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Revista Foco |Curitiba (PR)| v.17.n.2|e4423| p.01-06 |2024 
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 Viviane Maria Bezerra Cavalcanti Lins, Virginia Maria Bezerra Cavalcanti, 
Francisco Davi Ângelo Lins de Oliveira, Anderson Arrhenius de Fontes Queiroz Abrantes, Núbia 
Anuncia Silva de Fontes, Tatiana Viana Fragoso Vieira, Melisandro Almeida de Lacerda, 
Gilvandro Lins de Oliveira Júnior 
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VULVODÍNEA REFRATÁRIA E OS RESULTADOS 
PROMISSORES COM BLOQUEIO DO GÂNGLIO ÍMPAR 
 
REFRACTORY VULVODYNEA AND THE PROMISING RESULTS 
WITH ODD GANGLION BLOCKAGE 
 
VULVODINA REFRACTARIA Y RESULTADOS PROMETEDORES 
CON BLOQUEO DE NODOS IMPARES 
 
Viviane Maria Bezerra Cavalcanti Lins1 
Virginia Maria Bezerra Cavalcanti2 
Francisco Davi Ângelo Lins de Oliveira3 
Anderson Arrhenius de Fontes Queiroz Abrantes4 
Núbia Anuncia Silva de Fontes5 
Tatiana Viana Fragoso Vieira6 
Melisandro Almeida de Lacerda7 
Gilvandro Lins de Oliveira Júnior8 
 
DOI: 10.54751/revistafoco.v17n2-059 
Received: January 15nd , 2024 
Accepted: February 2th, 2024 
 
 
 
RESUMO 
Vulvodínea é uma doença ginecológica crônica sem causa clara, de duração de pelo 
menos três meses, apresenta história de dores intensas com componente neuropático, 
de início antes do diagnóstico, o tratamento refratário com uso esteróides, terapia 
hormonal, anticonvulsivantes, antidepressivos, psicoterapia, fisioterapia, acupuntura e 
até vulvectomia. O gânglio ímpar é o mais caudal da cadeia ganglionar simpática. Fibras 
aferentes viscerais originadas do períneo, reto distal, ânus, seção distal da uretra, vulva 
e vagina encontram-se no terço distal desse gânglio. O bloqueio dele tem sido 
efetivamente utilizado para o controle da dor em pacientes com vulvodínea. Mulheres 
com doenças ginecológicas crônicas que receberam terapia multimodal da dor e 
 
1 Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Instituto Cândida Vargas. Avenida Coremas, 865, Jaguaribe, 
João Pessoa - PB, CEP: 58015-087. E-mail: vivianembc@gmail.com 
2 Graduanda em Medicina. Afya Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCM/PB). BR-230 KM 9, Amazônia Park, 
Cabedelo - PB, CEP: 58106-402. E-mail: virginiambc@gmail.com 
3 Graduando em Medicina. Afya Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCM/PB). BR-230 KM 9, Amazônia Park, 
Cabedelo - PB, CEP: 58106-402. E-mail: franciscodaviangelo@hotmail.com 
4 Graduando em Medicina. Afya Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCM/PB). BR-230 KM 9, Amazônia Park, 
Cabedelo - PB, CEP: 58106-402. E-mail: arrhenius1979@gmail.com 
5 Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Hospital Universitário Lauro Wanderley. R. Tabelião Estanislau Eloy, 585, 
Castelo Branco, João Pessoa - PB, CEP: 58050-585. E-mail: nubiapb@hotmail.com 
6 Especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Instituto Cândida Vargas. Avenida Coremas, 865, Jaguaribe, 
João Pessoa - PB, CEP: 58015-087. E-mail: tatianafragoso@yahoo.com.br 
7 Especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Endoscopia Ginecológica. Uterus. Av. Júlia Freire, 960, Torre, 
João Pessoa - PB, CEP: 58040-040. E-mail: meltablet@gmail.com 
8 Especialista em Anestesiologia e Dor Intervencionista. Universidade Federal da Paraíba. Campus I Lot, Cidade 
Universitária - PB, CEP: 58051-900. E-mail: gilvandrolins@hotmail.com 
mailto:vivianembc@gmail.com
mailto:virginiambc@gmail.com
mailto:franciscodaviangelo@hotmail.com
mailto:arrhenius1979@gmail.com
mailto:nubiapb@hotmail.com
mailto:tatianafragoso@yahoo.com.br
mailto:meltablet@gmail.com
mailto:gilvandrolins@hotmail.com
Revista Foco |Curitiba (PR)| v.17.n.2|e4423| p.01-06 |2024 
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 VULVODÍNEA REFRATÁRIA E OS RESULTADOS PROMISSORES COM 
BLOQUEIO DO GÂNGLIO ÍMPAR 
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submetidas a infiltração com anestésicos locais no gânglio ímpar, evidenciaram terapia 
bem sucedida na maioria delas. Sendo o bloqueio uma boa opção de tratamento para 
pacientes que sofrem de dor crônica e desconforto causado pela vulvodínea. 
 
Palavras-chave: Dor vulvar; bloqueio do gânglio ímpar; dor perineal. 
 
ABSTRACT 
Vulvodynia is a chronic gynecological disease with no clear cause, lasting at least three 
months, presenting a history of intense pain with a neuropathic component, starting 
before diagnosis, refractory treatment with steroids, hormonal therapy, anticonvulsants, 
antidepressants, psychotherapy, physiotherapy , acupuncture and even vulvectomy. The 
odd ganglion is the most caudal of the sympathetic ganglion chain. Visceral afferent 
fibers originating from the perineum, distal rectum, anus, distal section of the urethra, 
vulva, and vagina are found in the distal third of this ganglion. Its blockade has been 
effectively used to control pain in patients with vulvodynia. Women with chronic 
gynecological diseases who received multimodal pain therapy and underwent infiltration 
with local anesthetics in the impar ganglion demonstrated successful therapy in the 
majority of them. Blockade is a good treatment option for patients suffering from chronic 
pain and discomfort caused by vulvodynia. 
 
Keywords: Pain vulvar; vulvodynia; ganglion impar block; perineal pain. 
 
RESUMEN 
La vulvodina es una enfermedad ginecológica crónica sin causa clara, de al menos tres 
meses de duración, con antecedentes de dolor intenso con componente neuropático, 
que comienza antes del diagnóstico, tratamiento refractario con uso de esteroides, 
terapia hormonal, anticonvulsivos, antidepresivos, psicoterapia, fisioterapia, acupuntura 
e incluso vulvectomía. El ganglio extraño es el más caudal de la cadena ganglionar 
simpática. En el tercio distal de este ganglio se encuentran fibras viscerales aferentes 
que se originan en el periné, el recto distal, el ano, la sección distal de la uretra, la vulva 
y la vagina. El bloqueo de la misma se ha utilizado para el control del dolor en pacientes 
con vulvodina. Las mujeres con enfermedades ginecológicas crónicas que recibieron 
terapia multimodal para el dolor y se infiltraron con anestésicos locales en los ganglios 
impares, mostraron éxito terapéutico en la mayoría de ellas. La obstrucción es una 
buena opción de tratamiento para los pacientes que sufren dolor crónico y molestias 
causadas por la vulvodina. 
 
Palabras clave: Dolor vulvar; bloqueo del ganglio impar; dolor perineal. 
 
 
1. Introdução 
A dor perineal crônica é difícil de tratar, em vista que o períneo apresenta 
várias estruturas anatômicas, além de transmitir impulsos simpáticos aos 
músculos lisos e tecidos glandulares da região pélvica. O bloqueio do gânglio 
ímpar (GI) de início foi utilizado para tratamento da dor oncológica, desde então 
também tem sido usado para aliviar a dor perianal e genital, estudos mostraram 
a sua eficácia nas causas benignas e malignas (RODRIGUES et al., 2020; 
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 Viviane Maria Bezerra Cavalcanti Lins, Virginia Maria Bezerra Cavalcanti, 
Francisco Davi Ângelo Lins de Oliveira, Anderson Arrhenius de Fontes Queiroz Abrantes, Núbia 
Anuncia Silva de Fontes, Tatiana Viana Fragoso Vieira, Melisandro Almeida de Lacerda, 
Gilvandro Lins de Oliveira Júnior 
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CHAN-SIK KIM et al., 2021). 
Procedimentos intervencionistas no tratamento da dor normalmente são 
utilizados após falha das medidas conservadoras e medicamentosas. Os 
bloqueios nervosos são uma ferramenta útil para diagnóstico e tratamento, mas 
o efeito pode ser temporário, o alívio da dor dura entre 3 a 6 meses, apesar da 
resposta ser variável, podem aparecer complicações relacionadas a infecção 
local ou hemorragia, perfuração ou disfunção autonômica motora, mas são raras 
de acontecer (FERREIRA; PEDRO, 2020; ZACHARIAS, 2021). 
 
2. Metodologia 
Pesquisa da base de dados PubMed, Scielo e BVS com termos pain 
vulvar; vulvodynia; ganglionimpar block, perineal pain nos últimos cinco anos. 
Inicialmente foram levantados 70 artigos, com a leitura dos títulos foram 
excluídos 59 estudos, por abordarem dor de localização não pélvica e estarem 
em outra língua que não português ou inglês. Restando ao final 11 artigos que 
foram incluídos no presente estudo. 
Os artigos elegíveis para leitura foram analisados por dois pesquisadores 
e as informações mais relevantes foram extraídas e incluídas no presente 
estudo. 
 
3. Discussão 
O gânglio ímpar (GI) conhecido também como gânglio de Walther é o 
gânglio pélvico localizado na convergência de cadeias simpáticas paravertebrais 
bilaterais terminando anteriormente como um único gânglio da linha, 
classicamente localizado anterior ao ligamento sacrococcígeo anterior, podendo 
ter variações anatômicas quanto a localização exata. O gânglio ímpar fornece 
inervação nociceptiva e simpática para a região visceral pélvica, região perineal, 
reto distal, uretra distal, terço distal da vagina e vulva (RODRIGUES et al., 2020; 
TORRES et al., 2020). 
Em relação a dor e o desconforto causado pela vulvodínea, que é definida 
como dor vulvar crônica com duração de pelo menos três meses, tem a sua 
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origem neuropática, afetando a qualidade de vida das pacientes, da sua família 
e do parceiro. Tornando um transtorno significativo para a sociedade e para o 
sistema de saúde. Muitas mulheres convivem com disfunção sexual e dor, sem 
um tratamento adequado por não terem um diagnóstico preciso. A sua causa 
não está claramente identificada, mas são encontrados dois tipos principais: a 
vulvodínea provocada localizada (LPV) e a vulvodínea generalizada (GVD), 
anteriormente dor vulvar crônica (HONG; HWANG; PARK, 2021; WEINSCKENK, 
2022). 
Diante desse quadro álgico, as opções de tratamentos incluem a 
fisioterapia, manipulação osteopática, psicoterapia, acupuntura, terapia por 
ondas de choque extracorpóreas radicais, yoga e a vulvectomia. No tratamento 
farmacológico envolve esteroide, terapia hormonal, antidepressivos, 
bloqueadores alfa-adrenérgicos, analgésicos convencionais, gabapentinóides e 
anti-inflamatórios. Em relação a avaliação da dor, não houve melhora após seis 
anos de tratamento. (URITS, 2021; HONG; HWANG; PARK, 2021; 
WEINSCKENK, 2022). 
À vista desse quadro, a organização mundial de saúde aponta os 
bloqueios neurolíticos, anestesia locorregional ou analgesia raquidiana como 
opção de tratamento. O bloqueio neurolítico consiste na destruição do tecido 
nervoso através da injeção de álcool ou fenol podendo ser realizada por quatro 
técnicas a coccígeo-transversa, anococcígea, intercoccígea e a 
transsacrococcígea, onde esta é a mais comum e o bloqueio neural no nível do 
gânglio ímpar (FERREIRA; PEDRO, 2020; DOLAN, 2021) 
Dessas técnicas, a neuromodulação do GI permanece como opção viável 
e menos invasivas para o tratamento da dor neuropática na região pélvica e a 
sua eficácia a longo prazo tem relação ao tipo de medicação utilizada durante o 
procedimento. Temos dois métodos: uso de anestésicos locais e esteróides, 
neurólise utilizando álcool ou fenol e ablação por radiofrequência. No bloqueio é 
utilizado a toxina botulínica que tem relação com o tratamento das contrações 
musculares excessivas. Antes os bloqueios ganglionares eram guiados por 
fluoroscopia mas foram inicialmente ineficazes devido à fibrose tecidual. 
Posteriormente, optou-se por fazer os bloqueios sob orientação da tomografia 
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 Viviane Maria Bezerra Cavalcanti Lins, Virginia Maria Bezerra Cavalcanti, 
Francisco Davi Ângelo Lins de Oliveira, Anderson Arrhenius de Fontes Queiroz Abrantes, Núbia 
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Gilvandro Lins de Oliveira Júnior 
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computadorizada, tendo como resultado a melhora significativa da dor perianal 
e vulvodínea (JEONG-EUN, 2016; ZACHARIAS, 2021). 
Pacientes com queixa de dor vulvar crônica sem causa identificável e 
refratário ao tratamento, após terem sido submetidas a bloqueio do gânglio ímpar 
revelaram que os sintomas melhoraram totalmente ou a dor tornou-se bem 
controlada. E mulheres com doenças ginecológicas crônicas que receberam 
terapia multimodal da dor e submetidas a infiltração com anestésicos locais no 
gânglio ímpar, evidenciaram terapia bem-sucedida na maioria delas. Sendo o 
bloqueio uma boa opção de tratamento para pacientes que sofrem de dor crônica 
e desconforto causado pela vulvodínea (HONG, et al, 2021). 
Também pode ser usado como alternativa eficaz e segura para o 
tratamento da dor perineal refratária e a dor relacionada ao câncer com destaque 
do seu potencial como tratamento. (RODRIGUES et al., 2020; CHAN-SIK KIM et 
al., 2021; SU JIN LIM et al., 2010). 
 
4. Conclusão 
A vulvodínea afeta a qualidade de vida e necessita ser individualizada 
pela equipe multiprofissional. Os métodos mais conhecidos são as terapias orais 
com antidepressivos e anticonvulsivantes e terapias tópicas com pomada ou 
creme, injetáveis e método cirúrgico como último recurso. Com o avanço nos 
procedimentos intervencionistas, o bloqueio do gânglio ímpar guiado por imagem 
é promissor por atenuar a dor mediada pelo sistema simpático, levar à redução 
do uso de opioides e uma abordagem multidisciplinar e multimodal são 
essenciais para tratar a vulvodínea de forma eficaz. 
 
REFERÊNCIAS 
 
DOLAN, Russell et al. Lower EUS-guided ganglion impar blockade. Videogie, 
v.6, n.9, p.427-430, 2021 
 
FERREIRA, Filipa; PEDRO, Ana. “Ganglion Impar Neurolysis in the Management 
of Pelvic and Perineal Cancer-Related Pain”. Case Report in Oncology, p.29-
34, 2020. 
 
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BLOQUEIO DO GÂNGLIO ÍMPAR 
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Perineal Pain A Case Report. The Korean Journal of Pain, v.23, n.1, p. 65-69, 
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RODRIGUES, Adriano et al. Impar Ganglion Block in Patients With Pelvic 
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Gânglio Ímpar em Pacientes com Dor Neuropática na Região Pélvica: Três 
relatos de casos e técnica cirúrgica. Jornal Brasileiro de Neurocirurgia, v.31, 
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ZACHARIAS, Nicholas et al. Interventional Radiofrequency Treatment for the 
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