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1 OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
AULA 10
Natanael Duarte de Azevedo
Literatura Brasileira V
Crítica textual: o cenário da 
crítica literária brasileira 
após a década de 1945
 � Perceber como se deu a construção da crítica literária 
no cenário brasileiro após a década de 1945;
 � Identificar a singularidade no modo de 
análise de alguns críticos brasileiros;
 � Analisar a presença de outras áreas do conhecimento 
na construção da crítica literária brasileira.
152
Crítica textual: o cenário da crítica literária brasileira após a década de 1945
2 COMEÇANDO A HISTÓRIA
Caro aluno,
Até o momento, tivemos a oportunidade de identificar 
os traços da violência em contos e romances da literatura 
brasileira a partir da década de 1970. Voltaremos nossa 
discussão, agora, para o cenário da produção da crítica 
literária brasileira a partir da década de 1940.
De imediato, destacamos que a crítica 
literária não se reduz a um texto 
promocional de algum romance e que 
seja fundamentado em impressões do 
crítico acerca de um determinado estilo 
ou de determinado autor. Verifica-se, 
muito pelo contrário, que nomes como 
Antonio Candido, Afrânio Coutinho e Otto 
Maria Carpeaux se preocuparam com a crítica, 
tomando-a como um labor cuidadoso e que exige a leitura e a atualização 
constante do conhecimento por parte do crítico.
 Portanto, vamos conhecer, nesta aula, alguns nomes que se destacaram na 
crítica textual brasileira e as suas características de análise.
3 TECENDO CONHECIMENTO
Prezado aluno, em nossas aulas anteriores, nós vimos a representação da 
violência por meio de contos e romances. Nesse momento, discutiremos o 
papel da crítica textual no cenário brasileiro e, por meio das características de 
análise, os instrumentos possíveis da crítica de uma obra literária. Para tanto, 
apresentaremos alguns nomes da crítica textual brasileira a fim de construirmos, 
juntos, um método de análise da literatura.
É bem verdade que os nomes trabalhados em nossa aula não convivem em 
harmonia teórica. Muito pelo contrário, os autores antagonizam-se e as teorias 
se chocam umas com as outras, mas o resultado de tamanha divergência é uma 
pluralidade de significados por meio da análise literária.
Para iniciar esta jornada pelas trilhas da crítica textual, faz-se necessário 
compreender o que significa a crítica e qual a sua função no meio acadêmico e/ou 
Figura 1 
153
AULA 10
artístico. Pode-se tomar a crítica como um meio de humanização da sociedade, 
uma vez que cabe ao crítico preparar o leitor para obras consideradas necessárias 
para a construção de uma sociedade melhor, mais humana. Outra forma de abordar 
a crítica é tomá-la pela imanência do texto, ou seja, só interessa a construção de 
sentido que o próprio texto fornece, desprezando, ou melhor, não deixando se 
contaminar por fatores externos. Em ambos os casos, a preocupação do crítico 
se volta para a estética da obra. Vale ressaltar que, no Brasil, se fez e se faz muita 
crítica voltada para o autor da obra e não para a obra em si.
A guinada na década de 1940 da crítica textual se deu pela criação do primeiro 
curso de Letras no Brasil. Até então (desde o século XVIII e, principalmente, no 
século XIX), advogados, juristas, engenheiros, médicos e jornalistas assumiam 
o papel de crítico por meio da erudição adquirida com muitas leituras, viagens 
etc. O principal veículo de transmissão da crítica era o jornal, que, até o início 
do século XX, servia de suporte para a disseminação da literatura no Brasil e, 
consequentemente, da crítica textual.
A partir da criação do curso de Letras, a crítica textual ganhou uma nova roupagem. 
De um lado, os acadêmicos assumiam um espaço privilegiado através de suas 
formações como especialistas no texto literário; de outro, as críticas veiculadas 
pelos jornais passaram a ser rechaçadas pelo academicismo. Dessa oposição 
surgiu um grande impasse: a publicação da crítica. Se no jornal os editores 
trabalhavam com um cronograma apertado e prazos para serem cumpridos 
com eficiência e rapidez, na universidade o ritmo era outro, a dificuldade de 
se encontrar uma editora e a exigência de escrever um texto bem estruturado, 
fundamentado e preocupado com um método fazia com que a crítica fosse 
publicada após meses de conclusão. 
3.1 Antonio Candido e a crítica sociológica
Iniciamos a apresentação de Antonio Candido com 
uma provocação que resume bem a trajetória do 
acadêmico: tendemos a achar que a boa crítica 
textual é aquela que se debruça nas partes mais 
complexas ou mais “enigmáticas” de um texto? Pois 
bem, de acordo com Candido (1975), seria muito 
fácil para o crítico trabalhar com os elementos 
considerados difíceis em um texto, pois há uma 
tendência em “desvendar” o enigma e apresentar 
ao leitor um modo fácil de perceber o problema 
Figura 2 
154
Crítica textual: o cenário da crítica literária brasileira após a década de 1945
de um texto. Para o crítico, seria interessante trabalhar exatamente com o 
contrário, ou seja, a boa análise, ou pelo menos a mais correta, é aquela que 
é mais accessível para o leitor, isto é, quando o crítico faz uma leitura do que 
há de mais evidente e corriqueiro em uma obra e proporciona ao leitor uma 
interpretação fundamentada e convincente (CANDIDO, 1975, s/p).
De acordo com o autor, se o crítico se voltar para uma análise que julga relevante 
desvendar os enigmas de uma obra, acaba por desconsiderar os elementos 
“óbvios” que seriam ricos na construção da crítica. Esses elementos óbvios, 
portanto, são responsáveis pela interpretação do que está subentendido na 
produção textual e, consequentemente, auxiliarão na solução dos mistérios de 
um texto. Por isso, a análise corriqueira deve ser tomada como o fio condutor 
para se chegar a uma produção de sentido.
O jovem contista pensa que a verdadeira demonstração de 
força consiste em descrever um estado de alma complexo, 
uma tempestade ou o estouro da boiada; mas O. Henry 
dizia que a prova dos nove seria descrever uma galinha 
atravessando um pátio. Aí, não há fuga para a grandiloqüência 
nem camuflagem por meio do patético, mas a nua capacidade 
de escrever, – e é o que importa. (CANDIDO, 1975, s/p). 
Vemos que a simplicidade da escrita está diretamente relacionada à qualidade 
da obra, e a crítica ou a interpretação do texto deve partir dos elementos óbvios 
para se chegar à solução dos elementos mais complexos. Para tanto, é necessário 
tomar a estrutura da obra em uma análise minuciosa, na qual a relação forma e 
conteúdo deve ser levada em conta pelo crítico, além da linguagem escolhida 
pelo autor. No caso das poesias, em especial, o crítico tem que considerar a 
estrofação e a construção dos versos e a sua relação com a produção dos sons 
(como a aliteração), a pontuação (marcando o ritmo da leitura) etc.
A crítica de Antonio Candido se volta para a noção de reversibilidade entre 
análise literária e análise social a partir dos anos 60. Seus ensaios se voltam 
para a possibilidade de relacionar a construção da obra aos fatores sociológicos 
coexistentes na produção de sentido. Cabe, portanto, ao crítico identificar os 
elementos que tornam essa análise de perspectiva sociológica prudente, a fim 
de conduzir a crítica para o trabalho com textos possíveis e convincentes, não 
se restringindo aos “achismos” de cunho ideológico.
Para Antonio Candido, a crítica literária de base sociológica é uma via de mão 
dupla, ou seja, pode-se compreender a literatura pela observação do meio 
social e, ao mesmo tempo, pode-se observar a sociedade por meio da obra 
literária, uma vez que ambos os elementos-chave, literatura e sociedade, são 
155
AULA 10
bases norteadoras para entender o romance, por exemplo, por meio de seus 
elementos internos que motivam a narrativa.
Aproveite para assistir a uma entrevista com Antonio Candido na FLIP, 
disponível no site: 
 à <https://www.youtube.com/watch?v=z912yXNZY94>.
3.2 Afrânio Coutinhoe a crítica estética
Para falar de Afrânio Coutinho, faz-se necessário 
destacar que o crítico foi responsável pela introdução 
de uma corrente crítica americana que tomava o 
texto literário como independente de qualquer 
fator externo e/ou histórico, o New Criticism.
Afrânio Coutinho se destaca também no cenário 
da crítica literária com sua afeição humanista em 
contraponto ao modelo literário de sua época, no 
qual os autores se voltavam para a literatura nacional 
e política. A visão do crítico vai de encontro com o 
nacionalismo exagerado. Para Coutinho (1940, p. 
14), a “humanidade está acima das nações”. O crítico assume um discurso contra 
a “hipertrofia do político”, de que os homens, em partidos políticos, em vez de 
lutar pela “simpatia humana” (p. 15) em prol “do senso poético da existência” 
e uma “pesquisa desinteressada da verdade”(p. 18), voltam-se apenas para os 
interesses partidários e/ou pessoais:
É esta a nossa tarefa urgente e será a nossa mensagem: 
Humanismo; defender o Homem, restabelecer a confiança 
no Homem, repor o Homem no centro da sociedade; criar 
uma civilização em que o Homem seja a medida de tudo 
e que todas as coisas sejam orientadas em seu benefício; 
aperfeiçoar sempre o Homem, e humanizar a vida, a cultura, 
a sociedade. (COUTINHO, 1940, p. 18).
O crítico, tomando como base a obra de Machado de Assis, reconhece que há 
uma relação “entre arte e vida”, uma vez que cabe ao autor “o dever que tem o 
artista de transfigurar a realidade” (COUTINHO, 1966, p. 96). Porém, vale destacar 
que essa relação deve ser vista como intrínseca ao texto e não como um fator 
externo que influencia na composição da obra. Interessa a Coutinho a percepção 
estética do texto que se esgota nele mesmo, ou seja, há uma inevitável distinção 
Figura 3 
156
Crítica textual: o cenário da crítica literária brasileira após a década de 1945
entre “o moral e o social” e o que é da ordem do “problema artístico” (COUTINHO, 
1966, p. 110). Por mais que o crítico desenhe uma “recriação da obra de arte 
no espírito do público, um estimulante ou revelador dos elementos vivos que 
enriquecerão ou nutrirão o leitor”, o seu verdadeiro comprometimento deve 
ser a análise do texto que permita ao crítico, pelo próprio texto, a condição de 
“ver claro e o de fazer ver claro” dentro da obra literária (COUTINHO, 1940, p. 31).
Aproveite para assistir a uma homenagem pelo centenário de vida de 
Afrânio Coutinho, disponível no site: 
 à <https://www.youtube.com/watch?v=ytXn-j9mRqo>.
3.3 Crítica textual e jornalismo em Otto Maria Carpeaux
Diferentemente de como vimos no academicismo 
exacerbado de Antonio Candido e Afrânio 
Coutinho, apresentamos, agora, a crítica de Otto 
Maria Carpeaux, que se situa exatamente no 
momento de mudança de paradigma da crítica 
brasileira, ou seja, a criação do grupo de críticos 
acadêmicos e a rejeição do crítico jornalístico, além 
da presença de Carpeaux na crítica do modernismo 
e do nacionalismo literário como instrumentos de 
construção da identidade nacional.
Carpeaux transitou tanto pelo modelo tradicional 
de se fazer crítica (a crítica veiculada no jornal) como pelo novo modelo que se 
instaurava no Brasil após a década de 1940 (a análise especializada). O modo de 
construir uma crítica para Carpeaux era baseado na fundamentação teórica, nas 
diversas citações como meio de comprovar o seu ponto de vista, a presença de 
notas de rodapé em seus textos e a diversidade de referências bibliográficas. 
Essa era uma prática comum em seu país de origem, a Áustria.
Porém, apesar de todo método empregado por Carpeaux, as suas análises 
eram quase sempre impressionistas, por meio da intuição ou sensibilidade 
cultural, densamente fundamentadas com erudição. O crítico era contra ao 
mecanicismo acadêmico das análises, pois reconhece que é a obra literária que 
cria o método e não o contrário. A obra é o elemento principal e o método é um 
recurso secundário na análise. Essa sua posição o deixa numa postura contrária 
ao mecanicismo instrumental defendido por Coutinho a partir do New Criticism.
Figura 4 
157
AULA 10
Empregam-se métodos, criados em situações literárias 
diferentes, para explicar onde não há nada para explicar. Com 
impaciência estou esperando que um crítico da novíssima 
geração dedique trabalho de análise estilística às imagens 
da vida doméstica nos romances da Sra. Leandro Dupre 
ou à freqüência de adjetivos astronômicos na poesia de 
Petrarca Maranhão. Antigamente não foi assim. Os nossos 
críticos antigos nem sequer sabiam o que é método. Num 
sentido muito diferente, Augusto Meyer também “não 
tem método”. Emprega ora este, ora aquele processo de 
interpretação, obedecendo só e exclusivamente à natureza 
da obra que pretende interpretar; o método estilístico, o 
método sociológico (nos seus estudos de literatura gaúcha) 
e last but not least – o método psicológico. (CARPEAUX, 
1999, p. 852).
Carpeaux se preocupa com a crítica que articula diferentes áreas do conhecimento, 
sem desmerecer a obra literária. É muito comum encontrarmos, na crítica de 
Carpeaux, fundamentos sociológicos, psicológicos, históricos, além de estudos 
biográficos e de filologia, associados às análises poéticas. Para o crítico, é a obra 
que determina que abordagem será utilizada para a análise, pois a singularidade 
de um texto requer uma abordagem específica, não ficando preso às tendências 
academicistas que eram impostas aos críticos. 
É evidente que a sua formação cultural permitiu que o crítico usufruísse de sua 
sensibilidade teórica para a abordagem analítica de uma dada obra, além do 
reconhecimento (por mais que fosse avesso a alguns métodos) da importância do 
avanço e especialização da crítica, pois, segundo o autor, “antigamente tivemos 
muitos críticos sem teoria alguma. Agora temos muita teoria, uma floresta tão 
densa que ninguém mais consegue distinguir as árvores.” (CARPEAUX, 1999, p. 
848). Carpeaux chama a atenção para o excesso de métodos, mas não para a 
sua aplicação. Cabia ao crítico, pelo pensamento de Carpeaux, saber se colocar 
num terreno possível (se a obra assim permitisse) de análise e não se perder no 
tecnicismo estrutural imposto pelos acadêmicos.
Aproveite para assistir a um vídeo de Olavo de Carvalho falando sobre 
Otto Maria Carpeaux, disponível no site: 
 à <https://www.youtube.com/watch?v=D-3IWTjvfOE>.
158
Crítica textual: o cenário da crítica literária brasileira após a década de 1945
Exercitando
Após a leitura desta aula, responda às seguintes questões:
1) Considerando os dois críticos (Antonio Candido e Afrânio Coutinho), como 
você relaciona as aproximações e os distanciamentos teóricos de cada um?
2) Em sua opinião, quais as vantagens (se houver) de se construir uma crítica que 
articula diferentes áreas do conhecimento, segundo Otto Maria Carpeaux?
3) Tomando a ideia da imposição do método, segundo Coutinho, e a soberania 
da obra literária, de acordo com Carpeaux, qual o seu posicionamento como 
futuro crítico textual? Fundamente sua resposta.
4 APROFUNDANDO SEU CONHECIMENTO
Caro aluno, o conteúdo abordado não cessa nesta aula. Para tanto, é preciso que 
você busque outras fontes para enriquecer o seu potencial crítico. Para auxiliá-lo 
nessa ampliação dos conhecimentos, indicamos as seguintes obras:
Figura 5 
Este livro é composto por ensaios que visitam 
momentos diversos da crítica literária brasileira 
e algumas de suas figuras mais representativas. 
Sua matéria é a trajetória de antagonismos e 
convergências, compromissos e polêmicas 
que vêm perpassando o exercício da crítica 
desde que ela começa a dar sinais de existência 
no Brasil – seja no século XIX, quando esteve 
envolvida ora com o anseio romântico por 
uma literatura nacional, ora com a indagação 
sobre o lugar do país no âmbito mais amplo da 
civilização ocidental moderna, seja no século 
XX, quando o debate se consolidou nas páginas 
da grande imprensa, para depois se recolher 
cada vez mais às universidades. Ou mesmo 
aqui, nestesensaios, quando a crítica se volta 
para si mesma, para repensar seus percursos 
e rediscutir seus pontos fulcrais.
159
AULA 10
Na primeira parte deste livro, o autor faz um 
apanhado geral sobre a obra de Machado 
de Assis. Segue um escrito sobre Oswald de 
Andrade, no qual se misturam evocações 
pessoais e uma tentativa de reavaliação da 
obra. Vem depois a leitura da poesia de Carlos 
Drummond de Andrade, um ensaio sobre o 
tema do jagunço, começando com Cláudio 
Manuel da Costa e indo até Guimarães Rosa, 
além de um ensaio sobre Basílio da Gama. A 
segunda parte começa pela exposição sobre 
o direito à literatura, vista em sentido amplo 
como necessidade social inevitável. Segue 
um ensaio sobre o que o autor denomina 
radicalidade de classe média, começando 
com  Joaquim Nabuco e culminando com 
Manoel Bomfim. Constam de outros escritos 
a discussão sobre as vicissitudes do conceito de 
nacionalismo no Brasil e a evocação do papel 
da Faculdade de Filosofia da USP em nossa 
cultura. Encerram o livro dois perfis: o de Sérgio 
Buarque de Holanda, a partir da sua experiência 
na Alemanha, e o de Paulo Emilio Salles Gomes, 
como inspirador e militante político.
Figura 6 
A crítica literária constitui um primeiro passo 
para o despertar da reflexão crítica, ou seja, 
para o exercício consciente e criador da leitura. 
Segundo Jérôme Roger, a crítica literária é uma 
prática singular de leitura que inclui sempre 
uma concepção, mesmo que inconsciente 
ou implícita, do que se chama “literatura”. 
Nesse sentido, a crítica está ligada à história 
do comentário e da interpretação textual. No 
primeiro capítulo, o autor elucida as noções 
fundadoras da crítica, a partir de Aristóteles e 
da filologia helenística. Em seguida, ele analisa o 
período intermediário entre a crítica “científica”
Figura 7 
160
Crítica textual: o cenário da crítica literária brasileira após a década de 1945
e a crítica criadora, das quais Sainte-Beuve 
e Proust foram os precursores, bem como o 
ponto de vista da História sobre a literatura. 
A diversidade das abordagens e os desafios 
epistemológicos referentes à crítica literária 
merecem destaque em dois capítulos sobre os 
mais representativos críticos contemporâneos: 
Gaston Bachelard, Jean Starobinski, Charles 
Mauron e Émile Benveniste. A última parte 
do livro é dedicada à abordagem da crítica 
como uma forma de literatura, na qual o autor 
enfatiza a visão que o filósofo Jean-Paul Sartre 
e o semiólogo Roland Barthes têm sobre esse 
tema. Destinada a estudantes e professores 
de Letras, ou àqueles que se interessam tanto 
por literatura quanto por crítica literária, esta 
é uma obra imprescindível.
Figura 8 
Esta obra analisa as raízes da nossa formação 
literária e crítica e tem como vetores a obra de 
Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães 
Rosa, Carlos Drummond de Andrade, além do 
mineiro-gaúcho Guilhermino Cesar. Na tradição 
crítica, percorre o caminho de Machado de 
Assis até Antonio Candido, Roberto Schwarz e 
Alfredo Bosi, além dos brasilianistas Paul Dixon, 
John Gledson e Hellen Caldwell.
5 TROCANDO EM MIÚDOS
Caro aluno, nesta aula, vimos que a crítica literária no Brasil passou por momentos 
de tensões metodológicas.Se, por um lado, a crítica veiculada no jornal era uma 
prática comum desde o século XIX, por outro, com a criação do curso de Letras 
na década de 1940, causou um distanciamento entre os críticos no Brasil. 
Como pudemos observar, Antonio Candido e Afrânio Coutinho se colocam do 
lado da crítica acadêmica pautada na aplicação de um método de análise. Para 
161
AULA 10
este, o método deve levar em conta o texto por ele mesmo, ou seja, a análise 
se volta unicamente para os elementos textuais, e os fatores externos devem 
ser minimizados na construção da crítica. Já Candido defende a intrínseca 
relação entre a literatura e a sociedade, uma vez que as duas se entrecruzam e 
se justificam mutuamente, porém a análise deve se voltar para o texto literário, 
caso contrário, teremos um trabalho sociológico e não artístico. 
Já em Otto Maria Carpeaux, o método não deve ser pré-estabelecido para a 
análise de uma obra. É o texto literário que determina como o crítico deve se 
portar em sua interpretação. Inclusive Carpeaux reconhece a interdisciplinaridade, 
ou melhor, o entrecruzamento das áreas do conhecimento para se analisar uma 
obra. Essa análise pode ser abordada sob a ótica da história, da sociologia, da 
psicologia, da biografia e da própria poética etc.
6 AUTOAVALIANDO
Ao final da aula, com o intuito de verificar se houve uma significativa compreensão 
do conteúdo aqui exposto, faz-se necessário que você realize uma autoavaliação, 
respondendo às seguintes questões:
 � Entendo que a análise sociológica sugerida por Candido rompe com a teoria 
acadêmica da imanência do texto literário?
 � Consigo entender a defesa do New Criticism, por Afrânio Coutinho, em 
relação ao trabalho do crítico literário?
 � Percebo que as sensibilidades cultural e linguística facilitam o trabalho do 
crítico ao analisar uma obra literária?
7 PRATICANDO
Partindo da ideia de que o aluno deve desenvolver práticas nas quais possa 
vivenciar a atividade docente e em atendimento à Resolução CNE/CP de julho 
de 2015, indicamos como proposta a intervenção em sala de aula acerca do 
conteúdo estudado nesta nossa última aula. Para tanto, selecione um conto 
e desenvolva com uma turma do Ensino Básico a construção de uma crítica 
textual. Sugerimos que, inicialmente, a turma escolhida produza uma crítica 
impressionista, com base na interpretação livre. Em seguida, mostre a inserção 
de um método (tomando como base os três críticos apresentados) como forma 
de construir uma crítica literária estruturada e fundamentada.
162
Crítica textual: o cenário da crítica literária brasileira após a década de 1945
REFERÊNCIAS
AMORIM, Bernardo Nascimento de. A crítica de Afrânio Coutinho, da teoria à 
prática: o caso Machado de Assis. In: Terra roxa e outras terras – Revista de 
Estudos Literários. Vol. 22, dez. 2011, p. 37-46. Disponível em: <http://www.uel.
br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol22/TRvol22d.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.
CANDIDO, Antonio. Exercício de leitura. In: Revista Texto, n. 1. Araraquara, 1975.
______. De Cortiço a Cortiço. In: Novos Estudos Cebrap, n. 30. São Paulo, 1991, 
p. 111-129.
CARPEAUX, Otto Maria. O crítico Augusto Meyer. In: ______ (Org.). Ensaios 
Reunidos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999, vol. 1.
COUTINHO, Afrânio. A filosofia de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Vecchi, 1940. 
______. Machado de Assis na literatura brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Livraria São José, 1966.
163
AULA 10
	Crítica textual: o cenário da crítica literária brasileira após a década de 1945
	2	COMEÇANDO A HISTÓRIA
	3	TECENDO CONHECIMENTO
	3.1	Antonio Candido e a crítica sociológica
	3.2	Afrânio Coutinho e a crítica estética
	3.3	Crítica textual e jornalismo em Otto Maria Carpeaux
	4	APROFUNDANDO SEU CONHECIMENTO
	5	TROCANDO EM MIÚDOS
	6	AUTOAVALIANDO
	7	PRATICANDO
	REFERÊNCIAS

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