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Aula 26 – A Crise Internacional do Capitalismo 93 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência c) impulso econômico que impossibilitava o pleno emprego. d) estado de miséria que afligia as grandes parcelas da população. Questão 07 “Na política, ele aplicou o princípio do Nunca mais. Com tantos pobres, com tantos famintos nos Estados Unidos, nunca mais o mercado como fator exclusivo de obtenção de recursos. Por isso, decidiu realizar sua política do pleno emprego. E desse modo não somente atenuou os efeitos sociais da crise como seus eventuais efeitos políticos de fascistização com base no medo massivo. O sistema de pleno emprego não modificou a raiz da sociedade, mas funcionou durante décadas. Funcionou razoavelmente bem nos Estados Unidos, funcionou na França, produziu a inclusão social de muita gente, baseou-se no bem-estar combinado com uma economia mista que teve resultados muito razoáveis. [...] Alguns Estados foram mais sistemáticos, como a França, que implantou o capitalismo dirigido, mas em geral as economias eram mistas e o Estado estava presente de um modo ou de outro.” Fonte: Entrevista do historiador Eric Hobsbawm, argentino, p. 12. Disponível em: <www.vermelho.org.br/base.asp?texto=53413>. O texto faz referência às iniciativas do presidente norte-americano Franklin Roosevelt e remete a) à política protecionista implantada em quase todos os países industrializados em resposta ao crescimento da rivalidade internacional e à crise econômica das décadas de 1870 e 1880, quando apenas a Grã-Bretanha, na ocasião a maior potência mundial, insistiu na política de livre comércio. b) ao conjunto de medidas liberais tomadas na Europa e nos Estados Unidos durante as décadas de 1980 e 1990, que visavam diminuir o papel do Estado na economia, desregulamentar a circulação do capital financeiro e diminuir os direitos sociais dos trabalhadores. C) ao New Deal implantado nos Estados Unidos na década de 1930, um conjunto de políticas públicas que visavam responder à crise econômica iniciada em 1929 e que influenciou a política de bem-estar social verificável em alguns países da Europa após a Segunda Guerra Mundial. d) às medidas de recuperação da economia europeia implantadas logo após a Primeira Guerra Mundial, recuperação impulsionada pelo vertiginoso crescimento da economia norte-americana até a crise global de 1929. Questão 08 Em seu discurso de posse, em 1933, o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, tentou encorajar seus compatriotas: “O único medo que devemos ter é do próprio temor. Uma multidão de cidadãos desempregados enfrenta o grave problema da subsistência e um número igualmente grande recebe pequeno salário pelo seu trabalho. Somente um otimista pode negar as realidades sombrias do momento.” O problema que atemorizava os EUA, cujos efeitos foram desemprego e baixos salários, referido pelo presidente Roosevelt, era a a) Primeira Guerra Mundial, em que os EUA lutaram ao lado da Tríplice Entente contra a Tríplice Aliança, obtendo a vitória após três anos de combate. Entretanto, a vitória não trouxe crescimento econômico, mas, sim, desemprego e fome. b) Segunda Guerra Mundial, quando os norte-americanos lutaram ao lado dos Aliados contra o Eixo nazifascista. Embora vencedores, o ônus financeiro da guerra foi muito pesado. c) Guerra do Vietnã, quando os EUA apoiaram o Vietnã do Sul contra o avanço comunista do Vietnã do Norte, tendo gasto milhões de dólares em uma guerra infrutífera. d) depressão de 1929, causada pela existência de uma superprodução, acompanhada de um subconsumo, crise típica de um Estado Liberal. e) primeira Guerra do Golfo, quando o Iraque invadiu o Kuwait e os EUA, na defesa de seus interesses petrolíferos, invadiram o Iraque na defesa de seu pequeno estado aliado. Questão 09 Inicialmente favorecida pelas condições internacionais do pós- Primeira Guerra, os Estados Unidos conheceram um período de forte expansão econômica e euforia nos anos 1920. Todavia, ao final dessa década, o país seria um dos focos da crise mundial de 1929 e da Grande Depressão que a seguiu. Um dos motivos dessa violenta reversão de expectativas foi a) a falência das principais medidas estabilizadoras do New Deal. b) a política antitruste determinada pela Sociedade das Nações. c) a perda de mercados devido à descolonização afro-asiática. d) a superprodução no setor primário dos Estados Unidos. e) o crescimento da dívida norte-americana em relação às principais potências europeias. Questão 10 No fim da década de 20, anos de prosperidade, uma grave crise econômica, conhecida como a Grande Depressão, começou nos EUA e atingiu todos os países capitalistas. J. K. Galbraith, economista norte-americano, afirma que “à medida que o tempo passava tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria. Dentro dela estavam contidas as sementes de sua própria destruição.” (Dias de boom e de desastre in J.M. Roberts (org), História do Século XX.). A aparente prosperidade pode ser percebida nas seguintes características: a) o aumento da produção automobilística, a expansão do mercado de trabalho e a falta de investimentos em tecnologia. b) a destruição dos grandes estoques de mercadorias, o aumento dos preços agrícolas e o aumento dos salários. c) a cultura de massa com a venda de milhões de discos, as dívidas de guerra dos EUA e o aumento do número de empregos. d) a crise de superprodução, a especulação desenfreada nas bolsas de valores e a queda da renda dos trabalhadores. e) o aumento do mercado externo, o mito do American way of life e a intervenção do Estado na economia. Questão 11 O colapso deflagrado no mundo pela crise financeira dos anos 20 teve como principal ato o craque da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1929. Como consequência dessa crise, podemos destacar: a) os preços e salários subiram, aumentando a oferta de empregos na área industrial europeia. b) a Europa recuperou sua prosperidade com altos investimentos dos fundos particulares norte-americanos. c) o Brasil manteve-se fora da crise com contínuos aumentos das exportações do café. d) o mundo todo foi afetado drasticamente, devido à interligação das economias dos países capitalistas. e) nos primeiros anos da década de 30, a indústria alemã duplicou a sua produção, acarretando o crescimento do comércio mundial. 94 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. Questão 12 "A crise atingiu o mundo inteiro. O operário metalúrgico de Pittsburgo, o plantador de café brasileiro, o artesão de Paris e o banqueiro de Londres, todos foram atingidos". Paul Raynaud - LA FRANCE A SAUVÉ L'EUROPE, T. I. Flamarion. O autor se refere à crise mundial de 1929, iniciada nos Estados Unidos, da qual resultou: a) o abalo do liberalismo econômico e a tendência para a prática da intervenção do Estado na economia. b) o aumento do número das sociedades acionárias e da especulação financeira. c) a expansão do sistema de crédito e do financiamento ao consumidor. d) a imediata valorização dos preços da produção industrial e fim da acumulação de estoques. e) o crescimento acelerado das atividades de empresas industriais e comerciais, e o pleno emprego. Questão 13 "Para Keynes (...) para criar demanda, as pessoas deveriam obter meios para gastar. Uma conclusão daí decorrente é que os salários de desemprego não deveriam ser considerados simplesmente como débito do orçamento, um meio por intermédio do qual a demanda poderia aumentar e estimular a oferta. Além do mais, uma demanda reduzida significava que não haveria investimento suficiente para produzir a quantidade de mercadorias necessárias para assegurar o pleno emprego. Os governos deveriam, portanto, encorajar mais investimentos, baixando as taxas de juros (...), bem como criar um extenso programade obras públicas, que proporcionaria emprego e geraria uma demanda maior de produtos industriais”. O texto refere-se a uma teoria cujos princípios estiveram presentes: a) no "New Deal", planejamento econômico baseado na intervenção do Estado, elaborado devido à crise de 1929. b) na obra MEIN KAMPF, que desenvolveu os fundamentos do nazismo: ideia da existência da raça ariana. c) no Plano Marshall, cujo objetivo era recuperar a economia europeia através de maciços investimentos. d) na criação da Comunidade Econômica Europeia, organização que visa o livre comércio entre os países. e) no livro O CAPITAL, onde se encontram os princípios básicos que fundamentam o socialismo marxista. Questão 14 Sobre a crise do capitalismo, na década de 1930, e o colapso do socialismo, na década de 1980, pode-se afirmar que: a) a primeira reforçou a concepção de que não se podia deixar uma economia ao sabor do mercado, e o segundo a de que, uma economia não funciona sem mercado. b) ambos levaram à descrença sobre a capacidade do Estado resolver os problemas colocados pelo desemprego em massa. c) assim como a primeira, também o segundo está provocando uma polarização ideológica que ameaça o Estado de Bem-estar Social. d) ambos, provocando desemprego e frustração, fizeram aparecer agitações fascistas e terroristas contando com amplo respaldo popular. e) enquanto a primeira reforçou a convicção dos defensores do capitalismo, o segundo fez desaparecer a convicção dos defensores do socialismo. Questão 15 O 'crash' da Bolsa de Nova York em 1929 afetou a economia mundial. Os Estados Unidos, sob o comando do Presidente Franklin Delano Roosevelt, adotaram o 'New Deal', como saída para a crise que o país atravessava. São características do 'New Deal': I. a intervenção deliberada do Estado na economia, contrapondo- se à tradição liberal americana. II. a criação de um amplo plano de obras públicas, como barragens e autoestradas, para gerar novos empregos. III. o incentivo ao aumento da produção para alimentar a população desempregada. IV. a criação de um fundo monetário destinado a financiar os países europeus em crise. V. a adoção de medidas visando ao equilíbrio entre o custo da produção e o valor final das mercadorias. Das alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta apenas as características CORRETAS: a) I, II e V. b) I, III e IV. c) I, IV e V. d) II, III e IV. e) II, III e V. CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL Prof. Monteiro Jr. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência REGIMES TOTALITÁRIOS 1. INTRODUÇÃO A Europa pós Primeira Guerra Mundial é um continente em reconstrução, não apenas material, mas também nos aspectos políticos e socioeconômicos. A desilusão com os Estados nacionais, com o liberalismo, com o mundo que todos conheciam era profunda, apesar de certa recuperação econômica entre 1920 e 1927, as mentes continuavam cansadas e esperançosas de dias melhores. A Crise de 1929 veio a solapar qualquer possibilidade de crença em uma recuperação plena se mantida o mesmo modelo político e econômico baseado no liberalismo, mudanças eram necessárias e urgentes, e foi nesse cenário que se digladiaram as ideologias comunista e fascista, ambas se apresentaram para o povo europeu como a solução de todos os seus problemas. 1.1. A “ameaça comunista” Os grupos sociais conservadores (clero católico, latifundiários, industriais, banqueiros e grandes comerciantes) temiam o avanço comunista pela Europa. A Revolução Russa de 1917 havia tirado o socialismo/comunismo do papel, as teorias marxistas estavam sendo postas em prática em um grande império, onde além de buscar atender às necessidades dos trabalhadores (campo e cidade), ainda protegeu o país da Crise de 1929, por não estar mais inserido no mercado capitalista e isolado politicamente do restante do continente desde o fim da sua Guerra Civil em 1922. Tal fato estimulou o início de várias greves e manifestações populares em toda a Europa. Por exemplo, a derrubada da monarquia alemã em 1918 foi liderada pelo partido Social- Democrata Alemão que proclamou a república, onde um ano depois, comunistas de extrema esquerda passaram a agir de forma mais enérgica, através da Liga Espartaquista (nome que remetia a rebelião de escravos romanos comandada por Spartacus), liderada por Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, que propôs a formação imediata de conselhos operários que assumissem a gestão das fábricas e de territórios inteiros sem submissão qualquer ao Estado alemão. O número de filiados, candidatos e eleitores comunistas se multiplicaram em toda Europa. O motivo dessa onda vermelha não deve ser entendida como uma grande “tomada de consciência” da classe operária, mas sim como uma reação à absoluta desilusão em relação ao liberalismo político e econômico, onde o comunismo era uma alternativa real de sobrevivência e esperança, tanto quanto o fascismo. 1.2. O fracasso do liberalismo Com o Crack da Bolsa de Nova York, algo ficou claro e cristalino era necessária a imediata intervenção do Estado na economia para solucionar os problemas econômicos e garantir o mínimo de bem estar para a população. Nesse sentido apresentaram-se três alternativas: • o capitalismo monopolista de Estado (keyneisianismo); • o Estado fascista; • o Estado socialista. Cada país, de acordo com suas realidades e conjunturas, adotou plenamente, ou parcialmente, os princípios políticos econômicos dessas três vertentes. Os grupos sociais caminharam divididos em busca da alternativa que achavam mais pertinente para solucionar a Crise mundial, ou seja, indivíduos da classe trabalhadora e das camadas médias, apoiaram, em diferentes países e momentos, o fascismo, o socialismo e o keynesianismo. Os grupos conservadores (alto clero, industriais, latifundiários e a grande burguesia) se dividiram entre o fascismo e o keynesianismo. Se na Rússia, agora União das repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o socialismo foi implantado em 1917; na Itália, Alemanha, Espanha e Portugal, o fascismo assumiu o poder a partir de 1922 e manteve-se no poder até a década de 1970, com reflexos na política contemporânea. 2. PRINCIPAIS IDEIAS FASCISTAS “• Totalitarismo: o sistema fascista era antidemocrático e concentrava poderes totais nas mãos do líder de governo. Este líder podia tomar qualquer tipo de decisão ou decretar leis sem consultar políticos ou representantes da sociedade. • Nacionalismo Xenófobo: entre os fascistas era a ideologia baseada na ideia de que só o que é do país tem valor. Valorização extrema da cultura do próprio país em detrimento das outras, que são consideradas inferiores. • Militarismo: altos investimentos na produção de armas e equipamentos de guerra. Fortalecimento das forças armadas como forma de ganhar poder entre as outras nações. Objetivo de expansão territorial através de guerras. Um homem só seria completo e pleno de existência se participasse de uma guerra. • Culto à força física: Nos países fascistas, desde jovens os jovens eram treinados e preparados fisicamente para uma possível guerra. O objetivo do estado fascista era preparar soldados fortes e saudáveis. O estudo intelectual era deixado de lado, ensinavam os jovens a obedecer de forma inconteste ao seu líder. • Censura: Hitler e Mussolini usaram este dispositivo para coibir qualquer tipo de crítica aos seus governos. Nenhuma notícia ou ideia, contrária ao sistema, poderia ser veiculadas em jornais, revistas, rádio ou cinema. Aqueles que arriscavam criticar o governo eram presos e até condenados a morte. • Propaganda: os líderes fascistas usavam os meios de comunicação (rádios, cinema, revistas e jornais) para divulgarem suas ideologias. Os discursos de Hitler eram constantemente transmitidos pelas rádios ao povo alemão. Desfiles militares eram realizados para mostrar o poder bélico do governo. • Culto à violência: A violênciacontra as minorias era comum na Alemanha, os nazistas perseguiram, enviaram para campos de concentração e mataram milhões de judeus, ciganos, homossexuais e até mesmo deficientes físicos. Além disso, eles acreditavam que a verdade é aquilo que o mais forte determina que seja a verdade, e não o resultado de uma argumentação lógica a respeito de um tema que venha a convencer os outros dessa verdade. • Antissocialismo: os fascistas eram totalmente contrários ao sistema socialista, pois afirmavam que as diferenças entre os indivíduos é natural, a prova disso era a superioridade da raça ariana em relação as outras. Defendiam amplamente o capitalismo, tanto que obtiveram apoio político e financeiro de banqueiros, ricos comerciantes e industriais alemães e italianos.” Fonte: www.suapesquisa.com/historia/fascismo.htm (adaptado) 3. O FASCISMO ITALIANO A economia italiana entrou em colapso logo após o fim da Primeira http://www.suapesquisa.com/historia/fascismo.htm 96 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. Guerra Mundial. Apesar de vitoriosa no conflito que varreu a Europa, os italianos não foram atendidos em suas reivindicações e requisições dos despojos de guerra, nem conseguiram novas áreas colônias na África e no Oriente Médio como desejavam. A morte de 500 mil italianos parecia ter sido em vão, a realidade era difícil, havia escassez de alimentos, aumento generalizado dos preços, desemprego em massa, greves violentas e a ocupação das fábricas por operários. O governo de rei Vítor Emanuel III se viu em apuros, pois não estava conseguindo atender às reivindicações dos trabalhadores, e ainda perdia a confiança da burguesia, do exército e dos latifundiários. Benito Mussolini, ex-combatente e ex-dirigente socialista, criou o Partido Fascista em 1919. Aproveitando-se da instabilidade política do país, fazia discursos inflamados por seu nacionalismo que atraíam os descontentes, desiludidos e desajustados. Militares das forças armadas, policiais e ex-combatentes atenderam de pronto seu chamado para mudar a Itália, e transforma lá em uma grande potência. Depois vieram jovens e intelectuais nacionalistas, que não gostavam de ver o socialismo ganhando força. No início as ações do Partido Fascista de resumiam a discursos, panfletagem e treinamento militar, depois passaram a atacar os participantes de greves e líderes sindicais, o que lhes rendeu a simpatia e o apoio financeiro de industriais e banqueiros. Com forte apoio popular e financeiro, Mussolini transformou os membros do seu partido em uma força paramilitar chamada de “Camisas Negras”. Essa milícia passou a assombrar a todos os seus opositores, fossem eles comunistas, socialistas ou liberais. Qualquer um poderia ser vítima da violência impetrada pelos fascistas. Benito Mussolini, ditador italiano. A “Marcha Sobre Roma” é o marco fundador da ascensão fascista ao poder. Em 1921 o partido Fascista contava com 700 mil membros, possuía jornais e representações em quase todas as cidades italianas, brigava com socialistas e comunistas quase que diariamente, e quando foi convocada uma grande greve geral para 1921, Mussolini e seus principais assessores interpretaram que esse seria o momento de tomar o poder em definitivo. Os fascistas prepararam uma grande manifestação de repúdio e oposição ao comunismo, além de reivindicarem o poder político para si (Marcha Sobre Roma). O rei Vitor Emanuel III tinha plenas condições de impedir a manifestação fascista, no entanto, ele quis utilizar o momento para fortalecer sua, já desgastada, imagem junto ao povo italiano aproveitando-se da popularidade de Mussolini, a quem convidou para formar um governo de direita, mesmo que o partido fascista fosse minoria no Parlamento (35 das 535 cadeiras do parlamento). Marcha Sobre Roma. Liderando o governo com extrema violência Musssolini convocou eleições parlamentares em 1924, e utilizando-se da máquina administrativa, de fraudes e da violência contra opositores, os fascistas passaram a ocupar 65% das cadeiras do parlamento. Entre 1925 e 1926 eliminou quase toda oposição, fechou jornais, sindicatos, substituiu funcionários públicos de postos estratégicos do governo por membros do partido fascista. De posse do poder político, os fascistas prenderam e mataram diversas lideranças sindicais e políticas que faziam oposição. Estava sendo instaurada a ditadura fascista na Itália. A Carta Del Lavoro foi imposta em 1927. Esse documento estabeleceu a política trabalhista italiana, toda ela baseada no corporativismo, principio político que institucionalizava o fim das d i spu t a s ent re empregados e empregadores, que a partir de então fariam parte de um mesmo sindicato, onde todas as suas diferenças seriam negociadas e arbitradas por um membro do partido fascista. Dessa maneira, os representantes do trabalho e do capital, resolveriam suas pendências de forma “harmoniosa” para o bem do país que poderia prosperar de forma rápida e consolidada. Na prática o que ocorria era o favorecimento total da classe patronal, que havia patrocinado a ascensão de Mussolini ao poder e queria garantias que a propriedade privada e o lucro estariam garantidos através de ações efetivas do Estado fascista. O Tratado de São João de Latrão foi um acordo de apoio mútuo entre a Igreja Católica e o regime fascista de Mussolini, onde o Estado italiano reconhecia o Vaticano como uma Cidade-Estado, instituía o ensino religioso nas escolas e transformava o catolicismo em religião oficial e em contrapartida a Igreja apoiaria o governo fascista. Essa negociação fortaleceu ainda mais Mussolini, pois a chamada “Questão Romana” causava grande desconforto ao Estado italiano desde sua unificação em 1871, pois, A Igreja Católica não aceitava que o surgimento do Estado italiano unificado significasse para ela a perda de territórios que lhes pertenciam desde a Idade Média e a transformação de Roma em capital e sede do poder político do novo país. Para muitos analistas, fora as questões locais, já citadas aqui. Outro fator que levou a Igreja Católica a aceitar o Tratado de Latrão foi a oposição que a mesma fazia ao comunismo, e o fato da doutrina fascista ser antissocialista acabou por aproximar as lideranças laicas e religiosas em torno de um objetivo comum, que era impedir a ascensão do comunismo na Itália. Apesar de se promover como defensor dos pequenos proprietários e do povo, o governo de Mussolini, promoveu o aumento considerável das diferenças sociais e econômicas entre ricos e pobres. Enquanto os lucros dos empresários cresceram em ritmo Aula 27 – Regimes Totalitários 97 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência alucinante, o poder aquisitivo das classes trabalhadoras foi inversamente proporcional. 3. O NAZISMO ALEMÃO Com o fim da Primeira Guerra Mundial os problemas econômicos, políticos e sociais típicos de um pós-guerra se acumulavam na Alemanha, tal realidade foi catalisada por diversos fatores, tais como, a acirrada disputa pelo poder após a derrubada do II Reich Alemão, entre liberais, sociais-democratas, Partido Comunista Alemão (Liga Esparataquista) e Partido dos Trabalhadores Alemães, mais tarde, rebatizado de Partido Nacionalista-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista). Os sociais-democratas assumiram o poder de imediato, no entanto, os sucessivos fracassos de tentativas de resolução dos problemas sociais e econômicos enfraqueceram o Partido Social Democrata. Foram convocadas eleições parlamentares para elaboração de uma nova constituição, a Assembleia Nacional Constituinte se reuniu em Weimar, daí o nome República de Weimar para o período histórico da Alemanha que vai de 1919 a 1932. Os membros da Liga Espartaquista, não tiveram paciência para esperar as mudanças que um governo de orientação socialistapudesse por em prática, e sob a liderança de Rosa Luxemburgo, tentaram dar um golpe de Estado em janeiro de 1919. Eles declararam deposto o governo socialdemocrata, mas tal movimento acabou desmantelado por brigadas de voluntários anticomunistas. Sua líder, Rosa Luxemburgo, acabou assassinada pela polícia de Berlim. A situação econômica da Alemanha ficou como uma “gangorra”: subia e descia abruptamente. Logo após o conflito o caos. O Tratado de Versalhes inviabilizava o funcionamento pleno da economia alemã, as pesadas indenizações de guerra que os alemães teriam que pagar, somada ao déficit comercial e as dívidas de guerra, levaram a economia e o povo alemão à bancarrota. O único período de alivio se deu entre 1924 e 1929. Empresários estrangeiros, sobretudo norte-americanos, passaram a investir no país. O baixo custo da mão de obra e as altas taxas de juros se mostraram atraentes, a produção de ferro, aço, carvão e da indústria química retornaram as patamares de antes da guerra, parecia que os problemas estavam se resolvendo, mas veio a Queda da Bolsa de Novas York e a economia alemão foi novamente desestruturada. A descrença nos modelos político e econômico existentes se tornaram evidentes entre a população alemã, e foi se aproveitando desse sentimento, que os nazistas ascenderam ao poder. 3.1. Adolf Hitler Adolf Hitler era austríaco e havia lutado como voluntário no exército bávaro. Admirador confesso do Império Alemão, ele concebia a possibilidade de ver seu país, por adoção, derrotado e humilhado. Ele e alguns membros do partido nazista já haviam tentado dar um golpe de Estado em 1923, no chamado “putsch da cervejaria” ou “putsch de Munique”. A aventura fracassou e eles acabaram presos. Foi nesse momento que Hitler começou a ganhar notoriedade. Seus discursos apaixonados, e carregados de nacionalismo, que denunciavam os abusos do Tratado de Versalhes, encontraram eco na sociedade alemã. Prova disso, é que sua pena foi de apenas 5 anos. No período em que esteve preso ele escreveu seu livro Mein Kampf (“Minha Luta”), base da ideologia nazi fascista alemã, onde dentre outras coisas defendeu: • Que a derrota da Alemanha na Primeira Grande Guerra teria sido culpa da incompetência dos liberais, que não souberam organizar a máquina de guerra germânica, da ganância dos judeus, que não liberaram suas fortunas para o governo investir em armas e munição, e, por fim, dos comunistas que eram traidores da pátria alemã, por defenderem uma revolução universal do operariado e não terem se dedicado de forma correta aos interesses alemães durante o conflito. • O combate aos banqueiros que, por serem gananciosos, impediam a reconstrução harmoniosa do país. Eles não se importavam com o povo, e só cobravam juros e mais juros da população, impedindo uma melhora de vida para os trabalhadores. • A divisão do mundo em raças superiores e inferiores em luta pela sobrevivência. Os alemães como parte da raça ariana seriam superiores a todas as outras raças e tinha o direito de dominálas, por isso, a construção, de um “espaço vital” era necessária e correta, e as primeiras vítimas dessa expansão seriam os povos eslavos, considerados inferiores por Hitler. • O antissemitismo era uma das suas principais bandeiras, ele acreditava que perseguir e destruir os judeus significava acabar com tudo aquilo que ele desprezava, como, o liberalismo, o intelectualismo, o parlamentarismo, o pacifismo, o individualismo e o comunismo. Hitler não criou o antissemitismo, mas o catalisou de maneira jamais vista na história. • A necessidade de vingança sobre os vencedores da Primeira Guerra Mundial, que humilharam o seu país através do Tratado de Versalhes, a acusação de ser o único responsável pela guerra destruiu o Estado alemão, na visão de Hitler, pois a partir daí teve que aceitar todas as exigências dos vencedores, Inglaterra, França e EUA, como fechamento das fábricas de armas, diminuição drástica no tamanho das forças armadas, confisco e destruição da aviação e marinha de guerra, perda total do império colonial e a obrigatoriedade da indenização de guerra aos vencedores. 3.2. O nazismo chega ao poder A Crise de 1929 levou o povo alemão ao desespero. A descrença no governo da República de Weimar era total. A queda do Governo através de um golpe de Estado não era mais vista como um absurdo, mas como uma possibilidade real, e para alguns até como uma necessidade. As orientações ideológicas do Partido Nazista estavam fundadas em princípios antidemocráticos. Contraditoriamente, os representantes nazistas chegaram ao poder na Alemanha por meios democráticos. Nas eleições parlamentares de 1932, o Partido Nazista obteve 13,7 milhões de votos enquanto os comunistas, seus principais adversários, apenas 6 milhões de votos. Sob pressão política, o presidente alemão Paul Hindenburgo, que havia derrotado Hitler nas eleições presidenciais de 1930, o convidou para assumir o cargo de primeiro-ministro em 1933, no que foi prontamente atendido. A partir desse momento temos a tomada do aparelho estatal alemão pelo partido nazista. Em 98 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr. fevereiro de 1933 Hitler ordenou que o braço armado do partido nazista, a SA (Sessão de Assalto), eliminasse as lideranças comunistas e socialdemocratas. Em 1934, Hitler recebeu do Parlamento o direito de governar por decreto, e em um desses decretos, ele declarou dissolvido o parlamento, dando início a um regime totalitário de partido único. Entre 1933 e 1934 todas as instituições políticas e jurídicas da República de Weimar foram sendo fechadas, e os membros e organismos do Partido Nazista foram assumindo seus lugares. Não podia haver separação entre vida privada e pública. Todas as organizações deviam ficar sob o controle do Partido. A ideologia nazista devia estar presente em todas as fases da vida cotidiana, ou seja, trabalho, educação, política e família. 3.3. A propaganda nazista O Ministério do Esclarecimento Popular, dirigido por Joseph Goebbels, controlava a imprensa, a publicação de livros, o rádio, o teatro e o cinema. As emoções eram utilizadas para manter os alemães em clima de mobilização permanente. A propaganda nazista passava a imagem de um Estado alemão sólido e hierarquicamente organizado, cujo topo era ocupado pelo Führer. “O estudante alemão luta pelo Führer e pelo povo” “Viva a Alemanha” Os diversos comícios, marchas e eventos públicos, todos ornamentados com suásticas, águias e bandeiras carregadas de simbolismos, que eram promovidos pelo partido, tinham por objetivo demonstrar uma coesão em torno da reconstrução da Alemanha, enquanto potência. Os espetáculos de massa serviam também para minimizar no povo alemão os sentimentos de individualismo. Concentração nazista em Nuremberg 3.4. O governo de Hitler Adolf Hitler se aproveitou do sentimento de revanchismo que havia na Alemanha em relação aos países vencedores de 1914-1918 e tomou várias medidas no sentido de desobedecer ao Tratado de Versalhes, como por exemplo, a convocação de um milhão de jovens para o exercito alemão, quando o Tratado de Versalhes não permitia um número superior a 100 mil, a reabertura das fábricas de armas, navios e aviões de guerra, que deveriam permanecer fechadas. Na economia, Hitler seguiu o receituário econômico pós-Crise de 1929; muita intervenção do estado na economia com muitas obras públicas e políticas assistencialistas aos mais pobres, se assemelhando em muitos momentos ao New Deal dos EUA. 3.5. O Antissemitismo na prática A ideologia fascista pregava a suposta pureza e superioridade ariana. Para garantir que isso fosse mantido, Hitler deu inicio a um projeto de eugenia. Várias medidas e leis foram tomadas nesse sentido: os médicos foram imbuídos dessa responsabilidade, ou seja, impedir a “degeneração” racial alemã.Os que se negaram a participar dessa política pública de “saúde” foram expulsos das associações médicas e cientificas, mas a grande maioria se tornou colaboracionista, pois, dessa maneira garantiam uma rápida ascensão profissional. Dentre as ações/leis de promoção da eugenia, podemos destacar: • Os indivíduos considerados “degenerados”, como portadores de doença mental e déficit cognitivo, criminosos e pessoas com doenças incuráveis, foram esterilizados. • Em 1935, pelas leis de Nuremberg, ficou determinada a divisão da sociedade por critérios raciais: arianos puros, não arianos e mestiços. A cidadania era exclusiva dos arianos puros, que deveriam provar sua descendência até a terceira geração. Os judeus perderam seus direitos civis e foram proibidos de se casarem com alemães. • Após a “Noite dos Cristais” as medidas contra os judeus se tornaram mais repressivas ainda. Eles foram proibidos de exercerem profissões liberais, de manter contato com a população ariana, todos os seus bens e propriedades foram confiscados e deu-se início à transferência de judeus para os campos de concentração. A participação consciente ou inconsciente do povo alemão na SEMANA 27 - H GERAL - Regimes Totalitários - MONTEIRO JR
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