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ARTIGO ORIGINAL
Perfil epidemiológico dos casos de câncer colorretal no Brasil nos anos de 2013 a 2022.
Epidemiological profile of colorectal cancer cases in Brazil from 2013 to 2022.
Perfil epidemiológico de los casos de cáncer colorrectal en Brasil de 2013 a 2022.
Perfil dos casos de câncer colorretal no Brasil entre 2013-2022.
Pedro Henrique Batista da Silva¹, batista.pedro@uft.edu.br - orcid.org/0009-0002-3190-622X
Victória Beatriz Oliveira Martins¹, victoria.beatriz@uft.edu.br - orcid.org/0000-0002-9011-0080
Jesana Costa Lopes,¹ jesana.lopes@uft.edu.br - orcid.org/0000-0001-6593-2237
Verônica Carvalho Silva,1 carvalho.veronica@uft.edu.br - orcid.org/0009-0001-1879-1053
Pedro Lucas Silva Batista,1 silva.pedro@uft.edu.br - orcid.org/0000-0003-0958-1473
Jaqueline das Dores Dias Oliveira,2 jaquelinedias@uft.edu.br - orcid.org/0000-0003-2134-7321
¹Universidade Federal do Tocantins, acadêmico do colegiado de medicina, Palmas-Tocantins-Brasil.
2Professora associada ao colegiado de medicina, Universidade Federal do Tocantins,
Palmas-Tocantins-Brasil.
mailto:victoria.beatriz@mail.uft.edu.br
https://orcid.org/0000-0001-6593-2237
mailto:-carvalho.veronica@uft.edu.br
mailto:-silva.pedro@uft.edu.br
mailto:jaquelinedias@uft.edu.br
CORRESPONDÊNCIA:
Pedro Henrique Batista, Quadra 109 Norte, Av. NS 15, ALCNO-14, Bloco E, Palmas-TO, Brasil,
CEP: 77.001-090; Email: batista.pedro@mail.uft.edu.br
FINANCIAMENTO:
Não se aplica.
TRABALHO ACADÊMICO ASSOCIADO:
Não se aplica.
DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSE:
Os autores declaram não possuir conflito de interesse.
CONTRIBUIÇÕES DOS AUTORES:
Silva PHB: contribuiu na análise e interpretação dos resultados, redação e revisão crítica do
conteúdo do manuscrito. Martins VBO: contribuiu na análise e interpretação dos resultados,
redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Lopes JC: contribuiu na concepção e
delineamento do estudo, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Silva VC: contribuiu
no delineamento do estudo, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Batista PLS:
contribuiu na interpretação dos resultados, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito.
mailto:batista.pedro@mail.uft.edu.br
Oliveira JDD: contribuiu na concepção e delineamento do estudo, análise e interpretação dos
resultados, revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Todos os autores aprovaram a versão final do
manuscrito e são responsáveis por todos os seus aspectos, incluindo a garantia de sua precisão e
integridade.
AGRADECIMENTOS:
Não se aplica
CONTAGEM DE PALAVRAS:
2.448 palavras.
RESUMO
Objetivo: Determinar um perfil epidemiológico dos casos de câncer colorretal no Brasil.Métodos:
Trata-se de um estudo epidemiológico, entre os anos de 2013 e 2022, de natureza descritiva
retrospectiva, realizado por meio da coleta de dados anuais disponibilizados no SISCAN do
DATASUS. Resultados: Observou-se a maior incidência no sexo feminino (59%) e entre as faixas
etárias de 60 a 64 anos (15,8%). Em relação aos pacientes que tiveram o tratamento informado,
32,66% tiveram um tratamento com duração superior a 60 dias. As três principais formas de
tratamentos utilizados foram: quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Conclusão: A detecção
precoce do CCR foi o alicerce para melhor sobrevida e o combate à mortalidade. A pesquisa tem
sua importância a nível epidemiológico, uma vez que demonstra um aumento crescente nos índices
de acometimento, principalmente na população feminina. É necessário intensificar, portanto, as
políticas de prevenção e diagnóstico do câncer colorretal.
Palavras-chave: Brasil, câncer colorretal, epidemiologia clínica, neoplasias colorretais.
ABSTRACT
Objective: To determine an epidemiological profile of colorectal cancer cases in Brazil.Methods:
This is an epidemiological study, between the years 2013 and 2022, of a retrospective descriptive
nature, carried out by collecting annual data made available in SISCAN of DATASUS. Results: It
was observed the highest incidence in females (59%) and among the age groups 60 to 64 years
(15.8%). Regarding the patients who had their treatment reported, 32.66% had a treatment lasting
more than 60 days. The three main forms of treatment used were: chemotherapy, radiotherapy, and
surgery. Conclusions: Early detection of RCC was the foundation for better survival and combating
mortality. The research is important at the epidemiological level since it shows a growing increase
in the rates of involvement, especially in the female population. Therefore, it is necessary to
intensify the policies of prevention and diagnosis of colorectal cancer.
Keywords: Brazil, colorectal cancer, clinical epidemiology, tumors colorectales.
RESUMEN
Objetivo: Determinar un perfil epidemiológico de los casos de cáncer colorrectal en Brasil.
Métodos: Se trata de un estudio epidemiológico, entre los años 2013 y 2022, de carácter descriptivo
retrospectivo, realizado a través de la recolección de datos anuales disponibles en SISCAN de
DATASUS. Resultados: Se observó la mayor incidencia en el sexo femenino (59%) y entre los
grupos de edad de 60 a 64 años (15,8%). Respecto a los pacientes que tenían el tratamiento
comunicado, el 32,66% tenían un tratamiento de más de 60 días de duración. Conclusiones: La
detección precoz del CCR fue la base para mejorar la supervivencia y combatir la mortalidad. La
investigación es importante a nivel epidemiológico, ya que muestra un aumento creciente de las
tasas de afectación, especialmente en la población femenina. Por lo tanto, es necesario intensificar
las políticas de prevención y diagnóstico del cáncer colorrectal.
Palabras clave: Brasil, cáncer colorrectal, epidemiología clínica, neoplasias colorrectales.
Contribuições do estudo
Principais resultados
Ter ciência da distribuição de fatores de risco do
câncer colorretal contribui para identificar os grupos
de maior risco que podem se beneficiar de programa
sistemático para a detecção precoce, preservando a
saúde e a qualidade de vida dos pacientes.
Implicações para os serviços
Auxiliar nas tomadas de decisão dos órgãos públicos
quanto a políticas de prevenção, diagnóstico e
tratamento. Além da implementação do rastreio de
pólipos, não somente em pacientes com fatores de
risco, mas também naqueles com sintomas sugestivos.
Perspectivas
É necessário capacitações para profissionais de saúde
se reconhecerem aptos a identificar sinais e sintomas
suspeitos de câncer, permitindo acesso rápido e
facilitado aos serviços. Este estudo poderá contribuir
na melhoria da assistência no SUS.
INTRODUÇÃO
O câncer colorretal (CCR) é a terceira neoplasia maligna com maior incidência no Brasil e
acomete os segmentos do intestino grosso, tais como cólon, reto e ânus.1 A maioria dos estudos
epidemiológicos o identifica pela Classificação Internacional de Doença (CID-10), subdividindo em
neoplasias de cólon (C18), da junção retossigmóide (C19), do reto (C20) e do ânus (C21).
Destaca-se que as maiores taxas de incidência são observadas em países desenvolvidos, como
Estados Unidos, Austrália e países da Europa Ocidental; enquanto as menores taxas são encontradas
na África, e taxas intermediárias, em países da América Latina.2
O CCR geralmente é assintomático, porém, devem ser valorizados os sintomas e sinais de
alerta como alteração do hábito intestinal, dor abdominal, sangue oculto e alterações nas fezes. Os
menos comuns são presença de muco nas fezes, anemia, tumor abdominal palpável, obstrução
intestinal aguda e peritonite fecal por perfuração intestinal. Entretanto, esses sintomas podem fazer
parte do quadro clínico da doença.3
São fatores de risco a história familiar, a idade, uma dieta baseada em gorduras animais,
uma baixa ingestão de frutas, vegetais e cereais integrais, o etilismo, o tabagismo, a obesidade e o
sedentarismo. As patologias inflamatórias intestinais, em destaque a retocolite ulcerativa, também
se relacionam com CCR.3 Os pólipos adenomatosos esporádicossão responsáveis por 90% dos
casos de câncer de cólon e reto, além de serem condições pré-neoplásicas em decorrência da
transformação do epitélio do cólon normal em pólipo adenomatoso.4 É considerado um dos
cânceres que mais respondem às medidas de prevenção, tais como controle dos fatores de risco e o
rastreamento precoce. Assim, a alta ingestão de peixes e a baixa de carnes vermelhas processadas
em conjunto com a prática de exercícios físicos são fatores protetores. 5
O tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico varia de 02 a 10 meses. Como
os indivíduos mais jovens julgam-se portadores de enfermidades de pouca relevância clínica, o
período entre o início dos sintomas e o diagnóstico tende ser mais prolongado. O diagnóstico é
realizado por meio da biópsia durante a colonoscopia e o estadiamento é através do exame físico,
das tomografias e dosagem do antígeno carcinoembrionário.6 Dessa forma, o tratamento do CCR
ocorre de acordo com o estadiamento do paciente, podendo ser cirúrgico, quimioterápico,
radioterápico ou até mesmo uma associação de dois tipos de tratamento.7
Além disso, a detecção e remoção dos pólipos por exames de rastreio tornam-se um
importante método de prevenção, sendo a colonoscopia o procedimento de primeira escolha para
triagem e tratamento das lesões.4 Em pacientes com baixo risco de desenvolver o câncer, o rastreio
deve ser realizado anualmente pela pesquisa de sangue oculto nas fezes; sigmoidoscopia a cada 05
anos ou retossigmoidoscopia a cada 02 anos para indivíduos a partir dos 50 anos de idade. Os
pacientes com alto risco devem ser rastreados com colonoscopia a partir dos 40 anos de idade.3
Assim, o objetivo deste artigo é avaliar um perfil epidemiológico dos casos de câncer colorretal no
Brasil nos anos de 2013-2022.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo epidemiológico de natureza descritiva retrospectiva, realizado por
meio da coleta de dados anuais disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS), na plataforma de informações de saúde Tabnet , do Sistema de
Informação Ambulatorial (SIA), através do Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado
(BPA-I) e da Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade, Sistema de Informação
Hospitalar (SIH) e Sistema de Informação de Câncer (SISCAN). Sendo estes sistemas de domínio
público, não se faz necessária a autorização do comitê de ética.
Os dados retratados referem-se ao perfil epidemiológico dos casos de câncer colorretal no
Brasil de 2013-2022, os quais foram acessados em abril do ano de 2023. As informações coletadas
foram do número total de casos de câncer colorreral no Brasil, considerando o número de casos por
faixa etária, sexo, região de notificação, ano do diagnóstico e tipo de tratamento realizado. Para
isso, foram utilizadas todas as faixas etárias disponíveis entre: menor que 1 ano e acima de 80 anos,
observando-se a incidência dentro de cada faixa etária. A partir dos dados obtidos, foi realizada uma
análise descritiva simples e os achados mais significativos apresentados em tabelas manipuladas no
programa Google Shets. Nenhuma informação extraída sofreu manipulação por parte dos
pesquisadores do presente estudo.
RESULTADOS
Por meio de uma busca e análise epidemiológica dos casos de câncer colorretal no Brasil,
identificou-se o registro total de 247.187 casos durante o período de 2013 a 2022. Foi analisado a
incidência da doença, os grupos de faixas etárias, sexo e outras variáveis. Dessa forma, CCR se
apresentou incidente em homens e mulheres praticamente de forma igualitária, sendo a incidência
de 51% nas mulheres e 49% nos homens. Além disso, em relação a idade, ocorreu uma
predominância total em idosos de 60 a 64 anos (37.384 casos) conforme descrito na Tabela 1. Sendo
que as referências de C18, C19, C20 e C21 são para designar neoplasias de cólon, da junção
retossigmóide, do reto e do ânus, respectivamente.
Tabela 1: Incidência de câncer colorretal (C18, C19, C20 e C21) no Brasil de 2013 a 2022 de
acordo com a faixa etária e o sexo.
Faixa etária Masculino Feminino Total
0 a 19 anos 2.674 1.578 4.252
20 a 24 anos 1.098 976 2.074
25 a 29 anos 1.455 1.515 2.970
30 a 34 anos 2.232 2.469 4.701
35 a 39 anos 3.548 4.317 7.865
40 a 44 anos 5.196 6.646 11.842
45 a 49 anos 8.122 9.944 18.066
50 a 54 anos 12.034 13.827 25.861
55 a 59 anos 15.996 17.384 33.380
60 a 64 anos 18.667 18.717 37.384
65 a 69 anos 18.326 17.258 35.584
70 a 74 anos 14.558 13.679 28.237
75 a 79 anos 9.852 9.837 19.689
80 anos e mais 7.102 8.180 15.282
Total 120.860 126.327 247.187
Fonte: SISCAN, 2023.
Em relação aos anos de diagnóstico, de forma geral, percebe-se um aumento gradual nas
quantidades de diagnóstico, com exceção de 2022 com um decréscimo de 28%. Houve um maior
índice de diagnóstico da doença em 2021, com uma variação mínima em relação aos anos de 2019 e
2020 conforme a Tabela 2. Também foi notório um aumento de 48,6% do número de diagnósticos
de 2017 para 2018.
Tabela 2: Incidência de câncer colorretal (C18, C19, C20 e C21) no Brasil de 2013 a 2022 de
acordo com o ano de diagnóstico e o sexo.
Ano do diagnóstico Masculino Feminino Total
2013 7.500 7.988 15.488
2014 7.638 7.791 15.429
2015 7.888 8.181 16.069
2016 8.426 8.474 16.900
2017 8.824 8.889 17.713
2018 12.820 13.506 26.326
2019 17.835 18.468 36.303
2020 17.870 18.374 36.244
2021 18.792 19.999 38.791
2022 13.267 14.657 27.924
Total 120.860 126.327 247.187
Fonte: SISCAN, 2023.
Em relação à modalidade terapêutica adotada para os casos incidentes, as três principais
formas de tratamentos foram: quimioterapia (42,1%), cirurgia (23%) e radioterapia (9,5%)
conforme Tabela 3. Entretanto, não há informações da modalidade de tratamento utilizado em
23,3% dos casos analisados.
Tabela 3: Incidência de câncer colorretal (C18, C19, C20 e C21) no Brasil de 2013 a 2022 de
acordo com modalidade de tratamento e sexo.
Modalidade terapêutica Masculino Feminino
Cirurgia 27.512 29.485
Quimioterapia 52.022 52.093
Radioterapia 11.330 12.095
Quimioterapia e radioterapia 2.579 2.541
Sem informação do tratamento 27.417 30.113
Total 120.860 126.327
Fonte: SISCAN, 2023.
Em relação à mortalidade, o número de óbitos se apresentou, de modo geral, em uma escala
crescente de 2013 a 2022, com exceção entre os anos de 2019 e 2020, onde houve uma redução de
1,6%, provavelmente em decorrência do início da pandemia covid 19, conforme Tabela 4.
Tabela 4: Mortalidade de câncer colorretal (C18, C19, C20 e C21) no Brasil de 2013 a 2022 por
região.
Ano Norte Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste Total
2013 467 2.242 3.170 8.585 951 15.415
2014 504 2.366 3.229 9.206 1.021 16.326
2015 519 2.566 3.345 9.164 1.103 16.697
2016 634 2.690 3.546 9.719 1.110 17.699
2017 671 2.937 3.763 10.176 1.320 18.867
2018 730 3.092 3.808 10.653 1.323 19.606
2019 697 3.186 3.980 11.291 1.424 20.578
2020 753 3.238 4.041 10.794 1.419 20.245
2021 730 3.364 4.249 11.293 1.388 21.024
2022 762 3.279 4.188 11.456 1.430 21.115
Total 6467 28.960 37.319 102.337 12.489 187.572
Fonte: DATASUS, 2023.
DISCUSSÃO
Diante das informações coletadas no Datasus, em relação à idade, ocorreu uma
predominância em idosos de 60 a 64 anos (15,8% dos casos analisados). Tal achado é semelhante ao
encontrado em estudos nacionais.8 De fato, a faixa de maior acometimento por CCR observada
geralmente encontra-se nessa idade.9
O CCR é mais expressivo após os 50 anos, ou seja, pessoas com idade mais avançada
possuem maior predisposição para o desenvolvimento do CCR. Embora haja o predomínio de
idosos de 60 a 64 anos entre os indivíduos estudados, programas educacionais e preventivos
fornecem informações de consciência sobre os sintomas de alerta aos jovens, visto que dentro desse
grupo, o CCR é casualmente diagnosticado de maneira mais tardia e em estágio avançado da
doença, levando ao pior prognóstico.
De fato, em um estudo de 2015, o câncer colorretal é uma das principais causas de morterelacionada ao câncer em idosos.10 Com o crescente aumento da expectativa de vida da população
idosa do país, surge a necessidade de fomento de políticas públicas de acompanhamento e rastreio
de CCR nas faixas de idade mais avançadas.
Não obstante, ressalta-se o contraste com estudos que apontam o aumento de câncer
colorretal em pacientes com menos de 50 anos, a partir da década de 1990.11 De fato, segundo dados
dos anos de 1998 a 2009 do National Program of Cancer Registries (Programa Nacional de
Registros do Câncer), o câncer colorretal está se elevando entre os adultos abaixo de 50 anos, por
razões em grande parte desconhecidas, e diminuindo entre adultos acima dessa idade,
provavelmente por causa do aumento da captação de triagem de colonoscopia nos Estados Unidos.9
Siegel e colaboradores sugeriram que o aumento da prevalência nas últimas três décadas de
obesidade e diabetes tipo 2, que são fatores de risco para CCR, pode explicar parcialmente o
aumento das taxas de incidência de CCR em adultos jovens.11 Estes relatos demonstram a
necessidade de rastreio em público mais jovem e com fatores de risco associados.
No que tange ao gênero, houve uma discreta predominância de casos no sexo feminino
(51%). No entanto, em um estudo realizado em 2018, relata-se que o câncer colorretal é mais
comum em homens do que em mulheres.12 Ainda nesse sentido, dentre as variações referentes ao
local acometido no trajeto colorretal, o Nurses' Health Study (Estudo de Saúde de Enfermeiros)
aponta que o gênero feminino é um dos 24 fatores de risco associados ao câncer colorretal de
localização proximal.13
Foi notório o aumento de 48,6% do número de diagnósticos do ano de 2017 para o de 2018.
Tal achado pode estar relacionado à preconização de políticas de rastreio precoce, como o Guide To
Cancer Early Diagnosis (Guia para o diagnóstico precoce do câncer), publicado pela Organização
Mundial da Saúde em 2017.14 De fato, no Brasil, o Caderno de Atenção Primária Rastreamento,
publicado em 2010, recomenda o rastreamento do CCR em adultos de 50 a 75 anos de idade.7
Por outro lado, à despeito das recomendações, ressalta-se que maiores aprimoramentos no
rastreio de câncer colorretal assintomático no Brasil pelo SUS, como a política de rastreio de câncer
colorretal para mulheres, foi instaurado definitivamente apenas no ano de 2022, com a lei
14.335/22, que propõe o oferecimento de colonoscopia além dos tradicionais exames de rastreio de
câncer do gênero, como o citopatológico do colo uterino e o mamográfico.15
https://www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/2022/lei-14335-10-maio-2022-792608-norma-pl.html
Os dados do tratamento revelam que não há informação se 23,3% dos pacientes fizeram
algum tipo de tratamento, ou da modalidade de tratamento utilizada nesses casos. Tais números
podem estar associados a fatores que influenciaram no registro do tratamento pelo sistema público,
como a subnotificação e falhas no registro do tratamento, ou mesmo que o tratamento foi realizado
via rede privada.7 Tal fato reforça a necessidade de incentivo aos Sistemas de Saúde, público ou
privado, para que todos os atendimentos e tratamentos sejam notificados de forma correta.
Sabe-se que países desenvolvidos estão em maior risco de câncer de cólon e reto do que
países em desenvolvimento. Especificamente, países do norte e sul da Europa, Austrália/Nova
Zelândia são as regiões de maior incidência.16 Estudos indicam que tal fato pode estar relacionado
ao estilo de vida e alimentação de países desenvolvidos, que priorizam alimentos processados e têm
índices maiores de sobrepeso, que são fatores de risco para câncer colorretal.17
Nesse sentido, percebe-se uma maior concentração dos óbitos na região sudeste (54,5%)
seguida da região sul (19,9%). Segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), os
estados das regiões sul e sudeste detém 91% dos municípios mais desenvolvidos do país.18 A partir
disso, infere-se que, semelhantemente aos países citados, o número de óbitos na região sudeste e sul
do país pode estar relacionado aos hábitos alimentares dessas regiões, relacionados à
industrialização.19
Por outro lado, pesquisas apontam que, em geral, o CCR tem maior incidência e as menores
taxas de mortalidade em países de alta renda, e baixa incidência e altas taxas de mortalidade em
países de baixa e média renda como o Brasil.20 Dessa forma, o alto índice de mortalidade nas
regiões citadas, a despeito de seus percentuais de industrialização, ainda pode estar associado a
problemas na macroestrutura de saúde do país, como no campo da prevenção.
CONCLUSÃO
Ter ciência da distribuição de fatores de risco para câncer colorretal em uma população
contribui em suporte para identificar os grupos de maior risco que poderiam se beneficiar de um
programa sistemático para a detecção precoce da doença, preservando a saúde e a qualidade de vida
dos pacientes. A pesquisa acerca do câncer colorretal tem sua importância a nível epidemiológico,
uma vez que evidencia e acompanha o perfil da patologia na população, auxiliando nas tomadas de
decisão dos órgãos públicos quanto a políticas de prevenção, diagnóstico e tratamento.
Dessa forma, pode-se sugerir que o câncer colorretal representa um problema de saúde
pública que necessita de atenção elevada. Nesse sentido, o Sistema Único de Saúde dispõe de
política pública de saúde voltada para o câncer colorretal, mas precisa ser cada vez mais
intensificada, principalmente no que se diz respeito à implementação de uma política de rastreio de
pólipos e outras lesões, não somente em pacientes com fatores de risco, mas também naqueles que
apresentem sintomas sugestivos de CCR. É necessário maiores capacitações na área abordada para
que os profissionais de saúde se reconheçam aptos para identificar sinais e sintomas suspeitos de
câncer, bem como estabelecerem acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde. Assim, os dados
encontrados neste estudo podem contribuir na melhoria da assistência à clientela assistida pelo SUS,
além de colaborar com a escassa literatura sobre o perfil epidemiológico do CCR no cenário
nacional.
REFERÊNCIAS
1. Instituto Nacional do Câncer (Brasil). Câncer de intestino. [Brasília, DF]: Instituto Nacional
do Câncer, 2021. [citado 2021 dez]. Disponível em:
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-intestino.
2. Menezes CCS de, Ferreira DBB, Almeida Faro FB de, Bomfim MS, Trindade LM de F.
Câncer colorretal na população brasileira: taxa de mortalidade no período de 2005-2015.
Rev. Bras. Promoç. Saúde (Impr.). 2016;172-179. Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-827496.
3. Gomes CIMR, Furtado PCF, Silva CSF da, Coelho M, Rocha DC, Coutinho FL da S. Estudo
sobre a acurácia da colonoscopia na detecção do câncer colorretal. Rev. Méd. Minas Gerais.
2013.
4. Santos TP, Carvalho LP, Souza ECR. Conhecimento dos usuários do serviço público de
saúde sobre câncer colorretal e sua prevenção. Rev. AMRIGS. 2013;31-38. Disponível em:
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