo. A 
avaliação psicológica pode incluir entrevistas, observação, análise e consultas 
com outros profissionais envolvidos principalmente no cuidado com a criança, 
abrangendo muitas áreas de habilidades, como o nível intelectual geral, 
linguagem, memória e aprendizagem, resolução de problemas, planejamento e 
organização, habilidades motoras finas, habilidades espaciais visuais e 
competência escolar (leitura, matemática, ortografia e escrita). Inclui também, 
um exame do comportamento e emoções (MENDES et al. 2013). 
De acordo com Araújo (2007) a avaliação psicológica é o processo no 
qual ocorre uma avaliação com o uso de técnicas e teorias, sendo por isso mais 
ampla em relação ao psicodiagnóstico que é o resultado da avaliação 
psicológica, tendo como propósito clínico a identificação de distúrbio ou algum 
problema de conduta. 
O psicodiagnóstico é uma das possibilidades de Avaliação Psicológica, 
etimologicamente psicodiagnóstico é o conhecimento de sintomas psíquicos, 
vem de diagnostikos que significa habilidade em discriminar, em discernir, e de 
gnosis que significa ação de conhecer; conhecimento, ciência, sabedoria 
(CUNHA, 2007). Já Arezo (1995) define psicodiagnóstico como um estudo 
profundo da personalidade, de acordo com o ponto de vista clínico do 
profissional de psicologia. 
O psicodiagnóstico é um processo científico que possui limitações tais 
como o tempo de aplicação do teste, que pode não ser suficiente para que o 
profissional entenda o caso, e sua associação com os pressupostos teóricos; 
dificultando assim a classificação, identificação e os possíveis cursos e 
propostas de solução para o caso quando for necessário (BARBIERI 2010). 
Portanto, psicodiagnóstico é um procedimento científico, com duração 
limitada, que tem a finalidade de alcançar compreensão mais aprofundada da 
dinâmica do paciente e do grupo familiar. O modelo teórico de psicodiagnóstico 
4 
 
 
infantil começa com uma entrevista com os pais para realizar a anamnese, 
seguida por uma brincadeira dentro do tempo da criança, e a aplicação de testes 
psicológicos e feedback. 
O psicodiagnóstico infantil tem sido realizado através de um processo de 
estudo onde a coleta de informações não é realizada apenas com a criança, mas 
também com os pais ou responsáveis, portanto neste processo, são efetuadas 
várias entrevistas com a criança e seus pais, para a coleta direta de dados 
relativos à problemática apresentada, prefigurando por isso em um estudo do 
caso da criança e não unicamente da criança, isso acontece porque a demanda 
da criança depende mais de outras pessoas do que a demanda do adulto. Além 
disso, é também aplicada uma série de testes psicológicos na criança, com vistas 
confirmar hipóteses e informações colhidas diretamente através dos 
depoimentos apresentados nas entrevistas. Os testes podem ser usados para 
detectar e analisar características e problemas de personalidade do 
examinando, bem como suas condições intelectuais (ARCARO, HERZBERG, 
TRINCA, 1999). 
A avaliação psicodiagnóstico da criança e do adolescente mantém 
algumas semelhanças com a de adultos, especialmente no que diz respeito à 
necessidade de estudo científico do comportamento. No entanto, a avaliação 
com as crianças é um grande desafio para o psicólogo e requer conhecimentos 
e técnicas especiais. A criança é um ser em desenvolvimento, estando por isso 
constantemente em mudança e, embora este desenvolvimento possa ser 
considerado normal por toda vida, é na fase infantil e na adolescente quando as 
mudanças biológicas e comportamentais ganham uma maior importância por 
estar na construção da pessoa adulta. Algumas das peculiaridades da avaliação 
em crianças envolvem: (1) O prognóstico evolutivo da doença varia de acordo 
com as diferentes idades em que são iniciados, determinando, por sua vez, a 
severidade e cronicidade dos sintomas possíveis. (2) Para enfatizar a 
importância das variáveis ambientais, leva se em consideração que a criança é 
submetida a um maior controle pelo ambiente físico e social que o adulto, sendo, 
portanto, mais suscetíveis a esses fatores. Mesmo quando o distúrbio tem um 
componente orgânico identificado, variáveis ambientais devem ser 
consideradas. (3) A avaliação em crianças e adolescentes também deve ser feito 
5 
 
 
com “perspectiva de futuro”, ou seja, a criança não só deve ser vista em seu 
ambiente e circunstâncias, mas projetada para os desafios ou mudanças de vida 
que ela vai enfrentar (ARAÚJO, 2007). 
Segundo Arzeno (1995) um aspecto importante para o psicodiagnóstico é 
a hora lúdica em que o brincar predomina, isto é, em atendimento com crianças, 
o brincar é extremamente importante e necessário no processo. Quando a 
criança brinca, ela projeta seus desejos e fantasias inconscientes e evidencia 
aspectos da dinâmica familiar em que está inserida. No entanto, os adultos são 
diferentes das crianças, e não aceita o brincar no setting terapêutico, o processo 
de alguma forma é semelhante em ambos os casos, porque tanto o adulto quanto 
a criança projetam e nos revelam o contexto que vive e o seu sofrimento 
psíquico. 
Uma característica da avaliação psicodiagnóstico é o fato da criança ser 
diferente do adulto, a criança utiliza outros meios de comunicação que apontem 
aspectos importantes de sua subjetividade. O adulto só tem o meio da fala ou 
associações livres (técnica bem utilizada na Psicanálise), enquanto a criança, 
que normalmente se apresenta resistente, desconfiada e tímida, ao brincar, se 
sente livre para “dizer o não dito”, que tem muitoa revelar sobre o sintoma 
apresentado pela mesma. Através do brincar é possível observar como se dão 
as relações dos pacientes com seus irmãos, colegas, pais e outros familiares, 
bem como os aspectos do desenvolvimento físico do paciente. Porém, vale 
ressaltar que algumas situações podem evidenciar fantasias inconscientes 
infantis, pois nem sempre o que eles nos trazem realmente aconteceu, o que 
nos leva a buscar comprovações das situações trazidas pelos pacientes 
(ARCARO, HERZBERG, TRINCA, 1999). 
Convém destacar que o papel do psicólogo na hora de jogo diagnóstica é 
o de um observador não participante, sendo assim é importante que este tenha 
o cuidado ao mobilizar a angústia da criança, pois falar sobre o sofrimento é 
doloroso para o paciente, podendo inclusive, interferir no vínculo estabelecido 
com o mesmo (SOUZA, HEREK, GIROLDO, 2014). 
 
6 
 
 
O PSICODIAGNÓSTICO 
 
O psicodiagnóstico pode ser compreendido como uma forma específica 
de avaliação psicológica, conduzida com propósitos clínicos e visando identificar 
forças e fraquezas no funcionamento psíquico, tendo como expectativa a 
descrição e compreensão, o mais profunda e completamente possível da 
personalidade do paciente ou do grupo familiar (Cunha, 2002; OCampo, 2003). 
Essa investigação se configura como um processo científico, limitado no 
tempo, que utiliza técnicas e testes psicodiagnósticos, seja para entender 
problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos 
específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, 
comunicando os resultados, a partir dos quais são propostas soluções (Cunha e 
cols., 2002; Anchieri & Cruz, 2003). 
Esse processo é bi-pessoal (psicólogo examinando), cujo propósito é 
investigar alguns aspectos em particular, de acordo com a sintomatologia e 
informações da indicação ou queixa, ou ainda favorecer a identificação de 
recursos potenciais e possibilidades do examinando. 
É importante que o profissional, ao conduzir o processo psicodiagnóstico, 
busque considerar o sujeito em exame como um ser mutável e dinâmico, situado 
num mundo maior que o da consulta psicológica, sendo multideterminado e 
atuando ativamente sobre sua realidade (Cunha e cols., 2002). 
Nessa perspectiva, os contextos sociocultural e familiar devem ocupar um 
lugar importante no estudo da personalidade de um indivíduo, já que é de onde 
ele provém (Arzeno, 1995). 
O psicodiagnóstico possibilita uma avaliação global da personalidade do 
paciente, determinação da natureza, intensidade e relevância dos distúrbios, 
fornecimento de subsídios a demais profissionais, definição do tipo de 
intervenção terapêutica, prognóstico da evolução terapêutica e pesquisa 
psicológica (Cunha e cols., 2002). 
 
 
7 
 
 
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E PSICODIAGNÓSTICO 
Segundo Cunha (2000), o processo de avaliação psicológica pode ter um 
ou vários objetivos, podendo ser definidos como de classificação simples, 
descrição, classificação nosológica, diagnóstico diferencial, avaliação 
compreensiva, entendimento dinâmico, prevenção, prognóstico e perícia 
forense. Na classificação simples, os resultados são fornecidos 
quantitativamente, como em uma avaliação de nível cognitivo, por exemplo. Na 
descrição, realizam-se interpretações dos dados quantitativos que foram 
fornecidos pela classificação simples. Já na classificação nosológica, são 
verificadas hipóteses iniciais de diagnóstico. No diagnóstico diferencial, são 
feitas diferenciações de várias alternativas diagnósticas, verificando o nível de 
funcionamento e a natureza da patologia. Na avaliação compreensiva, 
determina-se o tipo de personalidade do sujeito e seus níveis de funcionamento. 
São examinadas, por exemplo, as funções mentais. O entendimento dinâmico é 
a definição de focos terapêuticos, havendo uma integração com dados de base 
teórica. Na prevenção, são avaliados os riscos e as capacidades e 
incapacidades do examinando. O prognóstico determina o curso provável do 
caso. Por fim, na perícia forense, avaliam-se questões de insanidade, 
incapacidades ou patologias. 
De acordo com Bariani, Sisto e Santos (2000), os instrumentos 
psicológicos não são recentes na história da psicologia. A história dos testes 
psicológicos coincide com a do início da prática psicológica. Nesta época, a 
identidade do psicólogo referia-se exclusivamente a utilização de testes. 
Todavia, Cruz e Alchieri (2003) afirmam que a partir do século passado os testes 
passaram por intensas críticas públicas, foram divulgadas, inclusive na 
imprensa, dúvidas sobre a legitimidade e a validade dos testes. Desta forma, 
verificou-se um declínio de interesse e estudo sobre a avaliação psicológica a 
partir do final da década de 60. Pode-se dizer que nos anos 80, o interesse foi 
retomado com a criação de laboratórios de estudo sobre instrumentos 
psicológicos (Belo & Gouveia, 2006). 
Os testes psicológicos podem ser considerados como amostras do 
comportamento humano que são medidos de forma padronizada e objetiva. 
8 
 
 
Sendo assim, hipóteses prévias podem ser confirmadas ou não com base em 
passos e o estabelecimento de objetivos (Anastasi & Urbina, 2000). 
A resolução nº 002/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) define 
os testes psicológicos como: 
Art. 1º Os testes psicológicos são instrumentos de avaliação ou 
mensuração de características psicológicas, constituindo-se um 
método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo, em decorrência 
do que dispõe o § 1º do Art. 13 da Lei nº 4.119/62. 
O psicodiagnóstico é um processo que visa identificar forças e fraquezas 
no funcionamento psicológico, também enfatizando se existe ou não a presença 
de psicopatologia (Cunha, 2000). Pode ser realizado em qualquer idade, porém 
é mais frequente a solicitação de avaliação em crianças, principalmente, 
encaminhadas através das escolas. Cada faixa etária tem aspectos individuais 
que devem ser verificados e entendidos. Com isso, tem ocorrido um grande 
número de solicitações de avaliação na terceira idade, provavelmente pelo 
aumento da longevidade e qualidade de vida dos idosos (Romaro & Capitão, 
2003). 
Existe um tipo de avaliação psicológica bastante complexa que se chama 
avaliação neuropsicológica. O objetivo mais frequente deste tipo de avaliação é 
o de avaliar a cognição, principalmente a memória. A avaliação neuropsicológica 
é mais frequente em idosos, quando se solicita a avaliação para verificar 
possíveis declínios cognitivos. Todavia, nestes casos deve-se verificar se a 
dificuldade não é produto de um declínio normal em decorrência da idade, ou 
trata-se de uma deterioração mais complicada e irreversível (Cunha, 2000). 
Na avaliação neuropsicológica, Giurgea (1995) alerta para a importância 
de se avaliar dois aspectos: o rendimento geral do idoso e a presença de 
dificuldades; além da necessidade de investigar questões não cognitivas, como 
a motivação, para compreender se aspectos emocionais podem estar 
influenciado em suas capacidades. 
Entende-se que a maioria dos idosos enfrenta dificuldades emocionais e 
físicas nesta idade. Todavia, cada indivíduo passa pelas situações de conflito de 
formas diferentes, então se deve tomar cuidado para avaliar não somente os 
9 
 
 
fatores estressantes, mas também como o idoso enfrenta essas situações. Com 
o passar do tempo, não só modificam-se os interesses, como também as 
habilidades dos idosos, então se deve prestar atenção em quais técnicas utilizar, 
pois algumas testagens podem ser extremamente exaustivas. Segundo Cunha 
(2000), em situações que podem estar presentes sintomas demenciais, deve-se 
levantar a história do paciente junto com alguns familiares, mas sem excluí-lo 
destas entrevistas. Deve-se, portanto, entender como estão às habilidades do 
indivíduo de realizar atividades cotidianas como tomar banho, escovar os dentes 
e administrar os remédios. 
 
Figura1: Avaliação psicodiagnóstica. 
 
 
 
 
10 
 
 
O PROCESSO DE PSICODIAGNÓSTICO INFANTIL 
 
Oliveira et al., (2012) aborda o psicodiagnóstico como um estudo profundo 
da personalidade do indivíduo. Não é apenas uma coleta de dados que através 
da organização do entendimento clínico irá orientar o processo psicoterápico. É 
uma prática delimitada, que tem a função de obter a descrição e compreensão 
de modo global da personalidade do paciente ou também do grupo familiar. 
Sendo assim, é possível percorrer sobre os aspectos do passado, diagnóstico e 
prognóstico dessa personalidade (OCAMPO & ARZENO, 1975 apud OLIVEIRA 
et al., 2012). 
Cunha (2000) destaca que o psicodiagnóstico deve surgir diante o 
levantamento de hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas no decorrer 
do processo. Dessa forma, segundo Tavares (2000), um dos meios de 
investigação utilizado é a entrevista que tem o objetivo de descrever e avaliar 
aspectos pessoais ou sistêmicos que visa elaborar sugestões, 
encaminhamentos ou indicar alguma intervenção em benefício do paciente. 
Trinca (1984) aborda que não é apenas o processo de entrevista relevante para 
o processo, mas a mesma, com a observação clínica e a aplicação de testes 
psicológicos que servem como auxiliares das entrevistas. Os testes escolhidos 
devem atender às demandas especificas das hipóteses iniciais, assim, cada 
caso tem uma necessidade diferente (MARCELO & CARRASCO, 2005). Deve-
se considerar aspectos específicos como idade, sexo, escolaridade e o que quer 
se avaliar (OLIVEIRA et al., 2012). 
No psicodiagnóstico infantil o brincar é a técnica de avaliação utilizada. 
Roza (1999) apud Oliveira et al., (2012) destaca que a brincadeira é uma forma 
do comportamento específico da própria infância, assim são projetadas no ato, 
a forma de expressar seus sentimentos, pensamentos e conflitos. 
Para avaliar a criança é necessário conhecer sua relação com sua família 
para relacionar ao seu desenvolvimento biopsicossocial. Tsu (1984) decorre 
sobre a questão de quem é o cliente do psicólogo no processo de 
psicodiagnóstico infantil, a criança, família ou quem encaminhou. Segundo a 
autora, deve considerar que as condições e características das crianças na 
sociedade, a ajuda psicológica é procurada em função da criança, mas que o 
11 
 
 
problema deve ser visto além da individualidade, relacionado ao todo grupo 
familiar e com outras pessoas ou grupos envolvidos. “O sintoma da criança é 
emergente de um sistema intrapsíquico que está, por sua vez, inserido no 
esquema familiar também doente” (ARZENO, 1995, p. 167). 
A primeira relação que o bebê estabelece é o vínculo com sua mãe, essa 
relação começa na gestação e acompanhará depois do nascimento e no 
desenvolvimento da criança. É importante que tenha uma qualidade nesse 
vínculo, à medida que seja possível a troca afetiva entre mãe e filho (BORSA, 
2007). “[...] A mãe necessita estar apta para estabelecer este vínculo, o que só 
será possível a partir de uma boa vivência de suas experiências relacionadas à 
gestação e ao puerpério” (BORSA & DIAS, 2004 apud BORSA, 2007). As 
experiências referem-se as mudanças físicas e emocionais ocorridas durante a 
gestação ou após. Por ser um evento complexo, marcado por mudanças na vida 
da grávida, envolvem sentimentos intensos que podem explorar conteúdos 
inconscientes da mãe (BORSA, 2007). Dessa forma, as emoções da mãe 
apresentam sua história, esse passado pode exercer sua influência em relação 
a criança (KLEIN et al.,1973). 
[...] Durante os primeiros meses, a vida do bebê se passa na mais 
íntima união com a mãe. A relação emocional espontânea da mãe com 
seu filho é de importância incalculável, e todo planejamento consciente 
é relegado a um segundo plano (KLEIN et al.,1973 p.14). 
Papalia & Feldman (2013) atribuem seres humanos como seres sociais, 
pois desde do começo o homem se desenvolve dentro do contexto social e 
históricos. Andrade et al., (2005) relatam que a família desempenha o papel de 
mediadora entre a criança e a sociedade, assim, como os formadores dos 
principais vínculos, apresentando cuidados e estímulos necessários ao 
crescimento e desenvolvimento da criança. Klein et al., (1973) destacam que as 
fantasias que estão presentes na mente da criança e o ambiente familiar que irá 
influenciar o desenvolvimento que pode determinar se a disposição para com o 
mundo será amistosa ou hostil. No lar, existe uma estrutura que o bebê nasce e 
se orienta. É necessário que a criança confie nas figuras dos pais, pois é o 
principal suporte dela através do seu mundo. 
12 
 
 
Entende-se, então, a relevância do meio que é caracterizado inicialmente 
pela família, a criança necessita desse meio para se desenvolver 
emocionalmente, se o ambiente for inadequado para o desenvolvimento, podem 
desenvolver diversas patologias (SEI et al., 2008). 
 
Figura 2: Avaliação infantil. 
 
Na análise com crianças, Winnicott (1971) ressalta a importância de se 
valorizar o que acontece nos espaços intermediários entre paciente e terapeuta, 
pois é no inesperado, no encoberto e no transicional que se instaura a situação 
analítica e as possibilidades de um novo começo. O que se observa é que as 
dificuldades não se relacionam apenas à exploração e a interpretação dos 
aspectos lúdicos, mas também ao contexto e às várias psiques que precisam ser 
valorizadas no processo. Ressaltam-se nesse sentido, os pais, a família, o 
paciente, bem como o terapeuta. 
 
 
 
 
13 
 
 
O IDOSO 
 
Segundo Cancela (2007) a senescência é o processo natural do 
envelhecimento, o qual compromete progressivamente os aspectos físicos, 
cognitivos e emocionais; conglomerando um conjunto de fatores genéticos 
programados, ou seja, ocorre uma degradação funcional generalizada e 
progressiva, como consequência de perdas quanto a respostas de diferentes 
estímulos às circunstâncias estressoras, ampliando o número de risco de 
doenças associadas à velhice (CANCELA, 2007). Uma vez que o crescimento 
dessa parcela da população é constituído em muitos casos pelo o aumento da 
prevalência das demências como afirma (AZAMBUJA, 2007). 
A avaliação psicológica é um processo técnico-científico de coleta de 
dados que busca avaliar fenômenos psicológicos, com o objetivo de subsidiar o 
trabalho do psicólogo (URBINA, 2004). No contexto dos sintomas que podem 
acometer os idosos, verifica-se (SCHLINDWEIN-ZANINI, 2009) que por meio de 
métodos, técnicas e procedimentos científicos, como também por utilização de 
testes padronizados, identifica-se a presença ou a ausência de sintomas 
demenciais. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) considera idoso o 
indivíduo com sessenta anos ou mais. O envelhecimento não é um processo 
unificado e não ocorre de maneira simultânea e nem precisa estar associado a 
uma doença específica. Comparada com os demais grupos etários, a população 
idosa foi a que mais cresceu e está levando a um envelhecimento populacional. 
O aumento dos idosos do sexo feminino tem sido mais crescente do que do sexo 
masculino, este fator é comprovado internacionalmente e é maior nos países 
desenvolvidos. Uma das razões para isto acontecer deve-se ao alto índice de 
mortalidade masculina e os novos papéis desempenhados pela mulher na 
velhice, que a torna mais ativa e menos sedentária (Camarano, 2003). 
De acordo com Leite, Carvalho, Barreto e Falcão (2006) na população 
idosa a depressão encontra-se como o problema de saúde mais frequente e, 
com isso, aumenta a possibilidade de incapacitação do indivíduo. A depressão 
na velhice é um transtorno extremamente heterogêneo, as pesquisas atuais 
14 
 
 
enfrentam o desafio de determinar em que medida as depressões na velhice 
diferenciam-se das que ocorrem em etapas anteriores (Eizirik, 2001). Segundo 
Forlenza e Almeida (1997), a incidência de admissões psiquiátricas por queixa 
de transtornos de ansiedadena velhice diminui drasticamente em comparação 
a outras faixas etárias, dando lugar a problemas como depressão e 
psicossomáticos. 
Fernandes (2008) aponta que, apesar dos esforços para manter uma 
velhice saudável e ativa, a maioria dos idosos experimenta alguma fragilidade 
nesta fase. A doença no idoso causa intensos sentimentos de fragilidade, 
dependência e insegurança. Com isso, acaba ocasionando repercussões 
psíquicas inevitáveis, alterações na autoimagem e aumentam o nível de 
dependência. Freire (2000) afirma: 
Sabe-se hoje que a velhice não implica necessariamente doença e 
afastamento, que o idoso tem potencial para mudança e muitas 
reservas inexploradas. Assim, os idosos podem sentir-se felizes e 
realizados e, quanto mais atuantes e integrados em seu meio social, 
menos ônus trarão para a família e para os serviços de saúde (p. 22). 
Na velhice ocorre uma deterioração geneticamente programada, visto que 
existe um envelhecimento celular e a capacidade das células de se dividir e se 
regenerar diminui. No cérebro do idoso, ocorrem mudanças em diversos âmbitos 
neurobiológicos e neurofisiológicos, além de alterações neuroquímicas e 
estruturais (Lent, 2004). 
No que se refere ao déficit cognitivo e a demência em idosos, estudos 
mostram que a prevalência geral de demência é a mesma para homens e 
mulheres, embora o Alzheimer seja mais predominante em mulheres, isto pode 
ser explicado porque a longevidade destas é maior (Eizirik, 2001). De acordo 
com os dados apresentados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais – DSM-IV-TR (APA, 2002), uma demência caracteriza-se 
por múltiplos déficits cognitivos, que incluem comprometimento da memória, 
devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral, aos efeitos 
persistentes de uma substância ou a múltiplas etiologias. Além disso, a 
demência demonstra-se também através de algum prejuízo social e profissional 
no indivíduo. 
15 
 
 
 
O PSICODIAGNÓSTICO EXIGE A APLICAÇÃO DE TESTES 
PSICOLÓGICOS? 
 
Ao consultar a literatura, identificamos convergências conceituais. Arzeno 
(1995, p. 5) diz, por exemplo, que “. . . fazer um diagnóstico psicológico não 
significa necessariamente o mesmo que fazer um psicodiagnóstico. Este termo 
implica automaticamente a administração de testes e estes nem sempre são 
necessários ou convenientes”. Portanto, parece claro o entendimento da autora 
de que toda avaliação psicológica que não utilize testes não deva ser nomeada 
de “psicodiagnóstico”. Cunha (2000, p. 23, grifo nosso), em concordância, 
preconiza que “psicodiagnóstico” é um termo que designa um tipo de avaliação 
psicológica com propósitos clínicos, em que “. . . há a utilização de testes e de 
outras estratégias, para avaliar um sujeito de forma sistemática, científica, 
orientada para a resolução de problemas”. A autora segue afirmando que: 
Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que 
utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, 
seja para entender problemáticas à luz de pressupostos teóricos, 
identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e 
prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na 
base dos quais são propostas soluções, se for o caso. (Cunha, 2000, 
p. 26, grifo nosso). 
Observamos que, em todas as definições de Cunha (2000), o uso da 
expressão “e” sugere a obrigatoriedade do uso de testes para que o processo 
de avaliação psicológica clínica seja chamado de “psicodiagnóstico”. 
Aparentemente, Castro, Campezatto e Saraiva (2009) também entendem dessa 
forma, diferenciando “período de avaliação” de “psicodiagnóstico”. Para as 
autoras, durante o “período de avaliação” que precede a psicoterapia, o 
psicólogo poderá realizar um “psicodiagnóstico” ou fazer o encaminhamento 
para outro psicólogo que o realize, quando ocorrer a aplicação de testes 
psicológicos: “. . . a aplicação de testes pode ser realizada pelo próprio 
psicoterapeuta, se esse dominar as técnicas necessárias e se sentir confortável 
16 
 
 
para tal, ou por um colega especializado em psicodiagnóstico” (Castro et al., 
2009, p. 100). 
Em Ocampo e Arzeno (1979/2009), também encontramos a ideia de que 
o processo psicodiagnóstico inclui, obrigatoriamente, uma etapa de aplicação de 
testes e técnicas projetivas. Para explicar seu posicionamento, as autoras 
diferenciam a prática avaliativa que chamam de “psicodiagnóstico” da prática 
avaliativa de psicanalistas em suas primeiras consultas, referindo que, nestas 
últimas, se tem a possibilidade do uso de entrevistas livres ou totalmente abertas, 
algo não viável no psicodiagnóstico devido à limitação do tempo. 
Neste debate sobre a terminologia adotada para a atividade avaliativa 
clínica, observamos que, excluindo-se a necessidade de aplicação de testes, as 
descrições do processo psicodiagnóstico contidas nos manuais citados relatam 
exatamente o que é feito pelos profissionais que dizem não realizar 
psicodiagnóstico. Dito de outra forma, o que diferencia a avaliação clínica feita 
por psicólogos que nomeiam sua prática de “psicodiagnóstico” da daqueles que 
não a chamam assim é, apenas, o uso de testes psicológicos (Krug, 2014). 
Parece-nos infrutífera essa distinção terminológica, uma vez que, para 
nós, o que define um psicodiagnóstico relaciona-se mais ao caráter investigativo 
e ao diagnóstico do que à necessidade do uso de determinado tipo de 
instrumento de coleta de dados. Diferentemente dos trabalhos citados, 
encontramos outros autores que defendem a ideia de que o uso de testes pode 
não ser necessário em um psicodiagnóstico. Conforme Trinca (1983), por 
exemplo, o uso ou não de testes depende do psicólogo e de seu pensamento 
clínico em relação a cada paciente. 
Tomemos como referência para essa reflexão as definições feitas pelo 
Conselho Federal de Psicologia (CFP) para alguns termos comumente 
utilizados na área. A definição de “avaliação psicológica” do CFP 
(2013, p. 11), por exemplo, engloba qualquer atividade, com ou sem o 
uso de testes: A avaliação psicológica é compreendida como um amplo 
processo de investigação, no qual se conhece o avaliado e sua 
demanda, com o intuito de programar a tomada de decisão mais 
apropriada do psicólogo. Mais especialmente, a avaliação psicológica 
refere- -se à coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um 
17 
 
 
conjunto de procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles 
reconhecidos pela ciência psicológica. 
Quanto à diferença entre “avaliação psicológica” e “testagem psicológica”, 
a Cartilha (CFP, 2013, p. 13) diz: 
A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração 
de informações provenientes de diversas fontes, dentre elas, testes, 
entrevistas, observações e análise de documentos, enquanto a 
testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente, 
cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de 
diferentes tipos. 
Na Cartilha sobre Avaliação Psicológica, editada em 2007 pelo CFP 
(2007), não há referência ao termo “psicodiagnóstico”. Já na Cartilha de 2013 
(CFP, 2013, p. 34), há apenas uma menção ao termo, descrito como uma 
modalidade de avaliação psicológica, sem a especificação da necessidade ou 
não do uso de testes: “. . . no âmbito da intervenção profissional, os processos 
de investigação psicológica são denominados de avaliação psicológica, 
descritos em termos de suas modalidades – psicodiagnóstico, exame 
psicológico, psicotécnico ou perícia” (CFP, 2013, p. 34, grifo nosso). 
Portanto, a partir da reflexão sobre o uso do termo “psicodiagnóstico”, 
podemos fazer os seguintes questionamentos: as chamadas “entrevistas 
preliminares”, “entrevistas de avaliação” ou “entrevistas iniciais”, conduzidas por 
psicólogos de diferentes abordagens teóricas antes de indicar ao paciente uma 
análise, uma psicoterapia ou qualquermodalidade de tratamento psicológico ou 
de outra área, não poderiam ser consideradas uma prática de avaliação 
psicológica? A avaliação clínica inicial feita pelo psicólogo com o objetivo de 
conhecer aspectos psíquicos do paciente à luz da teoria psicanalítica ou de 
qualquer outra teoria não se configura como uma prática de avaliação 
psicológica? Ou o mais apropriado seria chamar essa prática psicológica 
orientada pela teoria psicanalítica de “avaliação psicanalítica” e a prática de 
profissionais orientados pelo comportamentalismo de “avaliação 
comportamental”? Somente quando um psicanalista, um gestaltista ou um 
comportamentalista aplica testes psicológicos durante o período de entrevistas 
preliminares diagnósticas é que poderíamos chamar essa prática avaliativa de 
18 
 
 
“psicodiagnóstico”? E, ainda, não poderemos chamar de “psicodiagnóstico” os 
processos de avaliação psicológica clínica com pacientes para os quais não 
dispomos de testes psicológicos aprovados pelo CFP? Por fim, sabendo que o 
profissional, durante uma avaliação clínica, tem o dever e a liberdade de optar 
pelas estratégias mais indicadas para realizar o procedimento, caso deseje 
realizar um psicodiagnóstico, terá ele de, obrigatoriamente, aplicar testes 
psicológicos? 
Essa confusão conceitual é descrita pela literatura (Wainstein, 2011; 
Wainstein & Bandeira, 2013). Nesses estudos, investigou-se o que profissionais 
da saúde e da educação entendem e esperam de um processo psicodiagnóstico 
para crianças e adolescentes, assim como de que forma encaminham seus 
pacientes para esse tipo de avaliação. Os resultados indicaram que o conceito 
de “psicodiagnóstico” é associado ao uso de algum instrumento psicológico, 
mais especificamente testes que avaliam as capacidades cognitivas, e sugeriram 
que os profissionais que encaminham seus pacientes não sabem ao certo a 
nomenclatura que deve ser utilizada, usando “psicodiagnóstico”, “avaliação 
diagnóstica”, “psicoavaliação”, “testagem”, conforme o tipo de interesse 
(aspectos cognitivos, aspectos sociais e outros). Essa pesquisa apontou que 
todas as nomenclaturas usadas representam a avaliação psicológica clínica, 
mas o termo que aparenta ser o melhor para esses casos é “psicodiagnóstico”, 
que tem uma definição clara de todo o processo. Para as autoras, não é o uso 
ou não de testes, ou de determinados tipos de testes, que configura a realização 
de um psicodiagnóstico, uma vez que, em alguns casos, o psicólogo abrirá mão 
do uso de testes, especialmente quando não houver testes validados no 
mercado. Lembram que, para a avaliação de crianças pré-escolares (0 a 6 anos), 
a observação do desenvolvimento infantil, baseada em critérios, tem sido muito 
usada entre os profissionais que costumam trabalhar com essa faixa etária. Por 
fim, concluem dizendo que parece não haver um consenso a respeito da 
nomenclatura utilizada para designar o encaminhamento de um indivíduo para 
avaliação psicológica. 
 
 
19 
 
 
O PSICODIAGNÓSTICO NECESSITA DE UMA TEORIA 
PSICOLÓGICA QUE O FUNDAMENTE 
Felizmente, nas últimas décadas, a área da avaliação psicológica no 
Brasil tem investido muito no desenvolvimento de instrumentos mais confiáveis, 
construídos a partir da nossa realidade cultural. É perceptível o aumento da 
oferta e da qualidade dos testes em nosso país, o que proporcionou maior 
qualificação dos serviços prestados à população. Sem dúvida, o estudo desses 
instrumentais qualificou os testes, mas não o processo psicodiagnóstico. 
Observamos, na atualidade, uma supervalorização dos instrumentos 
psicométricos e projetivos em detrimento da escuta e da tarefa de síntese 
compreensiva que deve ser realizada pelo psicólogo a partir de todas as 
informações coletadas durante a avaliação. Em alguns casos, a teoria 
psicológica tem cada vez menos influência no 18 HUTZ, BANDEIRA, TRENTINI 
& KRUG (ORGS.) processo, seja por não orientar o próprio processo avaliativo, 
seja por não estar contemplada na construção dos instrumentos que são 
utilizados de forma indiscriminada. Veem-se verdadeiros frankensteins técnicos 
e teóricos quando psicólogos adotam em seus processos avaliativos técnicas 
que se estruturam em diferentes teorias (muitas vezes com concepções teóricas 
e epistemológicas conflitantes). Assim, como avaliar a personalidade de um 
paciente utilizando, ao mesmo tempo, instrumentos que se alicerçam na 
psicanálise, na psicologia positiva, na gestalt e na neuropsicologia? O resultado 
é uma total dependência do profissional ao resultado do teste, fazendo com que 
ele construa a conclusão de sua avaliação desconsiderando os aspectos 
específicos de cada disciplina teórica e montando seu diagnóstico de forma 
ateórica. 
Entendemos que não é possível descuidar da formação teórica do 
profissional que deve escolher, administrar, interpretar e integrar os resultados 
desses instrumentos em um procedimento clínico como o psicodiagnóstico, sob 
pena de ficarmos reféns dos testes para a realização de qualquer avaliação. 
Compreendemos que o aperfeiçoamento dos testes, tornando-os mais válidos e 
fidedignos para o que se propõem examinar, deve ser acompanhado por uma 
formação teórica que também possibilite um “psicólogo válido” (Bandeira, 2015), 
20 
 
 
capaz de compreender os resultados de um teste ou de uma entrevista com base 
em uma teoria psicológica que fundamente o trabalho de qualquer psicólogo. 
 Por esse motivo, defendemos que o ensino da avaliação psicológica não 
pode se abster do aprofundado estudo das teorias psicológicas que 
fundamentam a técnica de coleta e análise de informações adotada em 
processos avaliativos. Não compactuamos com uma proposta de avaliação 
ateórica e não interventiva por entendermos que qualquer leitura e intervenção 
sobre o comportamento humano, seja com instrumentos objetivos, como testes 
psicométricos, seja com técnicas menos diretivas, como testes projetivos e 
entrevistas clínicas, está embasada em paradigmas teóricos e produz 
modificação no objeto analisado. Assim, não existe a possibilidade de o 
psicólogo trabalhar sem uma teoria de base, uma vez que os fenômenos são 
observados e analisados à luz de pressupostos teóricos, em um processo 
interativo. 
 
 
 
Figura 3: Nuvem de palavras. 
 
 
21 
 
 
O PSICODIAGNÓSTICO É UMA INTERVENÇÃO 
O afastamento, percebido na atualidade, entre a área da avaliação 
psicológica e as teorias psicológicas pode ser compreendido, também, pelas 
reflexões de Barbieri (2008, p. 583). Para ela, 
. . . o predomínio do pensamento positivista nas Ciências Sociais e 
Humanas trouxe consigo, ao longo da história, uma dissociação entre 
pesquisa acadêmica e prática profissional. Essa situação ocasionou 
um empobrecimento na produção de conhecimentos oriundos do trato 
direto com as pessoas ou a ele destinados, promovendo um 
distanciamento daquilo que deveria se constituir na meta principal do 
nosso trabalho como psicólogos. 
É perigoso considerar as práticas avaliativas apenas em sua dimensão 
investigativa, excluindo os aspectos interventivos e terapêuticos que lhes são 
inerentes. Para Barbieri (2008), a separação entre as atividades de investigação 
e de intervenção é resultado do olhar positivista, que busca atingir um ideal de 
objetividade para a pesquisa científica. A autora entende que um 
psicodiagnóstico isento de intervenções pode trazer ao paciente muitos 
malefícios. As entrevistas iniciais empregadas sem intervenção, além de não 
atingirem seus objetivos de formular o diagnóstico e iniciar o tratamento, 
desperdiçam a chance de o paciente estabelecer contato com outra pessoa, o 
que pode resultar em uma experiência terapêutica negativa. 
Assim, entende-se que usar o termo “psicodiagnóstico” apenas para as 
situações em que os testes psicológicos são utilizados com a intenção de tornar 
mais objetiva a avaliação parece estar em consonância com a visãopositivista. 
Pode-se pensar que a rejeição, por parte de alguns profissionais que realizam 
avaliações clínicas, ao uso tradicional do termo “psicodiagnóstico” para a 
descrição das práticas avaliativas é uma forma de manter-se distante da 
perspectiva positivista de investigação do objeto totalmente separada do 
observador. Além disso, essa noção está em desacordo com as muitas 
propostas contemporâneas que debatem a complexidade humana e a 
intersubjetividade. 
Portanto, ao considerarmos as características da pesquisa qualitativa e 
quantitativa pós - moderna associadas à prática avaliativa, pode-se pensar que 
22 
 
 
o uso do termo “psicodiagnóstico” deva incluir a preocupação clínica não apenas 
com a objetividade diagnóstica, mas também com o processo avaliativo. Por 
meio de relatos, produzidos em entrevistas e/ou com o uso de outras técnicas, o 
sujeito conta sua história, suas experiências, as revive no relacionamento com o 
psicólogo, fazendo com que, como afirma Barbieri (2010), possa modificar-se 
com o auxílio das devoluções. 
O psicodiagnóstico abrange qualquer tipo de avaliação psicológica de 
caráter clínico que se apoie em uma teoria psicológica de base e que adote uma 
ou mais técnicas (observação, entrevista, testes projetivos, testes psicométricos, 
etc.) reconhecidas pela ciência psicológica. Não sugerimos a adoção do termo 
para situações avaliativas em contextos jurídicos ou organizacionais, uma vez 
que, nessas situações, estão presentes outras variáveis geralmente não 
encontradas no contexto clínico, como a simulação e a dissimulação 
conscientes. Também não compreendemos que o psicodiagnóstico se limite, em 
todos os casos, a uma avaliação de sinais e sintomas, tendo com resultado 
apenas um diagnóstico nosológico, o que se aproximaria muito de uma avaliação 
psiquiátrica. Tampouco entendemos que uma simples aplicação de um teste, por 
mais complexo que ele possa ser, deva ser entendida como psicodiagnóstico. 
Reservamos o termo para descrever um procedimento complexo, interventivo, 
baseado na coleta de múltiplas informações, que possibilite a elaboração de uma 
hipótese diagnóstica alicerçada em uma compreensão teórica. 
 
Figura 4: Avaliação psicodiagnóstica. 
23 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
PSICODIAGNÓSTICO. HUTZ, BANDEIRA, TRENTINI & KRUG (ORGS.). 
 
Avaliação Psicológica & Psicodiagnóstico. Disponível em: 
https://cdn.awsli.com.br/362/362352/arquivos/amostra%20-
%20AVALIACAO%20PSICOLOGICA%20&%20PSICODIAGNOSTICO.pdf. 
Acesso em: 13 dez. 2020. 
 
OLIVEIRA, Patricia Silva. A REALIZAÇÃO DE UM PSICODIAGNÓSTICO 
INFANTIL. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1258.pdf. 
Acesso em: 13 dez. 2020. 
 
Andrade, S. A; santos, D. N; bastos, A. C; Pedromônico, M. R. M; Filho, N. A; 
Barreto, M. L. (2005). Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma 
abordagem epidemiológica. Rev. Saúde pública, (4), 39, p. 606-611, 2005. 
Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89102005000400014 >. Online. Acesso em 07 jul. 2017. 
 
Arzeno, M. E. G. Psicodiagnóstico clínico: novas contribuições. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1995. 
 
Borsa, J. C; Feil, C. F., Paniágua, R. M. A relação mãe-bebê em casos de 
depressão pósparto. (2017, July). Acesso em 07 jul. 2017, em: 
www.psicologia.pt/artigos/textos/A0384.pdf. 
 
Bowlby, J. (1989). Uma base segura – aplicações clínicas da teoria do apego. 
Porto Alegre: Artes Médicas. 
 
Brazelton, B. T. & Cramer, B. G. (2002). As primeiras relações. São Paulo: 
Martins Fontes, 2°ed. 
 
24 
 
 
Cunha, J. A. (2000). Psicodiagnóstico-V. 5a. Ed. Ver. Porto Alegre: Artes 
Médicas. 
 
Klein, M. (1981). Psicanálise da Criança. São Paulo: Mestre Jou. Klein, M., 
Isaacs, S., Sharpe, E. F., Searl, N., Middlemore, M. P. (1969). A educação de 
crianças. Rio de Janeiro: Imago editoria LTDA. 
 
Marcelo, M. M, K. & Carrasco, L. K. (2005). Contextos de entrevista: olhares 
diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo. 
 
Trinca, W. (1984). Diagnóstico Psicológico: a prática clínica. São Paulo: Epu. 
 
Tsu, T. M. J. A. (1984). A relação psicólogo-cliente no psicodiagnóstico infantil. 
In: Trinca, W. Diagnóstico psicológico: a prática clínica. São Paulo: EPU. 
 
Winnicott, D. W. (1971). Consultas terapêuticas em psiquiatria infantil. Rio de 
Janeiro: Imago. 
 
Revista Humanidades e Inovação v.5, n. 7 – 2018 
 
ARAÚJO, Maria de Fátima. Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. 
Psicologia: teoria e prática, v. 9, n. 2, p. 126-141, 2007. Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/ v9n2a08.pdf 
 
ARCARO, Nicolau Tadeu.; HERZBERG, Eliana.; TRINCA, Walter O 
Psicodiagnóstico infantil no atendimento psicológico a populações carentes. 
Revista Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación Psicológica, v. 1, p. 37-52, 
1999. Disponível em: http://www.aidep.org/03_ridep/R07/ R073.pdf 
 
ARZENO, Maria Esther Garcia. Psicodiagnóstico Clínico. Porto Alegre: Artes 
Médicas. 1995. BARBIERI, Valéria. Psicodiagnóstico tradicional e interventivo: 
confronto de paradigmas?. Psic.: Teor. e Pesq., v. 26, n. 3, p. 505-513, 2010. 
http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n3/a13v26n3.pdf 
 
25 
 
 
BUCK, John N. H-T-P: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva de desenho: 
manual e guia de interpretação. Tradução: Tardivo, R. C. 1.ed. São Paulo: Vetor. 
2003. 
 
CUNHA, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico-V [recurso eletrônico].– 5. ed. rev. e 
ampl. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2007. Disponível em: 
https://professorsauloalmeida.files. 
wordpress.com/2015/02/psicodiagnc3b3stico-v-jurema-alcides-cunha.pdf 
 
EXNER Jr., John E. Manual de Classificação do Rorschach para o sistema 
compreensivo. São Paulo: Casa do Psicólogo.1999. 
 
LIPP, Marilda Novaes.; LUCARELLI, Maria Monteiro Lucarelli. Escala de Stress 
Infantil - ESI. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2005. 
 
Contemporânea - Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n.14, 
jan./dez. 2013 Disponível em: www.revistacontemporanea.org.br. Acesso em: 13 
dez. 2020.

Outros materiais