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192 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) CONSERVACIONISMO X PRESERVACIONISMO Conservar um recurso natural não significa guardá-lo, mesmo porque a humanidade não poderia sobreviver sem o seu uso. Conservação dos recursos naturais significa sua utilização de forma racional, ou seja, procurando obter o máximo de aproveitamento para satisfazer o maior número possível de pessoas. Para atingir um estágio de conservação dos recursos naturais são necessários alguns requisitos básicos, tais como: educação do homem, técnicas adequadas, proteção, reprodução e recuperação. Preservar consiste em resguardar ou proteger os recursos naturais evitando a sua utilização. Na verdade o preservacionismo é direcionado para os ambientes ou espécies que estejam ameaçados de extinção. De uma forma geral a preservação está ligada à ideia de patrimônio cultural e/ou ecológico de um espaço geográfico. Trata-se de paisagens naturais ou obras de artes que possuem valores ideológicos inestimáveis. A produção e o uso inadequado do bem mineral podem direta ou indiretamente levar a diferentes formas de degradação ambiental, outrora de efeitos locais ou regionais, agora amplos (aquecimento global, chuva ácida, deterioração da camada de ozônio, poluição dos reservatórios de água, etc.). Não só a provável futura escassez dos minerais nos preocupa como as consequências danosas para as sociedades humanas. Os minerais podem ser classificados em: Minerais metálicos: ferro, manganês, alumínio, magnésio, cobre, mercúrio, chumbo, estanho, ouro, prata e urânio. Minerais não-metálicos: quartzo, feldspato, enxofre, titânio, diamante, mica, amianto, etc. CONSUMO ANUAL MÉDIO DE ALGUNS MINERAIS POR NORTE-AMERICANOS DOS ESTADOS UNIDOS Fonte: Craig, Voughan & Skinner, 1996. EXPECTATIVA DE DURAÇÃO DAS RESERVAS DE ALGUNS MINERAIS MINERAL DURAÇÃO Sal e Magnésio Quase infinita. Cal e Silício Mais de milhares de anos. Minério de Manganês e Cobalto. Mais de 200 anos. Minério de Ferro e Feldspato. 100 a 200 anos. Bauxita, Fosfato e Níquel. 50 a 100 anos. Fonte: CAMERON, Eugene N.At the crossroads. In.: Manual Global de Ecologia. São Paulo: Augustus,1993.p.,180. PRODUÇÃO MUNDIAL DE MINÉRIOS Aula 2 – Atividades Econômica 193 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Para solucionar o problema da extinção de alguns recursos minerais, as sociedades terão de se preocupar em recuperar áreas degradadas e explorar mais racionalmente as áreas mineradoras, além de procurar substitutos para minerais escassos. OS EFEITOS AMBIENTAIS DA MINERAÇÃO A mineração e o garimpo são atividades que também exercem forte interferência no ambiente natural e contribuem para sua deterioração. Trata-se da extração de recursos naturais do solo e do subsolo, dos mais variados tipos e usos. Os recursos minerais, como o carvão e o petróleo, tanto são usados como fontes energéticas quanto como matérias- primas (...). É praticamente impossível para a sociedade industrial privar-se do uso dos recursos minerais. Foram os múltiplos usos desses recursos que possibilitaram o grande desenvolvimento industrial. Minerais de grande valor comercial como ouro, diamante e até cassiterita são muito explorados no Brasil através do garimpo. Equipamento usado na mineração. Esse trabalho de mineração é feito nos leitos fluviais e nos depósitos de sedimentos dos terraços e das planícies fluviais, principalmente dos rios da bacia hidrográfica amazônica e no alto rio Paraguai-Cuiabá. (...) A operação de garimpo mecanizado movimenta um volume enorme de detritos ao destruir as margens dos leitos fluviais e na dragagem dos depósitos de fundos dos leitos fluviais. Alteram a qualidade das águas dos rios com sedimentos em suspensão e com o uso do mercúrio para aumentar o aproveitamento das partículas finas de ouro. A garimpagem, tal como tem sido praticada no Brasil, gera grande desperdício por extrair cerca de 50% dos minerais disponíveis nos sedimentos. Além disso, altera totalmente a paisagem e afeta a qualidade das águas dos rios e com isso interfere na vida da fauna [da flora] e na saúde do homem. Fonte: ROSS, J. L. S. (org.) Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2003. A prospecção mineral é uma atividade importante e essencial ao homem moderno. Por ser uma atividade econômica extrativista, produz grandes transformações e impactos no espaço geográfico. Observa-se, no momento atual, um crescimento tanto no que se refere a investimentos em novas tecnologias de exploração mineral quanto na busca por novos depósitos minerais, já que o mercado mundial tem demandado mais recursos minerais como forma de atender à sociedade cada vez mais consumista. Em alguns países, a atividade extrativa mineral responde por mais de 20% do PIB, como no Chile. Já no Brasil, essa atividade responde por cerca de 5% do PIB, com boas perspectivas de crescimento para os próximos anos. Apesar da importância do extrativismo mineral para o mundo moderno, essa atividade tem sido vista como uma das responsáveis pela degradação ambiental. Como forma de tentar amenizar ou mesmo reverter esse problema, programas de desenvolvimento sustentável aliados a leis ambientais mais rígidas têm contribuído para o desenvolvimento de tecnologias que visam a minimizar os impactos no meio ambiente. A EXPLORAÇÃO MINERAL NO BRASIL O Brasil está entre os cinco países com maior potencial de descobertas minerais, ao lado da Austrália, do Canadá, dos EUA e da Rússia; porém é apenas o oitavo país em investimentos em exploração mineral. Desde os tempos coloniais, a atividade extrativa mineral é importante em nosso país. A preocupação com os recursos minerais no Brasil evidencia-se a partir da evolução nacionalista de 1930, culminando com a aprovação do Código de Minas que distinguia a propriedade do solo e do subsolo (pertencente à União). Em 1934, a Constituição permitiu que “empresas constituídas no Brasil explorassem jazidas minerais”, dando espaço às empresas estrangeiras para se organizarem no território brasileiro. Em 1937, a nova Constituição corrigiu essa falha na lei, e o direito exclusivo de exploração mineral voltou a ser de brasileiros. Em 1965, durante o período militar, ocorreu a aprovação do Plano Decenal de Avaliação dos Recursos Minerais, que deu início a um grande impulso na exploração dos recursos minerais brasileiros. A Carta de 1988 estabeleceu o monopólio da União para pesquisa, lavra e comércio do petróleo, do gás natural e dos minerais de uso nuclear. Apenas em 1995, o monopólio estatal foi quebrado, permitindo a penetração do capital estrangeiro nessas atividades. Na década de 1990, o Brasil aderiu ao Neoliberalismo e deu início às privatizações nos setores petroquímico e de extrativismo mineral, entre outros. A exploração mineral exige altos investimentos (pesquisa – em áreas de alto risco, já que nem todas geram resultados – infraestrutura de minas, transportes, energia) e também envolve grandes riscos de capital, já que os produtos oriundos do extrativismo mineral sofrem grandes variações de preços. No Brasil, a presença de grandes empresas de capital nacional privado e capital estrangeiro é uma realidade. Sete grandes empresas respondem por 94% da produção nacional de ferro: Cia. Vale do Rio Doce; Minerações Brasileiras Reunidas S.A.; Mineração da Trindade; Ferteco Mineração S.A.; Samarco Mineração S.A.; Cia. Siderúrgica Nacional; e Itaminas Comércio de Minérios S.A., Cia. Siderúrgica Nacional; e Itaminas Comércio de Minérios S.A., segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A antiguidade de nossa estrutura geológica associada aos diferentes tipos de rochas que a compõem conferem ao Brasil uma riqueza mineral diversificada, o que não significa que somos autossuficientesem todos os minerais essenciais ao desenvolvimento industrial. 194 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) Segundo levantamentos mineralógicos do Brasil, nosso país apresenta o seguinte quadro: • Reservas abundantes: ferro, manganês, cassiterita, níquel, bauxita, cristal de rocha, zircônio, berilo, magnesita, calcário, sal- gema e tório. • Reservas suficientes: ouro, cobre, zinco, potássio, fluorita e xisto. • Reservas deficientes: chumbo, prata, platina, antimônio, cromo, tungstênio, enxofre, petróleo, carvão e gás natural. PRINCIPAIS PROJETOS MINERAIS Corresponde à principal região de exploração de minério de ferro do país, porém são também identificadas na região outras jazidas, como as de manganês, de cobre, de níquel, de bauxita e de cassiterita. A produção dessa área é escoada por meio de dois corredores (a Estrada de Ferro Vitória-Minas, que liga a região do Quadrilátero aos portos de Vitória e Tubarão – ambos no ES –, e a Estrada de Ferro Central do Brasil, que liga o Quadrilátero ao Porto de Sepetiba no Rio de Janeiro). A produção mineral do Quadrilátero atende aos mercados interno e externo. PROJETO GRANDE CARAJÁS O Projeto faz parte do programa desenvolvimentista do Governo Federal visando à integração da Amazônia Oriental e à exploração do minério de ferro, por meio da implantação de projetos voltados para a mineração, metalurgia, agricultura, reflorestamento e pecuária. Essa exploração foi fruto da implantação de projetos de colonização e política de incentivo aos empreendimentos agrominerais na Amazônia, desde os anos 1960. O Programa Grande Carajás foi lançado em 1979 com o objetivo de tornar viável a exploração mineral na região da Serra de Carajás, uma grande província mineralógica que contém a maior reserva mundial de minério de ferro de alto teor, além de importantes reservas de manganês, cobre, ouro, entre outros. A prospecção de minério na Serra dos Carajás, no leste do Pará, começou em 1966 com a participação de empresas transnacionais. Em 1970, os minérios já tinham sido localizados e, então, constituiu-se a Amazônia Mineração S.A., que se associou a empresas estrangeiras e à Companhia Vale do Rio Doce. No final dos anos 1970, a CVRD assumiu o controle total do empreendimento e lançou o Programa Grande Carajás. Na década de 1990, a Companhia Vale do Rio Doce foi privatizada, transformando-se na maior exportadora de minério de ferro do mundo, possuindo todos os direitos de exploração dos minérios da Serra de Carajás. A exploração de minérios, sobretudo o ferro, exigiu o desenvolvimento de uma infraestrutura da qual fazem parte a Estrada de Ferro Carajás – que se estende até o Porto Ponta da Madeira, no Maranhão – e a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins. O Projeto Carajás atraiu grandes contingentes populacionais para o sul do Pará e o impacto ecológico de suas atividades foi inevitável. Segundo os pesquisadores, a Província Mineral de Carajás, pela diversidade de seus recursos minerais e grandeza das jazidas, é única no planeta. PROJETO TROMBETAS (PA) O Projeto Carajás está articulado ao Projeto Trombetas, com a extração de bauxita na Serra de Oriximiná, junto ao Vale do Rio Trombetas, no noroeste do Pará. A empresa controladora desse segundo projeto chama-se Mineração Rio do Norte, constituída a partir da associação da Companhia Vale do Rio Doce com um grupo de empresas nacionais e estrangeiras. A bauxita de Oriximiná é destinada ao abastecimento do complexo industrial ALBRÁS / ALUNORTE, onde a bauxita é transformada em alumínio e alumina, sendo depois exportada para o mercado japonês. SERRA DO NAVIO (AP) O projeto na Serra do Navio, implantado no final da década de 1950, no estado do Amapá, foi até a década de 1990 a principal mina de manganês do Brasil, com uma produção acumulada de mais de 30 milhões de toneladas. Em 1968, havia a preocupação com o crescimento da pauta de exportação, mas também com a ocupação do espaço. Buscava-se sair da economia baseada na indústria extrativa vegetal e em modestas atividades agropecuárias, para novas formas agropastoris e para a industrialização dos produtos naturais. A exaustão dessa mina foi compensada com a definição de novas reservas no sul do Pará, em especial a jazida do Igarapé do Azul. MACIÇO DO URUCUM (MS) Localizado próximo à cidade de Corumbá, corresponde a uma área produtora de minério de ferro e manganês. A produção oriunda dessa área abastece principalmente países como Paraguai, Argentina e Bolívia. O escoamento é realizado próximo à cidade de Corumbá. Aula 2 – Atividades Econômica 195 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência A exploração no Maciço do Urucumi começou em 1930 e se instalou com vários privilégios, como isenções da tarifa de importação de máquinas e equipamentos, além de concessões sem critérios. Sendo este setor produtivo atrelado às fases cíclicas de depressão da economia do café, considerado o centro dinâmico acumulativo. Nos anos 50 o desenvolvimento nacional trouxe um avanço, sendo que a produção de Corumbá deslanchou e atraiu a instalação de outras indústrias como a Companhia de Cimento Portland Itaú e a Sociedade Brasileira de Metalurgia. Com a crise mundial dos anos 70 em razão da divisão territorial do trabalho, dificuldade de acesso pela carência estrutural de transporte local a longa distância do minério e a crise do petróleo que compromete a economia do planeta, o governo do estado de Mato Grosso criou a Mineração do Estado de Mato Grosso (Metamat) e a Urucum Mineração, que é de capital misto, tendo como acionista a própria Metamat, a estatal Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e mais dois grupos menores de mineradores privados. No ano de 1980, com a finalidade de aproveitar o potencial de minério, o governo estadual, tendo o apoio do Ministério das Minas e Energia, anuncia o projeto do Pólo Mínero-Siderúrgico de Corumbá, que conta com a participação da Urucum Mineração. Do ponto de vista produtivo, a mineração participa com aproximadamente 3,5% da receita do município, tendo chegado a empregar mais de 500 pessoas nos anos 90 (seu melhor momento), das quais 200 demitidas logo depois de concretizado o acampamento, que ainda estava sob júdice da Vale do Rio Doce. Mas na perspectiva sócio-ambiental vem apresentando alguns problemas de conflitos, pois a lavagem do minério extraído acaba provocando grande poluição nos afluentes do rio Paraguai e também em seu curso, além das imediações da localidade de Ladário e em distritos de Corumbá (Forte Coimbra e Nabileque). A empresa também tem enfrentado outras denúncias comprometedoras nos primeiros anos do século XXI, como ter desviado o curso de água do córrego Urucum, prejudicando mais de 50 famílias, na maioria das vezes produtores rurais de um projeto de assentamento do INCRA que são vizinhas das minas de extração de minério. PRINCIPAIS JAZIMENTOS MINERAIS • Minério de ferro – Mineral abundante no mundo, porém com jazidas em poucos países, sendo que apenas cinco detêm 77% das ocorrências totais. O Brasil possui 8,3% das reservas totais, a quinta maior do mundo, equivalente a 19 bilhões de toneladas. As reservas do Brasil e da Austrália apresentam o maior teor de ferro, da ordem de 60%. Ocupamos o segundo lugar na produção mundial, perdendo apenas para a China, no entanto, se for considerado o volume de minério de ferro já beneficiado, estamos à frente desse país. No mundo, os maiores produtores de minério de ferro são os Estados Unidos, o Brasil, a China e a Austrália. • Manganês – Esse mineral é importante para a industrialização de um país, devido à empregabilidade na indústria (química, cerâmica, baterias elétricas, fertilizantes). Na siderurgia é empregado para retirar o oxigênio e o enxofreprejudiciais ao ferro. O manganês é encontrado em terrenos antigos do Proterozoico, geralmente associado ao minério de ferro. O Brasil é o terceiro produtor mundial, sendo que o primeiro é a África do Sul. A produção brasileira vem aumentando, principalmente com a atuação da CVRD em Carajás, e as exportações também têm apresentado substancial crescimento. Internamente, o manganês é utilizado nas siderúrgicas compondo ligas com o ferro na produção de aço. A produção brasileira está concentrada no estado do Pará (Serra dos Carajás), Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero) e no Amapá (Serra do Navio). No mundo, as mais importantes reservas de manganês estão na Rússia, África do Sul, Gabão, Austrália, Índia, México, Gana, Hungria e Marrocos. • Alumínio – Mineral abundante na crosta terrestre, no entanto, o alumínio não é encontrado de forma isolada na natureza e o processo de industrialização desse metal exige alto consumo de energia elétrica. O minério de bauxita é a principal fonte para a obtenção do alumínio e a sua extração é realizada no Vale do Rio Trombetas, no Pará (Mineração Rio do Norte – 76,6%), com industrialização pela ALUNORTE / ALBRÁS e no estado de Minas Gerais. No mundo, os principais produtores de alumínio sã China, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Austrália. • Estanho – O Brasil possui 6,8% das reservas mundiais, uma produção de 6,7% e um consumo de 3,2% do total mundial. O estanho é obtido da cassiterita, sendo utilizado na composição de ligas metálicas como a folha de flandres, com o aço. As principais áreas de produção estão nos estados do Amazonas, Rondônia, Minas Gerais, Pará, Goiás e Mato Grosso. As exportações desse mineral têm enfrentado forte concorrência do estanho chinês (44,2% das reservas mundiais). No mundo, os principais produtores de estanho são China, Malásia, Tailândia, Indonésia, Austrália, Bolívia e Peru. • Cobre – O Brasil possui modesta participação no mundo em relação ao cobre, em um mercado dominado pelo Chile e pelos EUA, tanto no que diz respeito às reservas quanto à produção. A prospecção desse minério no Brasil está concentrada nos estados da Bahia, do Pará (Carajás) e de Goiás, sendo insuficiente para atender ao consumo interno. O Brasil importa cobre principalmente do Chile e do Peru. No mundo, os principais produtores de cobre são Estados Unidos, Peru, China, Austrália, Indonésia e Rússia. • Ouro – A principal característica desse mineral é a sua resistência a quase todos os tipos de corrosão, sendo utilizado em diversas ligas metálicas, joias, tratamentos dentários, etc. A produção brasileira atende ao mercado interno e externo. Os maiores produtores são África do Sul, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Rússia e Brasil, sendo Minas Gerais o principal produtor nacional seguido do Pará. • Nióbio – Minério utilizado na composição de ligas metálicas que requerem resistência e leveza. É considerado estratégico para as indústrias, como aeronáutica, naval e espacial, além da automobilística. O Brasil detém grande parte das reservas e da produção mundial, e, internamente, a produção se concentra em Minas Gerais (96,3%), Amazonas (2,7%) e Goiás (1,0%). No mundo, o Brasil é o maior produtor, seguido pelo Canadá que detém apenas 2% da produção mundial. 196 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) • Quartzo – Minério estratégico para a indústria de informática e eletroeletrônica. O Brasil detém quase a totalidade do quartzo mundial em estado natural e exporta esse produto especialmente para o Japão, Hong Kong e Reino Unido. Em termos de produção de quartzo em cristal, merecem destaque os estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. No mundo, os principais produtores são Brasil, Suíça, Japão e África do Sul. O quatzo também pode ser obtido industrialmente através de crescimento hidrotérmico. O Japão é o maior produtor mundial de quatzo sintético, já o Brasil não possui tecnologia nesse setor. • Sal marinho – É utilizado na fabricação de baterias, óxidos, soldas e munições. A grande extensão do litoral brasileiro e as condições físicas favoráveis (ventos alísios, elevada insolação e evaporação, elevada salinidade em alguns pontos do litoral) permitem ao Brasil uma grande produção que atende tanto o mercado interno quanto o externo. O Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional, Rio de Janeiro, Ceará e Piauí, são outros produtores. • Chumbo – A participação do Brasil nas reservas e produção de chumbo no mundo é muito reduzida. A produção brasileira é encontrada em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia. O Brasil importa semimanufaturados de chumbo do Peru, China, Reino Unido e Argentina. Conforme dados de 2007, as maiores reservas mundiais de chumbo, em milhões de toneladas (mt), estavam na Austrália (59 mt), China (36 mt), EUA (19 mt), Canadá (5 mt), Peru (4 mt) e México (2 mt). QUESTÃO AMBIENTAL E MINERAÇÃO A mineração no Brasil e no mundo representa, nos dias atuais, a base de um importante segmento da economia nacional. Os minerais são considerados matérias-primas não renováveis e, à primeira vista, a mineração é considerada uma atividade não sustentável, cujos recursos são exauríveis. Os efeitos ambientais estão associados, de modo geral, às diversas fases de exploração dos bens minerais, como a abertura de cavas (retirada da vegetação, escavações, movimentação de terra e modificação da paisagem local); o uso de explosivos no desmonte de rocha, provocando, por exemplo, a vibração do terreno e o lançamento na atmosfera de fragmentos, gases, poeira; o transporte e beneficiamento do minério (geração de poeira e ruído), afetando a água, o solo e o ar, além da população local. O grande desafio é a exploração com responsabilidade e sustentabilidade, sem degradar o meio ambiente, ou, ao menos, tentando minimizar esses impactos. Sobre isso, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, parágrafo segundo, determina que a utilização de recursos minerais deixa o empreendedor obrigado a recuperar o meio ambiente degradado. Nesse contexto, é dever do empreendedor zelar por um bem público, o meio ambiente, e é obrigação do Estado, por meio de órgãos competentes, fiscalizar o cumprimento da lei. Por meio da integração de órgãos, nas três esferas (federal, estadual e municipal), e também da sociedade, pode-se garantir um efetivo cumprimento da legislação ambiental e mineral, assim como a recuperação de ambientes degradados. Além disso, há a exigência de que a empresa interessada na exploração mineral apresente um relatório de impacto ambiental (RIMA) e um plano de recuperação da área degradada pela mineração, que ficam sujeitos à análise e à aprovação. CASO SAMARCO, UM MAR DE LAMA!! O rompimento da barragem do Fundão, na zona rural de Mariana (MG), liberou uma enxurrada de rejeitos de minério de ferro, cerca de 50.000.000 m³ desses rejeitos, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A responsável pela barragem é a SAMARCO, empresa controlada por duas gigantes na mineração mundial, a VALE e a BHP –Billinton. Além de 19 mortos e das centenas de pessoas que foram desalojadas, a tragédia deixou um rastro de danos ambientais, econômicos e sociais difíceis de serem reparadas. A maioria das comunidades presentes nas regiões atingidas dependem economicamente da pesca, agricultura, turismo, pecuária e da própria mineração, hoje impraticáveis na região. A Samarco foi obrigada pelo Ministério Público de Minas Gerais a providenciar lar temporário para mais de 260 famílias desabrigadas e a pagar a elas uma indenização de R$ 20 mil, além de um salário mínimo, mais 20% por dependente e uma cesta básica. Também foram determinados judicialmente acertos no valor de R$ 100 mil para as famílias daqueles que morreram ouainda estão desaparecidos. Esse montante é considerado um adiantamento, pois o total da indenização ainda será estipulado judicialmente. AGROPECUÁRIA A agropecuária é o conjunto de técnicas de domínio e controle do desenvolvimento das plantas e dos animais para o uso humano, sendo uma das atividades básicas da humanidade, que provavelmente foi a responsável pela primeira grande transformação no espaço geográfico. Aula 2 – Atividades Econômica 197 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Surgiu há cerca de 12 mil anos, no Neolítico2, quando as comunidades primitivas passaram de um modo de vida nômade, baseado na caça e na coleta de alimentos, para um modo de vida sedentário, viabilizado pelo cultivo de plantas e pela domesticação de animais. Pintura retratando o surgimento da agricultura no Neolítico. Inicialmente, foi praticada às margens dos grandes rios, como o Tigre e o Eufrates, Nilo, o Yang-Tsé-Kiang e o Ganges. Foi justamente nessas áreas que se desenvolveram as primeiras grandes civilizações. Com a evolução da agricultura, começou a haver excedente de produção, o que possibilitou o desenvolvimento do comércio, inicialmente baseado na troca de produtos. As técnicas agrícolas revelam como as sociedades interferem nos processos naturais, “criando” solos férteis. A prática ensinou muitas coisas, antes de a ciência explicá-las. Mas só no século XIX iniciaram-se as experiências com fertilizantes químicos, cuja produção se tornaria um negócio industrial no século XX. Graças à Revolução Industrial, evoluíram as técnicas agrícolas, o que possibilitou o aumento da produtividade, sem ser necessário ampliar a área de cultivo. Esse desenvolvimento tecnológico aplicado à agricultura ficou conhecido como Revolução Agrícola, que visava o aumento da produção de alimentos. Esse aumento de produtividade foi necessário em decorrência do aumento da população em geral, da elevação percentual da população urbana (cujas atividades de subsistência eram limitadas a alguns gêneros apenas) e da proporcional diminuição da população rural, responsável pela produção de alimentos. As bases técnicas da Revolução Agrícola foram propiciadas sobretudo pelas indústrias fornecedoras de insumos para a agricultura (máquinas, fertilizantes, etc.). COMO NASCEU A AGROQUÍMICA “Até o final dos anos 40, a pesquisa em agricultura visava a soluções biológicas. A perspectiva era ecológica, embora mal se falasse em ecologia. Se esta tendência tivesse podido continuar, teríamos hoje muitas formas de agricultura sustentável, localmente adaptadas e altamente produtivas. 2 O neolítico é o período de pré-história que ocorreu entre 12000 a.C, e 6000 a.C. Foi nesse período que o ser humano inventou e desenvolveu a agricultura, iniciou a domesticação de animais, tornou-se sedentário e aperfeiçoou técnicas de produção de utensílios. A esse conjunto de inovações dá-se o nbome de Revolução do Neolítico. Começando os anos 50, a indústria conseguiu fixar um novo paradigma, nas escolas, na extensão e na pesquisa agrícola. Vamos chama-lo paradigma NPK + V, NPK que corresponde a nitrogênio, fósforo, potássio, o V significando veneno. Os fertilizantes comerciais tornaram-se um grande negócio depois da Primeira Guerra Mundial. Logo no começo da guerra o bloqueio Aliado cortou o acesso dos alemães ao salitre chileno, essencial para a produção de explosivos. O processo Haber-Bosch para a fixação de nitrogênio a partir do ar era conhecido, mas ainda não tinha sido explorado comercialmente. Os alemães montaram então uma enorme capacidade de produção e conseguiram lutar por quatro anos. O que seria do mundo se esse processo não tivesse sido conhecido? A Primeira Guerra Mundial não se teria realmente desencadeado, não teria acontecido o Tratado de Versalhes e, portanto, não teria havido Hitler! É incrível como a tecnologia pode mudar o curso da História! Quando a guerra acabou existiam enormes estoques e capacidade de produção, mas não havia mais um enorme mercado de explosivos. A indústria, então, decidiu empurrar os fertilizantes nitrogenados para a agricultura. [...] Então eles se tornaram um grande negócio. A indústria desenvolveu um espectro completo, incluindo fósforo, potássio, cálcio, microelementos, mesmo sob a forma de sais complexos, aplicados na forma granulada algumas vezes lançados de aviões. A Segunda Guerra Mundial deu um grande empurrão para uma pequena e quase insignificante indústria de pesticidas e, realmente, projetou-a para uma produção em grande escala. Hoje, o equivalente a centenas de bilhões de dólares em venenos é espalhado nas terras de todo o planeta. Atualmente, o paradigma é aceito quase sem questionamento nas escolas agrícolas, na pesquisa e na extensão. Os agricultores, em sua maioria, acreditam nele e, frequentemente, quando marginalizados, culpam a si mesmos por sua incapacidade de competir [...] A fantástica diversidade de cultivares que tínhamos, e ainda temos hoje, depois das tremendas perdas causadas pela ‘Revolução Verde’ durante as últimas décadas, é o resultado da seleção, consciente e inconsciente, por parte dos camponeses ao longo dos séculos”. [...] LUTZENBERGER, José A. O absurdo da agricultura. Estudos Avançados. São Paulo, v.15,n.43, dez, 2001. Após a Segunda Guerra Mundial, os países desenvolvidos criaram uma estratégia de elevação da produção agrícola mundial, pois haviam “perdido” muitas de suas colônias com o processo de descolonização nos anos 50. Essa estratégia concebida pelos Estados Unidos, objetivava o combate da fome e da miséria nos países subdesenvolvidos, por meio da introdução de um pacote tecnológico contendo novas técnicas de cultivo, equipamentos para mecanização, fertilizantes, defensivos agrícolas e sementes selecionadas. Essa estratégia ficou conhecida como Revolução Verde. SEMANA 02 - GEOGRAFIA II - ATIVIDADES ECONÔMICAS - TRIGUEIRO CONSERVACIONISMO X PRESERVACIONISMO
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