Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Título do Tema Sempre Dentro do Triângulo Verde (máximo 4 linhas) Nome do Autor no TriânguloCORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA PEDRO BEZERRA XAVIER Corporeidade e Motricidade Humana 2 Apresentação Bem-vindo(a) à disciplina de Corporeidade e Motricidade Humana. Neste estudo, vamos conhecer como são vistos e tratados esses itens. Na antiguidade, antes mesmo do estabelecimento do cristianismo, os corpos eram entendidos como algo a mais a ser disciplinado, principalmente os corpos dos escravos, da plebe e das mulheres. O processo de entendimento e compreensão da representação do corpo foi gradual até chegarmos na etapa de entender que o corpo humano é conectado ao comportamento motor, que gera movimentos intencionais e tencionais. Ficou curioso para conhecer como isso tudo acontece? Vem conosco nessa descoberta! Unidade I - Reflexões filosóficas acerca do corpo: o pensamento filosófico e o homem através da história 3 Introdução Entende-se que a história que permeia os aspectos do corpo humano é a mesma que evidencia toda a história e o desenvolvimento de uma civilização. Os diversos tipos de sociedade e suas culturas influenciam diretamente as características do corpo e determinam suas ações, construindo suas particularidades, enfatizando determinados atributos em decorrência de outros e, a partir disso, cria os seus próprios padrões. A partir disso, vão surgindo os chamados “padrões de beleza”, aspectos como a sensualidade, a postura e, consequentemente, da saúde, fatores estes que dão subsídios aos indivíduos para se construírem e se afirmarem enquanto homens e mulheres. Objetivos de Aprendizagem • Compreender a abrangência dos aspectos relacionados a corpo e alma ob- servados pelos grandes pensadores da Grécia Antiga. • Observar e analisar a estreita relação entre mente e corpo sob a ótica dos pensadores da época. 4 Filosofia, reflexões a respeito do corpo grego Etimologicamente falando, a palavra “corpo” deriva do grego (sôma), que é o estrato sensível, material do homem. Na filosofia, observa-se que não se pode citar o corpo sem que haja uma relação deste com a alma, considerando que esse contexto é trazido desde a antiguidade, mais precisamente com os pensadores Platão e Aristóteles, sendo esses dois filósofos os estudiosos que trouxeram diversas interpretações e inferências no que diz respeito à relação entre corpo e alma. Dessa maneira, observamos que a filosofia nasce na Grécia Antiga como uma ciência cosmológica, em que o objeto central da reflexão é a própria natureza (phýsis), a partir da qual busca-se as explicações sobre o homem e a sua relação com a natureza, necessariamente baseada em causas naturais. Nesse sentido, é a partir desse ponto que os pioneiros do pensamento filosófico se preocupavam em observar os fenômenos naturais e o comportamento do corpo de maneira mais ampla, com o objetivo de evidenciar a força motriz da natureza e tentar interpretá-la em uma linguagem racional. A partir dos conceitos norteadores dos pensamentos gregos, de maneira geral, pode- se definir então o corpo de dois modos: positivamente e negativamente. Positivamente, pois o corpo é visto como um instrumento físico da alma. Negativamente, considerando que o corpo possui limites, o que acarreta também na imposição de limites à alma sob a sua completa liberdade. O corpo para Platão e Aristóteles Segundo Platão, temos que a alma, a partir da perspectiva geral do princípio da vida, preexiste ao corpo, considerando que ela se insere tanto nos corpos físicos, quanto nas plantas, animais irracionais, todos os seres vivos, assim como também nos animais racionais, ou seja, nos seres humanos. Essa concepção advinda dos postulados de Platão trouxe consigo a questão do dualismo entre o corpo e a alma, com a consequência da desvalorização do corpo em relação à alma. Nesse sentido, a alma é trazida como sobressalente ao corpo, haja vista que este se apresenta como um mero instrumento e, por sua vez, um receptáculo da alma. Por conseguinte, segundo o filósofo e pensador Aristóteles, esse dualismo não existe. Embora alguns pensadores considerem o corpo como sendo uma ferramenta da 5 alma, não se pode cogitar a ideia de que a alma e o corpo formariam duas realidades independentes, separadas uma da outra. Pelo contrário, alma e corpo se configuram como uma união essencial que Aristóteles denomina de substância. Se o corpo morre, a alma também morre. Em outras palavras, não existe a vida após a morte de acordo com Aristóteles. A filosofia que explica a natureza influenciou consideravelmente a ideia de organização e de funcionamento do corpo humano. O homem é observado como uma parte da natureza universal e, assim, está atrelado aos mesmos princípios que determinam os fenômenos de natureza física. A exemplo, as considerações feitas pelos grandes filósofos que advêm da era pré-socrática foram amplamente difundidas e utilizadas pelos médicos do século V a.C., servindo como a base de suas considerações acerca das enfermidades, sobre a saúde e a fisiologia humana. Atenção O corpo grego A imagem está diretamente relacionada com os aspectos característicos da sociedade grega e como estes cultuavam o corpo a partir do treinamento, participação em jogos olímpicos e afins. Corpo Grego Fonte: Freepik (2022). #PraCegoVer: escultura de mármore de um homem atleta nu, com um disco de lançamento na mão, preparando-se para lançar. 6 O estabelecimento da Idade Média, o conflito entre o sagrado e o mundano: o corpo que ora, o corpo que trabalha, o corpo que guerreia; o corpo que brinca No decorrer da história, na idade média, o período compreendido entre o século V e o século XV, o corpo sofre um processo de “descorporalização”, no qual observa-se uma evolução contínua chamada “racionalização”, ideia que se assemelha bastante às ideias do filósofo e pensador grego Platão. Compreendendo esse fator, boa parte das ações do homem para com a sua vida cotidiana estavam ligadas diretamente às atividades de natureza corporal, sendo o seu corpo o instrumento de trabalho, grosso modo, sendo este o sustento e a comunicação com a sociedade. Nessa perspectiva, o corpo tinha características notórias para as ações humanas, tais como a noção de tempo, personalidade e economia. Representação do corpo e símbolos da era medieval Fonte : Freepik (2022). #pratodosverem: figuras representando a era medieval, como a monarquia, soldados medievais, castelo, cavalaria, espadas, armaduras e guerreiros. 7 Destarte, pode-se compreender que as ações humanas que estão relacionadas à noção de tempo estão diretamente ligadas ao desenvolvimento natural do tempo, às estações do ano que determinam o período de plantio e colheita, que, por sua vez, atrelados ao crescimento das plantas, como também o ritmo de reprodução dos animais. Assim, a concepção sobre a personalidade sobre as ações do corpo no homem está relacionada ao sistema de castas, criado na Idade Média, nas quais os indivíduos nasciam “dentro ou fora dos muros”, e não poderia sair dessa condição ou entrar nela. Ou seja, a sua personalidade era renegada ou suprimida em razão dos fatores trazidos pelo sistema feudal, que era fundamentado em princípios como trabalho, domínio e prazer. É importante compreender que a economia, no período descrito, era orientada através do desempenho de atividades de subsistência. Em outras palavras, as pessoas realizavam atividades, tais como agricultura, a fim de conseguir o seu sustento e o de sua família. Assim, fatores como fome e sede regiam as relações econômicas, pois não se compreendia a importância da realização do planejamento estratégico e cálculos com ideias econômicas. Portanto a economia estava diretamente relacionada à satisfação das necessidades humanas básicas. Curiosidade Idade Média A imagem representa a verdadeira percepção da vida na Idade Média, trazendo à tona as vestimentas, os costumes, a diversidade, as relaçõescomerciais e a construção da época. Fonte: Plataforma Deduca (2022). #pratodosverem: imagem com pessoas com vestimentas típicas da Idade Média. 8 O pensamento filosófico renascentista, o corpo e o homem como centro do discurso Com a ascensão do período renascentista, observou-se o favorecimento da racionalidade, que era subsidiada através dos diversos avanços científicos e tecnológicos, existindo assim a valorização do trabalho, da capacidade intelectual e de criação e transformação da realidade, que foram modificados conforme a crescente necessidade do homem. Esses aspectos trazem consigo a concepção de que o homem se configura como um animal racional, fazendo parte de um esquema mecanicista, sendo utilizado em toda e qualquer experiência. Recorte da pintura “A Criação de Deus” de Michelangelo Fonte : Freepik (2022). #pratodosverem: pintura de duas mãos se encontrando. No que concerne ao pensamento a respeito do lugar que o corpo e a alma se estabelecem, o pensador e filósofo francês René Descartes (1596-1650) embasa o pensamento acerca da importância do método científico como ponto primordial para a construção e desenvolvimento do saber. Esse método, trazido e desenvolvido por Descartes, configura-se como a única maneira de se chegar ao entendimento da ciência e do conhecimento, sendo um modelo aplicável em todas as perspectivas da sociedade, até mesmo ao próprio corpo, partindo da perspectiva de considerar que o pensamento é puro a partir da correspondência ou adequação devida, da ideia ao ideado, sujeito e objeto, a partir da veracidade e da existência divina e a distinção real entre corpo e alma. A partir disso, Descartes observa a subjetividade entre o que ele classifica como coisa- pensamento, ou seja, o sujeito, em completa oposição ao corpo, que é tido como o 9 objeto, separando assim o objeto do sujeito, a matéria do espírito, estabelecendo-se através da oposição entre a natureza e o homem, assim como com todo o pensamento posterior sobre corporeidade e corpo, com uma ideologia redutora e separatista. A filosofia cartesiana Traz como verdade a alma em detrimento do corpo, devido à busca pelo conhecimento verídico, sendo a única maneira de produzir esse conhecimento através da razão, que é observada como uma faculdade da alma; enquanto o corpo, através dos sentidos e sensações, tais como a fome, é capaz de enganar o homem. O pensamento científico Intensificou o desenvolvimento de várias áreas da ciência, mudanças sobre a execução do trabalho, principalmente em decorrência da Revolução Industrial na Inglaterra, na qual ocorreu a mecanização do trabalho, bem como sua mão de obra, em que o corpo foi reduzido a um instrumento da alma. O corpo objetificado O corpo passa a ser objeto de estudo e conhecimento em várias áreas, principalmente nas ciências médicas, como anatomia, chegando ao ponto de submeter pessoas vivas a estudos anatômicos para a compreensão do comportamento do corpo junto à alma, considerando que a vida está diretamente relacionada com a presença da alma. A representatividade da arte traz consigo a cultura e o significado do renascentismo, que surge com o enaltecimento do método científico, além das evoluções nos pensamentos políticos, sociais e as relações econômicas. O período Renascentista Fonte: © Janeb13, Pixabay (2022). #pratodosverem: pintura retratando a Escola de Atenas, no período Renascentista. A partir do desenvolvimento de uma nova visão do corpo como um objeto científico, o sistema capitalista enaltece uma nova percepção de encarar o corpo na sociedade, 10 considerando que a religião não trazia mais tanta legitimidade acerca desse assunto. No entanto, em contraponto à forma como o corpo era encarado, principalmente contrariando os pensamentos propostos por René Descartes, o pensador e filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) exclui a ideia de que o corpo é apenas uma extensão controlável da alma. Para ampliar seus conhecimentos, leia o artigo intitulado “Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje”. Saiba mais 11 Conclusão No que diz respeito aos fenômenos da natureza e da cultura, sob a luz do comportamento humano, há uma motricidade notória, advinda de um sentimento de realizar o movimento como uma forma de prazer singular e aparente, observado através do rigor do relaxamento e das tensões, subjetivado pelo acaso do desejo de sentir-se vivo. A partir da relação humana com a existência, o sentido do ser, pode ter nascido o conceito da motricidade. Assim, tanto é filosófica quanto fisiológica a consciência desse movimento, que indica que toda ação se configura como uma atividade, considerando que o conceito propriamente dito de consciência vem da filosofia e reflete o corpo como organismo vivo, exigindo sempre o saber e o vigor. Referências CAVALCANTI, D. R. M. O surgimento do conceito" corpo": implicações da modernidade e do individualismo. CAOS-Revista Eletrônica de Ciências Sociais, [S. l.], v. 9, p. 53-60, 2005. CASTRO, F. S.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Alma, corpo e a antiga civilização grega: as primeiras observações do funcionamento cerebral e das atividades mentais. Psicologia: reflexão e crítica, [S. l.], v. 24, p. 798-809, 2011. DAMIÃO, A. P. O Renascimento e as origens da ciência moderna: Interfaces históricas e epistemológicas. História da Ciência e Ensino: construindo interfaces, [S. l.], v. 17, p. 22-49, 2018. DE SAMPAIO GODINHO, R. Renascimento: Uma nova concepção de mundo através de um novo olhar para a natureza. DataGramaZero, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. A01- 1001, 2012. HUIZINGA, J.; ABELAIRA, A.; DA SILVA, V. D. O declínio da Idade Média. Lousã: Ulisseia, 1985. RODRIGUES, José Carlos. O corpo na história. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1999. SLOMINSKI, J.; DE ALMEIDA, R. M. A concepção de corpo na filosofia grega e nas escrituras. Helleniká-Revista Cultural, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 39-39, 2019. XAVIER, A. R.; CHAGAS, E. F.; REIS, E. C. Cultura e educação na Idade média: Aspectos Histórico-Filosófico-Teológicos. Revista OFFLINE, [S. l.], n. 11, 2018.
Compartilhar