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Livro Texto - Unidade III

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128
Unidade III
Unidade III
7 PERFIL BIOQUÍMICO DAS ENFERMIDADES ÓSSEAS
7.1 Metabolismo dos íons (cálcio e fósforo)
O cálcio e o fósforo são os principais minerais responsáveis pela saúde óssea. A matriz óssea é 
formada de uma parte flexível e orgânica, com cerca de 35% da composição do osso apresentando 
colágeno tipo 1, e uma parte rígida e inorgânica, cerca de 65%, impregnada por cristais de hidroxiapatita 
– Ca10(PO4)6(OH)2 – e substância fundamental amorfa (SFA), nada mais que um gel incolor, hidratado, 
composto de proteoglicanas, glicosaminoglicanas (condroitin e queratan sulfato), proteínas envolvidas 
na mineralização (osteocalcina), proteínas ligantes de cálcio (osteoconectina, sialoproteína), proteínas 
de adesão celular (osteopontina, fibronectina), citocinas, fatores de crescimento, enzimas e água.
 Observação
O colágeno contém muitos aminoácidos prolina e lisina que serão 
hidroxilados (ou seja, sofrerão a adição de hidroxila) pela ação da vitamina C. 
Esses íons -OH irão colaborar para o aumento do número de pontes de 
hidrogênio entre as três cadeias polipeptídicas do colágeno.
As células chamadas osteoblastos promovem a síntese das fibras de colágeno e a concentração do 
cálcio e do fósforo provenientes do sangue (precipitando-se na forma de cristais de hidroxiapatita). Os 
osteoblastos transformam-se em osteócitos que não produzem mais a matriz óssea, mas atuam na sua 
manutenção, havendo, após a morte dessas células, a reabsorção da matriz. As células responsáveis por 
tal reabsorção, retirando a hidroxiapatita, degradando o colágeno e liberando esses produtos no sangue, 
são os osteoclastos. Logo após esse processo de absorção, ocorre a remodelação do tecido ósseo.
Os cristais de hidroxiapatita são compostos de cálcio e fósforo, os chamados minerais principais ou 
elementos essenciais (pois, caso haja uma ingestão insuficiente de qualquer um deles, por meio da dieta, 
doenças carenciais poderão se desenvolver). Outros exemplos de elementos principais ou essenciais são 
magnésio, sódio, potássio, ferro, enxofre e cloro.
Já os elementos traço são aqueles que o corpo humano necessita em quantidades muito pequenas 
(por isso, às vezes são chamados de oligoelementos), como é o caso de iodo, cobre, zinco, manganês, 
cobalto, molibdênio, cromo, flúor, níquel, vanádio, silício, boro e alumínio.
7.1.1 Metabolismo do cálcio
Podemos dizer que o elemento cálcio é o mineral mais importante para o funcionamento do corpo 
humano. Cerca de 1% a 2% do peso corpóreo de um adulto está relacionado a esse íon, presente, 
majoritariamente, na forma de ossos e dentes. Mas o cálcio não participa apenas da rigidez dos ossos 
129
BIOQUÍMICA CLÍNICA
e dentes, desempenhando também outras funções como excitabilidade neuromuscular, permeabilidade 
da membrana, coagulação sanguínea, sinalizador celular e cofator enzimático.
As necessidades diárias de ingestão de cálcio variam conforme a faixa etária, sendo maior na infância 
e adolescência (por causa do crescimento ósseo), na gravidez e na lactação (situações em que há uma 
deficiência de cálcio), e na atividade física (quando há absorção de cálcio). A recomendação para adultos 
(homens e mulheres) é de 1.000 mg/dia de cálcio, enquanto os adolescentes devem consumir 1.300 mg/dia. 
Alguns estudos sugerem que tanto o excesso quanto a falta não fazem bem à saúde, havendo risco de 
fraturas com uma ingestão diária abaixo de 800 mg e risco de problemas digestivos, cálculos renais, 
arritmias cardíacas e infarto do miocárdio, por deposição de cálcio na parede das artérias, quando tal 
ingestão excede os limites adequados.
Leite e derivados são importantes fontes de cálcio, mas a cada dia vemos mais pessoas com 
intolerância à lactose, dificultando a ingestão de cálcio por essa via. Nesse caso, outras fontes possíveis 
são folhas escuras (como espinafre e acelga), soja, feijão-branco, gergelim, grão-de-bico, brócolis, 
linhaça e aveia, entre outros.
A absorção do cálcio se dá no intestino delgado, sendo realizada de forma ativa pela mediação da 
vitamina D (chamada de 1,25-dihidroxivitamina D ou 1,25(OH)2D) e a ligação a uma proteína ligadora 
de Ca (Ca-Bp), e de forma passiva pela difusão simples ou facilitada com a ajuda do paratormônio 
(PTH) e do hormônio do crescimento (GH). Hormônios como glicocorticoides, excesso de hormônios 
tireoidianos e possivelmente calcitonina diminuem a absorção desse íon. A sua biodisponibilidade (que 
é a digestibilidade ou solubilidade para sua absorção) pode ser influenciada negativamente caso ocorra 
formação de sais insolúveis do cálcio com ácido fítico ou oxálico (que podem ser encontrados em fibras, 
importantes para o funcionamento do intestino) e formação de sabões (sabão de cálcio) pelo excesso de 
gordura, além de presença de cafeína e ferro.
 Saiba mais
Nem todo cálcio ingerido é absorvido pelo corpo. Com o aumento 
da idade, podem ocorrer deficiência dietética de cálcio e diminuição na 
produção de vitamina D (provavelmente pela menor exposição aos raios 
solares). Completando o quadro, comumente há uma piora da função 
renal (e consequentemente da produção renal de vitamina D). No caso 
das mulheres, deve-se contar ainda com um agravante: em razão da 
menopausa, há uma diminuição do estrógeno, hormônio relacionado 
à retenção do cálcio no osso, processo esse que acaba estimulando a 
osteoporose. Você pode conhecer mais detalhes sobre o assunto por meio 
do artigo indicado a seguir.
BUZINARO, E. F.; ALMEIDA, R. N. A.; MAZETO, G. M. Biodisponibilidade de 
cálcio dietético. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Matabologia, v. 50, 
n. 5, p. 852-861, 2006. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0004-27302006000500005. Acesso em: 20 dez. 2020.
130
Unidade III
O cálcio do sangue encontra-se na forma ionizada (Ca2+) e ligado à albumina. Ele vai para o líquido 
extracelular (LEC) e entra nas células. (LIC ou líquido intracelular). Esse mineral pode:
• ir para os dentes e ossos com a ajuda da vitamina D;
• ir para o fígado (bile) e daí para o intestino, sendo liberado nas fezes;
• ser filtrado nos rins e reabsorvido graças ao PTH e à vitamina D.
Rins
Paratireoide
Tireoide
Intestino
Cálcio Ca2+
Sangue
Osso 
Dente
Fígado
PTH
Urina
Calcitonina
Boca Ânus
Vit D Bile
LEC LIC
Figura 56 – Esquema do metabolismo do cálcio com a entrada e saída do osso (LEC=líquido extracelular, 
LIC= líquido intracelular, PTH = paratormônio)
Quando baixa a calcemia, a glândula paratireoide libera o PTH e as células produtoras de calcitonina 
da tireoide são inibidas. Quando a calcemia está elevada, ocorre o contrário: a calcitonina é secretada 
e a paratireoide é inibida. O hormônio PTH aumenta o nível de cálcio no sangue atuando no osso, no 
rim (visa à reabsorção) e no intestino (PTH e vitamina D aumentam a absorção intestinal), enquanto a 
calcitonina diminui o cálcio no sangue (hormônio hipocalcemiante).
 Observação
Sustentação de peso e estiramento muscular, repouso, falta de gravidade 
e imobilização causam rarefação do osso, enfraquecendo-o.
Hipercalcemia
O excesso de cálcio no sangue pode ocorrer nas seguintes situações:
• maior entrada de cálcio no sangue e sua deposição no osso;
• saída pela urina deficiente.
131
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Normalmente, a reabsorção óssea ligada ao câncer é o maior fator de hipercalcemia, mas essa 
condição também pode estar relacionada ao hiperparatireoidismo, à imobilização prolongada ou mesmo 
à ingestão exagerada de cálcio (na forma de antiácidos).
Os sintomas iniciais incluem fadiga, náuseas, vômitos, poliúria, polidipsia, desidratação, cefaleia, 
perda de memória, torpor, problemas cardíacos e coma. Para diagnóstico laboratorial, pode-se pedir 
dosagem de cálcio total e ionizado no soro, além de se analisarem a filtração glomerular (depuração de 
creatinina), a dosagem do PTH e a dosagem de vitamina D. Os achados de ultrassom de pescoço com 
cintilografia, ultrassonografia de rins e vias urinárias podem ajudar na avaliaçãodo quadro clínico. A 
hipercalcemia pode ser tratada com hidratação e diuréticos de alça, como a furosemida, para aumentar 
a excreção urinária desse mineral.
Hipocalcemia
Trata-se de um quadro clínico que ocorre associado à alteração do fósforo (hipocalcemia com 
elevação ou com redução do fósforo no sangue).
O quadro de hipocalcemia e hiperfosfatemia pode estar associado a hipoparatireoidismo, situações 
de pós-operatório e pós-radioterapia etc. Já o quadro de hipocalcemia e hipofosfatemia está associado 
com carência de vitamina D (ou pouca exposição aos raios solares), problemas de má absorção intestinal 
e doenças hepáticas.
Os sintomas vão de fraqueza muscular até a perda de memória, confusão mental, alucinação, 
tremores, convulsões e depressão. No laboratório clínico, pode-se pedir dosagem de cálcio total e iônico, 
albumina sérica, fósforo e PTH, além da dosagem de magnésio, creatinina e vitamina D. Nos achados 
radiológicos, podemos citar calcificações intracranianas e alterações no eletrocardiograma. Por fim, o 
tratamento é realizado com a infusão de sais de cálcio no sangue ou vitamina D.
7.1.2 Metabolismo do fósforo
O fósforo não está em sua forma livre no sangue, mas, sim, na forma de fosfato, mais precisamente 
em compostos relacionados à energia do corpo (como ATP e fosfocreatina), à ativação de substâncias 
(como aminoácidos, glicose, nucleotídeos e fosfolipídios), além de fazer parte da constituição de 
ossos e dentes.
Os alimentos que apresentam cálcio são os mesmos que apresentam fósforo: cereais, nozes, 
amendoim, amêndoas, leite e seus derivados (incluindo sorvetes e iogurtes), vísceras (miolos, fígado, 
coração, língua, rins etc.), ervilha, feijão, chocolate, farinha de trigo integral, refrigerantes à base de cola, 
cerveja e alguns legumes, todos eles apresentam níveis elevados de fósforo. Atualmente, também é usado 
como aditivo alimentar por retardar a rancidez e remover os íons ferro e cobre, que são responsáveis 
pela auto-oxidação de lipídios na carne (como em presuntos e frangos congelados pré-embalados).
132
Unidade III
Os sintomas da deficiência de fósforo são diminuição de apetite, anemia, fraqueza muscular, dor 
nos ossos e maior suscetibilidade a infecções. Quanto ao seu metabolismo, trata-se de um processo 
relacionado diretamente ao PTH, como representado na figura a seguir
Rins
Paratireoide
Intestino
Fosfato PO4
2-
Sangue
Osso 
Dente
Fígado
PTH
Urina
Boca Ânus
Vit D Bile
LEC LIC
Figura 57 – Visão geral do metabolismo do fósforo. A deficiência de vitamina D provoca uma diminuição 
na eficiência da absorção intestinal de cálcio e fósforo, resultando em um aumento nos níveis de PTH
Hiperfosfatemia
O aumento de fosfato no sangue pode ser decorrente dos seguintes fatores:
• não ser excretado na quantidade correta, tendo sua concentração no sangue aumentada (caso 
da doença renal crônica, do hipoparatireoidismo, da hemólise, da rabdomiólise, da hipertermia 
maligna, da leucemia e do linfoma);
• haver aumento na ingesta;
• haver tratamento com vitamina D;
• haver redistribuição do fósforo intracelular (acidose respiratória).
A hiperfosfatemia grave pode induzir a hipocalcemia (lembre-se da função do PTH no metabolismo 
desses dois íons), causando tetania e calcificações ectópicas (articulações e tecidos moles, assim como 
pulmão, rim e conjuntiva), com a possibilidade de calcificações pseudotumorais.
No laboratório clínico, podemos diagnosticar esse quadro pelas dosagens de fósforo, cálcio total 
e iônico, albumina, magnésio e PTH analisadas em conjunto com achados radiográficos evidenciando 
calcificações de tecidos moles, articulações e depósitos pseudotumorais. Quanto ao tratamento, agentes 
quelantes de fósforo orais, como sais de alumínio, sais de cálcio e sais de magnésio, são comumente usados.
133
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Hipofosfatemia
O decréscimo de fosfato no sangue pode ser decorrente dos seguintes fatores:
• ingestão de fósforo insuficiente;
• deficiência de vitamina D;
• aumento da excreção renal (por hiperparatireoidismo ou insuficiência renal aguda), redução da 
absorção intestinal, diabetes mellitus, sepse, leucemias, problemas hepáticos e casos de alcoolismo.
Os sintomas da hipofosfatemia podem chegar a encefalopatia metabólica, hemólise, trombocitopenia 
e alterações da contratilidade muscular (podendo influenciar na contratilidade do miocárdio).
Para diagnóstico laboratorial, podemos citar dosagens de fósforo, cálcio total e iônico, albumina, 
magnésio, PTH, baixo número de glóbulos vermelhos e de plaquetas, além de achados radiográficos. A 
reposição oral de sais de fósforo é o método mais usado para tratamento.
7.2 Patologias mais comuns ligadas ao metabolismo de cálcio e fósforo
7.2.1 Osteoporose
Situação em que há redução da densidade dos ossos, enfraquecendo-os e possibilitando fraturas. 
Vale destacar que os sintomas não se apresentam até ocorrer a fratura e que, embora a maior parte das 
fraturas seja dolorosa, algumas não causam dor, mas podem gerar deformidades.
O envelhecimento, a deficiência de estrogênio, o baixo nível de vitamina D ou de ingestão de cálcio, 
além de alguns distúrbios, podem diminuir os valores dos componentes que mantêm a densidade óssea 
e a força. A osteoporose pode, geralmente, ser prevenida e tratada gerenciando-se os fatores de risco e 
garantindo a adequada ingestão de cálcio e de vitamina D, bem como através da prática de exercícios 
de suporte de peso e da ingestão de bifosfonatos ou outros medicamentos.
Sabe-se que na infância e na juventude, a formação de ossos sobrepõe-se ao seu processo de 
degradação, aumentando em densidade progressivamente até cerca de 30 anos (período que estão 
mais fortes). No entanto, depois desse período, a degradação excede a formação, de forma que os 
ossos passam a ter sua densidade diminuída. Se o corpo for incapaz de manter uma quantidade 
adequada de formação óssea, os ossos continuam perdendo densidade e podem se tornar cada vez 
mais frágeis, levando à osteoporose. Na juventude, os ossos crescem (em largura e comprimento) à 
medida que o corpo cresce, já em idosos os ossos podem, algumas vezes, aumentar em largura, mas 
não em termos de comprimento.
134
Unidade III
 Observação
Você já reparou que seus dentes se “movem”, podendo ficar 
“encavalados”? A explicação para isso é a remodelação óssea. Para que 
os ossos possam se ajustar às novas exigências, eles são degradados e 
remodelados, continuamente. Nesse processo, pequenas áreas do tecido 
ósseo são removidas continuamente e um novo tecido ósseo é depositado, 
afetando não apenas a forma como também a densidade dos ossos.
Antes de prosseguirmos, é preciso assinalar que há dois tipos de osteoporose: a primária (espontânea) 
e a secundária (causada por outra doença ou medicamento).
Baixos níveis de estrogênio estão associados à osteoporose em mulheres e homens, no entanto, 
no caso dos homens, se tal fato somar-se à baixa de hormônios sexuais masculinos, o quadro será 
pior. Como dito anteriormente, o risco de desenvolver osteoporose está relacionado com o uso de 
alguns medicamentos, mas também com o uso de tabaco, o consumo excessivo de álcool, o histórico 
familiar de osteoporose, alguns tipos de doença (como doença renal crônica e distúrbios hormonais 
– especialmente doença de Cushing, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, hipogonadismo, níveis 
elevados de prolactina e diabetes mellitus) e certos tipos de câncer (como mieloma múltiplo).
Nos ossos longos, como os dos braços e das pernas, a fratura ocorre normalmente nas extremidades 
dos ossos, não em sua região central, e nas vértebras, ocorrem geralmente no meio ou na parte inferior das 
costas. Se várias vértebras quebrarem, uma curvatura anormal da coluna vertebral pode se desenvolver 
(corcunda de viúva), causando tensão muscular e dor, bem como deformidade.
Quanto aos exames, podem ser feitas dosagens sanguíneas de cálcio, vitamina D e hormônios, além 
de perfil hepático e renal (no caso de osteoporosesecundária). Cabe ressaltar que todas as mulheres com 
65 anos ou mais devem fazer o exame de densidade óssea (teste indolor, com pouca radiação), exame 
de grande importância por poder diagnosticar a osteopenia (quando a densidade óssea está diminuída, 
mas não como na osteoporose).
7.2.2 Osteomalácia
Osteo significa osso e malácia, amolecimento. Tal quadro pode ser descrito como o enfraquecimento 
e a desmineralização dos ossos no adulto, circunstância que os deixa fracos e sujeitos a fraturas. Na 
prática, pode se apresentar como uma osteopenia e o paciente pode ter dor óssea.
As principais causas da osteomalácia são deficiência de vitamina D, falta de exposição ao sol (a 
vitamina D é ativada pelos raios ultravioletas) ou falta de cálcio na dieta. Entre outras possíveis causas 
temos hepatopatias crônicas, insuficiência renal, câncer, acidose, uso prolongado de anticonvulsivantes 
etc. Como o osso contém fósforo, a deficiência desse mineral na dieta está relacionada com a saúde 
óssea também.
135
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Sensação de dormência ao redor dos lábios, nos braços ou nas pernas e espasmos musculares 
nas mãos, pés e garganta, além de dores ósseas e fraqueza muscular são os principais sintomas da 
osteomalácia. Para fazer o diagnóstico, além da análise dos sintomas, os índices plasmáticos de cálcio, 
fósforo e da fosfatase alcalina, considerados em conjunto com os exames de imagem, fecham o quadro 
clínico. O tratamento dessa patologia geralmente está ligado ao aumento de fosfatos e de vitamina D 
na dieta, por meio de alimentos como manteiga, ovos, óleo de fígado de peixe, derivados de leite, sucos 
de frutas e peixes como atum e salmão. Por fim, a prevenção da osteomalácia baseia-se em dietas com 
cálcio, fósforo e vitamina D, além de exercícios ao sol.
7.2.3 Raquitismo
O raquitismo consiste em uma patologia relacionada a defeitos na mineralização óssea, defeitos 
esses iniciados na infância. Como causas, podemos citar deficiências nutricionais (de vitamina D, 
cálcio e fósforo), doenças gastrointestinais crônicas (particularmente a cirrose biliar primária), nutrição 
parenteral prolongada, lesões tubulares renais e insuficiência renal crônica.
 Observação
O raquitismo em adultos é conhecido como osteomalácia ou 
ossos moles.
Os sintomas mais comuns são deformidades ósseas, como maior espessura, maior extensão e 
menor grau de mineralização. O diagnóstico físico é feito com base em fraqueza muscular, dor óssea 
generalizada, deformidades de ossos longos e fraturas patológicas, levando a déficit de crescimento e 
anormalidades cranianas. Nesse quadro, os achados radiológicos mostram alterações mais frequentes 
em ossos longos.
No laboratório clínico verificamos valores baixos ou normais de cálcio e fósforo e níveis elevados 
da fosfatase alcalina no sangue, refletindo o aumento da remodelação óssea, além de PTH elevado no 
sangue e níveis baixos de vitamina D. O exame de densitometria óssea não irá apresentar osteopenia nem 
osteomalácia no caso do raquitismo hipofosfatêmico, embora as manifestações clínicas e radiológicas 
sejam parecidas com o raquitismo por falta de cálcio, mas, como a calcemia é normal, não há estímulo 
na paratireoide (hiperparatiroidismo secundário), não havendo reabsorção óssea.
Vários tipos de câncer podem levar ao raquitismo hipofosfatêmico oncogênico, pois essas células 
transformadas produzem proteínas (fatores) que agem nos túbulos renais, inibindo a reabsorção 
proximal de fósforo.
A vitamina D pode ser obtida por duas vias: síntese a partir do acetil Co-A e ativada pela exposição 
solar (durante 20 minutos, sem protetor solar) ou através da alimentação (sendo necessária sua ativação 
também). Como a síntese pode ser realizada também nos rins, pacientes com insuficiência renal crônica 
não são capazes de produzir vitamina D ativa suficiente. A vitamina D inibe a produção do PTH e 
mantém as concentrações de cálcio e fósforo normais no osso.
136
Unidade III
 Saiba mais
A vitamina D é muito mais que uma vitamina; certos pesquisadores 
veem-na, inclusive, como se fosse um hormônio. Sua carência está 
relacionada não só com a saúde óssea, mas também com o risco de 
desenvolvimento de alguns tipos de câncer, com o aparecimento de diabetes, 
hipertensão e abortos no início da gestação, pode ainda estar relacionada 
com doenças neurodegenerativas e autoimunes, como esclerose múltipla, 
Alzheimer e Parkinson. Você pode obter mais detalhes sobre esse assunto 
por meio do artigo indicado a seguir.
GRANT, W. Vitamin D may reduce the risk of dominantly inherited 
Alzheimer’s disease. Disponível em: https://celsogallicoimbra.com/2012/0 
7/26/vitamina-d-e-alzheimer-vitamin-d-may-reduce-the-risk-of-do 
minantly-inherited-alzheimers-disease/. Acesso em: 20 dez. 2020.
7.3 Marcadores bioquímicos de metabolismo ósseo atualmente em uso
Os principais marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo atualmente em uso são divididos entre 
os que refletem formação e os que refletem reabsorção do osso.
A remodelação óssea apresenta um ritmo circadiano, com maiores níveis durante a noite, motivo 
pelo qual a primeira urina da manhã (ou a amostra de soro coletada nesse horário) reflete o pico 
de reabsorção óssea, apresentando valores seguramente mais altos que uma amostra colhida em 
outro horário.
Os melhores marcadores séricos de formação (fosfatase alcalina óssea e osteocalcina) devem ser 
considerados mediante a interpretação dos valores de meia-vida biológica, pois a fosfatase alcalina 
óssea tem em torno de 1,6 dia, e a osteocalcina menos de uma hora de existência. Dessa forma, crises 
agudas estão relacionadas com os níveis de osteocalcina. 
Deve-se ressaltar que o ciclo menstrual pode influenciar nos níveis de marcadores bioquímicos, 
estando esses mais elevados durante a fase lútea (em comparação com a fase folicular).
7.3.1 Marcadores de reabsorção óssea
A seguir temos os principais marcadores de reabsorção óssea. Vejamos cada um deles.
• Fosfatase alcalina óssea: apresenta sequência igual à da isoenzima hepática (fosfatase alcalina 
hepática), estando em quantidades equivalentes no soro, mas podendo ser separadas por meio 
das diferenças na glicosilação após sua síntese.
137
BIOQUÍMICA CLÍNICA
• Osteocalcina: é uma proteína de matriz óssea marcadora da atividade do osteoblasto, ou seja, está 
envolvida na formação do osso, não sendo um marcador de reabsorção óssea. É destruída quando 
há reabsorção pelos osteoclastos.
• Hidroxiprolina urinária: com o desenvolvimento dos métodos mais específicos para avaliação da 
reabsorção óssea, essa técnica tem sido abandonada.
• Interligadores do colágeno (cross-links): estruturas interligadoras composta de três radicais 
hidroxilisina (chamada de piridinolina) ou uma lisina e duas hidroxilisinas (deoxipiridinolina). 
As piridinolinas atuam como interligadores nos colágenos tipo I, II e III, sendo encontrada na 
maioria dos tecidos. Quando acontece a reabsorção óssea, os osteoclastos secretam uma mistura 
de proteases ácidas e neutras que degradam as fibrilas colágenas em fragmentos de diferentes 
tamanhos, os quais são lançados no sangue, chegam ao fígado e são metabolizados; então, os 
metabólitos produzidos vão para o sangue e para os rins, onde serão excretados.
Os exames de check-up com marcadores bioquímicos e uso de imagem têm a função de diagnóstico 
e seguimento/tratamento da osteoporose.
7.4 Perfil funcional tireodiano: triiodotironina total e livre, tetraioiodotironina 
e calcitonina
A glândula tireoide localiza-se sobre a traqueia e apresenta dois lobos (um de cada lado da laringe) 
pesando aproximadamente 20 gramas, com formato de borboleta.
Os hormônios da tireoide (T3 e T4) atuam em várias reações químicas do organismo: regulando o 
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas; influenciando desde o crescimento e desenvolvimento 
do organismo até questões como ciclo menstrual, fertilidade, perda de cabelos, emagrecimento etc.
Podem ocorrer sintomas psicológicos tanto no hipotireoidismocomo no hipertireoidismo, entre os 
quais dificuldade de raciocínio, insônia, ansiedade até depressão grave.
A tireoide é formada por células chamadas de parafoliculares (que produzem calcitonina) e células 
foliculares, que contêm substância amorfa de nome colóide, composto de glicoproteína chamada 
tireoglobulina (Tg) na qual o íon iodeto, que veio do plasma, se liga em suas tirosinas na forma de 
iodo por intermédio da enzima peroxidase que oxida iodeto em iodo. Essa enzima é estimulada pelo 
hormônio da hipófise TSH - hormônio estimulante da tireoide, que por sua vez é estimulada por fator 
de liberação de tireotropina (TRF) produzido no hipotálamo.
 Lembrete
O hormônio hipocalcemiante, já citado anteriormente, inibe a ação dos 
osteoclastos, ou seja, inibe a reabsorção óssea.
138
Unidade III
A Tg é uma forma de armazenamento de precursores de T3 e T4, pois dispõe de monoiodotirosina 
(MIT) e diiodotirosina (DIT), que se combinam da seguinte forma:
MIT + DIT = T3 e DIT + DIT = T4
 Lembrete
O T3 (hormônio tri-iodotironina) possui três átomos de iodo em sua 
molécula, enquanto o T4 (tetra- iodotironina ou tiroxina) possui quatro iodos.
Quando os níveis de T3 e T4 no sangue aumentam, o hipotálamo para de secretar TRF, que não 
estimula mais o TSH.
O T4 é metabolizado no fígado em sua forma mais ativa: o T3. Apesar de a maior parte do T3 ser 
derivada do T4, a tireoide também produz esse hormônio, ainda que em menores quantidades.
7.4.1 Patologias relacionadas com o funcionamento da tireoide
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é causado por qualquer alteração estrutural ou funcional que interfira na 
produção de níveis adequados do hormônio tireoidiano. As principais causas associadas são: tireoidite 
de Hashimoto, doença autoimune, deficiência de iodo, disgenesia tireoidiana e falência hipofisária.
O hipotireoidismo associado à tireoidite de Hashimoto é considerado a forma mais comum de 
hipotireoidismo. Nesse caso, anticorpos circulantes (sobretudo anticromossomais), antiperoxidase 
tireoidiana e antitiroglobulina são produzidos e direcionados contra a tireoide, normalmente 
associando-se ao aparecimento do bócio.
É comum na tireoidite de Hashimoto notar o aumento indolor da tireoide, bastante comum em 
mulheres na meia-idade.
Os sintomas variam conforme a idade em que se inicia a insuficiência da glândula tiroide, 
no entanto, entre os principais sinais e sintomas temos: fraqueza, fadiga, sinais da presença de 
mixedema (como pele áspera, seca, descamativa, sem elasticidade), rouquidão, anorexia, distensão 
abdominal e nistagmo.
139
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Figura 58 – Bócio indicando hipofunçao tireoidiana
O hipotireoidismo congênito (ou cretinismo) afeta o crescimento (levando à pequena estatura do 
indivíduo, uma vez que o esqueleto apresenta um crescimento deficiente), causando ainda debilidade 
mental, cabeça com um tamanho maior que o comum, assim como pernas curtas e falhas na dentição. 
No hipotireoidismo adulto os efeitos fisiológicos são outros, como queda da frequência cardíaca, apatia, 
aumento de peso e tumefação da pele (mixedema).
 Observação
O teste do pezinho é um exame laboratorial simples, mas com um 
importante objetivo: detectar doenças congênitas, doenças relacionadas 
a distúrbios do metabolismo e infecções. Tal exame se dá pela análise de 
gotas de sangue do recém-nascido.
Hipertireoidismo
Os sintomas mais frequentes são: intolerância ao calor, metabolismo basal alto, aumento da 
frequência cardíaca, perda de peso, tremor nas mãos, nervosismo e outras perturbações psíquicas. 
Também podem estar presentes protusão dos globos oculares (exoftalmia) e bócio (papo).
 Observação
O bócio pode ser endêmico, como resultado da falta de iodo em 
determinadas áreas geográficas. A falta de iodo no organismo impede 
a transformação da tiroglobulina em tiroxina, e o baixo teor de tiroxina 
no sangue, por sua vez, provoca a liberação constante de tirotrofina pela 
hipófise (feedback). Essa estimulação prolongada da glândula tireoidea, por 
fim, leva à hiperplasia (bócio).
140
Unidade III
Doença de Graves
A doença de Graves é a principal causa de hipertireoidismo. É uma doença autoimune de etiologia 
não esclarecida, com predisposição genética e influenciada por muitos fatores, podendo, inclusive, 
afetar a visão do indivíduo (nesse caso, temos a chamada oftalmopatia de Graves, que é alteração na 
órbita do olho).
Para se fazer o diagnóstico de doença de Graves, deve-se analisar sintomas e fazer o levantamento 
de hormônios da tireoide no sangue (como TSH, T4 e anticorpos contra a tireoide).
Como a tireoidite de Hashimoto, outro exemplo de doença autoimune que atinge a tireoide, a doença 
de Graves é uma condição autoimune na qual o sistema imunológico estimula excessivamente a tireoide, 
fazendo com que ela produza grandes quantidades de hormônio tireoidianos, consequentemente 
aumentando o volume da tireoide.
Para diagnóstico de doença de Graves, costuma-se medir dois anticorpos:
• anticorpo antirreceptor de TSH (denominado de TRAB) no soro, indicando doença autoimune 
em atividade; esse anticorpo ataca os receptores de TSH na tireoide e pode estimulá-los ou 
bloqueá-los (quando estimula os receptores causa hipertireoidismo e quando os bloqueia causa 
hipotireoidismo);
• anticorpos antitireoglobulina (TgAb), que se mostram elevados em outra patologia autoimune 
que afeta a tireoide, a tireoidite de Hashimoto.
O resultado de TSH reduzido com nível elevado de tiroxina livre (T4 livre) confirma o diagnóstico 
clínico de hipertireoidismo. No início da doença, a triiodotironina (T3 livre) eleva-se e o nível de T4 livre 
fica normal. No doente com hipertireoidismo e bócio difuso, os sinais de oftalmopatia e dermopatia são 
suficientes para confirmar o diagnóstico. Concentrações elevadas de anticorpos anti-TPO e cintilografia 
detectam bócio difuso (mostrando captação de iodo difusa).
Tireodite de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto (ou tireoidite linfocítica crônica) consiste na inflamação da tireoide causada 
por um erro do sistema imunológico (doença autoimune), com o organismo fabricando anticorpos 
contra a tireoide. Essa doença está relacionada com áreas onde há deficiência de iodo, levando as 
pessoas a apresentarem bócio e hipotireoidismo.
141
BIOQUÍMICA CLÍNICA
 Saiba mais
Em 1953 foi promulgada no Brasil uma lei que obriga a iodação do sal; 
logo após, vários países resolveram adotar o mesmo procedimento. O sal 
de cozinha brasileiro apresenta uma quantidade de iodo que varia entre 
15 mg/kg e 45 mg/kg. Com essa medida, os casos de bócio por falta de iodo 
diminuíram, no entanto, os casos de bócio persistem, ainda que por outras 
causas (como hipertireoidismo, tireoidite de Hashimoto, tumores, infecções 
e o uso de alguns medicamentos).
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos 
Jurídicos. Lei n. 6.150, de 3 de dezembro de 1974. Dispõe sobre a 
obrigatoriedade da iodação do sal, destinado ao consumo humano, 
seu controle pelos órgãos sanitários e dá outras providências. Brasília, 
1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6150.
htm#:~:text=O%20PRESIDENTE%20DA%20REP%C3%9ABLICA%20
%2C%20fa%C3%A7o,metaloide%20por%20quilograma%20do. Acesso 
em: 20 dez. 2020.
A dieta com pouco iodo pode levar a natimortos, no caso de gestantes, além do nascimento de 
crianças com baixo peso, aumento da probabilidade de abortos e também de mortalidade materna.
Entre os distúrbios por deficiência de iodo (DDI), podemos citar também: cretinismo em crianças 
(retardo mental grave e irreversível), surdo-mudez e anomalias congênitas, bem como a manifestação 
clínica mais visível, o bócio (crescimento da glândula tireoide).
A antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO) é um anticorpo que ataca a glândula tireoide e, se estiver 
alto em relação ao nível de referência, indica lesão autoimune da glândula, que pode se dar, como visto 
anteriormente, em decorrência da tireoidite de Hashimoto ou da doença de Graves.
Cansaçoe intolerância ao frio são sintomas iniciais e os pacientes deverão tomar hormônio 
tireoidiano pelo resto da vida. Níveis sanguíneos dos hormônios tireoidianos tiroxina (T4) e triiodotironina 
(T3) e do hormônio estimulante da tireoide (TSH), além dos anticorpos antitireoidianos, conduzem ao 
diagnóstico final.
Algumas pessoas apresentam uma função normal da tireoide, mas, em razão do desenvolvimento de 
doenças preexistentes como diabetes ou outras doenças autoimunes (caso de anemia perniciosa, artrite 
reumatoide, síndrome de Sjögren ou lúpus eritematoso sistêmico) a glândula se torna hipoativa. A esse 
rol podemos adicionair ainda casos de anomalias cromossômicas como síndrome de Down, síndrome de 
Turner e síndrome de Klinefelter.
142
Unidade III
De forma geral, os exames de laboratório que refletem o perfil da tireoide são TSH, T3 Total, T3 
Livre, T4 Total e T4 Livre, além da determinação de anticorpos contra a tireoide. Para saber a causa da 
disfunção, deve-se pedir exames complementares (hemograma, exames imunológicos e de imagem).
É importante ressaltar que o TSH é o teste mais confiável para detectar hipo e hipertireoidismo. 
Quando uma pessoa apresenta sintomas ligados ao hipertireoidismo, como nervosismo, perda de peso, 
irritabilidade e náuseas, pede-se TSH ou T4, e T3, que pode estar aumentado, diminuído ou normal (não 
esqueça que o T4 se transforma em T3 quando necessário). Vejamos algumas possibilidades.
• T3 total: T3 livre (hormônio que está ativo) + T3 ligado a proteínas.
• T3L ou simplesmente T3 alto: confirma o diagnóstico de hipertireoidismo (doença de Graves).
• T3L ou simplesmente T3 baixo: pode indicar tireoidite de Hashimoto, hipotireoidismo neonatal ou 
hipotireoidismo secundário.
• T3 reverso: é a forma inativa do hormônio derivada da conversão do T4; nos pacientes com 
hipotireoidismo tem índices baixos e nos pacientes com hipertireoidismo está elevado.
• T4 total (T4 livre + T4 ligado a proteínas): o T4 é transportado pelo sangue até os órgãos ligado a 
proteínas, mas está inativo, tornando-se ativo ao chegar nos tecidos, sendo, então, liberado.
• T4 livre: hormônio ativo (menos de 1% do T4 total).
• Anticorpo anti-peroxidase (anti-TPO): detecta tireoidite de Hashimoto.
• Anticorpo anti-tireoglobulina (anti-Tg): qualquer alteração da tireoide, possivelmente tireoidite 
de Hashimoto.
• Anticorpo antirreceptor de TSH (anti-TRAB): relacionado com casos de hipertireoidismo 
(doença de Graves).
Ultrassonografia da tireoide (para avaliar o tamanho da glândula e a presença de alterações como 
cistos, tumores, bócio ou nódulos), bem como cintilografia da tireoide (investigação de nódulos suspeitos 
de câncer) e punção da tireoide (identificação citológica do nódulo ou cisto confirmando se é benigno 
ou maligno) ajudam a fechar o diagnóstico.
143
BIOQUÍMICA CLÍNICA
 Saiba mais
Da mesma forma que se faz o autoexame das mamas, pode-se fazer o 
autoexame da tireoide a fim de verificar a existência de cistos ou nódulos 
na glândula (principalmente, por mulheres com mais de 35 anos ou com 
histórico familiar de problemas na tireoide). Conheça o passo a passo 
acessando o endereço indicado a seguir. Nele você encontrará ainda mais 
informações sobre a tireoide.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. 
Autoexame. Disponível em: http://tireoide.org.br/auto-exame/. Acesso em: 
20 dez. 2020.
7.5 Perfil funcional das paratireoides e situações patológicas: hipoparatireodismo 
e hiperparatireodismo
As paratireoides são quatro pequenas glândulas localizadas sobre a tireoide e pesam cerca de 140 mg. 
Apesar de compartilharem o mesmo sítio anatômico, têm funções diferentes. O único hormônio produzido, 
o paratormônio (PTH), está relacionado com o metabolismo do cálcio e do fósforo, aumentando a 
eliminação de cálcio e fósforo pela urina e retirando o cálcio dos ossos, além de favorecer a absorção de 
cálcio pelo intestino, junto com a vitamina D ativada.
0,8
4,4
0 8 16 244 12 20
Tempo
Fosfato
Cálcio
In
je
çã
o 
de
 h
or
m
ôn
io
 
pa
ra
tir
eó
id
eo
Cá
lc
io
5,2
6,0
4,8
5,6
6,4
1,2
1,0
1,4
Figura 59 – Gráfico mostrando o efeito da administração de paratormônio 
sobre as concentrações de cálcio e fosfato no plasma sanguíneo
Como o PTH age nos rins, se a pessoa tiver problemas renais, esse hormônio não induzirá a produção 
de vitamina D nem a excreção de fósforo sérico na urina. Sendo assim, a única função desse hormônio 
será tirar o cálcio dos ossos, deixando o fósforo ainda alto no sangue. Dessa forma, a paratireoide 
144
Unidade III
fica sempre estimulada a produzir mais e mais hormônio na tentativa de retirar o fósforo do sangue, 
desencadeando o hiperparatireoidismo.
 Lembrete
O paciente com insuficiência renal não produz vitamina D em quantidade 
suficiente para manter seus ossos saudáveis. Pelo contrário, ele produz um 
excesso de PTH, que leva à desmineralização dos ossos.
Hipoparatireoidismo
O trauma cirúrgico em cirurgias de tireoide/paratireoide e neoplasias de cabeça e pescoço são as causas 
mais frequentes de hipoparatireoidismo, já as doenças autoimunes das paratireoides são a segunda 
causa mais frequente.
Quando há deficiência de paratormônio, ocorre a redução do cálcio sanguíneo, aumentando o nível 
do fósforo sérico e diminuindo a excreção renal do cálcio e do fósforo. Tal quadro, por sua vez, leva à 
tetania muscular por hiperexcitabilidade dos tecidos nervoso e muscular, causada, basicamente, pela 
insuficiência dos íons de cálcio no sangue.
Níveis baixos de PTH, a dosagem de albumina (para cálculos de correção do cálcio), fósforo, magnésio, 
vitamina D e dosagem de cálcio em urina de 24 horas são importantes fatores para o diagnóstico de 
hipoparatireodismo. Os sintomas mais frequentes são espasmos musculares, tetania e convulsões, além 
de alterações no eletrocardiograma.
O hipoparatireoidismo é essencialmente muito mais comum que o hiperparatireoidismo, existindo 
inúmeras causas genéticas associadas. O hipoparatireoidismo pode ser induzido cirurgicamente quando 
na tireoidectmia há a remoção, por vezes negligente, das paratireoides, também pode se desenvolver em 
decorrência de doença autoimune e mutação autossômica dominante atrelada a uma maior sensibilidade 
ao cálcio com diminuição da síntese de PTH associada.
Entre os sinais e sintomas, destacam-se: hipocalcemia, irritabilidade neuromuscular, formigamento 
nas extremidades dos dedos, laringoespasmo e má absorção intestinal. No entanto, vale ressaltar que 
o hipoparatireoidismo pode ser assintomático. As complicações possíveis incluem arritmias, catarata, 
déficit do crescimento, retardo mental e sintomas parkinsonianos.
Hiperparatireoidismo
Quando as glândulas paratireoides funcionam em excesso, produzindo muito PTH, a pessoa se 
sente fraca, sem apetite, apresentando emagrecimento, coceira, náuseas, vômitos, aumento do volume 
urinário, sonolência, confusão mental, depressão, delírios e dores ósseas, podendo chegar a insuficiência 
renal, atrofia muscular, alterações visuais, hipertensão arterial e alterações do eletrocardiograma.
145
BIOQUÍMICA CLÍNICA
O hiperparatireoidismo pode ocorrer de forma primária, secundária e raramente terciária. Em sua 
forma primária, trata-de de uma consequência da superprodução independente de paratormônio (PTH); 
já nas formas secundária ou terciária, normalmente ocorre como uma complicação da insuficiência 
renal crônica. O hiperparatireoidismo primário é uma causa bastante comum, incluindo hipercalcemia, 
e é resultante de uma secreção excessiva do paratormônio.
Os sinais e sintomas de hiperparatireoidismo primário incluem poliúria, noctúria, dor lombar crônica, 
pancreatite e fraqueza muscular. Em razão do hiperfuncionamento das glândulas paratireoides podem surgir 
várias lesões subjacentes como adenoma, hiperplasia primária (difusa ou nodular) e carcinoma paratireoidiano.
As características clínicas do hiperparatireoidismo secundário são geralmente manifestas pelos 
sintomas da falênciarenal crônica. O hiperparatireoidismo secundário pode promover as mesmas 
complicações que podem ser observadas nas situações de desequilíbrio de cálcio, com deformidades 
esqueléticas, sobretudo de ossos longos como no raquitismo.
No hiperparatiroidismo primário, há o aumento de cálcio no sangue (hipercalcemia) e na urina 
(hipercalciúria), perda óssea de cálcio e pedras nos rins (cálculo renal). Esse quadro clínico pode ser 
provocado por tumores benignos (adenomas). Geralmente é assintomático e são encontradas pedras 
nos rins constantemente, além de problemas ósseos que podem vir acompanhados de depressão e 
confusão mental, evoluindo para doenças cardiovasculares e alterações ósseas. No hiperparatiroidismo 
secundário, relacionado à perda da função renal, pode ocorrer hipocalcemia e hiperfosfatemia.
Ultrassonografia, cintilografia, tomografia e ressonância magnética podem mostrar alterações na 
região do pescoço.
7.6 Metabolismo do ferro
O ferro é um elemento químico vital para a sobrevivência celular. Ele está envolvido na síntese 
de hemoglobina e mioglobina e na prevenção de doenças como as anemias. No entanto, seu excesso 
também pode contribuir para a formação de radicais livres, promovendo, dessa forma, um agravamento 
do processo inflamatório.
O ferro participa de uma série de reações químicas, sendo encontrado em inúmeras proteínas 
(como as flavoproteínas e as hemeproteínas) e participando ainda da transferência de elétrons na 
cadeia respiratória, do transporte de oxigênio pela hemoglobina ou como cofator de enzimas (caso das 
catalases e das peroxidases).
7.6.1 Absorção e metabolismo do ferro
O ferro pode ser adquirido de duas formas: por meio da dieta ou pela degradação dos eritrócitos 
(a qual promove a liberação do ferro presente na hemoglobina). Na dieta, podemos encontrar o ferro 
heme e o ferro não heme. O ferro não heme é o ferro inorgânico encontrado como ferro férrico (Fe3+), 
proveniente de vegetais e grãos; já o ferro heme está presenta na carne vermelha, no frango, em peixes, 
146
Unidade III
ovos e laticínios. Além disso, fatores como idade, sexo, fatores hormonais, gestação e procedimentos 
cirúrgicos (como a gastrectomia) também influenciam a taxa de ferro varia de indivíduo para indivíduo.
Mas como ocorre a absorção do ferro? O ferro sofre ação do suco gástrico, que o estabiliza, 
promovendo sua ligação a mucina; então, ele é absorvido pela borda em escova dos enterócitos do 
duodeno e do jejuno. Na borda em escova, o ferro sofre ação da redutase férrica, que converte o ferro 
férrico (Fe3+) em ferro ferroso (Fe2+). A partir daí, o ferro pode seguir dois caminhos: ficar no enterócito 
armazenado sob a forma de ferritina liberada da protoporfirina pela heme oxigenase ou atravessar a 
membrana basolateral indo em direção ao plasma.
 Lembrete
Fatores como idade, sexo, fatores hormonais, gestação e procedimentos 
cirúrgicos também influenciam a taxa de ferro de um indivíduo.
Há substâncias que podem facilitar a absorção do ferro (como ácido ascórbico, sorbitol, hidroquinona, 
lactato e frutose), permitindo, assim, um melhor aproveitamento do ferro consumido (seja pela dieta 
normal ou pela ingestão de suplementos).
Mas como o ferro se desvencilha do enterócito, em direção ao sangue? Para isso, o ferro precisa 
atravessar duas membranas celulares, a membrana apical e membrana basolateral. Na membrana apical há 
um transportador conhecido como DTM1 (transportador de metal divalente 1), que age concomitantemente 
em relação à redutase férrica; na membrana basolateral é a ferroportina acoplada à hefaestina, uma proteína 
transmembrana, que será responsável pela oxidação do Fe3+, facilitando sua ligação à transferrina (TFR).
Hefaestina
Ferroportina
FerritinaRedutase e 
férrica
Fe2+
Fe2+
DTM1
M
em
br
an
a 
ap
ic
al
M
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br
an
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ba
so
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ra
l
Fe3+
Fe3+
Transferina Fe3+Transferina
Enterócito
Figura 60 – Transporte de ferro para o enterócito
147
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Após atravessar o enterócito, o ferro é transportado pela transferrina para a medula óssea, em 
particular para os eritroblastos que se diferenciam em eritrócitos. Uma vez nos eritroblastos, a TFR liga-se 
ao seu receptor RTFr (receptor de transferrina), na qual o complexo transferrina/ferro é endocitado em 
decorrência da acidificação do meio, promovendo, então, o desacoplamento do transportador TFR. Por 
fim, esse ferro liberado será transportado para a mitocôndria, onde será acoplado à protoporfirina para 
a síntese do heme.
7.6.2 Biossíntese e catabolismo do heme
O heme, um anel de porfirina com um átomo de ferro, é sintetizado a partir da glicina e da succinil-
CoA, as quais se condensam formando o ácido-delta-aminolevulínico (δ-ALA), que é catalisado pela 
enzima δ-ALA-sintase com a participação do piridoxal fosfato. Posteriormente, ocorre a condensação 
de duas moléculas de δ-ALA, catalisadas pela δ-ALA-desidratase, formando o pirrol porfobilinogênio, o 
qual fornecerá quatro anéis a partir dos quais será composta uma série de porfirinogênio.
As cadeias laterais desses porfirinogênios são grupos acetila e propionil. Os grupos acetila sofrem 
descarboxilação formando grupos metila, já o propionil, por sua vez, é descarboxilado e oxidado para 
compor os grupos vinil, formando o protoporfirinogênio. As pontes de metileno, então, são oxidadas 
para formar a protoporfirina IX, assim, o Fe2+ é incorporado a essa protoporfirina para ser catalisado pela 
heme–sintase.
Glicina + succinil CoA
↓
Ácido delta aminolevulínico
↓
Porfobilinogênio
↓
Uroporfirinogênio III
↓
Coproporfirinogênio III
↓
Protoporfirinogênio IX
↓
Protoporfirina IX
↓
Porfirina
↓
Heme
Figura 61 – Síntese do heme
A partir da degradação do heme, obtêm-se vários compostos, entre eles o monóxido de carbono e a 
biliverdina. A biliverdina é reduzida a bilirrubina, a qual será transportada para o fígado formando um 
complexo com a albumina sérica. Dessa forma, a bilirrubina indireta é convertida em direta (convertida 
em urobilinogênio), sendo excretada em parte na urina e em parte nas fezes (como estercobilina).
7.6.3 Avaliação laboratorial do ferro
A investigação laboratorial é o ponto de partida para avaliar os distúrbios do metabolismo do ferro. 
Isso porque tanto sua deficiência quanto seu excesso podem gerar inúmeras complicações: anemias, 
148
Unidade III
alterações na diferenciação das células da linhagem eritroide e alterações na formação de hemoglobina 
e na cadeia respiratória no caso de deficiência; formação de radicais livres que contribuem para o 
agravamento de doenças neurodegenerativas (como esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson) em 
casos de excesso.
Agora que você já compreendeu a importância do ferro no metabolismo, vejamos os testes 
laboratoriais relacionados a fim de compreender os resultados, determinar corretamente o diagnóstico 
do paciente e propor a terapêutica mais adequada para o caso (farmacológica ou não).
Dosagem de ferro sérico
A dosagem de ferro sérico corresponde à determinação do ferro circulante incorporado à transferrina, 
no entanto, para obtermos uma dosagem precisa, faz-se necessário o desacoplamento dessa proteína 
carreadora. Dessa forma, teremos um decréscimo do pH com a adição de ácido ascórbico ou outro 
reagente, uma vez que o ferro livre irá se complexar a um cromógeno (que pode ser ferrozina ou 
batofenantrolina), sendo, em seguida, analisado por um espectrofotômetro, o qual determinará a 
quantidade exata de ferro sérico presente no soro do paciente.
É importante lembrar que o paciente deve estar em jejum de pelo menos três horas para colher 
o material biológico, da mesma forma que é imprescindível que a coleta seja feita, no máximo, até 
as 11 horas da manhã, devido ao ciclo circadiano. Caso contrário, poderá haver um erro no resultado 
laboratorial, o qual, então, não corresponderá ao verdadeiro quadro clínico do paciente, principalmente 
no caso de suspeita de tumores ou processos inflamatórios agudos e crônicos.
Dosagem de transferrinasérica
A transferrina, como descrito anteriormente, é uma proteína carreadora, sendo assim, sua síntese é 
proporcional à quantidade de ferro presente no organismo. Sua taxa pode ser quantificada por meio de 
imunonefelometria.
Ferritina
Sua quantificação é importante para determinar os estoques de ferro no organismo, por exemplo, 
sabe-se que 1 µg/L de ferritina equivale a algo entre 8 e 10 mg de ferro em estoque e também para se 
fazer o diagnóstico diferencial das anemias. Outro fator a ser considerado é que, havendo concentrações 
elevadas de ferritina, deve-se pensar nas possibilidades de hemocromatose, causas hereditárias e doenças 
crônicas (como hepatite e cirrose).
Capacidade total de ligação do ferro (TIBC)
É a quantidade máxima de ferro que pode se ligar à transferrina, ou seja, é um teste laboratorial no 
qual a transferrina é quantificada de forma indireta.
149
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Saturação de transferrina
Trata-se de uma relação matemática entre o ferro sérico e a transferrina que avalia a deficiência 
ou a sobrecarga de ferro no organismo, além de doenças secundárias ao processo inflamatório. É 
caracterizada pela fórmula a seguir.
% Saturação = Ferro sérico x 100
 TIBC
É válido ressaltar que a determinação desse teste pode ser feita por ELISA ou por nefelometria.
7.6.4 Correlações clínicas do perfil do ferro em algumas doenças
A anemia é definida como uma síndrome caracterizada pela diminuição de massa eritrocitária 
total. Laboratorialmente, é definida como hemoglobina menor que 12 g/dl em mulheres ou 13 g/dl em 
homens. Na gravidez existe anemia relativa, por hemodiluição, além daquela por carência nutricional, 
principalmente, por deficiência de ferro e ácido fólico. Na gestação, os limites considerados normais 
para o valor da hemoglobina caem para 10% e os do hematócrito para 30%.
A avaliação inicial do paciente com anemia inclui anamnese e exame físico minuciosos, além de 
exames laboratoriais. Os sintomas relacionados à anemia dependem da idade, da capacidade física, 
do grau de anemia e do tempo de evolução. Pacientes com evolução aguda apresentam valores mais 
altos de hemoglobina, enquanto que os de evolução crônica exibem valores mais baixos. Os sintomas 
usuais incluem astenia, cansaço, fraqueza, falta de ar e palpitações. No exame físico, o achado mais 
característico é a palidez mucocutânea.
A investigação laboratorial inicial consiste na realização dos seguintes exames:
• hematócrito, hemoglobina e contagem de eritrócitos para avaliar o grau de anemia;
• índices hematimétricos (VCM, HCM e CHCM) para determinar se os eritrócitos são, em média, 
normocíticos (70 < VCM < 90), macrocíticos (VCM > 90) ou microcíticos (VCM < 70) e se são 
hipocrômicos (o aumento da amplitude de distribuição do volume dos eritrócitos (RDW) é uma 
medida de anisocitose);
• contagem de reticulócitos para estimar se a resposta medular sugere incapacidade da produção, 
hemólise ou perda sanguínea recente;
• exame microscópico da distensão sanguínea (lâmina de sangue periférico) para avaliar o aspecto 
dos eritrócitos e as alterações concomitantes dos leucócitos e das plaquetas.
150
Unidade III
As síndromes anêmicas podem ser classificadas quanto à proliferação (pelo índice de reticulócitos) e 
quanto à morfologia (pela ectoscopia da hemácia ou valores de VCM e HCM).
Anemia
Hb < 10 g%
Ht < 30%
Reticulócitos < 2
Normocítica
VCM = 70 a 90
- Anemia de 
doença crônica
- Doença renal
- Lesão medular
Microcítica 
VCM < 70
- Deficiência de 
ferro
- Talassemia minor
- Anemia 
sideroblástica
Macrocítica
VCM > 90
- Deficiência de 
vitamina B12
- Deficiência de 
folato
- Mielodisplasia
Reticulócitos > 2
- Hemorragia aguda
- Anemia hemolítica
Figura 62 – Causas de anemia e sua classificação de acordo com a contagem 
de reticulócitos e com a morfologia das hemácias
Anemia ferropriva
A deficiência de ferro representa a causa mais comum de anemia. Para diagnóstico, realiza-se em 
casos de anemia microcítica e hipocrômica.
Na anemia ferropriva, os níveis de Ferritina estão abaixo de 10 ng%, o ferro sérico abaixo de 
30 mcg%, o que denota baixo estoque e alta capacidade de ligação ao ferro (TBIC).
Sob o ponto de vista profilático, deve-se seguir com ferro oral, durante a gestação e a lactação, 
mantido por de três a seis meses após a recuperação dos níveis hematimétricos, a fim de manter reserva 
mínima de ferro (300 mg/dia de sulfato ferroso, 60 mg de ferro elementar).
O tratamento é feito através de suporte nutricional e da reposição de ferro, preferencialmente por 
via oral: 900 mg/dia (180mg de ferro elementar), divididos em três tomadas.
Nos casos de intolerância gastrointestinal ou de falha de resposta ao ferro oral, pode ser utilizado 
ferro por via parenteral: 10 ml ou 200 mg de hidróxido de ferro diluídos em 200 ml de soro fisiológico, 
durante uma hora, com administração semanal e em ambiente hospitalar. A transfusão de hemácias 
deverá ser reservada para pacientes com sintomas que denotam grave hipóxia tecidual.
151
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Anemia de doenças crônicas
As anemias de doenças crônicas normalmente evoluem como uma anemia normocítica e 
normocrômica, geralmente de leve a moderada. Sua causa é multifatorial e as doenças infecciosas, as 
doenças autoimunes, as neoplasias e a insuficiência renal crônica são condições associadas.
Nesse quadro, os exames laboratoriais demonstram ferritina normal, podendo também encontrar-se 
elevada, e ferro sérico baixo (em decorrência de desordem no metabolismo do ferro). O tratamento 
de suporte pode ser realizado com reposição de eritropoetina para os casos em que há deficiência e 
administração de ferro por via parenteral, enquanto a transfusão de concentrados de hemácias deve ser 
reservada para os pacientes sintomáticos.
Hemocromatose
É uma doença genética causada por deficiência de hepcidina, que resulta no acúmulo de ferro 
sistêmico. A hepcidina é uma das proteínas responsável pelo transporte de ferro sérico; quando sua 
fabricação é reduzida ou seu funcionamento é modificado, há efluxo de ferro pelo intestino por meio 
de outra proteína, a ferroportina. A doença é, predominantemente, encontrada em indivíduos de etnia 
branca, manifestando-se mais no sexo masculino. As mutações associadas à hemocromatose são, 
principalmente, no gene HFE, como a homozigose C282Y e heterozigose C282Y/H63D.
No que diz respeito às manifestações clínicas associadas à hemocromatose, notamos por vezes a 
presença de pacientes assintomáticos e, quando sintomáticos, normalmente com comprometimento 
significativo de órgão-alvo. São manifestações da doença: hepatomegalia, cirrose, carcinoma 
hepatocelular, dor articular, osteoporose, unhas brancas/esbranquiçadas, coiloníquia, xerodermia, 
diabetes mellitus, fadiga etc.
A investigação deve ser iniciada com sintomas e/ou sinais que sugiram hemocromatose; a saturação de 
transferrina pode ser a alteração laboratorial inicial para o desenvolvimento de hemocromatose, antes do 
aumento da ferritina. Indivíduos brancos (caucasianos) devem ser testados para mutação C282Y quando 
a ferritina encontra-se aumentada, independentemente dos níveis de transferrina; indivíduos não brancos 
com ferritina aumentada são investigados partindo da RNM de ferro. As alterações de deposição de ferro e a 
idade indicarão qual tipo de modificação genética deve ser pesquisada.
O diagnóstico de hemocromatose se dá observando os passos listados a seguir.
• Ferritina e saturação de transferrina normais ou reduzidas: diagnóstico improvável 
de hemocromatose.
• Ferritina normal e saturação de transferrina aumentada: avaliar se o indivíduo é branco ou 
não branco.
• Indivíduos brancos devem ser testados para C282Y (apenas homozigotos serão classificados como 
hemocromatose tipo 1; indivíduos não brancos com ferritina crescente entrarão na investigação 
do grupo a seguir).
152
Unidade III
• Ferritina e saturação da transferrina aumentadas: indivíduos brancos devem ser testados para 
C282Ye indivíduos não brancos devem ser submetidos a RMN de ferro (a idade de cada indivíduo 
definirá o tipo de mutação a ser pesquisada posteriormente).
• Ferritina aumentada e saturação de transferrina normal ou diminuída: solicitar RNM ferro (a 
avaliação do exame quanto ao acometimento do fígado e do baço determinará o tipo de mutação 
a ser pesquisada).
Objetivando uma melhor compreensão acerca da participação do ferro no desenvolvimento ou 
agravamento de inúmeros processos patológicos, o quadro a seguir apresenta, resumidamente, as 
principais diferenças entre uma anemia carencial (ferropriva), uma anemia associada a doença crônica 
e a hemocromatose (normal, baixo e aumentado referem-se aos valores de referência adotados e 
padronizados pelo laboratório).
Quadro 5 – Diferença dos parâmetros bioquímicos 
para as respectivas patologias
Anemia ferropriva Anemia em doenças crônicas Hemocromatose
Ferro sérico Diminuído Normal ou baixo Norma ou aumentado
Ferritina Diminuído Normal ou aumentado Aumentado
Transferrina Aumentado Normal ou baixo Normal ou baixo
Saturação de transferrina Diminuído Normal ou baixo Aumentado
TIBC Aumentado Normal ou baixo Normal ou baixo
Adaptado de: Lorenzi (2006); Motta (2003).
De acordo com esse quadro, existem várias causas que podem desencadear a perda ou ao aumento 
significativo de ferro. As mais comuns são carência nutricional, gestação, gastrectomia (total ou parcial) 
e hemorragias (internas ou externas). Outras causas podem ainda levar a complicações como redução 
intensa da oferta de oxigênio, acidemia, queda da capacidade do tamponamento da hemoglobina, 
aplasia medular, tumores e algumas doenças de características hereditárias.
 Lembrete
A presença de processos inflamatórios, infarto do miocárdio e neoplasias 
podem reduzir os níveis de ferro sérico. Em contrapartida, podemos encontrar 
aumento na concentração de ferro em doenças hepáticas, eritropoiese 
ineficaz e sobrecarga de ferro. A anemia ferropriva por carência nutricional 
é a forma com tratamento mais simples (dieta adequada e suplemento a 
base de ferro). Em casos de sobrecarga de ferro, faz-se necessário o uso de 
quelantes, reduzindo, assim, os níveis séricos desse componente.
153
BIOQUÍMICA CLÍNICA
8 MARCADORES TUMORAIS
As células lábeis e estáveis podem se dividir por mitose, com a função de renovar-se, já as células 
permanentes não possuem tal habilidade, pois seus núcleos não são providos dos meios necessários para dar 
início a essa divisão, caso dos neurônios e das fibras musculares estriadas. Quando ocorre a divisão descontrolada 
de um grupo celular falamos que essa proliferação leva a um tumor, que pode ser benigno ou maligno.
Figura 63 – Esquema do ciclo celular e as fases
No caso de um tumor benigno (neoplasia benigna), as células dividem-se normalmente, havendo o 
crescimento de um grupo de células semelhantes àquelas das quais se originaram. Nesse quadro, temos 
um prognóstico bom, e as células em excesso podem ser retiradas por meio de cirurgia, como no caso de 
lipomas (que ocorrem no tecido gorduroso), miomas (no tecido muscular liso) e adenomas (nas glândulas).
No caso de um tumor maligno (câncer ou neoplasia maligna), a velocidade de proliferação 
do grupo celular é muito alta e incontrolável, com as células novas apresentando características 
próprias (ou seja, diferentes da célula que as originou); com a proliferação dessas células, enzimas e 
outras proteínas são produzidas de modo a influenciar vias metabólicas. Devemos salientar ainda a 
influência de fatores que propiciam essas mudanças, como hábitos pessoais não saudáveis, estresse 
e doenças crônicas, fatores os quais estimulam o crescimento do tumor.
Pelo fato de estarem fracamente ligadas à matriz celular, tais células podem se desprender e invadir 
órgãos vizinhos ou até chegar ao sangue e invadir órgãos mais distantes (metástase).
154
Unidade III
O tumor primário, quando tem aproximadamente dois milímetros, já fabrica proteínas e enzimas 
anormais influenciando vias de sinalização que geram mais tumores. Ao atingir quatro milímetros, já é 
possível detectar essas substâncias por meio de análises laboratoriais e de imagens. A grande questão 
é que o tempo para o tumor passar de dois para quatro milímetros pode ser de meses a anos.
O câncer (ou tumor maligno) pode ser não invasivo (ou in situ), caso em que essas células estão 
circunscritas a um único local, ou seja, não se espalharam, o que torna mais simples sua retirada por 
meio de um procedimento cirúrgico. Já o câncer invasivo pode iniciar metástase ou disseminação (como 
explicado anteriormente).
 Observação
Existem várias teorias para o início da carcinogênese, entre as quais as 
modificações, por diferentes causas, em genes: modificações que inibem 
a proliferação celular (supressores de tumor), modificações que ativam a 
proliferação celular (chamados de proto-oncogenes e, quando ativados, 
oncogenes) e modificações de reparo do DNA.
As causas de câncer são classificadas em externas e internas. No caso das externas, temos riscos 
ambientais como radiação, substâncias químicas, tabaco e até contaminação por alguns vírus. É 
necessário lembrar, ainda, que o próprio envelhecimento afeta o processo de divisão celular, aumentando 
as chances de erros nessas divisões e causando, consequentemente, genes mutados que irão progredir 
para um câncer. Quanto às causas internas, temos mutações genéticas (pois erros não serão corrigidos) 
e fatores hereditários. Alguns dos sintomas mais comuns que podem levar ao médico são: dor, fadiga, 
falta de apetite, constipação intestinal, vesículas na mucosa oral, diarreia e sangramento.
Carcinomas são tipos de cânceres que estão em tecidos epiteliais (como pele ou mucosas), já os 
sarcomas estão nos tecidos conjuntivos (por exemplo, osso, músculo ou cartilagem). Ainda temos outros 
tipos de câncer, como leucemias (na medula óssea), linfomas e mielomas (no sistema imunológico).
Quando se trata de um tumor benigno, usa-se o sufixo oma com a designação referente ao tipo 
de tecido acometido. Por exemplo, tecido cartilaginoso (condroma), tecido gorduroso (lipoma), tecido 
glandular (adenoma) – podendo-se, ainda, explicitar o local do câncer, como em “adenocarcinoma de 
pulmão”. No caso de tumores malignos, se o local acometido forem epitélios de revestimento, teremos 
carcinomas; no caso de epitélio glandular, teremos adenocarcinomas e, por fim, caso se trate de tecido 
conjuntivo, será adicionado o sufixo sarcoma (por exemplo, osteossarcoma – tecido ósseo). E, da mesma 
forma que em tumores benignos, pode-se explicitar o local do câncer, como osteossarcoma de fêmur.
Para que o tratamento seja mais eficaz, o câncer deve ser detectado o quanto antes. Daí 
a importância da regularidade dos exames de check-up, uma vez que possibilitam o diagnóstico 
precoce. Recentemente, tornou-se mais comum o chamado rastreamento (ou screening), que examina 
proteínas ou genes alterados que, já se sabe, estão ligados ao câncer e, assim, analisar a chance de a 
doença se desenvolver.
155
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Para se confirmar que o tratamento, seja radioterapia ou quimioterapia, é adequado e está surtindo 
efeito (ou seja, para ter certeza de que a doença está controlada), os exames devem ser realizados de 
forma rotineira.
8.1 Vias de sinalização
Todas as reações no organismo são desencadeadas por um estímulo. Havendo um fator de crescimento 
em quantidades e locais não usuais de um hormônio ou se agentes carcinogênicos ligarem-se a um 
receptor (como a tirosina quinase), proteínas serão estimuladas (fosforiladas ou nitradas), ativando 
outras e mais outras, até que um dos produtos chegue ao núcleo, ativando (ou inibindo) alguns genes 
relacionados com o ciclo celular. Esse processo, chamado de via de sinalização, caso desequilibrado, 
pode levar a célula a se transformar em câncer.
SOS
RAS
RAF
MEK
ERK
GRB2
DNA
RNA
Oncoproteínas
Receptor
Sinal
Figura 64 – Esquema simplificado de uma via de sinalizaçãoque pode levar à formação de câncer
8.2 Diagnóstico
Temos vários exames que podem identificar o câncer, como diagnóstico de imagem (ressonância, 
radiografia e tomografia), exame histopatológico e exames bioquímicos.
156
Unidade III
 Observação
A União Internacional Contra o Câncer (UICC) preconizou um sistema 
de estadiamento chamado de Sistema TNM de Classificação dos Tumores 
Malignos. Para fazer a análise, deve-se examinar a sua extensão (T), a 
contaminação dos linfonodos perto de onde ele está (N) e a presença 
ou ausência de metástase a distância (M). Mediante o agravamento, há 
graduações: T0 a T4, N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente.
8.2.1 Marcadores tumorais (MT)
As células normais ou neoplásicas produzem certas proteínas continuamente, sendo que, quando 
são produzidas em grande quantidade aumentada no sangue (periférico e medula) ou em outros fluidos 
corporais (como urina, liquor, líquido ascético), passam a se relacionar com a malignidade (como enzimas, 
hormônios, por exemplo), e podem ser dosadas por vários métodos (bioquímicos, imunológicos, citológicos 
ou moleculares). A detecção por marcadores tumorais é muito mais precoce, pois, com poucas células, 
já se pode ter a confirmação (por imagem, a verificação só pode ser realizada quando o tumor já está 
com muitas células, ou seja, num estágio mais adiantado). A detecção precoce e o seu monitoramento 
após a cirurgia e o tratamento medicamentoso são fundamentais para eliminar o tumor, e os marcadores 
tumorais (MT) sensíveis e específicos podem ajudar nesse processo, junto com os exames de imagem.
Em sua grande maioria, são detectados por quimiluminescência, mas também podem ser analisados 
por radioimunoensaio. Um bom marcador tumoral deve ter sensibilidade e especificidade superiores a 
90%, ou seja, boa sensibilidade (capacidade em detectar precocemente a existência de um tumor) e boa 
especificidade (capacidade de mostrar-se negativo na ausência do tumor). Esses marcadores auxiliam 
no diagnóstico, não estando relacionados a um exame de prevenção de câncer.
Vários marcadores tumorais podem estar aumentados em um único tipo de câncer, por conta das 
várias alterações moleculares que produzem várias proteínas. Nesse caso, aquelas liberadas em maior 
intensidade devem ser o melhor marcador para aquele tipo específico de tumor maligno. De maneira 
geral, podem ser separados mediante alguns pontos como os indicados a seguir.
• Pelo produto das células tumorais (enzimas, hormônios, antígenos oncofetais, marcadores de 
superfície celular e produtos de oncogenes)
DNA RNA Proteína
TraduçãoTranscrição
Replicação
Transcrição 
reversa
DNA
Figura 65 – Esquema dos processos que envolvem os genes (DNA). Imaginando-se que ocorra uma mutação 
no DNA, tal mutação irá se propagar para o RNAm, modificando a proteína
157
BIOQUÍMICA CLÍNICA
Pela resposta da célula quando ela se transforma. Marcador tumoral celular: antígenos localizados 
na membrana celular, como o que ocorre na leucemia, como hormônios e receptores de fatores de 
crescimento; marcadores humorais: substâncias que são sintetizadas pelo tecido tumoral ou substâncias 
formadas pelo organismo em reação ao tumor; marcadores genéticos: que são super expressos e 
codificam para proteínas do desenvolvimento tumoral.
 Observação
Atualmente há estratégias relacionadas com as técnicas de 
genômica, proteômica e metabolômica para diagnóstico do câncer. 
Na genômica, estudam-se alterações em genes modificados em diversos 
tumores, por exemplo, BRCA1/2, HER-2, HE-4, BCR/ABL, BRAF V600 
(restritos a um tipo/localização de tumor) e p53, MYC, RAS (associados para 
mais de um tipo de tumor). Na proteômica, estudam-se quais proteínas 
estariam afetadas antes de o tumor se desenvolver e quando ele está ativo, 
fato que levaria a um check-up de prevenção e ao acompanhamento 
da evolução do tumor. Na metabolômica, é estudado o metabolismo da 
célula do câncer, enfatizando a análise de vias de sinalização (genômica) e 
produção de proteína ou enzimas (proteômica).
Marcadores tumorais: enzimas 
Vejamos a seguir algumas das principais enzimas que são marcadores tumorais.
• LD-desidrogenase lática (ou lactato desidrogenase) é uma enzima do metabolismo dos 
carboidratos (fermentação lática), liberada quando ocorre lesão ou destruição celular. Sua 
concentração no sangue é alta em quase todos tipos de câncer (como também em muitas 
outras doenças), portanto não pode ser usada para diagnosticar um tipo particular de câncer. 
Níveis séricos elevados: vários tipos de câncer (como leucemias, linfomas não Hodgkin, 
câncer de fígado, testículo, mama, estômago, cólon, pulmão e neuroblastoma). Algumas situações 
podem interferir em uma análise correta como hepatite, infarto agudo do miocárdio, anemias 
hemolíticas, lesões musculares, drogas ou medicamentos como aspirina, narcóticos, álcool 
e anestésicos.
• A catepsina D-enzima é produzida por certas células de câncer de mama que indicam prognóstico 
ruim, pois sugere-se que a catepsina D degrada os proteoglicanos da matriz da membrana basal 
estimulando a angiogênese e a metástase, consequentemente, o espalhamento do câncer. Níveis 
séricos aumentados: câncer de mama.
• Enolase neuro-específica (NSE): enzima glicolítica encontrada em tecido neuronal e nas células do 
sistema neuroendócrino. Sua determinação pode ajudar no diagnóstico e na avaliação da resposta 
ao tratamento. Níveis séricos elevados: neuroblastoma, câncer de pulmão de pequenas células, 
câncer medular de tireoide, tumores carcinoides, tumores endócrinos pancreáticos e melanoma.
158
Unidade III
• Fosfatase ácido prostática (PAP): inicialmente descoberta na próstata, mas pode ser 
encontrada em eritrócitos, plaquetas, leucócitos, medula óssea, osso, fígado, baço, rim e 
intestino. Níveis séricos elevados: câncer de próstata, osteossarcoma, hiperparatireoidismo, 
mieloma múltiplo e metástases ósseas de outros tumores, mas também pode estar elevada 
em hipertrofia prostática benigna (HPB), osteoporose (espalhado pelo osso), por essa razão, foi 
substituída por PSA. 
• Fosfatase alcalina placentária (PLAP): produzida a partir da 12ª semana de gestação pela placenta, 
mas indivíduos fumantes também podem apresentar elevação no sangue. Níveis séricos elevados: 
seminomas (surgem dentro das gônadas, testículos ou ovários), câncer de ovário, testículo, pulmão 
e trato gastrointestinal.
• Fosfatase alcalina (ALP): encontrada em fígado, ossos, rins, intestino e placenta, mas as maiores 
concentrações de fosfatase alcalina estão no fígado e nos ossos. Níveis séricos elevados: 
câncer hepático primário ou metastático, câncer ósseo, leucemias, sarcomas e linfomas com 
infiltração hepática.
• Creatina quinase (CK-BB) ou creatina fosfoquinase (CPK): possui três isoenzimas (CK-MM, CK-MB 
e CK-BB, relacionadas com músculo esquelético, cardíaco e cerebral, respectivamente). A CK-BB 
pode ser encontrada principalmente no cérebro, mas também nos pulmões. Níveis séricos elevados: 
câncer de cérebro, de pulmão de pequenas células, de seio, de ovário e de rim.
Marcadores tumorais: hormônios
Vejamos a seguir alguns dos principais hormônios que são marcadores tumorais.
• Calcitonina: produzida pela glândula tireoide quando a calcemia está elevada, inibindo a liberação 
de cálcio pelo osso e diminuindo o nível do cálcio sérico. Níveis séricos elevados: câncer de mama, 
carcinoide, hepatoma, hipernefroma, câncer de pulmão, gastrinoma, tumores gastrointestinais 
e o carcinoma medular da tireoide, mas pode se apresentar elevada em outras situações, como 
doença não malígna do pulmão, pancreatite, doença de Paget óssea, hiperparatireoidismo e 
mesmo durante a gravidez. 
• Tireoglobulina: glicoproteína produzida pelas células foliculares da tireoide. Níveis séricos 
aumentados: pode ser doença maligna ou benigna na tireoide. Geralmente é feita também a 
varredura com iodo marcado (I131) para confirmar alguma suspeita.
• Catecolaminas: sintetizadas na medula da suprarrenal ou nocérebro, a epinefrina (adrenalina), 
norepinefrina (noradrenalina) e a dopamina. Podem ter efeitos excitatórios ou inibitórios do 
sistema nervoso periférico e do sistema nervoso central. Dosam-se os metabólitos desses 
compostos como ácido vanilmandélico-VMA e ácido homovanílico-HVA. Geralmente excretados 
na urina. Níveis séricos aumentados: pacientes com neuroblastoma.
159
BIOQUÍMICA CLÍNICA
• ACTH: hormônio produzido pela hipófise que estimula a produção de cortisol. Níveis séricos 
aumentados: câncer de pâncreas, mama, estômago, cólon carcinoma de pequenas células do 
pulmão, mas pode estar aumentado em condições benignas como DPOC, depressão mental, 
obesidade, hipertensão, diabetes mellitus e estresse.
• Serotonina (5-HIAA): a partir do aminoácido triptofano é produzida a serotonina, neurotransmissor 
que regula vários processos bioquímicos como sono e humor. Níveis séricos aumentados: síndrome 
carcinoide (conjunto de sintomas provenientes de tumores neuroendócrinos, especialmente 
aqueles do intestino delgado). O aumento de 5-HIAA, excretado pelo rim, pode ocorrer por pessoas 
que ingeriram alimentos ricos em serotonina como banana, kiwi, abacate e nozes.
Marcadores tumorais: glicoproteínas
Vejamos a seguir algumas das principais glicoproteínas que são marcadores tumorais.
• Antígeno arcinoembrionário (CEA ou ACE): encontrada na superfície da membrana celular, mas 
pode ser encontrada também no sangue de pessoas saudáveis. Níveis séricos aumentados: câncer 
de cólon, pâncreas (pancreatite), estômago (úlcera péptica), pulmão (bronquite), mama, mas 
também em fumantes, pessoas com colite ulcerativa, diverticulite, doença inflamatória intestinal 
e doenças do fígado (alcoolismo, hepatite crônica ativa, doença biliar primária e infecção 
do pulmão). 
• Alfa-feto proteína (AFP): proteína fetal com pico na 14ª semana de gestação, diminuindo perto 
do nascimento e com meia-vida sérica de aproximadamente cinco dias; fica baixa em crianças e 
adultos saudáveis. Níveis séricos aumentados: adultos com carcinoma hepatocelular ou câncer 
de célula germe de ovário ou testículo (câncer que começa nas células que dão crescimento aos 
óvulos e aos espermas), mas apresenta-se alto também em gestação, hepatite e cirrose. Pode 
avaliar também o estágio, o prognóstico e a resposta à terapêutica.
• Gonadotropina coriônica (ß-hCG): hormônio normalmente produzido pela placenta, com meia 
vida de 12 a 20 horas. Níveis séricos aumentados: tumores de pulmão, mama, trato gastrointestinal, 
ovário, testículo, pâncreas, melanoma e doenças linfoproliferativas, mas pode estar elevado em 
doenças benignas como doença inflamatória do intestino, úlceras duodenais e cirrose, além de ser 
usado para confirmar gestação. Pode ser usado para avaliar o estágio, o prognóstico e a resposta 
à terapêutica.
• Antígeno prostático-específico (PSA): glicoproteína produzida pela próstata com alterações 
benignas ou malignas com meia-vida sérica entre dois e três dias. Níveis séricos aumentados: 
câncer de próstata, inclusive usado para monitorar o tratamento câncer de próstata, mas também 
em hipertrofia prostática benigna, prostatite, trauma, manipulação da próstata e ejaculação.
• Antígeno do carcinoma de células escamosas (SCC-A ou SCC-Ag): glicoproteína encontrada na 
superfície celular. Níveis séricos aumentados: câncer de cabeça e pescoço (células escamosas), 
160
Unidade III
carcinomas de células escamosas do colo uterino, pulmão, cabeça e pescoço, apesar de ter baixa 
especificidade e sensibilidade em estágios precoces.
Marcadores tumorais: mucinas
São antígenos com alto peso molecular e conteúdo em carboidratos que varia de 60 a 80%. Células 
presentes na superfície epitelial expressam essas glicoproteínas
• Antígeno carbohidrato (CA 15-3): encontrado na superfície celular. Níveis séricos aumentados: 
câncer de mama (mais sensível e específico, sendo superior ao CEA (antígeno carcinoembrionário), 
pâncreas, pulmão, fígado, ovário e colo uterino ou em doenças benignas de mama, 
hepatopatias e pulmão.
• Antígeno mucinóide (MCA): encontrado também na superfície celular. Níveis séricos aumentados: 
carcinoma mamário, câncer de ovário, colo uterino, endométrio e próstata. Contudo, pode 
aumentar durante a gravidez e em doenças benignas de mama. Ocorre a correlação entre esse 
marcador e níveis de CA 15-3.
• Antígeno Carboidrato 19-9 (CA 19-9): encontrado na superfície celular do trato gastrointestinal. 
Níveis séricos aumentados: câncer gastrointestinal, pulmão, pâncreas, ovários, colorretal, vesícula 
e duto biliar, mama, pulmão e cabeça e pescoço, mas também em endometriose, cirrose hepática, 
pancreatite, doença inflamatória intestinal e doenças autoimunes. Pode ser usado no prognóstico 
e monitoração da terapia.
• Antígeno associado ao tumor da bexiga (bladder tumor antigen - BTA): usando urina, dosa-se 
essa proteína superficial da mucosa de células cancerosas da bexiga, mas não por normais. Níveis 
séricos aumentados: tumores de bexiga, mas pode ter valor elevado em litíase urinária, irritação 
da bexiga e sonda vesical por período longo.
• Dupan-2: antígeno glicoproteico que, em combinação com CA 19-9, pode constatar o câncer de 
pâncreas. Níveis séricos aumentados: câncer de pâncreas e do trato gastrointestinal, mas também 
em situações benignas do sistema hepatobiliar.
• CA 125: antígeno glicoproteico de alto peso molecular presente na superfície celular do carcinoma 
ovariano e que tem meia-vida sérica de cerca de quatro dias. Níveis séricos aumentados: 
principalmente para câncer de ovário, mas pode ser útil em câncer de endométrio, pâncreas, 
estômago, fígado, cólon, reto, mama e pulmão. Pode também dar positivo em situações de 
ovulação, gravidez, endometriose, cistos de ovário, cirrose hepática. É usado tanto em análise do 
prognóstico, terapêutica, como em avaliação do sucesso cirúrgico.
• Antígeno carcino embriogênico (CEA): quando elevado no sangue denota câncer colorretal 
e vários tipos de câncer, mas outras situação não patológicas podem elevar essa proteína no 
sangue, como tabagismo, doença de Crohn, hepatopatias e insuficiência renal. Usado para 
avaliar o tratamento e no monitoramento do tumor.
161
BIOQUÍMICA CLÍNICA
• CA 50: glicoproteína expressa na maioria dos carcinomas epiteliais como câncer gastrointestinal 
e de pâncreas. Sua sensibilidade e especificidade são muito semelhantes à do CA 19-9 no 
que se refere ao câncer de pâncreas e gastrointestinal. Níveis séricos aumentados: tumores 
gastrointestinais, câncer de mama, ovário, mas pode estar elevado em outras doenças como 
pancreatite e doenças hepáticas.
• CA 72-4 (ou TAG 72): antígeno relacionado com o aparecimento de câncer de cólon, estômago, 
pâncreas e trato digestivo e câncer de ovário. A pesquisa dessa proteína auxilia na percepção de 
recidiva do câncer, mas outras situações também podem alterar seus níveis, como hepatopatias, 
pancreatite e inflamações gastrointestinais.
Marcadores tumorais: moléculas do sistema imunológico
Vejamos a seguir algumas das principais moléculas do sistema imunológico que são 
marcadores tumorais.
• B2 microglobulina(B2-MG): proteína que se relaciona com prognóstico ruim de pacientes com 
linfoma. Níveis séricos aumentados: mieloma múltiplo, linfoma e tumores sólidos, bem como 
doenças não malignas. Níveis séricos elevados: mieloma múltiplo, leucemia linfocítica crônica 
e alguns linfomas. Essa determinação leva ao prognóstico e contribui para o monitoramento 
do tratamento.
• Imunoglobulinas: em determinados tumores pode ocorrer o aparecimento de imunoglobulinas 
anormais (gamopatias). Níveis séricos aumentados: mieloma múltiplo. Pode auxiliar no diagnóstico 
e na avaliação da terapia.
Entre os marcadores mais recentes usados na prática do laboratório de análises clínicas, 
podemos citar:
• Anaplastic lymphoma kinase (ALK): oncogene encontrado direto no tumor onde é pesquisada a 
alteração tipo rearranjo (mais comum: inversão e translocação do braço curto do cromossomo 2)

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