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Literatura Brasileira_ do Período Realista à Literatura Contemporânea

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
do 
Período realista 
à literatura 
ContemPorânea
Prof.ª Mara Gonzalez Bezerra
2a Edição
literatura Brasileira:
Elaboração:
Prof.ª Mara Gonzalez Bezerra
Copyright © UNIASSELVI 2021
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
B574l
 Bezerra, Mara Gonzalez
 
 Literatura brasileira: do período realista à literatura contempo-
rânea. / Mara Gonzalez Bezerra – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 
 278 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-670-2
 ISBN Digital 978-65-5663-666-5 
 
 1. Literatura brasileira. - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci.
 CDD 869
Caro acadêmico! Apresentamos um panorama da literatura brasileira do 
período relativo ao Realismo à Literatura Contemporânea. Por isso, não pretendemos 
esgotar os temas apresentados, mas fornecer subsídios para que você possa 
desenvolver pesquisas a respeito da nossa literatura. Ainda, incluímos nas unidades 
conceitos de teoria e crítica literária e, ao mesmo tempo em que estuda a nossa 
literatura, convidamos você a pensar como inserir os temas literários nas aulas de 
língua portuguesa na educação básica. 
O livro está dividido em três unidades e em cada uma delas você encontrará 
uma introdução seguida de tópicos contendo dicas, fragmentos de obras, textos 
significativos, resumo do tópico, atividades, leituras complementares e, no final da obra, 
você encontrará um registro de referências importantes. 
A Unidade 1 apresenta o panorama cultural e literário do final do século XIX 
e início do século XX, bem como a discussão sobre teoria e prática sobre o ensino de 
literatura na sala de aula de forma que possa auxiliar em sua prática docente. Também 
iniciamos o percurso dos movimentos literários do período oitocentista, quando iremos 
estudar obras, autores e a crítica dos estilos chamados de Realismo, Naturalismo, 
Parnasianismo e Simbolismo. 
A Unidade 2 destaca o período depois do Simbolismo, quando as vanguardas 
europeias tiveram um papel importante no impulso de novas formas de escrever e 
pensar artes e literatura. Também destacamos as primeiras décadas do século XX, com 
autores anteriores ao movimento modernista, e a trajetória nos leva até a Semana de 
Arte moderna, em 1922, quando o Modernismo foi consolidado. 
A Unidade 3 discorre sobre a literatura brasileira contemporânea, que se 
desenvolve depois do Modernismo entre os séculos XX e XXI, e as novas perspectivas 
interculturais literárias. Além disso, também contempla a pluralidade de escritores de 
literaturas indígenas, africanas e o movimento de escritores em busca de uma literatura 
brasileira e a independência cultural dos padrões europeus e a literatura contemporânea. 
Destacamos, por fim, que a cada unidade, o livro discute de forma mais pontual 
o ensino literário, sob a luz da BNCC, e apresenta propostas de práticas com exemplos 
de atividades para as aulas de língua portuguesa. Esperamos contribuir com o seu 
conhecimento intelectual sobre a importância da literatura dos períodos estudados. 
Bons estudos!
Profª. Mara Gonzalez Bezerra
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - A LITERATURA BRASILEIRA OITOCENTISTA ................................................. 1
TÓPICO 1 - O FINAL DO SÉCULO XIX – ITINERÁRIOS ..........................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 O PANORAMA EUROPEU OITOCENTISTA ..........................................................................3
3 O REALISMO EUROPEU ......................................................................................................5
4 COMO COMENTAR OU ANALISAR UM TEXTO DE LITERATURA .....................................14
4.1 A BNCC E O ENSINO DE LITERATURA ............................................................................................ 19
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 24
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 25
TÓPICO 2 - O REALISMO NO BRASIL ................................................................................. 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 29
2 A LITERATURA BRASILEIRA NO FINAL DO SÉCULO XIX ...............................................29
3 MACHADO DE ASSIS – O ESCRITOR DO COSME VELHO................................................ 33
4 RAUL POMPEIA E A POLÊMICA DO ESTILO .................................................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 49
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 50
TÓPICO 3 - NATURALISMO – PARNASIANISMO – SIMBOLISMO ...................................... 55
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 55
2 O NATURALISMO, OUTRA FACETA DO REALISMO ......................................................... 55
2.1 ALUÍSIO AZEVEDO E O NATURALISMO BRASILEIRO .................................................................. 57
2.2 JÚLIO RIBEIRO, A CARNE EXPOSTA ...............................................................................................61
2.3 INGLÊS DE SOUZA, O HOMEM AMAZÔNICO ................................................................................62
2.4 ADOLFO CAMINHA, E A POLÊMICA DO O BOM CRIOULO ....................................................................64
3 O PARNASO BRASILEIRO ............................................................................................... 66
3.1 OLAVO BILAC, O PRÍNCIPE DOS POETAS PARNASIANOS .........................................................69
3.2 FRANCISCA JÚLIA NO PARNASO BRASILEIRO .......................................................................... 73
3.3 RAIMUNDO CORREIA, O POETA DAS POMBAS ............................................................................ 75
4 O SIMBOLISMO BRASILEIRO ...........................................................................................78
4.1 O SIMBOLISMO DE CRUZ E SOUSA ............................................................................................... 80
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 85
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 86
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................87
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 91
UNIDADE 2 — DAS VANGUARDAS AO MODERNISMO BRASILEIRO ..................................95
TÓPICO 1 — AS VANGUARDAS E A LITERATURA BRASILEIRA ..........................................97
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................97
2 AS VANGUARDAS EUROPEIAS ........................................................................................97
3 O VANGUARDISMO NO BRASIL ......................................................................................107
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 114
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 115
TÓPICO 2 - O PRÉ-MODERNISMO BRASILEIRO ............................................................... 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 119
2 UM INTERSTÍCIO LITERÁRIO – ENTRE 1900 E 1922 .................................................... 119
3 A LITERATURA BRASILEIRA EM TRÂNSITO .................................................................. 121
3.1 AUGUSTO DOS ANJOS – ESCRITOR E PROFESSOR .................................................................121
3.2 CARMEN DOLORES – ESCRITORA DA BELLE ÈPOQUE ........................................................... 123
3.3 JOÃO DO RIO – A VOZ DA RELIGIÃO AFRO ................................................................................ 125
3.4 LIMA BARRETO – JORNALISTA E ESCRITOR ............................................................................ 127
3.5 EUCLIDES DA CUNHA – A VOZ DO SERTÃO ............................................................................. 133
3.6 MONTEIRO LOBATO – A VEZ DA LITERATURA INFANTOJUVENIL ........................................ 136
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 141
TÓPICO 3 - O MODERNISMO – A SEMANA DE ARTE MODERNA ......................................145
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................145
2 O MODERNISMO – ARTES E LITERATURAS DE ROUPA NOVA .....................................145
3 OS RUMOS DA LITERATURA BRASILEIRA .....................................................................149
4 REFLEXÃO SOBRE O USO DE TDICS E O ENSINO DE LITERATURA .............................159
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................162
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................163
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................164
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 167
UNIDADE 3 — A LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA (SÉCULOS XX E XXI) ........171
TÓPICO 1 — OS CAMINHOS LITERÁRIOS DEPOIS DE 1922.............................................. 173
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 173
2 DEPOIS DA SEMANA DE ARTE MODERNA – O MODERNISMO ..................................... 173
2.1 O MODERNISMO E SEU PERCURSO LITERÁRIO ......................................................................... 174
2.2 LETRAS DO MODERNISMO ............................................................................................................. 179
3 NARRATIVAS DO INTERIOR BRASILEIRO ......................................................................184
3.1 HISTÓRIAS REGIONAIS LITERÁRIAS ............................................................................................185
3.2 A VOZ DO INTERIOR BRASILEIRO .................................................................................................189
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................... 206
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 207
TÓPICO 2 - EXPRESSÕES DA LITERATURA BRASILEIRA ......................................................213
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................213
2 A POESIA CONCRETISTA – LETRAS E IMAGENS ...........................................................213
2.1 O QUE FOI A POESIA CONCRETA? ................................................................................................. 213
2.2 POESIA MARGINAL DE 1970 .......................................................................................................... 223
3 A LITERATURA ESCRITA POR MULHERES ................................................................... 224
3.1 ESCRITORAS BRASILEIRAS CANÔNICAS .................................................................................. 225
RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................................239
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 240
TÓPICO 3 - NARRATIVAS BRASILEIRAS DO SÉCULO XX E XXI ..................................... 245
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 245
2 A PLURALIDADE DA LITERATURA BRASILEIRA .......................................................... 245
3 LITERATURAS INDÍGENAS E AFRO-BRASILEIRAS ..................................................... 252
3.1 LITERATURA AFRO-BRASILEIRA .................................................................................................. 256
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 260
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 262
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 263
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................267
1
UNIDADE 1 - 
A LITERATURA BRASILEIRA 
OITOCENTISTA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 identificar	obras	e	autores	do	Realismo	e	Naturalismo	francês;
•	 compreender	o	contexto	cultural	oitocentista	europeu	e	brasileiro;
•	 entender	o	processo	de	formação	da	literatura	realista	no	Brasil;
•	 examinar	as	obras	literárias	do	período	final	do	Século	XIX;
•	 diferenciar	as	características	literárias	do	Realismo	e	Naturalismo;
•	 reconhecer	as	características	literárias	do	Parnasianismo;
•	 analisar	as	características	literárias	do	Simbolismo;
•	 conhecer	as	obras	e	autores	do	Realismo	ao	Simbolismo	brasileiro;
•	 verificar	aspectos	da	teoria,	crítica	literária	e	análise	literária	referentes	ao	período	estudado.
Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	dela,	você	encontrará	
autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	O	FINAL	DO	SÉCULO	XIX	–	ITINERÁRIOS
TÓPICO	2	–	O	REALISMO	NO	BRASIL
TÓPICO	3	–	NATURALISMO	–	PARNASIANISMO	–	SIMBOLISMO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
O FINAL DO SÉCULO XIX – ITINERÁRIOS
1 INTRODUÇÃO
Neste	tópico,	você	irá	conhecer	como	o	Romantismo	entrou	em	declínio	e	como	
o	Realismo	foi	consolidado	na	Europa.	Escritores	brasileiros	do	porte	de	Machado	de	
Assis	e	Aluísio	de	Azevedo	escreveram	obras-primas	da	estética	realista	e	naturalista.	
O	Realismo	e	o	Naturalismo	foram	movimentos	que	fizeram	escola	no	Brasil	ao	
longo	de	duas	décadas	e	renderam	algumas	das	obras	da	nossa	literatura	que	retratam	
da	forma	mais	real	possível,	com	descrições	minuciosas	acerca	da	sociedade	local.		
O	panorama	literário	do	final	do	período	oitocentista	é	apresentado	a	partir	de	
uma	análise	teórica,	crítica	de	obras	e	autores	selecionados	para	representar	o	período	
estudado,	mas	que	não	se	esgota	no	tópico	e	irá	exigir	diversas	leituras	e	pesquisas	para	
ampliar	o	conhecimento.	
Este	tópico	procura	discutir	os	aspectos	práticos	do	ensino	de	literatura,	em	um	
mundo	que	se	transforma	e	muda	a	cada	dia.	Abrimos	a	discussão	para	que,	ao	ler	a	
obra,	você	tenha	em	mente	como	trabalhar	cada	um	dos	temas	de	literatura	brasileira	
na	sala	de	aula,	com	propostas	de	ensino	e	literatura.
2 O PANORAMA EUROPEU OITOCENTISTA
Sobre	o	panorama	europeu	no	final	do	século	XIX,	é	importante	lembrar	que	a	
burguesia	era	uma	classe	social	consolidada,	presente	em	todos	os	momentos	sociais	
e	 históricos	 dos	 séculos	 que	 antecederam	 o	 Realismo.	 Posteriormente,	 assume	 um	
protagonismo	na	indústria,	comércio,	financeiro,	artes,	assim	a	burguesia	é	rica	e	tem	
grande	poder	político.	
O	Capitalismo,	como	sistema	financeiro,	iria	aprofundar	ainda	mais	as	diferenças	
sociais,	o	que	acabou	também	por	influenciar	nas	artes.
A	 literatura	 acaba	 por	 refletir	 a	 burguesia	 sob	 diversos	 prismas	 e	 atinge	 um	
amadurecimento.	Carpeaux	(2008)	discute	o	fato	de	que	em	todas	as	épocas	a	burguesia	
estava	presente:	em	todas	essas	“épocas	de	transição”	agiu,	histórica	e	literariamente,	
a	burguesia;	mas	sempre	imitando	o	estilo	de	outras,	mais	altas,	classes	da	sociedade	
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
Recomendamos a ampliação das reflexões sobre as teorias cientificistas do século XIX, 
especialmente a concepção do Socialismo científico, de Karl Marx, a Teoria da evolução das 
espécies de Charles Darwin, o Determinismo, de Hippolyte Taine, e o Positivismo, defendido 
por Auguste Comte. As leituras são importantes para entender como o contexto cientificista 
favoreceu a produção de uma literatura/arte pautada pela objetividade. 
Leitura 1 – Os impasses e a crise da ciência moderna.
Capítulo II – Os impasses e a crise da ciência moderna. GERMANO, M. G. In: Uma nova 
ciência para um novo senso comum [on-line]. Campina Grande: EDUEPB, 2011. Disponível 
em: https://bit.ly/3iaFThC.
Leitura 2 – O positivismo brasileiro na sombra do darwinismo. 
GLICK, T. O positivismo brasileiro na sombra do darwinismo: o grupo ideia nova 
em desterro. In: DOMINGUES, H. M. B.; SÁ, M. R.; GLICK, T. A recepção do 
Darwinismo no Brasil [on-line]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003, p. 
181-189. História e saúde collection. Disponível em: https://bit.ly/3zM2k2D.
Leitura 3 – A Recepção do Darwinismo no Brasil. 
DOMINGUES, H. M. B.; SÁ, M. R.; GLICK, T. A recepção do Darwinismo no 
Brasil [on-line]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003, 189 p. História e saúde 
collection. I. Disponível em: https://bit.ly/3zM2k2D. Acesso em: 25 abr. 2021.
DICAS
(CARPEAUX,	2008,	p.	1717).	Portanto,	o	Realismo	procura	a	busca	científica,	a	observação	
da	natureza	humana,	teorias	de	evolução,	cientificismo,	entre	outras	questões,	mas	com	
a	publicação	do	romance	Madame Bovary,	a	escola	ganha	o	reconhecimento	de	estilo	
literário,	embora	o	estilo	já	fosse	latente	por	séculos.
O	 panorama	 europeu	 do	 século	 XIX	 remete	 aos	 acontecimentos	mundiais	 e	
que	afetaram	a	sociedade	como	um	todo,	modificando	nações	inteiras.	Para	entender	
melhor	o	panorama	literário,	veja	algumas	delas:
•	 As	revoluções	industriais,	a	primeira	de	1760	a	1840.
•	 A	segunda	que	se	estendeu	de	1850	a	1945.
•	 A	queda	de	monarquias,	como	a	de	Luis	XVI.	
•	 A	queda	do	regime	antigo.	
•	 O	pensamento	humanista.	
•	 O	positivismo	de	Comte.	
•	 A	valorização	da	ciência.	
•	 A	busca	de	novas	descobertas.	
•	 A	evolução	darwinista.
•	 A	publicação	do	Manifesto	Comunista	de	Marx.	
 
Esses	 acontecimentos	 acabaram	 por	 influenciar	 e	 favorecer	 uma	 série	 de	
transformações	sociais	e	culturais	significativas.	Marcaram	definitivamente	a	ascensão	
da	burguesia	que	tinha	o	grande	poder	econômico	e	político.	
5
Foram	tantas	mudanças	no	período	do	século	XIX,	principalmente	as	sociais,	
entre	outras,	que	seria	necessário	outro	livro	para	falar	apenas	delas.	Assim,	orientamos	
a	consultar	a	historiografia	da	época.	Toda	essa	transformação	também	se	refletiu	nas	
artes	e	em	especial	nas	letras.
A	 seguir,	 será	 apresentado	 como	 o	 Realismo	 também	 fez	 escola	 no	 Brasil,	
cresceu	 como	 movimento	 e	 rendeu	 algumas	 das	 melhores	 obras	 e	 escritores	 da	
literatura	brasileira.	
3 O REALISMO EUROPEU
O	Realismo	foi	uma	escola	literária	nascida	na	Europa,	na	França,	na	metade	do	
Século	XIX	e	se	consolidou	por	ser	uma	contraposição	ao	Romantismo.	Buscou	desde	
os	primeiros	escritos	a	rejeição	aos	elementos	românticos,	tais	como	a	dor	existencial,	o	
saudosismo	e	os	excessos	sentimentais	entre	outras	características	do	estilo.	Foi	uma	
inovação	literária	na	época.	
Depois	dos	estilos	como	Barroco,	Arcadismo,	Romantismo,	o	Realismo,	tinha	comoprincipal	 característica	contar	uma	história	 a	partir	 de	elementos	cotidianos	 reais	e	não	
idealizados.	Veremos	com	pormenores	mais	adiante	no	tópico.
Contudo,	o	surgimento	do	Realismo	não	significou	o	fim	do	Romantismo,	como	
explica	Carpeaux	(2008),	porque	o	Romantismo	ainda	representa	a	parte	emocional	de	
expressão	literária	e	uma	qualidade	humana	permanente.	Assim,	no	apagar	das	luzes	
da	década	de	1870,	com	o	Romantismo	em	declínio,	mas	não	extinto,	novas	escolas	
renovaram	a	literatura	primeiro	na	Europa	e	posteriormente	também	no	Brasil.
O	 autor	 que	 fez	 a	 transição	 entre	 Romantismo	 e	 o	 Realismo,	 de	 acordo	 com	
Carpeaux,	foi	o	escritor	francês	Honoré	de	Balzac.	Sobre	ele,	citamos:	 “é	a	figura	mais	
importante	 da	 transição	 entre	 o	 romantismo	 e	 o	 Realismo-Naturalismo:	 representa	 o	
advento	da	burguesia”	(CARPEAUX,	2008,	p.	1716).	Foi	descrito	como	um	escritor	moderado	
com	relação	ao	Realismo	e	que	através	de	suas	obras	consagra	a	burguesia	na	literatura.
Os	 escritores	 Flaubert	 e	 Zola	 são	 os	 representantes	 das	 épocas	vivenciadas	
pela	 literatura	 e	 que	 serão	 estudadas:	 o	 Realismo,	 no	 tópico	 dois	 e	 o	 Naturalismo,	
Parnasianismo	e	o	Simbolismo,	no	Tópico	3,	mas	primeiro	iremos	nos	deter	no	panorama	
europeu,	especialmente	na	França,	onde	nasceram	as	escolas	 literárias	citadas	e	 se	
desenvolveram,	com	a	publicação	de	textos	literários	como	romances,	contos	e	poesia.	
Os	gêneros	narrativos	romance	e	conto	serão	os	gêneros	usuais	do	Realismo.	
Sobre	 o	 conto,	 uma	 das	 teses	 desenvolvidas	 por	 Piglia	 sobre	 o	 conto,	 e	 como	 ele	
encerra	sempre	uma	segunda	história,	é	importante	para	lembrar	na	hora	de	análise	e	
compreensão	do	texto	literário:	
6
O	conto	conta	uma	encruzilhada,	uma	passagem,	é	um	experimento	
com	o	marco	e	com	a	noção	de	limite.	Há	um	mecanismo	mínimo	que	
se	esconde	na	textura	da	história	e	é	sua	margem	e	centro	invisível.	
Trata-se	de	um	procedimento	de	articulação,	um	levíssimo	engaste	
que	dá	fecho	à	dupla	realidade.	A	verdade	de	uma	história	depende	
sempre	 de	 um	 argumento	 simétrico	 que	 se	 conta	 em	 segredo.	
Concluir	 um	 relato	 é	 descobrir	 o	 ponto	 de	 interseção	 que	 permite	
entrar	na	outra	trama	(PIGLIA,	2004,	p.	111).
O	movimento	realista	na	Europa	também	se	destacou	na	dramaturgia	realista	
e	citamos	autores	europeus	como	Alexandre	Dumas,	(1824-1895),	com	a	“A	Dama	das	
Camélias”;	a	Henrik	Ibsen	(1828-1906),	obra	“Casa	de	Bonecas”	e	a	Gorki	(1868-1936),	
com	a	“Ralé	e	Os	Pequenos	Burgueses”.	Obras	que	a	objetividade	do	Realismo	por	meio	
do	teatro	colocou	em	cena	uma	linguagem	popular	para	apresentar	temas	que	focavam	
na	miséria	humana,	na	vida	cotidiana,	trazendo	elementos	de	realidade.	No	Brasil,	boa	
parte	das	peças	encenadas	será	de	autores	europeus,	contudo	podemos	citar	Machado	
de	 Assis	 que	 irá	 ter	 uma	 produção	 teatral,	 mas	 não	 tão	 expressiva	 quanto	 à	 prosa	
narrativa	de	romances	e	contos,	conteúdo	que	estudaremos	sobre	o	autor	no	Tópico	2.	
O	Realismo	com	suas	características	de	estilo	se	encontra	em	outras	épocas,	
por	isso	costuma	se	pensar	na	intertextualidade	de	algumas	obras	anteriores.	De	acordo	
com	Carpeaux	(2008),	a	escrita	realista	remete	à	Picaresca	espanhola	do	século	XVI,	
em	especial	o	Lazarillo	de	Tormes	e	se	caracteriza	como	uma	narrativa	que	reflete	e	
representa	 a	 sociedade	 da	 época.	 Carpeaux	 (2008)	 também	menciona	 que	 na	 obra	
Odisseia	há	elementos	de	uma	literatura	realista,	como	o	cenário	familiar,	o	cotidiano	de	
Penelope,	tecendo	os	pretendentes	que	buscam	o	matrimônio	com	a	suposta	viúva	de	
Ulisses	e	as	festas	regadas	a	comida	e	vinho	na	casa	de	Penelope	e	Ulisses.
Ao	 longo	das	unidades,	você	 irá	ver	como	a	 intertextualidade	é	um	elemento	
constante	nas	obras	a	ser	estudadas.	Eagleton	já	escreveu	que:
Todos	 os	 textos	 literários	 são	 tecidos	 a	 partir	 de	 outros	 textos	
literários,	 não	 no	 sentido	 convencional	 de	 que	 trazem	 traços	 ou	
"influências'',	 mas	 no	 sentido	 mais	 radical	 de	 que	 cada	 palavra,	
frase	 ou	 segmento	 é	 um	 trabalho	 feito	 sobre	 outros	 escritos	 que	
antecederam	ou	cercaram	a	obra	individual.	Não	existe	nada	como	
"originalidade"	 literária,	 nada	 como	 a	 "primeira”	 obra	 literária:	 toda	
literatura	é	"intertextual"	(EAGLETON,	2006,	p.	207).	
A	posição	comum	de	estudiosos	literários	sobre	o	marco	zero	do	Realismo	foi	
a	publicação	do	romance	Madame Bovary, por	Gustave	Flaubert,	na	França,	em	1857.	
Carpeaux	descreve	a	obra	como:	
Madame	Bovary	é	a	“maravilha	do	mundo”	entre	todos	os	romances.	É	o	primeiro	
romance	rigorosamente	construído	como	um	poema.	A	 releitura	e	a	 re-releitura	sempre	
fazem	descobrir	concatenações	inesperadas.	Quanto	à	arte	da	estrutura,	Madame	Bovary	
situa-se	entre	a	Divina	Commedia	de	Dante	e	o	Ulysses	de	Joyce.	É	o	precursor	do	romance	
poemático	moderno	(CARPEAUX,	2008,	p.	1786).
7
A	narrativa	seria	algo	incomum	para	a	época	e	se	tornou	o	epicentro	de	debates	
acalorados.	Bovary	acabou	sendo	clamada	por	uns	e	condenada	por	outros.	Já	pensou	
quanta	discussão	acalorada	nos	salões	sociais	deve	ter	gerado	o	romance	nos	meios	
sociais	da	Paris	de	1857?
Otto Maria Carpeaux foi crítico e pesquisador literário que procurou 
aproximar texto e leitor desde uma perspectiva crítica e teórica dos 
estudos sobre a história literária ocidental e em especial da literatura 
brasileira. Você tem acesso aos quatro volumes escritos por Otto 
Maria Carpeaux sobre a história da literatura Ocidental e no Brasil na 
biblioteca digital do Senado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.
br/bdsf/handle/id/528992>. Acesso em: 20 fev. 2021.
NOTA
O	crítico	literário	Jauss	relata	como	a	crítica	da	época	acusou	a	obra	de	corromper	
os	“bons	costumes”,	a	moral	e	a	ética	do	leitor:	“[...]	Madame	Bovary	como	produtos	da	
nova	escola	do	réalisme,	à	qual	acusam	de	negar	tudo	quanto	é	ideal	e	de	atacar	as	ideias	
sobre	as	quais	se	assenta	a	ordem	social	no	Segundo	 império”	 (JAUSS,	 1994,	p.	34).	
Com	certeza,	os	temas	abordados	na	obra	são	discutidos	sem	pudores,	o	que	na	época	
foi	considerado	uma	transgressão	nos	dias	de	hoje	é	visto	largamente	em	telenovelas,	
filmes	e	as	diversas	leituras.	Na	época,	porém,	causou	um	enorme	desconforto	para	a	
sociedade	e	chocou	os	 leitores	a	ponto	de	Flaubert	ser	preso,	acusado	de	corrupção	
moral	por	conta	da	publicação.
FIGURA 1 – GUSTAVE FLAUBERT
FONTE: <https://bit.ly/2OrCXS9>. Acesso em: 23 jun. 2021.
8
O	 estilo	 realista	 mostrou	 a	 sociedade	 pela	 literatura,	 o	 estilo	 sem	 nenhum	
idealismo	 romântico	ou	 religioso,	mostrou	o	que	os	escritores	consideravam	como	a	
hipocrisia	social,	ocultar	a	vida	privada,	enquanto	se	vivia	negando	os	conflitos	cotidianos	
envolvidos	em	relacionamentos,	em	famílias,	cidades,	sociedade	etc.	Os	costumes	da	
época	mostravam	uma	sociedade	sem	virtudes	e	sem	moral	no	privado,	prezando	pelas	
aparências.	Bosi	afirma	(2017,	p.	187)	que:	
O	 Realismo	 ficcional	 aprofunda	 a	 narração	 de	 costumes	
contemporâneos	 da	 primeira	 metade	 do	 século	 XIX	 (Stendhal,	
Balzac,	 Dickens,	 Hugo)	 e	 de	 todo	 o	 século	 XVIII	 (Lesage,	 Diderot,	
Defoe,	Fielding,	Jane	Austen...).	Nas	obras	desses	grandes	criadores	
do	romance	moderno	já	se	exibiam	poderosos	dons	de	observação	e	
de	análise,	razão	pela	qual	não	se	deve	cavar	um	fosso	entre	elas	e	as	
de	Flaubert,	Maupassant,	Verga,	Thackeray	e	Machado.	Entretanto,	é	
sempre	válido	dizer	que	as	vicissitudes	que	pontuaram	a	ascensão	da	
burguesia	durante	o	século	XIX	foram	rasgando	os	véus	idealizantes	
que	ainda	envolviam	a	ficção	romântica.	
A	obra	de	Flaubert	foi	transgressora	porque	fez	oposição	aos	valores	religiosos,	
governamentais	e	militares,	e	em	meio	a	tantas	controvérsias,	se	firmou	como	escola	
literária.	Note	que	o	Realismo	atravessou	fronteiras	e	mares.	Fez	escola	em	Portugal,	
Espanha	e	posteriormente	migrou	para	as	Américas.
FIGURA 2 – CAPA DA EDIÇÃO BRASILEIRA
FONTE: <https://bit.ly/3i68KUw>. Acesso em: 8 jul. 2021.
O	romancede	Flaubert	é	considerado	realista	porque	destaca	o	perfil	psicológico	
da	personagem,	 a	Madame	Bovary,	 e	 nisso	 reside	uma	das	diferenças	 entre	 os	dois	
estilos,	 Realismo	 e	 Naturalismo,	 o	 primeiro	 inclui	 um	 perfil	 psicológico	 enquanto	 o	
segundo	faz	um	esboço	do	perfil	social	do	personagem	na	obra.
9
Antes	de	 falar	 da	obra	de	Flaubert,	 ressaltamos,	 de	grosso	modo,	 algo	a	 ser	
lembrado	sempre:	a	literatura	é	ficção!	Portanto,	não	se	faz	uma	leitura	pensando	sobre	
quem	a	gente	conhece	que	está	servindo	de	modelo	para	aquela	história.	Lembre-se	
de	que	 a	narrativa	de	ficção	geralmente	 adverte	 o	 leitor	 com	o	 aviso	de	que	 a	 obra	
não	 representa	ninguém	ou	fatos,	e	 “qualquer	semelhança	com	a	vida	 real	é	apenas	
coincidência”.	
Em	Madame	Bovary,	não	há	propriamente	um	idealismo	de	virtudes	ou	causas	
heroicas.	É	visível	o	peso	da	rotina	cotidiana,	e	no	que	implica	ser	uma	mulher	fadada	a	
desempenhar	um	papel	submisso	para	o	marido,	obrigada	por	convenções	sociais.	Os	
elementos	que	constituem	a	obra	são	realistas,	tais	como	os	personagens,	a	trama,	o	
espaço	e	a	tensão	ou	conflito	na	trama.	A	presença	do	conflito	corrobora	a	explicação	
de	Gancho	a	respeito:	“Conflito	é	qualquer	componente	da	história	(personagens,	fatos,	
ambiente,	ideias,	emoções)	que	se	opõe	a	outro,	criando	uma	tensão	que	organiza	os	
fatos	 da	 história	 e	 prende	 a	 atenção	 do	 leitor”	 (GANCHO,	 2002,	 p.	 11).	 Por	 causa	 do	
conflito	a	obra	se	torna	o	mais	verossímil	possível	para	o	leitor.
Observe	 no	 fragmento	 o	 vislumbre	 do	 tédio	 entranhado	 no	 relacionamento	
conjugal	de	Emma	e	Charles.
Mas	era	principalmente	às	horas	das	refeições	que	já	não	podia	mais,	
naquela	pequena	sala	do	rés-do-chão,	com	o	fogão	a	deitar	fumo,	a	
porta	a	ranger,	as	paredes	a	ressumar,	as	lajes	húmidas;	parecia-lhe	
que	no	seu	prato	era	servida	toda	a	amargura	da	sua	existência	e,	com	
o	fumegar	do	cozido,	subiam-lhe	do	fundo	da	alma	outros	vapores	
de	 tédio.	 Charles	 era	 demorado	 a	 comer;	 ela	mordiscava	 algumas	
avelãs,	ou	então,	apoiada	no	cotovelo,	entretinha-se,	com	a	ponta	da	
faca,	a	fazer	riscos	no	oleado	da	mesa.	Agora	deixava	andar	tudo	em	
casa	de	qualquer	maneira,	de	modo	que	a	velha	Bovary,	quando	veio	
passar	parte	da	quaresma	a	Tostes,	ficou	muito	 surpreendida	com	
a	mudança.	 Efetivamente,	 Emma,	 antes	 tão	 cuidadosa	 e	 delicada,	
passava	agora	os	dias	inteiros	sem	se	vestir,	usava	meias	cinzentas	
de	algodão	e	alumiava-se	à	luz	de	candeias	(FLAUBERT,	2000,	p.	63).	
Madame Bovary conta a história de uma mulher casada, mãe e leitora. 
A relação conjugal era um fardo e a obra não poupa os pensamentos 
de uma sociedade nem sempre verdadeira na exposição de seus 
sentimentos e atitudes. 
A seguir, você encontra um estudo sobre a obra e sua importância nos 
estudos literários assim como realiza uma análise da psicologia de Bovary.
FONTE: NOBRE, T. L. Madame Bovary e histeria: algumas considerações psicanalí-
ticas. Contextos Clínic, São Leopoldo, v. 6, n. 1, p. 62-72, jun. 2013. Disponível 
em: <https://bit.ly/3kHZqHD>. Acesso em: 11 fev. 2021.
DICA
10
	 O	 Realismo	 devido	 ao	 momento	 histórico,	 filosófico	 e	 social	 em	 que	 se	
desenvolveu	terá	como	característica	importante	a	preocupação	com	o	presente,	por	
isso	não	se	interessa	por	um	passado	histórico,	mas	sim	pelo	momento	em	que	se	vive	
e	como	se	reflete	na	sociedade	como	um	todo.
A	obra	de	Flaubert	reflete	em	diversos	momentos	o	cotidiano	do	casal	Charles	e	
Emma	em	cenas	descritivas	para	o	leitor.	
FIGURA 3 – CENA DE JANTAR DO FILME MADAME BOVARY (2014)
FONTE: <https://bit.ly/3bzgACr>. Acesso em: 20 abr. 2021.
A	inovação	da	obra	de	Flaubert,	considerada	como	a	precursora	do	Realismo,	
foi	a	de	romper	com	o	Romantismo	ao	trazer	para	a	literatura	uma	história	que	conta	
cenas	do	cotidiano	sem	nenhuma	indicação	de	sublimação	e	plausível	de	acontecer	em	
qualquer	lugar.	
A obra de Flaubert, pela sua importância, tem sido revisitada em diversos gêneros. Para 
saber mais, assista ao filme Madame Bovary, de 2014, dirigido por Sophie Barthes e roteiro 
baseado no livro homônimo. Disponível em: https://bit.ly/3bzgACr. Acesso em: 20 abril 2021. 
NOTA
11
Junto	 ao	 Realismo	 surgiu	 o	 Naturalismo	 na	 Europa.	A	 obra	Germinal	 (1885),	
publicada	 na	 França	 por	 Émile	 Zola	 (1840	 –	 1902),	 foi	 considerado	 um	 marco	 do	
movimento	 literário.	 Zola,	 com	 a	 publicação	 de	 Thérese Ráquin,	 foi	 considerado	 o	
fundador	 do	 romance	 naturalista	 em	 1867	 e	 sofreu	 uma	 crítica	 negativa	 da	mesma	
forma,	como	Flaubert	já	tinha	sido	injuriado	por	conta	de	Madame	Bovary.	
FIGURA 4 – ÉMILE ZOLA
FONTE: <https://bit.ly/3tOt7bD>. Acesso em: 23 jun. 2021.
FONTE: <https://bit.ly/3bzgACr>. Acesso em: 20 abr. 2021.
O	Naturalismo	europeu	também	se	 relaciona	estreitamente	com	o	Realismo,	e	
busca	a	representação	da	realidade	através	de	detalhes	específicos	nas	descrições.	O	estilo	
difundia	através	da	literatura	ideias	próprias	do	século	XIX,	tais	como	as	do	Positivismo.
CARTAZ DO FILME MADAME BOVARY (2014)
12
Que tal assistir a este filme Germinal, de 1993, dirigido por Claude Berri como forma de 
ampliar o conhecimento do período literário e das obras discutidas ao longo da unidade?
A história é uma narrativa das relações trabalhistas no século XIX, o proletariado e a 
burguesia e como se davam. Mais uma releitura do texto literário de Zola. 
CARTAZ DO FILME
FONTE: <https://bit.ly/3hvGb2Y>. Acesso em: 17 maio 2021.
O	Realismo	em	Portugal	também	teve	um	expressivo	movimento	que	surgiu	a	
partir	da	Questão de Coimbra:	uma	controvérsia	no	meio	literário	português	por	conta	
das	discussões	a	respeito	da	nova	escola	literária,	o	Realismo.	Bosi,	reconhecido	crítico	
de	literatura	brasileira,	aponta:
Há	 um	 esforço,	 por	 parte	 do	 escritor	 antirromântico	 de	 acercar-
se	 impessoalmente	 dos	 objetos,	 das	 pessoas.	 E	 uma	 sede	 de	
objetividade	 que	 responde	 aos	métodos	 científicos	 cada	 vez	mais	
exatos	nas	últimas	décadas	do	século.	Os	mestres	dessa	objetividade	
seriam,	ainda	uma	vez,	os	franceses:	Flaubert,	Maupassant,	Zola	e	
Anatole,	na	ficção;	os	parnasianos,	na	poesia;	Comte,	Taine	e	Renan,	
no	pensamento	 e	na	História.	 Em	segunda	plana,	 os	portugueses,	
Eça	de	Queiroz,	Ramalho	Ortigão	e	Antero	de	Quental,	que	travavam	
em	Coimbra	uma	luta	paralela	no	sentido	de	abalar	velhas	estruturas	
mentais	(BOSI,	2017,	p.	185).
NOTA
13
Além	 dos	 autores	 citados	 por	 Bosi,	 Eça	 de	 Queirós	 (1845-1900)	 e	 Antero	
de	 Quental	 (1842-1891),	 incluímos	 Teófilo	 Braga	 (1843-1924),	 por	 serem	 esses	 três	
considerados	 como	 os	 iniciadores	 do	 realismo	 português.	 Eles	 estiveram	 envolvidos	
na	questão	de	Coimbra,	uma	polêmica	literária,	tema	próprio	de	estudos	da	literatura	
portuguesa	e	por	isso	não	será	detalhado	aqui.	Coube	a	Eça	de	Queirós	ser	considerado	
como	o	precursor	do	Realismo-naturalista	e	o	 responsável	por	 introduzir	o	estilo	em	
Portugal.	Autor	de	romances,	contos	e	crônicas,	destacamos	dele	as	obras:	O crime do 
padre Amaro	(1875),	O primo Basílio	(1878)	e	Os Maias	(1888).	
FIGURA 5 – EÇA DE QIERÓS, ANTERO DE QUENTAL E TEÓFILO BRAGA
FONTE:
Antero	de	Quental	escreveu	uma	obra	 representativa	do	Realismo	Português	
Bom Senso e Bom Gosto	 (1865),	 e	 citamos	 também	 A Dignidade das Letras e as 
Literaturas Oficiais	(1865).	Teófilo	Braga	escreveu	Teocracias Literárias – Relance sobre 
o Estado Actual da Literatura Portuguesa (1865)	e	Parnaso Português Moderno (1877),	
entre	outros	títulos.	
As	obras	de	Eça,	O	Primo Basílio e O Crime do Padre Amaro,	também	causaram	
espanto	 e	 indignação	 em	muitos	 de	 seus	 leitores	 pelo	 estilo	 desenvolvido.	 Eça,	 ao	
escrever	de	forma	minuciosa	e	o	mais	próximo	da	 realidade,	do	cotidiano,	tornou-se	
muito	criticado	pela	sociedade	portuguesa.	Ressaltamos	que	ele	foi	decisivo	para	que	
Aluísio	de	Azevedo	se	tornasse	um	escritor	Naturalista.
<https://bit.ly/3beNCXt>; <https://bit.ly/2Nw2b0J>; <https://bit.ly/2ZnUbl6>.Acesso em: 23 jun. 2021.
Assista ao filme brasileiro Primo Basílio, lançado em 2007 e dirigido 
por Daniel Filho, inspirado na obra do autor português Eça de Queiroz. 
Você encontra o filme na íntegra disponível no Youtube. Disponível em: 
https://bit.ly/3yjmKk0.
DICA
14
FIGURA 6 – CARTAZ DO FILME – PRIMO BASÍLIO (2007)
FONTE: <https://bit.ly/3eVnPH8>. Acesso em: 20 abr. 2021.
A	 adesão	 aos	 movimentos	 artísticos	 e	 literários	 também	 aconteceu	 nos	
países	vizinhos	do	Brasil.	Muitos	já	eram	independentes	em	torno	de	1810,	mas	ainda	
enfrentavam	guerras	civis	e	lutas	internas	para	firmar	os	governos	conquistados.
A	 seguir	 serão	 apresentados	 elementos	 teóricos	 para	 a	 construção	 de	 uma	
análise	e	crítica	literária.	Ressaltamos	que	as	reflexões	sobre	os	estudos	literários	são	
resultado	de	análises	fundamentadas	pela	teoria,	expressa	de	forma	crítica	em	diferentes	
níveis	 de	 compreensão	 textual.	 Por	 isso,	vamos	 falar	 sobre	 a	 teoria	 da	 literatura	 e	 a	
análise	para	comentar	um	texto	literário.	Nos	acompanhe!	
4 COMO COMENTAR OU ANALISAR UM TEXTO DE 
LITERATURA
Ensinar	a	 literatura	é	um	tema	complexo,	e	que	deve	ser	motivo	de	 reflexão,	
por	isso	esta	seção	pretende	oferecer	meios	para	que	o	leitor	amplie	os	conhecimentos	
literários,	 um	 objetivo	 geral	 que	 se	 espera	 do	 futuro	 licenciado	 que	 saiba	 analisar	 e	
comentar	um	texto	para	elaborar	aulas	de	literatura.	
15
O	 leitor	 atento	 adquire	 uma	 experiência	 real	 com	 a	 leitura	 de	 ficção,	 porque	
passa	a	ver	algo	que	não	tinha	percebido.	Já	a	crítica	contribui	para	adquirir	uma	nova	
experiência	da	realidade	e	nisso	reside	uma	das	contribuições	da	literatura	na	formação	
crítica	do	sujeito.	
Você	 já	 parou	 para	 pensar	 por	 que	 o	 ensino	 de	 literatura	 é	 tão	 importante?	
Porque	teorizar	é	refletir	sobre	um	tema	e	analisar	com	cuidado	o	texto:
O	objetivo	da	teoria	é,	na	verdade,	desconsertar	o	senso	comum.	Ela	
o	contesta,	o	critica,	o	denuncia	como	uma	série	de	ilusões	—	o	autor,	
o	mundo,	o	 leitor,	o	estilo,	a	história,	o	valor	—	das	quais	 lhe	parece	
indispensável	se	liberar	para	poder	falar	de	literatura.	Mas	a	resistência	
do	senso	comum	à	teoria	é	inimaginável	(COMPAGNON,	1999,	p.	257).
Em	 outras	 palavras,	 a	 leitura	 deve	 ser	 uma	 experiência	 prazerosa,	 de	
entretenimento,	no	entanto,	há	obras	que	se	tornam	universais	e	sempre	são	estudadas,	
por	serem	atemporais,	ou	seja,	a	cada	tempo	elas	têm	algo	a	comunicar	para	o	 leitor	
atual,	e	acabam	por	despertar	o	desejo	de	entendimento	e	o	de	comentários	sobre	ela.	
Por	 isso	 a	 pergunta	 sobre	 o	 que	 é	 literatura.	 Muitas	 outras	 derivadas	 dessa	
primeira	têm	ocupado	por	séculos	aos	pesquisadores	literários	e	críticos.	Acompanhe	
as	indagações	de	Compagnon	e	perceba	que	muitas	dessas	perguntas	estamos	sempre	
procurando	responder:
Todo	 discurso	 sobre	 a	 literatura	 assume	 posição	 –	 implicitamente	 o	
mais	das	vezes,	mas	algumas	vezes	explicitamente	–	em	relação	a	estas	
perguntas,	cujo	conjunto	define	uma	certa	ideia	de	literatura:	O	que	é	
literatura?	Qual	é	a	relação	entre	literatura	e	autor?	Qual	é	a	relação	entre	
literatura	e	realidade?	Qual	é	a	relação	entre	literatura	e	leitor?	Qual	é	a	
relação	entre	literatura	e	linguagem?	(COMPAGNON,	1999,	p.	25).
Algumas	questões	são	para	ser	pensadas	ao	realizar	uma	leitura	analítica	de	um	
texto,	até	para	escrever	um	comentário,	ou	produzir	uma	resenha	literária,	entre	outras	
atividades,	que	requerem	tal	análise	do	texto	literário,	quando	então	após	há	condições	
de	se	falar	algo	sobre	o	texto.
Conforme	 Perrone-Moisés	 (1998,	 p.	 10),	 cada	vez	 que	 uma	 obra	 é	 eleita	 por	
alguém	como	objeto	de	discurso,	essa	escolha	já	é	a	expressão	de	um	julgamento,	pois	
a	análise	será	como	olhar	cada	parte	e	depois	emitir	um	parecer,	qualquer	que	seja	o	
“método	de	análise”.
Logo,	 ao	 analisar	 são	 aplicados	 conhecimentos	 teóricos	 adquiridos	 ao	 longo	
do	 curso,	 pois	 como	 leitores	 também	nos	 tornamos	 críticos	 de	 uma	 obra	 literária.	A	
importância	de	estudar	a	teoria	e	realizar	análises	de	um	texto	nos	obriga	a	pensar,	a	
questionar	e	a	refletir	a	respeito	do	que	lemos.
16
Então,	já	tinha	pensado	em	ler	um	texto	e	realizar	uma	análise?	E	se	já	analisou	
e	 tem	 algumas	 ideias	 próprias	 despertadas	 pela	 leitura,	 que	 tal	 escrever	 uma	
pequena	resenha	sobre	o	texto?	Como	você	iria	começar?	
A	 seguir,	 apontamos	 alguns	 elementos	 para	 iniciar	 uma	 análise	 de	 um	 texto	
literário.	À	medida	que	a	sua	leitura	e	o	conhecimento	da	obra	avançam,	você	mesmo	irá	
notar	que	fará	seus	próprios	questionamentos	a	respeito	da	obra:
•	 O	estilo	e	o	ano	em	que	foi	escrito,	é	um	texto	barroco?	Ou	modernista?	Ou	realista?
•	 O	tema	da	obra:	às	vezes,	o	título	dá	uma	pista,	mas	entender	a	trama	e	ver	se	está	claro.
•	 O	perfil	dos	personagens,	quais	são	as	características	de	cada	personagem	e	como	
são	descritos.
•	 O	narrador,	quem	é	o	narrador?	É	importante	perceber	se	o	narrador	é	onisciente,	ou	
se	é	o	leitor	que	sabe	mais	do	que	o	próprio	protagonista.
•	 O	protagonista;	quem	é	o	personagem	principal	sobre	quem	recai	a	ação?
•	 O	enredo	ou	argumento,	verifique	se	é	uma	narrativa	linear	ou	não	linear.	Uma	breve	
explicação	sobre	o	linear	é	quando	há	um	início,	meio	e	fim	enquanto	o	não	linear	são	
os	enredos	sem	uma	sequência	cronológica,	analepses	e	flashbacks.
•	 O	tempo	e	o	espaço:	estas	duas	questões	de	análise	remetem	a	Aristóteles,	e	as	três	
unidades,	perceba	que	no	teatro	e	em	um	romance	ocorrem	variações	e	nem	sempre	
são	iguais.	O	tempo	e	quanto	é	a	duração	de	uma	obra.
•	 O	contexto	histórico	e	 social	da	obra	nos	permite	entender	o	momento	em	que	a	
obra	foi	escrita.	Nem	sempre	estão	relacionados,	e	não	é	a	regra,	mas,	por	exemplo,	
quando	se	trata	de	um	romance	histórico	temos	elementos	ficcionais	que	remetem	a	
fatos	reais	e	que	acabam	por	dar	verossimilhança	ao	texto.
O ensino da literatura precisa estar ancorado na prática de leitura de textos 
literários de diversos gêneros e na reflexão sobre suas especificidades. Em sala 
de aula, é importante que o professor esmiúce o gênero estudado, estimule 
a leitura integral das obras e a procura de obras na biblioteca, internet 
etc. Ademais, cabe destacar que o ato de leitura é, ao mesmo tempo, 
individual e social, e que a produção de sentido envolve as dimensões 
do leitor, autor, do texto e do contexto. Também é importante lembrar 
que a compreensão e interpretação do texto literário não se fecha em 
uma única possibilidade. Além da atividade de leitura do gênero e de 
análise dos aspectos textuais e discursivos, o professor pode solicitar a 
produção de um gênero, coletivamente ou individualmente, trabalhando 
etapas de produção textual, entre outras atividades envolvendo a oralidade.
NOTA
17
Sobre	a	presença	do	narrador	no	relato	realista,	procure	encontrar	na	narrativa	
a	voz	dos	personagens	e	identifique	os	tipos	de	narradores,	observe	quem	está	falando.	
Lembre-se	que	o	narrador	pode	estar	em	primeira	pessoa	porque	ele	interage	na	história	
(Exemplo:	Eu,	Brás,	vou	contar	uma	história),	e	em	terceira	pessoa	temos	dois	tipos:	o	
que	conta	o	que	vê	e	o	onisciente	que	sabe	tudo	sobre	o	enredo	e	os	acontecimentos.
Em	 outras	 palavras,	 é	 importante	 lembrar	 de	 alguns	 conceitos	 ao	 estudar	
literatura,	 como	 a	 intertextualidade,	 conceito	 que	 nos	 remete	 ao	 dito	 por	 Barthes:	 “o	
escritor	só	pode	imitar	um	gesto	sempre	anterior,	 jamais	original;	seu	único	poder	está	
em	mesclar	as	escrituras,	em	fazê-las	contrariarem-se	umas	pelas	outras,	de	modo	a	
nunca	se	apoiar	em	apenas	uma	delas"	 (BARTHES,	 1988,	p.	69).	Assim,	se	conta	uma	
nova	história	a	partir	de	outras	histórias	arquivadas	no	imaginário	coletivo	ou	de	leituras	
adquiridas	com	o	tempo.	
Vamos	 lembrar	 o	 que	 Aristóteles	 menciona	 na	 Arte	 Poética:	 a	 arte	 é	 uma	
representação,	a	mimesis,	a	 imitação	da	natureza,	e	a	contemplação	do	conjunto	de	
ações	de	uma	trama	no	momento	da	peripécia,o	acontecimento	que	dá	uma	reviravolta	
na	ação	 irá	 conduzir	 à	 catarse,	 ou	à	 emoção	 sentida	diante	de	uma	ação	em	que	o	
espectador	ou	leitor,	se	envolve	e	sente	a	emoção	da	obra	(ARISTÓTELES,	2003).
Ele	também	dividiu	a	literatura	em	três	gêneros:	o	épico,	o	lírico	e	o	dramático,	
sendo	que	o	épico	é	considerado	o	gênero	por	excelência,	o	dramático	é	a	imitação	das	
ações	humanas,	tanto	na	tragédia	como	na	epopeia	o	herói	é	o	personagem	principal	
porque	 são	mostradas	 as	 angústias	 desenvolvidas	 em	 uma	 trama	 que	 nem	 sempre	
será	com	um	final	feliz,	o	que	importa	são	as	ações	desenvolvidas.	Sobre	a	imitação	é	
importante	lembrar	que:	
Como	a	 imitação	 se	 aplica	 aos	 atos	 das	 personagens	 e	 estas	 não	
podem	ser	senão	boas	ou	ruins	(pois	os	caracteres	dispõem-se	quase	
nestas	 duas	 categorias	 apenas,	 diferindo	 só	 pela	 prática	 do	 vício	
ou	 da	virtude),	 daí	 resulta	 que	 as	 personagens	 são	 representadas	
melhores,	piores	ou	iguais	a	todos	nós	(ARISTÓTELES,	2003,	p.	6).
Com	 o	 passar	 dos	 séculos	 e	 dos	 diversos	 movimentos	 literários,	 os	 textos	
foram	agrupados	e	passaram	a	serem	definidos	como	gêneros	literários,	por	conta	da	
semelhança	na	forma	de	cada	um.	
Os	gêneros	são	classificados	em	três	tipos	e	cada	um	apresenta	características	
e	formas	que	os	diferenciam:
18
FIGURA 7 – ESQUEMA DOS GÊNEROS LITERÁRIOS
FONTE: A autora (2021)
Por	isso,	ao	analisar	uma	obra	é	importante	conhecer	pensadores	e	teorias	que	
amparam	e	fundamentam	os	argumentos	que	construímos	sobre	o	texto,	e	essa	é	uma	
atividade	que	se	inicia	ao	estudar	teorias	da	literatura,	pois,	se	não	houver	a	teoria,	a	
crítica	fica	sem	um	fundamento	que	a	ampare.	
Gêneros literáriosGêneros literários
Gênero lírico
poemas, canções, soneto,
escrito em verso ou prosa poética.
Gênero narrativo
romances, contos,
escritos em prosa.
Gênero dramático
comédias escritas para representação ou leitura,
peças teatrais.
Verbete: Texto
“Se o texto, mormente o texto literário, deve sempre reinventar o seu 
próprio cânone, cumpre buscar possíveis definições do que seja “texto”, 
signo que perambula, solene e interdisciplinarmente, por campos vários 
do saber, como a filologia, a filosofia, a filosofia da linguagem, a didática, 
a linguística, a semiologia, a semiótica, a psicologia, a teologia, as ciências 
jurídicas e históricas, a teoria literária, a crítica textual, onde se imbricam 
sentidos, engendrando outros sentidos”.
Continue a leitura sobre a definição de texto no dicionário literário disponível 
em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/texto/. Acesso em: 20 abril 2021.
Convidamos você a revisitar o conteúdo das disciplinas e os livros de 
Teoria da literatura I e Teoria da Literatura II. Ambos estão disponíveis 
na biblioteca on-line e você pode revisitar os conceitos discutidos 
brevemente nesta obra.
Referências: HOFFMANN, E. Teoria da literatura I / Elaine Hoffmann; Tiago 
Hermano Breunig. Indaial: UNIASSELVI, 2017.
SANTOS, A. J. C. Teoria da literatura II / Abraão Júnior Cabral e Santos. 
Indaial: UNIASSELVI, 2019.
NOTA
DICA
19
Outro	elemento	importante	a	ser	notado	em	uma	obra	na	linguagem	literária	é	o	
sentido denotativo e conotativo.	Observe	que	quando	se	fala	em	sentido denotativo,	
nos	 referimos	 à linguagem	 direta	 e	 uso	 da	 palavra	 em	 seu	 sentido	 dicionarizado,	
enquanto	 sentido conotativo remete	 à linguagem	 indireta	 com	 o	 acréscimo	 de	
opiniões	pessoais,	uso	figurativo.
Acompanhe	a	colocação	de	Compagnon:	“os	três	fios	da	teoria,	da	história	e	da	
crítica	tornam-se	essenciais	para	amarrar	o	estudo	literário,	ou	para	reatar	com	ele	na	
plenitude	de	seu	sentido.	Para	mim,	depois	dos	tempos	da	teoria	e	da	história,	veio	o	
momento	da	crítica”	(COMPAGNON,	1999,	p.	19).	A	teoria	oferece	uma	base,	suporte,	para	
depois	discutir	de	forma	crítica	um	texto.	
Se	você	gosta	de	saber	sobre	a	história	de	uma	obra,	entenda	que	 “a	história	
literária	é	a	disciplina	acadêmica	que	surgiu	ao	longo	do	século	XIX,	mais	conhecida,	aliás,	
com	o	nome	de	filologia,	ou	pesquisa	(COMPAGNON,	1999,	p.	22).	Por	isso,	procure	textos	
que	 possam	 auxiliá-lo	 ainda	mais	 para	 ampliar	 o	 conhecimento	 literário,	 fazer	 pontes	
com	outros	gêneros,	como	a	Picaresca	e	o	Realismo,	leituras	sobre	a	biografia	do	autor,	a	
cultura	que	se	encontra	na	obra.	
Abrimos	o	tópico	falando	das	diretrizes	contidas	na	BNCC	sobre	o	ensino	de	
língua	portuguesa	com	um	recorte	a	partir	das	competências	sobre	 literatura.	O	foco	
das	orientações	da	Base	Nacional	Comum	Curricular	do	Ensino	Fundamental	–	BNCC	
reside	em	dar	subsídios	para	que	as	competências	e	habilidades	sejam	desenvolvidas	
pelo	aluno	ao	longo	dos	anos	escolares,	entre	o	ensino	fundamental	e	o	médio.	Por	isso,	
a	proposta	é	despertar	a	atenção	docente	para	o	planejamento	de	aulas,	ou	seja,	saber	
associar	teoria	e	ensino,	ou	seja:	saber-fazer	com	o	conhecimento	adquirido	para	as	
futuras	aulas	de	literatura.
4.1 A BNCC E O ENSINO DE LITERATURA
Na	sua	maior	parte	de	forma	explícita,	as	diretrizes	indicam	a	inclusão	de	textos	
literários	como	forma	de	desenvolver	o	senso	crítico	do	aluno.	De	forma	geral	a	literatura	
sempre	 foi	 presente	 nos	 livros	 didáticos	 e	 nas	 aulas	 de	 língua	 portuguesa,	 porém,	
muitas	vezes	como	motivo	para	ensinar	algum	elemento	gramatical	ou	de	sintaxe,	de	
forma	repetitiva.	Já	na	BNCC	o	aluno	é	percebido	como	protagonista	no	processo	de	
aprendizagem	e	o	professor	se	torna	um	facilitador,	o	orientador	desse	processo.		
Veja	uma	das	competências	que	se	aplica	à	inclusão	de	literatura	na	sala	de	aula:
Envolver-se	 em	 práticas	 de	 leitura	 literária	 que	 possibilitem	 o	
desenvolvimento	 do	 senso	 estético	 para	 fruição,	 valorizando	 a	
literatura	 e	 outras	manifestações	 artístico-culturais	 como	 formas	
de	 acesso	 às	 dimensões	 lúdicas,	 de	 imaginário	 e	 encantamento,	
reconhecendo	 o	 potencial	 transformador	 e	 humanizador	 da	
experiência	com	a	literatura	(BRASIL,	2018,	p.	86).
20
	A	competência	citada	é	direcionada	ao	ensino	Fundamental,	mas	o	aluno	ao	
progredir	 para	 o	 ensino	Médio	 terá	 uma	 base	 e	 continuará	 a	 desenvolver	 com	mais	
habilidade	o	senso	crítico,	um	processo	começado	nos	anos	iniciais.
O	 que	 aprendemos	 de	 forma	 teórica	 nem	 sempre	 se	 traduz	 em	 aulas	 que	
incentivam	 o	 aluno	 a	 gostar	 de	 ler	 livros	 considerados	 clássicos,	 contudo	 com	 as	
ferramentas	digitais,	materiais	didáticos	adequados	disponíveis	e	inovadores,	é	possível	
aprimorar	cada	etapa	do	processo	de	aprendizagem	do	aluno.	
Em	outras	 palavras,	 o	 ideal	 é	 escapar	 de	 aulas	 literárias	 que	 apenas	 evocam	a	
memorização	ou	a	resposta	de	alguma	pergunta,	ou	ainda	usar	o	texto	como	“pretexto”	para	
responder	algum	questionário	gramatical	sem	envolver	a	capacidade	reflexiva	discente.	
FIGURA 8 – LOGOMARCA DA BNCC
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 23 jun. 2021.
Excerto: Um dos grandes estudiosos na Educação, Jean Piaget, já alertava para o fato de 
que, na educação no futuro, as fronteiras disciplinares tenderiam a desaparecer e que 
os educadores precisariam adotar cada vez mais atitudes que levassem 
os estudantes a observar as conexões entre as áreas de conhecimento 
sem, no entanto, negligenciar o campo de sua especialidade. Eis um 
dos maiores desafios posto aos educadores: conferir às abordagens 
pedagógicas, nas dimensões do Currículo, dos Projetos Pedagógicos e 
aos Planos de Aula, o alcance da integralidade do seu objetivo somado 
aos temas da contemporaneidade na perspectiva da educação 
integral e transformadora (BRASIL, 2019, p. 23).
FONTE: BRASIL. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC. Propos-
ta de Práticas de Implementação. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 
2019.  Disponível em: https://bit.ly/3xUlx30. Acesso em: 23 jun. 2021.
NOTA
21
Os	documentos	oficiais	do	MEC,	em	especial	a	Base Nacional Comum Curricular	–	
BNCC	–destaca	nas	competências	de	Língua	portuguesa	o	ensino	de	literatura.	Compilamos	
aseguir	as	competências	específicas	de	língua	portuguesa	para	o	ensino	fundamental:	
1.	 Compreender	 a	 língua	 como	 fenômeno	 cultural,	 histórico,	 social,	 variável,	
heterogêneo	e	sensível	aos	contextos	de	uso,	 reconhecendo-a	como	meio	de	
construção	de	identidades	de	seus	usuários	e	da	comunidade	a	que	pertencem.	
2.	 Apropriar-se	da	 linguagem	escrita,	 reconhecendo-a	 como	forma	de	 interação	
nos	 diferentes	 campos	 de	 atuação	 da	 vida	 social	 e	 utilizando-a	 para	 ampliar	
suas	possibilidades	de	participar	da	cultura	letrada,	de	construir	conhecimentos	
(inclusive	escolares)	e	de	se	envolver	com	maior	autonomia	e	protagonismo	na	
vida	social.	
3.	 Ler,	escutar	e	produzir	textos	orais,	escritos	e	multissemióticos	que	circulam	em	
diferentes	campos	de	atuação	e	mídias,	com	compreensão,	autonomia,	fluência	
e	criticidade,	de	modo	a	se	expressar	e	partilhar	informações,	experiências,	ideias	
e	sentimentos,	e	continuar	aprendendo.	
4.	 Compreender	 o	 fenômeno	 da	 variação	 linguística,	 demonstrando	 atitude	
respeitosa	diante	de	variedades	linguísticas	e	rejeitando	preconceitos	linguísticos.	
5.	 Empregar,	nas	interações	sociais,	a	variedade	e	o	estilo	de	linguagem	adequados	
à	situação	comunicativa,	ao(s)	 interlocutor(es)	e	ao	gênero	do	discurso/gênero	
textual.	
6.	 Analisar	informações,	argumentos	e	opiniões	manifestados	em	interações	sociais	
e	nos	meios	de	comunicação,	posicionando-se	ética	e	criticamente	em	relação	a	
conteúdos	discriminatórios	que	ferem	direitos	humanos	e	ambientais.	
7.	 Reconhecer	 o	 texto	 como	 lugar	 de	 manifestação	 e	 negociação	 de	 sentidos,	
valores	e	ideologias.	
8.	 Selecionar	textos	e	livros	para	leitura	integral,	de	acordo	com	objetivos,	interesses	
e	 projetos	 pessoais	 (estudo,	 formação	 pessoal,	 entretenimento,	 pesquisa,	
trabalho	etc.).	
9.	 Envolver-se	em	práticas	de	leitura	literária	que	possibilitem	o	desenvolvimento	
do	senso	estético	para	fruição,	valorizando	a	literatura	e	outras	manifestações	
artístico-culturais	como	formas	de	acesso	às	dimensões	lúdicas,	de	imaginário	
e	 encantamento,	 reconhecendo	 o	 potencial	 transformador	 e	 humanizador	 da	
experiência	com	a	literatura.	
10.	 Mobilizar	práticas	da	cultura	digital,	diferentes	linguagens,	mídias	e	ferramentas	
digitais	 para	 expandir	 as	 formas	 de	 produzir	 sentidos	 (nos	 processos	 de	
compreensão	e	produção),	aprender	e	refletir	sobre	o	mundo	e	realizar	diferentes	
projetos	autorais	(BRASIL,	p.	87).
FONTE: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Brasília: MEC/Secretaria 
de Educação Básica, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3i7IqJV Acesso em: 24 jun. 2021.
22
Observe	que	das	dez	competências	gerais,	em	todas,	a	língua	e	a	literatura	são	
interligadas,	mas	pelo	menos	em	cinco	são	direcionadas	de	forma	objetiva	à	literatura.	
Assim,	a	BNCC	destaca	o	ensino	da	literatura	nas	aulas	de	língua	portuguesa	e	orienta	
que	ensinar	a	língua	e	gêneros	textuais	ampliam	o	conhecimento	de	mundo	do	aluno.	
Observe	o	que	Silva	(2019,	p.	243)	fala	a	respeito:
Em	 2018,	 os	 educadores	 discutiram	 Ensino	 Fundamental	 com	 uma	
preocupação	especial	sobre	a	 literatura,	a	BNCC	passou	a	destacar	o	
contato	com	o	campo	artístico-literário,	destacando	as	manifestações	
artísticas	e	produções	culturais.	Assim,	o	estudo	da	literatura	na	nova	
BNCC	 se	 expressa	 que	 a	 leitura	 literária	 oferece	 condições	 para	 os	
estudantes	compreenderem	e	fruírem	os	textos	de	maneira	gradativa,	
significativa	 e	 crítica.	 Desse	 modo,	 no	 Ensino	 Básico,	 a	 literatura	
é	 fundamental	 na	 elaboração	 dos	 currículos,	 principalmente	 das	
práticas	 da	 linguagem	 relativas	 à	 leitura,	 à	 compreensão,	 à	 fruição	
e,	 consequentemente,	 o	 desenvolvimento	 da	 escrita.	 Portanto,	 o	
componente	 curricular	 de	 Língua	 Portuguesa	 deve	 levar	 em	 conta	
o	 diálogo	 entre	 as	 linguagens,	 o	 diálogo	 com	 a	 literatura,	 além	 de	
possibilitar	o	contato	e	a	reflexão	acerca	da	leitura	e	produção	de	textos.
No	ensino	fundamental	e	médio	encontramos	as	competências	e	habilidades	
que	norteiam	os	estudos	literários	de	língua	portuguesa.	Vale	pesquisar	e	ver	quais	são!	
As	 aulas	 de	 literatura	 procuram	 promover	 reflexões,	 portanto,	 saber	 alguns	
detalhes	sobre	vida	é	obra	de	um	autor	é	importante	porque	nos	situa	em	um	contexto	
histórico	e	nos	dá	uma	ideia	do	contexto	literário,	contudo,	não	se	resume	a	apenas	isso,	e	
ao	questionar	uma	narrativa	a	partir	do	contexto	cultural	e	histórico	em	que	está	inserida	
é	uma	forma	de	desenvolver	a	pesquisa	e	a	reflexão	além	da	competência	leitora.	
Outra informação importante a respeito da BNCC é a seguinte:
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na BNCC (com a 
explicitação dos objetos de conhecimento aos quais se relacionam e do agrupamento 
desses objetos em práticas de linguagem e campos de atuação) expressam um 
arranjo possível (dentre outros). Portanto, os agrupamentos propostos não 
devem ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currículos. 
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências 
gerais da Educação Básica e com as competências específicas da área 
de Linguagens, o componente curricular de Língua Portuguesa 
deve garantir aos estudantes o desenvolvimento de competências 
específicas. Vale ainda destacar que tais competências perpassam 
todos os componentes curriculares do Ensino Fundamental e são 
essenciais para a ampliação das possibilidades de participação dos 
estudantes em práticas de diferentes campos de atividades humanas e 
de pleno exercício da cidadania (BRASIL, 2019, p. 86).
NOTA
23
A	 seguir,	 retornaremos	 aos	 estudos	 teóricos	 sobre	 o	 Realismo	 literário,	 que	
reflete	um	olhar	crítico	sobre	as	relações	sociais	e	privadas	do	final	do	século	XIX	como	
se	 trasladou	 da	 Europa	 para	 o	 Brasil	 nos	 concedendo	 páginas	 que	 marcaram	 para	
sempre	a	literatura.
Neste	tópico	foram	comentados	os	aspectos	teórico-metodológicos	da	teoria	
literária	e	crítica	sobre	a	literatura	brasileira.	
No	 tópico	 seguinte	você	 acompanha	o	Realismo	no	Brasil	 e	 o	 seu	 lugar	 nas	
letras	da	literatura	brasileira	do	Século	XIX.	
24
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
●	 O	Realismo	apareceu	primeiro	na	Europa,	em	meados	do	século	XIX,	com	uma	forte	
reação	à	estética	romântica.
●	 O	escritor	Gustave	Flaubert	foi	um	autor	inovador	em	sua	época,	um	dos	principais	
escritores	realistas,	para	quem	a	função	do	artista	era	apresentar	uma	arte	pautada	
pela	objetividade.
●	 O	romance	Madame	Bovary	é	uma	obra	considerada	realista	porque	retrata	o	cotidiano	
das	pessoas	sem	idealismos	de	heroísmo	ou	românticos.
●	 O	escritor	Emile	Zola	representa	a	escola	naturalista	francesa	e	influencia	os	escritores	
brasileiros.	
●	 A	recepção	da	crítica	e	do	público	à	prosa	naturalista	foi	com	rejeição,	porque	eram	
acusadas	de	ultrapassar	os	limites	da	moral	e	dos	bons	costumes	da	época.
●	 A	 influência	 do	 Cientificismo,	 Darwinismo	 e	 Positivismo	 foi	 extensa	 na	 literatura	
europeia	e	brasileira.	
●	 Os	diversos	movimentos	literários	nascidos	na	Europa	influenciaram	a	escrita	literária	
brasileira.
●	 O	Brasil	na	virada	do	século	XX	ainda	tinha	uma	dependência	cultural	em	relação	à	
Europa	e	seus	movimentos	literários.
●	 O	ensino	de	literatura	na	escola	é	a	parte	prática	da	aprendizagem	de	teoria	e	crítica	
literária.
●	 Os	 alunos	 aprendem	 a	 realizar	 comentários	 críticos	 de	 literatura	 à	medida	 que	 o	
professor	 busca	 sensibilizá-los,	 apresentando	 as	 especificidades	 da	 linguagem	
literária	e	conceitos-chave	para	a	construção	de	sentido	da	leitura.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
1	 Excerto:	O	Realismo	aparece	em	português,	vindo	da	França	e	Inglaterra,	em	registro	
literário,	 com	Eça	de	Queirós,	na	conferência	 “O	Realismo	como	nova	expressão	da	
arte”,	de	 1871,	quinze	anos	depois	de	Jules-Champfleury	ter	utilizado	o	qualificativo	
“realista”	 para	 a	 pintura	 de	 Gustave	 Courbet,	 noartigo	 “Le	 Réalisme”,	 de	 1857,	 na	
França.	O	escritor	português	defende	o	intuito	moral,	de	justiça	e	de	verdade	da	nova	
escola,	que,	para	ele,	não	se	restringe	a	um	simples	modo	de	expor,	minudente,	trivial,	
fotográfico.	Ou	seja,	não	é	apenas	uma	técnica,	mas	também	uma	posição.	No	Brasil,	
um	esboço	de	Realismo	enquanto	método	já	surge	com	o	primeiro	romance	publicado,	
O	filho	do	pescador	 (1843),	de	Teixeira	e	Souza:	perscruta-se	que	a	primeira	grande	
modificação	por	que	passa	o	Realismo	no	Brasil	esteja	na	maneira	como	ele	se	integra	
às	necessidades	ideológicas	do	país,	vindo	do	exterior	(MENDES,	2015,	p.	62).
FONTE: MENDES, F. M. Linguagem da violência e realismo literário à brasileira. In: Realismo e violência na 
literatura contemporânea: os contos de Famílias terrivelmente felizes, de Marçal Aquino [on-line]. São Paulo: 
Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015, p. 37-93. Disponível em: <https://bit.ly/2Y0y1bm>. 
Acesso em: 20 fev. 2021.
Considerando	 que	 o	 Realismo	 europeu	 exerceu	 uma	 influência	 no	 Brasil,	 avalie	 as	
afirmações	a	seguir:
I-	 O	posicionamento	de	Eça	de	Queirós	contribuiu	para	afirmar	o	Realismo	em	Portugal.
II-	 Considerando	o	texto,	o	Realismo	no	Brasil	se	adapta	à	realidade	social	brasileira	da	época.	
III-	 O	Realismo	envolveu	a	integração	de	conteúdos	artísticos	e	culturais	em	outras	áreas.
IV-	 O	Realismo	estava	comprometido	com	uma	crítica	consciente	sobre	a	sociedade.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	As	sentenças	I,	II,	III	e	IV	estão	corretas.
b)	(			)	Somente	a	sentença	II	está	correta.
c)	 (			)	Somente	a	sentença	I	está	correta.
d)	(			)	Somente	a	sentença	III	está	correta.
2	 Ao	ensinar	literatura	na	escola	é	importante	incluir	a	literatura	de	todos	os	estilos	e	
escolas	porque	é	possível	estabelecer	diálogos	com	outras	áreas	de	cultura,	tais	como	
a	pintura,	o	cinema,	a	música	e	a	fotografia.	O	objetivo	é	contribuir	com	a	formação	
crítica	do	aluno	e	ampliar	a	visão	de	mundo	que	ele	adquire	nos	anos	escolares.
AUTOATIVIDADE
26
De	acordo	com	o	dito,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	(			)	 O	texto	literário	para	ser	discutido	em	sala	de	aula	deve	estar	escrito	de	acordo	
com	as	regras	gramaticais	para	que	o	aluno	aprenda	a	falar	bem.	
b)	(			)	 O	 texto	 literário	 selecionado	 deve	 ter	 sempre	 notas	 de	 rodapé	 para	 facilitar	 a	
leitura	do	aluno	e	assim	ele	irá	claramente	o	que	o	autor	desejou	falar.
c)	(			)	 O	 texto	 literário	permite	uma	 leitura	de	mundo	e	por	 isso	é	 importante	que	o	
aluno	tenha	oportunidade	de	pensar	a	respeito	da	leitura	realizada.
d)	(			)	 O	estudo	prévio	da	arte	poética	é	a	única	forma	para	que	o	aluno	consiga	entender	
uma	obra	literária.
3	 Texto	1:	Nos	textos	comuns,	não	literários,	o	autor	seleciona	e	combina	as	palavras	
geralmente	 pela	 sua	 significação.	 Na	 elaboração	 do	 texto	 literário,	 ocorre	 outra	
operação,	tão	importante	quanto	a	primeira:	a	seleção	e	a	combinação	de	palavras	se	
fazem	muitas	vezes	por	parentesco	sonoro.	Por	isso	se	diz	que	o	discurso	literário	é	
um	discurso	específico,	em	que	a	seleção	e	a	combinação	das	palavras	se	fazem	não	
apenas	pela	significação,	mas	também	por	outros	critérios,	um	dos	quais,	o	sonoro.	
Como	 resultado,	 o	 texto	 literário	 adquire	 certo	 grau	 de	 tensão	 ou	 ambiguidade,	
produzindo	mais	de	um	sentido.	Daí	a	plurissignificação	do	texto	literário.
FONTE: GOLDSTEIN, N. Versos, sons, ritmos. 5. ed. São Paulo: Ática, 1988, p. 5.
Texto	 2:	 Os	 símbolos,	 as	 metáforas	 e	 outras	 figuras	 estilísticas,	 as	 inversões,	 os	
paralelismos	e	as	repetições	constituem	outros	tantos	meios	de	o	escritor	transformar	a	
linguagem	usual	em	linguagem	literária.
FONTE: AGUIAR E SILVA, V. M. Teoria da literatura. 3. ed. Coimbra: Almedina, 1979, p.58 (com adaptações).
	 Tomando	como	referência	os	textos,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I-	 A	plurissignificação	de	um	texto	literário	é	construída	pela	combinação	de	elementos	
que	vão	além	da	significação	das	palavras	que	o	compõem.
II-	 A	construção	do	texto	literário	envolve	um	processo	de	seleção	e	combinação	de	
palavras	baseados,	necessariamente,	no	uso	de	metáforas.
III-	 A	ambiguidade	do	texto	literário	resulta	de	um	processo	de	seleção	e	combinação	
de	palavras.
IV-	O	texto	literário	se	diferencia	do	não	literário	por	não	depender	de	significação,	mas,	
sim,	de	outros	recursos	no	processo	de	seleção	e	combinação	das	palavras.
FONTE: ENADE 2011 – Questão 17, p. 13. Disponível em: <https://bit.ly/2VctPni>. Acesso em: 23 jun. 2021.
27
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	As	sentenças	I	e	II	estão	corretas.
b)	(			)	As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
c)	 (			)	As	sentenças	II	e	IV	estão	corretas.
d)	(			)	As	sentenças	I,	III	e	IV	estão	corretas.
4	 O	romance	de	Flaubert	marcou	o	início	do	Realismo	europeu.	O	novo	estilo	se	destacou	
pela	objetividade	literária	e	por	isso	se	contrapôs	ao	Romantismo.	Em	Madame	Bovary,	
o	enredo	mostra	uma	crítica	ácida	à	hipocrisia	das	relações	sociais	e	privadas	dirigidas	
principalmente	à	burguesia	e	tornou	seu	autor,	persona	non	grata,	nos	meios	sociais	
franceses.	Leia	o	excerto	e	entenda	como	Flaubert	conduziu	temas	polêmicos	na	obra:
“Emma	mordia	os	 lábios	descorados	e,	 rolando	entre	os	dedos	um	dos	 raminhos	do	
polipeiro	que	ela	quebrara,	fixou	sobre	Charles	o	ponto	ardente	das	pupilas,	como	duas	
flechas	de	fogo	prestes	a	disparar.	Tudo	nele	agora	a	irritava,	o	rosto,	o	vestuário,	o	que	
ele	não	dizia,	toda	a	sua	pessoa,	a	sua	própria	existência.	[...]	A	recordação	do	amante	
vinha-lhe	ao	espírito	com	atracções	vertiginosas:	entregava-lhe	a	alma,	impelida	para	
a	 sua	 imagem	por	 um	novo	 entusiasmo,	 e	 Charles	 parecia-lhe	 tão	 separado	 da	 sua	
vida,	tão	definitivamente	ausente,	tão	impossível	e	aniquilado,	como	se	fosse	morrer	e	
estivesse	agonizando	na	sua	frente.	
[...]	Charles	voltou-se	para	a	mulher,	dizendo:	–	dá-me	um	beijo,	minha	querida!	
-	Deixa-me	–	disse	ela,	rubra	de	cólera.
-	Que	tens	tu?	Mas	o	que	é	que	tens?	–	repetia	ele,	estupefato.
-	Acalma-te!	Sossega!…	Sabes	bem	que	te	amo!…	Anda	cá!	
-	Basta!	–	gritou	ela	com	uma	expressão	terrível.	E	fugiu	da	sala,	atirando	a	porta	com	
tanta	força	que	o	barômetro	saltou	da	parede	e	se	fez	em	pedaços	no	chão.	
[...]	Quando	Rodolphe,	à	noite,	chegou	ao	jardim,	encontrou	a	amante	à	sua	espera	ao	
fundo	da	escada,	sobre	o	primeiro	degrau.	Abraçaram-se	e	todo	o	seu	ressentimento	se	
desfez	como	a	neve	ao	calor	daquele	beijo”
(FLAUBERT,	2000,	p.	191).
FONTE: FLAUBERT, G. Madame Bovary. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Disponível em: <https://bit.ly/37dV-
g2P>. Acesso em: 25 abril 2021.
Depois	da	leitura	e	com	base	em	seus	estudos,	explique	por	que	o	romance	de	Flaubert	
foi	considerado	realista:
5	 Texto:	Émile	Zola	(1840-1902),	escritor	francês,	marcou	o	século	XIX	com	sua	proposta	
de	uma	nova	forma	de	realização	literária:	o	naturalismo.	Ao	produzir	romances	com	
temáticas	 que	 abordavam	 a	 profundidade	 das	 relações	 humanas,	 tornou-se	 um	
cânone	literário	(GOMES,	2012,	p.	165).
FONTE: GOMES, M. dos S. Émile Zola: Traduções de L’Assommoir e Germinal no Brasil Belas Infiéis, v. 1, n. 2, p. 
165-171, 2012. Disponível em: <https://bit.ly/2Sx6uLU>. Acesso em: 26 maio 2021.
28
	 Excerto	–	leia	um	excerto	de	Germinal	(1885)	de	Èmile	Zola:
“O	 homem	 partira	 de	Marchiennes	 lá	 pelas	 duas	 horas.	 Caminhava	 a	 passos	 largos,	
tiritando	sob	o	algodão	puído	de	sua	jaqueta	e	da	calça	de	veludo.	Um	pequeno	embrulho,	
feito	com	um	lenço	de	quadrados,	 incomodava-o	bastante;	ora	o	mantinha	apertado	
debaixo	de	um	braço,	ora	de	outro,	para	poder	assim	enfiar	no	fundo	dos	bolsos	as	mãos	
entorpecidas	que	o	açoite	do	vento	 leste	fazia	sangrar.	Uma	única	 ideia	 lhe	ocupava	
o	 cérebro	 vazio	 de	 operário	 sem	 trabalho	 e	 sem	 teto,	 a	 esperança	 de	 que	 o	 frio	 se	
tornasse	menos	agudo	com	o	romper	do	dia.	Havia	uma	hora	que	ele	caminhava	assim,	
quando	percebeu	à	esquerda,	a	dois	quilômetros	de	Montsou,	uns	clarões	vermelhos,	
três	braseirosqueimando	ao	ar	 livre,	e	como	suspensos.	A	princípio	hesitou,	tomado	
de	receio;	mas	logo	após	não	pôde	resistir	à	necessidade	dolorosa	de	aquecer	por	um	
instante	as	mãos.	
[...]
Só	então	o	homem	se	deu	conta	de	que	aquilo	era	uma	mina	e	a	vergonha	tomou	conta	
dele.	Para	que	tentar?	Não	haveria	trabalho...	Em	vez	de	se	dirigir	para	o	edifício,	decidiu	
escalar	o	terreno	onde	ardiam	os	três	fogos	de	hulha	em	tachos	de	ferro	fundido	que	
serviam	para	alumiar	e	aquecer	os	homens	no	trabalho.	Os	operários	encarregados	do	
desaterro	certamente	tinham	trabalhado	até	tarde,	ainda	estavam	retirando	o	entulho.	
Agora	ouvia	os	carregadores	empurrando	os	vagonetes	sobre	os	trilhos	montados	nos	
cavaletes,	divisava	sombras	que	se	moviam	descarregando	os	carros	ao	lado	das	fogueiras.
FONTE: ZOLA, É. Germinal. Tradução de Francisco Bittencourt. São Paulo: Martins Claret, 2006. Disponível 
em: https://bit.ly/3fTWEf1. Acesso em: 2 jul. 2021.
Depois	 da	 leitura	 e	 com	 base	 em	 seus	 estudos	 a	 respeito	 do	 Naturalismo	 europeu,	
explique	por	que	o	romance	de	Zola	foi	considerado	naturalista.
29
REALISMO NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Nas	últimas	décadas	do	século	XIX,	o	Romantismo	no	Brasil	também	entrou	em	
declínio,	a	exemplo	do	que	estava	acontecendo	na	Europa,	e	começou	a	ceder	espaço	
para	as	novas	estéticas	que	tinham	cruzado	o	Atlântico	e	fizeram	escola	no	Brasil.	
Autores	do	porte	de	Machado	de	Assis	e	Aluísio	de	Azevedo	foram	os	primeiros	
a	publicar	obras	e,	assim	como	aconteceu	na	França,	as	primeiras	obras	despertaram	
discussões	acaloradas	sobre	a	nova	forma	de	escrever.
As	novas	estéticas	procuravam	 ressaltar	elementos	nacionais	e	contar	histórias	
verosímeis	 sem	 nenhum	 elemento	 idealista,	 trágico	 ou	 fantástico,	 como	 tinha	 sido	 no	
Romantismo.	Muitas	das	obras	desse	período	se	tornaram	canônicas	da	literatura	brasileira.
Depois	da	extinção	da	escravatura	em	1850,	o	Brasil	continuou	a	ter	movimentos	
sociais,	 militares	 e	 religiosos	 que	 marcaram	 o	 contexto	 histórico	 do	 período	 que	
antecedeu	e	durante	o	Realismo	brasileiro.	Uma	das	mais	importantes	foi	a	Proclamação	
da	República	 em	 1889	e	 estes	 fatos	do	 cotidiano	 acabaram	por	 influenciar	 a	 escrita	
literária	da	época.	
Neste	tópico	iremos	conhecer	e	entender	melhor	o	cenário	brasileiro	do	Realismo	
e	do	Naturalismo,		assim	como		Parnasianismo	transplantados	da	Europa,	e	uma	nova	
estética	irá	marcar	a	literatura	brasileira.	
2 A LITERATURA BRASILEIRA NO FINAL DO SÉCULO XIX
O	Brasil	 também	 teve	 seus	 próprios	movimentos	 sociais	 complexos,	 como	 a	
abolição	da	escravatura	e	o	movimento	para	a	Proclamação	da	República,	pratos	cheios	
para	dar	ideias	e	conteúdo	para	obras	realistas.	A	literatura	brasileira	realista	também	
realizou	uma	forte	crítica	à	burguesia.	
O	realismo	durou	em	torno	de	vinte	anos	de	acordo	com	Moisés	(2016,	p.	184):	
“Em	1902,	com	o	surgimento	de	Canaã,	de	Graça	Aranha,	e	de	Os Sertões,	de	Euclides	
da	Cunha,	pode-se	considerar	encerrada	a	época	realista”	(MOISÉS,	2016,	p.	184).	
Observa-se	que	o	Realismo	e	o	Naturalismo	entraram	no	Brasil	antes	de	1881,	
a	data	considerada	como	a	fundadora	das	escolas	brasileiras.	De	acordo	com	Bandeira	
de	Melo	(2018,	p.	438):	
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - O 
30
Podemos,	um	pouco	arbitrariamente,	 localizar	o	 início	da	 recepção	
do	 Naturalismo	 no	 Brasil	 em	 1873,	 dois	 anos	 antes	 da	 publicação	
em	 Portugal	 de	 O	 crime	 do	 Padre	 Amaro,	 de	 Eça	 de	 Queirós,	
primeiro	 romance	naturalista	em	 língua	portuguesa	 (após	as	obras	
transicionais	 de	 Júlio	 Dinis),	 e	 oito	 antes	 de	 O	 mulato,	 de	 Aluísio	
Azevedo,	que	inaugura	o	Naturalismo	brasileiro	em	1881.
O	Realismo,	 ao	migrar	 para	 terras	brasileiras,	 consolidou	 a	 influência	 cultural	
dos	movimentos	 literários	europeus	no	país,	ao	mesmo	tempo	que	o	autor	brasileiro	
procurava	a	busca	de	uma	independência	cultural	primeiro	de	Portugal	e	da	Europa.	
Na	poesia	surgiu	um	novo	estilo	chamado	Parnasianismo.	A	nova	escola	tinha	
proposta	marcada	pela	objetividade,	pelo	rigor	e	o	culto	ao	belo	conforme	os	padrões	
gregos	e	romanos	da	antiguidade	clássica,	mas	aguarde	um	pouco	porque	a	estética	
parnasiana	ainda	será	mais	estudada	no	Tópico	3.	
Autores	do	porte	de	Machado	de	Assis	e	Aluísio	de	Azevedo	são	os	primeiros	
a	publicar	obras	e,	assim	como	aconteceu	na	França,	as	primeiras	obras	despertaram	
discussões	acaloradas	sobre	a	nova	forma	de	escrever.
Para	entender	o	impacto	da	literatura	realista	no	Brasil,	é	importante	entender	
o	momento	histórico	do	Século	XIX.	Da	Europa	para	as	Américas,	o	movimento	literário	
atravessou	 o	Atlântico	 e	 fez	 escola	 no	 Brasil.	 Ainda	 somamos	 as	 questões	 internas	
brasileiras	ao	longo	do	século	XIX,	acontecidas	antes	das	publicações	de	Machado	de	
Assis	e	Aluísio	de	Azevedo,	tais	como:
•	 A	Independência	do	Brasil	em	1822.
•	 A	Guerra	do	Paraguai	entre	1865-1870.
•	 O	Lançamento	do	Manifesto	Republicano	em	1870.
•	 A	Lei	do	Ventre	Livre	em	1871.	
Também,	as	Américas	aderiram	à	corrente	europeia	no	que	dizia	ao	pensamento	
positivista,	aos	novos	estilos	nas	artes	em	geral,	e	procuravam	pela	literatura	contar	a	
realidade	social	do	povo	e	do	local	em	que	viviam.	
A	 publicação	de	Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Mulato,	 ambas	 em	
1881,	vão	engrossar	as	vozes	de	movimentos	sociais	importantes	na	sociedade	brasileira	
quase	no	final	da	década	de	1880,	tais	como:	
•	 Assinatura	da	Lei	dos	Sexagenários	em	1885.
•	 A	Lei	Áurea	foi	promulgada	em	1888.
•	 A	República	foi	promulgada	em	1889.	
	Assim,	entendemos	que	a	literatura	está	sempre	em	movimento	e	a	ficção	pode	
confundir	um	leitor	desavisado:	
31
A	segunda	força	da	literatura,	é	sua	força	de	representação.	Desde	
os	 tempos	 antigos	 até	 as	 tentativas	 de	Vanguarda,	 a	 literatura	 se	
afaina	na	representação	de	alguma	coisa.	O	quê?	Direi	brutalmente:	
o	 real.	 O	 real	 não	 é	 representável	 e	 é	 porque	 os	 homens	 querem	
constantemente	 representá-lo	 por	 palavras	 que	 é	 uma	história	 da	
literatura	(BARTHES,	2002,	p.	22).
Assim,	o	que	Barthes	explana	sobre	escrever	ficção	e	essa	busca	de	comparar	
com	a	realidade,	são	a	recepção	do	realismo	no	Brasil	e	as	questões	envolvidas	para	que	
o	Realismo	tivesse	seu	espaço	na	literatura	brasileira.	
	 Uma	 das	 contribuições	 para	 o	 ensino	 de	 literatura	 na	 escola,	 ao	 estudar	
o	 período	 realista,	 são	 as	 indagações	 e	 reflexões	 que	 traz	 a	 partir	 dos	 temas	 que	
apresenta,	tais	como	clientelismo,	o	patriarcalismo,	a	escravidão,	os	perfis	femininos	na	
vida	social,	entre	outros	assuntos	que	refletem	sua	época.	A	leitura	orientada,	mediada	
pelo	professor,	contribui	para	as	descobertas	literárias	do	aluno	e	as	reflexões	sobre	os	
temas	apresentados	porque	são	atemporais.
Ainda falando sobre o positivismo como um movimento filosófico com 
princípios de evolução social, que se estendeu no Brasil e teve muitos 
adeptos, ressaltamos que influenciou a cultura brasileira e um exemplo são 
a frase Ordem e Progresso colocada na bandeira nacional. Se você deseja 
saber mais sobre o Positivismo no Brasil, leia a obra na íntegra: TORRES, J. C. 
de O., 1915-1973. O positivismo no Brasil [recurso eletrônico] / João Camilo 
de Oliveira Torres. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2018. 
– (Coleção João Camilo de Oliveira Torres; n. 5 e-book). Disponível em: https://
livraria.camara.leg.br/o-positivismo-no-brasil. Acesso em: 13 fev. 2021.
DICA
O	 Realismo,	 como	 o	 próprio	 nome	 diz,	 procura	 retratar	 a	 realidade	 em	 que	
vivemos,	 junto	 com	o	Naturalismo	 e	 o	 parnasianismo	 irão	 influenciar	 e	 nos	 oferecer	
obras-primas	da	literatura	brasileira.	
Por	 conta	 do	momento	 histórico	 e	 a	 busca	maior	 da	 ciência	 em	 detrimento	
de	 achismos,	 os	 autores	 brasileiros	 expressam	 nas	 obras	 situações	 que	 expressam	
abertamente	 um	 posicionamento	 contra	 a	 igreja,	 a	 monarquia	 e	 a	 burguesia.	 Bosi	
(2017,	p.	 192)	afirma	que	 “De	um	modo	geral,	 contudo,	a	prosa	de	ficção

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