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Desafios no psicodiagnóstico infantil

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REFERÊNCIA: ANCONA-LOPEZ, S. TCHIRICHIAN, R. F. M. Desafios no psicodiagnóstico infantil in ANCONA-LOPEZ, S. Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. Cap. XII. p. 226
	 
	As autoras iniciam o texto falando que em 25 anos de atuação em psicodiagnóstico interventivo foram diversas as vezes que se foi necessário fazer algumas reestruturações de conceitos, técnicas e realizar novas reflexões acerca do mundo moderno e como as crianças e suas famílias estão nele inseridas. As autoras têm noção de que os leitores de seu texto são estudantes de Psicologia que irão começar atendimentos clínicos, falam que o atendimento que iremos prestar se dão em clínicas-escolas e são gratuitos, por isso uma grande maioria dos clientes que nos procuram podem possuir algumas dificuldades socioeconômicas, pessoas que se encontram nessas condições tendem a possuir carências em diversos âmbitos.
	Trazendo o problema para nossa atuação nesse estágio, devemos ter em mente algumas questões e reflexões sobre a realidade que se encontra nossas possíveis clientelas, para que possamos ter criatividade, formar conceitos e utilizar de técnicas que correspondam com a demanda. É comum as crianças que necessitam de atendimento psicológico apareçam na clínica-escola com a demanda de fracasso escolar que foram encaminhadas por professores de escolas públicas que querem saber o porque da criança não conseguir progredir pedagogicamente. Inicia-se um atendimento se adequando as necessidades da criança e realizando um psicodiagnóstico que procura traços da personalidade que possa ter ocasionado tal fracasso, porém isso talvez provoque desconsiderações acerca da realidade que a criança está inserida.
	O texto trás um exemplo clínico onde Rafael de 8 anos foi encaminhado pela escola para atendimento psicológico porque tinha dificuldades de aprendizagem e não se encontrava alfabetizado, sua mãe pensava que talvez ele possuísse uma deficiência mental. O que se descobriu durante o processo de psicodiagnóstico foi que a sala de Rafael teve quatro trocas de professoras de alfabetização em um único semestre. As autoras fazem então uma crítica a professores e psicólogos que entendem o fracasso escolar como sendo de exclusividade da criança, quando deveríamos olhar para a escola e seus recursos ou a falta deles e a influência que isso se deu na vida de Rafael.
	Devemos estar cientes que para a realização desse estágio iremos nos deparar com limitações clínicas, e devemos nesse momento procurar atrelar a família e a escola para entendermos melhor a demanda da criança e como se dão suas relações e entendimentos sobre o mundo que à cerca. Criando esse vínculo entre família, escola e psicólogo, surge a possibilidade de uma conversa e uma reflexão que acaba beneficiando muito mais a criança em atendimento clínico. 
	Baumann é citado no texto das autoras onde ele fala a respeito de como o sentimento de incerteza nos ocorre no mundo pós-moderno, de não saber como se viver nessa nova configuração de mundo, que critérios devemos levar como certos ou errados. Vemos essas incertezas e inseguranças quando observamos uma sociedade muito consumista, individualista, que sempre quer as coisas para o imediato, e isso reflete nas relações afetivas, seja ela romântica, familiar, o de amizade, e que Baumann chama de “amor líquido”.
	As autoras fazem uma ponte com essa reflexão de Baumann ao nos falar dos novos formatos familiares que já são parte do cotidiano de muitas crianças, e vamos ver muitas dessas na clínica-escola, como por exemplo crianças que estão inseridas em famílias monoparentais, crianças que vivem apenas com os avós, que possuem irmãos de pais diferentes, famílias homoafetivas. As autoras citam exemplos de três crianças, cada uma nos apresenta um modelo familiar diferente, e isso gera uma reflexão para nós pensarmos em como esse modelo familiar tem influência na vida da criança e no seu desenvolvimento psíquico. 
	Outra reflexão que somos levados a fazer é o que podemos e devemos fazer quando nos encontrarmos com crianças vítimas de violência social e familiar. A violência não é assunto da atualidade visto que casos são registrados a muito tempo na história e ainda se faz presente, devemos ter um olhar crítico, sem deixar de contextualizar a culta e condições adversas da vulnerabilidade social da criança. As autoras frisam a respeito de abusos sexuais, onde elas relatam que esse tipo de violência e abuso ocorre geralmente no âmbito intrafamiliar, onde ocorre relações de dependência financeira ou afetiva, negligências, vulnerabilidades e conivência. Nem sempre tal violência irá se mostrar explicitamente, temos que agir em pró do bem-estar da criança, tratando o caso com prudência e procurando contextualizar e tratar conforme as demandas do caso.
 	Viver no meio da violência é a realidade de muitos brasileiros, e isso é assunto que nós como psicólogos devemos abordar, já que podemos observar que há consequências sociais por conta da violência social, como o uso de drogas, conflitos familiares, alienação social e política, xenofobia, conflitos religiosos. No estágio se nos depararmos com essa situação mesmo sendo agentes neutros, devemos também nos impormos e atacar de frente tais situações. Podemos sugerir, apoiar e empoderar os pais e responsáveis a serem ativos em suas comunidades, se organizando, se informando e batalhando pelos seus direitos.
	O psicodiagnóstico interventivo nos leva a entender e respeitar o mundo em que o nosso cliente esta situado, levando em conta as influências políticas e socioeconômicas que esse se encontra. Não devemos nos contentarmos e nos prender a fazer um atendimento a essas crianças somente com informações e recursos de um contexto clínico, devemos nos inteirar e compreender o que ocorre com a criança em seu dia-a-dia e contextualizar para um entendimento clínico.

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