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350 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 01 Um ano após o incêndio que destruiu a Estação Comandante Ferraz (EACF), vitimando dois militares, o Brasil, em sua 31ª investida oficial no continente, prepara terreno para nova Estação. Desta vez, a operação não será destinada à pesquisa científica, mas para a remoção dos escombros deixados pelo incêndio. Com base nisso, assinale a alternativa que apresenta o nome do continente cuja nova estação será construída. a) América. d) Eurásia. b) Antártida. e) Eurafrásia. c) Ásia. Questão 02 Leia o texto a seguir e assinale a alternativa verdadeira. O IX Plano Setorial para os Recursos do Mar - PSRM, com vigência de 2016 a 2019, assume um compromisso explícito com o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação nesse campo do conhecimento, com o monitoramento sedimentológico e meteoceanográfico e a disponibilização de dados e informações em tempo real para a sociedade, além de um olhar mais apurado para os recursos presentes na Zona Costeira e nas áreas marinhas de interesse nacional. I. O IX PSRM enfoca, dentre outros, a conservação e o monitoramento ambiental e a importância estratégica das ilhas oceânicas. II. Os objetivos do IX PSRM foram estabelecidos de modo a promover o uso compartilhado do ambiente marinho com a adequada utilização dos meios existentes e da capacidade instalada, além da defesa dos interesses político-estratégicos da República Federativa do Brasil no mar, nos âmbitos nacional e internacional, com vistas a ampliar a presença brasileira em águas nacionais e internacionais e nas ilhas oceânicas e com observância do contido na PNRM. III. Com base nos princípios básicos da IX PNRM, a abrangência geográfica deste Plano contemplará a Zona Costeira - ZC, o Mar Territorial - MT, a Zona Econômica Exclusiva - ZEE, a Plataforma Continental - PC e as áreas marítimas internacionais de interesse da República Federativa do Brasil. (Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2016/Decreto/D8907.htm). São corretos os itens a) I e II, somente. b) I e III, somente. c) II e III, somente. d) I, II e III. Questão 03 “Na faixa intertropical, junto aos litorais banhados por águas tépidas e calmas, encontramos o respectivo bioma – formação vegetal de transição marinho e terrestre e que é a única associação vegetal tropical praticamente homogênea. Sua localização sempre está associada à faixa intertropical, junto a enseadas, braços de mar e baías de águas calmas, podendo avançar para o interior de estuários até onde a água se mantém salobra. Sujeito diariamente à ação das marés, seu porte varia entre arbustivo de, aproximadamente, dois metros, até arbóreo nos estuários, quando alcança de 5 metros a 6 metros de altura. (TROPPMAIR, Helmut. Biogeografia e Meio Ambiente. Technical Books Editora. 2012, p. 105.) A descrição anterior é característica do Bioma: a) Estepes. c) Mangues. b) Desertos. d) Semidesertos. Questão 04 Os hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues já se reduziram quase à metade. O aquecimento e a acidificação das águas são causas importantes. Transformando-se as duas afirmativas em um único período, o sentido original permanecerá correto em: a) Os hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues já se reduziram quase à metade, conquanto haja importante aquecimento e acidificação das águas. b) Os hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues já se reduziram quase à metade, devido especialmente ao aquecimento e à acidificação das águas. c) É importante perceber que houve aquecimento e acidificação das águas, conforme os hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues se reduziram quase à metade. d) As causas importantes de redução dos hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues, já quase à metade, com o aquecimento e a acidificação das águas. e) O aquecimento e a acidificação das águas, como causas importantes para os hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues que já se reduziram quase à metade. Questão 05 Assinale a opção correta com relação à Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. a) Os navios de Estados sem litoral têm direito a passagem inocente pelo mar territorial de um Estado costeiro, desde que mediante prévia autorização deste. c) O Estado costeiro deve pedir autorização à Autoridade Internacional para os Fundos Marinhos para realizar perfurações, além de duzentas milhas marítimas, em sua plataforma continental. c) Agências especializadas das Nações Unidas não podem arvorar bandeiras em suas embarcações. d) O Estado costeiro em cujas águas espécies catádromas passem a maior parte do seu ciclo vital deve ser responsável pela gestão dessas espécies. e) O limite exterior máximo da zona contígua é de trinta milhas marítimas contadas das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Questão 06 Gestão do uso dos recursos pesqueiros diz respeito à forma como ele é empregado para obter o maior benefício econômico com o menor impacto ao ambiente. A comunidade internacional preocupada com a exploração das regiões costeiras, mares e oceanos, estabeleceu normas relativas a estas questões que estão na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), assinada em 10 de dezembro de 1982, na Jamaica, mas só entrou em vigor realmente em novembro de 1994. A CNUDM estabeleceu uma região de até 200 milhas náuticas da costa, onde os Estados costeiros têm o direito de exercer sua soberania para fins de exploração e aproveitamento dos recursos biológicos e minerais existentes no leito e subsolo do mar e nas suas águas sobrejacentes, devendo a pesca ser praticada dentro dos limites de captura exigidos para a preservação das espécies, cuja reprodução esteja gravemente ameaçada, cabendo-lhe a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Decreto/D8907.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Decreto/D8907.htm Aula 35 – Hidrografia III 351 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência autorização, mediante licença, para que outros países completem o nível de captura recomendada pelos organismos internacionais, estabelecendo as cotas, o período de tempo em que a pesca ocorrerá e as espécies que poderão ser capturadas. Esta região definida na CNUDM é o(a): a) Plataforma Continental. b) Linha de Base Normal. c) MarTerritorial. d) Zona Econômica Exclusiva. e) Linha Azul Exclusiva. Questão 07 De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, os países costeiros têm direito a declarar uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE), é delimitada por uma linha imaginária situada a a) 50 milhas marítimas da costa. b) 150 milhas marítimas da costa. c) 200 milhas marítimas da costa. d) 500 milhas marítimas da costa. e) 1.000 milhas marítimas da costa. Questão 08 Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, o Brasil pode explorar os recursos minerais da plataforma continental, observados os seguintes limites: a) do mar territorial, de 12 milhas marítimas. b) do mar territorial, de 200 milhas marítimas. c) o bordo exterior da plataforma continental ou 200 milhas marítimas. d) o bordo exterior da plataforma continental. e) da Zona Econômica Exclusiva de 188 milhas marítimas. Questão 09 O direito de visita de navios de guerra em alto-mar pode ser exercido quando, nos termos da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, haja motivo razoável para suspeitar que um navio em alto-mar a) instale ilhas artificiais. b) exerça atividade terrorista. c) não tenha nacionalidade. d) pesque espécies em extinção. e) conduza investigação científica sem autorização. Questão 10 Recifes biológicos correspondema cerca de 2% dos fundos marinhos do mundo entre 0 e 30 m de profundidade. A maioria destas formações tem como principal agente construtor os corais escleractínicos. No Brasil, há uma formação recifal de origem biogênica que excede esta regra, pois é formada principalmente por algas calcárias. Esta formação é conhecida como a) Atol das Rocas. b) Parcel Manuel Luiz. c) Banco dos Abrolhos. d) Penedos de São Pedro e São Paulo. e) Arquipélago de Fernando de Noronha. Questão 11 O litoral brasileiro, de norte a sul, apresenta uma variedade de feições morfológicas, representadas por planície costeira, estuários, campos de dunas, falésias, deltas, planície de cristas de praia, enseadas, baías, cordões litorâneos, lagunas costeiras, ilhas e escarpas cristalinas. A variedade de feições morfológicas costeiras é resultado da longa interação entre processos geológicos, geomorfológicos, climáticos e oceanográficos. Acerca desses processos, é correto afirmar que: a) os lineamentos estruturais, como falhas e fraturas, resultantes das fases de dobramento de fundo e atividade tectônica condicionaram a fragmentação do bloco gondwânico e a formação do Atlântico Sul, mas não são responsáveis por condicionar a disposição da rede de drenagem e da direção da linha de costa; b) as direções mais comuns, sudoeste-nordeste ou su-sudoeste- nor-nordeste, denominadas direção brasiliana, e a direção sudeste- noroeste, denominada direção caraíba, condicionaram os grandes alinhamentos da linha de costa, ora predominando a direção caraíba, no litoral norte, ora predominando a direção brasiliana, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul; c) nos limites entre a linha de costa e a plataforma continental interna, estende-se uma zona de transição, cujo gradiente batimétrico diminui em direção à costa, caracterizada pela diminuição dos processos morfodinâmicos, dissipação da energia das ondas e baixa troca de sedimentos entre a praia e a zona submarina; d) os processos costeiros de médio e longo prazo são induzidos pelo clima de ondas, responsável pelo transporte de sedimentos nos sentidos longitudinal e transversal à linha de costa. A energia de ondas, a intensidade e a recorrência das tempestades comandam a dinâmica dos processos de erosão e acumulação na interface continente-oceano e fundo marinho; e) as causas mais frequentes da erosão ou progradação costeira é a alteração no volume de sedimentos transportados paralelamente à linha de costa. Esse transporte, efetuado pela corrente longitudinal, tem sua intensidade e sentido definidos pela altura e direção das ondas incidentes e pela orientação da linha de costa. Questão 12 Em função da sua grande extensão e da ampla faixa de latitude (cerca de 34 graus), o litoral brasileiro apresenta diversidade nas suas feições litorâneas e tipos de costa. Em relação a esta diversidade, pode-se afirmar que a) no litoral de São Paulo estão presentes extensões de costões rochosos, com grande ocorrência de recifes de coral em franja bordeando estes costões. b) o litoral do Maranhão é caracterizado por baías e reentrâncias, com grande ocorrência de ecossistemas de marismas e manguezais. c) o litoral do Rio Grande do Sul é dominado por praias extensas e por falésias da Formação Barreiras, como as que ocorrem em Torres. d) a costa do Pará é dominada por pocket beaches devido ao baixo aporte sedimentar na costa. e) a costa do Paraná é de pequena extensão, sendo cortada na sua parte central pela desembocadura de uma baía com grande ocorrência de manguezais. Questão 13 “[Essa bacia] abrange quase inteiramente os estados do Piauí e Maranhão e partes adjacentes de Goiás e Ceará. Tem forma aproximadamente oval, estando separada [de outras duas bacias localizadas ao norte do país], por estruturas tectônicas. A bacia é interrompida no contato com as fossas tectônicas do Marajó, São Luís e Barreirinhas por arcos ou altos estruturais. PETRI, S.; FÚLFARO, V. J. Geologia do Brasil. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo. 1983. p. 17). 352 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) O trecho acima retrata a bacia do: a) Paraná. b) São Francisco. c) Parnaíba. d) Prata. Questão 14 Sobre estuários e manguezais é correto afirmar: a) Estuários são baías ou áreas abrigadas onde os rios deságuam no mar, misturando sua água doce com a água salgada. b) Estuários são áreas abertas e desabrigadas onde os rios deságuam no mar misturando sua água doce com a água salgada. c) Os manguezais abrigam uma pequena diversidade de vida, porém muitas espécies de interesse para a alimentação humana. d) Os sedimentos originários dos manguezais têm características oligotróficas. e) A reprodução do camarão-rosa (Farfantepenaeus brasiliensis) se dá no ambiente estuarino e suas pós-larvas penetram até mar aberto onde ocorre o crescimento, geralmente em profundidades de 40 a 80. Questão 15 São classificados (as) como áreas de águas continentais: a) baías. b) lagunas. c) bacias. d) estuários. e) enseadas. CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA II Prof. Italo Trigueiro VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência HIDROGRAFIA IV - O LITORAL BRASILEIRO: OS TIPOS DE COSTA E SUA EVOLUÇÃO – ECOSSISTEMAS COSTEIROS: CONSERVAÇÃO, USO, MANEJO E ESTADO ATUAL O Brasil possui a maior reserva hídrica do mundo e abriga uma vasta e densa rede hidrográfica, com rios extensos e de grande volume de água. A hidrografia brasileira é, sem dúvidas, uma das mais ricas do mundo, tanto pela enorme quantidade de cursos d’água que correm sobre o seu território, como pela incrível diversidade que eles apresentam. Pelo território brasileiro ocorre o escoamento de aproximadamente 15% da água superficial do planeta. De acordo com o CNRH (Conselho Nacional de Recursos Hídricos) dividido em 12 bacias hidrográficas. REGIÕES HIDROGRÁFICAS <http://pnrh.cnrh-srh.gov.br/ pag/regioes.html>. A maior parte dos rios brasileiros desloca-se em superfícies planálticas, que são predominantes na geomorfologia nacional (ocupam cerca de ¾ do território). Essa característica da hidrografia brasileira traz uma consequência extremamente importante do ponto de vista econômico. O percurso dos rios pelos planaltos faz-se através dos diversos tipos de quedas d’águas, e quase todas essas quedas podem ser aproveitadas para a geração de energia, através da implantação de usinas hidrelétricas. Apesar de envolverem altos custos de implantação e de transporte, as hidrelétricas são fontes vantajosas de energia elétrica no Brasil. Na maior parte dos rios de planalto, existem trechos navegáveis localizados nas porções relativamente planas entre dois saltos, com no Rio Paraná ou no Rio São Francisco. Embora sejam grandes produtores de energia, esses rios são também utilizados para navegação. Os rios brasileiros que se localizam em planícies, cerca de ¼ da superfície do país, são utilizados para navegação. Em alguns casos, os rios são a única opção de transporte, como em trechos do Rio Amazonas ou do Rio Paraguai, onde estão localizados os dois principais portos fluviais brasileiros, o de Manaus, no Rio Negro (afluente do Amazonas) e o de Corumbá, no Rio Paraguai, que serve o Pantanal Mato-Grossense. O relevo ainda exerce um papel importante como elemento de separação e de abastecimento das bacias hidrográficas através dos centros dispersores de águas. No Brasil, há pelo menos dois desses dispersores, que atendem às maiores bacias hidrográficas: o Planalto das Guianas e o Planalto Brasileiro, particularmente o Planalto Central. BACIA AMAZÔNICA É a maior bacia hidrográfica do mundo, estendendo-se por terras da Bolívia, Peru, Colômbia,Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil. Ocupa uma área de 6.892.475km², sendo 3.984.467km² no Brasil (46,8% do território nacional) e tendo 65% de sua área em território brasileiro, abrangendo toda a região Norte e trechos da porção setentrional dos estados de Mato Grosso e Goiás. A Bacia Amazônica recebe ação direta do clima equatorial, cujas precipitações são elevadas todos os meses, gerando um total anual de pluviosidade da ordem de 2.000 a 2.500 mm/ano. Isso faz com que o Rio Amazonas, eixo dessa bacia, tenha o maior débito do mundo, descarregando no Atlântico cerca de 108.000m³/s de água, o que significa cerca de 20% da água que todos os rios do mundo, despejam em conjunto nos oceanos. O Rio Amazonas, junto com o baixo curso de seus afluentes, forma um complexo hidroviário de 25.450 km de percurso navegável, que é, às vezes, a única opção real de transporte no interior da Amazônia. 354 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) Agência Barco da Caixa Econômica O RIO AMAZONAS “Foram necessários seis dias e cinco noites em meio a um clima inóspito, a 5,6 mil metros de altitude, para que a primeira expedição científica brasileira consolidasse a localização da nascente do rio Amazonas na cordilheira de Chila, nos Andes do sul do Peru. Os dados coletados indicam que a principal vertente começa no Nevado Mismi a partir da Quebrada (córrego) Apacheta. Entre a nascente e o oceano Atlântico, o curso d’água ganha nomes de Lloqueta, Apurimac, Ene, Tambo, Ucayali, Solimões e Amazonas. Segundo os pesquisadores, com esta localização o rio pode chegar a 6.850 km de extensão, embora seu comprimento possa variar ano a ano com os meandros da planície amazônica. [...] Os trabalhos desenvolvidos pelo pesquisador no local incluíram estudos com imagens de satélite e modelos de elevação digital do terreno gerados com radar orbital. [...] A localização da nascente, a cerca de 1 mil km no sentido sul da cabeceira do Rio Marañon, faz com que o Rio Amazonas supere o Nilo, com 6.695 km, também em extensão. PEDROSO, Marcelo. Pesquisadores mapeiam nascentes do Rio Amazonas. Notícias Terra. www.terra.com.br PROBLEMAS AMBIENTAIS NA BACIA AMAZÔNICA Um dos problemas ligados à Bacia Amazônica está na ocupação humana dessa região. A mineração potencializou o assoreamento dos rios e a contaminação das águas. A construção da usina hidrelétrica de Balbina (a principal usina da região), localizada no Rio Uatumã, no município de Presidente Figueiredo, no Amazonas, foi considerada o maior desastre ecológico da região. Construída para fornecer energia elétrica para a cidade de Manaus, a usina de Balbina é apontada por cientistas como emissora de dez vezes mais metano (CH4) e gás carbônico (CO2) do que uma termelétrica movida a carvão mineral com o mesmo potencial energético. Isso se explica pelo fato de a usina de Balbina ter sido construída em área florestada, o que provocou uma intensa decomposição do material orgânico no fundo do lago (milhões de árvores que tiveram suas raízes submersas não foram retiradas e apodreceram, emitindo assim uma grande quantidade de gases estufa). O lago tem cerca de 30 metros de profundidade, não havendo oxigênio no fundo, o que favorece o aumento da atividade de bactérias anaeróbias (processo denominado eutrofização). A usina de Balbina é considerada um erro histórico devido à baixa geração de energia em relação à área alagada, uma vez que a energia produzida pela usina, além de ter um custo altíssimo, é insuficiente para abastecer a própria cidade de Manaus, além de ter inundado uma grande área florestal. Além disso, os habitantes das margens do rio não mais puderam usar a água, que ficou poluída e ácida. A maioria dos municípios do Amazonas ainda se abastece por geradores movidos a petróleo. NOTÍCIAS DA AMAZÔNIA Agosto de 2011, cidade do Rio de Janeiro. Aquele que era para ter sido tão somente mais um Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, aliás, o 12º, transformou-se numa importante vitrine para uma equipe de pesquisadores de Geofísica do Observatório Nacional, sediado no Rio de Janeiro. No evento, a equipe anunciou uma descoberta que percorreu o mundo prontamente: um rio subterrâneo que se movimenta 4 quilômetros abaixo do Rio Amazonas. Por que tal acontecimento despertou tamanho interesse? Afinal, as águas subterrâneas são um fenômeno conhecido desde longa data. Os poços artesianos, as fontes, os aquíferos atestam. Além disso, a infiltração das águas em rochas calcárias possibilita a formação de cavernas e grutas, e nessas cavidades as águas escoam como riachos subterrâneos. A ilustração ao lado pode fornecer uma ideia da dimensão da descoberta, justificando tamanha repercussão na mídia e no meio científico. Observe que o curso d’água em cena, batizado de Rio Hamza, em homenagem ao pesquisador de origem indiana e coordenador das pesquisas, Valiya Hamza, possui cerca de 6 mil quilômetros de extensão. Mas não somente a distância percorrida impressiona: em determinados pontos, sua largura pode chegar a 400 quilômetros e sua vazão média é de 3.090 m. Para efeitos de comparação, o Rio Amazonas apresenta até 100 quilômetros de largura no local pesquisado, e o Rio São Francisco uma vazão média de 2.700 m. Entre os integrantes da equipe de pesquisadores da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional está a doutoranda Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas. A descoberta faz parte de suas pesquisas envolvendo estudos sobre geotermia, ramo da Geologia que estuda a temperatura do planeta em diferentes profundidades. Para os estudos de geotermia profunda, a pesquisadora valeu-se dos dados de temperatura de 241 poços perfurados pela Petrobras ao longo das décadas de 1970 e 1980, na Amazônia. Tais perfurações aconteceram em bacias sedimentares da região. Como se sabe, esse tipo de estrutura geológica pode estar associado à ocorrência de petróleo, razão pela qual foram realizadas as perfurações. Por outro lado, os terrenos sedimentares apresentam porosidade e permeabilidade tal que permitem não só o escoamento e a circulação da água, como também o seu armazenamento. Essas características auxiliam no entendimento do fenômeno. Na altura do estado do Acre, a circulação da água é vertical até cerca de 2 quilômetros de profundidade-, onde muda de direção para, em profundidades maiores, ao redor dos 4 quilômetros, tornar-se quase horizontal. Nesse aspecto, o Rio Hamza mais uma vez se distingue do Amazonas: enquanto neste as águas se deslocam a uma velocidade de 0,1 a 2 metros por segundo, naquele o fluxo se dá na ordem de 10 a 100 metros por ano. De fato, as rochas sedimentares se assemelham a uma esponja, ou melhor, o atrito causado pela rocha sedimentar impede o deslocamento mais rápido das águas. SEMANA 36 - GEOGRAFIA II - HIDROGRAFIA IV - TRIGUEIRO - atual
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