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História geral e do Brasil - Vol 3 Claudio Vicentino-20

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O	Pós-guerra	e	a	guerra	fria	 153
A consolidAção dA GuerrA FriA
Os Estados Unidos e a União Soviética termi-
naram a Segunda Guerra Mundial como aliados. Sua 
atuação conjunta contra o Eixo foi decisiva para livrar 
a Europa da presença nazista. Rapidamente, entre-
tanto, as relações entre ambos se deterioraram de 
tal forma que, após 1947, os especialistas começam a 
falar em Guerra Fria, ou seja, um confronto indireto 
entre as superpotências.
O motivo mais claro do rompimento era ideoló-
gico. Capitalismo e socialismo, incompatíveis em sua 
forma de entender diversas esferas da vida humana, 
do papel do Estado aos direitos prioritários dos cida-
dãos, levaram ao desacordo entre os Estados Unidos 
e a União Soviética no que se refere às finalidades da 
ordem política e aos métodos de atuação dentro dela. 
Sem constituir um período homogêneo, em razão do 
agravamento das tensões seguido da distensão entre 
os polos rivais, a Guerra Fria durou quase meio século, 
até o esfacelamento da União Soviética, em 1991.
Em março de 1947, com o objetivo de combater o 
comunismo e a influência soviética, o presidente nor-
te-americano Harry Truman proferiu um discurso no 
Congresso no qual afirmou que os Estados Unidos se 
posicionariam a favor das nações livres que desejassem 
resistir às tentativas de dominação. No mesmo ano, o 
secretário de Estado George Marshall lançou o Plano 
Marshall, programa de investimentos e de recupera-
ção econômica para os países europeus em crise após 
a guerra. Esse oferecimento estendeu-se aos países do 
Leste Europeu, que haviam sido libertados do nazismo 
pelo Exército Vermelho. Em todos eles, as respectivas 
agremiações comunistas haviam tomado o poder.
Durante o governo de Truman, foi criada a 
Central Intelligence Agency, a CIA (1947), bastante 
p	 as	 duas	 alemanhas	 com	 stálin	 e	 o	 Tio	
sam,	 charge	 de	 1949,	 representando	 a	
disputa	 da	 alemanha	 entre	 as	 duas	 su-
perpotências	da	época,	os	estados	unidos	
e	a	união	soviética.
∏	 a	 guerra	 fria	 foi	 também	 um	 enfrentamento	
ideológico.	ao	lado,	aeronave	dos	aliados	leva	
suprimentos	para	a	população	de	Berlim		que	
estava	sob	bloqueio	russo	em	julho	de1948.
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atuante nos anos da Guerra Fria, combatendo o 
comunismo e o que considerava uma ameaça aos 
interesses dos Estados Unidos, e atuando também 
fora das fronteiras estadunidenses.
Entendendo o Plano Marshall como uma ten-
tativa de diminuir sua esfera de influência, a União 
Sovié tica criou o Kominform, organismo encarregado 
de coordenar a ação dos partidos comunistas euro-
peus. Era sua tarefa, também, afastar da supremacia 
norte-americana os países que estavam sob sua in-
fluência, gerando o bloco da “cortina de ferro” (expres-
são usada por Churchill). Complementando a reação 
soviética, em 1949 foi criado o Comecon, uma réplica 
do Plano Marshall para os países socialistas, voltado 
para sua integração econômico-financeira.
Diante do revigoramento da Alemanha Ociden-
tal, graças aos investimentos do Plano Marshall e à 
unificação administrativa de seu território (antes di-
vidido entre os aliados capitalistas), a União Soviéti-
ca impôs, em 1948, um bloqueio terrestre à cidade de 
Berlim, situada na parte soviética. O Ocidente capi-
talista respondeu com o abastecimento à Berlim ca-
pitalista por via aérea, acirrando os ânimos e criando 
grande tensão internacional. No ano seguinte eram 
instituídas as duas Alemanhas, a Ocidental – Repú-
blica Federal da Alemanha – e a Oriental – República 
Democrática Alemã.
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154	 DO	Pós-guerra	aO	séculO	XXi
Em agosto de 1961, foi construído o Muro de 
Berlim, que separou concretamente os dois lados 
da cidade e se tornou símbolo da divisão alemã e da 
Guerra Fria. Sua derrubada, em 1989, em meio ao co-
lapso do socialismo real, isto é, a ordem socialista que 
vigorava então no Leste Europeu concretamente, por 
sua vez, constituiria o marco do final desse período. 
Em seguida, se daria a reunificação da Alemanha.
A lógica bipolar seria a marca da Guerra Fria. 
Paí ses (Alemanha, Coreia, Vietnã), sindicatos, agre-
miações, tratados internacionais, enfim, instituições 
em que houvesse uma disputa de poder relevante, 
dividiam-se em grupos antagônicos, um pró-ameri-
cano, outro pró-soviético.
Outros fatos significativos somaram-se a essa 
crescente tensão internacional. Um deles foi a cria-
p	 O	Muro	de	Berlim,	construído	em	1961,	foi	um	dos	principais	símbolos	da	guerra	fria.	À	esquerda,	em	foto	de	1961,	trecho	do	
muro	diante	do	Portão	de	Brandemburgo.	sua	derrubada,	em	1989	(à	direita),	serviu	de	marco	final	para	a	ordem	bipolarizada	
que	caracterizou	as	relações	internacionais	do	período,	confirmada	em	definitivo,	em	1991,	com	o	fim	da	urss.
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ção, em abril de 1949, da Organização do Tratado do 
Atlântico Norte (Otan), uma aliança político-militar 
dos países ocidentais, opondo toda a Europa Ociden-
tal à União Soviética. O surgimento de uma comuni-
dade de interesses econômicos integrados na Europa 
Ocidental cimentou a aliança capitalista com o bloco 
norte-americano na oposição aos soviéticos. Do lado 
soviético, configurando o alinhamento ao bloco co-
munista, foi criado em 1955 o Pacto de Varsóvia. A 
bipolarização mundial atingia sua plenitude.
Em meio a essa situação tensa, ocorreram, em 
1949, a Revolução Chinesa e a explosão da primeira 
bomba atômica soviética. No ano seguinte, iniciou-se 
a Guerra da Coreia, um dos ápices da Guerra Fria e até 
então a mais séria ameaça à paz mundial depois da 
Segunda Guerra Mundial.
revolução chinesA
O século XX na China iniciou-se com a tentativa 
de derrubada de valores de dominação e exploração 
do povo chinês, submetido, desde o século XIX, a vá-
rias potências imperialistas, especialmente a partir 
da Guerra do Ópio (1841). Essa situação encontrou 
apoio nos mandarins, funcionários do Estado impe-
rial, e nos senhores de terra. Baseando-se na filosofia 
de Confúcio, que pregava o respeito à autoridade e à 
hierarquia e o culto ao passado, os chineses manti-
nham as tradicionais estruturas de privilégios, o que 
favorecia a dominação.
Em 1911, em meio à ebulição sociopolítica, foi 
proclamada a República chinesa, que, entretanto, 
quase nada pôde fazer diante das potências imperia-
listas que ocupavam o país. Com o fim da Primeira 
Guerra Mundial, o domínio das potências imperialistas 
Guerra do Ópio:	conflito	entre	a	china	e	a	inglaterra,	ocorrido	
em	1841,	quando	os	britânicos	disseminaram	entre	os	chine-
ses	o	vício	do	ópio	(um	entorpecente)	para	se	beneficiar	com	
a	exportação	desse	produto.	a	china	foi	derrotada	no	conflito	
e	teve	que	abrir	cinco	de	seus	portos	ao	livre	comércio	e	en-
tregar	a	ilha	de	Hong	Kong	à	inglaterra.
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	 O	Pós-guerra	e	a	guerra	fria	 155
na China era encabeçado pelo Ja-
pão, enquanto o governo republi-
cano, liderado por Sun Yat-sen, 
do Partido Nacionalista (Kuomin-
tang), sofria sucessivas pressões 
regionais pela autonomia, provo-
cadas por chefes militares locais, 
além do contínuo domínio inter-
nacional.
Em 1919, 3 mil estudantes 
universitários marcharam pelas 
ruas de Pequim, protestando con-
tra a aceitação, por parte do go-
verno, das humilhantes exigências 
feitas pelo Japão sobre a China e 
referendadas pelo Tratado de Ver-
salhes. Os estudantes foram logo 
apoiados por outros setores, que 
promoveram greves e manifesta-
ções em todo o país. Uma delas 
ocorreu em 1920, em Xangai, in-
fluenciada pela revolução socialis-
ta russa, enquanto era fundado o Partido Comunis-
ta Chinês (PCC), que contava com a participação de 
Mao Tse-tung.
No início da década de 1920, o governo do Kuo-
mintang conviveu com o Partido ComunistaChinês, 
que crescia vertiginosamente, e, também, sem gran-
des atritos, com a União Soviética. O objetivo imedia-
to do governo era a unificação nacional, a luta con-
tra a autonomia dos senhores locais e a dominação 
das potências imperialistas. Para isso, contava com o 
apoio dos comunistas.
Em 1925, porém, Chiang Kai-shek assumiu o 
comando das tropas do Kuomintang e iniciou uma po-
lítica agressiva contra o Partido Comunista, rompen-
do a frente única. Após derrotas nas cidades de Xan-
gai e Pequim, o Partido Comunista, sob a liderança de 
Mao Tse-tung e Chu Teh, retirou-se para o interior do 
país a fim de organizar suas bases de apoio. Em 1931, 
foi proclamada a República Soviética da China, em 
Kiangsi, no leste do país.
Aproveitando-se da fragilidade chinesa, o Japão 
invadiu a Manchúria, em 1931, e estabeleceu um Es-
tado-satélite – o Manchukuo – no norte do país. O 
Kuomintang passou a sofrer dupla pressão: do impe-
rialismo japonês e da ameaça comunista no interior 
do país.
Em 1934, os nacionalistas organizaram uma 
grande campanha militar para esmagar os comunis-
tas. Fugindo das tropas do Kuomintang, os 100 mil 
p	 No	 início	 do	 século	 XX,	 a	 milenar	 china	 continuou	 sofrendo	 a	 interferência	 das	
grandes	 potências	 capitalistas.	 sun	 Yat-sen,	 fundador	 do	 Kuomintang,	 tentava,	
sem	sucesso,	a	transformação	da	china.	retratado	acima	com	comitiva	e	familia-
res,	sun	Yat-sen	(no	centro)	é	considerado	o	“pai	da	china	moderna”	e	defensor	
da	doutrina	dos	“três	princípios	do	povo”:	nacionalismo,	democracia	e	reformismo	
social.
p	 charge	 de	 1931	 sobre	 a	 postura	 da	 liga	 das	 Nações	 (na	
figura,	 League of Nations)	 e	dos	estados	unidos	perante	o	
conflito	sino-japonês.
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homens do Exército Popular de Libertação, liderados 
por Mao, percorreram 10 mil quilômetros a pé – a 
Longa Marcha (1934-1935) –, restando ao fim de um 
ano apenas 9 mil homens. Transformado no líder dos 
comunistas, Mao Tse-tung foi escolhido para secretá-
rio-geral do PCC.
Diante do avanço japonês, Mao Tse-tung pro-
pôs a organização de uma nova frente única – Kuo-
mintang e PCC –, o que levou a um acordo, concluído 
em 1937. Até o final da Segunda Guerra Mundial, essa 
frente única deu ao PCC o controle de parte do exérci-
to chinês, além de uma crescente popularidade ao de-
nunciar a corrupção das tropas de Chiang Kai-shek.
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156	 DO	Pós-guerra	aO	séculO	XXi
Após a capitulação do Japão na Segunda Guer-
ra Mundial, Chiang Kai-shek decretou, em 1946, uma 
mobilização nacional, para eliminar definitivamente 
o “perigo vermelho”. Contando com o apoio norte-
-americano, que lhe fornecia recursos militares e fi-
nanceiros, Chiang Kai-shek passou a ser visto pelos 
chineses como um “cúmplice do estrangeiro”.
Enquanto isso, a União Soviética, envolvida 
com seus próprios problemas de pós-guerra, adota-
va com a China uma política ambígua e hesitante, 
deixando sem apoio os guerrilheiros do Exército Po-
pular de Libertação, que, mesmo assim, continua-
ram avançando e atacando o Kuomintang.
O exército do PCC foi ganhando terreno, até 
que, em janeiro de 1949, entrou vitorioso em Pe-
quim. Em 10 de outubro, foi proclamada a Repúbli-
ca Popular da China. Chiang Kai-shek e seus segui-
dores refugiaram-se na Ilha de Formosa (Taiwan), 
onde instalaram o governo da China Nacionalista, 
que recebeu forte apoio norte-americano durante a 
Guerra da Coreia e durante toda a Guerra Fria. Ao 
mesmo tempo, os Estados Unidos isolaram a China, 
negando-lhe reconhecimento diplomático e inter-
câmbio econômico (situação que se manteve até a 
década de 1970).
120º L
0 590
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1180
p	 O	Japão,	mesmo	recriminado	pela	frágil	liga	das	Nações	por	sua	agressão	à	china,	continuou	a	ampliar	suas	
conquistas	militares	e	consolidar	domínios,	avançando	da	Manchúria	para	o	sul	do	país.	O	governo	imperial	japo-
nês	chegou	a	declarar	oficialmente	seu	interesse	por	todo	o	território	chinês.	O	confronto	entre	os	dois	estados	
(Japão	e	china)	durou	de	1931	até	1945,	quando	terminou	a	segunda	guerra	Mundial.
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O imperialismo na China e a Longa Marcha
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A GuerrA dA coreiA (1950-1953)
Após a derrota do Eixo, a Coreia, dominada pelo 
Japão durante a Segunda Guerra Mundial, foi dividi-
da entre norte-americanos e soviéticos. Mas, antes do 
término do conflito, já se havia determinado o para-
lelo 38º Norte como limite geográfico para atuação 
militar de soviéticos e norte-americanos, com o obje-
tivo de acelerar a rendição japonesa em duas frentes e 
desocupar o território coreano.
Terminada a guerra, no entanto, esse limite 
transformou-se em divisão real, surgindo dois Esta-
dos coreanos sob ocupação de cada uma das duas 
potências: a República da Coreia, ao sul, sob domínio 
norte-americano, e a República Popular Democrática 
da Coreia do Norte, sob ocupação soviética.
Com isso, a região tornou-se área de sucessi-
vos conflitos armados, sobretudo pelas divergências 
político-ideológicas entre os dois Estados e a tensão 
gerada pela Guerra Fria. A vitória dos comunistas de 
Mao Tse-tung na China, no final de 1949, serviu de 
motivação aos coreanos do norte para invadir o sul, 
em 1950, e conseguir sua capitulação, visando à unifi-
cação territorial da Coreia.
Na ONU, os Estados Unidos e seus aliados con-
sideraram a Coreia do Norte agressora e intervieram, 
sob o comando do general MacArthur, para conter 
seu avanço. Os governos da China e da União Soviéti-
ca deram apoio aos norte-coreanos, deixando eviden-
te a bipolarização na região. Diante do risco de uma 
guerra indesejada, as potências envolvidas forçaram 
iniciativas para obtenção de um acordo de paz.
A morte de Stálin, em março de 1953, abriu espa-
ço para mudanças na política externa soviética.
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	 O	Pós-guerra	e	a	guerra	fria	 157
A eleição do novo presidente norte-americano, 
o republicano Dwight Eisenhower, também ajudou a 
acelerar as negociações para um armistício. Finalmen-
te, em 27 de julho de 1953, foi assinado um acordo de 
paz em Pan Munjon, restabelecendo as fronteiras so-
bre o paralelo 38º Norte e aproximando a União Sovié-
tica e os Estados Unidos. Encerrava-se a fase crítica.
Para a Coreia, entretanto, a manutenção da divi-
são em Norte e Sul preservou o clima de confrontação 
e atritos fronteiriços ao longo das décadas seguintes.
O regime adotado pela Coreia do Norte manteve-
-se sob o forte controle do Partido Comunista, o único 
autorizado a funcionar no país, tendo à frente Kim Il-
-sung. Este permaneceu no poder até a sua morte, em 
1994, sendo substituído pelo filho Kim Jong-il, deno-
minado, em 1998, “presidente eterno” do país.
Sua morte, em 2011, foi seguida da ascensão ao 
poder de seu filho, o jovem Kim Jong-un, dando ao 
governo do país um aspecto quase dinástico.
Após a guerra contra a Coreia do Sul, a Coreia do 
Norte contou com importante ajuda soviética e chi-
nesa, mantendo-se ligada apenas aos países do bloco 
socialista. Entretanto, em virtude de sua discordância 
com o reformismo soviético empreendido pelo gover-
no Gorbatchev (1985-1991), as ligações econômicas 
entre esses países foram enfraquecendo e diminuíram 
∏	 após	a	vitória	da	revolução	socialista	chinesa,	Mao	Tse-tung	(foto	superior,	de	1967)	
fundou	a	república	Popular	da	china,	enquanto	seu	rival,	chiang	Kai-shek	(foto	infe-
rior,	da	década	de	1950),	fundava	a	china	Nacionalista,	em	formosa.
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UNIÃO SOVIÉTICA
MONGÓLIA
Manchúria
Pequim COREIA
REPÚBLICA POPULAR
DA CHINA
Tianjin
JAPÃO
Kashi
Tibete
NEPAL
Nanquim
Cantão
Taipé CHINA
NACIONALISTA
(Taiwan ou
Formosa)
Hong Kong
(RU)
Macau
(Port.)
Xangai
Trópico de Câncer 
110º L
Adaptado de: BARRACLOUGH, Geoffrey. Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha de S.Paulo/Times Books, 1995. p. 259.
As duas Chinas
CHINA
38° N
Mar do
Leste
(Mar do Japão)
Mar
Amarelo
RÚSSIA
COREIA
DO NORTE
COREIA
DO SUL
128° L
125
km
0 250
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A Coreia no final da guerra
ainda mais com o colapso do socialismo no Leste Eu-
ropeu no final dos anos 1980 e início dos 1990.
Com o final da Guerra Fria, a Coreia do Norte 
passou a praticar uma política que oscilou entre apro-
ximação com o mundo capitalista – incluindo os Es-
tados Unidos e a Coreia do Sul – e distanciamento e 
Adaptado de: BARRACLOUGH, Geoffrey. Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha de S.Paulo/ 
Times Books, 1995. p. 274.
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158	 DO	Pós-guerra	aO	séculO	XXi
p	 Depois	de	sua	economia	voltar	a	crescer	no	início	do	século	XXi	e	do	pagamento	da	dívida	acumulada	na	crise	dos	anos	1990,	
a	coreia	do	sul	teve	como	grande	ameaça	a	atuação	bélica	norte-coreana.	a	possibilidade	de	confrontação	militar	na	região	
e	de	uso	de	armas	nucleares	mostrou-se	como	uma	séria	ameaça	à	paz	mundial	e	ao	contínuo	desenvolvimento	da	economia	
sul-coreana.	Mesmo	assim,	a	coreia	do	sul	chegou	a	ocupar	a	posição	de	segundo	maior	produtor	de	navios	do	mundo.	À	es-
querda,	foto	de	2011,	de	estaleiro	em	ulsan,	cidade	onde	se	concentra	o	principal	parque	industrial	do	país.	À	direita,	foto	de	
fevereiro	de	2003,	na	qual	podem	ser	vistos	os	chefes	das	delegações	norte-coreana,	Pak	chang-ryon,	à	direita,	e	sul-coreana,	
Yoon	Jin-shik,	à	esquerda,	chegando	ao	quarto	encontro	econômico	entre	as	coreias,	no	qual	conversaram	sobre	abertura	
econômica	e	suspensão	do	programa	nuclear,	sem	sucesso,	já	que	o	governo	da	coreia	do	Norte	optou	por	retomar	os	testes	
de	mísseis	e	de	explosões	nucleares	a	partir	de	2009.	
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conflitos. Em 2006 o país rea-
lizou testes nucleares, com a 
explosão de uma bomba atô-
mica subterrânea. Em seguida, 
perante as sanções aprovadas 
pelo Conselho de Segurança 
da ONU, retomou a busca de 
acordos de não agressão e de 
desarmamento, como contra-
partida à liberação de depó-
sitos bancários do país con-
gelados nos Estados Unidos 
e obtenção de empréstimos e 
fornecimento de petróleo. Em 
2007, chegou a firmar acordo 
no Grupo dos Seis (as duas 
Coreias, mais a China, Estados 
Unidos, Federação Russa e Ja-
pão), comprometendo-se a de-
sativar todas as suas instalações nucleares. Em 2009, 
contudo, expulsou do país técnicos da AIEA (agência 
atômica da ONU) e abandonou o fórum de negocia-
ções do Grupo dos Seis, além de realizar testes de 
lançamento de mísseis de curto alcance e, em segui-
da, outra explosão atômica subterrânea, retomando 
seu programa nuclear. Com essa política, repetiu um 
terceiro teste nuclear em fevereiro de 2013, com uma 
explosão atômica ainda mais forte que as anteriores, 
Tigres Asiáticos:	 denomina-
ção	 atribuída	 a	 um	 conjunto	
de	países	da	Ásia	que	na	dé-
cada	 de	 1980	 apresentaram	
um	desenvolvimento	elevado	
e	repentino,	com	uma	econo-
mia	 voltada	 para	 a	 exporta-
ção.	 fazem	 parte	 do	 grupo:	
Hong	 Kong,	 coreia	 do	 sul,	
cingapura	e	Taiwan.
recebendo imediata condena-
ção internacional, seguida de 
mais sanções, especialmente 
norte-americanas e europeias, 
elevando ainda mais a tensão 
regional.
A Coreia do Sul, por sua 
vez, recebeu investimentos 
e tecnologia estrangeira, as-
cendendo à posição de Tigre 
Asiático, embora, de início, 
fosse um país essencialmente 
agrário e não muito distante 
da situação econômica de seu 
parceiro do norte.
Em junho de 2000, 
o presidente sul-corea-
no Kim Dae-jung visi-
tou Pyongyang, capital 
da Coreia do Norte, 
num inédito encontro de cúpula com o “grande líder” 
Kim Jong-il, para firmar promessas de ampliação do 
diálogo e de ajuda entre as duas Coreias. Novas inves-
tidas para uma maior aproximação com a Coreia do 
Norte continuaram a partir de então, inviabilizadas 
pela política nuclear e pela retórica agressiva do go-
verno do Norte.
p	 cartaz	 de	 propaganda	 comunista	 represen-
tando	o	líder	Kim	il-sung.
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	 O	Pós-guerra	e	a	guerra	fria	 159
estAdos unidos e união soviéticA durAnte A GuerrA FriA
O armamentismo e a tensão crescente entre os 
blocos capitalista e socialista, que caracterizavam a 
Guerra Fria, sofreram uma reversão parcial em 1953, 
com a morte do líder soviético, Josef Stálin, a política 
do presidente norte-americano Dwight Eisenhower e 
o acordo de paz de Pan Munjon, na Coreia. Instaurou-
-se então um período de aproximação entre a União 
Soviética e os Estados Unidos, conhecido como Coe-
xistência Pacífica.
Esse período iniciou-se com uma série de reu-
niões de cúpula entre os dirigentes das duas superpo-
tências para acordos sobre a limitação de armamen-
tos. Até os anos 1960, procurou-se diminuir os atritos 
da Guerra Fria, o monolitismo dos blocos e o alinha-
mento férreo à União Soviética ou aos Estados Unidos, 
possibilitando uma multipolarização internacional.
Em protesto contra a condição de simples satéli-
tes dos Estados Unidos, países europeus como França 
e Inglaterra, recuperados economicamente, desenvol-
veram políticas regionais independentes.
Em 1955, a Conferência de Bandung, na Indo-
nésia, reuniu 23 países asiáticos e seis africanos com 
o objetivo de criar o que seria um novo bloco político 
de âmbito global. Os países independentes, mas eco-
nomicamente subdesenvolvidos, que foram chamados 
de Terceiro Mundo, posicionaram-se pelo não alinha-
mento automático a uma das duas superpotências. 
Como meta prioritária, assumiram o desenvolvimento 
econômico para superar dificuldades sem se envolver 
na bipolarização Estados Unidos-União Soviética.
No bloco socialista, o sucessor de Stálin, Nikita 
Kruschev, iniciou um processo de “desestalinização”, 
alterando profundamente a política interna e exter-
na soviética. Além disso, a partir de 1959 o distancia-
mento entre a China e a União Soviética dividiu os 
partidos comunistas mundiais, originando divergên-
cias que ativaram a multipolarização e puseram fim à 
coesão soviética.
Embora servisse como canal de entendimento 
no mundo organizado em dois blocos, a Coexistência 
Pacífica não pôs fim aos conflitos entre capitalismo e 
socialismo, e a aproximação entre norte-americanos e 
soviéticos e até mesmo a paz mundial foram ameaça-
das por novos focos de tensão: a Guerra do Vietnã, a 
descolonização africana, a Revolução Cubana, a inva-
são da Hungria pelos soviéticos e o rompimento entre 
a União Soviética e a China.
Os norte-americanos 
de 1945 a 1969
Com a morte de Franklin Delano Roosevelt, em 
1945, o vice-presidente, Harry Truman, assumiu a 
presidência dos Estados Unidos. Seu governo carac-
terizou-se pelo início da Guerra Fria e suas mais in-
tensas manifestações. Difundiu-se no país a ideia de 
que qualquer oposição ao governo era sinal de antia-
mericanismo ou comunismo, produto de sabotagem 
e traição nacional. À frente dessa histeria política, es-
tava o senador Joseph MacCarthy.
p	 a	“desestalinização”	comandada	por	Nikita	Kruschev	(à	di-
reita,	de	paletó	claro)	reprovava	o	autoritarismo,	a	repres-
são	e	o	culto	à	personalidade	da	era	stalinista.	Na	 foto,	o	
dirigente	 soviético	 em	 visita	 a	 uma	 fazenda	 agropecuária	
em	iowa,	nos	estados	unidos,	em	1959.
p	 Joseph	 Maccarthy	 iniciou	 uma	 terrível	 “caça	 às	 bruxas”,	
forjando	processose	delações	e	disseminando	o	pânico	co-
munista	pela	sociedade	norte-americana.	Na	foto	de	1954,	
o	senador	Maccarthy	localiza	as	“células	comunistas”	em	
todo	os	estados	unidos.
Jerry Cooke/Corbis/Latinstock
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160	 DO	Pós-guerra	aO	séculO	XXi
O macarthismo atingiu 
seu auge com o “caso Rosen-
berg”, que consistiu na prisão 
e julgamento do casal judeu 
Ethel e Julius Rosenberg, 
acusado de passar segredos 
da bomba atômica aos sovié-
ticos. Depois de um tumul-
tuado processo, e apesar dos 
pedidos de clemência vin-
dos de muitos países, foram 
ambos executados, em 1953. 
A febre macarthista atingiu 
todo o país, só refluindo no segundo mandato do pre-
sidente Eisenhower.
Eleito em 1952 pelo Partido Republicano, Dwight 
Eisenhower foi reeleito em 1956, governando os Esta-
dos Unidos até 1960. Na política externa, oscilou entre 
o enfrentamento da Guerra Fria e a prática da coe-
xistência pacífica. Comandou uma política agressiva 
contra os soviéticos, estabelecendo pactos militares 
com países alinhados contra o comunismo; ao mes-
mo tempo, favoreceu a retomada das relações com a 
União Soviética, originando os primeiros acordos do 
pós-guerra.
Eisenhower destinava imensas verbas para a 
construção de mísseis e exploração espacial, a fim 
de ultrapassar os soviéticos, que haviam lançado o 
primeiro satélite artificial do mundo, o Sputnik. En-
quanto isso, recebia Kruschev em 1959, nos Estados 
Unidos, para conversações 
confidenciais e amigáveis.
Integrante do Partido 
Democrata, John Fitzgerald 
Kennedy venceu o republica-
no Richard Nixon nas elei-
ções de 1960, governando até 
1963, quando foi assassinado. 
Em pleno período da Guerra 
Fria, Kennedy também man-
teve com os soviéticos conver-
sações e diversos confrontos, 
originando crises agudas, algu-
mas de alarmante ameaça à paz mundial.
Ao assumir a presidência, Kennedy teve de en-
frentar a questão da vitória de Fidel Castro em Cuba, 
em 1959. Hostil aos norte-americanos, a Revolução 
Cubana anulou a tradicional hegemonia norte-ame-
ricana naquela ilha, grande produtora de açúcar e 
charutos e apreciado local turístico.
Em 1961, desejando reaver a supremacia perdida, 
o governo Kennedy colocou em prática um plano de 
invasão à ilha para derrubar o governo revolucionário 
cubano. O plano, a invasão da Baía dos Porcos, fora 
elaborado pela CIA (Agência Central de Inteligência, 
órgão do governo norte-americano dedicado a espio-
nagem e ações clandestinas) durante a administração 
Eisenhower e terminou em fracasso. Kennedy teve de 
assumir pessoalmente a responsabilidade da ação, 
desgastando-se politicamente.
p	 embora	Kennedy	tenha	se	reunido	com	Kruschev	em	junho	de	1961	(foto	à	esquerda),	em	Viena,	mantendo	o	clima	diplomático	de	
coexistência	internacional,	em	agosto	do	mesmo	ano	agravou-se	a	tensão,	quando	foi	erguido	o	Muro	de	Berlim,	dividindo	a	cidade	
ao	meio	e	fechando	um	tradicional	caminho	de	fuga	dos	alemães	orientais	para	o	Ocidente.	Na	capa	da	revista	alemã	de	23	de	
julho	de	1961,	a	tensão	já	era	sentida:	“com	o	chanceler	[adenauer]	todos	os	alemães	olham	com	preocupação	para	sua	capital”.
p	 Kennedy	 em	 confronto	 com	 Kruschev.	
caricatura	de	levine,	1962.
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