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Oficina Literária 2 - Teorias Críticas da Literatura_Unid_I

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Lígia Regina Máximo Cavalari Menna 
Colaboradores: Nome Nome Nome Nome Nome 
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Oficina Literária 2: Teorias 
Críticas da Literatura
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Professora conteudista: Lígia Regina Máximo Cavalari Menna
Ingressou na Universidade Paulista (UNIP) como professora de Literatura Portuguesa em 2004. Na época, era mestre 
em Letras e já tinha uma longa experiência no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, como professora de Literatura e 
Redação. É doutora em Letras na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade 
de São Paulo (USP). Além de docente na UNIP, é coordenadora auxiliar do curso de Letras no campus Chácara Santo 
Antônio. Ministra aulas em cursos presenciais e à distância (EaD). É também coautora de uma coleção didática para 
Ensino Fundamental II, intitulada Português: uma Língua Brasileira (Editora Leya), juntamente com Regina Figueiredo.
Atua principalmente nos seguintes temas: literatura infantil e juvenil; estudos comparados entre literaturas de 
língua portuguesa; literatura e sociedade; literatura e educação; literatura e imprensa; leitura e formação de leitores; 
ensino de literatura; literatura e outras linguagens e teoria literária.
Participa dos seguintes grupos de pesquisa: “Encontros Interculturais na EaD: Narrativas de Vida dos Diferentes 
Brasis”, à frente da linha de pesquisa “Diferentes Gêneros Autobiográficos: sua Relevância Histórica, Social e Literária” 
(UNIP Interativa) e “Produções Literárias e Culturais para Crianças e Jovens II”, na linha de pesquisa “Literaturas e 
Outras Formas de Saber” (FFLCH-USP).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z13 Zacariotto, William Antonio
Informática: Tecnologias Aplicadas à Educação. / William 
Antonio Zacariotto - São Paulo: Editora Sol.
il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-006/11, ISSN 1517-9230.
1.Informática e tecnologia educacional 2.Informática I.Título
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
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Sumário
Oficina Literária 2: Teorias Críticas da Literatura
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA: CONCEITOS-CHAVE ..................................................................9
1.1 Literatura e literariedade ......................................................................................................................9
1.2 Condições da crítica literária ........................................................................................................... 12
1.3 Várias designações dos estudos literários .................................................................................. 14
1.3.1 Ciência da literatura .............................................................................................................................. 14
1.3.2 Critica literária ......................................................................................................................................... 15
1.3.3 História da literatura ............................................................................................................................. 16
1.3.4 Teoria da literatura ................................................................................................................................. 17
1.3.5 Poética ......................................................................................................................................................... 18
1.3.6 Retórica ....................................................................................................................................................... 19
1.3.7 Estética ........................................................................................................................................................ 19
1.3.8 Literatura comparada ............................................................................................................................ 20
1.3.9 Estudos culturais ..................................................................................................................................... 21
1.4 Teorias críticas: Correntes representativas ................................................................................ 22
1.4.1 Correntes sociológicas .......................................................................................................................... 23
1.4.2 Estilística ..................................................................................................................................................... 25
1.4.3 Estruturalismo .......................................................................................................................................... 26
1.4.4 Formalismo ................................................................................................................................................ 26
1.4.5 Crítica temática ....................................................................................................................................... 27
1.4.6 Semiótica.................................................................................................................................................... 29
1.4.7 Estética da recepção .............................................................................................................................. 30
Unidade II
2 TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA: ANÁLISE E ELABORAÇÃO DE 
ATIVIDADES DIDÁTICAS .................................................................................................................................... 32
2.1 Reflexões sobre o ensino de literatura ........................................................................................ 32
2.2 Gêneros da esfera literária ............................................................................................................... 35
2.3 Propostas de elaboração de atividades didáticas .................................................................... 38
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INTRODUÇÃO
Caro aluno,
Na disciplina Oficina Literária 2: Teorias Críticas da Literatura, propomos uma reflexão sobre as 
condições da crítica literária atual, levando em conta sua relevância para o ensino de literatura, tanto 
no Ensino Fundamental como no EnsinoMédio. Por uma questão de sistematização, priorizamos 
inicialmente aspectos mais teóricos e, na sequência, outros mais práticos; contudo, esses estudos se 
complementam e a articulação entre teoria e prática efetiva-se.
Inicialmente, serão elucidados alguns conceitos básicos e a diferenciação de várias designações da 
ciência literária, como poética, história literária, crítica literária, ciência da literatura, retórica, estética e 
teoria da literatura.
Estudaremos algumas correntes representativas da reflexão crítico-teórica sobre o fato literário, 
levando em conta a pertinência e o alcance de suas proposições para o ensino de literatura.
Ao final, a partir de alguns gêneros literários, analisaremos e proporemos duas atividades didáticas, 
partindo de algumas reflexões sobre o ensino de literatura.
Para que você tenha um bom aproveitamento em seus estudos, é necessário que consulte os livros 
indicados na referência bibliográfica, realize as questões propostas e participe do fórum de discussão.
Vários elementos aqui apresentados poderão ser retomados e incorporados em sua monografia ao 
final do curso.
Esta disciplina tem entre seus objetivos prover elementos para o amadurecimento da relação do 
pós-graduando com sua atividade profissional de ensino, além de ampliar seus horizontes no sentido 
crítico em relação à cultura letrada. Além disso, pretende propiciar-lhe um espaço para reflexões sobre 
a articulação teoria-prática no ensino de literatura, considerando a interlocução entre os estudos 
realizados na graduação e na pós-graduação. Especificamente, espera-se que o pós-graduando aprimore 
seus conhecimentos sobre a ciência literária e suas diferentes manifestações aplicando-os às práticas de 
ensino-aprendizagem.
Bom trabalho!
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OFICINA LITERÁRIA 2: TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA
Unidade I
1 TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA: CONCEITOS-CHAVE
1.1 Literatura e literariedade
Antes de apresentarmos a você, pós-graduando, as diferentes teorias críticas literárias e sua relevância 
para o contexto escolar, torna-se necessário refletirmos um pouco sobre literatura e literariedade. Há 
várias concepções de literatura, as quais variam conforme a época e a crítica literária estabelecida, entre 
alguns fatores.
A literatura caracteriza-se de forma bastante heterogênea; assim, defini-la torna-se uma tarefa 
complexa e pouco consensual. Entre as múltiplas definições possíveis, optamos por considerar literatura 
como a arte da palavra, um fenômeno de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e 
cultural, conforme apresentado por Coelho (2000):
A literatura é um fenômeno de linguagem plasmado por uma experiência 
vital/cultural direta ou indiretamente ligada a determinado contexto social 
e à determinada tradição histórica (COELHO, 2000, p. 10).
Há um movimento dialético entre a literatura e a sociedade, com influências recíprocas, sendo a 
primeira essencial para a formação integral dos indivíduos, “[...] sua consciência do eu + o outro + 
mundo, em harmonia dinâmica” (COELHO, 2000, p. 10).
Reforçando essa visão, citamos Mikhail Bakhtin (2000), para quem “a literatura é uma parte inalienável 
da cultura, sendo impossível compreendê-la fora do contexto global da cultura numa dada época”. 
Sendo esta a concepção aceita e seguida por nós, vale esclarecer que não é a única. É necessário que o 
texto literário seja o ponto de partida, e mesmo de chegada, para qualquer estudo ou ensino literário.
Outra questão importante e bastante complexa é a de definir a literariedade, ou seja, a natureza 
específica da linguagem literária, uma vez que essa concepção varia conforme diferentes teorias, épocas 
e ideologias, assim como a própria concepção de literatura. Esse termo surgiu, primeiramente, com os 
formalistas russos, que consideravam que há elementos linguísticos específicos que definem se o texto 
é literário ou não. Há, contudo, muitos teóricos que refutam essa definição e atribuem a definição 
de literatura ou literariedade a opções de caráter extraliterários, fora do próprio texto, como é o caso 
de Antoine Compagnon, que apresenta essa questão em seu interessante livro O Demônio da Teoria: 
Literatura e Senso Comum, de 1999. Para o autor, não existem elementos linguísticos exclusivamente 
literários e a literariedade, como toda definição de literatura, compromete-se, na realidade, com uma 
preferência extraliterária, com uma política cultural:
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Unidade I
A tradição literária é o sistema sincrônico dos textos literários, sistema 
sempre em movimento. Cada obra nova provoca um rearranjo da tradição 
como totalidade. Modifica o sentido e o valor de cada obra.
O termo literatura tem, pois, uma extensão mais ou menos vasta segundo 
os autores, dos clássicos escolares à história em quadrinhos. O critério de 
valor que inclui tal texto não é, em si mesmo, literário nem teórico, mas 
ético, social e ideológico, de qualquer forma extraliterário (COMPAGNON, 
1999, p. 15).
Bem antes de Compagnon, vários estudiosos, entre eles Vitor Manuel de Aguiar e Silva (1976), já 
apontavam a polêmica sobre o que é ou não é literário. Silva chega a percorrer mais de setenta páginas 
em seu livro para conceituar literatura e a sua natureza, e nem mesmo assim chega a uma forma 
definitiva ou absoluta.
Esse autor caracteriza o discurso literário a partir de um conjunto de qualidades que, isoladas, 
não definem a literariedade de um texto de forma satisfatória. Entre elas, destacam-se uma estrutura 
linguística específica, uma linguagem conativa e plurissignificativa e um caráter inovador e ficcional, 
todas em detrimento da simples valoração da obra. Ainda conclui:
Não será possível, todavia, definir o conceito de literatura através de uma 
fórmula mais ou menos condensada em que se tenha apenas em conta 
uma das qualidades assinaladas como distintas do discurso literário. Com 
efeito, dado o caráter heterogêneo da literatura, nem a ficcionalidade, nem 
a particular “ordem sobreposta” às exigências da comunicação linguística 
usual, nem a plurissignificação constituem fatores que isoladamente possam 
definir satisfatoriamente a literariedade (SILVA, 1976, p. 71).
A partir do exposto, vemos que não é nada fácil definir o que é literatura, ou mesmo o que seja a 
literariedade. Mas, como estudiosos e professores de literatura, precisamos seguir alguns parâmetros 
que nos deem um mínimo de segurança para iniciarmos um trabalho consistente, mesmo que aberto a 
diferentes possibilidades.
Podemos ainda destacar que há constantemente uma “reconcepção” do termo “literatura”, em que 
se levarão em conta aspectos intrínsecos ao texto (linguagem, estilo, estrutura...) e extrínsecos (contexto, 
autor, leitor, ideologias, entre outros). Um dos primeiros elementos convergentes entre vários estudiosos 
ou abordagens de estudos literários foi a figura do autor, muitas vezes completamente diluída.
Na concepção antiga e medieval, o autor era uma autoridade, um modelo chancelado pela tradição, 
que poderia ser imitado. Já em uma concepção mais moderna, seguindo o ideal romântico, o autor 
passou a ser visto em sua individualidade. Ou seja, somente a partir do Romantismo, há uma visão mais 
específica do que seria a autoria.
Segundo Compagnon (1999), há abordagens, como as dos formalistas russos e dos new critics 
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OFICINA LITERÁRIA 2: TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA
americanos, que eliminam a figura do autor para assegurar a independência dos estudos literários em 
relação à História e à Psicologia. Há outras abordagens que fazem do autor um ponto de referência 
central, mesmo que variem de grau de consciência intencional que governa o texto. Ou seja, há um 
grupo que considera que as intenções do autor devam ser levadasem conta.
A intenção do autor é o critério pedagógico ou acadêmico tradicional para se estabelecer o sentido 
literário. Seu resgate é, ou foi por muito tempo, o fim principal, ou mesmo exclusivo da explicação de 
texto. Por exemplo, se alguém escrever um texto literário “sem querer”, ou seja, sem uma intenção 
artística, este texto não seria literário.
Em uma nova abordagem, como veremos posteriormente, o autor cede lugar para a escritura, ao texto, 
é um sujeito no sentido gramatical ou linguístico, um ser de papel, não uma pessoa no sentido psicológico, 
é sujeito da enunciação que existe junto a essa enunciação. O leitor passa a ser o lugar onde a unidade do 
texto se produz, não o autor, como no caso da Estética da Recepção, já mencionada neste curso.
Dessa forma, nem as palavras sobre a página, nem as intenções do autor possuem a chave da 
significação de uma obra e nenhuma interpretação satisfatória jamais se limitou a esses aspectos. A 
contextualização, o leitor, as ideologias do autor são aspectos de grande relevância. Contudo, devemos 
atentar para os excessos da contextualização histórica e biográfica.
Vale dizer que nenhum método de análise literária é suficiente por si mesmo. A presunção de 
intencionalidade permanece no princípio dos estudos literários, mesmo quando não se acredita nela.
Consideramos que as qualidades citadas por Silva, como a ficcionalidade e a plurissignificação, vistas 
em conjunto e aliadas a uma suposta intencionalidade do autor, podem nos ajudar a identificar, mesmo 
que inicial e provisoriamente, se um texto é literário ou não.
Ao pensarmos no contexto escolar e na prática docente em sala de aula, apresentamos uma 
abordagem mais abrangente e, para isso, tomaremos como referência o que propõe Antonio Candido. 
Em seu texto “Direito à Literatura” (1995), o professor amplia os gêneros abarcados pela literatura, desde 
as formas simples até as formas cultas: 
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de 
toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, 
em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, 
até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes 
civilizações. Vista deste modo a literatura aparece claramente como 
manifestação universal de todos os tempos. Não há povo e não há homem 
que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato 
com alguma espécie de fabulação (CANDIDO, 1995, p. 10). 
Como consequência, por ser uma manifestação universal, a literatura é um bem essencial, um 
direito de todos, já que a fabulação é uma característica inerente ao ser humano e, portanto, um fator 
humanizador, no sentido mais amplo do termo:
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Unidade I
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no 
universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a 
que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa 
ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito (CANDIDO, 1995, p. 10). 
Na atualidade, a visão crítica do professor Antonio Candido tem sido uma das mais aceitas, inclusive 
por nós, acrescentando-se as ricas contribuições da linguística, da teoria literária, da estética da recepção, 
entre outras correntes.
Caro aluno, há outras visões sobre literatura, mas apresentamos a nossa, não desconsiderando, 
logicamente, outras alternativas, em constante aprendizado.
A nosso ver, a literatura é um fenômeno da linguagem, um produto da confluência de elementos 
estéticos e sociais, mediados pela cultura. Texto, contexto, autor e leitor devem ser considerados em 
uma visão híbrida e enriquecedora.
Finalizando este item, é importante esclarecer que, apesar dos fatos e manifestações literárias 
serem muito antigos – como os verificados na literatura grega, por exemplo – os termos “literatura” e 
“literariedade” são recentes, sendo utilizados com maior frequência e ênfase a partir da década de 1960. 
 Observação
Vale a leitura na íntegra do texto do professor Antonio Candido, “Direito 
à Literatura”:
CANDIDO, A. Direito à literatura. In: ___.Vários escritos. Edição revista 
e ampliada. São Paulo: Duas Cidades, 1995. Disponível em: <http://www.
escolamobile.com.br/emedio/vereda/arquivos/portugues/3cport_etc_01.
pdf>. Acesso em: 24 jun. 2015.
1.2 Condições da crítica literária
A crítica literária existe há tempos, mesmo quando o termo “literatura” ainda não era usado. 
Atualmente circula em livros, jornais e revistas, impressos ou on-line, em blogs, sites especializados 
e redes sociais. Grandes escritores como José de Alencar, Machado de Assis e Mário de Andrade, por 
exemplo, também assumiram, em vários momentos, sua faceta crítica, voltada para seus contemporâneos. 
Lembremos, por exemplo, da famosa crítica de Machado de Assis ao romance O Primo Basílio, de Eça de 
Queirós, publicada no jornal O Cruzeiro, em 1878.
A partir do século XX, surge uma divisão entre a crítica literária acadêmica e a crítica jornalística, 
sendo esta encontrada em revistas e sites especializados, muitas vezes intitulada por “resenha crítica”, ou 
simplesmente “crítica”. Já a acadêmica, feita pelos “críticos especialistas”, passará a constar de simpósios, 
congressos, debates, ensaios e livros.
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OFICINA LITERÁRIA 2: TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA
Na área acadêmica, destacam-se, no Brasil, importantes estudiosos e críticos literários, como Antonio 
Candido, Alfredo Bosi, Luiz Costa Lima, Roberto Acízelo de Souza, Benjamim Abdala Júnior, Thomas 
Bonnici, entre tantos outros.
Segundo, Harold Bloom, em seu livro O cânone ocidental, de 1995, a crítica literária é uma arte 
antiga, iniciada por Aristófanes. Nasceu como um fenômeno elitista e tende a continuar nesse patamar. 
Para esse autor, é um erro acreditar que a crítica literária poderia se tornar uma base para a educação 
democrática ou para melhorias na sociedade.
Há mudanças nos gostos literários que podem, muitas vezes, estar relacionadas a reavaliações dos 
gêneros que as obras canônicas representam. Em cada era, obviamente, alguns gêneros são encarados 
como mais canônicos que outros. Por exemplo, a exaltação à aventura fez com que escritores como 
Henry James ou Mark Twain passassem a fazer parte do cânone ocidental.
Ainda hoje, o conceito de “cânone” e o caráter elitista da crítica literária têm sido em muito 
questionados. No livro Margens Instáveis: Tensões entre Teoria, Crítica e História da Literatura, organizado 
por Thomas Bonnici, da Universidade Estadual de Maringá, com a colaboração de diferentes estudiosos, 
podemos encontrar vários artigos que abordam essas fragilidades. 
Segundo o professor Marcos Siscar, que colabora nesta obra, “[...] falar de literatura envolve, qualquer 
que seja a imediatez pretendida, uma negociação ampla e difícil, cujo plano de fundo é sempre uma 
política cultural” (BONNICI, 2011, p. 7-10).
Conceitos e reflexões apresentados em A Poética, de Aristóteles, como a noção de katharsis 
(catarse), unidades dramáticas, a arte como representação (mimésis) e a distinção entre os gêneros 
literários (épico, lírico e dramático), dominaram a crítica teatral e poética, desde o renascimento 
até os séculos XVII e XVIII, tanto na Europa como nas Américas coloniais. Somente a partir do auge 
do Romantismo, no século XIX, gêneros como o conto e o romance exigirão novas e diferentes 
categorias de análise literária, com destaque para questões referentes aos conceitos de “nação” e 
“nacionalismo”.
É importante destacar a que cultura ocidental se estabeleceu como mais forte, chegando, ao final 
do século XIX, a alcançar 85% da dominação da Terra, por meio da colonização europeia. Dessa forma, 
quando estudamos literatura, estamos nos referindo à literatura ocidental, que assimilou, combateu e 
destruiu diferentesculturas, criando uma produção cultural com formas e manifestações bem específicas.
Segundo Heloisa Toller Gomes: 
Ao avaliar as formas como se difundiram e divulgaram a literatura e o 
seu estudo, é, portanto, imprescindível que se considere o fenômeno 
sociocultural, econômico e político do colonialismo e do imperialismo 
europeu, abrangendo o mundo moderno e impondo os seus padrões 
(BONNICI, 2011, p. 67).
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Unidade I
Dessa forma, a crítica literária, não só no Brasil, parte de concepções políticas e culturais 
preestabelecidas e, para entender seus critérios e parâmetros, torna-se fundamental conhecer o 
contexto em que se realizam. Ou seja, quem é esse crítico? Em que ideologia se baseia? O que a 
sociedade, em um determinado contexto histórico e social, anseia? O que é literário ou literatura 
nesse determinado contexto? Que tipo de abordagem foi utilizada pelo crítico ou estudioso da 
literatura? Leva-se em conta o contexto, o autor, o leitor, o texto? Essas são apenas algumas 
questões que devemos fazer entre tantas outras, para entendermos os estudos literários e as 
vertentes críticas do passado e do presente.
Antes de nos aprofundarmos nessas questões e tentar, minimamente, respondê-las, apontaremos a 
seguir algumas das várias designações da ciência literária.
 Saiba mais
Para conhecer a vertente crítica de Machado de Assis, relacionada tanto 
à literatura quanto às artes em geral, sugerimos o site a seguir. Nele você 
também encontrará a crítica mencionada, feita a obra O Primo Basílio, de 
Eça de Queirós. 
CRÍTICA. [s.d.]. Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/obra-
completa-menu-principal-173/170-critica>. Acesso em: 24 jun. 2015.
1.3 Várias designações dos estudos literários
1.3.1 Ciência da literatura
A partir da segunda metade do século XIX, em uma sociedade cientificista e positivista, surge 
na Alemanha o termo “Literaturwissenschaft”, traduzido comumente por Ciência da Literatura, para 
designar a disciplina que estuda sistematicamente a literatura. Contudo, há muitas polêmicas sobre a 
utilização do termo “Wissenschaft” (ciência), amplamente utilizado na língua alemã. O professor José 
Pedro Antunes (BONNICI, 2011) explica a dificuldade de se traduzir a palavra “Wissenschaft” para o 
português. O tradutor J. R. Ladmiral esclarece que é preciso considerar de que ciência se está falando: 
Em alemão, é Wissenschaft qualquer saber possuidor de uma metodologia 
própria e definida, e de fato qualquer saber enraizado na instituição 
universitária; é antes de tudo uma categoria histórica ou sócio-cultural, 
ou mesmo sócio-profissional. Num caso extremo, em certos autores ainda 
contemporâneos como Heidegger, a teologia é uma Wissenschaft (LADMIRAL 
apud BONNICI, 2011, p. 13).
Além da dificuldade de se traduzir o termo, há a questão de se considerar se os estudos literários 
são uma ciência ou não. Acreditamos que sim, já que ciência é vista como “[...] sinônimo de qualquer 
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saber organizado, constituindo-se em objeto de uma exposição argumentativa e ensino sistemático” 
(LADMIRAL apud BONNICI, 2011, p. 14).
Na crítica literária brasileira, assim como em outros países cujo idioma difere do alemão, optou-se 
por outras designações para denominar a disciplina que estuda a literatura, como crítica da literatura, 
história da literatura e teoria da literatura, por exemplo.
1.3.2 Critica literária
As expressões “crítica da literatura” ou “crítica literária” possuem diferentes significados e designações. 
Podem se referir desde a atividade jornalística de análise, apreciação e crítica sobre as novidades literárias, 
presentes em jornais, revistas e sites especializados, conforme citamos anteriormente, ou designar, a 
partir do século XIX, o nome da disciplina que estuda a literatura. A crítica literária, em outra concepção, 
pode significar inclusive uma prática comum em um processo de análise literária.
Segundo Renè Wellek (1975), a crítica literária é um sistema escalonado de saber sobre a literatura, 
que envolve como operação de cúpula, a emissão de juízos de valor sobre obras e autores. 
Para o professor Massaud Moisés, em seu livro A Análise Literária, “criticar sempre implica analisar” 
(MOISÉS, 2008, p. 18), sendo que o contrário nem sempre é verificável. Para Moisés, analisar implica 
desmembramento e síntese:
A análise desmembra as partes do todo e sonda a malha do conteúdo que 
lhes é implícita: examina-as a começar da superfície visível, formada pela 
conexão das relações entre as unidades que a constroem (PRALL, 1967, p. 
45), bem como a estrutura dos componentes da camada profunda, enfim, 
pesquisa a teia dos significantes e a dos significados, visando oferecer 
dados seguros para a melhor avaliação e julgamento do texto (MOISÉS, 
2008, p. 15).
Ao se efetuar uma análise literária e posterior crítica, normalmente optamos por uma determinada 
teoria crítica literária, o que é desejável, principalmente para os iniciantes nos estudos literários. Contudo, 
no processo ensino-aprendizagem, em nossa experiência como pesquisadora e professora, verificamos 
que mesclar metodologias a partir de algumas teorias críticas, em um hibridismo consistente e coerente, 
é bastante enriquecedor. Vale citar as considerações de Mikhail Bakhtin (2000) a respeito dos estudos 
literários nos anos de 1970, as quais continuam relevantes:
Cumpre salientar que, sendo a literatura um fenômeno muito complexo e 
a pesquisa literária uma ciência muito jovem, não se pode valorizar uma 
metodologia qualquer que seja um remédio milagroso. A diversidade dos 
procedimentos é justificada, até mesmo indispensável, contanto que tais 
procedimentos deem provas de seriedade e descubram novos aspectos 
no fenômeno literário, contanto que contribuam para aprofundar sua 
compreensão (BAKHTIN, 2000, p. 363-4).
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Assim, é importante lembrá-lo, caro pós-graduando, de que há diferentes visões críticas a partir de 
possibilidades analíticas de uma obra literária, e, consequentemente, diferentes metodologias de ensino, 
assunto que ainda discutiremos em nosso curso.
1.3.3 História da literatura
Segundo Souza (2010), a história da literatura estuda as origens e processos de transformação do 
fato literário. Ela entende os fatos literários como efeitos de causas determináveis, leva em conta a 
subjetividade dos autores e os processos sociais, atribuindo-se como tarefa a ultrapassagem dos textos 
em busca de suas motivações primeiras.
A história da literatura surgiu em oposição à crítica literária subjetiva, com a pretensão de se 
estabelecer a objetividade científica, tão desejada na segunda metade do século XIX, quando o 
Positivismo, de Augusto Comte, entre outras filosofias, deveria ser seguido à risca. Contudo, a história 
da literatura continuou a receber sua influência, a partir de suas frequentes emissões de juízos de valor.
A partir do momento em que o historicismo passa a ser criticado, há um desprestígio constante da 
história da literatura, no final do século XIX e principalmente no século XX. 
Surgem nessa época correntes anti-historicistas, que serão tratadas em outro item, como a estilística 
franco-germânica, o formalismo eslavo e a nova crítica (new criticism) anglo-norte-americana, que 
passaram “[...] a compreender a obra literária como um arranjo linguístico intransitivo, artefato verbal 
autocontido na sua própria imanência”, sem se preocupar com a vida pessoal dos escritores ou mesmo 
o tecido social das nações. Essas correntes confluíram para a constituição da disciplina novecentista que 
viria a se chamar teoria da literatura.
 Observação
Positivismo: foi uma corrente filosófica cujo mentor e iniciador 
principal foi AugusteComte, no século XIX. Apareceu como reação ao 
idealismo, opondo ao primado da razão o primado da experiência sensível 
(e dos dados positivos). Propõe a ideia de uma ciência sem teologia ou 
metafísica, baseada apenas no mundo físico/material.
Em geral, a história da literatura se interessa, sobretudo, pela tradição e pelas obras do passado, 
recebendo influência de outras áreas, como a Psicologia, Sociologia e Filologia. 
Anacronicamente, ela domina os manuais didáticos do Ensino Médio, os quais permanecem, em sua 
maioria, distantes de novas alternativas vigentes há mais de 50 anos, como a Teoria da Literatura, por 
exemplo.
Uma tradição crítica de origem romântica se habituou a considerar a história da literatura como a 
mais natural e, por vezes, a única forma de se analisar obras e autores, fato que compromete o processo 
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de ensino-aprendizagem de nossos alunos. Contudo, não devemos demonizar a história da literatura, 
pois, em conjunto com outras abordagens, têm se mostrado satisfatória, lembrando-nos de que não é a 
única forma de se ensinar literatura.
Segundo Souza (2006), a história da literatura não deve ser jogada de lado, já que para desconstruir 
ideias e conceitos retrógrados, é necessário conhecê-los.
 Saiba mais
O livro Teoria da Literatura, de Roberto Acízelo de Souza, encontra-se 
na biblioteca virtual do EaD. É um livro básico, resumido, e serve como 
introdução à teoria literária. Sugerimos que seja lido na íntegra.
SOUZA, R. A. Teoria da literatura. São Paulo: Ática, 2010.
1.3.4 Teoria da literatura
Nome da disciplina que estuda a literatura, de forma sistemática, enfatizando a importância do 
texto e da linguagem, deixando os fatores extratextuais, como biografia do autor e contextos históricos 
e sociais, e a crítica meramente impressionista em segundo plano. 
 Observação
Crítica impressionista: criada no fim do século XIX, centra-se 
na subjetividade do leitor. Sem limitações de ordem metodológica, 
o crítico deveria agir livremente, seguindo os impulsos de suas 
descobertas pessoais. É rejeitada atualmente, apesar de ter produzido 
trabalhos consideráveis, feitos por críticos também escritores, como 
Anatole France (1844–1924).
Essa disciplina surgiu a partir dos estudos literários firmados nas primeiras décadas do século XX, 
em oposição à história da literatura. Recebeu esse nome basicamente por influência do livro Teoria da 
Literatura, de René Wellek e Austin Warren, publicado em 1949.
Segundo a Teoria da Literatura, a partir das considerações de Souza (2006), a história da literatura 
possuía uma inconsistência básica, por sua incapacidade de ocupar-se com a literatura em si mesma, 
ou, sua condição de história meramente externa da arte literária, interessada antes nas causas ou 
condicionamentos extrínsecos do seu objeto do que em sua dinâmica própria e exclusiva. A história da 
literatura via a linguagem apenas como instrumento e não valorizava obras “mais modernas”, ousadas, 
diferentes, que contrariassem o cânone estabelecido.
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A partir da década de 1960, surgiram várias tendências ligadas à linguística, que tiveram grande 
impacto nos estudos literários e fortaleceram a teoria literária – por exemplo, o estruturalismo linguístico 
e suas expansões na semiologia, psicanálise e antropologia, a semiótica de Charles Peirce, as filosofias da 
linguagem de Ludwig Wittgenstein, o dialogismo de Mikhail Bakhtin, o pensamento pós-estruturalista 
de Michel Foucault, entre outros.
No geral, esses teóricos viam que a literatura não era produto de fatos externos, mas um artefato 
linguístico, uma vez que os produtos culturais seriam, na verdade, também construções de linguagem. 
Souza destaca:
A partir do momento em que foram ampliadas drasticamente as noções 
de texto e discurso, os estudiosos da literatura já não podiam restringir 
seu interesse às obras canônicas, laboriosamente instituídas como tal 
pela história da literatura, passando a interessar-se também por produtos 
culturais até então desconsiderados (SOUZA, 2006, p. 110).
É importante refletir também sobre o termo empregado no singular, “Teoria da Literatura”, pois 
é limitado e simplificador, apesar de seu uso já ter se tornado habitual. Na contemporaneidade, há 
tantas correntes que investigam a literatura, trazendo diferentes conceitos e métodos, que seria mais 
apropriado falarmos em “Teorias da Literatura”.
1.3.5 Poética
Há diferentes acepções para o termo “poética”. Dentre eles, podemos destacar o que se refere àqueles 
poemas que tratam da própria concepção poética, seguindo a tradição clássica. A partir da teoria literária, 
esses poemas passaram a ser chamados de “metapoemas”. 
A palavra “poética” também foi utilizada, até meados do século XVIII, para nomear a disciplina antiga 
que estudava literatura. Nesse sentido, o nome se refere à Poética, de Aristóteles, conhecida também por 
poética clássica ou arte poética. A partir do século XX, “poética” também passou a designar, de forma 
generalizada, a disciplina que estuda a literatura, confundindo-se com a história da literatura ou com a 
teoria literária.
 Saiba mais
É possível encontrar uma antologia da poética clássica no livro a seguir:
ARISTÓTELES, HORÁCIO; LONGINO. A poética clássica. Tradução direta 
do grego e do latim de Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 2003.
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1.3.6 Retórica
Até o século XVIII, a moda era estudar retórica, com o intuito de aperfeiçoar o poder de persuasão da 
linguagem verbal, além de, como consequência, evidenciar o gosto pela literatura clássica. Essa disciplina, 
surgida no século V a.C., passou a ser desprestigiada com o advento do Romantismo, que, entre tantas 
múltiplas características, possuía aversão ao Classicismo e a qualquer de suas manifestações, chegando 
a empregar a palavra retórica no sentido pejorativo, como algo vazio, afetado, um conjunto de falas 
destituídas de um sentido mais profundo.
1.3.7 Estética
Estética é uma disciplina da Filosofia que estuda as artes em geral. Segundo o dicionário Houaiss, 
esta seria a primeira acepção do termo: “parte da filosofia voltada para a reflexão a respeito da beleza 
sensível e do fenômeno artístico”.
Esse termo passou a ser empregado a partir da publicação da obra Estética: Lógica da Arte e do Poema, 
do filósofo alemão do século XVIII Alexander Gottlieb Baumgarten, um dos principais representantes do 
Iluminismo. Para o autor, a estética era uma ciência, a ciência das coisas sensíveis. Contudo, questões 
prementes, como a sensibilidade e a fruição, já eram tratadas na Antiguidade grega, por meio da retórica, 
da poética e mesmo pela filosofia em geral.
Atualmente, o adjetivo “estético” se refere a “[...] toda perspectiva de análise da literatura centrada 
nos efeitos desencadeados pelo texto em seus leitores ou receptores” (SOUZA, 2006).
Em seu artigo O Surgimento da Estética: Algumas Considerações sobre seu Primeiro Entrincheiramento 
Dinâmico, Marcus Vinícius Correa Carvalho, professor em História Social da Cultura na Unicamp, ao 
estudar a obra de Baumgarten, atribui à estética um valor que ultrapassa a obra de arte, atingindo uma 
dimensão política, social e cultural de grande relevância para nossa atualidade:
A estética faz uso do potencial humano para estruturar e trabalhar o meio ao 
qual estamos expostos, e hoje, embora ainda seja um traço da obra de arte, o 
estético estendeu sua atividade a vários domínios da vida. Não é, portanto, 
o produto final específico da modelagem que está em jogo, mas a própria 
atividade que continuamente dá formato a algo. Esses formatos não devem 
ser considerados nem definitivos nem finais, mas,antes, possibilidades que 
se derramam em cascata mediante o entrincheiramento contemporâneo do 
estético. Nessa medida, a de uma cascata de possibilidades, ilimitada em 
alcance, o estético não se apresenta para promulgar um interesse de grupo, 
mas, sim, para lançar luz crítica e criativa sobre a pluralidade distintiva dos 
debates e embates sociais, culturais, políticos que constituem e instituem os 
processos humanos de formação (CARVALHO, 2010, p. 81).
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 Saiba mais
O artigo de Marcus Vinícius Correa Carvalho encontra-se disponível na 
Revista Paideia:
CARVALHO, M. V. C. O surgimento da estética: algumas considerações 
sobre seu primeiro entrincheiramento dinâmico. Paideia, Belo Horizonte, 
ano 7, n. 9, p. 71-83, jul./dez. 2010. Disponível em: <http://www.fumec.br/
revistas/paideia/article/download/1292/873>. Acesso em: 25 jun. 2015.
A obra de Baumgartem foi traduzida para o português em 1993:
BAUMGARTEN, A. G. Estética: lógica da arte e do poema. Tradução 
Míriam S. Medeiros. Rio de Janeiro: Vozes, 1993.
A estética também pode ser alvo de crítica, por meio da própria estética. Veja um trecho do poema 
Lisbon Revisited (1923), de Álvaro de Campos – Fernando Pessoa:
NÃO: Não quero nada. 
Já disse que não quero nada. 
Não me venham com conclusões! 
A única conclusão é morrer. 
Não me tragam estéticas! 
Não me falem em moral! 
Tirem-me daqui a metafísica! 
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas 
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) — 
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
[....]
Fonte: Pessoa (1980, p. 253).
1.3.8 Literatura comparada
A literatura comparada apresenta diferentes fases e tem passado por um processo de aprimoramento 
constante. Em uma primeira fase, em meados do século XIX, essa disciplina surgiu como uma ramificação 
da história da literatura, propondo estudar as diferentes relações entre literaturas nacionais, em busca de 
suas fontes e influências. A partir do século XX, tomou novos rumos, dividindo-se em três em vertentes: 
a francesa, mais historicista; a norte-americana, mais eclética; e a russa, a qual concebe a literatura 
como um produto social. 
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Atualmente, a literatura comparada é vista como um processo crítico e reflexivo bastante abrangente 
e produtivo, que considera os relacionamentos da literatura com diferentes esferas culturais, artes em 
geral, cinema, quadrinhos, mídia eletrônica, entre outras. Nesse sentido, citamos Henry H. H. Remak, 
para quem a literatura comparada é:
O estudo da literatura além das fronteiras de um país em particular, 
e o estudo das relações entre literatura de um lado e outras áreas do 
conhecimento e crença, como as artes (pintura, escultura, arquitetura, 
música) a filosofia, a história, as ciências sociais. [...] em suma, é a 
comparação de uma literatura com outras esferas da expressão humana 
(REMAK, 1971 apud CARVALHAL; COUTINHO, 1994, p. 175). 
A literatura comparada torna-se uma forma específica de interrogar os textos literários na sua interação 
com outros textos, ou seja, em um processo intertextual, em diferentes suportes, épocas e países, com o 
objetivo de entender melhor nosso próprio sistema literário, histórica e socialmente construído.
Nessa perspectiva, podemos ainda citar Tânia Carvalhal:
A investigação de um mesmo problema em diferentes contextos literários permite que se ampliem 
os horizontes do conhecimento estético, ao mesmo tempo que, pela análise contrastiva, favorece a 
visão crítica das literaturas nacionais (CARVALHAL; COUTINHO, 1994, p. 12).
Consideramos que o método comparatista, em sua vertente analítica, crítica e reflexiva, constitui-
se em um aliado para o aprendizado e ensino de literatura. Esse método está presente em diferentes 
correntes críticas.
Nessa área, no Brasil, destacam-se os estudos de Tânia Carvalhal, Eduardo Coutinho, Sandra Nitrini e 
Benjamim Abdala Júnior. Esse último destaca-se na área de estudos comparados entre as literaturas de 
língua portuguesa (portuguesa, brasileira, angolana, moçambicana, entre outras).
1.3.9 Estudos culturais
Os estudos culturais surgiram a partir da necessidade de se recuperar e analisar as produções da 
cultura popular, questionando-se, assim, a tradição canônica dos estudos literários. Essa expressão 
antiga passou a ser bastante utilizada a partir da década de 1990 e tem entre seu referencial teórico os 
estudiosos Raymond Williams, com Culture and Society (1958) e E. P. Thompson, com The Making of the 
English Working-class (1963).
Atualmente, divide-se em duas linhas específicas: a britânica, preocupada com as questões sociais, 
como as divisões de classes, e seus reflexos nas produções culturais; e a norte-americana, mais preocupada 
com a distinção de gêneros e etnias como aspecto integrante da multiplicidade cultural.
Há vários teóricos nessa área, sendo Stuart Hall um dos mais importantes e representativos. Falecido 
em 2014, esse estudioso colaborou imensamente com diferentes áreas do conhecimento e as solidificou.
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 Saiba mais
Stuart Hall contribuiu significativamente para a educação e para cultura 
em geral. Sobre o autor, leia o seguinte artigo:
COSTA, M. V.; WORTMANN, M. L. C.; SILVEIRA, R. M. H. Stuart Hall: tributo 
a um autor que revolucionou as discussões em educação no Brasil. Educação 
& Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 2, abr./jun. 2014. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S2175-62362014000200015&script=sci_
arttext>. Acesso em: 25 jun. 2015.
1.4 Teorias críticas: Correntes representativas
Como já dissemos anteriormente, há inúmeras teorias críticas literárias na contemporaneidade, sem 
falar nas mais antigas, muitas abandonadas por suas incoerências, como a crítica determinista, por 
exemplo.
 Observação
A crítica determinista foi muito apreciada no século XIX e atualmente 
é desconsiderada. Ela procurou aplicar à literatura os métodos das ciências 
naturais, seguindo as orientações de Hippolyte Taine, um dos precursores 
da sociologia da literatura, a qual relacionava o homem e o meio no 
estudo da obra. Para Taine, toda raça vive em um determinado meio 
natural e sociopolítico, em que este age sobre a raça deformando-a ou 
complementando-a. 
Para complicar um pouco mais, uma teoria pode apresentar diferentes linhas de pensamento e várias 
orientações internas. Mas não devemos desanimar, já que a multiplicidade e a complexidade são inerentes à 
dinâmica dos estudos e pesquisas, não só na literatura, mas em qualquer área das ciências humanas.
Dentro de um universo tão amplo, é importante que você, pós-graduando, leve em conta que, para 
entender uma teoria, é preciso também conhecer as que lhe deram origem, ou mesmo seus pontos de 
contato e divergência.
Em nossos estudos, pudemos observar que diferentes críticas literárias alimentam-se umas das 
outras, ora contrariando conceitos, ora os reforçando, mas, em geral, propondo outras perspectivas a 
partir de novas concepções do que é a literatura, sua produção e recepção.
Didaticamente, alguns estudiosos costumam agrupar as teorias críticas, também chamadas de 
correntes críticas, por meio de critérios variados, o que pode contribuir para nosso entendimento, 
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ou simplesmente nos confundir, já que qualquer critério de agrupamento passa por uma escolha em 
detrimento de outras. Salvatore D’Onofrio (2007), por exemplo, em seu livro Forma e Sentido do Texto 
Literário, divide as teorias críticas em dois blocos: as críticas extrínsecas e as críticas intrínsecas.
O autorexplica que as críticas extrínsecas se preocupam com os aspectos externos à obra e visam a 
verificar se o autor é “filho de sua época”, estudando sua biografia, suas condições socioculturais, suas 
influências, o que leu, que estilos ou escolas literárias segue, quais as bases para sua produção. Cita, 
nesse caso, a crítica sociológica e a psicológica, por exemplo. 
Já as críticas intrínsecas são aquelas que se preocupam em destacar os elementos internos da obra 
– de certa forma, preocupam-se com o texto literário, o objeto artístico, por si mesmo. Segundo o 
autor, essas críticas variam a partir de diferentes enfoques, a citar: linguístico, formalista, estruturalista, 
semiológico, fenomenológico, estilístico ou temático.
Críticas como a estética da recepção e a semiótica não se encaixam nessa divisão. Outros estudiosos 
preferem apresentar as críticas literárias em um panorama histórico, como Terry Egleaton, por exemplo. 
Em seu livro Teoria da Literatura: uma introdução, situa diferentes críticas a partir do início do século 
XX, citando a fenomenologia, a hermenêutica, a Teoria da Recepção (estética), o estruturalismo, a 
semiótica, o pós-estruturalismo, a psicanálise, concluindo com a crítica política. Veja que a estilística e 
o formalismo, por exemplo, aparentemente não foram abordados.
Poderíamos citar ainda o new criticism, a crítica biográfica, a crítica impressionista, a crítica genética, 
a crítica ética, entre tantas outras.
 Observação
A nova crítica (new criticism) propõe uma leitura microscópica do 
texto literário, com uma análise a partir do significado do próprio texto, e 
não de um contexto histórico, biográfico ou externo a ele. Desenvolveu-se 
sobre o campo da linguística e do estruturalismo. Muito em voga a partir 
da década de 1950, encontra-se hoje bem defasada. No Brasil, teve como 
maior divulgador Afrânio Coutinho.
Dentre um leque tão variado e diferentes opções de agrupamento, optamos por destacar, 
resumidamente, algumas críticas que julgamos mais relevantes ao contexto escolar.
1.4.1 Correntes sociológicas
Há várias correntes que se preocupam com aspectos sociológicos, como a crítica marxista, a 
existencialista, a sociológica propriamente dita e a estética da recepção.
Assim, o termo “crítica sociológica”, apesar de muito utilizado, é muito abrangente e pode se referir 
a diferentes críticas em que o tom sociológico se destaque. Alguns críticos reconhecidos por atuarem 
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em outras vertentes podem, inclusive, apresentar uma preocupação social, como é o caso de Erich 
Auerbach, um expoente da estilística que, em sua obra Mímesis, analisou, a partir de obras literárias, as 
relações de autores clássicos e a estrutura social de sua época.
Segundo Salvatore D’Onofrio, “[...] a crítica sociológica considera a literatura como produto e 
expressão da cultura e da civilização de um povo nas diversas fases de seu desenvolvimento” (D’ONOFRIO, 
2007, p. 33). 
Nesse sentido, preocupa-se em analisar as interações do escritor com a sociedade, seu contexto 
histórico e social, levando em conta o escritor (emissor), a língua (código) e linguagens utilizadas, o 
próprio texto (mensagem) e o leitor (receptor).
Pensando no termo específico “Sociologia da Literatura”, podemos destacar dois teóricos, Georg 
Lukács e Lucian Goldman, que contribuíram para os estudos literários. Lukács, em seu livro Teoria do 
Romance, caracterizou a existência do herói problemático, que seria um louco ou criminoso em busca 
de valores em um mundo conformista e convencional. Porém, essa busca não era autêntica, tampouco o 
mundo é autêntico, sendo ambos, herói e mundo, degradados. O gênero romance, assim, relacionava-se 
com a sociedade, não havendo ruptura entre o herói e o mundo.
Goldman, seguindo os passos de Lukács, considerava que o romance é um espelho da sociedade, a 
transposição da vida em sociedade para o plano literário.
Outra vertente sociológica importante é da Escola de Frankfurt, da qual destacamos os grandes 
teóricos Walter Benjamin, Theodore W. Adorno e Herbert Marcuse.
 Saiba mais
Para reflexões a respeito da figura do narrador e do autor na 
modernidade, recomendamos a leitura dos textos “O Autor como Produtor” 
e “O Narrador”, de Walter Benjamin, ambas da obra a seguir:
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura 
e história da cultura. Obras escolhidas. v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1994.
O professor Antonio Candido segue a linha sociológica, com destaque para o estético. Em seu livro 
Literatura e Sociedade: Estudos de Teoria e História Literária, esclarece as relações entre a crítica e a 
sociologia:
Hoje sabemos que a integridade da obra não permite adotar nenhuma 
dessas visões dissociadas (texto ou contexto); e que só a podemos entender 
fundindo texto e contexto numa interpretação dialeticamente íntegra, 
em que tanto o velho ponto de vista que explicava pelos fatores externos, 
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quanto o outro, norteado pela convicção de que a estrutura é virtualmente 
independente, se combinam como momentos necessários do processo 
interpretativo. Sabemos ainda que o externo (no caso, o social) importa não 
como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha 
um certo papel na constituição da estrutura, tornando-se, portanto, interno 
(CANDIDO, 2000, p. 4).
 Saiba mais
Para saber mais sobre a crítica sociológica e seus métodos analíticos, a 
leitura da obra a seguir é imprescindível:
CANDIDO, A. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 
8. ed. São Paulo: T. A. Queiroz Editor, 2000.
1.4.2 Estilística
Reconhecida como uma teoria textualista, que valoriza o texto, surgiu na primeira década do século 
XX, a partir dos estudos do suíço Charles Bally e do alemão Karl Vossler. Como discípulo de Saussure, 
Bally dá uma diretriz linguística à estilística, estudando os recursos expressivos do sistema da língua. Já 
Vossler apresenta uma estilística literária de fato, considerando o estilo individual de cada autor como 
um desvio em relação aos usos mais usuais da linguagem. Outro teórico importante nesta corrente é 
Benedetto Croce.
Como professores de literatura, utilizamos várias diretrizes da estilística. Segundo D’Onofrio (2007, 
p. 42), há duas abordagens estilísticas, distintas e complementares, a análise do estilo no plano da 
enunciação (quando observamos o discurso literário e as relações entre emissor e receptor, por exemplo) 
e a análise no plano do enunciado (quando observamos as construções sintáticas ou fonéticas de um 
texto, as propriedades rítmicas e melódicas de uma frase, tanto na poesia quanto na prosa).
 Saiba mais
No livro Forma e Sentido do Texto Literário, de Salvatore D’Onofrio, 
você encontrará a aplicação de diferentes correntes críticas aliadas entre si. 
Veja os subcapítulos: “Exemplos de Análise de Textos Narrativos” e “Forma 
e Análise de Poemas”. 
D’ONOFRIO, S. Forma e sentido do texto literário. São Paulo: Ática, 2007.
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1.4.3 Estruturalismo
O estruturalismo não é apenas uma corrente da teoria literária, pois se constitui em uma atitude 
metodológica presente em diversas disciplinas. Esboçado na Linguística, a partir dos estudos de 
Ferdinand de Saussure, e no gestaltismo, corrente da Psicologia alemã, passou a constar de estudos da 
Antropologia e da Psicanálise. Segundo Souza:
Sua noção-chave é a de estrutura, entendida como rede de relações entre 
unidades mínimas móveis e distintas entre si, cujos valores funcionais se 
instauram justamente na medida em que se estabelece a própria rede 
(SOUZA, 2006, p. 61).
Na literatura, os primeiros críticos estruturalistas foram Roland Barthes e Tzvetan Todorov, os quaisseguiram também outras correntes críticas.
Outro estruturalista é Jakobson, cuja proposta sobre as funções da linguagem é seguida até hoje. 
Essas funções distinguem-se em: emotiva, referencial, fática, metalinguística, conativa e poética, sendo 
a poética predominante na linguagem literária.
 Saiba mais
No livro Análise estrutural da narrativa, editora Vozes, 2008, você 
encontrará textos importantes de Roland Barthes, A. J. Greimás, Gerard 
Genette, Tzvetan Todorov entre outros estruturalistas.
BARTHES, R.; GREIMAS, A. J.; BREMOND C. et al. Análise estrutural da 
narrativa. Campinas: Vozes, 2008.
1.4.4 Formalismo
A crítica formalista surgiu no início do século XX, com base no Círculo Linguístico de Moscou, entre 
1914 e 1915, e na Associação para o Estudo da Linguagem Poética. É denominada por formalismo russo 
ou eslavo. Essa crítica entende que a investigação deve se fixar na própria obra e, nesse sentido, os 
formalistas procuram distinguir, no próprio texto, as características que o tornam literário, isto é, a sua 
literariedade, conforme citamos anteriormente.
A obra é vista como um sistema em que todos os elementos internos se integram – o conteúdo 
não pode ser separado da forma. A partir dessa corrente, deve-se observar a relação entre o material 
(elementos fônicos, lexicais, sintáticos e semânticos) e o processo (priom), a maneira pela qual esse 
material é manipulado para se obter os efeitos estéticos desejados.
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A literariedade resultaria do procedimento de singularização, própria da linguagem literária, explicada 
em oposição à linguagem usual, decorrente do automatismo do mundo e ao qual nos acostumamos. 
A linguagem literária, para esses críticos, é, portanto, uma deformação criadora, que conduz a um 
estranhamento por parte do leitor. 
Uma importante contribuição dos formalistas foi a noção de “função”, um “átomo de narratividade”, 
segundo Vladimir Propp. Em seu livro Morfologia do Conto, de 1970, esse autor identifica uma série de 
elementos invariantes em que se situa a função desempenhada por uma personagem ou uma ação a 
partir do estudo de diversos contos maravilhosos. 
Como dissidentes ou agregadores dos formalistas, podemos citar os estudiosos do círculo ligado a 
Mikhail Bakhtin.
 Saiba mais
Para saber mais sobre os formalistas russos, recomendamos a leitura do 
livro a seguir:
TODOROV, T. Teoria da literatura: textos dos formalistas russos de 
Todorov. São Paulo: Editora Unesp, 2013. 
Nele encontramos textos de Eikhenbaum, Chklovski, Tynianov, Jakobson, 
Propp, entre outros.
Os conceitos de “forma” e “estrutura” são usados por alguns teóricos como sinônimos, o que pode 
nos levar a uma certa dúvida ao distinguir esses termos. Segundo D’Onofrio, os estudos antropológicos 
de Claude Levi-Strauss sobre estrutura, um conceito advindo da linguística, podem ser transferidos para 
estudos literários e nos auxiliam a uma melhor distinção entre forma e estrutura. Para Levi-Strauss, a 
estrutura não pode ser individualizada num objeto particular, mas em um “modelo” teórico formulado 
a partir da análise de vários objetos. Assim, a forma seria o todo orgânico de um objeto concreto e a 
estrutura seria um modelo geral elaborado a partir de objetos concretos. Nesse sentido, o formalista 
Propp, ao tratar da morfologia do conto, estaria considerando sua estrutura, pois partiu da análise de 
diversos contos populares para chegar a um modelo (D’ONOFRIO, 2007, p. 39). 
1.4.5 Crítica temática
A palavra “tema” é uma daquelas que nos causam confusão, já que possui diferentes significados 
e aplicações, o que a torna bastante ampla e imprecisa. Grosso modo, podemos dizer que tema é o 
assunto do texto, aquilo de que se fala. 
No ensino de literatura, a análise temática tem sido uma prática constante, contudo, deve estar 
aliada a outras metodologias, para que não se corra o risco de usar o texto literário como mero pretexto 
para discussão de temas variados.
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Segundo Daniel Bergez (BARBERIS; BERGEZ; DE BIASI et al., 1997), na década de 1950, a crítica 
temática foi associada erroneamente à nova crítica (new criticism), gerando muita polêmica entre os 
defensores e adversários da modernidade. Segundo o autor, a crítica temática procurava preservar sua 
autonomia e não se ligava a outras críticas. Ele completa:
É que o ponto de vista temático nada tem de dogma; não se articula em 
torno de um corpo doutrinal, mas se desenvolve como pesquisa, a partir de 
uma intuição central. Seu ponto de partida é decerto a rejeição de qualquer 
concepção lúdica ou forma da literatura, a recusa de considerar um texto 
literário como um objeto cujo sentido poderia ser esgotado por uma 
investigação científica. A ideia central é a de que a literatura não é tanto 
objeto de conhecimento quanto de experiência, e que esta é de essência 
espiritual (BERGEZ, 1997, p. 98).
Não nos surpreende que o precursor do procedimento temático não seja um crítico literário, mas um 
filósofo, Gaston Bachelard, um epistemólogo voltado para história das ciências.
Várias correntes críticas utilizam-se do procedimento temático, mas atribuem diferentes significados 
ao termo “tema”. Wolfgang Kayser, por exemplo, em sua obra Análise e Interpretação da Obra Literária, 
ao tratar do conteúdo de um texto literário, diferencia os termos “assunto”, “motivo” e “tema” (KAYSER, 
1970). O assunto são os acontecimentos aos quais a obra se refere. Já o motivo é uma situação típica 
que se repete. O tema seria o conjunto desses motivos harmonizados, em uma estrutura maior. Ou 
seja, o assunto é algo mais específico da obra em questão, o tema é algo mais amplo. Por exemplo, no 
conto “Viagem a Petrópolis”, de Clarice Lispector, o tema é o abandono na velhice (poderíamos pensar 
em outros). O assunto é a viagem de Mocinha, uma pobre velhinha, para Petrópolis, onde seu destino 
a espera. Alguns teóricos, por outro lado, como Welleck e Warren, consideram tema e assunto como 
sinônimos.
Os formalistas russos também contribuíram para a noção de tema e o viam como uma categoria 
semântica. Tomachevski, em seu texto “Temática”, considera que o tema é uma ideia recorrente no 
texto, a qual serve para unir os elementos da obra. Pode haver um tema para toda a obra ou para suas 
partes. Os temas dessas partes chamam-se motivos, e ao conjunto de motivos, que viola a imobilidade 
da situação inicial e provoca a ação, chama-se nó. 
 Saiba mais
O texto de Tomachevski pode ser encontrado no livro a seguir:
TOMACHEVSKI, B. Temática. In: TODOROV, T. Teoria da literatura: textos 
dos formalistas russos de Todorov. São Paulo: Editora Unesp, 2013.
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A partir de uma variedade de concepções a respeito do tema, a professora Leyla Perrone-Moisés, em 
seu livro Falência da Crítica, esclarece:
Quer se considere o tema como material bruto (assunto), como unidade de 
significado (motivo) ou como pequena estrutura de significados, o tema é 
sempre uma célula semântica que gera e ordena a obra (PERRONE-MOISÉS, 
1972, p. 103).
A crítica temática pode ser bastante frutífera para os estudos literários, inclusive no contexto escolar. 
Contudo, como dissemos inicialmente, o texto literário não pode ser usado como pretexto para se 
discutir um determinado tema. É preciso que consideremos o tema como inerente à estrutura da própria 
obra. Nesse sentido, referenciamos novamente Perrone-Moisés:
O tema de uma obra literária apresenta pois um duplo aspecto: ele pode ser 
considerado como fonte, ponto de partida, referente ou como formador e 
modalizador das estruturas da obra. Assim, quando procuramos o tema de 
uma obra, podemos chegar a seu ponto de partida– imagens obsessivas de 
um autor ou de uma época, ou ao seu ponto de chegada – o modo como o 
tema se apresenta numa obra particular, como ele a estrutura e a modula, 
como, enfim, ele ajuda a fazê-la. O primeiro caminho nos afasta da obra, 
considerada então como transparente, como meio de chegar a outra coisa. 
O segundo nos permite uma crítica imanente, na qual o elemento referencial 
pode ajudar à compreensão da estrutura da obra e de seu funcionamento 
(PERRONE-MOISÉS, 1972, p. 104).
 Saiba mais
Para saber mais sobre a crítica temática, leia o capítulo III, “Crítica 
Temática”, da obra a seguir:
BARBERIS, P.; BERGEZ, D.; DE BIASI Métodos críticos para a análise 
literária. Tradução Olinda Maria Rodrigues Prata. São Paulo: Martins Fontes, 
1997. 
1.4.6 Semiótica
A semiótica é considerada a ciência geral dos signos, ou, na definição de Greimas, a ciência das 
relações entre os signos (palavras, sons, imagens, gestos...); assim, ocupa-se de criações comunicativas 
diversas, como o cinema, as artes plásticas, a publicidade, entre tantas outras.
Na perspectiva semiótica, há duas linhas a se seguir: a do russo A. J. Greimas, Projeto Semiótico 
Greimasiano, ou a do norte-americano Charles S. Peirce. Para essa corrente crítica, a literatura é uma 
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dinâmica que elabora a relação existencial do homem com o mundo no nível do imaginário por meio 
da ficcionalidade. 
Procura-se fazer uma análise imanente do texto, partindo dos elementos mais concretos e perceptíveis 
na manifestação textual (personagens, espaço, ações concretas etc.) para, em momentos posteriores, 
buscar, nas camadas mais profundas da estrutura textual, o nível mais abstrato. 
Quando tratamos das relações entre signos verbais e não verbais, presentes em textos multimodais, 
como em poemas concretistas, animações, histórias em quadrinhos e livros ilustrados, por exemplo, os 
estudos semióticos são bastante consideráveis.
Uma referência nos estudos semióticos é a professora Lúcia Santaella.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a semiótica e suas aplicações, recomendamos a 
leitura de dois livros de Lúcia Santaella: 
SANTAELLA, L. Leitura de imagens. São Paulo: Melhoramentos, 2012. 
(Coleção Como Eu Ensino).
___. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983. (Coleção Primeiros 
Passos).
1.4.7 Estética da recepção
Em 1967, com a publicação da aula inaugural de Hans Robert Jauss na Universidade Konstanz, na 
Alemanha, surge a estética da recepção para valorizar um elemento desprezado por antigas teorias 
críticas: o leitor ou o receptor do texto. Além disso, questiona tanto as correntes críticas centradas no 
texto e em seus arranjos linguísticos, como o estruturalismo e o formalismo vigentes em sua época, 
quanto aquelas de cunho sociológico, puro e simples, voltadas somente para o contexto. Os adeptos 
dessa corrente não elegem um leitor ideal, mas procuram analisar diferentes interpretações suscitadas 
pelo texto em diferentes contextos de leitura.
Jauss definiu a estética da recepção como uma pesquisa sobre a recepção da literatura e seus 
efeitos no leitor. Já Wolfgang Iser, outro importante teórico, afirma que o leitor, diante dos vazios do 
texto – espaços abertos para a plurissignificação –, deve encontrar pontos de indeterminação para 
preencher de acordo com seu próprio imaginário, definindo, nesse sentido, o que considera o horizonte 
de expectativas do leitor.
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 Saiba mais
Textos dos teóricos da recepção, como Hans Robert Jaus e Wolfgang 
Iser, são encontrados no livro:
LIMA, L. C. (Org.). A literatura e o leitor: textos de estética da recepção. 
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
 Resumo
Inicialmente, vimos que não é simples definir o que é literatura 
ou literariedade e que há diferentes concepções que variam a partir de 
diferentes critérios, como a época e a teoria crítica vigente, por exemplo. 
Optamos por considerar a literatura como a arte da palavra, um fenômeno 
de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e cultural. 
Em um segundo momento, propusemos algumas reflexões sobre as 
condições da crítica literária, sendo que questões referentes ao cânone e à 
autoria continuam gerando polêmicas.
Vimos também que os estudos literários ou a ciência literária, termo 
pouco usado no Brasil, receberam diferentes nomeações ao longo dos 
tempos, a partir, logicamente, de diferentes concepções de literatura e de 
enfoques, ora textuais, ora extratextuais. Vale destacar que a história da 
literatura encontrou seu auge no século XIX, em meio a uma visão positivista 
e cientificista, sendo criticada e desconsiderada a partir do advento da 
Teoria da Literatura. Termos como retórica e poética possuem diferentes 
significados, mas estão intimamente ligados aos estudos literários. 
O termo “estética”, tão utilizado nos estudos literários, também possui 
diferentes sentidos. Atualmente se refere às perspectivas de análises 
centradas nos efeitos que a arte provoca em seu leitor.
A Literatura Comparada e os Estudos Culturais são disciplinas em 
bastante evidência nos estudos literários contemporâneos, apresentando 
diferentes vertentes e mudanças significativas desde sua criação. 
Finalmente, estudamos algumas correntes representativas da reflexão 
crítico-teórica sobre o fato literário, como a crítica sociológica, a estilística, 
o estruturalismo, o formalismo, a temática, a semiótica e a estética da 
recepção, levando em conta a pertinência e o alcance de suas proposições 
para o ensino de literatura.

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